PAULO MONTEIRO EXILADO 2012 O SERRALHEIRO Vai senhor serralheiro Fazer seu trabalho Na serralheria da serra, Com o seu serrote Vai serrando a sombra da serra, A sombra da Terra, A sombra de todas as estradas sombreadas. Que posso fazer com a árvore que deitei? Estava todo de um sobressalto assombroso, E todo o meu desgosto, Senhor serralheiro, Caiu nesta sombra. Cai ontem, Morreu hoje! E eu descobrir que toda verdade é torta E eu sou fruto do acaso, Mas o senhor, senhor serralheiro, não! O senhor foi feito para serrar a serra Num ponto certeiro da Terra. 2005 TRAGICOMÉDIA SOBRE UMA MOÇA UM PRESENTE E UM NAMORADO ATO I É chegado primeiro de maio, Ela faz aniversário... Então, com o pensamento desinteressado, Pergunta a seu namorado: - Meu amor, hoje é primeiro de maio, Faço aniversário. Meu pai me deu um presente Juntamente com minha mãe e meus irmãos. E tu, o que tens para mim. - Cheguei cansado do trabalho Infelizmente nada pode trazer, Mas nesta data de felicidade Darei um presente a você! Darei minha vida A meu grande amor! A moça agradece com intima comoção. ATO II É chegado doze de junho Dia dos namorados. Então ela faz a mesma pergunta Ao seu custeado. Ele da à mesma resposta, A do seu grande amor! A moça agradece Mas sem emoção. ATO III É chegado primeiro de maio Ela refaz aniversário, Então questiona novamente A mesma pergunta ao seu namorado... Ele responde que chegou cansado, Nada pode trazer, Mas que no momento Dara um presente, A vida dele Se isso for proceder! Ela se indigna. - Só isso tem pra mim dá? Estou cheia de vida! ATO FINAL Primeiro de maio Ela vai passear, Bandido armado Atira sem cuidado, À bala sem cautela Segue no peito dela. Namorado atordoado Age descuidado E entra na frente, Morre de repente. O presente foi dado. 2003 POEMA DO ARTISTA MANÍACO E tudo que fiz, Fiz pela arte. Se chorei, se menti, Se gastei, se feri, Fiz bem e feliz Tudo que fiz Foi pela arte. Pela arte somente vivi Minhas emoções, Minha mão na sua, As horas de amor, Minha raiva, A dor, a angustia, O sofrimento, As et ceteras. Pela arte foi que fiz Tudo pela arte. Se briguei, se mentir, Se odiei, se morri, Fiz bem e feliz Tudo que fiz Foi pela arte. 09-09-2005 O SOL É PARA TODOS O sol é para todos A lua para ninguém, Todos os dias O sol brilha, Todos os dias O sol vem, A lua as vezes brilha, A lua as vezes vem. O sol é dos meus pasmos A lua do meu bem, O sol é para todos A lua de ninguém. Mas só um de nós Poderá ficar sóis! A lua só aqui brilha O sol, muito alem. Os seus dias de maldade acabaram! Mas o sol brilha a todos E os mortos com isso se alegraram. O sol brilha E o dia tarda, A lua hoje não brilhará. 2005 SIMPLES POEMA Agora, aí sim, Poema da vida, Todo em linha, Linha do fim. Fim de tudo, Até do mundo, Até de mim. 31-03-2005 SONHOS Se os sonhos que sonhei não são de paixão, De que serão então? Serão de amor? Ou da mesma dor Que em mim ficou Depois de te amar? Seria melhor só amar Pois é uma coisa Que não posso tocar. Não com as mãos Nem com o coração, Só com os olhos. 2002 AS SIMPLES COISAS DE MANUEL BANDEIRA Há um pouco de Manuel em todos os poemas, Coisas, pequeninas coisas, simples coisas, Há um pouco de Manuel Bandeira em mim. Simples é uma palavra tão simplesmente simples Que se torna um sinônimo de grandeza, Simbolicamente é sublimação poética. Formas dogmáticas no livro do eterno, Substantivo poeta completo as substâncias do sol, Do moderno ao eterno foi Manuel. Mas a muito fora eterno com os dedos na maquina a formar a sonora arte das coisas simples, E que coisa mais simples fora a poesia. A musicada poesia do mestre de Agora mais que nunca, O poeta para mais que nunca, Mas nunca diga nunca ao ponto verbálico do profundo existir. Belo, belo, Bandeira meu belo, A estrela de nossa vida Que brilha com Janaína Andando num trem de ferro. Ferro, ferro, Bandeira de ferro, Tanta palavra para escrever, Tantas noites aos findos berros, Mas não consigo te dizer. Manuel, Manuel! Foi mais Irene entrar no céu. São Pedro assustado Não sabia o que dizer. - Será o Benedito? E Irene preta linda: - Não Pedroca, é Manuel. Nosso querido e lindo Manuel Bandeira. 