UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG) Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada - Mestrado (PPHI) ALMIR ROGERIO EVANGELISTA DE SOUZA PRODUÇÃO E QUALIDADE DE CACHOS DA VIDEIRA CV. CRIMSON SEEDLESS SOB AÇÃO DE BIORREGULADORES JUAZEIRO BAHIA - BRASIL 2013 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG) Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada - Mestrado (PPHI) ALMIR ROGERIO EVANGELISTA DE SOUZA PRODUÇÃO E QUALIDADE DE CACHOS DA VIDEIRA CV. CRIMSON SEEDLESS SOB AÇÃO DE BIORREGULADORES Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada da Universidade do Estado da Bahia (PPHI/DTCS/UNEB), como parte do requisito para a obtenção do título de Mestre em Agronomia. Área de Concentração: Horticultura Irrigada. Orientador: Prof. Dr. João Domingos Rodrigues Juazeiro - BA 2013 Souza, Almir Rogério Evangelista de Produção e qualidade de cachos da videira CV Crimson Seedless sob ação de biorreguladores. / Almir Rogério Evangelista de Souza Juazeiro, 2013. 82 f. il. Orientador: Profº Dr. João Domingos Rodrigues Dissertação (Mestrado em Horticultura Irrigada) -Universidade do Estado da Bahia - Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais , Campus III, 2013. Bibliografia 1. Uva - cultivo 2. Uva - produção 3. Reguladores vegetais I. Rodrigues, João Domingos II. Universidade do Estado da Bahia Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais III. Título. CDD 634.8 ``Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor´´ FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIAS E CIÊNCIAS SOCIAIS DTCS/UNEB CERTIFICADO DE APROVAÇÃO ALMIR ROGERIO EVANGELISTA DE SOUZA PRODUÇÃO E QUALIDADE DE CACHOS DA VIDEIRA CV. CRIMSON SEEDLESS SOB AÇÃO DE BIORREGULADORES Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada da Universidade do Estado da Bahia (PPHI/ DTCS/UNEB), como parte do requisito para a obtenção do título de Mestre em Agronomia. Área de Concentração: Horticultura Irrigada. Aprovado em: 21/03/2013 Comissão Examinadora __________________________________________ Prof. Dr. João Domingos Rodrigues Universidade Estadual Paulista (IBB/UNESP) (Orientador) __________________________________________ Prof. Dr. Valtemir Gonçalves Ribeiro Universidade do Estado da Bahia (DTCS / UNEB) __________________________________________ Prof. Drª. Ana Elisa Oliveira dos Santos Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF-SERTÃO-PE) Aos meus pais (Manoel & Noêmia), que, com simplicidade, muito amor e sabedoria, me ensinaram com dignidade e honradez, a saber, valorizar todas as coisas as quais fui contemplado na vida. Aos meus amores de uma vida inteira (Denise Souza) e (Albert Souza). E aos meus irmãos, cunhadas, sobrinhas, tios (as) e primos(as) pela grande força e incentivos para que chegasse até aqui. DEDICO IV Agradecimentos Prioritariamente, agradeço a DEUS, por todas as dádivas concedidas e por me conduzir e abençoar dia após dia. Agradeço ao prof. Dr. João Domingos Rodrigues pelo auxílio intelectual, material e pelas orientações recebidas. Ao Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais, Campus III da UNEB representado pelo prof. Dr. Ruy de Carvalho Rocha pelo suporte disponibilizado de transportes, recursos humanos e vários materiais na elaboração deste trabalho. Ao programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada, mais especificamente aos professores, Dr. Manoel Abílio de Queiroz e Dr. Carlos Alberto Aragão por todo o auxílio na execução deste e publicação de outros trabalhos. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior (CAPES), pelo suporte financeiro. E à empresa Stoller do Brasil Ltda., pelo suporte com os produtos utilizados. À empresa Nova Fronteira Agrícola S/A em especial ao gerente Alison Araújo de Souza pela confiança, apoio e acolhimento na execução deste trabalho (área de produção assim como todo o recurso humano e material necessário). Ao prof. Dr. Valtemir Gonçalves Ribeiro pelo dispêndio de tempo que incansavelmente nos auxiliou. A todos os professores do programa PPHI/UNEB pela dedicação e apoio os quais conjuntamente contribuíram para nosso crescimento intelectual e profissional. Aos meus amigos(as) que não pouparam dias/noites para auxilio em todas as fases da execução deste e outros trabalhos assim como pelas coversas descontraídas: Rerison Magno, Flávio Bastos, Daniela Alves, Loana Cerqueira, Marlon Jocimar, Monte Santo, Marcelo Araujo, Bruno Augusto, Rodrigo Borges... agradeço muito a Deus por todos vocês. Ao pessoal dos laboratórios de sementes e olericultura pelo suporte de materiais e espaço físico. A todos os pesquisadores que dedicaram parte de sua vida na execução de tantos trabalhos voltados a fruticultura, mais especificamente àqueles voltados à viticultura de clima tropical, os quais serviram de base na execução de mais essa investigação científica. “sobre os ombros de gigantes” (Newton 1672). A todos, que de uma forma ou de outra nos auxiliaram na execução do mesmo, os meus eternos agradecimentos. V Aconteceu aos verdadeiros sábios o que se verifica com as espigas de trigo, que se erguem orgulhosamente enquanto vazias e, quando se enchem e amadurece o grão, se inclinam e dobram humildemente. Assim esses homens, depois de tudo terem experimentado, sondado e nada haverem encontrado nesse amontoado considerável de coisas tão diversas, renunciaram à sua presunção e reconheceram a sua insignificância. [...] Quando perguntaram ao homem mais sábio que já existiu o que ele sabia, ele respondeu que a única coisa que sabia era que nada sabia. Sua resposta confirma o que se diz, ou seja, que a mais vasta parcela do que sabemos é menor que a mais diminuta parcela do que ignoramos. Em outras palavras, aquilo que pensamos saber é parte – e parte ínfima da nossa ignorância. MONTAIGNE (1592) VI SUMÁRIO Página LISTA DE TABELAS...............................................................................................IX LISTA DE FIGURAS................................................................................................X RESUMO..................................................................................................................1 ASTRACT.................................................................................................................2 1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................3 2. Revisão de Literatura...........................................................................................6 2.1 Panorama da viticultura no Semiárido brasileiro.........................................6 2.2 Características botânica e fisiológica da videira..........................................8 2.3 Característica do cultivar estudado...........................................................12 2.4 Utilização de reguladores vegetais na viticultura.......................................17 2.5 Giberelinas.................................................................................................14 2.6 Citocininas.................................................................................................16 2.7 Auxinas......................................................................................................20 2.8 Biorreguladores..........................................................................................22 3. Objetivos............................................................................................................23 4. MATERIAL E METÓDOS...................................................................................25 4.1 Área experimental......................................................................................25 4.2 Reguladores vegetais utilizados e composições.......................................27 4.2.1 Ácido giberélico.......................................................................................28 4.2.2 Biorregulador – Stimulate®......................................................................29 4.2.3 Citocininas sintéticas, purínicas e não purínicas....................................29 4.3 Tratamentos avaliados no experimento.....................................................30 4.4 Variáveis analisadas..................................................................................32 4.5 Delineamento experimental e análise estatística......................................34 VII 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................35 5.1 Massa, comprimento e largura dos cachos na colheita...................................35 5.2 Massa, diâmetro e comprimento das bagas na colheita..................................39 5.3 Relação comprimento / diâmetro (C/D) das bagas, massa seca (MS) do engaço e produtividade na colheita da ‘Crimson Seedless’...................................43 5.4 Análises físico–químicas das bagas................................................................49 6. CONSIDERAÇÕES GERAIS.............................................................................52 7. CONCLUSÃO.....................................................................................................53 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................54 APÊNDICES...........................................................................................................76 VIII LISTA DE TABELAS Página 01. Dados de temperatura, umidade relativa, precipitação, evapotranspiração (Eto) e velocidade do vento registrado nos dias das quatro aplicações dos reguladores vegetais no ensaio experimental. Embrapa semiárido, Estação Agrometeorológica de Mandacaru - BA, Juazeiro/BA, 2012..................................26 02. Descrição da utilização dos reguladores vegetais em aplicações isoladas e combinadas a que foram submetidos os cachos da uva “Crimson Seedless” em diferentes épocas de aplicação, na região do Submédio Vale do Rio São Francisco, Juazeiro/BA, 2012................................................................................31 03. Massa da matéria fresca do cacho (g), comprimento e largura do cacho (mm) de videira ‘Crimson Seedless’ (Vitis vinifera L.) submetida a diferentes tratamentos com reguladores vegetais. Juazeiro/BA, 2012.......................................................35 04. Massa de baga (g), comprimento e largura de baga (mm) de videira ‘Crimson Seedless’ (Vitis vinifera L.) submetida a diferentes tratamentos com reguladores vegetais. Juazeiro/BA, 2012..................................................................40 05. Relação comprimento / diâmetro das bagas e massa seca do engaço de videira ‘Crimson Seedless’ (Vitis vinifera L.) submetida a diferentes tratamentos com reguladores vegetais. Juazeiro/BA, 2012.......................................................44 06. Teor de sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT) e relação sólidos solúveis/acidez titulável (ratio), de bagas de uva ‘Crimson Seedless’ sob aplicações de diferentes tratamentos com reguladores vegetais. Juazeiro/BA, 2012.......................................................................................................................50 07. Programa de adubação para produção de uva de mesa, Vitis vinifera cv, Crimson Seedless, fazenda Nova Fronteira S/A, Juazeiro/BA. Junho/201......81 08. Programa de adubação foliar para produção de uva de mesa, Vitis vinifera cv. Crimson Seedless, Fazenda Nova Fronteira S/A, Juazeiro/BA, 2012...................82 09. Relatório de defensivos aplicados no período de condução do experimento, Vitis vinifera cv. Crimson Seedless, Fazenda Nova Fronteira S/A, Juazeiro/BA. 2011.......................................................................................................................83 IX LISTA DE FIGURAS Páginas 01. Localizações das Sub-regiões da bacia do Vale do Rio São Francisco................................................................................................................07 02. Representação dos principais estádios e fenômenos fisioquímicos do desenvolvimento do fruto da videira......................................................................10 03. Produtividade da ‘Crimson Seedles’ sobre ação de diferentes reguladores vegetais. Juazeiro/BA, 2012..................................................................................48 04. Fazenda Nova Fronteira e área experimental..................................................77 05. Aplicação de biorreguladores vegetais sobre cachos na fase de alongamento de engaço da cultivar de videira Crimson Seedless. Fazenda Nova Fronteira Agrícola. Juazeiro/BA, 2012...................................................................................78 06. Dados de temperatura, umidade relativa, precipitação, evapotranspiração (Eto) e velocidade do vento registrados nos meses de condução do ensaio experimental, Embrapa semiárido, Estação Agrometeorológica de Mandacaru – BA. Juazeiro/BA, Junho/2012................................................................................79 07. Genealogia da cultivar Crimson Seedless L. ..................................................80 X RESUMO SOUZA, A. R. E. Produção e qualidade de cachos da videira cv. Crimson Seedless sob ação de biorreguladores. 2013. 92f. