INTERPRETAÇÃO – O FOCO NAS ENTRELINHAS Prof.ª Esp. Mônica Coutinho [email protected] 1 “Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta para vislumbrar o que somos e onde estamos. Lemos para compreender, ou para começar a compreender. Ler, quase como respirar, é nossa função essencial” Alberto Manguel 2 Texto e discurso • Texto verbal – conjunto de falas que os interlocutores produzem numa situação comunicativa. 3 • Contexto discursivo – conjunto de fatores que formam a situação na qual é produzido o texto. Ex. papéis sociais – conhecimento de mundo (gato e rato)... • Discurso – conjunto da atividade comunicativa – constituída de texto e contexto discursivo (quem fala, com quem fala, com que finalidade...) 4 Intertexto e Interdiscurso • Intertextualidade – é a relação entre dois textos caracterizada por um citar o outro. • Interdiscursividade – é a relação entre dois discursos caracterizada por um citar o outro. • Paródia – é a relação intertextual em que um texto cita outro para criticar ou inverter ou distorcer suas ideias. 5 6 • Oswald fez uma citação em seu poema. • Dialogou com o poeta romântico – duas formas de ver o mundo. • O tipo de intertextualidade e interdiscursividade ... Quem fez, para que, em que momento histórico, com qual finalidade. 7 Intencionalidade discursiva • Intencionalidade discursiva – são as intenções explícitas ou implícitas existentes nos enunciados. 8 • A produção do discurso e a construção de sentido não dependem apenas dos elementos verbais de um enunciado, mas também dos elementos EXTRAVERBAIS. • A construção do humor está na falta de percepção de um dos interlocutores. 9 • Na vida social, a falta de qualquer elemento da situação da produção do discurso pode comprometer a interação verbal: • Quem fala. • Com quem fala. • Em que momento. • A intencionalidade do enunciado. • O veículo. 10 • O sucesso de nossas interações verbais, seja na condição de locutor, seja na de locutário, depende muito da nossa capacidade de lidar com a intencionalidade. 11 • O cliente não levou em conta: o local onde estava (barbearia), nem o papel social do seu interlocutor (barbeiro). • Não pôde perceber a intencionalidade. 12 • Levando em conta a situação de produção do enunciado da mãe inclusive a intencionalidade. • “Isso são horas de chegar?”. 13 GÊNEROS DO DISCURSO • Estima-se que existam mais de 5 mil gêneros em circulação na sociedade atual. • Faz parte do nosso dia a dia. • Para nos darmos bem com leitura, produção e interpretação devemos conhecê-los um pouco. 14 Se o locutor quer: • Instruir (receita). • Persuadir (anúncio). • Contar fatos pessoais (carta/e-mail). • História ficcional (narração). • Transmitir conhecimentos (didático). 15 • Os gêneros textuais foram criados a fim de atender determinadas necessidades de interação verbal. • Dependerá da esfera de circulação. • Porém os gêneros estão agrupados em cinco: NARRAR; RELATAR, ARGUMENTAR, EXPOR e INSTRUIR. 16 17 Competência leitora e habilidades de leitura • Competência leitora – “saber fazer”; saber lidar com as diferentes situações e problemas que se colocam diante de nós no dia a dia. • Habilidades de leitura – “como fazer”; como mobilizar recurso, tomar decisões, adotar estratégias... 18 • Competência e habilidade são modalidades diferentes do saber, que se completam mutuamente. Ex.: no âmbito da leitura e da interpretação de textos, a competência leitora (saber fazer) se expressa por meio de habilidades de leitura (como fazer) e se concretiza por meio de ação. 19 20 • A questão envolve duas áreas conhecimento: BIOLOGIA e ARTES. de • PRIMEIRO: leitura do texto verbal e identificação principal. • SEGUNDO: relacionar as pinturas com as pistas fornecidas pelo texto - um organismo ao receber material genético de outra espécie [...] passa a apresentar novas características. 21 • TERCEIRO – concluir que a alternativa B é a mais adequada (apresenta um ser que é meio peixe e meio humano). • Conjunto de ações e de operações: OBSERVAR, ANALISAR, RELACIONAR, CONCLUIR e COMPARAR – traduzem as habilidades necessárias para lidar com a leitura e a interpretação. 