LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Enem - Simulado 3
Profª Fernanda Pessoa
Aluno (a) __________________________________________________Nº:____
Data:____/____/_____ - Nota:__________
①
Observe a imagem e leia o texto a seguir.
Estandarte é o décimo álbum do grupo brasileiro de
rock Skank, lançado em 2008. O álbum apresenta 12 músicas
totalmente inéditas e possui parcerias com a dupla Chico
Amaral e Cesar Maurício, além da tradicional parceria com
Nando Reis. O disco também marca a volta de Dudu Marote
na produção.
O CD tem a participação dos metais da banda Funk Como Le
Gusta. O álbum segue a linha pop/rock misturada a soul,
funk, reggae, surf music e timbres eletrônicos, é uma
retomada do grupo para as músicas dançantes de trabalhos
anteriores, distanciando do formato canção com fortes
influências de britpop dos últimos discos.
A arte gráfica da capa deste CD retoma os princípios
de um movimento artístico do início do século XX que
questionava as crenças culturais então vigentes na Europa,
bem como a postura humana, vulnerável frente a uma
realidade cada vez mais difícil de compreender e dominar.
Dentre as assertivas a seguir, assinale aquela que melhor
define esta vanguarda.
A) Em novas e estranhas formas apontadas, o Expressionismo
é luta declarada. Todas as formas pelas quais ele irrompe se
tornam um atrito contra a própria superfície, na qual ele
rebenta como uma tocha flamejante. Como potência lançada
contra as incontáveis resistências, ele não possui nenhuma
orientação própria, mas se orienta no encontro com o
mundo. Serenidade e reflexão lhe são estranhos. Onde ele
possui coragem para ser esperto, precisa somente de sua
esperteza para desagregar as formas contrárias. Os únicos
pressupostos que lhe são definitivos pairam sobre a dúvida
B) O Surrealismo propõe a arte do sonho, a arte do
inconsciente. A pintura pode ser figurativa ou abstrata, mas
ela não representa um fato real. Por isso, as imagens, ainda
que figurativas, não seguem uma lógica nem formam uma
mensagem que faça sentido enquanto realidade. O artista
surrealista usa imagens como símbolo de suas preocupações,
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angústias e medos.
C) Nas artes plásticas, as obras refletem o mesmo ritmo e
espírito da sociedade industrial. Para expressar velocidade na
pintura, os artistas recorrem à repetição dos traços das
figuras. Se querem mostrar muitos acontecimentos ao
mesmo tempo, adaptam técnicas do Cubismo. Na escultura,
os futuristas fazem trabalhos experimentais com vidro e
papel e seu expoente é o pintor e escultor italiano Umberto
Boccioni (1882-1916). Sua escultura Formas Únicas na
Continuidade do Espaço (1913) - interseção de inúmeros
volumes distorcidos - é uma das obras emblemáticas do
Futurismo. Nela se capta a ideia de movimento e de força.
D) A Arte Pop buscou, dentre outras coisas, fugir da criação
artística voltada às elites acadêmicas trazendo para si,
imagens que possuíam grande relação com a realidade do
povo. E este conteúdo foi encontrado nos produtos e
utensílios da época, nos filmes e histórias em quadrinhos, nos
artistas e em tudo o que o capitalismo pode criar, em termos
de produto, que sanasse a necessidade das empresas do pósguerra de continuarem produzindo e alimentando a
economia. As pessoas já não possuíam apresso pelas obras
abstratas.
E) O Dadaísmo propõe uma ação perturbadora, com o fito de
colocar o sistema em crise, voltando contra a sociedade seus
próprios procedimentos ou utilizando de maneira absurda as
coisas a que ela atribuía valor.
②
Na tirinha apresentada, pode-se afirmar que o
humor é produzido por meio
A) do jogo de linguagem estabelecido entre os sentidos que a
palavra “veículo” assume no texto.
B) da representação onomatopeica dos sons produzidos por
um possível tiroteio na TV.