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Horticultura Irrigada) – Universidade do Estado da Bahia – UNEB, 2013. A uva é uma das frutas mais produzidas e de maior valor econômico agregado, a qual, destaca-se pela importância na produção familiar e em grande escala, sendo um dos grandes potenciais no campo na geração de emprego e renda. O Vale do rio São Francisco tem se destacado na produção de uvas fina para consumo in natura, tornando-se em poucos anos o maior produtor do Brasil. Entretanto, por situar-se em uma região de clima tropical semiárido necessitase de um manejo diferenciado, visando sempre alternativas no incremento da qualidade e quantidade da fruta produzida. Assim este trabalho avaliou a aplicação de fontes de citocininas (purínicas e não purínicas) associadas ou não a giberelina e ao biorregulador Stimulate ® sobre cachos da ‘Crimson Seedless’. O experimento foi conduzido na fazenda Nova Fronteira agrícola S/A, localizada no município de Juazeiro/BA, no período de 16/01 a 02/05/2012. Os tratamentos utilizados foram: Testemunha absoluta (sem aplicação dos produtos); Stimulate ® (60,5 mL L-1); aplicação de fontes de GA3 N-Large® (0,34 mL L-1) e Pro-Gibb® (11 mg L-1) além do forchlorfenuron - CPPU citocinina não purínica (5,0 mg L -1) e X-Cyte® citocinina purínica (28,7 mL L-1); os demais tratamentos foram constituídos da associação do biorregulador Stimulate® (30 mL L-1) com o N-Large® (0,17 mL L-1), assim como o Stimulate® (30 mL L-1) com o Pro-Gibb® (5,5 mg L-1) o Stimulate® (30 mL L-1) com o CPPU (2,5 mg L-1) e o Stimulate® (30 mL L-1) associado com o X-Cyte® (14,3 mL L-1). O delineamento estatístico foi em blocos ao acaso com dez tratamentos e quatro repetições, sendo cada repetição constituída com três plantas por parcela e cinco cachos por planta útil. As variáveis quantitativas analisadas foram: massa da matéria fresca do cacho; comprimento e largura do cacho; massa media do engaço e das bagas; comprimento e diâmetro das bagas; relação comprimento/diâmetro das bagas e produtividade; sólidos solúveis; acidez titulável e Relação entre sólidos solúveis (SS) e acidez titulável (AT) – Ratio. Pelos resultados obtidos conclui-se que, citocininas não purínicas e purínicas (X-Cyte® e CPPU) e o bioestimulante Stimulate ® proporcionaram maior incremento na melhoria dos cachos e produtividade, mantendo as qualidades organolépticas das bagas, sendo alternativas viáveis para produção da ‘Crimson Seedless’ em detrimento ao uso de fontes de giberelina. Palavras-chave: Vittis vinifera L.; uvas apirênicas; reguladores vegetais. 1 ABSTRACT SOUZA, A. R. E. Production and bunch quality of cv. Crimson Seedless grapes under the action of plant growth regulators. 2013. 92f. Dissertation (Master’s degree) – Universidade do Estado da Bahia – UNEB, 2013. Grapes are one of the most produced fruits with higher economic value-added, which stands out the importance in the household production and large-scale, one of the great potential in the field for employment and income generation. The São Francisco River Valley has excelled in producing of fine grapes for fresh consumption, becoming in a few years Brazil’s largest producer. However, as it is situated in a semi-arid tropical climate region it requires a differentiated handling, always seeking alternatives in increasing quality and quantity of fruit produced. Thus this study evaluated the application of cytokinins sources (purinicas and non purinicas) associated or not with gibberellin and plant growth regulator Stimulate® on grape bunches of 'Crimson Seedless'. Experiment was conducted at Nova Fronteira S/A farm, located in Juazeiro/BA in the period from 16/01 to 02/05/2012. The treatments were: Absolute witness (without application of the products); Stimulate ® (60.5 mL L-1), application of GA3 sources of N-Large® (0.34 mL L-1) and Pro-Gibb® ( 11 mg L-1) beyond forchlorfenuron - cytokinin CPPU not purine (5.0 mg L-1) and X-Cyte® purine cytokinin (28.7 mL L-1), while the remaining treatments consisted in combining of plant growth regulator Stimulate® (30 mL L-1) with N-Large® (0.17 mL L-1), as well as Stimulate® (30 mL L-1) with Pro-Gibb® (5.5 mg L-1) Stimulate® (30 mL L1 ) with the CPPU (2.5 mg L-1) and Stimulate® (30ml L-1) associated with X-Cyte® (14.3 mL L-1). The statistical design was on randomized block with ten treatments and four replicates, each replicate consisting of three plants per plot and five bunches per used plant. Quantitative variables were analyzed: Mass of the fresh bunch, length and width of the bunch; mean mass of stem and berries, length and diameter of berries, length / diameter ratio of berries and productivity, solid soluble, titratable acidity ratio between total solid soluble (TSS) and titratable acidity (TA) - Ratio. The results obtained conclud that cytokinins purinicas and non purinicas (X-Cyte®, CPPU) and Stimulate® growth regulator provided greater increase in productivity and improvement of bunches maintaining the organoleptic qualities of berries, being a viable alternative for production of ‘Crimson Seedless' grape in preference to use gibberellin sources. Keywords: Vittis vinifera L.; seedless grapes; plant growth regulators. 2 1. INTRODUÇÃO A videira (Vitis vinifera L.) destaca-se entre as mais importantes espécies vegetais, sendo a terceira fruteira em importância econômica no mundo. Em 2011, a superfície mundial cultivada com videiras foi de 7.585.000 ha cultivados em 177 países (Organización Internacional de la Viña y el Vino, 2011). O Brasil ocupa a 12ª posição entre os produtores mundiais de uva, com uma área de 79.947 ha e produção de 1.439.434 t (AGRIANUAL, 2012). A produção de uva está presente em todas as regiões do território brasileiro de norte a sul do País, sendo o Brasil representado principalmente pelas regiões Sul, Sudeste e mais recentemente, com uma exploração mais intensiva e tecnificada, na região Nordeste do Brasil. A região Nordeste brasileira, desponta em segundo lugar, representada pelos estados de Pernambuco (208.700 t) e Bahia (65.371 t) com uma área de produção de 9.554 hectares, sendo a região do Submédio Vale do Rio São Francisco, a maior produtora nacional de uvas fina de mesa (IBGE, 2010; AGRIANUAL, 2012b). Em seguida, destaca-se o estado de São Paulo, que aparece em terceiro com uma produção de 177.227 t cultivadas em 9.514 hectares em destaque para os municípios de Itapetininga, Sorocaba e Jales que representam 82,4% da produção obtida no estado (HARADA et al., 2009; INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, 2011). A produção de uvas de mesa concentra-se às margens do Submédio Vale do Rio São Francisco, o qual tem apresentado nas últimas décadas, notável expansão das áreas cultivadas, passando de 3.727 hectares, em 1993 (AGRIANUAL, 2001), para aproximadamente 10.000 hectares, em 2011 (AGRIANUAL, 2012). Com produtividade crescente, em destaque as cultivares apirênicas próxima a 30 toneladas ha -1 ano-1 em duas safras, respondendo por até 99% da exportação de uvas finas de mesa do país (IBRAF, 2011). Os frutos podem ser colhidos com alto teor de sólidos solúveis durante todo o ano e as plantas apresentam redução no ciclo fenológico de 30 a 50 dias em relação a outras regiões de produção (SAMPAIO, 1973; ALBUQUERQUE et al., 1996). Segundo Leão (2009), essas condições de produção possibilitam a obtenção de até cinco safras a cada dois anos, possibilitando a comercialização no mercado externo em duas épocas ou “janelas” durante o ano: abril a junho com 3 aproximadamente um terço do volume comercializado e outubro a dezembro com os dois terços restantes. As cultivares com semente representavam a maior área cultivada no Submédio Vale do Rio São Francisco, por exemplo, a uva Itália que até o ano de 2002, respondia por cerca de 63,2% do total da área plantada e representava a principal uva exportada (FEITOSA, 2002). Porém, nos últimos anos, desde a queda nas exportações brasileiras de uva fresca, que chegou a mais de 12.500 t no ano de 1996, essas áreas têm sido substituídas por cultivares apirênicas cuja área atualmente representam 55% das áreas produtoras do Submédio Vale do Rio São Francisco (CEPEA, 2012). A redução das exportações ocorrido na década de 90 teve como principal causa, a escassez de uvas de mesa sem sementes, demandada pelos mercados consumidores. Essa demanda incentivou um aumento considerável no plantio de cultivares apirênicas, em razão da preferência crescente do mercado externo e interno, além dos melhores rendimentos com a comercialização deste produto. Como consequência, foram concentrados esforços no sentido de adaptar tecnologias para viabilizar a produção de uvas sem sementes no Brasil, utilizando-se cultivares importadas. A partir de 1993, várias empresas privadas e publicas de pesquisa conduziram vários experimentos, principalmente no Submédio Vale do Rio São Francisco com esse objetivo (CAMARGO et al., 1997). Por particularidades intrínsecas, as cultivares que apresentam apirenia tem encontrado dificuldades em função da falta de adaptação às condições tropicais brasileiras, sendo um desafio à pesquisa. Muitos aspectos podem ser destacados, dentre eles, o alto vigor vegetativo (dominância apical) e redução do potencial produtivo resultando em baixa e inconstante produtividade. Desencadeando características indesejáveis na pós-colheita como, massa dos cachos e das bagas reduzidas e alta degrana, quando comparado ao produzido em outras regiões de clima mais ameno, devendo-se possivelmente ao encurtamento do ciclo da cultura e varias outras alterações metabólicas quando cultivadas em clima mais quente. Com isso, a utilização de várias práticas culturais, entre elas, o uso de reguladores vegetais, tem sido muito utilizada. Sendo os primeiros ensaios 4 experimentais realizados com uso dessas substâncias para a viticultura datadas de 1949, quando 31 diferentes reguladores foram testados nas cultivares ‘Black corinth’ e ‘Thompson Seedless’ no estado da Califórnia (EUA) (WEAVER, 1980). Dentre os reguladores vegetais testados, o ácido giberélico (GA3) proporcionou melhorias na qualidade das bagas e cachos passando a ser utilizado na viticultura de forma comercial a partir de 1957. Porém de acordo com vários pesquisadores verifica-se que a utilização do GA3 desencadeia inúmeros efeitos negativos na viticultura como, redução da fertilidade de gemas, aumento do vigor das plantas, endurecimento e engrossamento dos pedicelos (degrana das bagas na colheita e pós-colheita), elevação da atividade da enzima peroxidase solúvel além de aumentar a suscetibilidade dos frutos às podridões (BOTTI & COOPER, 1994; RETAMALES et al, 1995; PÉREZ & MORALES, 1999). Uma opção viável que limita os efeitos indesejáveis do GA3 seria a substituição ou redução deste, com a inserção de outros produtos. Assim, considerando a atual importância do cultivo de uvas sem sementes, a necessidade de aumento na produtividade e qualidade dos cachos e bagas na pós-colheita e visando a busca por alternativas que venham a complementar os efeitos inerentes ao uso de giberelinas (GA), foi proposto o desenvolvimento desta pesquisa. 5 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Panorama da viticultura no semiárido brasileiro O cultivo da videira é muito remoto, pois, estudos arqueológicos revelaram fósseis de sementes de videira que datam da era Cenozóica. Relatos históricos destacam que esta espécie foi domesticada há cerca de 6.000 a.C., sendo cultivada há milênios; esse cultivo teve início na Ásia Menor, na região entre os mares Negro e Cáspio, acreditando-se ser essa região o berço dessa espécie, da qual a maioria das variedades cultivadas se originaram. Com o passar do tempo à videira foi se difundindo e se adaptando a diversas regiões do globo terrestre (LEÃO & POSSÍDIO, 2000; HIDALGO, 2002). As várias conquistas de novos territórios pelo império Romano possibilitou a difusão da viticultura pelos países europeus, sendo introduzida na Espanha, França e reino Português, cerca de 500 a.C., pelas Ilhas das Canárias e da Madeira, de onde foi trazida ao Brasil. A introdução no Brasil foi feita pelos colonizadores portugueses, datando do ano de 1532 na Capitania de São Vicente (São Paulo). Três anos após a introdução no país, foram levados alguns exemplares para a região do Nordeste brasileiro, mais especificamente para os estados da Bahia e Pernambuco pela expedição de Duarte Coelho, alcançando algum progresso nas ilhas de Itaparica no estado da Bahia e de Itamaracá, no estado de Pernambuco (LEÃO, 2001). No entanto, sua inserção na região Semiárida ocorreu apenas no final do século XIX, com o estabelecimento dos primeiros cultivos em propriedades de fazendeiros, posto de colonização da Diocese de Petrolina, no estado de Pernambuco. Segundo relatos de Leão e Soares (2009) até o final da década de 40 do século passado, o cultivo da videira no Submédio Vale do Rio São Francisco não passava de uma atividade de fundo de quintal, sem critério técnico, valendo-se do uso desregrado da água e do esterco animal. A partir de 1950 iniciaram-se os primeiros empreendimentos, sendo conduzidos trabalhos pioneiros pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco – CODEVASF. Os primeiros trabalhos desenvolvidos incluíam o uso de fertilizantes, técnicas de cultivo e descrição fenológica das plantas. Na década 6 de 70 foi criada a Embrapa Semiárido, que contribuiu ativamente para o desenvolvimento de novas tecnologias, permitindo o incremento da produção e da qualidade das uvas produzidas para o mercado consumidor, mas somente a partir da década de 80 que a viticultura comercial tomou impulso, estimulado por projetos de irrigação, investimentos de várias empresas privadas no setor (multinacionais e nacionais), além da necessidade de diversificação da agricultura. O Vale do Rio São Francisco (Figura 1), está inserido nos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, e tem se destacado no cenário da fruticultura, tanto nacional quanto internacional, como um dos maiores produtores de frutas, principalmente uvas de mesa, com a característica de produzir durante todo o ano. A videira apesar de melhor desenvolvimento em regiões de clima mais ameno tem produzido em diferentes condições climáticas, preferindo temperaturas entre 15 e 30 ºC, faixa que influencia positivamente o processo fotossintético, produtividade e a duração dos dias entre floração e colheita, o que faz com que o Submédio Vale do Rio São Francisco represente o principal centro de produção de uva para consumo “in natura” do País (CORRÊA & BOLIANI, 2001) com área estimada de 10.000 ha cultivados com videira e participação equivalente entre 95 a 98% das exportações brasileiras da fruta (AGRIANUAL, 2012). Figura 1 – Localizações das Sub-regiões da bacia do Vale do Rio SãoFrancisco – Brasil. (ANA – 2005) 7 Esse crescimento foi iniciado a partir da redução nas exportações brasileiras de uva fresca com sementes na década de 90, o qual foi causado principalmente pela falta de uvas sem sementes, demandadas pelos principais mercados importadores (Estado Unidos e países europeus). Como consequências foram concentrados esforços no sentido de adaptar tecnologias para viabilizar a produção de uvas sem sementes no Brasil, utilizando cultivares importadas, com maior aceitação pelos mercados consumidores e consequentemente maior valor comercial, como por exemplo, a Thompson Seedless e a Crimson Seedless (CAMARGO et al., 1997). 