23-03-2005 O PENSADOR Já não sinto mais as mãos, Os braços, as pernas, o corpo. Não me sinto mais... Só sinto o vento, A rua, a moça. Estou tentando não sentir Pra sentir. 11-04-2005 A MATÉRIA Queimavam matéria atrás da cidade. Fui olhar a matéria queimando. A matéria queimava em mim. Eu era a matéria, eu queimava. 09-04-2005 A TERRA A Terra lá da lua É tão azul! A lua aqui da Terra É tão amarela! Nos livros a lua é tão cinza, A Terra tão azul... As fábricas tão cinzas, A Terra azul... Eu chorando no quarto, A Terra azul... 09-04-2005 AS MARGENS DO COCOROBÓ A Enoque Oliveira As lavanderias estão nas margens do Cocorobó Lavando as vestias do Bom Jesus Conselheiro, A Virgem Maria se aproxima Vai ajudar as lavanderias. João Abade trás os caruás... Licença todo mundo, Licença minha gente. Voam as andorinhas Vão à serra do Cambaio Buscar fios de sisal Para a cama do Bom Jesus. As pombas - rolas vão a Monte Santo Trazer Araçá pra alegria dos jagunçinhos. A beata Edivirgens Reza a Santo Antônio Conselheiro Pra que mande muita chuva Pra Canudos florescer. 09-04-2005 POEMA DE FORÇADO AMOR Nuvens, sol, tarde. Tudo me guarde Me deixe amar... Força jaguar! Dizem: rua nova Parede nua! E toda rua Tem sua desova. E toda cova Teima história... Um mitológico! Mas, simbológicos, Esta memória Ninguém aqui tem. 2005 EXILADO NO KOIQUI Pra o Koiqui eu vou voltar Porque lá é meu lugar, Lá não tem palmeiras, Mas tem mangueiras Onde canta o sabiá. Lá tem manhazinhas Onde eu pego o sol, Lá tem tardezinhas Onde choro e fico só. Eu vou, eu vou. Pra o Koiqui eu vou voltar. Nas tardes que me deito Em baixo dos cajueiros, Lembrando do calor E do belo aconchego. Nas tardes do Koiqui Brilha forte o doce do caju E de longe imponente Se vê o monte do belo Acarú. Pra o Koiqui eu vou voltar Pois lá é meu lugar. Não permita Deus que eu morra Sem pra o Koique voltar E desfrutar mais uma vez Desta terra onde canta o sabará. Pra o Koiqui eu vou voltar, Lá não tem palmeira, Mas tem cajueiro Onde canta o sabiá. 09-12-2004 O JEITO O teu jeito, quem tem? Os teus olhos, que faz? Este é o jeito de meu bem Estes são os olhos de minha paz. E no amor de teu jeito Eu me sinto tão imperfeito Sendo tão sem jeito Para com este seu íntimo... Ora, quem sou eu A este esse seu fino? Perto de você Apenas sou um menino. E você, perfeitamente, Vem me afagar, Com seu jeito intimamente, Vem me acalmar. Coitado de mim Neste teu olhar, Meramente vivo Perto do teu amar. 2004 PROBLEMAS COM O MASOQUISMO Amor não te atormentes, Pois não sabes Como fico triste Quando tu alteras a voz. Não! Não corra! Não suma! Fique perto! Mesmo que eu Queira que estejas longe. Meu amor, não some! Venha e veja um homem Que chora sem tua alma. É quando vê o que te consome, A solidão que em tua vida guarda, Olhará como é triste a fome Que nos devora e nos mata. Meu amor não bata, Pois é falso o dito que diz Que pra ser feliz Tapa de amor não dói. Tapa de amor dói! Ah! E como dói. 05-06-2004 EPÍGONO DO AMOR Epígono do amor Eu sou Tento cada vez mais ser E me parecer Com este mestre Que me ensinou. Epígono do amor Eu sou Só assim serei Um perfeito homem Um perfeito cantor Como tu me ensino Eu sou eu sou Epígono do amor Tenho um caminho E nele vou seguir Sempre junto de ti Pois em tu Eu estou E você está em mim. 27-05-2003 O DILEMA Quem desiste não existe, Mas quem existe desiste Porque cansou de existir. Quem não existe insiste Porque também cansou De não existir. Mas pra que existir Desistir e insistir? Pois tudo na vida, Eis que um dia, Deixará de existir. E o tempo passará, E os ossos ao pó será, E tudo novamente Voltará a existir E a não existir. Mas é bom lembrar Que o termo ‘não existe’ No futuro, não existe. 