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C) da reação dos personagens ao descobrirem a função social
da TV.
D) da inocência dos personagens que desconhecem os usos
sociais da televisão.
E) da expressão assustada dos personagens ao assistirem
cenas de violência na TV.
[...]
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!
CAMPOS,
Álvaro
de.
Ode
<http://www.odetriunfal.com/>.
triunfal.
Disponível
em:
Os textos de vanguarda, caracterizados pelo uso
de uma linguagem interpelativa e provocativa,
interferem na própria temporalidade da leitura, pois exigem
do leitor um ritmo atento, minucioso e concentrado. Dessa
forma, a análise comparativa dos dois textos apresentados
permite afirmar que
A) em ambos os textos, predomina a função informativa, pois
buscam apresentar ao leitor as características da estética
futurista.
B) no Texto I, prevalece a função persuasiva, já que o
manifesto convoca a um determinado tipo de produção
artística.
C) no Texto II, pode-se perceber a predominância do caráter
de crítica social, haja vista a menção ao desenvolvimento
tecnológico.
D) os dois textos não se diferem em relação à função social
que desempenham, pois tratam de um mesmo tema – a
poética futurista.
E) o Texto II possui um caráter dissertativo, pois descreve as
características da poética futurista.
④
③
Leia o poema transcrito abaixo.
A vida é uma viagem
Pena eu estar
Só de passagem.
LEMINSKI, Paulo. La vie em close
Assinale a alternativa correta.
A) O texto pode ser considerado um haicai, pois celebra a
relação harmoniosa e equilibrada entre o homem e a
natureza.
B) O eu poético não se manifesta neste poema, uma vez que
se trata de um haicai, gênero literário constituído de 17
sílabas poéticas.
C) Há uma tentativa do eu poético de refletir sobre a rápida
passagem do tempo, preocupação comum a todo haicai
contemporâneo.
D) Este texto pode ser considerado um haicai, mesmo não
seguindo de forma tradicional as regras antigas da poética
Oriental.
E) De acordo com a sua estrutura, este poema pode ser
classificado como um soneto.
Textos para as questões 4 e 5.
Texto I
MANIFESTO FUTURISTA (Publicado em 20 de fevereiro de
1909, no “Le Figaro”)
1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da
energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos
essenciais de nossa poesia.
3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o
êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento
agressivo, a insônia febril, o passo de corrida, o salto mortal,
o bofetão e o soco.
4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo se
enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um
automóvel de corrida com o seu cofre enfeitado com tubos
grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo… um
automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é
mais bonito que a Vitória de Samotrácia.
Disponível
em:
<http://memoriavirtual.net/2005/02/21/futurismomanifesto-futurista-2/>.
Texto II
Ode triunfal
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
[...]
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel últimomodelo!
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Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando
Pessoa, tem uma produção poética caracterizada
pelo impulso de escreve e pela exaltação da sensação. Poeta
vanguardista e cosmopolita exalta, no poema Ode triunfal,
A) o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização
moderna, conforme expresso em “Escrevo rangendo os
dentes, fera para a beleza disto, /Para a beleza disto
totalmente desconhecida dos antigos”.
B) o repúdio à vida urbana marcada pelo avanço da
tecnologia, expresso em “A todos os perfumes de óleos e
calores e carvões. Desta flora estupenda, negra, artificial e
insaciável!”.
C) a dificuldade de expressão poética, conforme se verifica
em “Ah, poder exprimir-me todo como um motor se
exprime!/Ser completo como uma máquina!”.
D) ao excesso de trabalho na sociedade industrializada, de
acordo com o expresso em “À dolorosa luz das grandes
lâmpadas eléctricas da fábrica/Tenho febre e escrevo”.
E) ao consumismo gerado pelo advento de novas tecnologias,
conforme “Poder ir na vida triunfante como um automóvel
último-modelo!”.