2.2 Características botânica e fisiológica da videira A videira é uma planta de porte arbustivo, lenhosa sarmentosa e trepadora perene, que se apoia e fixa a tutores naturais ou artificiais, mediante caules modificados (gavinhas). Nas partes opostas às gavinhas, ocorrem as emissões dos primórdios de inflorescências. Este arbusto possui alta longevidade podendo superar em alguns casos os 100 anos de vida (RAVEN et al. 2007). A videira pertence à família Vitaceae a qual é subdividida em subfamílias, estando o gênero Vitis posicionado na subfamília Ampelidae, da qual fazem parte também, outros subgêneros Ampelopsis, Cissus, Parthenocissus, Tetrastigma, empregados com fins ornamentais. As espécies silvestres do gênero Vitis são dióicas, isto é, as plantas são unissexuais masculinas ou femininas. Suas folhas são alternas, pecioladas, cordiformes, com cinco lóbulos sinuados dentados, glabras na parte superior e tomentosas na parte inferior. Espécies híbridos e cultivares encontrados sob cultivo, no entanto, apresentam flores hermafroditas após intensa seleção feita pelo homem (POMMER, 2003; THIS et al., 2006). O gênero Vitis é o mais antigo, de maior importância econômica e o único que possui frutos comestíveis, caracterizados por bagas reunidas em cachos, sendo o cacho formado pelo pedúnculo e pelas ramificações que correspondem ao engace ou engaço, cujas extremidades são denominadas pedicelos, nos quais estão presas as bagas. A parte do pedicelo que penetra 8 na baga é denominada pincel. As bagas são constituídas pela película (casca) que contém a parte pigmentada e é revestida de uma substância serosa denominada pruína, impermeável à água (CLANCY, 2001). O fator biótico (genético) aliado a outros fatores abióticos (práticas culturais, luminosidade, equilíbrio nutricional, nível de carboidratos, hormonais, vigor e temperatura) na videira, promovem maior ou menor índice de inflorescência, sendo que cada inflorescência pode conter mil flores. Porém, destas flores, 70 a 80% normalmente não evoluem para frutos maduros; elas senescem e caem (KISHINO et al., 2007). O crescimento inicial das bagas nas cultivares de videira inicia-se após a polinização e fertilização das mesmas após a consolidação, há um recomeço das divisões celulares no pericarpo, promovendo o crescimento dos frutos (bagas). Mesmo após a fixação e multiplicação celular, as bagas ainda destacam-se dos cachos em um período de 14 a 21 dias por um processo natural de abscisão. Esse processo de abscisão pode ser desencadeado pelo vegetal ou pela ação de agentes ambientais tais como estresse hídrico, ventos e danos mecânicos (MULLINS et al., 1992a). Durante a fase de desenvolvimento dos frutos da videira, ocorrem modificações em tamanho, composição, cor, textura e sabor. São frutos nãoclimatéricos, ou seja, são frutos que não apresentam picos de evolução de CO 2 e etileno (CHITARRA & CHITARRA, 2005). De acordo com Combe (1992) as três fases fisiológicas que correspondem ao desenvolvimento dos frutos são: crescimento, maturação e senescência. Apresentando um padrão de crescimento em dupla curva sigmoide, podendo ser dividido em três estádios distintos: I - uma fase inicial de rápido crescimento; II - a chamada fase lag, de baixo ou ausência de crescimento; e III - a fase final de crescimento e maturação (Figura 2). 9 Figura 2 - Principais estádios e fenômenos fisioquímicos do desenvolvimento do fruto da videira. Na figura, pode-se observar as mudanças de tamanho e cor de bagas com intervalo de 20 dias após o florescimento. São também mostrados os períodos de acúmulos de compostos, os níveis “°Brix” e a indicação da taxa de influxo de sucos vasculares derivados do xilema e floema para os frutos (CLANCY, 2001). Já de acordo com Gallet (1976), durante o desenvolvimento das bagas, distinguem-se pelo menos quatro fases. A primeira fase que dura de seis a dez dias, corresponde à fecundação e ao “pegamento” dos frutos. Na segunda fase, o aumento da semente é insignificante, em compensação o ovário (baga) aumenta de volume, devendose esse crescimento, principalmente, ao aumento do número de células, que pode durar de três a seis semanas, dependendo da variedade. A intensa divisão celular que ocorre nessa fase deve-se aos hormônios giberelinas, auxinas e citocininas, produzidos pela semente. Diversos solutos são acumulados durante esse primeiro período, contribuindo para a extensão da expansão do fruto, e alcançando um pico máximo visível cerca de 60 dias após 10 o florescimento (POSSNER & KLIWER, 1985, OLLAT et al., 2002, CONDE et al., 2007). Os compostos mais importantes entre todos são principalmente os ácidos tartárico e málico. O ácido tartárico é acumulado durante os estádios iniciais do desenvolvimento do fruto e sua concentração é mais alta na periferia do fruto em desenvolvimento. Em contraste, o ácido málico é acumulado em células da polpa no final da primeira fase de desenvolvimento, sendo esses ácidos fatores preponderantes para qualidades (ROMEYER et al., 1983). Diversos outros compostos como minerais, aminoácidos, micronutrientes e componentes aromáticos são também acumulados durante a primeira fase de desenvolvimento e afetam a qualidade da uva. Nessa fase a fotossíntese que é realizada pelas bagas é suficiente para seu desenvolvimento, apresentando as bagas estômatos ativos, o que faz com que tenham alta taxa de transpiração (GALLET, 1976). A terceira fase pode durar de duas a quatro semanas, sendo interrompido o crescimento da baga quando a semente atinge seu tamanho máximo. A quarta e última fase se caracteriza pelo aumento expressivo do volume das bagas, causado pela expansão celular, com degeneração dos estômatos e sua substituição por lenticelas. Os teores de açúcares solúveis (glicose e frutose) aumentam progressivamente, enquanto se observa a redução dos teores de ácidos orgânicos. Os açúcares nessa fase são translocados das folhas para as bagas, enquanto outros drenos mais fracos são inibidos. Ao aproximar-se do final da quarta fase, observa-se aumento da síntese de ABA e etileno, coincidindo com o amadurecimento das bagas e o acúmulo de açucares solúveis, observando-se na ‘Crimson Seedless’ e outras uvas de cor, o aparecimento de xantofilas e síntese de antocianinas (LEÃO; SOARES, 2009). Para Nuzzo & Matthews (2006) a qualidade do fruto depende do balanço entre o crescimento vegetativo e reprodutivo que ocorre simultaneamente na planta. Quando as reservas existentes nas plantas e a disponibilidade em água e nutrientes não são suficientes para suportar o crescimento, estes órgãos passam a competir entre si. Vários fatores culturais contribuem para garantir a manutenção da planta e provisão suficiente dos 11 cachos, como desponte de ramos, desbaste de folhas e cachos, teor de água e nutrientes e as combinações porta-enxerto x enxerto. O fruto da videira é essencialmente uma fábrica bioquímica, pois, além da síntese dos metabólitos essenciais primários a baga tem a habilidade de sintetizar outros componentes. A baga é alimentada através do pedicelo por um sistema vascular composto do xilema e floema. O xilema é o sistema de vasos responsável pelo transporte da água, minerais, reguladores vegetais e nutrientes do sistema radicular para o resto da planta. Evidências atuais indicam que o xilema é funcional na baga até o veraison; posteriormente esta função é reduzida ou eliminada. A baga também é suprida pelo floema, que é o sistema vascular transportador dos fotossintetizados (sacarose) das folhas para os demais drenos da planta; esta função é reduzida no início do desenvolvimento da baga, mas torna-se a principal fonte de ingresso após a “pinta” (GREENSPAN et al., 1994). O aumento no volume da baga, primariamente devido à água, está associado ao aumento de açúcar após o ‘veraison’. Contudo em algumas variedades, principalmente se cultivada sob clima quente e seco, o aumento em açúcar durante os estádios finais da maturação não é acompanhado pelo aumento do volume da baga, mas é causado pelo murchamento da mesma, esse murchamento parece estar relacionado com a transpiração da baga, o que sugere que a inabilidade da baga para permanecer em ótima hidratação nesse ponto do ciclo é devido ao bloqueio de elementos do floema dentro da baga (COOMBE & MCCARTHY, 2000; SANTOS & KAYE, 2009). Geralmente as bagas dobram de tamanho entre o véraison (mudança da cor da baga; indica o inicio do amadurecimento) e a colheita. Muitos dos solutos acumulados nos frutos da videira permanecem do primeiro período de desenvolvimento até a colheita o ácido tartárico permanece constante após o veraison (SILVA, 2010). 2.2. Característica do cultivar estudada O cultivar Crimson Seedless é proveniente do programa de melhoramento genético, do Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em Fresno, na Califórnia. Lançada 12 para cultivo comercial em 1989, resultante do cruzamento de ‘Emperor’ x ‘Seleção C33-199’, além de várias seleções do USDA, seu parentesco inclui ‘Itália’, ‘Calmeria’, ‘Muscat de Alexandria’ e ‘Sultanina’. Considerada uma das mais importantes uvas de mesa cultivadas em diversas áreas comerciais do mundo, como no Chile, Argentina, Peru, África do Sul, Índia, países europeus e, principalmente, na Califórnia, com mais de 6.300 hectares em cultivo comercial, sendo introduzida no Brasil na década de 90, pelo Instituto Agronômico de Campinas, recebendo o nome de ‘Ruiva’ (LEÃO, 2010). Cultivar sem semente de grande importância econômica, pela aceitabilidade e procura pelos mercados consumidores (interno e externo), esse cultivar somente foi introduzido no Submédio Vale do Rio São Francisco em 1999 em área comercial, como nova alternativa para produção de uvas sem sementes (LEÃO & PEREIRA, 2001), mas como advinda de clima temperado, apresentou alto vigor vegetativo e dificuldades para produção em clima tropical semiárido quente. Nas condições do Nordeste brasileiro, o ciclo produtivo (poda-colheita) é de aproximadamente 120 dias, exigindo podas longas, pois a maior fertilidade de gemas está concentrada após a 10ª gema da vara, enquanto nos ‘netos’ não se observa essa tendência. Isso é feito para obtenção de produtividades satisfatórias, em torno de 25 t ha -1 ano-1 (LEÃO et al., 2009), as quais podem ser maiores em parreirais adultos e sob condições adequadas de manejo recomendando-se a análise de gemas para determinação do comprimento de poda ideal. O cultivar Crimson Seedless apresenta cachos grandes e solto e as bagas são de tamanho médio e forma muito similar à ‘Thompson Seedless’, destacando-se o tamanho mediano e formato elíptico com consistência crocante, película resistente e baixa aderência ao pedicelo, apresentando assim, características peculiares frente os cultivares Sugraone e Thompson Seedless, permitindo assim, duas safras anuais (LEÃO et al., 2009). 2.3. Utilização de reguladores vegetais na viticultura Dentre os reguladores vegetais utilizados destacam-se as giberelinas, citocininas e auxinas, como promotores do crescimento, e, como inibidores, o etileno e o ácido abscísico. No entanto, o efeito de um determinado regulador 13 vegetal varia em função da variedade, concentração, modo e época de aplicação e das condições ambientais, havendo necessidade da realização de experimentos locais (PIRES & BOTELHO, 2002). 2.3.1 Giberelina Para a melhoria das características morfológicas dos cachos e bagas da videira, o regulador vegetal mais utilizado é o ácido giberélico (GA 3), uma vez que pode ser obtido em grandes quantidades a partir de fermentações do fungo Gibberella fujikuroi. O consumo global (exceto a China) de GA3 por ano é de aproximadamente 50 toneladas. Outras giberelinas, por exemplo, GA 4 e ou GA7, são utilizados para culturas ou fins específicos para os quais são mais eficazes que o GA3. Além disso, o GA4 e o GA7 são produzidos com rendimento mais baixo por fermentações comerciais e, portanto, são mais caros do que o GA3. Embora as giberelinas tenham se tornado conhecidas pelos cientistas americanos e britânicos na década de 50, já haviam sido descobertas muito antes pelos cientistas japoneses, quando rizicultores asiáticos tomaram conhecimento de uma doença denominada bakanae que provocava o estiolamento de plantas de arroz e estas não produziam sementes. Os fitopatologistas descobriram que tal doença era induzida por uma substância química secretada pelo fungo G. fujikuroi, que deu origem ao nome desse grupo de compostos (TAIZ & ZEIGER, 2009). Em geral, os tecidos reprodutivos contêm maiores quantidades de giberelinas, sendo as menores nas raízes. As Giberelinas são diterpenos cíclicos, pertencentes ao grupo dos terpenos, sintetizados a partir de unidades básicas de moléculas com cinco carbonos, o isopentenil pirofosfato (IPP) ou o dimetilalil pirofosfato (DMAPP), os quais por meio de junções sintetizam o geranil geranil pirofosfato (GGPP), a partir do qual se originam o grupo das giberelinas de 20 ou 19 carbonos. Três diferentes classes de enzimas são necessárias para a biossíntese de GAs bioativas a partir de GGPP em plantas: terpeno-sintases, mono oxigenases do citocromo P450 e 2-oxoglutaratodependentes. Em nível das organelas celular as giberelinas são inicialmente 14 sintetizadas nos cloroplastos ou plastídios, depois reticulo endoplasmático e finalmente no citoplasma (COLL et al., 2001; YAMAGUCHI, 2008). Na videira, reporta Ruiz (1998), as giberelinas são sintetizadas, principalmente, em folhas e bagas jovens, regiões de intensa divisão celular. De acordo com Weaver (1961), existem diferentes respostas entre os cultivares e o momento de aplicação, portanto, o