Travessias número 01 [email protected]
Pesquisas em educação, cultura, linguagem e arte.
TRADIÇÃO, TRADUÇÃO E ANTROPOFAGIA EM MÁRIO E OSWALD DE
ANDRADE
TRADITION, TRANSLATION AND ANTHROPOPHAGY IN MÁRIO AND
OSWALD DE ANDRADE
Edwirgens Aparecida Ribeiro Lopes de Almeida∗
RESUMO: Este estudo pretende examinar a poética de Mário e Oswald de Andrade tendo
em vista os aspectos da tradição, da inovação e da ruptura com a estética dominante a fim
de compor a escrita moderna. Nesta abordagem, devido à relevância de tais assuntos,
discorreremos sobre a antropofagia como uma estratégia de leitura da tradição e os
recursos de transcriação e de transculturação como processo de tradução.
PALAVRAS-CHAVE: Tradição, tradução, antropofagia, modernismo.
ABSTRACT: This study intends discuss the poetic of Mário and Oswald de Andrade
having in mind the aspects of the tradition, of the innovation and of the rupture with the
dominant aesthetics in order to compose the modern writing. In this approach, due to the
relevance of such subjects, will run or flow over about the cannibalism as a strategy of the
tradition reading and the transcreation resources and of transculturation as translation
process.
KEYWORDS: Tradition, translation, cannibalism, modernism.
A tradição do novo, ainda que temporariamente amortecida e
amordaçada, ressurge sempre com seu impacto subterrâneo nos
∗
Mestre em Literatura Brasileira pela UFMG, professora do Departamento de Comunicação e LetrasUnimontes- Montes Claros- MG.
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Edwirgens Aparecida Ribeiro Lopes de Almeida , www.unioeste.br/travessias
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instantes agudos das revoluções estéticas transformadoras e das grandes
brechas históricas de abertura das consciências.
Affonso Ávila
A reabilitação do primitivo é uma tarefa que compete aos americanos.
(...)Devido ao meu estado de saúde, não posso tornar mais longa esta
comunicação que julgo essencial a uma revisão de conceitos sobre o
homem da América. Faço pois um apelo a todos os estudiosos desse
grande assunto para que tomem em consideração a grandeza do
primitivo, o seu sólido conceito de vida como devoração e levem avante
toda uma filosofia que está para ser feita.
Oswald de Andrade, 1954
Em meio à pluralidade de aspectos a serem estudados sobre a formação e
amadurecimento da identidade artística e cultural brasileira, torna-se essencial
destacarmos a atitude irreverente e demolidora de dois grandes nomes da literatura
brasileira, que vieram transformar a história literária nacional, Oswald e Mário de
Andrade.
A Semana de Arte Moderna foi o primeiro protesto coletivo que se ergueu no Brasil
contra os formalismos do passado, e a obra surgida após esse movimento consistiu num
conjunto de saneamento intelectual da arte. Representou uma verdadeira renovação da
linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora e na ruptura com o
passado. O evento marcou época ao apresentar novas idéias e conceitos artísticos. Esse
contexto de “demolição” é que põe em relevo a liberação do instinto, a valorização da
inocência dionisíaca dos primitivos resultando em um processo tradutório de nossa
cultura.
Nesse sentido, segundo as observações do crítico literário americano
Harold Bloom, na obra A Angústia da Influência (1991), a tradução se constitui numa
apropriação antropofágica. Esse gesto antropófago do modernismo brasileiro redunda
na forma de repensar a tradição de uma perspectiva pós-colonial. Assim, a dualidade
entre a ânsia de modernização do país, de sua integração no progresso e a certeza de que
nossas raízes indígenas e negras mereciam um tratamento estético primitivista, aliado ao
questionamento da cultura ocidental européia e da nossa domesticação mental através
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da colonização e da negação do bacharelismo importado, alimentará a arte “deglutidora”
de Mário e Oswald de Andrade.
Com o propósito de apropriar-se de uma tradição que deveríamos repudiar
para traduzi-la e devolvê-la de forma nova, os modernos Andrades fazem surgir uma
simbologia da devoração. Mas convém lembrar que, como afirma o antropólogo
Marshall Sahlins, Citado por Aparecida Vilaça, o canibalismo “é sempre simbólico
mesmo quando ele é ‘real’”. (VILAÇA, 1992, p. XIX) Assim, a antropofagia não
aparece somente como um modo de analisar a cultura americana, mas também como
uma atitude antropofágica, um modo de atuar a partir de outros paradigmas, que não são
aqueles configurados pela tradição grego-romana, próprios da cultura européia.
