SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MEC – SETEC INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO KELEN CRISTINA BORGES DA SILVA STUCKERT PROFESSORES COM DEFICIÊNCIA DE ESCOLAS PÚBLICAS DE BRASÍLIA: OPINIÕES E PERCEPÇÕES SOBRE INCLUSÃO EDUCACIONAL E LEI DE COTAS Brasília-DF Outubro, 2009 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INCLUSIVA KELEN CRISTINA BORGES DA SILVA STUCKERT PROFESSORES COM DEFICIÊNCIA DE ESCOLAS PÚBLICAS DE BRASÍLIA: OPINIÕES E PERCEPÇÕES SOBRE INCLUSÃO EDUCACIONAL E LEI DE COTAS Brasília-DF Outubro, 2009 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. FICHA CATALOGRÁFICA STUCKERT, Kelen Cristina Borges da Silva Professores com deficiência com escolas públicas de Brasília: opiniões e percepções sobre inclusão educacional e lei de cotas. Brasília-DF, 2009. Total de folhas do TCC: 46 p. Orientador: Prof. Dr. José Luiz Mazzaro Monografia de Especialização – Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso. 2° Semestre/2009. Palavras – Chave: deficiência, inclusão, cotas. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. KELEN CRISTINA BORGES DA SILVA STUCKERT PROFESSORES COM DEFICIÊNCIA DE ESCOLAS PÚBLICAS DE BRASÍLIA: OPINIÕES E PERCEPÇÕES SOBRE INCLUSÃO EDUCACIONAL E LEI DE COTAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação do Curso de Especialização em Educação Profissional e Tecnologia Inclusiva, do Instituto Federal De Educação, Ciência E Tecnologia De Mato-Grosso - Campus Cuiabá – Octayde Jorge Da Silva, como requisito para a obtenção do título de Especialista. Orientador: Prof. Dr. José Luíz Mazzaro Brasília-DF Outubro, 2009 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. KELEN CRISTINA BORGES DA SILVA STUCKERT PROFESSORES COM DEFICIÊNCIA DE ESCOLAS PÚBLICAS DE BRASÍLIA: OPINIÕES E PERCEPÇÕES SOBRE INCLUSÃO EDUCACIONAL E LEI DE COTAS Trabalho de Conclusão de Curso em Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva, submetido à Banca Examinadora composta pelos Professores do Programa de Pós-Graduação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista. Aprovado em: ____/_____/_____ ______________________________________________ Prof. Dr. JOSÉ LUIZ MAZZARO _____________________________________________ Prof. MSc. GUSTAVO MAURÍCIO ESTEVÃO DE AZEVEDO ______________________________________________ Prof. MSc. FRANCLIN COSTA DO NASCIMENTO Brasília-DF Outubro, 2009 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Dedico este trabalho a minha família por terem sido suporte fundamental de toda minha caminhada. . Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. AGRADECIMENTOS A Deus, a quem sempre me dirigi em todos os momentos de minha vida. Ao Professor Dr. Jose Luiz Mazzaro, que me emprestou seus conhecimentos, sua paciência, seu valioso tempo e principalmente sua competência para construção desta pesquisa. À Banca Examinadora, Professores Franclin Costa do Nascimento e Gustavo Maurício Estevão de Azevedo, pela contribuição ao enriquecimento deste trabalho. A todos os professores, que com suas disciplinas ministradas, proporcionaram a descoberta dos melhores caminhos a serem percorridos neste trabalho. A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, na pessoa da Professora Maria Helena Guimarães de Castro pela indicação, Gibrail Nahib Gebrim pelo intenso apoio durante toda realização deste trabalho de pesquisa, a Subsecretaria de Recursos Humanos na pessoa de João Carmo Athaíde Mangabeira e Jacqueline Souza De Marco, pelo fornecimento de todas as informações essenciais ao embasamento pessoal e legal desta pesquisa. Às pessoas entrevistadas, pelas quais tenho imensurável respeito e orgulho, pela ajuda que deram para o desenvolvimento deste trabalho. Aos meus amigos, especialmente a minha amiga Josie Lancelle, que estiveram sempre ao meu lado, incondicionalmente, em todos os momentos de realização deste trabalho. A minha família que compartilhou todas as etapas desta pesquisa. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” (Antoine de Saint-Exupéry) Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. RESUMO Realizou-se uma pesquisa de natureza qualitativa, por meio de entrevista semiestruturada com um grupos focal, formados por professores com deficiência, atuantes em escolas públicas de Brasília, DF, com o objetivo de investigar a opinião e a percepção desses trabalhadores, em relação à política de cotas, as dificuldades enfrentadas para o exercício de suas atividades laborais e sobre a política de inclusão das escolas públicas, a partir de sua prática docente. O estudo revelou que esses trabalhadores são contrários à inclusão da forma como vem sendo ofertada aos alunos com necessidades educacionais especiais. Opinaram de forma favorável a Lei de Cotas, entretanto fizeram críticas em relação à acessibilidade das escolas e para o atendimento de pleitos trabalhistas garantidos pela legislação vigente. Palavras chaves: deficiência, inclusão, lei de cotas. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. SUMÁRIO RESUMO IX SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.............................................................................. X 11 2. OBJETIVOS.................................................................................. 14 2.1Objetivo Geral............................................................................... 14 2.2 Objetivos Específicos.................................................................... 14 3. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................... 15 3.1 Deficiência: breve histórico de exclusão e atendimento educacional 15 3,2 Políticas públicas para inclusão educacional: orientações e marcos legais 3.3 Legislação para inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho 3.4 Deficiência: conceituação e tipos de acordo com a legislação vigente 3.5 Perfil sócio-demográfico das pessoas com deficiência 17 20 23 25 4. METODOLOGIA........................................................................... 27 4.1 Procedimentos Metodológicos...................................................... 27 4.2 População e Amostra 27 4.3 Teste Prévio 28 4.4 Coleta de Dados 28 4.5 Execução 28 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 30 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 41 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42 ANEXOS 45 1. INTRODUÇÃO Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. A sociedade, em sua trajetória histórica, em quase todas as culturas, deixou registrada pelo extermínio, tortura, mutilação, abandono, exclusão, 1 estigma e outras iniqüidades, sua dificuldade em lidar com as diferenças, sobretudo, aquelas relacionadas às deficiências, consideradas como maldição ou castigo divino. Com o passar dos séculos a compreensão do homem, em relação às deficiências, vai evoluindo à medida que adquire novos conhecimentos. Assim, aos poucos, vai deixando de lado a crença pautada no misticismo para uma visão baseada na ciência. As duas grandes guerras mundiais resultam em milhões de mortes e mutilações, deixando soldados e civis com diferentes tipos de deficiência, o que leva o governo de diferentes países, envolvidos no conflito, à necessidade de criar clínicas e serviços voltados para o processo de reabilitação e reintegração dessas pessoas na sociedade. A sociedade começa a conviver e mudar seu olhar em relação às pessoas com deficiência. Assim, em 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) promulga a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, assegurando o direito à vida, à dignidade e à não discriminação, considerada precursora das propostas de inclusão social e de equiparação de oportunidades. Em uma nova ação marcante, a ONU declara 1981 como o "Ano Internacional das Pessoas Deficientes", o que intensifica, no mundo inteiro, as discussões em prol dessas pessoas. O resultado dessas discussões, aponta para a necessidade de implantação de políticas públicas e sociais voltadas para a inclusão de pessoas com deficiência nas escolas, nos locais de trabalho, nas repartições e logradouros públicos, nas edificações, enfim, em todos os setores da vida social. No Brasil, a Constituição Federal de 1988, intitulada “Constituição Cidadã”, sensível aos pleitos da sociedade, trouxe em seu bojo avanços, significativos, consagrando direitos de cidadania plena às pessoas com 1 Termo usado pelos gregos para se referirem a sinais corporais com os quais se procurava evidenciar alguma coisa de extraordinário ou mau sobre o status moral de quem os apresentava. (GOFFMAN, 1982, p. 11) Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. deficiência, sendo a primeira do país a registrar o postulado da igualdade entre os direitos fundamentais (art. 5º, caput). Assim, passou a