tratamento deve ser sempre direcionado às inflorescências ou aos cachos em formação. Giberelina e auxina parecem exercer seus efeitos modificando as propriedades da parede celular, onde a taxa de alongamento pode ser influenciada tanto pela extensibilidade da parede celular quanto pela taxa de absorção de água, controlada osmoticamente (DAVIES, 1995). A giberelina nunca está presente em tecidos com ausência completa de auxina e os efeitos da giberelina no crescimento podem depender da acidificação da parede celular induzida por auxina. Assim, as respostas de crescimento à aplicação de giberelina e auxina são aditivas. Há evidências de que a enzima xiloglucan endotransglicosilase (XET) esteja envolvida na extensão da parede promovida pela giberelina, onde a função da XET pode ser facilitar a entrada das expansinas na parede celular, as quais são proteínas da parede causadoras do afrouxamento em condições de acidez, por enfraquecer as ligações de hidrogênio entre os polissacarídeos (TAIZ; ZEIGER, 2009). Dentre as hipóteses relacionadas à expansão celular, mediante ação das giberelinas destaca-se a hipótese da hidrólise do amido, que pode estimular a síntese de α-amilase que hidrolisa o amido, aumentando a produção de açucares que ocasiona a diminuição do potencial osmótico no interior celular, o que possibilita a entrada de água na célula, elevando assim a pressão osmótica no suco celular, tendendo a expandi-la (PIRES, 1998; BOTELHO, 2002). O ácido giberélico é o principal regulador vegetal utilizado na viticultura para aumentar o tamanho de bagas, especialmente nos cultivares sem sementes (BOTELHO, et al. 2003). Harrel e Williams (1987) observaram que aplicações de GA 3 a 40mg L1 , após a frutificação, aumentou a massa de bagas em cachos das cultivares Sultanina e Ruby Seedless. Entretanto, quando a aplicação foi realizada por 15 pulverização em toda a planta, os ramos apresentaram maior crescimento e o número de cachos por planta foi reduzido no ciclo subsequente, o que poderia estar relacionado à baixa fertilidade das gemas. Um fenômeno fisiológico que já foi observado em vários cultivares de videira e conhecido como necrose das gemas, e está diretamente relacionado com o vigor vegetativo. Esta necrose normalmente ocorre na gema central deixando as duas gemas secundárias laterais sadias. Posteriormente, o desenvolvimento dessas gemas secundárias, que são normalmente suprimidas pela central, formam então brotações duplas. A fertilidade dessas gemas secundárias é na maioria dos casos menor que a principal e, portanto, pode explicar a baixa produtividade de videiras com alto vigor vegetativo (LAVEE et al., 1993). É de conhecimento que o crescimento dos ramos de videiras é fortemente estimulado por aplicações de GA3. Em muitos cultivares, entretanto, os tratamentos com GA3 logo após o florescimento levam a uma acentuada redução da produção no ciclo subsequente, sendo esta redução de produtividade, na maioria dos casos, acompanhada pelo aparecimento de brotações duplas, similares àquelas encontradas em videiras vigorosas (PIRES, 2002). Estudos realizados durante 10 anos com videiras do cultivar Queen, Lavee et al., (1993) verificaram que tanto videiras vigorosas como aquelas que foram tratadas com GA3, apresentavam alta concentração de giberelina livre nas gemas e, ambas as condições poderiam estar relacionadas à ocorrência de necroses. Entretanto, as poucas formulações comerciais disponíveis para uso pelos produtores, associadas ao custo, às múltiplas aplicações e às altas dosagens, demandam pesquisas com novos produtos que sejam ativos em baixas concentrações e que não desenvolvam tamanha alteração físicometabólica negativa nas plantas (CARVAJAL-MILLÁN et al., 2001). 2.3.2 Citocininas Em 1913, Gottlieb Haberlandt descobriu que um composto encontrado no floema tinha a capacidade de estimular a divisão celular. Em 1941, Johannes van Overbeek descobriu que o endosperma leitoso de coco também 16 tinha essa capacidade; ele também mostrou que várias outras espécies de plantas tinham compostos que estimulam a divisão celular (VAN OVERBEEK et al., 1941). Em 1954, Jablonski e Skoog estenderam o trabalho de Haberlandt mostrando que os tecidos vasculares continham compostos que promovem a divisão celular (JABLONSKI E SKOOG, 1954). Mas somente em 1955, cientistas dos departamentos de Botânica e Bioquímica da Universidade de Winsconsin (Estados Unidos) anunciaram o isolamento, a cristalização, caracterização e síntese de 6-furfurilaminopurina, publicado no Journal of the American Chemical Society (MILLER et al., 1955), um hormônio vegetal em uma classe agora referida como citocininas (SKOOG et al., 1965). As citocininas são substâncias derivadas da purina adenina que promovem divisão celular, em geral por uma interação com auxinas, sendo que a primeira substância deste grupo considerada hormônio vegetal só foi isolada em 1964, recebendo a denominação de zeatina (McGAW, 1985). O nome citocinina está relacionado com a ação desta substância na citocinese (divisão do citoplasma) durante o processo de divisão celular (COLL et al, 2001). Este hormônio está relacionado com quase todos os aspectos do desenvolvimento vegetal, dentre eles, divisão celular, iniciação e crescimento do caule, retardamento da senescência foliar, fotomorfogênese, quebra da dominância apical, desenvolvimento de frutos, hidrólise de reservas de amido, aumento de abertura de estômatos, desenvolvimento de cloroplastos, mobilização de nutrientes e indução de partenocarpia em frutos (COLL et al., 2001; DAVIES, 2004). As citocininas são produzidas em diferentes órgãos; entretanto, o principal local de sua biossíntese são as raízes, de onde são transportadas via xilema até o caule (LETHAM; PALNI, 1983). As citocininas também podem ser transportadas da parte aérea para as raízes, porém em menor proporção (SCHMULLING, 2004). A proteína histidina fosfotransferase (AHP) atua como mensageiro secundário, levando o sinal da citocinina até o núcleo, promovendo a síntese de proteínas do sistema de anteras, da enzima nitrato redutase, de proteínas da enzima rubisco, de proteínas de defesa da planta e de extensinas. Alguns 17 resultados de pesquisa sugerem que as citocininas regulam a síntese de pigmentos, enzimas e proteínas estruturais necessárias para a formação do sistema de tilacóides do cloroplasto e do sistema fotossintético (TAIZ; ZEIGER, 2009). Essas substâncias estão envolvidas no controle de muitos aspectos relacionados à reprodução da videira, inclusive na diferenciação floral, no crescimento do cacho, no pegamento e desenvolvimento das bagas, estimulam o crescimento do óvulo e a transformação de flores masculinas em hermafroditas e inclusive de gavinhas em inflorescências férteis. Entretanto, os mecanismos pelos quais as citocininas exercem esses efeitos ainda são desconhecidos, parecendo estar intimamente relacionados à síntese de proteínas e RNA (SRINIVASAN; MULLINS, 1980; KANELLIS; ROUBELAKISANGELAKIS, 1993; RUIZ, 1998). Em vasos do xilema de videiras são encontradas altas concentrações de citocinina durante a brotação e florescimento, sendo demonstrado em muitas plantas, inclusive em Vitis vinífera L., que as citocininas aumentam a permeabilidade das membranas celulares, sendo que as citocininas exógenas mobilizam, com grande intensidade, fotoassimilados para o local de aplicação em videiras, além de promover o desenvolvimento das inflorescências (SRINIVASAN; MULLINS, 1980; MULLINS et al., 1992). Um grande número de citocininas sintéticas já foi produzido em laboratório, pela modificação na cadeia lateral na posição N-6 da base da adenina, sendo que uma das mais ativas citocininas sintéticas é a PBA [(6benzilamino)-9-(2-tetraidropiramil)-9H-purina] (METIVIER, 1985). O CPPU (N-(2-cloro-piridil)-N-feniluréia), também denominado forchlorfenuron, é reconhecido como sendo uma citocinina muito mais potente que outras citocininas derivadas da adenina, apresentando baixíssima toxidez tanto para plantas como para animais, sendo que a toxicidade dermal aguda ocorre quando a concentração é maior que 2000 mg kg-1 (NICKEL, 1986). O forchlorfenuron (CPPU) é uma citocinina sintética com elevada atividade fisiológica sobre muitas plantas frutíferas, incluindo as videiras, pois também estimula a divisão e expansão celular, além de atrasar a senescência dos tecidos e o amadurecimento do fruto (REYNOLDS et al., 1992; 18 DOKOOZLIAN, 2001). Em kiwi, cultivado na Nova Zelândia, o forchlorfenuron aplicado por imersão e aspersão incrementou o tamanho médio dos frutos em 44 e 33%, respectivamente, quando comparado à testemunha (PATTERSON et al., 1993). No Canadá, em pesquisa com uvas ‘Sovereign Coronation’ e ‘Selection 495’, o uso de doses crescentes de forchlorfenuron promoveu aumentos lineares na massa fresca dos cachos e das bagas (REYNOLDS et al., 1992a). Em aplicações de CPPU associado ao GA3 na cultivar Sultanina (Thompson Seedless), observou-se aumento de 28% no tamanho dos cachos em comparação às aplicações isoladas de GA3 (REYNOLDS et al., 1992b). Mervet et al. (2001) obtiveram na cv. Sultanina melhores resultados com a aplicação de CPPU a 5mg L -1 em combinação com GA3 40mg L-1, aplicados em bagas de 6 mm de diâmetro; houve incremento na produtividade total por planta devido ao aumento em peso do engaço, dos cachos e das bagas. No tamanho em comprimento, largura e compactação dos cachos ocorreu decréscimo da porcentagem de bagas rachadas, seguido de um atraso no amadurecimento, pela redução dos sólidos solúveis totais e pelo aumento da acidez total titulável. Feitosa (2002) avaliou os efeitos da aplicação do CPPU em diferentes concentrações, com aplicações isoladas ou combinadas com GA3, no diâmetro das bagas, no peso dos cachos, bem como na composição química dos frutos do cv. Itália, sendo que o melhor resultado auferido foi conseguido pela aplicação de CPPU 10mg L-1, resultando num incremento de 13,6% no diâmetro e 32% no peso das bagas, respectivamente, comparado à testemunha ou GA3 20mgL-1. Além disso, o CPPU associado ao GA3 retardou a colheita em 8 dias. Miele et al. (2000) observaram incrementos no tamanho e massa das bagas em uvas ‘Itália’, com aplicações de 5 mg L -1 de CPPU ou 40 mg L-1 de GA3, em bagas com 3 a 5 mm de diâmetro, aumentando a massa, o comprimento e a largura das bagas. Quando trabalharam com doses crescentes de CPPU (0; 3; 4; 5; 6; 8 e 12 mg L -1) houve efeito linear positivo para as variáveis comprimento, largura, relação comprimento/largura e massa 19 das bagas. Não foram verificadas diferenças significativas para o teor de sólidos solúveis, acidez titulável, pH e relação sólidos solúveis/acidez titulável. Pires et al. (2003) verificaram em cachos de ‘Centennial Seedless’ que CPPU nas doses de 0; 5,0; 7,5; 10,0; 12,5; 15,0 e 17,5 mg L -1 aplicado 14 dias após o pleno florescimento, aumentou a massa e a largura dos cachos; a massa, o comprimento e a largura das bagas; o diâmetro dos pedicelos e reduziu o teor de sólidos solúveis do suco. Doses mais elevadas de CPPU resultaram em cachos muito grandes, excessivamente compactados, com pedicelos rígidos e muito engrossados. Para Intrieri et al. (1992) os trabalhos sobre o efeito do CPPU em uvas de mesa, mostram que este composto pode substituir o ácido giberélico, regulador convencionalmente utilizado para promover o aumento no tamanho das bagas em cultivares sem sementes ou estenoespermocárpicas. 2.3.3 Auxinas A auxina foi o primeiro hormônio vegetal descoberto (TAIZ; ZEIGER, 2009); ela tem importante participação na regulação do crescimento celular, agindo diretamente no aumento da plasticidade da parede celular (VIEIRA, 2001). Baixas concentrações de auxina são necessárias para haver crescimento radicular, embora altas concentrações atuem como inibidores do crescimento das raízes. Esta substância também tem efetiva participação em outros processos fisiológicos como: regulação da dominância apical, inibição de raízes laterais, abscisão foliar, formação de botões florais e desenvolvimento do fruto (TAIZ; ZEIGER, 2004). Até a pouco tempo acreditava-se que apenas o ácido indolil-3-acético (IAA) fosse produzido pela planta, mas, posteriormente verificou-se também a presença de outras auxinas como o ácido 4 cloroindolacético (4 Cl-IAA), ácido fenil acético (APA) e o ácido indolilbutírico (IBA) (TAIZ; ZEIGER, 2009). Os principais centros de síntese auxínica são os tecidos meristemáticos de órgãos aéreos, tais como gemas em brotação, folhas jovens, extremidades de raízes, flores ou inflorescências de ramos florais em crescimento e sementes em desenvolvimento (RUIZ, 1998; MEYER et al., 1983; CASTRO; VIEIRA, 2001; COLL et al., 2001). 20 As auxinas sintéticas são bastante eficientes, pois não são metabolizadas pelas plantas tão rapidamente quanto o IAA; um grande número de auxinas sintéticas já foi produzido em laboratório, como as substâncias indólicas, os derivados dos ácidos fenoxiacéticos e ácido benzóico e os tiocarbamatos (TAIZ; ZEIGER, 2009). Como exemplos o ácido naftalenacético (NAA), ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) e o ácido indolilbutírico (IBA) (CASTRO; VIEIRA, 2001). As auxinas atuam promovendo a expansão das células a partir de um mecanismo chamado “crescimento ácido”, no qual as auxinas induzem a liberação de prótons do interior da célula para a parede celular (ativação ou síntese de ATPase da membrana plasmática) promovendo a ruptura das ligações entre os polissacarídeos desta parede, aumentando a sua flexibilidade. Numa etapa seguinte, as auxinas promovem a síntese da enzima β-1,4-glucan sintetase, a qual promove a incorporação de xiloglucan e celulose, reconstituindo as ligações entre microfibrilas da parede celular (KERBAUY, 2008). As auxinas intervêm em muitos processos envolvidos no crescimento da videira, como, por exemplo, na dominância apical e no pegamento das bagas, podendo provocar a queda de frutos jovens ou atrasar a abscisão de frutos maduros. Ainda, pode modificar a época de maturação da uva, favorecer o desenvolvimento do calo no enxerto e o enraizamento de estacas, evitar rebrotas de poda, etc. (RUIZ, 1998). Durante o estádio inicial de desenvolvimento das bagas de uva a concentração de ácido indolilacético (IAA) aumenta, atingindo um máximo no final da fase II, diminuindo posteriormente (KANELLIS; ROUBELAKIS-ANGELAKIS, 1993). O emprego da auxina, na concentração de 15 mg L -1, proporciona engrossamento do pedicelo das bagas, que ficam firmemente seguras aos cachos, adquirindo maior resistência à degrana (SOUZA, 1996). Devido ao tratamento com giberelina e auxina, aumentou-se consideravelmente o tamanho das bagas de ‘Thompson Seedless’ e em ‘Black Corinth’, sendo o anelamento dispensável para produzir bagas grandes (WEAVER, 1956). 