A respeito dessa simbologia, esclarece-nos Benedito Nunes (1995) que o gesto
antropófago pode ser considerado uma metáfora orgânica, inspirada na cerimônia
guerreira dos tupis, englobando o que poderíamos abandonar, assimilar e superar para
conquistar a nossa autonomia intelectual. Uma metáfora diagnóstico da sociedade
traumatizada pela repressão colonizadora que lhe condicionou o crescimento, e cujo
modelo terá sido a repressão da própria antropofagia ritual pelos Jesuítas e a metáfora
terapêutica, por meio da reação violenta sob forma de ataque verbal aos mecanismos
sociais, artísticos e políticos até a primeira década do século XX.
Nesse processo de apropriação cultural e crítica da tradição, Mário de Andrade nos
apresenta Macunaíma, o herói sem nenhum caráter na língua, na tradição, nos costumes,
que mente com a maior naturalidade, joga no bicho, fala palavrões, pratica o sincretismo
religioso e faz parte de uma tribo amazônica que o autor misturou a outras. Uma
representação de um índio negro, colonizado e uma alegoria da tradição brasileira já que
concebe literariamente o Brasil como uma entidade homogênea. Como salienta Dulce
Maria Vianna Mindlin (1997) sobre essa transfiguração e desnudamento da identidade
nacional, o que fizeram com o povo indígena foi uma aculturação, ou seja, destituíramlhes os costumes a fim de imbuir-lhes a cultura estrangeira sob um processo de
dominação.
Nesta instância, a montagem do caráter de Macunaíma culmina na síntese
de um presumido modo de ser brasileiro, através de lendas e tradições populares. Há uma
tentativa de definição de um caráter nacional ávido, luxurioso, preguiçoso e sonhador. Sob
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essa perspectiva, Walnice Nogueira Galvão discutindo essa presença do “malandro” na
literatura brasileira, observa que o romance Memórias de um sargento de milícias, de Manuel
Antônio de Almeida, é o primeiro a fixar, em literatura, o caráter nacional brasileiro, “que
resulta num herói sem nenhum caráter, ou melhor, que apresenta os traços fundamentais do
estereótipo do brasileiro”. Logo, a escritora acredita que pode saudar em Leonardo,
personagem do romance almeidiano, o ancestral de Macunaíma, já que a ficção de Mário de
Andrade reescreve e traduz as particularidades do brasileiro como “vagabundagem,
preguiça, sensualidade, indisciplina, vivacidade de espírito - nossa modalidade de
‘inteligência’- e sobretudo simpatia”. (GALVÃO, 1976, p. 32)
Conforme assinala Cavalcanti Proença no famoso “Roteiro de Macunaíma”:
“feito um quadro de triângulos coloridos em que os pedaços, aparentemente juntados
ao acaso, delineiam em conjunto a paisagem do Brasil e a figura do brasileiro comum”.
O próprio Mário acrescenta no prefácio de 1928 “... me parece que vale um bocado
como sintoma da cultura nacional”. Nessa perspectiva, Mário faz uma releitura da nossa
tradição cultural para devolvê-la sob a forma de tradução crítica e paródica, como
comenta Susana Kampf Lages (2002), apresenta-se uma tradução estratégica,
antieurocêntrica, antietnocêntrica, desconstrutiva, articulada a partir do conceito de
canibalismo, entendido como uma revisão da nossa cultura fazendo suscitar reflexões.
Com isso em vista, a tradição não pode ser vista como algo imutável e consolidado para
sempre. É nesse contexto que, Macunaíma torna-se uma tradução da multiculturalidade
para articular o localismo e o universalismo, contribuindo para a invenção de uma
origem literária que é, à sua maneira, a criação do nosso espaço cultural através da
interferência e cruzamentos interculturais. Cabe ao antropólogo Darcy Ribeiro, citado
por Wander Mello Miranda no artigo “Archivos e Memória Cultural” explanar sobre tal
assunto:
por mais exóticos que sejamos e queiramos ser, é neste curral, nesta
dimensão que existimos. Nela é que estamos condenados a criar.
Felizmente — e quem inaugura esta moda é Mário — já não só
papagaiando, nem provendo material etnográfico e folclórico bruto para
digressões alheias. Mas digerindo, nós mesmos, as nossas diretrizes,
endofagicamente para exprimir, melhor que outro qualquer, o humano
que encarnamos. (SOUZA, MIRANDA, 2003, p. 41-42).