garantir o direito à dignidade da pessoa humana (art. 1º, incisos II e III); a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inciso IV); o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art. 205). No que concerne ao trabalho, outros importantes princípios foram assegurados, como a proibição de discriminação de salário e os critérios de admissão do trabalhador com deficiência (art. 7º, XXXI), além do tratamento diferenciado, ao assegurar reserva de cargos e empregos públicos. Todo esse amparo legal, proporciona às pessoas com deficiência, oportunidades reais de inserção no mercado de trabalho formal (MTF), uma das formas mais eficazes de assegurar o direito à igualdade. Com isso, professores e outros profissionais da educação com diferentes tipos de deficiência, amparados pela Lei de cotas, são inseridos, via concurso público, em escolas e universidades públicas. A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEDF), contratou 18 professores com deficiência, que estão atuando em diferentes escolas públicas, ministrando diferentes disciplinas e ensinando com seu exemplo, a importância da democracia e do respeito aos direitos de cidadania. Embora a política de cotas favoreça a contratação de pessoas com deficiência e a legislação garanta sua acessibilidade, sabemos que na prática isso não ocorre, o que traz inúmeras dificuldades para a atuação desses trabalhadores. Assim, o objeto deste estudo constituiu-se em identificar a opinião e percepção de professores com deficiência, em relação à política de cotas, as dificuldades enfrentadas para o exercício de suas atividades laborais e sobre a política de inclusão das escolas públicas, a partir de sua prática docente. A relevância do tema deve-se ao fato de que conhecer a opinião e percepção de professores com deficiência, sobre aspectos relevantes do contexto de suas atividades laborais, pode fornecer importantes subsídios ao processo de inclusão desses trabalhadores. Outro aspecto relevante, diz Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. respeito ao reduzido número de estudos documentando experiências laborais com professores e professoras com deficiência. O interesse em realizar este estudo decorreu da experiência profissional e voluntária, como jornalista e professora, em programas e projetos voltados para inclusão social e educacional de pessoas com deficiência. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral: Identificar opiniões e percepções de professores com deficiência, contratados por concurso público - Lei de Cotas, que atuam em escolas públicas de Brasília, DF, em relação à política de cotas, as dificuldades enfrentadas para o exercício de suas atividades laborais e sobre a política de inclusão das escolas públicas, a partir de sua prática docente. 2.2 Objetivos específicos: 2.2.1 Oferecer subsídios à gerência de recursos humanos da SEDF, para proporcionar aos profissionais da educação com deficiência, melhores e adequadas condições de trabalho; 2.2.2 Oferecer subsídios a gerência de ensino especial, com vistas ao aperfeiçoamento do processo de inclusão nas escolas da rede pública de ensino. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Deficiência: breve histórico de exclusão e atendimento educacional A história mostra em diferentes culturas e civilizações, pessoas com deficiência sendo perseguidas, exterminadas, abandonadas e sofrendo diferentes formas de exclusão econômica, política, social e cultural (AMARAL, 1994; SILVA, 1986, DALL’ACQUA, 2002; MAZZARO, 2007). O entendimento que essas pessoas representavam as forças do mal ou de castigos divinos, determinava a exclusão, o abandono ou o extermínio dessas pessoas. Segundo Mazzaro (2007), na Roma antiga, os patriarcas matavam seus filhos defeituosos e em Esparta, todo recém-nascido filho da nobreza tinha que ser examinado por uma comissão de anciãos, que em nome do Estado e da linhagem de famílias que representavam, se considerassem a criança feia, disforme ou com qualquer deficiência, lançavam-na, de um abismo situado na cadeia de montanhas Taygetos, ao encontro da morte para o bem e o futuro de Esparta. Por influência de Aristóteles (384 – 322 a.C.), de forma totalmente distinta, os atenienses protegiam as pessoas com deficiência proveniente de guerra, até mesmo por meio de aposentadorias com a contribuição da sociedade para a manutenção dos heróis de guerra e de suas famílias (SILVA, 1986). A filosofia cristã introduz uma nova forma pensar e muda o conceito de que as deficiências representavam o pecado e as os deficientes passam a ser aceitos e acolhidos. Entretanto, de forma contraditória, no apogeu do cristianismo, na Idade Média, os deficientes voltam a ser considerados e tratados como seres inferiores, inúteis e dependentes (BRUNO, 1999). Neste período, com o apoio da Igreja surgem as primeiras instituições asilares de proteção social aos deficientes, mas o verdadeiro objetivo é retirálos do convívio social. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Segundo Mazzaro (2007), na Idade Média, os castigos por meio de mutilação (castração, retirada da língua ou dos olhos) tornam-se prática comum nas guerras, ampliando consideravelmente os deficientes. No século XI, Basílio II, imperador de Constantinopla, após vencer os búlgaros em sangrenta batalha, ordenou a retirada dos olhos de 15 mil prisioneiros, poupando um dos olhos de cada 100 homens, para que servissem de guia aos outros 99 (SILVA, 1986). Segundo o mesmo autor, com o objetivo de prestar assistência a 300 soldados franceses que tiveram os olhos arrancados pelos sarracenos durante as cruzadas, Luís XIII fundou, em Paris, em 1260, aquela que ficou conhecida como a maior instituição da Idade Média, o Hospice des Quinze-Vingts, que serviu também a outros cegos franceses. Os séculos XIV, XV e XVI foram de horror para os deficientes e seus familiares, pois a Igreja de forma radical impõe a sentença de morte por meio de apedrejamento, castração ou fogueira aos pecadores e possuídos por espíritos malignos, entre eles os deficientes e bruxos (AMARAL, 1994; SILVA, 1986). A sorte dos deficientes começa mudar no final da Idade Média, com as grandes navegações e descobertas de outros continentes, que contribuíram para o desenvolvimento da ciência, da tecnologia, da medicina e da educação. Assim, no século XVI, médicos e pedagogos começam a planejar a educação de pessoas com deficiência, desafiando os conceitos vigentes na época, acreditando nas possibilidades desses indivíduos até então considerados ineducáveis (MENDES, 2006). Os ideais liberais de extensão das oportunidades educacionais para todos e os avanços educacionais no atendimento aos deficientes na Europa, proporcionou na França, em 1784, a inauguração da primeira instituição voltada especificamente para a educação do cego, o Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris (DALL'ACQUA, 2002; MAZZARO, 2008). A partir do Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris, o atendimento educacional às pessoas com deficiência, ainda de forma segregada, se espalha como novidade em vários paises, inclusive no Brasil. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Assim, em 17 de setembro de 1854, D. Pedro II inaugura no Rio de Janeiro, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant, marco no atendimento às pessoas com deficiência no Brasil. 3,2 Políticas públicas para inclusão educacional: orientação e marcos legais O Brasil optou por uma política educacional inclusiva, ao ser signatário da Declaração Mundial de Educação para Todos (1990), da Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre as Necessidades Educativas Especiais (1994) e da Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (1999). Entretanto, o caminho já estava traçado pela Constituição Federal de 1988, que se adiantou a esses documentos internacionais, adotando princípios e regras afinados com a inclusão, ao garantir o direito à dignidade da pessoa humana (art. 1º, incisos II e III); a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inciso IV); o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art. 205); a igualdade de condições de acesso e permanência na escola (art. 206, inciso I); atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um (art. 208). (MANTOAN, 2005) Dois anos depois, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n°. 