NEUROFTALMOLOGIA
08:50 | 11:00 - Sala Lince
Mesa: João Paulo Cunha, António Friande, Isabel Ribeiro
PO4- 09:05/09:10
SÍNDROME DA FISSURA ORBITÁRIA SUPERIOR E SÍNDROME DO ÁPEX ORBITÁRIO
Ana Filipa Miranda, Nadine Marques, Sandra Barros, João Nobre Cardoso, Paula Telles, Nuno Campos
(Hospital Garcia de Orta, EPE)
Introdução:
A fissura orbitária superior funciona como ligação entre a órbita e a fossa craniana média, permitindo a passagem
aos nervos motor ocular comum e externo, patético e primeiros 3 ramos do trigémio. Pelo foramen óptico passam o
nervo óptico e a artéria oftálmica. O síndrome da fissura orbitaria superior (SFOS) e o síndrome do ápex orbitário
(SAO), que frequentemente se apresentam em conjunto, diferem no facto de no último existirem sinais de
envolvimento do nervo óptico além dos representativos de SFOS. Apresentamos dois casos exemplificativos de
ambos os síndromes.
Caso Clínico:
O primeiro caso trata de uma doente de 75 anos, com antecedentes de carcinoma pavimentocelular no antebraço
direito e carcinoma basocelular da região frontal direita excisados dois anos antes, que recorre à urgência por
queixas de proptose do olho direito (OD) com 4 meses de evolução. Tinha realizado terapêutica com corticoterapia
endovenosa e oral durante 2 meses sem melhoria do quadro. A observação oftalmológica do OD mostrou: acuidade
visual (AV) de 1/10, ptose e proptose, reflexo fotomotor directo abolido e consensual mantido, oftalmoplegia
completa, sem alterações ao exame fundoscópico. Realizou ressonância magnética (RMN) da órbita que mostrou:
“lesão mal delimitada ocupando o ápex da órbita direita, situando-se para fora e por cima da bainha do nervo óptico,
comprimida e desviada para dentro; com erosão da base da pequena asa do esfenóide; aspectos normais dos seios
cavernosos”. Foi submetida a biopsia da lesão e o resultado anatomopatológico mostrou tratar-se de um carcinoma
pavimentocelular, tendo a doente iniciado quimioterapia. O segundo caso diz respeito a uma doente de 61 anos,
com antecedentes de linfoma não-Hodgkin estádio IV na classificação Ann Arbor em remissão completa após
quimioterapia, que recorreu à urgência por queixas de baixa da AV do olho esquerdo (OE) com uma semana de
evolução. À observação oftalmológica do OE apresentava-se sem percepção luminosa, ptose e proptose, reflexos
fotomotor directo e consensual abolidos, oftalmoplegia completa e o exame fundoscópico mostrou edema do disco
óptico e hemorragias superficiais em todos os quadrantes. Realizou RMN da órbita onde se identificou “massa do
nervo óptico esquerdo, interessando os segmentos quiasmático, cisternal, canalicular e orbitário, acompanhada de
espessamento da musculatura ocular extrínseca esquerda”. Realizou-se biopsia da lesão e o resultado
anatomopatológico excluiu a presença de neoformação maligna. A doente iniciou corticoterapia oral 60mg/dia com
rápida melhoria do quadro clínico.
Conclusão:
Várias etiologias têm sido reportadas na literatura para o SFOS e SAO. Os casos apresentados enfatizam a
importância da observação oftalmológica na localização destas lesões.
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