ANALOGIAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS: RESULTADOS E PERSPECTIVAS Eduardo Adolfo Terrazzan Núcleo de Educação em Ciências/CE, Universidade Federal de Santa Maria Mary Angela Leivas Amorim Núcleo de Educação em Ciências/CE, Universidade Federal de Santa Maria Naida Lena Pimentel Núcleo de Educação em Ciências/CE, Universidade Federal de Santa Maria Cristiane Coden Feltrin Núcleo de Educação em Ciências/CE e Curso de Licenciatura Plena em Física/CCNE, Universidade Federal de Santa Maria Daliane Spencer Dias Núcleo de Educação em Ciências/CE e Curso de Licenciatura Plena em Química/CCNE, Universidade Federal de Santa Maria Daniela Frigo Ferraz Núcleo de Educação em Ciências/CE e PPGE/CE, Universidade Federal de Santa Maria Leandro Londero da Silva Núcleo de Educação em Ciências/CE e Curso de Licenciatura Plena em Física/CCNE, Universidade Federal de Santa Maria Lilian Leivas Pozzer Núcleo de Educação em Ciências/CE, Universidade Federal de Santa Maria Patricia Montanari Giraldi Núcleo de Educação em Ciências/CE e Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, CCNE, Universidade Federal de Santa Maria Neste trabalho, apresentamos os resultados obtidos até o momento no âmbito das ações realizadas junto ao projeto Linguagem e Formação de Conceitos: Implicações para o Ensino de Ciências Naturais. Nele, partimos do pressuposto de que o raciocínio analógico é próprio da cognição humana, e buscamos compreender a utilização de analogias e metáforas como recursos didáticos no ensino de ciências, tanto em textos escritos quanto nos discursos utilizados por professores em sala de aula. Basicamente, as ações desenvolvidas abarcaram a análise do uso de analogias em coleções didáticas dirigidas para as disciplinas de Física, Química e Biologia do ensino médio e a análise de implementações, em sala de aula, de estratégias didáticas que utilizam analogias para o tratamento de tópicos científicos. Como referencial para estas análises foi adotado o Modelo TWA (Teaching with Analogies), sugerido por Glynn (1991) e modificado por Harrison e Treagust (1994). Este modelo propõe que se utilizem as analogias seguindo uma seqüência de seis passos, para aumentar a sua efetividade no ensino de ciências e, também, minimizar as possibilidades de formação/reforço de concepções alternativas. Em relação à primeira ação, foram identificadas as analogias utilizadas em coleções didáticas de Física, Biologia e Química para o ensino médio, e elaborados quadros-síntese apresentando o resultado dos levantamentos feitos. A partir destas sínteses foi verificado o grau de concordância das apresentações identificadas com os passos do Modelo TWA. Desta análise, pode-se afirmar que: 1) a forma de utilização das analogias dificilmente segue os passos do modelo; 2) a maioria dos autores não se preocupa com a identificação das características relevantes do análogo; 3) praticamente inexiste a identificação dos limites de validade das analogias utilizadas. Quanto à segunda ação, foram realizadas implementações de estratégias didáticas estruturadas segundo o modelo TWA, em aulas de Física e de Biologia em turmas de ensino médio. A partir de instrumentos como videogravações das aulas, relatos dos professores (diários) e produção escrita dos alunos, procedeu-se à análise individual (pelo próprio professor) e coletiva (pela equipe do projeto) dos resultados obtidos em cada implementação. Até o momento, tais resultados permitem afirmar que: a caracterização do análogo é um pré-requisito indispensável, porém não suficiente, para a compreensão do alvo; não se pode tomar por certo que um tema já ensinado possa assumir o papel de análogo; alguns alunos são capazes de gerar suas próprias analogias e estabelecerem relações entre o análogo e o alvo, além daquelas previstas; poucos alunos conseguem identificar sozinhos os limites de validade da analogia utilizada; os alunos costumam se utilizar de analogias na sua vivência cotidiana, mas não na sala de aula. A segunda ação continua em andamento, através da ampliação do número de implementações em aulas de Física e de Biologia e da sua extensão às aulas de Química. Além disso, foram iniciadas análises do uso de analogias em Textos de Divulgação Científica e do uso espontâneo de analogias em sala de aula, por professores destas três disciplinas no ensino médio. PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS/ENSINO-APRENDIZAGEM/ANALOGIAS ANALOGIAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS: ALGUNS RESULTADOS Vários autores têm realizado pesquisas sobre o papel das analogias e metáforas tanto na produção do conhecimento em áreas específicas do saber quanto na construção do conhecimento no contexto de uma disciplina escolar. Sua importância reside no fato de facilitar o estabelecimento de relações entre o conhecimento de um domínio que não é familiar (domínio alvo) para um domínio mais familiar (domínio análogo). As metáforas são geralmente consideradas como analogias