22 23 24 A “arte” de ler o que não foi escrito • Ao ler estamos frequentemente complementando as informações fornecidas pelos textos com as informações de que dispomos. • LER – significado - adaptação Houaiss. • Percorrer com a vista. • Ter acesso ao texto. 25 • • • • • • • • Conhecer. Entregar-se à leitura como hábito ou paixão. Interpretar. Compreender. Atribuir significado. Perceber, adivinhar, decifrar. Deduzir, inferir. Prever, presumir, formular hipóteses. 26 DEDUÇÃO: • Trata-se de um clube de pessoas que não dizem a verdade. • Resposta de pagamento das taxas – SIM. • Dedução: ninguém pagou. 27 PRESSUPOSTO: • Ela considera o programa uma droga. • A TV está desligada. • Força do hábito. 28 • Baseado no seu julgamento prévio, pressuposto – programas de TV são uma droga. 29 IMPLÍCITO: • O plano de saúde envia um cartão a um paciente internado no hospital. • No cartão, além de melhoras está escrito “último aviso”. 30 • Leitor deve ter um conhecimento de mundo: Plano de saúde é responsável por seus associados; e desejam cortar ao mínimo as despesas. SUBENTENDIDO • O plano de saúde não pretende continuar pagando as despesas daquele paciente. Ou seja: Fique bom imediatamente, porque vamos parar de pagar suas despesas! 31 INFERÊNCIA: • Um soldado da legião faz uma pergunta ao grande sábio. • Leitor conhecimento de mundo em relação aos morcegos 32 • Letras graficamente dispostas de cabeça para baixo. • Conclusão: O sábio foi influenciado pela convivência com os morcegos. 33 INTERTEXTUALIDADE: • Tira que remete a filmes policiais. • 1ª fala – reconhecimento. 34 • Problema na 2ª fala – contexto. • Para desvendar precisamos reconhecer os suspeitos • Devemos, então, recorrer À HISTÓRIA... 35 René Descartes “Penso, logo existo” Socrátes “Conhece-te a ti mesmo” 36 Karl Marx “Manifesto Comunista” Sociedade Igualitária Nietzsche Passos para se tornar “Super-Homem” 37 Sartre Fundador do existencialismo. • Cada um dos filósofos apresentados enfrentaram essa questão essencial: quem somos? • Assim, a fala final ganha sentido e provoca 38 humor. • • • • As intenções e todos os significados: Explícitos, implícitos. Os subterfúgios. As pausas e o silêncio. Precisam ser LIDOS e INTERPRETADOS de modo CRÍTICO e COMPETENTE. 39 • Três importantes operações avaliadas nos exames: • OBSERVAR. • ANALISAR. • IDENTIFICAR. 40 OBSERVAR/ANALISAR/ IDENTIFICAR 41 OBSERVAR/ANALISAR/ IDENTIFICAR 42 1ª OPERAÇÃO: Observar 1º OBSERVAR informações externas e internas: • “É parte de uma campanha publicitária” – campanha tem a intenção de conscientizar a algo. • A fonte indica o suporte ou o veículo em que o texto foi divulgado – ciência e ambiente. • Aciona diversos conhecimentos prévios. 43 2ª OPERAÇÃO: analisar 2º ANALISAR - Observar a imagem, ler o enunciado verbal e relacionar a parte verbal com a parte visual. Ou seja, identificar os componentes ou elementos fundamentais de um texto. • A questão é de múltipla escolha, portanto, além de analisar, você é levado a confrontar ou comparar sua compreensão global com as afirmativas feitas por ele, a fim de identificar. Questão A. 44 45 3ª OPERAÇÃO: identificar 3º IDENTIFICAR – “tomando algo como referência (absoluta ou relativa), consiste em buscar o que corresponde (total ou parcialmente) a essa referência”. • A resolução da questão implica analisar cada uma das alternativas e realizar a troca da expressão destacada por um verbo. Comparar e analisar o sentido das frases para, finalmente, identificar a alternativa. Questão E 46 Mais operações... 47 COMPARAÇÃO • COMPARAÇÃO – examinar simultaneamente duas ou mais coisas, para lhes determinar semelhança, diferença ou relação... • Tema. • Gênero do discurso. • Sentimentos do enunciador. • Linguagem... 48 49 50 MEMORIZAÇÃO • MEMORIZAÇÃO – conhecimento prévio sobre alguns aspectos... 51 RELAÇÃO • RELAÇÃO – relacionar dois ou mais textos equivale a estabelecer conexões e analogia, aproximá-los levando em conta algum tipo de critério. Ex.: nos exames nunca se pede para que o aluno relacione uma coisa ou outra. Essa operação é solicitada juntamente com outra... Relacione a coluna... Relacione e explique... Relacione e construa... 52 53 54 Estudante deverá: • Obervar os quadros. • Identificar o tema principal de cada um. • Ler o poema. • Identificar o tema do poema. • Relacionar tema poema com as figuras. 