21 2.3.4 Biorreguladores Com os inúmeros benefícios obtidos a partir da aplicação de reguladores vegetais sobre as plantas cultivadas, combinações desses compostos com outros têm sido estudadas. A mistura de dois ou mais reguladores vegetais ou de reguladores vegetais com outras substâncias (aminoácidos, nutrientes, vitaminas) é chamada de estimulante vegetal ou bioestimulante. Segundo Casillas et al. (1986), essas substâncias são eficientes quando aplicadas em baixas concentrações, favorecendo o bom desempenho dos processos vitais da planta, permitindo obter maiores e melhores colheitas, mesmo sob condições ambientais adversas. O uso dos biorreguladores ou bioestimulantes tem aumentado consideravelmente em diferentes culturas. Diversos dados de pesquisa demonstram uma grande variabilidade nos resultados obtidos em função da cultura, das condições ambientais e das práticas agrícolas empregadas. Além disso, raramente os hormônios vegetais agem sozinhos, há sempre ações sinérgicas entre os mesmos. Mesmo quando uma resposta no vegetal é atribuída à aplicação de um único regulador vegetal, o tecido que recebeu a aplicação contém hormônios endógenos que contribuem para as respostas obtidas (CATO, 2006). No Brasil o produto comercial Stimulate ® é um dos únicos registrados como regulador vegetal (bioestimulante) e tem em sua composição, ácido indolbutírico (auxina), cinetina (citocinina) e ácido giberélico (giberelina). Essas substâncias incrementam o crescimento e desenvolvimento vegetal estimulando a divisão celular, podendo também aumentar a absorção de água e nutrientes pelas plantas (VIEIRA; CASTRO, 2002). Em várias culturas tem sido realizadas pesquisas com uso de biorreguladores, sendo que, na viticultura, destacam-se trabalhos para brotação e melhoria nas características físico-químico dos cachos (CAMILI et al., 2010). Leão et al. (2004) utilizaram o bioestimulante Crop Set® nas doses de 0,1 e 0,2% associado ou não com anelamento no caule, com objetivo de obter maior tamanho de baga, peso médio de cacho e produtividade nos cachos da 22 cv. Superior Seedless. Entretanto, não obtiveram diferença significativa entre os tratamentos utilizados. Serciloto et al. (2008) avaliaram os efeitos do biorregulador MBTA (cloridrato de N,N-dietil-2-(4-metilbenziloxi) etilamina) aplicado em diferentes épocas e concentrações na produtividade e qualidade dos frutos da laranjeira 'Pêra'. Os autores verificaram um incremento médio de 0,49 a 0,65% na concentração de sólidos solúveis, de 0,11 a 0,13 kg na quantidade de sólidos solúveis por caixa de 40,8 kg e de 20,4 kg planta-1 na produtividade. Albrecht et al. (2009) avaliaram as resposta ao uso do biorregulador Stimulate®, via tratamento de sementes e aplicação foliar em dois ciclos de produção consecutivos do algodoeiro. Todas as formas de aplicação do biorregulador aumentaram significativamente a produtividade, o rendimento de fibra, a massa média do capulho e a uniformidade das fibras, além de não terem sido fitotóxicas para as plantas. Oliveira et al. (2010), em revisão sobre o florescimento da cana de açúcar, verificou que, nas condições ideais de florescimento da cultura, quando não é possível o manejo varietal, o uso de inibidores de florescimento é a melhor alternativa, visto que as perdas por inversão da sacarose para a formação da panícula, durante o florescimento, são enormes. Já Silva et al. (2010) verificando a utilização do biorregulador Stimulate® ,associado ou não à utilização de fertilizantes líquidos em cinco diferentes genótipos, não proporcionou efeitos na qualidade da cana-de- açúcar. Porém, houve aumento da produtividade de colmos e de açúcar, independente do genótipo, com o emprego do biorregulador Stimulate ®, com ou sem complementação de fertilizante líquido. 3. OBETIVOS 3.1. GERAL Avaliar os efeitos dos biorreguladores vegetais Stimulate ®, X-Cyte®, forchlorfenuron (CPPU), N-Large® e Pro-Gibb®, no desenvolvimento e qualidade dos cachos de uvas apirenas ‘Crimson Seedless’. 23 3.2. ESPECÍFICOS Analisar o desenvolvimento dos cachos e das bagas de uvas apirenas ‘Crimson Seedless’; Avaliar os efeitos dos biorreguladores na massa dos engaços das uvas em estudo; Avaliar a produtividade e qualidade de uvas ‘Crimson Seedless’ submetidas aos biorreguladores; 24 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Área experimental O experimento foi conduzido em vinhedos do cv. Crimson Seedless ou Ruiva, pertencente à fazenda Nova Fronteira agrícola S/A, no submédio Vale do Rio São Francisco, município de Juazeiro (BA), cujas coordenadas geográficas são: latitude 9°13’ Sul, longitude 40°1’ Oeste e, altitude média de 395 m (Figura 1- Apêndice). Segundo a classificação de Köeppen, o clima da região está classificado como tipo Bswh, que corresponde à região semiárida muito quente. O índice pluviométrico anual é de 571,5 mm com temperatura média anual de 26,4 ºC, média das mínimas de 20,6 ºC e média das máximas de 31,7 ºC (AMORIM NETO, 1989). As normais de umidade relativa variam de 52% em outubro a 70% em abril e insolação de 2845 horas/luz ano, sendo primaveraverão de 1429 h luz e outono-inverno 1419. O período de aplicações dos biorreguladores vegetais e avaliações desse estudo foram realizados tendo por base inicial a poda de produção, que foi realizada no dia 16/01/2012, e as primeiras aplicações para alongamento de engaço aos 15 e 22 dias pós-poda (DPP) nas datas respectivas de 31/01/2012 e 06/02/2012. As posteriores aplicações tiveram por objetivo o crescimento das bagas, realizando-se duas aplicações, uma aos 52 e outra aos 59 DPP (dias 09/03 e 16/03/2012), quando as bagas apresentavam diâmetro médio de seis a oito milímetros. Ambas as aplicações tiveram início às 8:45 h da manhã e término as 13:00 horas (dados meteorológicos de temperatura, umidade relativa, precipitação, Eto e velocidade do vento, relativos aos meses de condução do experimento são apresentados na Figura 7 - Apêndice). Os dados climáticos dos dias da realização das aplicações (Tabela 2). 25 Tabela 2 - Dados de temperatura, umidade relativa, precipitação, evapotranspiração (Eto) e velocidade do vento registrado nos dias das quatro aplicações dos reguladores vegetais no ensaio experimental. Embrapa semiárido, Estação Agrometeorológica de Mandacaru - BA, Juazeiro/BA, Junho/2012. Datas das Aplicações Temperatura (°C) Máx Mín Média Umidade Relativa (%) Precipit. (mm) Eto (mm) Vel. do -1 Vento (m s ) 31/01/2012 35,2 21,2 28,0 81,0 0,0 7,94 1,25 06/02/2012 35,3 20,9 28,3 75,6 0,0 7,05 2,52 09/03/2012 34,8 23,3 28,4 71,9 0,0 6,59 2,38 16/03/2012 30,1 21,1 25,3 89,0 30,7 3,41 1,30 (Apêndice, Tabela 7 – gráfico da média dos meses de condução do experimento). O sistema do pomar é do tipo latada com condução das plantas na forma de braço único, onde o cultivar copa ‘Crimson Seedless’ encontrava-se sobre o porta-enxerto SO4 (selecionado na Alemanha, a partir do cruzamento de Vitis berlandieri x Vitis riparia), caracterizado por alta emissão de raízes, conferindo grande vigor a variedade copa enxertada. A latada possui uma dimensão de 2,1 ha, com espaçamento de 4 x 2 m (1250 plantas ha-1), cujo plantio foi realizado dia 22 de setembro de 2009, sendo a terceira safra de produção da referida área. O sistema de irrigação consiste de sistema localizado, por gotejamento, com mangueira dupla por fileira, com espaçamento entre gotejadores de 50 cm, contendo assim 8 gotejadores por planta com vazão individual por gotejador de 0,9 L h-1 ou um total de 7,2 L h-1 em sua lamina máxima de irrigação com frequência e volume de água de acordo com o estádio fenológico e as condições climáticas. O solo da área, segundo Embrapa (2009), é classificado como latossolo. Na realização do experimento, os tratos culturais empregados, foram os convencionalmente adotados na região e utilizados pelo produtor e consultor técnico, exceto em relação às aplicações de bioestimulantes. A poda das plantas de videira, na latada da área experimental, foi realizada dia 16/01/2012, sendo a aplicação do produto comercial Dormex ® 26 (Cianamida hidrogenada - 52,0% m/v (520 g/L) e Ingredientes Inertes - 54,5% m/v (545 g/L), realizado dia 17/01/2012, utilizando bomba costal e rolos de espuma manual. O controle de plantas daninhas foi realizado através de roçadeiras manual e utilização de cordeiros nas áreas. As adubações realizadas nos parreirais foram principalmente aplicadas via fertirrigação, e conforme as fases fonológicas correspondentes de desenvolvimento da cultivar, utilizando os seguintes produtos comerciais: Ureia; Amiorgan; Nitrato de cálcio; Sulfato de magnésio; Map; Sulfato de potássio; Cloreto de potássio; Librel Ferro; Ácido orgânico; Estimulante radicular; Aminoplus. Produtos esses que possuem por base principalmente os elementos N, P, K, Ca e Mg (Descrição de quantidade e épocas de aplicação, Tabela 7 do Apêndice). As adubações foliares foram realizadas com as fontes de micro (Zn, Co, Bo, Mo e Fe) e macronutrientes (Ca, Mg e K) utilizando os seguintes produtos comerciais (Acadian; Librel Zn; Ajifol Co e Mo; Librel Fe; Liquiplex Ca Mg e Bo; Aminoplus; Color Max; Sulfato de Mg; Codafol K-30; Codamix viña; Codamix 150; Aminolon) sendo realizadas via pulverização mecanizada (Descrição de quantidade e épocas de aplicação, Tabela 8 do Apêndice). O controle fitossanitário foi baseado no estádio fenológico da cultura, nas condições climáticas e nos níveis de danos, através de monitoramento diário da cultura. Os defensivos comerciais aplicados na área no período de condução do experimento foram: Manzate; Equation; Score; Trifmine; Folicur; Kumulus; Vertimec; Curzate; Sulfur-M; Dithane; Dicarzol; Alto 100 e Stroby SC, Sendo as aplicações mecanizadas e com volume de calda de 600 litros (Descrição de quantidade individual de produtos, Tabela 9 do Apêndice). 4.2. Reguladores vegetais utilizados e composições Os produtos utilizados no experimento foram o bioestimulante Stimulate (mistura de 0,009% de cinetina (Kt- citocinina), 0,005% de ácido giberélico- GA3 e 0,005% de ácido indolilbutírico (IBA- auxina) e 99,981% de ingredientes inertes), do X-Cyte® (0,04% de cinetina (citocinina purínica) e 27 99,96% de ingredientes inertes), forchlorfenuron (CPPU- citocinina não purínica) e, como fonte de giberelina, o Pro-Gibb® (10% de ácido giberélico, GA3) e N-Large® (4% de ácido giberélico, GA3) nas características dos cachos e crescimento das bagas da videira ‘Crimson Seedless’. Os reguladores vegetais foram aplicados por pulverização foliar com a solução contendo o regulador vegetal mais o adjuvante óleo vegetal (Natura’l óleo® com 93% de óleo vegetal e 7% de ingredientes inertes) a 0,5% nas aplicações sobre os cachos para alongamento de engaço e 0,3% nas aplicações para crescimento de bagas. O óleo vegetal foi utilizado visando facilitar a penetração da calda pela cutícula, além da redução da evaporação das gotas, procedendo a pré-mistura com os biorreguladores vegetais sendo depois incorporada a água no deposito do pulverizador. A água (veículo da aplicação, também chamada de calda) foi reduzida a pH 3,5 antes da adição da pré-mistura, sendo utilizado o produto comercial P-51® (produto este que possui em sua composição 51% de P2O5 – Fosfato e 1% de N) . Para tanto, utilizou-se pulverizador tipo costal, acionado manualmente, modelo PJH, marca Jacto, com capacidade de 20 L cuja pistola aplicadora dispunha de bico tipo cônico aberto, com vazão de 615 mL min-1 (Figura 6 Apêndice). O volume utilizado foi, em média, 100 mL por planta, o equivalente a um volume de calda de 125 L ha-1. Com o intuito de avaliar os efeitos do bioestimulante Stimulate®, do XCyte®, forchlorfenuron, Pro-Gibb® e N-Large®, nas características dos cachos da videira ‘Crimson Seedless’ foram realizadas aplicações conforme, o descrito abaixo: 4.2.1 Ácido Giberélico (GA3) Foram utilizados 11,0 mg L-1 de ácido giberélico aplicados em 4 fases, sendo as aplicações realizadas após a poda: 1- 0,5 mg L-1 quando os cachos apresentavam cerca de 3 cm de comprimento (15 dias após a poda); 2- 0,5 mg L-1 sete dias após a primeira aplicação; 3- 5,0 mg L-1 quando as bagas apresentavam em torno de 6 mm de diâmetro; 28 4- 5,0 mg L-1 sete dias após a terceira aplicação. Sendo os Tratamentos efetuados de acordo com o acompanhamento do desenvolvimento fenológico do cultivar. 4.2.2 Biorregulador - Stimulate® O Stimulate® foi aplicado cerca de 1%, sendo as duas primeiras aplicações (15 e 22 DDP) realizadas com o principal objetivo de alongamento do engaço, onde esta fase corresponde ao estádio de maior divisão celular (cachos com cerca de 3 – 5 cm). E para promover o alongamento das bagas foram realizadas mais duas pulverizações (52 e 59 DDP), quando as mesmas apresentavam cerca de 6 a 8 mm. Além das concentrações isoladas citadas acima, outros tratamentos com reguladores vegetais juntamente com o bioestimulante Stimulate® foram realizadas. O produto comercial Stimulate® é produzido pela empresa Stoller do Brasil Ltda., contendo reguladores vegetais e traços de sais minerais quelatizados. 