condensadas (Black, 1962). Já as analogias têm caracter mais estruturante. Conforme Sternberg e Rifkin (1979) entende-se por analogia uma proposição da forma “A está para B assim como C está para D”, de tal forma que a primeira relação é similar à segunda. Sabemos que o raciocínio analógico é próprio da cognição humana e, assim, podemos compreender sua utilização como recurso didático tanto em textos escritos quanto nos discursos utilizados por professores em sala de aula. A utilização de metáforas, analogias e modelos como recurso didático, tem evidenciado que desempenham um importante papel no processo de reconstrução do conhecimento científico pelos estudantes e tem apresentado resultados promissores. A literatura especializada indica que a utilização de analogias como recurso didático para o estudo de conceitos específicos é mais favorável quando se pretende ensinar os assim chamados conceitos teóricos. Tendo em vista o papel desempenhado pelos livros didáticos em nossas escolas, quase que determinando a prática pedagógica dos professores, e de modo particular daqueles que ensinam nas disciplinas do campo das ciências naturais, entendemos que seria importante um olhar mais cuidadoso sobre a forma como as analogia e as metáforas aparecem nesse tipo de publicação. O projeto de pesquisa “Linguagem e Formação de Conceitos: Implicações para o Ensino de Ciências Naturais” tem como objetivos: 1) estabelecer parâmetros para uma utilização efetiva de analogias e metáforas como recursos didáticos para sala de aula, em atividades de ensino de ciências naturais, em particular no ensino de ciências para crianças e no ensino de física e de biologia para adolescentes do ensino médio; 2) avaliar criticamente a utilização de analogias e metáforas apresentadas em livros didáticos para os níveis de ensino médio e superior, bem como em livros paradidáticos e materiais de divulgação científica; 3) identificar as formas de utilização destes recursos em aulas de física e de biologia do ensino médio, procurando analisar/evidenciar o seu potencial didático no âmbito da prática pedagógica de professores deste nível de ensino; 4) elaborar, desenvolver e avaliar estratégias didáticas para o ensino de tópicos específicos relativos às disciplinas escolares de física e de biologia, que se utilizem de analogias e metáforas como recursos didáticos; 5) ampliar nossos estudos para as aulas de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental e para as atividades de ensino de ciências na educação infantil. Como parte deste projeto, procedemos a um levantamento das apresentações que se utilizam de analogias e metáforas como recursos didáticos em coleções didáticas para o ensino de física, de biologia e de química na escola média. Foram consultadas as coleções didáticas mais utilizadas pelos professores nas escolas de ensino médio de Santa Maria, conforme indicação obtida através de questionários distribuídos nas escolas para esta finalidade. As coleções selecionadas foram as seguintes: • ALVARENGA ÁLVARES, Beatriz; MÁXIMO, Antonio. Curso de Física. v.1, 2 e 3; • AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. v.1: Biologia das células; v.2: Biologia dos organismos, v.3: Biologia das populações. • BONJORNO, José Roberto; RAMOS, Clinton Marcico. Física. v.1, 2 e 3 • GONÇALVES, Aurélio; TOSCANO, Carlos. Física e realidade. v.1, 2 e 3 • GREF - Grupo de Reelaboração do Ensino de Física: Física. v.1, 2 e 3 • GUIMARÃES, Luiz Alberto; FONTE BOA, Marcelo. Física para o 2º Grau. v.1, 2 e3 • FONSECA, Marta Reis M. da. Química: química geral. • FONSECA, Marta Reis M. da. Química: físico-química. • FONSECA, Marta Reis M. da. Química: química orgânica. • HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física. v.1, 2, 3 e 4 • LINHARES, Sérgio; GEWANDSZNAJDER, Fernando. Biologia hoje. v.1, 2 e 3 • PAULINO, Wilson Roberto. Biologia atual. v. 1, 2 e 3 • PERUZZO, Tito Miragaia e CANTO, Eduardo L. do. Química: na abordagem do cotidiano. v 1, 2 e 3 • SOARES, José Luis. Biologia do 2º grau. v.1, 2 e 3 • USBERCO, João e SALVADOR, Edgard. Química. v. 1, 2 e 3 No caso específico da física, algumas coleções foram selecionadas de acordo com outros critérios, a saber: GREF - Grupo de Reelaboração do Ensino de Física: (1990). Física. v.1, 2 e 3 São Paulo/BRA: EDUSP.- por se tratar de um texto de referência para o curso de atualização e aperfeiçoamento de professores em serviço; GUIMARÃES, Luiz Alberto; FONTE BOA, Marcelo: (1997). Física para o 2º Grau. v.1, 2 e 3. São Paulo/BRA: Harbra.- por conter grande quantidade de analogias; HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl: (1996). Fundamentos de Física. v.1, 2, 3 e 4 Rio de Janeiro/BRA: Livros Técnicos e Científicos- por ser tradicionalmente utilizado nas disciplinas de física básica nos cursos da UFSM. A partir destes levantamentos, nas disciplinas de física, biologia e química, foram elaborados quadros-síntese, estruturados conforme mostra o exemplo a seguir. AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues: (1995). Biologia das células: origem da vida, citologia, histologia. 