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Na construção de Macunaíma, Mário explorou com originalidade o tema
básico do encontro cultural, manipulando o primitivismo de maneiras diferentes. Desta
mesma forma, constata-se que, não é diferente o objetivo da escritura do, também,
modernista Oswald de Andrade nas obras Memórias Sentimentais de João Miramar, Serafim Ponte
Grande e no “Manifesto Antropofágico”. O primeiro, um romance cuja ênfase no elemento
visual e nas descrições, apresenta uma série de inventivos traços de estilo e um agudo senso
crítico da sociedade da época, como prenuncia Machado Penumbra no prefácio desta
grande obra de vanguarda: “esperemos com calma os frutos dessa nova revolução que nos
apresenta pela primeira vez o estilo telegráfico e a metáfora lancinante”. (ANDRADE,
1924, p. 13) De fato, o estilo fragmentário e sintético do texto é revolucionário na nossa
prosa, assim como seu caráter cinematográfico que registra toda a trajetória de João
Miramar como viagem à Europa, casamento, amante, desquite, vida literária, apertos
financeiros, marcos da existência de um brasileiro rico nas primeiras décadas do século XX.
Conforme acrescenta Candido (1995), “viajar para ele não é apenas buscar coisas novas,
mas purgar as lacunas da sua terra”. (CANDIDO, 1995, p. 62)
Na obra miramarina, encontra-se, ainda, a liberdade criadora de um
vocabulário próprio, como o verbo “crackar” inventado pelo narrador, baseando na quebra
da bolsa de Nova York, em 1929 e impondo uma novidade da linguagem ficcional
brasileira. Sabe-se que, após sua primeira viagem à Europa, em 1912, Oswald traz para o
Brasil as idéias futuristas, sobretudo para a arte literária. Pela fusão do futurismo europeu à
literatura “de colônia” feita no Brasil, ainda sob o modelo da literatura européia e acrescida
de certa dose de ideologia marxista, o modernista Oswald procura atingir a síntese do que
poderia ser uma literatura verdadeiramente nacional. É dessa constante ruminância que se
extrai a essência da escrita oswaldiana.
Para Antonio Candido (1995), libertação é o tema do seu livro de viagem
por excelência, Serafim Ponte Grande. Nele, a crosta da formação burguesa e conformista é
varrida pela utopia da viagem permanente e redentora, pela busca da plenitude através da
mobilidade. O livro acaba numa espécie de superação total das normas e convenções,
numa sociedade lábil e errante, formada a bordo de El Durasno, que navega como um
fantasma solto, evitando desembarques na terra firme da tradição, rejeitando qualquer
permanência, constata Candido. Ao tratar de qualquer tipo de alienação, busca-se entender
o movimento de emancipação da condição humana. Esse pressuposto marxista de que o
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cidadão político, como um ser social, contribui com suas ideologias para o
desenvolvimento da sociedade em que está inserido, nesse sentido, deve estar regido por
uma liberdade sem preconceitos religiosos, culturais ou políticos. Bebendo dessa
emancipação da “taça” marxista, a obra Serafim Ponte Grande realiza a sua deglutição cultural
para resultar numa liberdade literária. Sob o ensejo da libertação, é possível depreender
dessa obra que o anseio de romper contra as peias da tradição e da educação encontraram
na viagem um dos seus correlativos a fim de compor essa tradução cultural.
Adentrando-nos ao estudo das produções Oswaldianas, aqui destacadas,
percebemos que a síntese das discussões atribuídas ao par Miramar-Macunaíma, em seu
aspecto crítico, pode ser relacionada ao “Manifesto Antropofágico”. Neste, Oswald faz
uma releitura da própria história do país onde traça o perfil: seja pela variedade étnica indoafricana, pelas cores, pela culinária, pela sexualidade e pela religião numa forma de tradução
crítica daquilo que precisa ser revisto como forma de reafirmar os valores nacionais numa
linguagem moderna. Sob esse viés, nota-se a transformação do bom selvagem
rousseauniano num mau selvagem, devorador do europeu, capaz de assimilar o outro para
inverter a tradicional relação colonizador/ colonizado. Segundo diz o “Manifesto”:
Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele respondeu que era a
garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli
Matias. Comi-o. (...) Mas não foram cruzados que vieram. Foram
fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos
fortes e vingativos como o Jabuti. (ANDRADE, 1998, p. 138)
A partir desta abordagem, salientamos que a simbologia do Jabuti atribuída
ao brasileiro deve-se à lentidão e, às vezes, ao fato do brasileiro anular-se diante de tais
dominações, no entanto, ele é persistente e forte, o que pode resultar numa melancolia e
numa estratégia de renovador. Tanto Oswald quanto Mário salientam uma crítica ao
estrangeirismo. Em Macunaíma, o herói recusa-se a casar com uma filha da terra para se
entregar a amores europeus, já no Manifesto Antropofágico, há uma idiossincrasia adversa
àquilo que é importado “contra todos os importadores de consciência enlatada”. Oswald
via uma manifestação da antropofagia em Macunaíma, já que Mário recolheu em seu herói
alguma coisa do pitoresco e da irreverência oswaldiana.
