De acordo com o novo
Acordo:
o que muda e o que não muda
com a Reforma Ortográfica
Ana Kelly Borba da Silva Brustolin
As datas do Acordo
– O documento inicial do Acordo Ortográfico foi
assinado em 1990 (em 2004 pelo Timor Leste).
– No Brasil, entrou em vigor em janeiro de 2009.
Os demais países lusófonos têm até seis anos
para aderir à Reforma na prática.
– Até 2012 as grafias antiga (1971) e nova podem
coexistir. Depois disso somente as novas regras
deverão ser usadas.
Os números do Acordo
– 8 países: Brasil, Portugal, Angola, São Tomé e
Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e
Timor Leste.
– 237 milhões de falantes do português (ou seja, 237
milhões de leitores potenciais) no mundo.
– 0,5% das palavras do português brasileiro são
afetadas (das estimadas 365 mil palavras).
1. Alfabeto de 26 letras
• Inclusão de K, W e Y
• Kilowat, karaokê, wagneriano, windsurf, yang,
yôga
• OBS: Uso restrito a nomes próprios, consagrados
pelo uso ou símbolos e unidades de medida
2. Trema
• Eliminação do trema (sinal de diérese) em
palavras portuguesas ou aportuguesadas
• Linguiça, tranquilo, sequência, aguentar
• EXCEÇÃO: nomes próprios e seus derivados:
Müller, mülleriano, Hübner, hübneriano
3. Preferência por
grafias aportuguesadas
• Nomes próprios de tradição bíblica devem ser
simplificados, assim como nomes de cidades e países
(quando possível)
• Joseph
• Judith
•
•
•
•
José
Judite
New York
Nova Iorque
Zürich
Zurique
Milano
Milão
München
Munique
4. Maiúsculas ou
minúsculas?
• Minúsculas de uso obrigatório:
– os nomes de mês, de dia da semana e de
estação do ano: maio, domingo, verão;
– os pontos cardeais: norte, sul, noroeste
(embora suas siglas continuem grafadas em
palavras maiúsculas);
– as palavras sicrano, beltrano e fulano.
4. Maiúsculas ou
minúsculas?
• Minúsculas de uso facultativo:
– Formas de tratamento como Santa/santa Isabel e
Doutor/doutor José;
– Citações bibliográficas (títulos): Memórias
Póstumas de Brás Cubas/Memórias póstumas de
Brás Cubas;
– Nomes que designam domínios do saber, cursos e
disciplinas: Biologia/biologia,
Português/português, Artes Cênicas/artes
cênicas.
5. Acentuação
• Queda do acento nos ditongos ei e oi nas
paroxítonas
• Ideia, assembleia, espermatozoide, jiboia, joia,
estreia, paranoico, europeia
• EXCEÇÃO: quando a palavra termina em R:
contêiner, Méier, blêizer, gêiser
• ATENÇÃO: cuidado com as oxítonas!
• herói tem acento, heroico não tem.
5. Acentuação
• Queda do acento em paroxítonas homógrafas
(sinal diferencial)
•
•
•
•
•
•
•
Pára e para
Pólo, polo
Pêlo e pelo
Pêra e pera
para
polo
pelo
pera
Ele viajou para Manaus.
Ele se irrita quando ela para em frente à vitrine.
5. Acentuação
• Queda do acento em paroxítonas homógrafas
(sinal diferencial)
• EXCEÇÃO: Pôr/por e pôde/pode.
• Posso pôr esse papel no lixo? Não, deixe aqui por
perto.
• O funcionário não pôde concluir a tarefa ontem.
Ele pode fazer isso hoje.
5. Acentuação
• Permanecem os acentos que diferenciam singular e plural
dos verbos ter e vir, assim como seus derivados (manter,
deter, conter, reter, intervir, convir, advir etc.)
• Os sócios têm uma loja em Jurerê.
• Seus produtos vêm da Rússia.
• Quem mantém o negócio funcionando é o João, mas seus
primos detêm a maior parte das ações.
– Admite dupla grafia: fôrma e forma.
5. Acentuação
• Queda do acento nos hiatos ee e oo
•
•
•
•
•
•
•
Enjôo
enjoo
Vôo
voo
Vêem
veem
Lêem
leem
Crêem
creem
Abençôo
abençoo
Perdôo
perdoo
5. Acentuação
• Queda do acento em i e u tônicos
precedidos de ditongo em paroxítonas
• Feiúra
feiura
• Baiúca
baiuca
• bocaiúva
bocaiuva
– Comparar com saúde, viúva...
