IMPACTO CAUSADO POR ENFERMIDADES DE CARÁTER HIPERCATABÓLICO NO ESTADO NUTRICIONAL Acadêmica Bolsista: Alice Barreto Soares Freixo Motta Preceptores nutricionistas: Andreia de Luca Sacramento; Jacqueline Carvalho Peixoto; Ruth Dorfman. Graduação em Nutrição Universidade Veiga de Almeida Hospital Municipal Miguel Couto Serviço de Nutrição Introdução O estado hipercatabólico é um período de intenso gasto energético gerado pela resposta à estimulação do metabolismo, que ocasiona o aumento do consumo de massa magra corporal. No paciente crítico, a nutrição é fundamental para se evitar alterações nas funções muscular, respiratória e cardíaca, condições estas que reduzem a imunidade e aumentam a probabilidade de ocorrência de infecções, hipoproteinemia, edema, diminuição da capacidade de cicatrização e aumento do tempo da permanência hospitalar. A desnutrição (DEP) decorre da redução de substratos energéticos e do pool de aminoácidos para a síntese proteica. A carência nutricional afeta o sistema imunológico, pela alteração na função fagocítica e atividade de citocinas pró inflamatórias. Ademais, reduz a afinidade dos anticorpos pelo antígeno e da ação de proteínas do sistema complemento. O tratamento da DEP divide-se em três fases: Período de estabilização: (paciente encontra-se desnutrido e imunodeficiente), onde preconiza-se a estabilização clínico-metabólica do indivíduo, para suprir as necessidades de macro e micronutrientes; Recuperação ponderal e estatural e o acompanhamento ambulatorial, onde busca-se prevenir recidivas, através da continuidade do tratamento. O presente estudo objetivou demonstrar o impacto de algumas doenças hipercatabólicas no estado clínico-nutricional, através de revisão da literatura. Probióticos exibem ação anticarcinogênica, mas os efeitos de seu consumo variam de indivíduo para indivíduo. Para pacientes oncológicos cirúrgicos deve-se oferecer aporte energético adequado, além de quantidade suficiente em proteínas e micronutrientes para recuperar e/ou evitar a degradação proteica. Hiperglicemia Crônica A hiperglicemia crônica é o fator primário decorrente de falhas na excreção ou ação da insulina, desencadeando as complicações do Diabetes Melito. O diagrama abaixo demonstra os riscos metabólicos da hiperglicemia e da resistência periférica à insulina. Metodologia Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre doenças hipercatabólicas, segundo a literatura já existente, durante o período de maio a outubro de 2014, correspondendo a um n= 14 artigos publicados entre os anos de 2005 a 2012. Os descritores utilizados foram: hipercatabolismo e câncer, desnutrição e doença pulmonar obstrutiva crônica; complicações na hiperglicemia crônica. Foram abordadas três enfermidades de caráter hipercatabólico: doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), câncer (foco no câncer colorretal) e hiperglicemina crônica. Macrovasculares Metabólicas Microvasculares Doença Arterial Coronariana ↑Secreção Hormonal Microangiopatias Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) A DPOC é uma enfermidade de caráter respiratório/inflamatório, caracterizada pela obstrução crônica do fluxo aéreo, tratável e possível de se prevenir, porém não totalmente reversível. No diagrama abaixo está demonstrado o comprometimento nutricional induzido pela doença. Acidente Vascular Encefálico Renal DPOC ↓ IMC ↑ Mediadores infamatórios e proteínas de fase aguda Doença Vascular Periférica Desnutrição do tipo marasmática Proteólise Muscular e Lipólise ↑ Gliconeogênese e Glicogenólise hepática ↓ Capacidade física ↑ Corpos cetônicos circulantes ↓ Ferro ↓ Proteínas ↓ Vitamina C ↓ Função e elasticidade Pulmonar ↓ Síntese de Colágeno ↓ Hb Imunonutrientes como ômega 3, ácidos gamalinolênico e eicosapentanóico, glutamina, glicina, cisteína, arginina, cobre, zinco, selênio e vitaminas antioxidantes são recomendados na DPOC, objetivando a redução de citocinas pró-inflamatórias e da produção de radicais livres. Câncer A enfermidade é caracterizada pelo crescimento rápido, descontrolado e invasivo de células que tem seu material genético alterado. Há liberação de proteínas catabólicas e aumento de mediadores pró inflamatórios, que podem induzir caquexia caracterizada por consumo significativo das massas adiposa e muscular. Pode ocorrer anorexia associada a episódios de náuseas e vômitos, pelo uso excessivo de medicamentos e presença de mucosite. A obesidade também pode induzir neoplasia como descrito no diagrama abaixo: Obesidade Resistência Insulínica Referencias Bibliográficas Resposta Inflamatória Adiponectinas Câncer de Cólon Fonte: Ferreira et al. 2011. O diabetes descompensado contribui para cetoacidose diabética e hipercatabolismo proteico. Observa-se redução da aminoacidemia e aumento das concentrações de metabólitos nitrogenados no sangue e urina, levando à desidratação celular, à perda de potássio celular/corporal, nefropatia, alterações vasculares, perda de consciência, com aumento do risco de sequelas e de morte. O tratamento consiste de três fases: • Primeira fase: Controlar a glicemia, a pressão arterial e a dislipidemia; • Segunda fase: Realizar um plano alimentar com controle de ingestão de proteínas e carboidratos, com aumento de antioxidantes na dieta; • Terceira fase: No caso de nefropatia, com hemodiálise ou diálise peritoneal deve-se corrigir a ingestão proteica de acordo com a taxa de filtração glomerular e das perdas na filtração artificial. A restrição proteica pode ocasionar perda de peso significativa e diminuição da pré-albumina e albumina sérica afetando o estado nutricional. Considerações finais A desnutrição causada pelo hipercatabolismo pode ser evitada ou revertida através de conduta nutricional adequada, visando a recuperação do estado clínico, pois possibilita reparo do peso corporal, melhora nas concentrações de proteínas séricas e de micronutrientes, o que pode favorecer a imunidade e melhorar a qualidade de vida de indivíduos portadores de doenças crônicas. BEDANI, R.; ROSSI, E.A. Microbiota intestinal e probióticos: Implicações sobre o câncer de cólon. J Port Gastroenterol. 2009. FERREIRA, L.T. et al. Diabetes Melito: hiperglicemia crônica e suas complicações. Arq Bras de Cien da Saúde. 2011. FERNANDES, A.C.; BEZERRA, O.M.P.A. Terapia nutricional na doença pulmonar obstrutiva crônica e suas complicações nutricionais.J Bras Pneumol. 2006. GROSSI, S.A.A. O manejo da cetoacidose em pacientes com diabetes mellitus: subsídios para a prática clínica de enfermagem. Rev Esc Enferm USP. 2005. MELLO, B.D.F. de. et al. Papel da dieta como fator de risco e progressão da nefropatia diabética. Arq Bras Endocrinol Metab. 2005. OLIVEIRA, A.L.; AARESTRUP, F.M. Avaliação nutricional e atividade inflamatória sistêmica de pacientes com câncer colorretal submetidos à suplementação com simbiótico. Arq Bras Cir Dig. 2012. Agradecimentos Ao Serviço de Nutrição do Hospital Municipal Miguel Couto pela colaboração dos preceptores e à Secretaria Municipal de Saúde pela bolsa concedida.