4.2.3 Citocininas sintéticas, purínicas e não purínicas Os tratamentos foram constituídos de aplicações de forchlorfenuron (CPPU) e cinetina (Kt), dois compostos com funções de citocininas, pertencentes aos grupos das uréias e purinas, respectivamente, sem e com adição de ácido giberélico (GA3). Sendo o CPPU como fonte de citocinina não purínica e o X-Cyte® (cinetina) a 0,04% como fonte de citocinina purínica. Foram aplicados 5mg L-1 da citocinina sintética CPPU parceladas em quatro aplicações (0,5 + 0,5 + 2,0 + 2,0 mg L-1), com duas primeiras aplicações visando alongamento de engaço e mais duas aplicações direcionadas às bagas visando crescimento, quando as mesmas apresentavam em torno de 6 a 8 mm de diâmetro, sendo as aplicações realizadas em intervalos de sete dias, tanto para as de alongamento de engaço quanto para crescimento de bagas. 29 4.3 Tratamentos avaliados no experimento A partir dos reguladores vegetais, das concentrações e das fases de aplicações descritos acima, foram delineados os tratamentos descritos na Tabela 1. 30 Tabela 1 – Descrição da utilização dos reguladores vegetais em aplicações isoladas e combinadas a que foram submetidos os cachos e bagas da uva “Crimson Seedless” em diferentes épocas de aplicação, na região do Submédio Vale do Rio São Francisco, Juazeiro/BA, 2012 Tratamentos Épocas de aplicação (dias) 15 (1ª apl. eng.) 22 (2ª apl. eng.) 52 (3ª apl. bagas) 59 (4ª apl. bagas) 1- Testemunha Absoluta (Sem uso de reguladores vegetais) 2- Stimulate® (mL L-1) 2,63 5,26 26,31 26,31 3- N-Large® (mL L-1) 0,015 0,015 0,16 0,15 4- Pro-Gibb (mg L ) 0,5 0,5 5,0 5,0 5- CPPU (mg L-1) 0,5 0,5 2,0 2,0 6- X-Cyte® (mL L-1) 1,25 2,5 12,5 12,5 7- Stimulate® (mL L-1) + N-Large® (mL L-1) (1,32 + 0,008) (2,63 + 0,008) (13,15 + 0,08) (13,15 + 0,08) 8- Stimulate® (mL L-1) + Pro-Gibb® (mg L-1) (1,32 + 0,25) (2,63 + 0,25) (13,15 + 2,5) (13,15 + 2,5) 9- Stimulate® (mL L-1) + CPPU (mg L-1) (1,32 + 0,25) (2,63 + 0,25) (13,15 + 1,0) (13,15 + 1,0) 10- Stimulate® (mL L-1) + X-Cyte® (mL L-1) (1,32 + 0,625) (2,63 + 1,25) (13,15 + 6,25) (13,15 + 6,25) ® -1 1ª e 2ª aplicação destinadas ao alongamento de engaço. 3ª e 4ª aplicação destinadas ao crescimento de bagas 31 4.4. Variáveis analisadas A coleta dos cachos foi realizada aos 106 dias após a poda (02/05/2012). Os cachos foram retirados com o auxilio de uma tesoura de colheita, tomando os devidos cuidados para evitar injúrias mecânicas. Foram coletados cinco cachos por parcela, colocados em sacos de polipropileno devidamente identificados e transportados para o Laboratório da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, em Juazeiro/BA onde as avaliações físicas e físico-químicas foram realizadas. Para verificar o efeito dos tratamentos sobre o desenvolvimento dos cachos e das bagas da ‘Crimson Seedless’ foram avaliadas as características descritas a seguir: Massa da matéria fresca do cacho Medida realizada com o auxílio de balança analítica, com capacidade para 4 Kg, precisão de 0,01 g. Comprimento do cacho Os cachos foram medidos com auxílio de uma régua graduada em centímetros (cm), sendo avaliados cinco cachos por tratamento. Largura do cacho A largura foi obtida da região superior dos cachos, as medida foram realizadas com o auxílio de uma régua graduada. Massa da matéria fresca de bagas Após obtenção da massa dos cachos, foram retiradas bagas das porções proximais, medianas e distais dos cachos, formando vinte amostras compostas por 10 bagas cada uma, sendo cinco amostras de cada repetição. A matéria fresca de cada amostra foi determinada por meio de pesagem em balança analítica com capacidade para 4,0 Kg, precisão de 0,01 g. Essas amostras foram utilizadas para realizar as análises físico-químicas de sólidos solúveis, acidez titulável e ratio. 32 Massa da matéria seca do engaço Após a obtenção da massa do cacho e retirada das amostras, as demais bagas foram separadas dos pedicelos, colocados em estufa de ar forçado em temperatura de ± 65 ºC até a obtenção de peso constante, após esse procedimento possibilitou a obtenção da massa dos engaços separadamente em balança analítica com capacidade para 4,0 kg, precisão de 0,01 g. Comprimento e diâmetro de bagas Medidas realizadas com o auxílio de paquímetro digital, sendo utilizadas dez bagas por cacho, sendo retiradas quatro da parte proximal, três da mediana e três distais, contabilizando uma quantidade total para essas análises de 200 bagas por tratamento. Relação comprimento / diâmetro de baga Esses dados foram obtidos relacionando as medidas do comprimento longitudinal das bagas pelo diâmetro equatorial. Produção total Determinado através do peso médio dos cachos por tratamento e correlacionando os dados em toneladas por hectare (t ha-1). Sólidos solúveis (SS) O teor de sólidos solúveis foi obtido por refratometria. As bagas foram maceradas em um becker e o suco resultante foi tomado com uma pipeta para realização das leituras, utilizando o refratômetro digital e manual com escala de 0 a 50 ºBrix, de marca Gehaka. Acidez titulável (AT) Para obtenção da acidez titulável, 10 mL do suco da polpa das bagas foram diluídos em 40 mL de água destilada adicionando três gotas de indicador de fenolftaleína 1%, em um erlenmeyer de boca larga. Após o enchimento da bureta com hidróxido de sódio (NaOH) 0,1N foi adicionando cuidadosamente o 33 NaOH da bureta até a percepção da mudança de cor da solução para levemente róseo. Os resultados foram expressos em gramas de equivalente de ácido tartárico em 100 mL-1 de mosto, pela aplicação da seguinte equação: AT = (Volume gasto de NaOH x Normalidade do NaOH x 100 x Fator do ácido) / volume da amostra, (CARVALHO et al., 1990). Relação entre sólidos solúveis (SS) e acidez titulável (AT) – Ratio A relação entre sólidos solúveis e acidez titulável foi obtida pela divisão do teor de sólidos solúveis pela acidez titulável. Os resultados foram expressos por meio dos valores absolutos encontrados. 4.5. Delineamento experimental e análise estatística O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com 10 tratamentos e quatro repetições, com cada parcela constituída por três plantas sendo duas bordaduras e uma planta útil, das quais foram retiradas cinco cachos/planta, previamente selecionados. Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. O programa computacional utilizado foi o Sistema para Análise de Variância – SISVAR (FERREIRA, 2003). 34 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Massa, comprimento e largura dos cachos na colheita De maneira geral os reguladores vegetais proporcionaram aumento da massa dos cachos, comprimento e largura, observando que, alguns resultados não diferiram estatisticamente da testemunha (Tabela 3). O resultado obtido com a utilização do regulador vegetal a base de cinetina (X-cyte®), pulverizado sobre os cachos, promoveu um incremento na massa dos cachos de aproximadamente 145 g/cacho em relação à testemunha e aumento de 39,5% em ganho de massa, quando comparados aos cachos pulverizados com o regulador N-large® cujo principio ativo é a giberelina (GA3). Tabela 3 – Massa da matéria fresca do cacho (g), comprimento e largura do cacho (mm) de videira ‘Crimson Seedless’ (Vitis vinifera L.) submetida a diferentes tratamentos com reguladores vegetais. Juazeiro/BA, 2012. T1. Testemunha Absoluta ________ Cacho __________ Massa Comprimento Largura (g) (mm) (mm) 200,6 c 166,2 c 87,8 b T2. Stimulate® (mL L-1) 293,1 abc 194,7 ab 102,6 ab T3. N-Large® (mL L-1) 208,1 c 170,5 bc 94,3 ab T4. Pro-gibb® (mg L-1) 258,4 abc 193,4 ab 93,5 ab T5. CPPU (g L-1) 318,3 ab 192,6 ab 105,5 ab T6. X-Cyte® (mL L-1) 345,4 a 203,7 a 129,1 a 191,7 c 188,1 ab 95,5 ab T8. Stimulate (mL L ) + Pro-gibb (mg L ) 236,7 bc 184,7 ab 93,5 ab T9. Stimulate® (mL L-1) + CPPU (mg L-1) 276,0 abc 194,1 ab 95,6 ab T10. Stimulate® (mL L-1) + X-Cyte® (mL L-1) 248,1 abc 175,5 bc 93,8 ab C.V. (%) 16,93 8,43 15,71 Tratamento T7. Stimulate® (mL L-1) + N-Large® (mL L-1) ® -1 ® -1 Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste Tukey (P≤0,05) C.V. (%) = Coeficiente de variação. 35 As fontes de citocininas utilizadas favoreceram incremento de 42% e 37%, em relação à testemunha absoluta, para a variável massa dos cachos, cujos produtos foram X-cyte® (cinetina) na dosagem 28,75 mL L -1 e CPPU (fenilureia) 0,005 g L-1, respectivamente. Entretanto o uso da fonte de giberelina na forma liquida (N-Large®) na dosagem de 0,34 mL L-1 isolada ou associada ao biorregulador vegetal (Stimulate ®) não promoveu efeito sinérgico e não diferiu na massa dos cachos, em relação à testemunha. Com relação às variáveis comprimento e largura dos cachos, foram verificadas maiores dimensões com a utilização da cinetina, diferindo estatisticamente da testemunha. Verificou-se um aumento de 18,4% e 31,9% para comprimento e largura de cacho, respectivamente, no desenvolvimento final do cacho utilizando o X-cyte®, em relação à testemunha absoluta. Os resultados obtidos com o uso da fenilúreia (CPPU) isolado ou associado ao Stimulate ® para a variável comprimento do cacho, diferiu da testemunha e obteve-se dimensão igual ao uso comercial do GA3. Já para variável largura dos cachos, em relação à testemunha os dados obtidos não diferiram pela analise estatística (Tabela 3). Trabalhos realizados com o cultivar Crimson Seedless tem demonstrado sensibilidade na utilização dos reguladores vegetais fontes de giberelina. Dokoozlian (2000) em ensaio experimental aplicando via pulverização diferentes doses de GA3 (10; 20; 40 e 80 g/ac) sobre cachos do cv. Crimson Seedless, visando analisar as características físicas dos cachos com finalidade de comercialização, obteve como resultado satisfatório a aplicação de 10 g/ac diferindo estatisticamente da testemunha absoluta, enquanto que, as dosagens mais altas causaram fitotoxidade. Esses resultados estão de acordo com o encontrado neste ensaio experimental, pois apesar das dosagens menores e parceladas dos produtos Pro Gibb® e N-Large® fontes de giberelina usados isolados ou associados ao biorregulador Stimulate ® não diferiram da testemunha. O ácido giberélico é o regulador de crescimento mais utilizado para uvas de mesa, visando principalmente melhoria no desenvolvimento dos cachos e tamanho comercial das bagas. No Semiárido brasileiro a utilização demasiada de GA3 no alongamento de engaços e crescimento de bagas, tem promovido maior translocação e favorecido maior concentração do GA3, principalmente devido à 36 associação às altas temperaturas e síntese de promotores de crescimento como a auxina e principalmente a giberelina, favorecendo esse desbalanço endógeno na videira desencadeando maior dominância apical em detrimento à redução da fertilidade de gemas ocasionando menor produção e qualidade dos frutos. Exemplo é o cultivar Crimson Seedless que possui naturalmente alto desenvolvimento vegetativo e baixa e inconstante produção quando submetida a clima quente, além de, apresentar sensibilidade ao regulador giberelina conforme a dosagem e o clima. Na região de Palmeira D’Oeste – SP, Botelho et al. (2004) observaram na cultivar Rubi, redução da produtividade em cultivos consecutivos, devido à utilização de fontes de GA causando aumento de vigor e necrose das gemas férteis. Camili (2010) estudando a ação do GA3 (proveniente dos produtos comerciais Pro Gibb® e N-Large®), Kt (X-Cyte®) e do bioestimulante (Stimulate®), na uva “Superior Seedless”, verificou, no momento da colheita, aumento significativo no comprimento dos cachos tratados com Kt (10 mL L-1) associado à GA3 (0,1 g L-1), o qual diferiu do tratamento isolado com GA 3 (Pro Gibb®). Esses resultados demonstram o efeito positivo da cinetina. Corroborando com os dados obtidos neste experimento para as características dos cachos da “Crimson Seedless”, o qual, o uso isolado da Kt mostrou-se mais favorável, assim como, outros trabalhos demonstram a importância do uso das citocininas nas características dos cachos (BOTELHO; PIRES; TERRA, 2004). A melhoria nas características comerciais dos cachos e bagas da uva é devido às citocininas atuarem na divisão celular e estabelecimento de drenos, proporcionando a mobilização de nutrientes, atuando direto em pelo menos duas enzimas (invertase e transportador de hexose), as quais são necessárias para descarregamento apoplástico do floema, aumentando a vascularização na região, e assim influenciando no transporte de água e assimilados para os frutos, além de modular a biossíntese e transporte polar de auxinas que impedem a abscisão dos ovários (TAIZ & ZAIG, 2004; MATSUO et al., 2012). Pimenta (2011) utilizando diferentes concentrações de cinetina (Kt) em dose única ou parcelada (2 + 9 + 9 mL L -1) associada ao GA3 verificou maiores 37 incrementos para comprimento e largura dos cachos da uva ‘Itália’ quando comparado ao tratamento com GA3 isolado. Rodrigues et al. (2009) avaliando o efeito de biorreguladores (GA 3 e CPPU isolado ou associado) em cachos de uva ‘Itália’, a qual, apresenta menor sensibilidade que a “Crimson Seedless” ao uso de reguladores vegetais, verificaram que, o maior comprimento dos cachos foi obtido com a aplicação de 20 mg L-1 da fonte de citocinina não purínica (CPPU). Macedo et al. (2010) utilizando doses crescentes de forchlorfenuron (0, 2, 4, 6, 8 e 10 mg L-1) no cultivar Centennial Seedless verificaram aumentos lineares para massa dos cachos e bagas. Dados semelhantes foram reportados por Tecchio et al. (2006) efetuando tratamentos com doses crescentes de CPPU e GA3 isolados por dois ciclos de produção no cv. Vênus, os autores concluíram que, os tratamentos com a fonte de citocinina aumentaram de modo linear a massa fresca dos cachos nos dois ciclos de cultivo, enquanto que, tratamentos efetuados com GA3 apresentaram efeitos somente no primeiro ciclo. Pires et al. (2003) verificaram em cachos de ‘Centennial Seedless’ que CPPU (citocinina) nas doses de 5,0; 7,5; 10,0; 12,5; 15,0 e 17,5 mg L -1, aplicado 14 dias após o pleno florescimento, aumentou a largura dos cachos e nas dosagens mais elevadas proporcionou maior massa do engace. Estes resultados, utilizando fontes de citocininas nas diversas cultivares de videira, promoveram excelentes resultados nas características físicas dos cachos, os quais se assemelharam aos obtidos neste ensaio experimental com a ‘Crimson Seedless’. Verifica-se que, para cada cultivar em condições climáticas diferentes deve-se utilizar dosagens específicas, adotando-se a que responde ao melhor custo/benefício. Diversos trabalhos reportam a importância da utilização de biorreguladores na videira, que possuem na formulação fontes de citocininas, como os reportados por Tecchio et al. (2006) com o cultivar Niagara Rosada utilizando o bioestimulante Stimulate em doses crescentes (0, 5, 10, 15 e 20 mg L1 ) o qual promoveu aumento linear no comprimento do cacho, porém não apresentando efeito sobre a massa fresca e largura dos cachos. 