8.069/90), foi promulgado para dar proteção e amparo integral à criança e ao adolescente, estabelecendo atendimento especializado para a criança e o adolescente com deficiência e incumbindo ao poder público, fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação (Art. 11 §1º e 2º ). (Brasil, 2004) Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Outro importante marco foi estabelecido com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – Lei n° 9.394/96), promulgada em dezembro 1996, que no Capítulo V, dedicado à educação especial, traz em seu bojo, entre outros artigos: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. §1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial. §3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I.currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; III. professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; (BRASIL, 2004 p.119, 20). O Conselho Nacional de Educação (CNE) e a Câmara de Educação Básica (CEB) instituíram, em setembro de 2001, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, com o objetivo de normatizar serviços previstos nos Artigos 58, 59 e 60, do Capítulo V, da LDEBEN, estabelecendo, que, entre outras disposições: Art. 8º - As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns: I - professores das classes comuns e da educação especial capacitados e especializados, respectivamente, para o atendimento às necessidades educacionais dos alunos; VII – sustentabilidade do processo inclusivo, mediante aprendizagem cooperativa em sala de aula, trabalho de equipe na escola e constituição de redes de apoio, com a participação da família no processo educativo, bem como de outros agentes e recursos da comunidade; Art. 11º - Recomenda-se às escolas e aos sistemas de ensino a constituição de parcerias com instituições de ensino superior para a realização de pesquisas e estudos de caso relativos ao processo de ensino e aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais, visando ao aperfeiçoamento desse processo educativo. Art. 12º - Os sistemas de ensino, nos termos da Lei 10.098/2000 e da Lei 10.172/2001, devem assegurar a acessibilidade aos alunos que Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. apresentem necessidades educacionais especiais, mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas urbanísticas, na edificação – incluindo instalações, equipamentos e mobiliário – e nos transportes escolares, bem como de barreiras nas comunicações, provendo as escolas dos recursos humanos e materiais necessários. Art. 18º - § 4º. Aos professores que já estão exercendo o magistério devem ser oferecidas oportunidades de formação continuada, inclusive em nível de especialização, pelas instâncias educacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Art. 21º - implementação das presentes Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica será obrigatória a partir de 2002, sendo facultativa no período de transição compreendido entre a publicação desta Resolução e o dia 31 de dezembro de 2001 (Brasil, 2004 p.13-9). A legislação brasileira e as políticas emanadas pelo Ministério da Educação se posicionam pela inclusão dos alunos com necessidades especiais em classes comuns das escolas regulares, posicionamento também adotado pela Lei Orgânica do DF, pelas Leis Distritais n°2.698/2001, n° 3.218/2003 e Resolução n° 011/2005, do Conselho de Educação do Distrito Federal (CEDF). Assim, a Lei Orgânica do DF, determina: Art. 223, § 10 - O Poder Público garantirá atendimento, em creches comuns, a crianças portadoras de deficiência, oferecendo recursos e atendimentos especializados de educação e reabilitação. Art. 229 - Cabe ao Poder Público assegurar a especialização de profissionais do magistério para a pré-escola e para as quatro primeiras séries do ensino fundamental, incluída a formação de docentes para atuar na educação de portadores de deficiência e superdotados, na forma da lei (Distrito Federal, 1993, p.131-3). O Decreto n° 22.912/2002, que regulamentou a Lei n°2.698/2001, dispõe sobre o atendimento educacional especializado aos alunos matriculados em estabelecimentos públicos e particulares da rede de ensino, em classes comuns ou especiais, a partir da Educação Infantil, após avaliação psicopedagógica que evidencie essa necessidade (DISTRITO FEDERAL, 2006). A Lei n° 3.218/2003 dispõe sobre a universalização da educação inclusiva nas escolas da Rede Pública de Ensino do DF e os serviços de apoio respaldam-se na Resolução n° 011/2005 do Conselho de Educação do Distrito Federal (CEDF) e na legislação local (DISTRITO FEDERAL, 2006). Assim, pode-se dizer que a legislação do DF, a exemplo da Federal, é moderna e traz em seu bojo novidades como o atendimento aos alunos dos estabelecimentos da Rede Particular de Ensino, além de prazos e percentuais Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. (já vencidos e não cumpridos) para que as escolas da Rede Pública ofereçam educação inclusiva (Distrito Federal, 2006). 3.3 Inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1923, após a 1ª Grande Guerra Mundial, passou a recomendar aos países membros, a aprovação de leis instituindo cotas nos setores públicos e privados, de forma a empregar as pessoas que se tornaram deficientes vítimas da guerra. A mesma recomendação foi repetida no ano de 1944, após a 2ª Guerra Mundial (JORGE NETO e CAVALCANTI, 2001). A ONU, em Assembléia em 1975, resolve proclamar a Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência. Prevê a garantia à dignidade humana das pessoas com deficiência (Art. 3º) e que as necessidades especiais deveriam ser consideradas no planejamento econômico e social dos países ( Art. 8º). Em 1981, a ONU proclama o International Year of Disabled Persons (ano internacional das pessoas deficientes) e, em 1982, aprova o Programa de Ação Mundial para as Pessoas Deficientes, que defende a igualdade de oportunidades. No ano 1991, a Convenção da OIT nº 159, foi referendada no Brasil, pelo Decreto nº 129/91, trazendo disposições acerca da reabilitação e emprego da pessoa portadora de deficiência. Essas recomendações e normativas baseia-se, segundo Pastore (2000, p. 36), "no princípio segundo o qual os portadores de deficiência são membros da sociedade e têm o direito de permanecer nas comunidades e ali receber os serviços de educação, saúde e emprego". A Constituição Federal de 1988, já possibilita uma boa proteção aos direitos da pessoa com deficiência. No artigo 7º, XXXI, há “a proibição de qualquer tipo de discriminação no tocante aos salários e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência”; no art. 23, II, surge a atribuição “à União, Estados, Municípios e DF a responsabilidade de cuidar da saúde e da assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. deficiência”, bem como a competência concorrente desses entes para legislar sobre a “proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência”. Determina ainda que “a lei reservará um percentual de cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão” (conforme o art. 37, VIII). A ementa da Lei nº 7.853/89 fixa que ela: Dispõe sobre o apoio as pessoas portadoras deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Publico, define crimes e da outras providências. A Lei nº. 7.853/89 prevê também que se adote legislação específica, disciplinadora da reserva de mercado de trabalho para as pessoas com deficiência física - art. 2º, II, d3, bem como o Decreto nº. 3.298/99, o qual instituiu a Política Nacional para a Integração da Pessoa portadora de Deficiência. Merece destaque, o Decreto nº. 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que veio regulamentar a já citada Lei nº. 7.853/89. O Decreto dispõe amplamente sobre o assunto, com destaque para as seguintes determinações: Art. 2 Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos (...) ao trabalho. (...) Art. 6o São diretrizes da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência: (...) V - ampliar as alternativas de inserção econômica da pessoa portadora de deficiência, proporcionando a ela qualificação profissional e incorporação no mercado de trabalho; e VI - garantir o efetivo atendimento das necessidades da pessoa portadora de deficiência, sem o cunho assistencialista. (...) Art. 7o São objetivos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência: (...) IV - formação de recursos humanos para atendimento da pessoa portadora de deficiência; (...) Art. 15. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal prestarão direta ou indiretamente à pessoa portadora de deficiência os seguintes serviços: (...) II - formação profissional e qualificação para o trabalho. No Artigo 36 traz a determinação que consideramos de maior relevância para o trabalhador com deficiência Art. 36. A empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de dois a cinco por cento de seus cargos com beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com pessoa portadora de deficiência habilitada, na seguinte proporção: Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. I - até duzentos empregados, dois por cento; II - de duzentos e um a quinhentos empregados, três por cento; III - de quinhentos e um a mil empregados, quatro por cento; ou IV - mais de mil empregados, cinco por cento” § 1o A dispensa de empregado na condição estabelecida neste artigo, quando se tratar de contrato por prazo determinado, superior a noventa dias, e a dispensa imotivada, no contrato por prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a contratação de substituto em condições semelhantes (...) (BRASIL, 2007, p. 173,4) Dada a relevância para o presente estudo a verificação da repetição da norma, uma vez que, exatamente nesses termos (de 100 a 200 empregados, 2%; de 201 a 500, 3%; de 501 a 1000, 4%; 1001 ou mais, 5%) a Lei nº 8.213/91 (portanto oito anos anterior ao Decreto nº 3.298/99), em seu artigo 93, já estabelecia cotas de vagas, a serem preenchidas compulsoriamente pelas empresas do setor privado: Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: I - até 200 empregados.............................................2%; II - de 201 a 500........................................................3%; III - de 501 a 1.000....................................................4%; IV - de 1.001 em diante. ...........................................5%. § 1º A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de substituto de condição semelhante (...)”. Para Dias (2008), se as empresas tivessem obedecido ao primeiro mandamento de preenchimento de cotas (contido na Lei nº 8.213/91), teria sido totalmente desnecessário repetir a norma no Decreto nº 3.298, de 1999. Somese ao exposto o fato de que a própria lei, mesmo visando proteger a pessoa portadora com deficiência, talvez tenha trazido empecilhos à sua entrada no mercado de trabalho. Tanto o parágrafo 1º do art. 93 da Lei nº 8.213/91, quanto do art. 36 do Decreto nº 3.298/99, que determinam que a dispensa do empregado deficiente somente pode ocorrer após a contratação de substituto de “condição semelhante”, trazem entraves consideráveis à contratação inicial. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Para Pastore (2000, p. 59) tal medida consiste em proteção exagerada, e: tende a assustar o empregador, transformando-se em discriminação adicional. As empresas, temendo não encontrar substituto equivalente para o portador de deficiência que vier a ser desligado e não podendo demitir até mesmo quando encerrar as atividades em que ele trabalha, resistem em admitir o primeiro – o que limita as oportunidades de trabalho para os portadores de deficiência como um todo. 3.4 Deficiência: conceituação e tipos de acordo com a legislação vigente Antes de apresentarmos a conceituação e os tipos de deficiência, vamos, por uma questão didática, diferenciar os termos: deficiência, incapacidade e desvantagem. Deficiência é quando ocorre uma perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, decorrente de causas congênitas e/ou adquiridas. Incapacidade é a ocorrência de qualquer restrição ou falta, em consequência de uma deficiência, da capacidade de exercer uma atividade da maneira considerada como normal. Desvantagem é consequência de uma deficiência ou de uma incapacidade que limita e/ou impede o desempenho de atividades que são normais ao ser humano em função de idade, sexo e fatores sociais e culturais (BRASIL, 2007). De acordo com a Convenção nº. 159/83 da OIT e a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, que foram, devidamente, ratificadas pelo Governo brasileiro e ganharam o status de leis nacionais, deficiência, para fins de proteção legal, é conceituada como “[...] uma limitação física, mental, sensorial ou múltipla, que incapacite a pessoa para o exercício de atividades normais da vida e que, em razão dessa incapacitação, a pessoa tenha dificuldades de inserção social” (BRASIL, 2007, p.20). Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Essa definição é ampliada pela Organização Mundial de Saúde que, por meio da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, passa a considerar os fatores ambientais como elementos de análise adicionais da funcionalidade e incapacidade das pessoas com deficiência, considerando, assim, na avaliação médica, fatores do meio ambiente no qual estão inseridas essas pessoas. Assim, o Decreto nº. 3.298/99, cuja redação foi atualizada pelo Decreto nº. 5.926/04, considera: I - deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II – deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; [...] (BRASIL, 2007, p. 21). Com base no mesmo Decreto, as deficiências são classificadas em: Deficiência Física; Deficiência Auditiva; Deficiência Visual; Deficiência Mental e; Deficiência Múltipla. Seguem-se suas definições: Deficiência física “’É a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções [...]” (BRASIL, 2007, p. 23). Deficiência auditiva “[...] É a perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz [...]” (BRASIL, 2007, p. 24). Deficiência visual “[...] • Cegueira – na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; • Baixa Visão – significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; • Os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60°; Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. • Ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores [...]” (BRASIL, 2007, p. 24). Deficiência mental “[...] funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilização dos recursos da comunidade; e) saúde e segurança; f ) habilidades acadêmicas; g) lazer; e h) trabalho [...]” (BRASIL, 2007, p. 24, 5). Deficiência múltipla “[...] a associação de duas ou mais deficiências. [...] (BRASIL, 2007, p. 24, 5). 3.5 Perfil sócio-demográfico das pessoas com deficiência Segundo dados do Censo realizado em 2000, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 24,6 milhões de pessoas apresentava algum tipo de deficiência ou incapacidade, o que correspondia a 14,5% da população brasileira, que era de 169,8 milhões em 2000 (BRASIL, 2008). A nova taxa oficial de pessoas com deficiência no Censo de 2000, apresentou-se 12 vezes superior àquela observada em levantamentos anteriores, isso ocorreu devido ao fato da pesquisa incorporar uma maior variedade de tipos e graus de deficiência. Assim, do total de pessoas que apresentavam deficiências, 11,5% declararam apresentar deficiência mental (11,5%); 0,44% tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia; 5,32% falta de um membro ou parte dele; 57,16% alguma dificuldade de enxergar; 19% alguma dificuldade de ouvir; 22,7% alguma dificuldade de caminhar (22,7%); 10,5% grande dificuldade de enxergar; 4,27% grande dificuldade de ouvir; 9,54% grande dificuldade de caminhar; 0,68% incapaz de ouvir; 2,3% incapaz de caminhar e 0,6% incapaz de enxergar. Como era de se esperar, a proporção de pessoas com deficiência aumenta com a idade, passando do percentual de 4,3% nas crianças até 14 anos, para o de 54% do total das pessoas com idade superior a 65 anos. Com relação à instrução, uma parcela significativa dessa população (32,9%) não tem nenhuma instrução ou menos de três anos de estudo. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. As regiões brasileiras onde os índices de deficiência são acentuados os níveis de educação e renda também são baixos, ao passo que aquelas onde o registro é menor, observa-se o contrário. No Lago Sul, Região Administrativa de Brasília de classe média alta, a taxa de deficiência é a menor do Distrito Federal e a educação média das pessoas com deficiência chega a quase 11 anos, uma taxa bastante alta, ao passo que a renda média é de mais de R$ 3mil, sendo que a média nacional alcança R$600. Um provável reflexo de menor acesso e consumo aos bens e serviços de saúde faz com que negros (17,47) e índios (17,06) apresentem as maiores taxas de deficiência que os brancos (13,78%). Quando comparamos a população de afro-descendentes, aos não afros, com mesma idade, gênero e estado de moradia, os primeiros possuem entre 3% e 9% a mais de chances de apresentarem deficiência ou incapacidade. A maior parcela da população com deficiência encontra-se na zona urbana (19,8 milhões) e é do sexo feminino (13,1 milhões). Dos que se encontram na faixa etária de 7 a 14 anos, 88,6% estão matriculados na escola. Do grupo com 15 anos ou mais, 27% nunca foram a escola. Em relação ao estado civil da população com deficiência, 35% declaramse solteiros e 21,8% casados. Quanto à crença religiosa, a maioria professa a religião católica (73%), seguida da evangélica (17%), da espiritualista (1,3%), da oriental (0,8%), da afro-brasileira (0,3%) e o restante, declaram não ter religião. Quanto à distribuição geográfica, o maior percentual encontra-se na Região Nordeste, onde se destacam os estados: Paraíba (18,7%), Rio Grande do Norte (17,6%), Piauí (17,6%), Pernambuco (17,4%) e Ceará (7,3%). E o menor percentual, na Região Sudeste, nos Estados São Paulo (11,3%), Roraima (12,5%), Amapá (13,2%), Paraná (13,5%) e Distrito Federal (13,4%). Dos 26 milhões de trabalhadores formais ativos no país, apenas 537 mil (2,05%) são pessoas com deficiência, em Brasília este índice é um pouco maior (2,19%). Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. 4. METODOLOGIA Realizou-se uma pesquisa de caráter qualitativo, por meio de entrevista semi-estruturada com grupos focais, com o objetivo de conhecer opiniões e percepções de professores com deficiência de escolas públicas de Brasília, DF, contratados por concurso público - Lei de Cotas, em relação à política de cotas, as dificuldades enfrentadas para o exercício de suas atividades laborais e sobre a política de inclusão das escolas públicas, a partir de sua prática docente.. Grupo focal é uma entrevista em grupo, que tem por objetivo reunir informações detalhadas sobre um determinado tema, a partir de um grupo de participantes selecionados (DIAS, 2000). Esta técnica permite o levantamento de dados com mais informações, com maior rapidez, baixo custo e liberdade do pesquisador para fazer intervenções, que nas entrevistas individuais (DIAS, 2000). 4.2 - População e Amostra A população da pesquisa foi constituída por um grupo focal, constituído por 4 professores, 2 homens e 2 mulheres, todos com deficiência. Os participantes receberam nomes fictícios de José, Nair, Ana Lúcia e Marcos. José é deficiente visual, está na SEDF há 4 anos e atua como professor de soroban; Nair é deficiente física, está na SEDF há 4 anos, é professora de inglês e português; Ana Lúcia é deficiente visual, professora de atividades, está há 04 anos na SEDF; Marcos é professor de história, já trabalhou com professor da SEDF, de 1978 a 1987, prestou novamente concurso público e está trabalhando há 8 anos. Os grupos foram compostos mediante relação nominal de professores contratados por concurso público – Lei de Cotas da SEDF, fornecida pela GRH/ SEDF. As entrevistas foram realizadas em uma sala de reuniões, da Escola de Aperfeiçoamento da SEDF, que gentilmente cedeu o espaço para a realização das entrevistas, o que facilitou o acesso e a participação de todos os professores convidados para compor o grupo. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. O instrumento utilizado na coleta de dados foi um questionário de entrevista semi-estruturado (Anexo 1), composto por três perguntas abertas. As respostas e debates do grupo foram gravados, com o consentimento dos professores e posteriormente transcritos. Procurou-se elaborar o questionário de entrevista com o menor número possível de questões, para não tornar a abordagem cansativa. As questões foram elaboradas a partir de experiências pessoais da pesquisadora e com base em estudos prévios realizados por outros autores. 4.3 Teste Prévio Com o objetivo de garantir a confiabilidade e a validade dos dados coletados na pesquisa, o questionário de entrevista foi submetido a teste prévio, aplicado pela pesquisadora a um grupo focal, constituído de dois professores, com as mesmas características da população definitiva. O teste prévio revelou que o questionário de entrevista estava adequado aos seus objetivos e que as perguntas foram bem compreendidas pelos participantes. 4.4 Coleta de Dados Antes das coletas de dados, foram realizados dois encontros prévios com o Gerente de Recursos Humanos da SEDF, objetivando obter autorização para realização das entrevistas e dois encontros com os professores, para expor a importância da pesquisa e formular os convites. Após as explicações de praxe, sobre a pesquisa e obter a anuência de todos os participantes, a pesquisadora agendou a entrevista com o grupo e anotou todos os dados para manter contato e não perder nenhum participante. A pesquisadora contou com a ajuda de duas professoras voluntárias para realizar a entrevista com o grupo. 4.5 Execução A aplicação do questionário de entrevista com o grupo focal, foi realizada nos meses de maio de 2009, em local e horário previamente marcado no local escolhido. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Antes da realização da entrevista, a pesquisadora, verificava se todos os participantes estavam tranquilos e ambientados ao local. Em seguida, assegura se local estava em silêncio e sem a presença de pessoas que pudessem interferir ou inibir as respostas dos entrevistados e, só então, solicitava a autorização dos entrevistados para ligar o gravador e iniciar as entrevistas. Durante o trabalho com grupo focal, o ambiente foi propício à troca de experiências e a pesquisadora só precisou intervir uma única vez, quando o grupo se dispersou do assunto de interesse do estudo. Uma vez iniciado o trabalho, a pesquisadora proferia algumas palavras, lembrando a importância da entrevista. Em seguida franqueava a palavra aos membros dos grupos para que fizessem uma breve apresentação. A condução da entrevista foi com base no Roteiro de Entrevista (Anexo 1) e segui as três questões de investigação que o projeto visava responder. A análise das entrevistas constituiu-se de quatro momentos distintos: • Leitura das respostas, com foco no grupo como um todo, almejando obter uma visão geral do material analisado (MARTINS e BICUDO, 1989); • Leitura para encontrar unidades de significados, ou seja, aqui a finalidade foi levantar as frases mais significativas nos dados obtidos (MARTINS e BICUDO, 1989); • Definição de temas mais importantes, partes significativas delimitadas por temas (MARTINS e BICUDO, 1989); • Síntese integradora dos "insights" das unidades de significado; a perspectiva adotada na análise é da descoberta de como os sujeitos experienciam o fenômeno ou de como o autor da mensagem vê o fenômeno como um todo (MARTINS e BICUDO, 1989). 4.6 Análise dos Dados A entrevista do grupo focal teve a duração de aproximadamente 2h, foi transcrita para facilitar a análise de dados. O material foi analisado individualmente. Percebendo as diferenças e igualdades dos questionamentos. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Opiniões e percepções relacionadas à política de inclusão educacional da SEDF: Para Sassaki, inclusão significa: “O processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. (...) constitui um processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos.” (SASSAKI, 1977, p.41) A inclusão está relacionada à forma como a escola concebe e interage com a diferença, tendo como eixo a relação com outro. Lembrando que presença do educando com necessidades educacionais especiais, no interior da escola, não é condição suficiente para que a inclusão aconteça. Cabe ao professor promover a interação entre os grupos, fazendo-se perceber e aceitar as diferenças individuais, valorizar cada pessoa convivendo dentro da diversidade humana e, aprender por meio da cooperação. A inclusão social é o processo pelo qual a sociedade e o deficiente procuram Adaptar-se mutuamente em vista a equiparação de oportunidades e, conseqüentemente, uma sociedade para todos. A inclusão significa que a sociedade deve adaptar-se às necessidades das pessoas para que esta possa desenvolver-se em todos os aspectos da sua vida. (Sassaki, 1997, p. 168) Com a inclusão, vivenciamos o encontro com a diferença, e esse convívio “[...] com a diversidade de etnias em sala de aula, com suas culturas de origem, com camadas sociais diferenciadas dessa nossa organização social, com as peculiaridades físicas e psíquicas, etc. possibilita repensar saberes muitas vezes conflitantes, contrapô-los ao conhecimento universal necessário ao momento histórico e oportunizar transformações das visões assimiladas no cotidiano. Há, assim, na sala de aula, o movimento da vida que está no todo social, trazendo os contextos individuais a serem conhecidos, partilhados; muitas vezes ocasionando conflitos, outras vezes, surpresas, surgimento de novas idéias. Esse relacionamento vai também mostrando o que é comum a todos. É um trabalho de difícil Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. articulação, tendo que considerar a forma específica de atingi-los, implicando às vezes linguagens diferenciadas (braille, língua de sinais, etc.), instrumentos adequados para se locomoverem, para ampliar a visão, audição, carteiras adequadas, arquitetura com rampas, etc., exigindo portanto nova organização da escola” (JANNUZZI, 2004, p.4) Por isso, quando se pensa na organização de um espaço inclusivo é “[...] preciso considerar e consultar as pessoas que irão desfrutar desse espaço, suas necessidades e características específicas. O tempo é elemento que deve ser considerado, com relação às atividades, intervalo entre as aulas e recreio, sem discriminação.” (MACHADO e MAZZARO, 2008 p.9) Ao considerar as opiniões do grupo sobre a política de inclusão, não houve grandes divergências de opiniões. De forma geral os professores fizeram críticas relacionadas a falta de estrutura das escolas e de preparo dos professores para o atendimento aos alunos. Opiniões significativas do grupo foram: PARTICIPANTES JOSÉ NAIR RESPOSTAS/OPINIÕES “[,,,] como estão incluindo hoje não é certo, pois as escolas não têm recursos, as salas de recursos que não tem nada, os meninos ficam lá o tempo todo, sem fazer nada, deveriam usar o tempo pra fazer atividade física, aprender coisas diferentes[...]”