1.ed. v.1. São Paulo: Moderna. N.º 01 • AUT OR • VOL UME • CAPÍ TUL O • PÁGI NA • LEG./ FIG./ TEXT O • Amabi se Marth o / v.1 • Apres entand oa biolog ia • p. 03 • T TÓPICO Citologia CONCEITO/ TEMÁTICA/ ASSUNTO SITUAÇÃO APRESENTADA, SUGERIDA OU SUBENTENDIDA SITUAÇÃO ANÁLOGA OU ANALOGIA UTILIZADA Metabolismo celular O metabolismo celular, onde as substâncias alimentares são usadas na produção de energia e na síntese de substâncias que as células utilizam para funcionarem e se reproduzirem. O processo de produção que ocorre num complexo químico industrial fervilhante de atividades. RELAÇÕES ANALÓGICAS PRETENDIDAS • Célula / Complexo químico industrial • Metabolismo celular / Processo de produção industrial • Substâncias alimentares / Combustível gerador de energia • Transformações dos alimentos no metabolismo / Produção de energia e/ou transformações das matérias-primas no processo industrial No caso especifico da química, foram inventariadas até o momento três coleções de livros didáticos. Um exemplo dest4es quadros encontra-se no ANEXO I. Estruturadas estas sínteses, utilizamos para uma análise do potencial didático destas apresentações, o grau de concordância das mesmas com o modelo TWA (Teaching with Analogies), desenvolvido por Glynn (1991) e modificado por Harrison e Treagust (1994). Este modelo surgiu de uma análise crítica e comparativa sobre a forma como as analogias são apresentadas em diversos livros didáticos. Não foi, portanto, proposto especificamente para a análise de textos didáticos, pelo contrário, nasceu deles. Porém, nos pareceu extremamente relevante acompanharmos as apresentações analógicas em nossos textos, à luz deste modelo, na medida em que sua estruturação está baseada no fato de que, em cada caso, o essencial é a compreensão não apenas das relações analógicas possíveis, como também dos limites de validade da analogia utilizada. Segundo o modelo TWA, para uma utilização adequada de analogias, como recurso didático, deve-se procurar seguir uma seqüência de seis passos, a saber: • 1º Passo - Introdução do “conceito/fenômeno/modelo alvo” a ser ensinado. Inicialmente, deve-se apresentar, de forma geral e abrangente, a situação ou o fenômeno a ser estudado e compreendido, deixando-se de lado as particularidades, os detalhes. • 2º Passo - Introdução do “conceito/fenômeno/modelo análogo” a ser utilizado. Nesta etapa, ainda não devem ser feitas as comparações entre análogo e alvo; mas ela deve ser utilizada para o professor apresentar o análogo, auxiliando os alunos a compreenderem/relembrarem o mesmo, sempre procurando que este seja o mais familiar possível para estes alunos. Nos dois primeiros passos há que se ter cuidado para que estas “introduções” tenham realmente este caráter, caso contrário corre-se o risco de ministrar aulas expositivas completas, sobrando pouco ou nenhum espaço para qualquer outra estratégia de participação dos alunos. • 3º Passo - Identificação das características relevantes do “análogo” utilizado. • 4º Passo - Estabelecimento das similaridades entre o “análogo” e o “alvo”. É provável que professores mais experientes acabem por tratar estes dois passos, 3º e 4º, de modo conjunto. Realmente, quando a analogia utilizada é muito simples, torna-se até difícil fazer esta distinção entre os momentos relativos ao 3º e ao 4º passos. De todo modo, para professores iniciantes sugere-se fortemente que estas etapas fiquem demarcadas, bem como para todos os casos é importantíssimo que os alunos busquem, de início, por si sós, as relações que considerem relevantes entre características de ambos, análogo e alvo. • 5º Passo - Identificação dos limites de validade da analogia utilizada. Este passo é essencial num processo de ensino-aprendizagem e, curiosamente, o mais esquecido em sala de aula. • 6º Passo - Esboço de uma síntese conclusiva sobre a “situação alvo”. Esta última etapa serve para que os alunos, orientados pelo professor, retomem as considerações sobre a caracterização do alvo, agora à luz de uma melhor compreensão obtida pelas comparações feitas com o análogo. Em uma análise preliminar de um conjunto pré-selecionado das analogias presentes nos quadros-síntese, evidenciamos que a forma de utilização destas nos textos dificilmente seguia os passos do modelo TWA, sendo que a maioria dos autores praticamente não se preocupava com a identificação das características relevantes do análogo, nem com os limites de validade da analogia utilizada. Abaixo, segue um exemplo do quadro com alguns resultados desta análise. Os resultados completos encontram-se no ANEXO II. PASSOS 1 2 3 4 5 6 P P C - - - 02 C P C P - C 03 C C P P - P C P C - - C 05 C C C C - C 06 C C - P - C C C - C - C C C P - - C C C C P - C C C C C C C Nº da Analogia 01 04 07 Coleção Didática Autor(es) 01 Bonjorno / Clinton 02 03 Alvarenga / Máximo Gonçalves / Toscano 08 09 10 04 GREF 11 05 12 