5. Acentuação
• Perda do acento no u tônico das formas verbais
rizotônicas (que têm acento na raiz)
• Averigúes/averigúe/averigúem
averigues/averigue/averiguem
• Apazigúes/apazigúe
apazigues/apazigue
6. Hífen
• NÃO SE USA HÍFEN quando o prefixo termina
numa vogal diferente da vogal que inicia o
segundo elemento da composição:
•
•
•
•
•
•
Auto-escola
autoescola
Extra-oficial
extraoficial
Semi-árido
semiárido
Infra-estrutura
infraestrutura
Contra-indicação
contraindicação
6. Hífen
• USA-SE HÍFEN quando o prefixo termina em
vogal igual à que inicia o segundo elemento:
•
•
•
•
Arquiinimigo
arqui-inimigo
Antiinflamatório
anti-inflamatório
Microondas
micro-ondas
Microônibus
micro-ônibus
• EXCEÇÃO: prefixo co
NUNCA se usa hífen:
• Coocorrer, cooperar, coordenar.
6. Hífen
• NÃO SE USA HÍFEN quando o segundo elemento
é iniciado por consoante:
• Semicírculo, submandibular.
• Se a consoante for S ou R, deve ser dobrada:
• Ultrassom, antissequestro, cosseno, semirreta,
megarraio.
6. Hífen
• ATENÇÃO!
• Com os prefixos hiper, inter e super, o hífen
se mantém quando o segundo elemento se inicia
por R:
• Hiper-requintado, hiper-realista, inter-racial,
inter-relação, super-racional, super-resistente.
6. Hífen
• Já quando o primeiro elemento
termina em consoante e o segundo
elemento se inicia por vogal, não se
usa hífen:
• Superamigo.
6. Hífen
• O hífen CONTINUA A SER USADO quando o
segundo elemento começa por H:
• Anti-higiênico, anti-herói, super-homem, neohelênico.
• PORÉM... por “força do hábito”, continua-se
escrevendo desumano, inábil, coerdeiro etc. sem
hífen e com supressão do H.
6. Hífen
– O hífen CONTINUA A SER USADO após os prefixos ex-,
sota-, soto-, vice-:
Exemplo: Ex-marido, sota-capitania, soto-almirante, vicecampeão.
– O hífen CONTINUA A SER USADO após os prefixos
circum- e pan- quando o segundo elemento se inicia por
vogal, m ou n:
Exemplo: Pan-americano, circum-orbital.
6. Hífen
– O hífen CONTINUA A SER USADO após os prefixos
pré-, pró- e pós- quando o segundo elemento existe
sozinho na língua:
Pré-projeto, pró-americano, pós-graduação.
– O hífen CONTINUA A SER USADO em topônimos
iniciados pelos adjetivos grã- e grão-:
Grã-Bretanha, Grão-Pará.
6. Hífen
– O hífen CONTINUA A SER USADO em compostos com
os elementos além-, aquém- e sem-:
• Além-mar, aquém-fronteira, sem-teto.
– O hífen CONTINUA A SER USADO com sufixos de
origem tupi-guarani que representam formas adjetivas,
como -açu, -guaçu e -mirim, quando o primeiro
elemento termina em vogal acentuada:
• Jacaré-açu, amoré-guaçu, paraná-mirim.
6. Hífen
•
“Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa
medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente:
girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas,
paraquedista etc.”
(Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, 1990, Base XV)
•
“[...] O Acordo teve um uso curioso do ‘etc.’: colocou ‘etc.’ até na
lista das exceções.”
(Evanildo Bechara, gramático membro da ABL)
•
Solução:
Consultar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP),
lançado pela Academia Brasileira de Letras.
6. Hífen
• Não e quase
• Por deliberação da ABL, não levam
hífen:
• Não agressão, quase delito.
Ainda sobre o hífen...
• Se um composto hifenizado é
separado em duas linhas exatamente
no hífen, o sinal deve ser repetido na
linha de baixo:
• pós-graduação super-homem
• Grão-Pará
Só para eles...
• Eliminação de c e p não pronunciados (mudos)
• Actual
• Exacto
• Óptimo
atual
exato
ótimo
• Permanecem: amígdala, amnistia, carácter, sector,
facto etc.
Resquícios de grafias
duplas...
• Bebê e bebé, gênero e género, génio
e gênio, cômodo e cômodo etc.
Referências
•
Escrevendo pela nova ortografia: como usar as regras do acordo
•
SILVA, Maurício. O novo Acordo Ortográfico da língua portuguesa o que
muda o que não muda. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2009.
•
Guia da nova ortografia. nº 1. (Revista língua Portuguesa) Ed. Segmento,
ortográfico da língua portuguesa. Instituto Antônio Houaiss. 2 ed. São
Paulo: Publifolha, 2008.
2009.
•
Língua Portuguesa. nº 41. Ano 3. Março/2009.
•
Reforma Ortográfica da língua portuguesa. nº 1. Ed. Escala, 2009.
•
www.academia.org.net
Críticas, dúvidas e
sugestões:
[email protected]
Download

Apresentação novo Acordo.