. “[...] o professor regente é um coitado como pode dar atenção a um no meio de 40 alunos? Adequar conteúdo? Nessa situação é impossível, é inviável. É melhor nessas condições estar numa escola especial, pois assim além de não aprender nada, também estão sendo de fato descriminados. [...]” “[...] Não concordo com a inclusão, é uma questão polêmica, acho que prejudica a aprendizagem da criança com necessidades especiais, eu mesma tive sérios problemas na minha infância, falo por mim que estudei em escola especial, naquela época não existia isso de inclusão, hoje se joga uma criança numa escola regular pra dizer pra a sociedade que se está incluindo, estamos fazendo algo por essa criança, na verdade estão se eximindo de responsabilidade, fingindo uma situação. Eu, como deficiente visual, e tida até como deficiente mental devido as minhas dificuldades, tive muitos problemas pra aprender, pra reter conteúdo. Estudei em escola regular, e a direção me encaminhou pra uma escola com ensino especial, estudava na regular em um turno e 3x por semana ia pro centro especial, e esse atendimento transformou a minha vida, esse acompanhamento especial é que fez a diferença em minha vida, atendimento direcionado, personalizado com toda uma equipe especializada, professores, psicólogos, pedagogos... Passei de uma aluna que só tirava 0 pra uma aluna com notas boas, destaque de minha sala de aula. Se eu fosse 1 entre 40 alunos, certamente não conseguiria ter tido esse avanço, não estaria hoje aqui. Lembro-me de uma situação em minha 2ª série, quando uma professora perguntou pra turma quem não entendeu e uma coleguinha falou que eu não havia entendido, e a professora disse que eu não iria entender de qualquer forma. Esse episódio marcou muito a minha vida, essa professora não estava preparada pra trabalhar comigo, ou com nenhum outro aluno com Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. ANA LÚCIA MARCOS necessidades especiais, e até hoje na rede a grande maioria dos professores também não está preparado. [...]” “[...] concordo com a Nair, estar convivendo com os outros é importante, faz parte do aprendizado, mas ele precisa também desse atendimento diferenciado, personalizado pra conseguir aprender alguma coisa. Hoje uma sala de recurso com 1 professor tem que atender 4, 5 ou mais escolas, como é possível atender alguma criança assim? É só pra dizer que está fazendo alguma coisa. E na verdade os professores não têm preparo pra esse atendimento. Faz-se um curso de 1 semana e você já pode ir pra uma sala de recurso, já se permite pela gestão, como se estivesse preparado, o aluno coitado é quem sofre muito, ele já tem problemas, é mal atendido.[...]” “[...]a inclusão pra mim não existe, existe uma integração perfeita ou piorada. A inclusão deve acontecer, mas não agora. Talvez daqui a 30 anos, precisamos mostrar pras crianças, gestores, políticos o que é ter uma deficiência, pra viver o que a gente vive, por isso ele acha tudo caro. O que a Holanda implantou há 20 anos, o Brasil está implantando agora. E o pior que essa visão não é só GDF, é o governo federal também. No MEC existe uma servidora que infelizmente é deficiente visual e a mesma defende que os deficientes visuais não devem ler mais braille pois só o áudio já basta, é só política. A inclusão é dar autonomia e oportunidades iguais, e adaptação. Hoje com curso simples de braille a pessoa já vai trabalhar com deficiente visual, sem saber lidar com ele, faz chacota, ri, pensa que deficiente visual não escuta, não deveria habilitar alguém a lidar com deficiente, guiar é uma coisa, dar aula é outra coisa. Deve-se ter uma vivência, é necessário. Temos que repensar muitas coisas [...]”. Mittler (2003), corrobora com a opinião de alguns professores ao dizer que “Não importa o quão comprometido um governo possa ser com relação à inclusão; são as experiências cotidianas das crianças nas salas de aulas que definem a qualidade de sua participação e a gama total de experiências de aprendizagem oferecidas em uma escola. As formas através das quais as escolas promovem a inclusão e previnem a exclusão constituem o cerne da qualidade de viver e aprender experimentado por todas as crianças (Mittler, 2003, p. 139). Carvalho (2004), acredita de devemos nos posicionarmos com reservas perante os discursos que apregoam a extinção dos serviços especializados. A autora se pronuncia de maneira favorável à co-existência desses dois modelos, sob o princípio de que alguns educandos apresentam dificuldades ao longo do seu processo de escolarização, requerendo apoio intenso e permanente. Lima (2005), acredita na importância de fazermos uma leitura crítica em relação aos enunciados que evocam as instituições especializadas como ambientes “exclusivos e excludentes”, visto que em momentos pontuais da vida desses alunos, elas podem ser fundamentais para o seu desenvolvimento. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. Para ela, discursos apressados, em prol da extinção dos serviços especializados são frutos de uma visão linear entre o deficiente e a educação especial, traduzido na dificuldade em perceber as necessidades especiais, se elas existem ou não, quais seriam elas e em que casos o atendimento especializado se faz pertinente. Já para Ferre (2001), o que é diferente salta aos olhos, incomoda. A presença de seres considerados diferentes aos demais, caracterizados pelo “espelhismo da normalidade”, é vivida como uma grande perturbação. Sobre isso a autora destaca: Não há nada tão perturbador como aquilo que a cada um lembra seus próprios defeitos, suas próprias limitações, suas próprias mortes; é por isso que as crianças e os jovens perturbam os adultos; as mulheres, os homens; os fracos, os fortes; os pobres, os ricos; os deficientes, os eficientes; os loucos, os cordatos; os estranhos, os nativos [...] e, talvez, vice-versa (FERRE, 2001, p.198). Duek (2006), ao opinar sobre o tema acredita que a nossa constituição de eu, bem como, a nossa visão de mundo, é “[...] construída com base nas nossas experiências, situadas no contexto em que vivemos, qual seja, o da própria sociedade, onde a diferença é renegada, excluída, em prol de um movimento homogeneizador, que trata de instituir o normal e o anormal, o igual e o diferente. A inquietação advinda da presença – quase sempre incômoda - do outro diferente resulta na edificação de um aparato pedagógico e assistencial, que ratifica e produz diferenças sob uma lógica de significados que cuidam de definir o lugar do outro, bem como seus limites e possibilidades. (DUEK, 2006, p.64) Para Duek (2006), o encontro com a diferença/deficiência produz uma miscelânea de sentimentos num mesmo indivíduo, podendo denotar preconceito, compaixão, temor, revolta dentre outros. No seu entendimento, o modo como o educador apreende a realidade decorre de seu campo perceptual, formado a partir das experiências vividas ao longo da sua existência. Já Amaral (1994), nos diz que o outro deficiente é a própria encarnação da assimetria, do desequilíbrio e “des-funções” que ameaçam, intrinsecamente, as bases da existência do outro. Ele representa a consciência da imperfeição, daquele que vê refletido no outro, suas próprias carências e fragilidades. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. 5.2 Opiniões e percepções relacionadas à política cotas Para Sorj (2000), continua a ser um dos mais importantes determinantes das condições de vida das pessoas. Isto porque o sustento da maioria dos indivíduos continua a depender da venda do seu tempo e de suas habilidades de trabalho no mercado. O mundo do trabalho, segundo o autor, é apenas uma das dimensões de um amplo espectro de transformações radicais que afeta nossas vidas. Para Dias (2008), o ambiente acessível é aquele que propicia às pessoas todas as oportunidades de se relacionarem com ele e de usufruí-lo na sua plenitude. Assim, entende-se que a acessibilidade não é apenas o acesso ao ambiente, por meio de uma rampa ou um elevador, mas a possibilidade de a pessoa entrar e utilizá-lo de forma completa, interagindo com ele, sem a necessidade de ajuda de outras pessoas. Nesse enfoque, a acessibilidade pauta-se no conceito de que, mesmo as pessoas sendo iguais na essência, são extremamente diferentes quanto à formação física e orgânica. Por isso, as diferenças individuais devem ser respeitadas, garantindo direitos e oportunidades iguais para os cidadãos. Opiniões significativas do grupo foram: PARTICIPANTES JOSÉ RESPOSTAS/OPINIÕES “[,,,] eu nunca utilizei desses direitos, nem em fila de deficiente eu entro, não é questão de não me aceitar, é porque não sinto necessidade. Agora que estou comprando um carro adaptado, com os descontos estipulados. Não gosto de me impor limitações que não tenho. Deveriam ser oferecidos maiores condições aos mais necessitados de atenção, aos deficientes, aos que são tratados como desiguais. As cotas no geral foram um ganho, mas é necessário algo mais, maior.