A respeito dessa dominação cultural, evidencia-nos Susana Kampf Lages
em Walter Benjamin: Tradução e Melancolia que esse “canibalismo”:
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reflete sobretudo uma atitude diante da tradição poética tanto brasileira
quanto universal, que não se deixa mais definir nos termos tradicionais
de ‘influência’, no sentido de uma assimilação passiva de elementos
externos. (LAGES, 2002, p. 90)
Nestas abordagens, identificamos o caráter alegórico que a antropofagia
assume, ao ser utilizado um ritual indígena primitivo como símbolo da repulsa à
importação cultural e ao processo de colonização. Veja nestes fragmentos do “Manifesto”:
“Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade”.
(ANDRADE, 1998: 139) Ainda em “o que atropelava a verdade era a roupa, o
impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem
vestido. O cinema americano informará”. (ANDRADE, 1998, p. 135) Pode-se notar o
sentimento de “revolta” ou “melancolia” quando se repensa o sentido dos domínios da
colonização sobre a “transculturação” do nativo.
Oswald apregoa a necessidade de dessacralizar o Patriarca, responsável e
símbolo da sociedade capitalista, pelo ritual antropofágico, totemizando-o. O índio
incorporaria assim os atributos do inimigo, eliminando as diferenças. Quando Oswald
anuncia a Revolução Caraíba, está propondo a última das utopias, que seria o Matriarcado
do Pindorama, a resposta ao colonizador europeu. Assim, a prática da “deglutição”
intelectual faz mostrar uma sociedade selvagem, equilibrada e feliz, superior à dos
civilizados que repudiam um corpo morto, no entanto, matam, torturam e dominam um
corpo vivo sob o pretexto da religião.
Essa instância crítica, em busca da originalidade, do nacional, do novo
“nosso”, está delineada em Mário e Oswald de Andrade, buscando resgatar ou fazer surgir
nossa identidade artística e cultural, uma vez que ela advém da reflexão resultante da
imposição ideológica do colonizador e dominador sobre a nossa tradição e nossos
costumes. Como revela o próprio Oswald, nos Editoriais O Homem do Povo, que ele mesmo
é revestido de um anseio crítico-transformador e renovador das questões nacionais que visa
à interrupção da continuidade da “herança de Coimbra”. Nessa perspectiva, convém
ressaltar a reflexão de Oswald de Andrade no “Manifesto Antropofágico” sobre a gênese
de nossa formação: “Nunca fomos catequizados. Fizemos foi carnaval. O índio vestido de
Senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons
sentimentos portugueses”. (ANDRADE, 1998, p. 137) Ou melhor, a colonização brasileira
se deu dentro da desordem, da aparência das influências européias que nada possuía em
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comum com a identidade dos nativos. Sob esse pensamento, Oswald além de utilizar a
literatura para repensar a nossa cultura, ele utiliza também o jornalismo para criticar essa
mesma sociedade e buscar promover o desenvolvimento da expressão literária e política da
nação.
O tecido narrativo das obras Memórias sentimentais de João Miramar e Serafim
Ponte Grande se desenrolam em torno do deslocamento de personagens entre o Velho e o
Novo mundo, exprimindo a posição do homem colonizado americano. Em Serafim Ponte
Grande, certo anarquismo permite vislumbrar a liberdade total pela dissolução das amarras.
Esse processo de rompimento, assim como a própria antropofagia, simbolizada pela
deglutição denota fome de idéias, de acontecimentos novos, de iniciativa do povo
brasileiro. Daí a sua devoração não ser destruidora, em sentido definitivo, mas reformadora
da cultura e, sobretudo, da tradição literária, pois talvez fosse antes uma estratégia para
construir um outro mundo, uma nova estética, postula Candido (1995).
Assim, a visão modernista de Oswald e Mário se constrói por um
pressuposto de síntese devoradora tradutória de nossa cultura, reinterpretando o processo
de colonização. Logo, por meio das viagens propiciadoras das devorações das tradições, os
textos citados Macunaíma, Serafim Ponte Grande, o Manifesto e Memórias sentimentais de João
Miramar promovem, num processo tradutório, uma revisão de valores e de formas
mediante o choque de dois momentos culturais. Enfim, parafraseando o crítico Antonio
Candido, quando lembramos que Oswald e Mário estão mortos, pensamos
involuntariamente que partiram para mais uma viagem, buscando novos mundos para os
seus anseios antropofágicos de sonho, de transformação, de tradução e de liberdade.
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