2004 ENTRE O MEDO E A SAUDADE Noite no dia, Dia na noite. Como é triste Esta minha vida De insônia solitária. Como é triste Eu viver nesta vida De saudade e medo E por mais que eu despreze, Melhor é ter medo, Pois o medo se alivia com a coragem, Mas pra saudade... Não se tem cura, É bolo sem mistura, E a voz do amor Sem a mínima gostosura. 2004 A PALAVRA A palavra é um tudo Em um nada, É também um nada Em um tudo. É um mundo. 2004 DESCANSO Estou cansado de viver, Irei deixar minha vida. Quero um descanso eterno, Sim, Quero dormir. Quero meus membros descansados, E ai daquele que queira me ressuscitar. 18-10-2004 A ORQUESTRA DE GRILOS De repente, o silêncio! Na rua o dia baixa a voz De um sol cinza e sonolento. As mocinhas estouravam seus pulmões Que com as crianças subiam a rua, Mas de repente, o silêncio! O silencio dói na alma da mata, Cai antes caído n’alma, As palavras cessam na rua turbulenta. A lua desce, as luzes ascendem, As moças vão deitar. Tudo deita. E os grilos cantam assustadoramente. 2006 POEMA EM SI A CHICO BUARQUE Ah passarinho! Como assovia lindo Nesta palmeira, Tão lindo canoro Esta chuva de voze Cor de prata. Ah passarinho! Como brilhas Nesta noite Nesta alma, Nesta palmeira. 2005 CANÇÃO EM RÉ MAIOR À MERCEDES SOSA E o que adiantaria Se você cantasse E eu não te ouvisse? Morto sim, Sem você. Triste, tão só. Sem amor, sem Os passarinhos Todos tristes Sem tua voz. O que seria do amanhã Sem tua sublime voz? E o que seria de mim Sem teu canto hoje? Que seria do hoje Sem teu canto em mim? 01-08-2005 MEU TEMPO É de mil novecentos e quatro Este teu sapato a cara E o meu roupão. Marquei um encontro Na praça das flores Maria das Dores Não quis por lá aparecer. Penso em quantas mulheres eu amei, Cantei e amei. Fiz entendimento, Mas foi coisa de momento, Sem tempo, eu não pude esperar. Cara! Era tudo e nada! Mesmo quando a vida passa Eu não pude suportar. 09-04-2001 O PALHAÇO Cai daqui, cai dacolá, La vem o palhaço Caindo sem parar. Não sei quem é o palhaço, Se é ele quem me faz rir Ou eu quem riu dele. 18-04-2005 IDÍLIO PESSIMISTA O capinador capina, capina; A relva cresce, cresce. O capinador joga veneno na relva, A relva morre, morre. Não há mais relva nem capinador, Nem há mais vida em lugar algum. 20-02-2005 O AMOR EM PARTES Eu te amo! Mas quando digo que amo apenas você Eu estou mentido. Não amo apenas você, Amo a todos, amo o mundo! Mas eu não minto quando digo que amo você. Te amo e amo o mundo! Porem o mundo não me ama, Então não assumo que amo o mundo. Você me ama e eu assumo que amo você. Minto quando digo que não amo o mundo, Mas não minto quando digo que amo você. 31-01-2005 A IDA Venho todos os dias a esta praça Porque um dia, sem adeus, irei sair, Não voltarei mais a minha casa, Irei viajar para longe, para Paris. Quando sair soltarei fogos e rumores E nenhuma lágrima de saudade, Porque aqui andei de mais, senhores, Gastei minha saudade em verdades. Pegarei o ônibus na Riachuelo para São Paulo Por motivos, não ligeiros, de precauções adversas. E trabalharei para sustento de minhas pernas. Assim bem remunerado em primeiro de Maio, Irei a Copacabana e de lá irei ao exterior... Se bem que o exterior já está em seu interior. 