[...]” “[...] A cota deveria entrar ai também pra se estabelecer a questão de exercício provisório e definitivo no caso do deficiente, já passei por situações de ficar na semana pedagógica sem saber se ia ou não ficar na escola, isso não faz bem a servidor nenhum, muito menos ao bom planejamento pra o início das aulas, até porque você não sabe nem que turma terá. Tem também o problema da escolha de turmas, uma vez há dois dias de começarem as aulas não sabia a turma que iria ministrar, é impossível se programar, se adaptar a esse novo ano, novo início. Só arrumaram minha sala de aula depois de muito barulho, muito questionamento. Isso é muito ruim para o ambiente de trabalho, a pessoa está exigindo os seus direitos e é visto como chato. Bem, com o concurso de remoção a cota também tem que funcionar, isso não acontece na SEEDF. Até hoje não resolvi essa questão, todo ano faço o concurso de remoção, mas é uma época difícil pois fico nessa Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. instabilidade sem saber como será meu próximo ano, se seria devolvido a DRE ou não. Acho que tudo é uma questão de conscientização, de boa vontade. A direção atual da minha escola não sabe nada de deficiência visual, mas fazem de tudo pra me ajudar, entender minha vida e minhas limitações. Hoje estou numa luta juntamente com o sindicato pelos meus contracheques em Braille, e a SEEDF informou que já que queremos igualdade que olhemos no site como todo mundo! A questão é que o site também não é adaptado pra deficientes visuais. É uma luta que não acaba nunca. O próprio sindicato que fala em inclusão pediu uma lista com todos os deficientes visuais para se mandar o jornalzinho em Braille, já tem 09 meses que estou esperando, isso tem que começar no sindicato também. A categoria não nos ajuda, como a grande maioria, acha que estamos usando a deficiência com benefício próprio. Não vou dizer que não exista esse que quer se dar bem, mas é uma minoria, o que um faz não pode fazer todo o resto pagar. Isso acontece também com as pessoas ditas normais, tem sempre alguém querendo burlar as coisas, mas também se trata de uma minoria. Os professores com deficiências têm que se unir para garantia de seus direitos e melhorias de trabalho, sejam elas, diário em Braille, ampliado, eletrônico, etc. O que acontece hoje em dia é o que nós conseguimos dentro da SEEDF é na base de favores e não de regulamentação. Hoje a SEEDF não conhece o que é inclusão de seus servidores, quer jogar a gente em sala de qualquer jeito, diminuir pessoal, fazer economia, mas não sabe o que é deficiência, não sabe como tratar seu funcionário, acha que todo funcionário é folgado, já com os alunos querem fazer número, querem ganhar mídia. Não vejo a SEEDF valorizar seu funcionário com deficiência, nem a Secretaria de Sàude, o que a gente vê é aquelas campanhas “ser deficiente é normal”, cerimônias, eventos grandes e bonitas para aparecer na televisão, ou seja, sempre pra alguém subir e aparecer nas nossas costas, com a nossa causa. [...]” NAIR “[...] Quando eu fiz as provas do concurso da SEE/DF pelas cotas, eu não sabia o que eu tinha direito, nem bem o que isso significava direito. Eu acho que um grande problema das pessoas é a falta de informação. Eu tenho glaucoma, perdi a visão de um olho e do outro enxergo muito pouco. Mas nunca me vi tendo uma deficiência, apenas como alguém que enxergava com dificuldades. Um dia alguém me falou que eu tinha direito a carteira de deficiente, vem ai a questão de se aceitar como deficiente, que até então eu não me via. Até fazer o concurso correu tudo bem, tive atendimento especial, e fui muito bem recebida, pois minha maior dificuldade nessas provas era ler o texto com aquelas letras pequenas e preencher o gabarito, bem essa etapa foi vencida. Logo que entrei comecei a esbarrar nos problemas na casa. A legislação dos deficientes é clara quando diz que as instituições devem se adaptar as nossas necessidades, e não o contrário, mas não é isso que acontece aqui. Eu trabalhava distante da minha casa, pois tenho dificuldade em pegar ônibus, daí entrei com processo interno e solicitei uma maior proximidade da minha casa, passei por uma junta médica, de um médico apenas! Mas consegui mudar de escola, porém os problemas continuam até hoje, pois não é só no trabalho que eu convivo com essa deficiência, eu é que tenho que constantemente me adaptar ao meu trabalho. Hoje estou movendo uma ação na justiça contra a SEEDF, pois eu trabalho no período vespertino e esse é um turno com grande claridade, e isso me faz muito mal. Ano passado passei por duas cirurgias, e essa dificuldade está ainda maior. Nas salas de aula escuras, temos que abrir as janelas, daí os raios de sol batem no meu olho, enfim minha solicitação é de dar aulas no período da manhã, por vários motivos, até mesmo por suceder a noite onde eu teria dormido a noite inteira e meus olhos estariam mais relaxados o que conseqüentemente me trariam um menor desconforto, ou Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. ANA LÚCIA seja, estaria no meu melhor momento para dar minhas aulas. Eu enxergo só com um olho e nesse olho apenas tenho 25% de visão, isso não me impede de trabalhar, mas eu preciso me adaptar, preciso de uma adaptação e atenção pra trabalhar. Eu também não posso esquecer das minhas condições porque depois eu perco a visão de vez e ninguém vai fazer nada por mim, muito menos a SEEDF, eu tenho que obrigatoriamente me cuidar. Bem, eu fiz essa solicitação a Regional de Ensino e me foi negado, daí tive que entrar com a ação e isso já tem mais de um ano. Uma burocracia muito grande. O que acontece é que se oferece as cotas, mas esquece-se que essa pessoa precisa de uma adaptação maior para trabalhar, eu não quero burlar nada, passar na frente dos meus colegas, tirar vantagem de ninguém. Eu quero é trabalhar, não quero me aposentar antes da hora, não quero ser readaptada, só quero exercer minha profissão. E oferecer o meu trabalho a comunidade que depende de mim, até comentei com uma colega recentemente que os meses de agosto e setembro foram meses muito sofridos onde passei muito mal, e mesmo assim eu não peguei um atestado médico, não é por nada apenas por que penso nas crianças que dependem e precisam de mim, e eu poderia estar do outro lado como mãe na expectativa que meus filhos estejam aprendendo na escola. Não é só um emprego, eu faço a minha parte como funcionário, queria que a SEEDF fizesse a parte dela e a sociedade me olhasse com outros olhos não como alguém que quer tirar vantagem. [...]” “[...] Eu mesmo trabalhei em maio após um tombo com a perna quebrada por uma semana, até ir ao medico e o mesmo me afastar por 04 meses do trabalho, pois minha perna não pode ser engessada, estou voltando hoje. Se meu trabalho tivesse melhores e apropriadas condições de trabalho, evitaria e muito esses acidentes, pois meu tombo foi decorrência de um degrau maior do que o outro. Não só no trabalho, mas nas ruas, nos locais e ambientes públicos. Essas limitações são decorrência da falta de visão e consciência dos governantes/autoridades, isso inclui a própria SEEDF de olhar por nós, por essas situações específicas. A gente fala enquanto servidores da SEEDF, mas tem os alunos também e seus pais que muitas vezes não os querem em escolas especiais, querem inseri-los em escolas regulares, com os demais alunos. As vezes até por medo, o ideal mesmo é que inicie-se no centro especial para ser bem preparado, para só depois ser incluídos, alguns conseguem outros não, é o caso da Núbia, tem que se analisar caso a caso, tem que existir uma política de inserção maior, por exemplo, no caso atual da Núbia a própria direção da escola já deveria ter uma sensibilidade evitando tamanha burocracia, é falta de bom senso até do colega que trabalha com a gente de se colocar no lugar do outro, agora que já existe até processo nesse caso vai existir até uma birra da SEEDF e pode se prolongar sabe lá até quando, é um absurdo da direção do colégio não ter a capacidade de resolver uma questão interna dessas. Os gestores da SEEDF devem ter autonomia para lidar com