⑤
⑥
Leia os textos a seguir sobre o músico austríaco
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791).
Texto I
Para alguns, a mais importante realização musical de
Mozart foram as óperas. Depois que se mudou para Viena,
Wolfgang escreveu algumas de suas melhores óperas, como
As bodas de Fígaro, Don Giovanni, e A flauta mágica. Naquele
tempo havia dois tipos de ópera: as sérias, que contavam
histórias de reis, deuses e heróis e eram conhecidas como
opera seria; e as cômicas, que falavam sobre o dia a dia do
povo e eram chamadas de opera buffa. Wolfgang fez uma
coisa surpreendente. Resolveu, em alguns de seus trabalhos,
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misturar os dois tipos em uma mesma obra. Assim, ele
conseguiu deixar suas óperas mais interessantes, mostrando
que – como na vida real – os acontecimentos nem sempre
são apenas sérios ou somente engraçados.
VENEZIA, Mike. Wolfgang Amadeus Mozart. São Paulo: Moderna, 1999. p. 28.
Sou Narciso do Meu Ódio!
– O Meu ódio é Lanterna de Diógenes,
é cegueira de Diógenes,
é cegueira da Lanterna!
[...]
NEGREIROS, Almada. Cena do ódio. Ebook.
Texto II
“Ele é o meu modelo mesmo quando toco música de
vanguarda”, diz a violinista alemã Anne-Sophie Mutter, uma
das maiores executantes das peças do compositor. “Nenhum
músico atual escapa de sua influência. É impossível ignorar
seu gênio. É um paradigma estético e ético porque defendeu
na música os valores humanos mais essenciais.”
O fato objetivo é que Mozart viveu como um cidadão
comum, com ideais iluministas e dono de uma competência
extraordinária para escrever partituras. Dizia ouvir óperas
inteiras na cabeça, antes mesmo de lançar a primeira mancha
na pauta. Tudo o que produziu foi resultado dessa facilidade
incalculável, e pode ser submetido à análise estrutural. Mas
há componentes em sua obra que teimam em escapar à
formulação teórica. Ela chega ao público tanto pela
consistência, beleza e equilíbrio internos (hoje é totalmente
palatável) como contaminada pelas fábulas e referências
místicas que carrega. Tornou-se objeto de um culto que
sonha abalar pela intercessão da música, o ceticismo deste
século. Mozart ecoa como fantasma-prodígio. E parece correr
mais rápido que os ouvidos da história.
PERPETUO, Irineu Franco. Óperas, concertos, cds. Bravo. São Paulo: Abril,
jan. 2006, p. 39.
Com base nos textos, é possível afirmar que
A) embora sua contribuição musical tenha ficado restrita ao
século XVIII, Mozart foi considerado um gênio.
B) Mozart foi mais reconhecido pela vida pessoal que pela
musical.
C) Mozart destacou-se principalmente pela genialidade e
facilidade na composição de óperas.
D) Mozart é reconhecido na atualidade apenas pela classe
artística erudita que o estuda em conservatórios.
E) Mozart utilizou fatos da história, principalmente sobre
heróis e guerras, para compor suas óperas, ampliando, assim,
sua fama e destaque como músico.
A cena do ódio
Ladram-Me a Vida por vivê-La
e só Me deram Uma!
Hão-de lati-La por sina!
Agora quero vivê-La! [...]
Hei-de Poeta cantá- La em Gala sonora e dina
Hei-de Glória desanuviá- La!
Hei-de Guindaste içá- La Esfinge
da Vala pedestre onde Me querem rir!
Hei-de trovão-clarim levá- La Luz
às Almas-Noites do Jardim das Lágrimas!
Hei-de bombo rufá- La pompa de Pompeia
nos Funerais de Mim!
Hei-de Alfange-Mahoma
cantar Sodoma na Voz de Nero!
Hei-de ser Fuas sem Virgem do Milagre,
hei-de ser galope opiado e doido, opiado e doido...