Guimarães / Fonte Boa 13 06 14 Halliday / Resnick / Walker C C - P - P C C C - - - P C C - - - C C C - - C Utilizamos, para isso, uma “escala qualitativa com três valores”, como segue: • o sinal “C” indica que houve evidência de contemplação do passo do modelo; • o sinal “P” foi usado para os casos em que o passo foi desenvolvido de forma breve ou restrita, ou seja, a apresentação contemplou parcialmente o passo do modelo; • o sinal “-” indica que não foi possível identificar este passo na apresentação ou que esta não contemplou o passo do modelo. Também como parte deste projeto, foram selecionadas analogias para estruturação segundo o modelo TWA e posterior utilização em sala de aula, tanto na disciplina de física quanto na de biologia. Os critérios para esta seleção foram: a freqüência com que as analogias apareciam nos livros didáticos, a possibilidade de serem estruturadas segundo o modelo TWA e a possibilidade de serem inseridas na programação das disciplinas. Até o momento foram utilizadas 7 analogias nas aulas de biologia e 6 nas aulas de física, envolvendo conteúdos programáticos da 1ª e 3ª séries do ensino médio, em ambos os casos Um exemplo destas estruturações didáticas encontra-se no ANEXO III. O desenvolvimento dessas analogias foi analisado individualmente, pelo próprio professor que desenvolveu a analogia em sala de aula, e coletivamente, por toda a equipe do trabalho, através da produção escrita dos alunos, da videogravação das aulas ministradas e do diário de classe dos professores. Até o presente momento foram obtidos alguns resultados: a) a familiaridade do aluno com o análogo mostrou-se ambivalente, parecendo ser um pré-requisito necessário, mas não suficiente; b) os alunos costumam usar analogias na vida cotidiana, mas não na sala de aula; c) os alunos empregam analogias somente quando o domínio alvo é de difícil compreensão; d) alunos com melhores habilidades cognitivas geram seus próprios análogos, enquanto os que tem menos habilidades cognitivas se beneficiam mais quando o professor ajuda a fazer as relações analógicas; e) os alunos propõem relações entre o domínio alvo e o análogo, além das relações previamente estabelecidas; f) as estratégias de conflito cognitivo muitas vezes não funcionam porque os alunos não são capazes de “enxergar” o pretendido conflito (para eles não há conflito); g) não se pode tomar por certo que um tema já ensinado possa assumir o papel de análogo (pode estar impregnado de concepções alternativas); h) poucos alunos identificam os limites de validade da analogia utilizada; i) as analogias ajudam a modificar a estrutura cognitiva existente e influenciam consideravelmente o processo de resolução de problemas. No caso específico da física, uma avaliação da utilização das analogias em artigos de divulgação científica, especificamente em artigos que abordam assuntos de física moderna, está em andamento. Para este estudo escolhemos 4 coleções de Revistas de Divulgação Científica. As coleções e os períodos consultados estão relacionados abaixo: • Superinteressante, de Outubro de 1987 a Maio de 1998 • Ciência Hoje, de Agosto de 1982 a Maio de 1998 • Globo Ciência, de Janeiro de 1991 a Maio de 1998 • Ciência Hoje das Crianças, de Dezembro de 1989 a Maio de 1998 Sintetizamos o resultado dessa análise através do gráfico de barras abaixo. Análise das 73 analogias selecionadas nas Revistas de Divulgação Científica (segundo o modelo TWA) 70 60 Quantidade de analogias 50 40 Contempla o passo do modelo Contempla parcialmente o passo do modelo 30 Não contempla o passo do modelo 20 10 0 1 2 3 4 5 6 Número do passo Pretendemos, brevemente, estender esta avaliação para as áreas de Biologia e de Química. Quanto às estruturações didáticas, mais 7 analogias estão sendo estruturadas para utilização em sala de aula até o término deste ano letivo, tanto em física quanto em biologia. Pretendemos ampliar esta atividade para a disciplina de Química do ensino médio. Paralelamente, algumas analogias já utilizadas em aulas de biologia estão sendo desenvolvidas novamente para reavaliação dos resultados obtidos. Para isso foram efetuadas análises de 5 analogias relacionadas aos conteúdos programáticos da 1ª série do ensino médio, a fim de reelaborar estratégias didáticas para utilização dessas analogias em sala de aula. Como perspectiva de continuidade deste trabalho, efetuaremos a observação da prática de professores do ensino médio em aulas das três disciplinas, com relação ao uso espontâneo de analogias como recurso didático, procedendo, posteriormente, à análise destas observações. Até o momento, nossas avaliações apontam favoravelmente ao uso de analogias como recurso didático no ensino de conceitos científicos, permitindo darmos continuidade ao trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA ÁLVARES, Beatriz; MÁXIMO, Antonio; (1997). Curso de Física. v.1, 2 e 3. São Paulo/BRA: Scipione. AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues: (1994). Biologia das células. 