CONSUMO E POLÍTICAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA EM UMA FAVELA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Prof. Ms. Michele de Lavra Pinto (ESPM RJ) [email protected] OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS Expor resultados de uma pesquisa, em andamento, sobre consumo junto a famílias beneficiárias pelo Programa de Transferência de Renda-Bolsa Família (PBF) residentes em uma favela da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, relacionando essas políticas aos padrões e percepções de consumo. Ou seja, objetiva-se pesquisar, compreender e revelar o universo de um grupo de famílias de baixa renda através do destino dado aos recursos recebidos do PBF, o modo como consomem, e dos significados que atribuem a isso. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O consumo, como proposto na pesquisa, é entendido como um fenômeno ativo, constante no cotidiano dos indivíduos e que desempenha um “papel central como estruturador de valores que constroem identidades, regulam relações sociais, definem mapas culturais” segundo a perspectiva de Rocha (2004, p.08). Isto significa compreender os bens, o trabalho e o consumo como totalidades do esquema social. A análise da pesquisa baseia-se, além dos autores já citados, em estudos desenvolvidos por Edwards (2000), Miller (1987) entre outros. . No diz que respeito aos aspectos metodológicos, a pesquisa empírica vem sendo realizada a partir do método etnográfico, mediante o “trabalho de campo” o qual permite a observação direta e a interação com o grupo (observação participante), que se investiga. A utilização das técnicas de entrevista e de observação participante se faz necessário, pois, a primeira dá conta dos discursos enquanto a segunda se aproxima das práticas, para assim chegamos às representações do grupo pesquisado. E em se tratando de uma pesquisa que se propõe dar conta do modo de provisão dos beneficiados o confronto entre o discurso e a prática torna-se importante. São Paulo, 17 de maio de 2013 PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS E/OU ESPERADOS Por parte das famílias pesquisadas é perceptível o cuidado e estratégias para justificar os gastos do benefício do PBF, mas sem deixar de “querer e desejar” como outras camadas da população. Outro fator importante no consumo desta população diz respeito à família, ou seja, as decisões de consumo são feita em benefício da família. Caldeira (1984, p.104-5) já havia mencionado este aspecto em seu estudo quando destaca que “se os rendimentos restringem o que se pode ter, eles não determinam diretamente: a conexão entre a renda do trabalho individual e o consumo que é sempre feita através da mediação da família”. Desta forma, “a maior parte dos projetos de consumo é familiar, não só no sentido de que eles são pensados em função de todo o grupo doméstico, mas também no sentido de que dependem do esforço de seus membros”.