Hei-d’ Átila, hei-de Nero, hei-de Eu,
cantar Atila, cantar Nero, cantar Eu!
⑦
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Segundo Saraiva, o texto a Cena do ódio, de Almada
Negreiros, pode ser considerado um dos que melhor capta e
sinaliza os princípios futuristas, pois valoriza a temeridade, a
coragem, a audácia e o movimento agressivo.
No fragmento apresentado, o uso de letras maiúsculas
remete, nesse contexto,
A) ao inventário dos aspectos que compõem a civilização
moderna, a burguesia progressista.
B) à supervalorização do ser único em oposição a uma
sociedade normatizada e reguladora.
C) às ações de destruição-construção, ambas de dimensões
utópicas pelo resultado que se quer atingir.
D) ao abandono da cidade, onde não existe lugar para ações
individuais e os movimentos se tornam automáticos e
involuntários.
E) ao confinamento do sujeito como forma de proteção para
impedir a livre expressão do eu.
A visão é o mais aguçado dos nossos
sentidos e, talvez, aquele que nos permite ter mais
controle sobre o ambiente que nos cerca. Por isso, podemos
dizer que a imagem faz um elo fundamental entre o mundo
que vemos e o mundo que compreendemos, nesses nossos
mil séculos de vida. Também fica evidente a importância da
imagem na comunicação e no relacionamento entre as
pessoas. Não é à toa que, ao longo do tempo, várias técnicas
de registro e de reprodução de imagens foram criadas. E
quase todas elas são utilizadas até hoje.
Mas, além de serem instrumentos importantes para
explicar as coisas à nossa volta, as imagens assumem muitas
outras funções nas sociedades: podem manter a fé e a
religiosidade de pequenas ou grandes comunidades,
reunindo multidões em templos monumentais ou em volta
de figuras e objetos sagrados; podem servir de elemento de
dominação, como nos majestosos desfiles militares da Roma
Antiga, numa demonstração de força e poder; podem tornarse instrumento de sedução, como acontece na propaganda;
ou podem servir de fonte de reflexão. Elas são criadas para
expressar ideias ou sentimentos que nos mostram como
somos: é como se estivéssemos diante de um espelho mágico
capaz de revelar-nos nossas almas. A imagem é uma criação
do homem, que o expressa e o reflete.
⑧
KON, Sergio. Imagem: da caverna ao monitor, a ventura do olhar. São Paulo:
Melhoramentos, 2007. p. 2-3.
A partir das informações apresentadas, pode-se afirmar que
a imagem
A) necessita, para sua percepção e compreensão, de todos os
sentidos humanos de forma equivalente.
B) possui funções restritas nas sociedades, principalmente
com a ampliação, ao longo da história, de técnicas para sua
produção e reprodução.
C) permite a comunicação entre culturas e inibe o poder de
manipulação ideológico, devido à sua fragilidade como forma
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de comunicação.
D) oportuniza a expressão e a captação de informação, pois é
considerada uma importante forma de comunicação.
E) divulga mensagens artísticas constantemente, embora
impossibilite oportunidades reflexivas ou de manipulação.
Texto para as questões 9 e 10.
Os laços de família
A mulher e a mãe acomodaram-se finalmente no táxi
que as levaria à Estação. A mãe contava e recontava as duas
malas tentando convencer-se de que ambas estavam no
carro.
A filha, com seus olhos escuros, a que um ligeiro
estrabismo dava um contínuo brilho de zombaria e frieza
assistia. – Não esqueci de nada? perguntava pela terceira vez
a mãe.
– Não, não, não esqueceu de nada, respondia a filha
divertida, com paciência.
Ainda estava sob a impressão da cena meio cômica
entre sua mãe e seu marido, na hora da despedida. Durante
as duas semanas da visita da velha, os dois mal se haviam
suportado; os bons-dias e as boas-tardes soavam a cada
momento com uma delicadeza cautelosa que a fazia querer
rir.