15-07-2005 A BELEZA INALTERÁVEL O acaso que se esconde Atrás das mulheres tristes, É o acaso de uma beleza Misturada a uma crendice. Tantas mulheres querem ser Outras não querem ser nada Basta um nada a ser tudo, Basta um tudo a ser amada. Que a beleza não existe, Só é belo quem achar-se ser A beleza é em todas, a vida. Pois, entre mil mulheres Escolha a última delas Que ti será mais bela. 2003 SONETO SONATA Sons e regras em meu amor, Amor simples confuso, ligeiro. Como se eu fosse um cantador Pra recitar mais um soneto. Regras de música e algo além Que a pena gravou no papel, Traçando uma nuvem no céu, Achando no deserto seu harém. E eu já vivia quatorze versos, Um amor como tal poemeto, Sem nenhum terminho certo. Então reabilito os catetos E descrevo em meu concerto, Soneto, soneto, soneto. 2004 NA RUA XV DE NOVEMBRO É tão longa a XV de Novembro, É tão distante... Que faz bem caminhar. Na noite perpetua A XV de Novembro se enfesta Do mais puro sonhar. Na rua XV de Novembro! O mês é setembro, Nem frio nem calor, Teu ar é do mais puro amor. Urbanismo que eu sempre irei lembrar! Onde é que está o meu chorar? Seja de noite, seja de dia, Seu beco é só alegria. Longa rua da economia! Suas mulheres tão reluzentes Que como o São Francisco, vão desaguar, Na Praça Tiradentes. 24-12-2003 CANÇÃO A CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE CANTO I Componho uma canção a Carlos Drummond de Andrade, Não é uma composição mozartiana, Mas vem do fundo da alma. Vem do fundo, mas não vai à boca, Ela vai até minha mão e forma a palavra. CANTO II Os poemas do mundo São todos bonitos, Mas em sua poesia Eu me sacrifico. E me suplico que No principio era a palavra. CANTO III Onde está Itabira? Pergunto aos brasileiros. Onde estão as montanhas de Itabira? As casas, as pessoas, a calçada, A igreja? Mas o povo brasileiro dormiu e não pode responder. Então vou para minas procurar Itabira. Pergunto, caço, imploro, desespero, mas não acho. Alguém que sabe diga-me, por favor: Onde se encontra Itabira? E o poeta me responde de sua mente bibliotesca Que Itabira está em todo lugar, Em qualquer lugar. Uma cidade qualquer é só olhar E verá crescer em seu peito Como os girassóis nas almas regionalistas. CANTO IV Assim chora o triste peito meu Que sempre se inspirou no seu Para tentar compreender o granizo Que pra mim foi sempre vivo. Tão vivo que chega a ser inacabado. A própria morte às vezes é inacabada, Tudo no mundo é um tanto inacabado, A solidão é uma das coisas mais inacabadas. Estas ruas e seus amados vizinhos A mulher bonita e o homem tolo O cachorro que atrás do murro late sozinho. O que não é inacabado e o resto do bolo, O bolo de Minas feito na serra, É uma das coisas mais serias. CANTO V Ó poeta! Os anjos sem arcanjos Te levaram. Sem flauta, sem canto, Te assassinaram. Logo os anjos Que não tem humildade. Logo os anjos sem nenhuma simplicidade E os poetas? Os poetas respiram poemas de Carlos Drummond de Andrade. 2004 BRASILEIRAS A Ana era negra, A Maria era branca, A Bárbara era morena, A Ilca era “galega.” A Angélica era mameluca, Da sua bazófia foi que se fez A beleza portuguesa. Uma terra de mulheres, De caboclas brasileiras, Uma jóia, uma selva... A Ana era uma jóia rara negra. Águas salgadas e doces Foi onde nasceu Maria, Nos sertões mineiros de Diadorim É que vem a poesia. E de brancas negras e índias, Foi que nasceu na Bahia Nossa bela mística. 