situações como essas, deveria ser regulamentado. Os custos gastos com essas questões devem ser vistos como um custo social para o bem de todos. MARCOS “[...] As reservas ou cotas resolvem algumas questões inicialmente, mas de fato no ambiente de trabalho nós necessitamos de adaptações, como por exemplo, o diário de classe tem que ser eletrônico. Atualmente a direção da minha escola me disponibiliza uma pessoa para eu estar ditando as informações, pois não sabem Braille, mas isso é muito complicado pois as vezes a pessoa não está ou não vai, me deixa dependente, tira a minha autonomia, isso me estressa. Fora as problemáticas que encontrei desde que entrei na SEEDF em 2003, onde tive um grande problema para entrar... Passei primeiro pela DRE Samambaia, passaram ao todo 30 deficientes nesse concurso, no edital constava 20% de cota conforme prevê a lei distrital 160, só que o Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. concurso foi feito regionalmente e por turno, mas a cota foi feita por turno e por cidade, mas a lei não fala nada disso, a SEEDF pegou a lei e adaptou do jeito que quis. Daí observei que foram chamados 365 professores, mas apenas 15 deficientes, ora 20% é 62, fui buscar meus direitos no MPDFT, mas isso demorou mais de 1 ano e só em 2004 fui tomar posse, foram muitos aborrecimentos, muitas idas e vindas. Fui dirigido a DRE do Plano Piloto e encaminhado ao Centro Especial, por pouco não fui aceito pela direção na escola devido a uma experiência ruim com um outro professor com deficiência visual, minha situação era diferente pois me adaptei bem ao trabalho, sabia Braille, informática, soroban... O caso do deficiente é muito difícil temos que provar a todo instante que somos capaz e temos capacidades, somos diferentes mas capazes. Após a troca da direção no ano seguinte, descobri que estava em exercício provisório, mas como não havia sido informado pelo administrativo fui pego de surpresa. Sei que essa é uma situação que muitos passam, porém no meu caso é diferente, a dificuldade é maior. [...]”. Dias (2008), aconselha que para amenizar as dificuldades da organização que recebe um profissional portador de deficiência em sua estrutura funcional, cabe tratar a questão deficiência com naturalidade. Para tanto, é tecida uma breve análise sobre o preconceito e a discriminação. Ambos são oriundos da inabilidade das pessoas em lidar com o diferente. A equipe responsável pelo processo seletivo deve estar preparada para viabilizar a contratação de portadores de deficiência. Principalmente no que se refere à adequação das exigências às peculiaridades que caracterizam as pessoas com deficiência. A inflexibilidade do perfil exigido pela empresa inviabiliza a contratação dessas pessoas, podendo configurar uma espécie de fraude contra a Lei de Cotas. Para Dias (2008), a pessoa portadora de deficiência está sujeita a todo tipo de impedimento. Apesar de a nossa legislação refutar e afastar qualquer tipo de cerceamento no exercício da cidadania dessas pessoas, tais barreiras ainda persistem, e podem ser classificadas em três grupos: • Barreiras Físicas: são as que impedem fisicamente a pessoa com deficiência de acessar, sair e permanecer em determinado local como escadas, portas estreitas que impedem a circulação de cadeira de rodas, elevadores sem controles em Braille, portas automáticas sem sinalização visual para Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. deficientes auditivos. Podem ainda se dividir em barreiras arquitetônicas, urbanísticas de transporte e comunicação. 1• Barreiras Sistêmicas: relacionadas a políticas formais e informais. Por exemplo: escolas que não oferecem apoio em sala de aula para alunos com deficiência, bancos que não possuem tratamento adequado para pessoas com deficiência. 2• Barreiras Atitudinais: preconceitos, estigmas e estereótipos sobre pessoas com deficiência, como, por exemplo, achar que a deficiência é contagiosa, discriminar com base na condição física, mental ou sensorial etc. Assim, entende-se que a acessibilidade não é apenas o acesso ao ambiente, através de uma rampa ou um elevador, mas a possibilidade de a pessoa entrar e utilizá-lo de forma completa, interagindo com ele, sem a necessidade de ajuda de outras pessoas. Nesse enfoque, a acessibilidade pauta-se no conceito de que, mesmo as pessoas sendo iguais na essência, são extremamente diferentes quanto à formação física e orgânica. Por isso, as diferenças individuais devem ser respeitadas, garantindo direitos e oportunidades iguais para os cidadãos. 5.3 Sugestões do grupo para o aperfeiçoamento das condições de trabalho de professores com deficiência da SEEDF Segue, na integra as sugestões do grupo de professores: PARTICIPANTES JOSÉ NAIR RESPOSTAS/OPINIÕES “Quem passa pela experiência de dificuldades dentro da escola pode falar com mais propriedade, eu mesmo não passo por nenhuma limitação. Acho que na escola falta um monte de coisa, mas apontamentos que todo professor deve fazer como salas de aula inapropriadas, muito cheias, o uso ainda de quadro negro com aquele giz que nos faz muito mal, mas são coisas gerais que todo o grupo passa, como deficiente não tenho nenhuma dificuldade específica, algum tipo de adaptação.” “Gostaria que a SEEDF olhasse com outros olhos ao deficiente, analisasse nossa situação caso a caso, como a minha necessidade de troca de horário de ministrar minhas aulas que já mencionei. Sou muito grata as cotas por ter me dado a oportunidade de passar num concurso público, mas necessito de fato de adaptações pra exercer bem meu trabalho. A conscientização do grupo é importante, ajuda no entrosamento e bem estar. É igual o caso que o colega falou da pessoa querer os benefícios que o deficiente tem, mas não é claro a deficiência que ele carrega. É uma questão humana, falta esse olhar humano, as vezes lá na frente ele pode algum dia estar na minha situação, a gente nunca sabe.” Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. ANA LÚCIA MARCOS “A SEEDF precisa se sensibilizar, a todos e principalmente o pessoal de cima, que lida com o público, as DREs. De 2000 pra cá são hoje 16 deficientes que entrarão pelas cotas na SEEDF. A cota é um meio de você entrar, mas depois que você entra, a gente que se vire, pois a SEEDF não tem um olhar inclusivo conosco, é que se você tivesse deficiência só pra entrar depois você meio que vira normal, comum.” “A palavra é sensibilização, é um bom começo”. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pessoa com deficiência precisa de oportunidades e não quer nenhuma forma de comiseração, mas ser tratado como um cidadão com direitos, deveres e potencialidades, como qualquer outra pessoa. É preciso um novo olhar para a educação, para os currículos e para os mestres, fazer uma profunda reflexão se as políticas públicas de inclusão estão atendendo às necessidades dos educandos, se elas vão torná-los preparados para a vida, para serem felizes e se sentirem incluídos na sociedade. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, L. A. Pensar a diferença/deficiência. Brasília: CORDE, 1994. BRASIL, Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. _______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística . IBGE. Censo Demográfico 2000: Características da População e dos Domicílios: Resultados do universo. Brasil: IBGE; 2000. _______. Direito à educação: subsídios para a gestão dos sistemas educacionais. Orientações gerais e marcos legais Organização. In: Gotti MO (Coord.). Brasília: MEC/SEESP; 2004. 353p. _______. A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. 2. ed. – Brasília: MTE, SIT, 2007. BRUNO, M.M.G. O significado da deficiência visual na vida cotidiana: análise das representações dos pais-alunos-professores [Dissertação]. Campo Grande (MS): Universidade Católica Dom Bosco; 1999. BUCHER, B. A sociedade e a inclusão do portador de deficiência mental. In: SILVA, L; POLENZ, T. Educação e contemporaneidade. 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CONSENTIMENTO DO PARTICIPANTE Eu, __ ______ ______ ____________________________________ Servido r(a) da SEDF, DECLARO que fu i esclarecido ( a) quanto aos o bjet ivos e pro cediment os da pesquisa PROFES SORES COM DEFICIÊNCIA DE ESCOLAS PÚBLICAS DE BRASÍLI A: OPINIÕES E PERCEPÇÕES SOBRE INCLUSÃO EDUCACIONAL E LEI DE COTAS pelo (a) pesquisado ra STUCKERT KE LEN CRIS TINA BORGES DA S ILVA e CONSINTO minha part icip ação nest e est udo e na realização das gravações dos enco nt ros, bem co mo o uso das imag ens e áud io s para fins de est udo e dos áud io s para publicação em r evist as cient íficas e de for mação de profissio nais. Brasília,_ ____de de 2009 _________________________________________ Assinatura do participante Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.