Mas eis que na hora da despedida, antes de entrarem
no táxi, a mãe se transformara em sogra exemplar e o marido
se tornara o bom genro. “Perdoe alguma palavra mal dita”,
dissera a velha senhora, e Catarina, com alguma alegria, vira
Antônio não saber o que fazer das malas nas mãos, a
gaguejar – perturbado em ser o bom genro. “Se eu rio, eles
pensam que estou louca”, pensara Catarina franzindo as
sobrancelhas. “Quem casa um filho perde um filho, quem
casa uma filha ganha mais um”, acrescentara a mãe, e
Antônio aproveitara sua gripe para tossir. Catarina, de pé,
observava com malícia o marido, cuja segurança se
desvanecera para dar lugar a um homem moreno e miúdo,
forçado a ser filho daquela mulherzinha grisalha... Foi então
que a vontade de rir tornou-se mais forte. Felizmente nunca
precisava rir de fato quando tinha vontade de rir: seus olhos
tomavam uma expressão esperta e contida, tornavam-se
mais estrábicos – e o riso saía pelos olhos. Sempre doía um
pouco ser capaz de rir. Mas nada podia fazer contra: desde
pequena rira pelos olhos, desde sempre fora estrábica.
LISPECTOR, Clarice. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 94.
O fragmento do conto Os laços de família,
narrado em terceira pessoa, denota uma das
características desse primeiro momento da escrita
clariciana, marcada, em essência,
A) pela preocupação com o universo familiar desde a
perspectiva feminina.
B) pela problemática contemporânea marcada pela falta de
tempo.
C) pelo apreço a uma linguagem formal.
D) pela reflexão filosófica existencialista.
E) pela representação de sujeitos marginalizados
socialmente.
⑨
Os procedimentos composicionais utilizados no
conto de Clarice Lispector para representar como
se estabelece a relação mãe x filha ganham contornos
⑩
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concretos quando
A) o narrador aponta a ar zombeteiro com que a filha observa
a mãe – “A filha, com seus olhos escuros, a que um ligeiro
estrabismo dava um contínuo brilho de zombaria e frieza
assistia”.
B) a filha demonstra preocupação em relação ao estado de
saúde do marido – “[...] e Antônio aproveitara sua gripe para
tossir”.
C) denota-se a proximidade entre mãe e filha, conforme
expresso em “A mulher e a mãe acomodaram-se finalmente
no táxi que as levaria à Estação”.
D) o uso de ditados populares apontam o grau de afetividade
familiar, como expresso em “Quem casa um filho perde um
filho, quem casa uma filha ganha mais um”.
E) revela-se a dificuldade de relacionamento conjugal da filha
– “Catarina, de pé, observava com malícia o marido, cuja
segurança se desvanecera para dar lugar a um homem
moreno e miúdo”.
As atividades de luta representam uma
necessidade infantil manifestada principalmente
entre os meninos sendo, na maioria das vezes, reprimidos e
punidos. Contudo, na Capoeira, essas questões são
abordadas de forma humanizadora. O professor (mestre) age
de modo dinâmico vindo com a proposta de fazer uso de
jogos de lutas, permitindo o contato corporal de forma
organizada em condições seguras, possibilitando a liberação
da agressividade sem deixar de lado o reconhecimento do
outro suprindo sua necessidade. Trabalha-se numa constante
renovação na transmissão do ensino, com a expectativa de
levar o homem a ser melhor. Por meio de golpes e de outros
movimentos específicos, a criança percebe seu corpo no
espaço, motivada pelo ritmo, pelo som das músicas e dos
instrumentos e pela vibração das palmas.
⑪
PAULA, Luiz Carlos de; CAMPOS, Luiz Antonio Silva. A capoeira na integração
com a Educação Física escolar na promoção do crescimento e
desenvolvimento infantil além do aspecto motor.
Com base no texto, constata-se que
A) a capoeira é uma manifestação violenta, mas que pode ser
controlada nas aulas de Educação Física com a condução
correta por parte do professor.