1ed. v 1. São Paulo: Moderna. AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues: (1994). Biologia dos organismos. 1 ed. v 2. São Paulo: Moderna. AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues: (1994). Biologia das populações. 1ed. v 3. São Paulo: Moderna. BLACK, M.: (1962) Models and metaphors. Ithaca, New York: Cornell University Press. BONJORNO, José Roberto; RAMOS, Clinton Marcico; (1992). Física. v.1, 2 e 3. São Paulo/BRA: FTD. FONSECA, Marta Reis M. da. (1992):Química: química geral. São Paulo: FTD,. FONSECA, Marta Reis M. da. (1992): Química: físico-química. São Paulo: FTD,. FONSECA, Marta Reis M. da. (1992): Química: química orgânica. São Paulo: FTD,. GLYNN, Shawn M.; LAW, Michael; GIBSON, Nicole; HAWKINS, Charles H. Teaching science with analogies: a resource for teachers and textbooks authors. In: http://curry.edschool.virginia.edu/go/clic/nrrc/scin_ir7.html GONÇALVES, Aurélio; TOSCANO, Carlos; (1997). Física e Realidade. v.1, 2 e 3. São Paulo/BRA: Scipione. GREF - Grupo de Reelaboração do Ensino de Física: (1990). Física. v.1, 2 e 3. São Paulo/BRA: EDUSP. GUIMARÃES, Luiz Alberto; FONTE BOA, Marcelo: (1997). Física para o 2º Grau. v.1, 2 e 3. São Paulo/BRA: Harbra. HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl: (1996). Fundamentos de Física. v.1, 2, 3 e 4. Rio de Janeiro/BRA: Livros Técnicos e Científicos. HARRISON, Allan G.; TREAGUST, David F.: (1994). Analogies: avoid misconceptions with this sistematic approach. In: The Science Teacher, s.v., 40-43. LINHARES, Sérgio; GEWANDSZNAJDER, Fernando: (1995). Biologia hoje. 4ed. v 1, 2 e 3. São Paulo: Ática. PAULINO, Wilson Roberto: (1995). Biologia atual. 7ed. v 1, 2 e 3. São Paulo: Ática. PERUZZO, Tito Miragaia e CANTO, Eduardo L. do. (1993): Química: na abordagem do cotidiano. v 1, 2 e 3. São Paulo: Moderna. SOARES, José Luis: (1996). Biologia do 2.º grau. 1ed. v 1, 2 e 3. São Paulo: Scipione. STERNBERG, R.& RIFKIN, B.: (1979) The development of analogical reasoning processes. Journal of Experimental Child Psychology, 27, 195 - 232. TREAGUST, David; VENVILLE, Grady; HARRISON, Allan; STOCKLMAYER, Susan; THIELE, Rodney: (1994). The FAR Guide For Teaching and Learning Science With Analogies (Using Analogies In a Constructivist Approach). A Workshop at the International Course: “Science and Mathematics Education: Some Topics About Which We Should Think”, Santiago, Chile. USBERCO, João e SALVADOR, Edgard. (1999): Química. v. 1, 2 e 3. 7ed. São Paulo: Saraiva. ANEXO I ANALOGIAS PARA ANÁLISE SEGUNDO MODELO TWA QUADRO SÍNTESE COLEÇÃO 01 FONSECA, Martha Reis M. da. Química: Química Geral. São Paulo: FTD, 1992 No 01 02 03 Autor(es) Volume Capítulo Página(s) Fig/Txt/Leg • M. Reis • Q. Geral • Estrutura do Átomo • 18 • Txt Tópico Conceito/ Temática/ Assunto Constituiçã o da Matéria. O modelo atômico de Nagaoka. • M. Reis • Q. Geral • Tabela Periódica • 57 • Txt A Tabela Periódica. Periodicidade. • M. Reis • Quím. Org. • Reações orgânicas • 182 • Txt/Fig Reações de substituiçã o. Substituição nucleofílica bimolecular (SN 2 ). Situação apresentada, sugerida ou subentendida O átomo é constituído de um anel de elétrons ao redor de um centro muito denso. Situação análoga ou analogia utilizada Planeta Saturno. Periodicidade ocorre quando um determinado evento se repete regularmente, em função de um certo parâmetro. Mecanismo SN 2 : inversão da configuração do carbono que sofre a substituição, na reação Venda de bronzeadores em função do clima. Guarda-chuva que vira pela ação de um vento forte. Relações analógicas pretendidas • Estrutura do átomo / estrutura do Planeta Saturno e seus anéis. • Núcleo do átomo / Planeta Saturno. • Elétrons do átomo / anéis de Saturno. • Conceito de periodicidade / venda de bronzeadores. • Período (TP) / intervalo que vai de um mínimo a um máximo de vendas. • Carbono que sofre substituição na reação / guarda-chuva. • Inversão da configuração do carbono atacado / guarda-chuva que vira pela ação do vento. COLEÇÃO 02 PERUZZO, Tito M. e CANTO, Eduardo L. do cotidiano. v. 2. São Paulo: Moderna, 1993 No 04 18 03 Autor(es) Volume Capítulo Página(s) Fig/Txt/Leg • Tito e Canto • Vol 1 • Estrutura atômica •72 • Fig/Tex Tópico Conceito/ Temática/ Assunto Modelo atômico de Bohr Postulados de Bohr • Tito e Canto • Vol. 2 • Cinética química • 258-259 • Txt/Fig O efeito da concentraç ão sobre a velocidade. • Tito e Canto • Vol 3 • Acidez e basicidade na química orgânica • 187-188 • Txt As proteínas. Química: na abordagem do Situação apresentada, sugerida ou subentendida A energia dos elétrons deve ser quantizada, isto é, deve possuir apenas alguns determinados valores. Situação análoga ou analogia utilizada Uma pessoa parada numa rampa e uma pessoa parada numa escada. Análise microscópica: por que a velocidade depende da concentração? Quanto maior for a concentração dos reagentes, maior será a velocidade de uma reação química. Quanto maior for a concentração de pessoas numa pista de dança, maior será a freqüência de colisões entre elas. • Reagente / pessoas. • Concentração de reagentes / concentração de pessoas • Reação química / pista de dança. • Freqüência de colisões entre moléculas / freqüência de colisões entre as pessoas. Desnaturação de uma proteína Desnaturação proteica é fenômeno alteração estrutura tridimensional uma proteína. Fio de lã em um novelo, de onde desenrolamos o mesmo. • Proteína: / fio de lã em um novelo. o de da de Relações analógicas pretendidas Eletrosfera do átomo / escada. Uma camada ou nível de energia / um degrasu da escada. Elétrons do átomo / pés da pessoa parada na escada. • Desnaturação / desenrolar dum novelo de lã. COLEÇÃO 03 USBERCO, João e SALVADOR, Edgard Química: química geral. v. 1. 