38 Trabalhos realizados com uva ‘Itália’ na região do Submédio vale do rio São Francisco, Menezes (2007) obteve resultados semelhantes aos dados apresentados neste experimento com a ‘uva’ Crimson Seedless para as características físicas dos cachos da ‘Superior Seedless’ quanto à utilização do XCyte®. Botelho et al. (2003) obtiveram aumento significativo na largura dos cachos da ‘Niagara Rosada’ tratados com a feniluréia tidiazuron (5mg L-1) quando comparado principalmente com a testemunha (sem aplicação) e demais tratamentos com GA3. 5.2. Massa, diâmetro e comprimento das bagas na colheita Ao analisar o efeito dos reguladores vegetais sobre a massa e diâmetro das bagas, verifica diferença significativa entre os tratamentos, porém não diferindo da testemunha assim como o comprimento das bagas, cuja morfologia não foi alterada e não diferiu entre os tratamentos analisados. Para massa das bagas a utilização do regulador vegetal Pro Gibb ® (10 mg L-1) diferiu da utilização antagônica do biorregulador (Stimulate ® - 28,3 mL L-1) com adição da fonte de giberelina (N-Large®- 0,16 mL L-1) obtendo aumento de 21% na produção quando utilizado a fonte de giberelina, esta ocorrência é devida ao biorregulador Stimulate® conter na sua composição giberelina e a adição de GA3, presente no produto N-Large®, favorecendo o processo antagônico na massa das bagas da ‘Crimson Seedless’. Porém os demais tratamentos não apresentaram diferença entre si para a variável em estudo. Ao analisar o diâmetro das bagas, verificou-se que com a utilização do forchlorfenuron (CPPU), ocorreu uma estimulação direta da expansão equatorial das bagas, deixado-as mais arredondadas, diferindo estatisticamente da utilização do uso isolado do Stimulate ® e da junção do Stimulate® com o NLarge®. O diâmetro obtido das bagas da uva ‘Crimson Seedless’ com a utilização dos reguladores vegetais não foi o suficiente para descaracterizar no formato a cultivar, ficando nas exigências dos padrões comerciais nacionais e internacionais (cerca de 17 mm) (Tabela 4). 39 Tabela 4 – Massa de baga (g), comprimento e largura de baga (mm) de videira ‘Crimson Seedless’ (Vitis vinifera L.) submetida a diferentes tratamentos com reguladores vegetais. Juazeiro/BA, 2012. T1. Testemunha Absoluta ____________ Baga __________ Massa Diâmetro Comprimento (g) (mm) (mm) (n.s.) 35,6 ab 15,6 abc 20,9 T2. Stimulate® ( mL L-1) 35,8 ab 15,4 bc 21,1 T3. N-Large® ( mL L-1) 36,1 ab 15,7 abc 21,5 T4. Pro-gibb® ( mg L-1) 40,7 a 16,2 ab 21,9 39,5 ab 16,7 a 21,6 T6. X-Cyte ( mL L ) 34,5 ab 15,8 abc 20,9 T7. Stimulate® ( mL L-1) + N-Large® ( mL L-1) 32,5 b 14,9 c 20,1 T8. Stimulate® ( mL L-1) + Pro-gibb® ( mg L-1) 36,1 ab 16,0 abc 21,3 T9. Stimulate® ( mL L-1) + CPPU ( mg L-1) 38,9 ab 16,3 ab 21,2 T10. Stimulate® ( mL L-1) + X-Cyte® ( mL L-1) 33,5 ab 15,3 bc 20,5 C.V. (%) 8,58 3,00 3,52 Tratamento -1 T5. CPPU ( g L ) ® -1 Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste Tukey (P≤0,05) n.s. – Não significativo. C.V. (%) = Coeficiente de variação. Diversos trabalhos corroboram a eficácia na aplicação de fontes com ação de citocininas e giberelina para as características físicas das bagas. O diâmetro, geralmente, é a principal variável utilizada como medida para avaliar o tamanho das bagas de determinada cultivar, sendo um parâmetro rigorosamente observado por sistemas nacionais e internacionais de classificação (MASCARENHAS et al., 2012). As normas de qualidade para exportação de uvas de mesa para os Estados Unidos, Reino Unido e parte da Europa exigem diâmetro de bagas mínimo de 17 mm para à cultivar Crimson Seedless. De acordo com os resultados apresentados na Tabela 2, os cachos de uva ‘Crimson Seedless’ tratados com os reguladores vegetais testados, atenderam aos padrões de qualidade exigidos pelas normas de comercialização brasileira, que estabelece o mínimo de 14 mm, de acordo com Lima (2007) e Brasil (2002). 40 Esses resultados são semelhantes aos obtidos por Rodrigues et al. (2009) os quais relatam que a aplicação de GA3 na dosagem de 20 mg L-1 promoveu incremento no diâmetro das bagas da uva pirênica ‘Itália’, reportando ainda que, o uso do CPPU na dose de 15 mg L-1 sobre cachos da desta cultivar. reduziu o comprimento das bagas, porém ocorreu aumento na zona equatorial das bagas. Botelho (2002) verificou melhores resultados com aplicações de GA 3 em pós-florescimento, aumentando assim a massa das bagas em 43,9% e comprimento das bagas em 11,8% nas uvas de cultivar Vênus. Sendo condizentes com outros resultados relatados por Pommer et al. (1995) em uvas ‘Maria’, Pires et al. (1986), em uvas ‘A Dona’; Pereira & Oliveira (1976), em uvas ‘Patrícia’; e Guerra et al. (1981), em uvas ‘Itália’. Ribeiro et al. (2003) porém observaram que a aplicação de GA3 a 100 mg L-1 em ‘Centennial Seedless’ promoveu ganhos para as características comprimento, diâmetro e peso de bagas. Pires (1998) verificou que o melhor resultado foi obtido a 25 mg L-1 de GA3 com a mesma cultivar; entretanto, Reynolds et al. (1992) utilizaram com sucesso a concentração de 100 mg L -1 de GA3 para cachos da cultivar Sovereign Coronation. Assim, verifica-se que a utilização do Pro Gibb® (11 mg L-1) na cultivar Crimson Seedless promoveu maior massa das bagas, mas as características diâmetro e comprimento não se assemelharam aos resultados obtidos pelos demais experimentos reportados. Deve-se considerar as diferentes particularidades de cultivo, cultivares e climas, na comparação com outros autores e que esses fatores são atributos que devem ser levados em consideração para uma melhor eficiência dos fitorreguladores. Pires et al., (2003) verificaram, para a uva ‘Centennial Seedless’, que o uso do forchlorfenuron (CPPU) aplicados isoladamente, 14 dias após o pleno florescimento, proporcionaram aumento na massa e largura das bagas. Esses resultados estão de acordo com os dados obtidos para a ‘Crimson Seedless’ com a utilização do CPPU, o qual promoveu incremento no diâmetro das bagas diferindo dos tratamentos com o biorregulador Stimulate ®. Outras pesquisas com cultivares de videira reportam resultados satisfatórios com o uso do CPPU. Feitosa (2002) avaliando o manejo com a cultivar Itália no Submédio São 41 Francisco, obteve maior massa das bagas com a dose isolada de 10 mg L-1 de CPPU, quando as bagas estavam com 8 mm de diâmetro. Assim como cachos de ‘Flame Seedless’ tratados com 2,5 ou 5,0 mg L -1 de CPPU apresentaram aumento significativo no diâmetro e peso seco e fresco das bagas, quando colhidos na maturidade fisiológica ou comercial. Os autores sugerem que o aumento do peso fresco das bagas foi mais devido ao aumento de tamanho e conteúdo de água, do que aumento no peso seco. Considerando que as citocininas promovem alongamento e divisão celular, estes resultados indicam que o efeito do CPPU nesta cultivar foi mais devido ao alongamento do que à divisão celular (CARVAJAL-MILLÁN et al., 2001). Outros trabalhos com cultivares de videira relatam essa eficácia da utilização do forchlorfeuron na expansão equatorial e ganho de massa das bagas. Estudos realizados por Miele et al., (2000) verificaram que a utilização da dose de 5 mg L-1 de CPPU, promoveu diminuição no comprimento das bagas e aumento no diâmetro, favorecendo o crescimento periclinal e arredondamento das bagas da cultivar ‘Itália’, em Bento Gonçalves-RS. Pantaleón et al., (2012), explicam que o aumento periclinal das bagas quando tratadas com as feniluréias é devido à maior divisão celular e / ou a ativação de respostas das plantas tipicamente induzida pela ocorrência natural de adenina substituídos por citocininas, em conjunto com uma inibição da enzima citocinina oxidase/desidrogenase que são responsáveis pela homeostasia celular, aumentando assim a concentração efetiva dos fitohormônios endógenos promovendo maior alargamento das bagas, devido à estimulação direta da divisão celular e ativação de repostas das plantas tipicamente induzida pela ocorrência natural da adenina substituídos por citocinina. Para o comprimento médio das bagas os resultados demonstram que a utilização dos reguladores vegetais tendo por base a giberelina ou a citocinina com uso isolado ou associados não promoveram aumento significativo, os quais não diferiram da testemunha absoluta nas condições e dosagens utilizadas neste ensaio experimental. Esse resultado corrobora com os obtidos por Menezes (2007), em trabalho desenvolvido no Vale do São Francisco com uva ‘Itália’, cujos 42 tratamentos com GA3, bioestimulantes e cinetina isolados ou associados, não foram significativos para a variável comprimento médio das bagas. Porém, Pimenta (2011) afirma que, para as características físicas das bagas, a citocinina sintética de caráter purínico (Kt) promoveu maiores efeitos positivos nas variáveis massa, comprimento e diâmetro médio da baga para a ‘Itália’. 5.3. Relação comprimento / diâmetro (C/D) das bagas, massa seca (MS) do engaço e produtividade na colheita da ‘Crimson Seedless’ Os tratamentos com reguladores vegetais pouco influenciaram a relação C/D das bagas, diferindo estatisticamente a utilização do CPPU quando comparado com o tratamento das bagas utilizando o biorregulador Stimulate ® e o N-Large® isolados. Verifica-se que a obtenção da menor relação C/D, resulta em bagas mais arredondadas, representado através da menor relação nos tratamentos, quando utilizado o regulador vegetal forchlorfenuron (CPPU) isolado ou associado ao Stimulate®. Pressupõe-se que o aumento nas dosagens do CPPU aplicado nas bagas da cultivar Crimson Seedless, torne-a com formato mais arredondado por estimular diretamente a expansão equatorial, esse aspecto descaracteriza o formato aceitável pelos mercados consumidores, principalmente o mercado externo, cujo formato aceitável é o elíptico. Os tratamentos com o bioestimulante Stimulate ® e o regulador vegetal Nlarge® apresentaram melhores respostas em relação à caracterização elíptica das bagas, entretanto não diferindo estatisticamente da testemunha. Para a massa seca do engaço os tratamentos não diferiram estatisticamente entre si (Tabela 5). 43 Tabela 5 – Relação comprimento / diâmetro das bagas e massa seca do engaço de videira ‘Crimson Seedless’ (Vitis vinifera L.) submetida a diferentes tratamentos com reguladores vegetais. Juazeiro/BA, 2012. _____ Dados _____ Relação C/D MS - engaço (g) (n.s) bagas (mm) 1,33 ab 5,03 Tratamento T1. Testemunha Absoluta T2. Stimulate® (mL L-1) 1,37 a 6,91 T3. N-Large® (mL L-1) 1,37 a 6,40 T4. Pro-gibb® (mg L-1) 1,35 ab 5,47 T5. CPPU (g L-1) 1,29 b 7,23 T6. X-Cyte® (mL L-1) 1,31 ab 6,99 1,34 ab 5,97 T8. Stimulate (mL L ) + Pro-gibb (mg L ) 1,33 ab 4,87 T9. Stimulate® (mL L-1) + CPPU (mg L-1) 1,30 b 5,42 T10. Stimulate® (mL L-1) + X-Cyte® (mL L-1) 1,34 ab 4.28 1,97 23,94 T7. Stimulate® (mL L-1) + N-Large® (mL L-1) ® -1 C.V.(%) ® -1 Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste Tukey (P≤0,05) C/D = Comprimento/Diâmetro das bagas. MS = Massa Seca n.s. – Não significativo C.V. (%) = Coeficiente de variação. Rodrigues et al. (2009) reportam que o uso do CPPU sobre cachos da uva ‘Itália’ nas doses de 10 e 20 mg L -1 aumentou o diâmetro e reduziu o comprimento das bagas, porém não influenciou negativamente no aspecto comercial para as características das bagas. Esse resultado assemelha-se aos dados obtidos no presente trabalho, assim como outros trabalhos como o de Macedo et al. (2010), que reportam que o uso de doses crescentes de forchlorfenuron apresentou efeito quadrático sobre o comprimento da baga da uva ‘Centennial Seedless’, cuja dose estimada de 3 mg L-1 proporcionou o menor comprimento da baga e maior diâmetro equatorial. Assim como Camili (2007) 44 descreve que, cachos da ‘Superior Seedless’ (Vitis vinifera L.), que receberam citocininas, apresentaram bagas de formato mais arredondado (menor relação comprimento/diâmetro) em comparação aos que somente receberam giberelina. Foi verificado também por Tecchio et al. (2006) os quais concluíram que, a utilização de 90 mg L-1 de CPPU aplicados em cachos de uva ‘Vênus’ proporcionou melhorias nas características físicas das bagas, principalmente no seu diâmetro, tornando-as arredondadas. Experimentos realizados por Saad et al. (1979) afirmam que, o formato alongado das bagas é uma consequência das aplicações de ácido giberélico. Assim como Weaver e McCune (1959) constataram que a giberelina estimula o crescimento das bagas em comprimento, o que levaria a um aumento na relação comprimento/diâmetro das mesmas. Essas afirmações corroboram os dados obtidos, confirmando assim, maior comprimento das bagas da ‘Crimson Seedless’ com a utilização de reguladores fontes de giberelina. Outros trabalhos também verificaram a eficácia do uso da giberelina para alongamento das bagas. Sachs e Weaver (1968) estudaram a ação das auxinas e giberelinas em uvas ‘Black Corinth’ e ‘Thompson Seedless’, ambas apirênicas, e verificaram que as bagas tratadas com auxina apresentam menor relação comprimento/diâmetro, do que quando tratadas com ácido giberélico. Porém outros pesquisadores salientam que, as características físicas apresentadas pelas bagas, estão relacionadas além da aplicação dos reguladores vegetais em diferentes épocas fenológicas da cultura, também ao clima da região. Souza et al. (2010) salientam que, em regiões de clima tropical onde os fatores climáticos (elevadas temperaturas do ar, radiação solar elevada, entre outros) associados às práticas de manejo adequadas proporcionam uma redução no ciclo da videira, influenciando no diâmetro das bagas tornando-as menores do que em regiões de clima temperado. Trabalhos realizados por Nachtigal (2007) com aplicação de ácido giberélico em duas aplicações, sendo a