2004 TENTATIVAS DE RESOLUÇÃO DO AMANHÃ Amanhã careço seu colo. Amanhã permaneço no solo Amarrando na rua teu cadarço De seus lindos sapatos. Vamos deixar de muito papo E tentar resolver no chão A questão que de muitos nãos Foram entregues ao espaço. A manhã, careço seu barco E envelheço mais um amar No antigo jogo de palhaço. Pra tenta o velho renovar, Mas não percamos tempo com tablados! Ora, vamos deixar de blablablá. 12-01-2006 VIVER E SER VIVIDO Viver e ser vivido, Dar vida a outra vida, Noutra vida, além vida. Como sorte vida e morte Nos becos de outro norte. Viver e ser vivido, Sem coração, só com amor. Sem ambição só com temor, Sem aflição só com calor, Respirar no tempo outro odor. Viver e ser vivido E padecer no paraíso Esperando os camaradas Nesta curta estrada De mato e de rancor. 19-01-2005 NOITE DE VERÃO A noite cai no verão que o mundo espera, Enfim regressamos da primavera Para o gostoso verão Que chamais terá fim. Ao mundo desconhecido Na palma da mão, A noite é um assombro Nos tempos de verão. A noite dos gatos Em cima das casas Da orquestra de grilos Que nunca para. Em dias de silencio, Silencio inaudito, Ouve-se o menor barulho E isso é música de cetim. Ao vento que passa Pelas calçadas, Esperando a madrugada Que já quer sair. Lavem a estrela d’Ava Com sua magia azul, E eu que olho morro Com saudades do Cruzeiro-do-sul. 2001 POEMA LÍRICO A JOSÉ PAULO PAES Por trás da máquina Há um poeta lírico. Minha máquina já não escreve mais A poética romântica. Mas atrás da fria poesia Há, ainda há, amor. A quem estiver me ouvindo Eu faço um apelo De dizer a José Paulo Paes Que não deixe o labor lírico Morrer em mim. 2004 POEMA LÍRICO Quando penso o poema Já não sou mais deste mundo, Já não vivo mais este mundo, Sou um vácuo pensante. Quando vejo, leio, exploro Qualquer que seja a poesia; Eu sonho, eu canto, eu delírio. A todas me apego, Pois não as conheço, E se as conhecesse Me apegaria do mesmo jeito. O poema me ilude E eu me deixo iludir. Tenho no poema Uma paixão doentia; Fria, quente, linda, viva. Tudo é poesia! Se estou triste Sou acolhido por poemas, Meus poetas, seus poemas. As praças, as pessoas, a natureza. A vida e suas filhas, não! Eu e poesia, sim! A vida é um poema, Eu e suas filhas Todos somos um poema Escritos na mão de um poeta. 15-07-2004 RECEITA PARA FAZER POEMA A Roseane Murray Quando for fazer um poema Não esqueça, fazer com caneta, Pois o poema gosta de uma aproximação mais íntima. Depois se deve parar para ninar cada palavra e verso seu. Logo em seguida você tem de cheirá-lo E tocar seus cabelos com carinho, Fazer um aconchego bem na nuca E chamá-lo de: “meu bem!” Sabem, eles gostam destas coisas. Lembre-se de ler uma vez por semana seus versos, Isso ajuda na afetividade de criador e criatura. Não te esqueça de suas asas, E que algum dia alguém ira levá-los E lê-los. 19-11-2005 MINI-BIOGRAFIA Meu nome é Paulo Monteiro dos Santos. Eu nasci na cidade de Monte Santo em 4 de janeiro de 1985 no Estado da Bahia, na região de Canudos. Meu pai, José Batista dos Santos, e minha mãe Maria de Lourdes Monteiro dos Santos. Comecei a fazer poesia aos 12 anos de idade. Hoje eu sou estudante do curso de Letras Vernáculas e Literatura da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, no Campus XXII da cidade de Euclides da Cunha – BA, onde também trabalho em um laboratório de informática. Tenho na poesia uma paixão universal que me ajuda a tentar entender a arte do versejar. Meu primeiro poema foi feito em 1997 quando eu tentei fazer uma pequena canção, daí por diante, sempre procurei compor músicas, até que em 1999, eu sentir que a música, para mim, não tinha a mesma liberdade que a poesia. Passei então a me preocupar com a dureza da palavra sem melodia. Antes em 1997, já tinha feito um poema intitulado João e José. De lá até os dias de hoje, não parei mais de fazer poesia.