7a ed. São Paulo: Saraiva, 1999. No 01 Autor(es) Volume Capítulo Página(s) Fig/Txt/Leg • Usberco • Vol. 1 (QG) • Composição da matéria • 138 Txt/Fig • Usberco • Vol 1 (QG) • O modelo atômico atual. • 180 Txt/Fig Tópico Conceito/ Temática/ Assunto A composiçã o do átomo Modelo atômico Thomson. Número quântico magnético (m ou m l ) Orbital. Kekulé: a estrutura molecular a partir dos sonhos Estrutura benzeno. de Situação apresentada, sugerida ou subentendida Thomson propunha que o átomo fosse macoço, esférico, formado por um fluido com carga positiva no qual estavam dispersos os elétrons. Situação análoga ou analogia utilizada Pudim de passas Orbital: a região de máxima probabilidade de se encontrar o elétron no átomo. Movimento de abelhas em torno de uma colméia. Embora não se possa precisar a posição e a trajetória de cada abelha num dado instante, a observação deste sistema permite determinar uma região ao redor da colméia onde é muito grande a probabilidade de encontrar as abelhas. Fileiras longas de átomos em movimento, como o de uma cobra. Uma das cobras agarrando sua própria cauda. 02 03 • Usberco • Vol. 3 (Quím. Org.) • Classificaçã o das cadeias carbônicas. • 64;75 • Txt do Anel formado por seis átomos de carbono ligados entre si por ligações duplas e simples alternadas Relações analógicas pretendidas • Estrutura do átomo / pudim de passas. • Massa positiva do átomo / fluido com carga positiva. • Elétrons / passas • Orbital / região ao redor da colméia. • Elétrons / abelhas. • Posição e trajetória dos elétrons ao redor do núcleo / posição e trajetória das abelhas ao redor da colméia. • Núcleo do átomo / colméia. Anel benzênico (cadeia cíclica) / cobra agarrando sua própria cauda. ANEXO II Em Biologia: • Construímos tabelas onde indicamos como ocorre a apresentação da analogia em cada texto específico, em termos de “grau de concordância” com os passos do modelo. • Utilizamos para isso, uma “escala qualitativa” com três valores: (-) (S) (P) Não segue os passos do modelo Segue os passos do modelo Segue parcialmente os passos do modelo. Tabela 1: Analogias selecionadas nos volumes 1 de cada coleção didática, que tratam dos tópicos de citologia, histologia e embriologia. N. da Leg/Fig/ AUTOR(ES) ANALOGIA Texto 01 T Amabis/Martho 1 2 PASSOS 3 4 P P S S - S 5 6 02 T S P - - - - 03 L/F S S S S - - 04 L/F P S - - - - 05 T S S S S - - 06 T S P S P - - 07 T S P - - - - 08 T S P P S - P 09 L/F S S - S - - 10 T Linhares/Gew. S S - - - - 11 T/F Paulino S S - - - - 12 F S P - - - - 13 T P P - - - S 14 L/F/T S P - P - P 15 T S P - - - - Soares Tabela 2: Analogias selecionadas nos volumes 2 de cada coleção didática, que tratam dos tópicos de fisiologia e seres vivos. N. da Leg/Fig/ ANALOGIA Texto 16 L / F /T 1 2 PASSOS 3 4 5 6 S S - S - S S P - P - P P S S - - S AUTOR(ES) Amabis/Martho 17 L / F /T 18 T 19 T P S S _ - - 20 T - S S S - S 21 T S S - - - S 22 T S S - - - - Linhares/Gew. Paulino Tabela 3: Analogias selecionadas nos volumes 3 de cada coleção didática, que tratam dos tópicos de genética, evolução e ecologia. N. da Leg/Fig/ AUTOR(ES) ANALOGIA Texto 23 L/F Amabis/Martho Linhares/Gew . 1 2 PASSOS 3 4 5 6 S S - P - - P S S - - - S S S S - S 24 T 25 T 26 L/F S S - - - - 27 T P P - P - P 28 T S P - S - P Soares ANÁLISE DAS ANALOGIAS SEGUNDO O MODELO TWA: QUADRO SÍNTESE VOLUMES 1 (LIVROS DE BIOLOGIA) 16 Quantidade de analogias 14 12 Segue os passos do modelo 10 Segue parcialmente os passos do modelo Não segue os passos do modelo 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 Número do passo ANÁLISE DAS ANALOGIAS SEGUNDO O MODELO TWA QUADRO SÍNTESE VOLUMES 2 (LIVROS DE BIOLOGIA) 7 Quantidade de analogias 6 5 Contempla o passo do modelo Contempla parcialmente o passo do modelo Não contempla o passom do modelo 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 Número do passo 18 ANÁLISE DAS ANALOGIAS SEGUNDO O MODELO TWA: QUADRO SÍNTESE VOLUMES 3 (LIVROS DE BIOLOGIA) 6 Quantidade de analogias 5 4 Segue os passos do modelo 3 Segue parcialmente os passos do modelo Não segue os passos do modelo 2 1 0 1 2 3 4 5 6 Número do passo Em física: • Construímos tabelas onde indicamos como ocorre a apresentação da analogia em cada texto específico, em termos de “grau de concordância” com os passos do modelo. • Utilizamos, para isso, uma “escala qualitativa com três valores”, como segue: o sinal “C” indica que houve evidência de contemplação do passo do modelo; o sinal “P” foi usado para os casos em que o passo foi desenvolvido de forma breve ou restrita, ou seja, a apresentação contemplou parcialmente o passo do modelo; o sinal “-” indica que não foi possível identificar este passo na apresentação ou que esta não contemplou o passo do modelo. 