primeira na fase de chumbinho (bagas com diâmetro médio de 5 a 6 mm) e a segunda 8 a 10 dias após, utilizando concentrações de 50 mg L-1, possibilitou a obtenção de bagas com mais de 24mm de diâmetro para a variedade BRS Clara em vinhedos comerciais localizados na Serra Gaúcha, região de clima subtropical. Porém o 45 mesmo não foi verificado em regiões de clima tropical, pois trabalhos realizados na região noroeste do Estado de São Paulo, município de Jales, os melhores resultados obtidos com a utilização do ácido giberélico aplicado isolado ou em mistura com tidiazuron proporcionaram aumento máximo no diâmetro de bagas de até 17mm (NACHTIGAL et al., 2005). Com relação ao efeito dos tratamentos para massa seca do engaço, estes não diferiram estatisticamente (Tabela 5). Embora sem efeito significativo, verifica-se que o uso do CPPU e X-Cyte quando considerado a média estes reguladores promoveram maior ganho de massa, o qual justifica-se pelo aumento nas características físicas obtidas pelos cachos da uva ‘Crimson Seedless’ quando utilizada as dosagens e época climática correspondentes para esse experimento (massa, comprimento e largura, conforme apresentado na tabela 3). Considerando que, as citocininas atuam na divisão celular, uma vez que governa a passagem da célula pelo ciclo celular, e sua aplicação exógena permite que a divisão celular prossiga, por ativar a fase S da interfase, além de aumentar o poder de dreno seja do engaço ou do fruto, proporcionando maior desenvolvimento (PIRES & BOTELHO, 2001; GOWDA et al., 2006; TAIZ & ZEIGER, 2009). A característica física do engaço é um dos parâmetros utilizados na avaliação da conservação pós-colheita do cacho, pois quando se apresenta lignificado torna-se dificultoso para acondicionar nas embalagens, gerando maiores perdas de bagas ocasionadas pela degrana, já quando se apresenta menos lignificado, ocorre senescência mais rápida. E assim, considerando a parte econômica e mercadológica, há grande importância de verificar a influência da aplicação dos reguladores vegetais sobre a massa do engaço. Inúmeros trabalhos têm relatado o incremento da massa e lignificação do engaço decorrentes principalmente do uso das fontes de citocinina. Macedo et al., (2010) verificaram ganhos linear no diâmetro do pedicelo e massa do engaço da uva apirênica ‘Centennial seedless’ com aplicação de doses crescentes de forchlorfenuron e GA3. Esse efeito é semelhante ao encontrado por Pérez & Morales (1999), os quais, com a utilização de doses crescentes desses 46 reguladores, observaram aumento da atividade da enzima peroxidase e este correlacionado com o ganho na massa do engaço e do pedicelo. Para a produtividade em toneladas por hectare, verifica-se diferença significativa entre os tratamentos analisados. O tratamento utilizando o X-Cyte® proporcionou aumento considerável de 41,9% (19,2 t/ha) em relação à testemunha (11,2 t/ha). Considerando o uso comercial do Pro Gibb ® usado com o cultivar Crimson Seedless, cuja produção foi de 14,4 t/ha, ocorreu um incremento de 25,3% ou 4,9 t com o uso do X-Cyte®, porém para este não houve diferença estatística. Justifica-se que a produtividade (kg ha -1) está diretamente relacionada ao peso dos cachos, que depende do número e tamanho das bagas, que por sua vez, depende da divisão e expansão celular. O Brasil por ser um dos principais produtores mundiais de uva de mesa é importante ressaltar que o mercado internacional é altamente competitivo, tanto no tocante a qualidade quanto a preços, situação que obriga os produtores brasileiros a utilizarem alta eficiência técnica, idealizando alta produtividade e visado sempre à redução dos custos de produção. Nesse contexto a substituição da utilização de práticas regularmente utilizadas por outras que não onerem o custo de produção deverão ser sempre adotadas. O uso de reguladores vegetais ou de novas moléculas é uma das práticas recentes que têm incrementado tanto qualidade quanto produtividade. Os dados apresentados (Figura 3) reportam o aumento da produção em 8.000 kg com a utilização do fitorregulador X-Cyte® em relação à testemunha absoluta, cujo preço divulgado pela CEAGESP em julho de 2013 para o kg da ‘Crimson Seedless’ estaria sendo comercializado em média a R$ 6,25. Considerando que, a utilização dos reguladores vegetais compostos por citocinina podem ter influenciado no processo de divisão e maior fixação de bagas no engaço, promovendo maior produtividade. O uso do N-large® na dosagem (0,085 mL L-1) usado isolado ou associado ao biorregulador Stimulate não diferiu da testemunha, o qual se justifica pelo maior índice de abortamento ocorrido nesses tratamentos, menciona-se que, por ser uma fonte de giberelina liquida e de maior absorção, as dosagens aplicadas foram altas quando aplicadas o N47 Large® isolado ou associadas ao Stimulate®, que possui na composição a Stimulate + X-Cyte Stimulate + CPPU Stimulate + Pro-Gibb TRATAMENTOS Stimulate + N-Large X-Cyte CPPU Pro -Gibb N-Large ®® Stimulate ® Testemunha giberelina (0,05 g/L) (Figura 3). Figura 3 – Produtividade da ‘Crimson Seedles’ sobre ação de diferentes reguladores vegetais. Juazeiro/BA, 2012. Menezes (2010) verificou que, a massa dos cachos assim como a produtividade da ‘Itália’ utilizando o X-Cyte® isolado não diferiram dos resultados utilizando a fonte comercial de GA3 Pro-Gibb®. Esses resultados estão de acordo com os obtidos neste ensaio para a cultivar de videira Crimson Seedless, cuja maior produção foi obtida utilizando fontes de citocinina, atribuindo-se o maior desenvolvimento do engaço (comprimento e ombramento) e maior retenção de bagas/cacho ao uso de X-Cyte e CPPU. 48 5.4. Análises físico–químicas das bagas A uva produzida na região do Submédio Vale do Rio São Francisco é destinada principalmente para o consumo in natura, portanto deve ter uma relação sólidos solúveis/acidez total (“Ratio”) acima de 20 o que torna agradável ao paladar do consumidor. Os resultados para os valores médios obtidos para o teor de sólidos solúveis, acidez titulável e a relação sólidos solúveis/acidez titulável (ratio), sob influência dos diferentes tratamentos com reguladores vegetais, não diferiram estatisticamente, os quais estão apresentados na Tabela 6. Os resultados obtidos para os teores de sólidos solúveis (SS) determinados no suco das bagas indicam aceitabilidade pelos consumidores em relação às determinações dos padrões internacionais de comercialização, cujos valores mínimos variam entre 14 a 17,5 °Brix (BARROS; FERRI; OKAWA, 1995; MASCARENHAS, 2012). Sendo o teor de sólidos solúveis de todos os tratamentos obtidos nesse ensaio experimental compreendidos nessa classificação, inclusive, os valores obtidos para o “Ratio”, já que Gayet (1993) e Lima (2007) relataram que a uva sem semente deve apresentar SS/AT acima de 20, considerando assim a fruta de excelente sabor e aceitável pelo consumidor. Chitarra & Chitarra (2005) reportam que durante a fase de maturação das uvas, devido ao próprio metabolismo normal das bagas, enquanto ocorre a degradação e redução da síntese, principalmente, dos ácidos málico e tartárico, observa-se acúmulo contínuo de açúcares e um decréscimo nos ácidos orgânicos, uma vez que, no processo respiratório as bagas consomem ácidos. Glicose e frutose respondem por 99% ou mais dos carboidratos do suco da uva e por 12 a 27% ou mais do peso fresco das bagas na maturidade, constituindo a maior proporção dos sólidos solúveis. Enquanto a frutose aumenta no início da maturação estabilizando-se em seguida, a glicose apresenta aumentos contínuos até o final da maturação. Nas uvas maduras a relação frutose/glicose deve estar próxima ou ser superior a 2,0 devido ao maior grau de doçura deste primeiro açúcar. 49 Tabela 6 – Teor de sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT) e relação sólidos solúveis/acidez titulável (“Ratio”), de bagas da ‘Crimson Seedless’ sob aplicações de diferentes tratamentos com reguladores vegetais. Juazeiro/BA, 2012. ________ Dados ___________ Tratamento T1. Testemunha Absoluta SS (°Brix) (n.s) 17,2 AT (g de ácido tártarico/100ml) (n.s.) 0,70 T2. Stimulate® (mL L-1) 16,2 0,67 24,4 T3. N-Large (mL L ) 16,1 0,67 23,7 T4. Pro-gibb® (mg L-1) 15,3 0,72 21,4 T5. CPPU (g L-1) 15,5 0,77 20,5 T6. X-Cyte® (mL L-1) 15,9 0,75 21,9 16,1 0,75 21,9 15,7 0,70 22,1 T9. Stimulate (mL L ) + CPPU (mg L ) 15,8 0,72 21,5 T10. Stimulate® (mL L-1) + X-Cyte® (mL L-1) 16,0 0,80 20,5 C.V. (%) 5,19 6,76 8,82 ® -1 T7. Stimulate® (mL L-1) + N-Large® (mL L-1) ® -1 ® -1 ® -1 T8. Stimulate (mL L ) + Pro-Gibb (mg L ) -1 Ratio (SS/AT) (n.s.) 24,5 Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste Tukey (P≤0,05) n.s. – não signifcativo C.V. (%) = Coeficiente de variação As condições climáticas do Vale do Rio São Francisco, com temperaturas elevadas durante todo o ciclo de produção e principalmente durante a fase de maturação, favorece uma maior concentração de açucares e redução dos ácidos orgânicos das bagas, contribuindo para melhor qualidade organoléptica da uva (LEÃO, 1999). Esses resultados condizem com o reportado por Patil et al. (2006), na Índia, onde trabalhos realizados com a cultivar de videira Dilkusa, não foram observados diferença significativa dos teores de sólidos solúveis entre a testemunha e os demais tratamentos utilizando reguladores vegetais. Segundo Pires e Botelho (2001) o efeito dos reguladores vegetais sobre as características químicas e físicas das bagas é variável em função da cultivar, região e condições 50 climáticas, essas condições possibilitam o aumento ou redução dos teores de ácidos existentes no mosto das bagas. 51 6. CONSIDERAÇÕES GERAIS Observou-se que os tratamentos em geral proporcionaram aumento, com efeito significativo para às variáveis, massa, comprimento, largura dos cachos e produtividade em relação à testemunha. Contudo para as demais variáveis físicoquímicas das bagas analisadas, não se verificou efeito significativo. A citocinina não purínica aplicada isolada e parcelada nas concentrações (1,25 mL L-1; 2,5 mL L-1; 12,5 mL L-1 e 12,5 mL L-1) promoveu um incremento de 144,87g na massa do cacho em detrimento a testemunha. Considerando o índice agronômico de 6 cachos m-2 esse regulador vegetal proporcionaria um incremento de 8,0t ha-1. Os dados obtidos reportam que poderá ser reduzido o uso demasiado de fontes de giberelinas, em detrimento da utilização de outros reguladores vegetais. Necessitando de novas investigações com dosagens e novas moléculas nas mais diversas fases fenológicas do desenvolvimento do cacho e bagas visando maximizar a produtividade e qualidade. 52 7. CONCLUSÃO A citocinina purínica (Kt) influenciou positivamente nas características física dos cachos da ‘Crimson Seedless’. Os reguladores vegetais utilizados não alteraram as características físico-químicas das bagas. Em termos econômicos a utilização das citocininas não purínica, proporcionou maior rentabilidade ao produtor que na utilização dos demais reguladores vegetais. 53 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AGRIANUAL 2012: anuário da agricultura brasileira. São Paulo: FNP, informa economics, South America 2011. p. 472-480. AGRIANUAL – Anuário Estatístico da Agricultura Brasileira. São Paulo: Argos Comunicação, p. 1-545, 2001. ALBRECHT, P. 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E. 2012 alongamento de engaço da cultivar de videira Crimson Seedless. Fazenda Nova Fronteira Agrícola. Juazeiro/BA, 2012. 78 Figura 2 - Dados da umidade relativa, precipitação, evapotranspiração (Eto), temperatura e velocidade do vento registrados nos meses de condução do ensaio experimental, Embrapa semiárido, Estação Agrometeorológica de Mandacaru – BA, Juazeiro/BA, Junho/2012. 79 Figura 8– Genealogia da cultivar Crimson Seedless L. 80 Tabela 7 – Programa de adubação para produção de uva de mesa, Vitis vinifera cv, Crimson Seedless, fazenda Nova Fronteira S/A, Juazeiro/BA. Junho/2012. 81 Tabela 8 – Programa de adubação foliar para produção de uva de mesa, Vitis vinifera cv, Crimson Seedless, Fazenda Nova Fronteira S/A, Juazeiro/BA, Junho/2012. Nutriçã o Folia r Produçã o Uva - 2012 ( Crimson ) F.PU.15.02 Se m . Es t. Fe nol. Pr oduto Dos e /100lt V ol. Calda/ha Se m . Es t. Fe nol. Pr oduto Dos e /100lt V ol. Calda/ha 3 15 a 21 dias Brotações Acadian Librel Zn Ajifol CoMo Librel Fe 200 m l 150 m l 200 m l 100 g 500lt 10 64 a 70 dias Azeitona Liquiplex Ca Mg B Am inoplus Color Max 300 g 200m l 100 m l 500lt Librel Zn Ajifol CoMo M.K.P Librel Fe 150 m l 200 m l 200g 100 g 500lt 11 71 a 77 dias 1/2 Baga Sulfato de Mg Am inoplus Codafol K - 30 Color Max 500g 200m l 200m l 100 m l 500lt 4 22 a 28 dias Cres c. Vegetativo 5 29 a 35 dias Pré-Floração Am inoplus M.K.P Codam ix Viña 200m l 200g 200m l 500lt 12 78 a 84 dias I. Am olec. Sulfato de Mg Codafol K - 30 Color Max 500g 200m l 100 m l 500lt 6 36 a 42 dias Floração Am inoplus Codam ix Viña 200m l 200m l 500lt 13 85 a 91 dias Baga Madura I Sulfato de Mg Codafol K - 30 Codam ax 500 g 200m l 40 m l 500lt 7 43 a 49 dias Chum binho I Codam ix Viña Crop Set 200m l 200m l 500lt 14 92 a 98 dias Baga Madura II Codafol K - 30 Am inolon Maturador 200m l 200m l 8 50 a 56 dias Chum binho II Codam in 150 Liquiplex Ca Mg B 200m l 300 g 500lt Am inolon Maturador 200m l 9 57 a 63 dias Ervilha Codam in 150 Liquiplex Ca Mg B Am inoplus 200m l 300 g 200m l 500lt 15 99 a 105 dias Baga Madura III 500lt 500lt 16 106 a 112 dias Colheita 82 Engº A grº Respo nsável: ______________________________ Carlo s A ugusto de Carvalho P rado CREA -P E :027511-D Tabela 9 – Relatório de defensivos aplicados no período de condução do experimento, Vitis vinifera cv, Crimson Seedless, fazenda NovaFronteira S/A, Juazeiro/BA.Junho/2011. Área: 9A Produto Manzate Equation Score Trifmine Folicur Kumulus Vertimec Kumulus Curzate Sulfur-M Dithane Dicarzol Alto 100 Stroby SC Ethrel 720 Dosagem/100lt Água 250 gr 60 gr 12 mL 60 gr 100 mL 200 gr 100 mL 200 gr 250 gr 300 gr 300 gr 50 gr 20 mL 40 mL 80 mL Volume de calda 600 Lt 600 Lt 600 Lt 600 Lt 600 Lt 600 Lt 600 Lt 600 Lt 600 Lt 600 Lt 600 Lt 600 Lt 600 Lt 600 Lt 1000 Lt 83