55 Levantamento de HIPÓTESES • HIPÓTESE – para realizar a conclusão e a interpretação, antes, é necessário levantar hipóteses, na tentativa de captar o que não está sendo explicitado no texto. Ou seja, é uma tentativa de salientar os implícitos de um texto. 56 57 58 Estudante deverá: • Observar que “ver os dois lados de tudo” e a “fratura” mencionados na tira equivalem, no plano visual, ao rosto fragmentado de Calvin e à posição irregular de seus olhos no último quadrinho. • Relacionar a tira com a pinturas de Picasso, na busca de elementos comuns. 59 • Observar, analisar e comparar todas as reprodução e LEVANTAR HIPÓTESES sobre o que poderia haver em comum entre elas e a tira. • Concluir – questão C – o rosto da mulher retratada também apresenta “fratura”, já que os olhos, a boca e o nariz aparecem posicionados. 60 Explicação e a demonstração • EXPLICAÇÃO – solicitada em questões de interpretação de textos e em questões discursivas. É elucidar a relação entre fatos e ideias e fazer entender a veracidade (ou não) de alguma ideia, fazendo uso de argumentos. 61 • DEMONSTRAÇÃO – mais comum nas provas discursivas de ciências exatas. É mostrar, descrever e explicar de maneira ordenada e pormenorizada, com exemplos. É provar com raciocínio convincente. 62 JUSTIFICAÇÃO • JUSTIFICAR – demonstrar que (algo) está certo ou que (alguém) está com a razão; fornecer argumentos a favor de; constituir-se em, dar, encontrar razões válidas para; legitimar. Ex.: O estudante deve indicar ou retirar do texto palavras, expressões, frases, versos, imagens, fatos que comprovem uma afirmação anterior. 63 64 • A própria questão apresenta uma afirmativa para ser justificada. • É indispensável que compreenda bem a afirmativa - Perceber que, com o último verso, Cacaso destrói o imaginário romântico do “final feliz”, contrapondo o ideal (amor perfeito) ao real (ainda falta conhecer a pessoa amada). 65 • Observe a resposta. A justificativa demonstra como o poema foi organizado para construir a paródia. Por isso, refere-se à oposição entre o último verso e as demais partes do poema (incluindo o título) para ressaltar a ironia destrutiva como um procedimento típico da paródia. 66 CONTEXTUALIZAÇÃO • CONTEXTO – “Cotexto” ou “contexto imediato”, quando se refere, por exemplo, a situação textual de que foi extraída uma palavra ou uma frase, como na pergunta “Qual o sentido desta palavra no contexto?” • E com sentido mais amplo, relacionado, por exemplo, ao momento histórico... 67 68 69 • A primeira questão – comparar os dois textos e identificar semelhanças e diferenças e relacionar os aspectos de modernidade e de subdesenvolvimento citados nos dois. • Exemplo: o texto “Álcool: crescimento e pobreza” mostra o avanço tecnológico na colheita de cana, o que corresponde, na charge, ao enunciado “Álcool: o mundo de olho em nossa tecnologia” 70 • As más condições de trabalho e a má qualidade de vida dos trabalhadores, apontadas pelo texto jornalístico, correspondem, na charge, ao modo primitivo como os trabalhadores comem, ou seja, com as mãos. 71 • CONTEXTUALIZAÇÃO - Conjunto das relações entre os texto. Transpõe o contexto brasileiro da produção da cana de açúcar e de álcool e do interesse internacional por essa fonte. 72 INTERPRETAÇÃO • Todas as operações anteriores precedem a INTERPRETAÇÃO (acrescentar sentido, ler nas entrelinhas, preencher os vazios e, ampliar o seu conteúdo). 73 74 • As afirmativas apresentadas sobre a charge são sínteses interpretativas. Portanto, devese analisar qual delas corresponde à melhor interpretação da charge. • 1º passo – observar e concluir que as crianças são retratadas com um procedimento incomum – jogando, bebendo e fumando. 75 • 2º - confrontar a imagem aos discursos verbais (comentário e mensagem da TV). • Assim, percebe-se a contradição, incoerência existente entre eles – humor. 76 77 78 “ O leitor competente é aquele que, além do sentido das palavras, descobre também o significado das pausas, dos silêncios, da pontuação, das ENTRELINHAS...” 79 INTERPRETAÇÃO – O FOCO NAS ENTRELINHAS Prof.ª Esp. Mônica Coutinho [email protected] 80