19 No quadro abaixo, sintetizamos os resultados desta análise: PASSOS 1 2 3 4 5 6 P P C - - - 02 C P C P - C 03 C C P P - P C P C - - C 05 C C C C - C 06 C C - P - C C C - C - C C C P - - C C C C P - C 10 C C C C C C 11 C C - P - P C C C - - - P C C - - - C C C - - C Nº da Analogia 01 04 07 Coleção Didática Autor(es) 01 Bonjorno / Clinton 02 03 Alvarenga / Máximo Gonçalves / Toscano 08 09 12 04 05 GREF Guimarães / Fonte Boa 13 14 06 Halliday / Resnick / Walker Observamos que em alguns casos a analogia aparece diretamente como introdução do conceito a ser ensinado, sem antes ser feita uma introdução do conceito alvo, como sugere o Passo 1 do modelo TWA.. Percebemos também uma preocupação por parte dos autores em utilizar um análogo familiar ao leitor, conforme sugerido no Passo 2. Na maioria das vezes, os Passos 3 e 4 são contemplados, porém de forma bastante sucinta. Quanto ao Passo 5, que lembra a importância de se apontar os limites de validade da analogia utilizada, foi contemplado somente numa única apresentação. Por fim não encontramos uma regularidade de utilização do Passo 6. 20 Análise das 14 analogias selecionadas nas Coleções Didáticas (segundo o modelo TWA) Quantidade de analogias 14 12 Contempla o passo do modelo 10 8 Contempla parcialmente o passo do modelo 6 4 Não contempla o passo do modelo 2 0 1 2 3 4 5 6 Número do passo 21 ANEXO III UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO NEC- NÚCLEO DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS GRUPO DE TRABALHO DE PROFESSORES DE FÍSICA GTPF PROJETOS VINCULADOS: • Atualização curricular no ensino de física e a formação continuada de professores • Linguagem e formação de conceitos: implicações para o ensino de ciências naturais APOIOS FINANCEIROS: • Fapergs • Cnpq • Capes • Ufsm ESTRUTURAÇÃO DE ESTRATÉGIA DIDÁTICA SEGUNDO O MODELO TWA (Teaching with Analogies) ANALOGIA N° 02 Assunto: ELETROSTÁTICA - PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO N° de Aulas Previstas: 02 (50 min. cada) Situação Alvo: DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS NO PROCESSO DE ELETRIZAÇÃO DE CONDUTORES EM CONTATO Situação Análoga: DISTRIBUIÇÃO DE LÍQUIDOS NO FUNCIONAMENTO DE VASOS COMUNICANTES Santa Maria - RS - 1999 22 ESTRUTURAÇÃO DE ESTRATÉGIA DIDÁTICA SEGUNDO O MODELO TWA (Teaching With Analogies) ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR 1° Passo: Introdução do "conceito/fenômeno/modelo" a ser ensinado Inicialmente deve ser feita uma exposição dialogada acerca dos pontos principais relativos ao processo "Eletrização por Contato". O texto que segue pode ser usado como sugestão para um roteiro deste diálogo, que deve ser acompanhado de figuras ilustrativas do processo desenhadas e/ou projetadas no quadro. Uma das formas de eletrizar um objeto condutor neutro pode ser conseguia colocando-o colocando este em contato com outro condutor que esteja carregado, positiva ou negativamente. Vamos imaginar dois objetos A e B, o primeiro carregado negativamente e o segundo neutro. Se ligamos estes objetos por um fio condutor, ou simplesmente encostamos um no outro, depois de um certo tempo, haverá uma distribuição da carga negativa, inicialmente toda ela localizada no objeto A, entre os dois objetos A e B. Após essa nova distribuição podemos desconectar ou afastar, os objetos condutores e eles estarão ambos carregados negativamente. Surge então uma questão: qual dos objetos fica com a maior parte (porcentagem) da quantidade de carga negativa total? A grosso modo, podemos afirmar que essa distribuição dependerá do tamanho relativo entre os condutores. No entanto, ao final deste processo, sempre teremos que a carga total inicial contida em A será igual à soma das cargas finais de A e de B. De modo mais geral (e mais sintético) podemos dizer que, em qualquer processo semelhante, a distribuição de cargas obedece à relação: Q A inicial + Q B inicial = Q A final + Q B final. Isto corresponde a um princípio importante da Física que é o Princípio da Conservação da Carga Elétrica 2° Passo: Introdução do "conceito/fenômeno/modelo análogo" a ser utilizado Para auxiliar na compreensão do processo de distribuição de cargas entre dois condutores em contato podemos recorrer ao uso de uma analogia, como a proposta a seguir. Consideremos dois recipientes, que não precisam ser do mesmo tamanho, nem possuir a mesma forma, cujas bases estão ligadas por meio de um tubo. Inicialmente (fig. 1) só o recipiente A contém água. Quando o registro R é aberto, a água começa a passar do recipiente A para o recipiente B (fig. 2). Este processo continua até o sistema atingir uma situação de equilíbrio. 23 Isto ocorre quando as alturas do líquido em ambos os recipientes se igualam (fig. 3). Porém, como Isto ocorre quando as alturas do líquido em ambos os recipientes se igualam (fig. 3). Porém, como as bases dos recipientes são diferentes, as quantidades de água serão também diferentes em cada recipiente, ou seja, na situação de equilíbrio haverá mais água em A do que em B. Fisicamente, este equilíbrio é atingido quando as pressões no fundo de ambos os recipientes forem iguais. 3° Passo: Identificação das características relevantes do "análogo" utilizado Neste passo, através de uma discussão coletiva, devem ser estabelecidas as características relevantes do análogo utilizado. A seguir, algumas destas características são apontadas. 1. Formas e tamanhos dos recipientes podem ser quaisquer 2. Comunicação entre os recipientes deve ser posicionada, preferencialmente, próxima à base das mesmos 3. A situação de equilíbrio não é determinada pela quantidade (volume) de água em cada recipiente, mas pela altura da coluna de água em cada um deles 4. O equilíbrio é atingido quando as alturas forem iguais e, portanto, quando as pressões no fundo de cada recipiente forem iguais. 4° Passo: Estabelecimento das similaridades entre o "análogo" e o "alvo" Neste passo, a partir da caracterização do análogo os alunos devem ser solicitados a fazer comparações entre as duas situações: alvo e análoga, através do preenchimento da FICHA 1, que deve ser recolhida para conferência posterior. Abaixo, temos uma sugestão de possíveis comparações. Deve-se observar que a última comparação necessita da intermediação do professor para a introdução da noção de potencial elétrico, o que deve ser realizado quando da conferência dos resultados das fichas e da sistematização destes resultados no quadro. FUNCIONAMENTO DE VASOS COMUNICANTES Distribuição de líquido entre dois vasos comunicantes Quantidade de água (massa = m ou volume = V) Altura da coluna d’água/Pressão no fundo do ELETRIZAÇÃO POR CONTATO Distribuição de cargas condutores em contato entre dois Quantidade de carga (Q) Potencial elétrico (V) 24 recipiente (h/P fundo ) Equilíbrio hidrostático (h A = h b /P A fundo = P B Equilíbrio eletrostático (V A = V B ) fundo ) 5° Passo: Identificação dos limites de validade da analogia utilizada Se possível, deve-se tentar que os alunos ao preencherem a FICHA 1, indiquem também (no verso) características da situação análoga que não encontram correspondência na situação alvo e vice-versa., ou seja, pontos onde a analogia falha. De todo, modo sempre é necessário que o professor sistematize este passo. Abaixo, temos um exemplo de limite de validade para esta analogia. Nos vasos comunicantes, a ligação deve ser feita, preferencialmente, próxima às bases dos recipientes. No entanto, para colocar dois condutores em contato, a ligação pode ser feita em qualquer ponto. 6° Passo: Esboço de uma síntese conclusiva sobre a "situação alvo" Ao final, o professor deve retomar as características básicas da situação alvo, a partir da sistematização coletiva feita no quadro, das sínteses realizadas pelos alunos. Estas síntese devem ser registradas na FICHA 2, a qual deverá ser previamente recolhida para análise posterior. O texto a seguir pode servir de orientação para uma exposição dialogada sobre esta síntese. Um objeto neutro pode ser eletrizado se for ligado/conectado, por um fio condutor, a um objeto inicialmente carregado. As cargas inicialmente localizadas no objeto A, se movimentarão para o objeto B até que seja atingido o equilíbrio eletrostático, ou seja, até que os dois condutores atinjam o mesmo “potencial elétrico”. Entende-se por potencial elétrico de um objeto condutor carregado, a “quantidade de energia” por unidade de carga, numa determinada situação de eletrização desse objeto. A quantidade de carga que o objeto inicialmente irá transferir para o objeto neutro dependerá do tamanho relativo dos condutores dos condutores. Entretanto, pelo Princípio da Conservação da Carga, teremos sempre que a carga antes do contato será igual a soma das cargas nos dois objetos, após o contato entre eles. 25 FICHA 1 Nome: ______________________________________________Turma: ___________ Que comparações podem ser feitas entre o processo de eletrização por contato e o funcionamento de vasos comunicantes? Preencher as duas colunas desta ficha, procurando estabelecer relações de semelhanças entre grandezas, características, aspectos, conceitos, modelos, processos, etc., presentes em cada situação apresentada. Funcionamento de vasos comunicantes Eletrização por contato FICHA 2 Nome: ______________________________________________Turma: ___________ De acordo com as comparações feitas na FICHA 1, tente elaborar uma síntese, apresentando suas conclusões sobre o processo de "Eletrização por Contato" e apontando os pontos principais do mesmo. Transcreva seu texto nesta ficha. 26