B) a capoeira é uma atividade motivadora que permite a
liberação da agressividade das crianças de maneira
controlada, organizada e segura, por meio de golpes e outros
movimentos específicos conduzidos pelo professor ou mestre
durante as aulas de Educação Física.
C) a capoeira é uma modalidade que pode ser trabalhada nas
aulas de Educação Física apenas com meninos, pois consegue
controlar a agressividade dos garotos pelos movimentos
específicos conduzidos pelo professor ou mestre.
D) as meninas devem praticar a capoeira nas aulas de
Educação Física para, além de se defender, poderem liberar a
agressividade contra os meninos que possuem a luta
desenvolvida desde a infância.
E) o professor de Educação Física deve ser formado em
capoeira para poder ensinar os movimentos técnicos
específicos.
⑫
Já podeis da pátria filhos
Sabe-se que o estrangeiro, ao jogar futebol,
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ataca o balão de couro como se fosse inimigo. Há quem diga
que o joelho empedrado é natural do gringo, variando uma
besteirinha de acordo com a espécie. Isto devido à comida
que eles comem, que e muito melhor do que a comida que o
brasileiro come, com exceção de que o joelho fica
empedrado. Porém a comida dá enormes sustanças e, além
disso, eles usam foguetes e o raio laser. Ninguém me diga
que a Hungria não usou o raio laser em cinquenta e quatro,
quando eles davam de 11 a 8 e 19 a 15 e 48 a 0 em quem
aparecesse, eles não facilitavam. Disse seu Góes, que não
esteve nessa Copa, aliás não esteve em Copa nenhuma, mas
esteve com Pongó que o primo esteve nessa Copa, que eles
vinham lá de baixo do campo parecendo uns cavalos, tudo
falando hurunguês e dando aqueles passes de joelho
empedrado, situque-situque.
RIBEIRO, João Ubaldo. Já podeis da pátria filhos. In: Livro de histórias. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 59.
O título do texto – Já podeis da pátria filhos – remete ao
primeiro verso do Hino da Independência do Brasil, levando
o leitor a inferir que o fragmento de texto apresentado
refere-se ao contexto nacional, pois faz uma reflexão de
cunho político a partir
A) dos estrangeiros e seus hábitos alimentares.
B) da pobreza a que o narrador do texto está submetido.
C) da imaginação do narrador que acredita no uso de raio
laser na Copa de 1954.
D) da ignorância do narrador que afirma que os jogadores
falavam hurunguês.
E) do futebol, considerado um dos ícones da cultura
brasileira.
A obra As meninas tem como personagem central
a infanta Margarida Teresa de Habsburgo, filha de
Filipe IV, que é retratada com suas damas de companhia e
seus criados em uma cena do cotidiano no palácio.
⑬
Espanha: os pintores, tal como os sapateiros e os artesãos,
eram inclusive obrigados a pagar impostos.
Considerando tais informações, pode-se inferir que o
autorretrato inserido na obra, tem o efeito de
A) exaltar a atividade do pintor, inserindo-o entre a nobreza.
B) desmitificar a obra de arte por meio da representação de
seu autor.
C) relativizar a importância do autor da pintura.
D) criticar a forma como a nobreza atuava no período.
E) informar as técnicas de pintura usadas pelo autor.
Leia o trecho a seguir:
“Sou um ignorante, um pobre homem da
cidade. Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois
metros, lança as suas folhas além do muro – e é um
esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu
nunca tinha visto. Tinha visto centenas de milharais – mas é
diferente. Um pé de milho sozinho, em um canteiro,
espremido, junto do portão, numa esquina de rua – não é um
número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas
raízes roxas se agarram no chão e suas folhas longas e verdes
nunca estão imóveis. Detesto comparações surrealistas – mas
na glória de seu crescimento, tal como o vi em uma noite de
luar, o pé de milho parecia um cavalo empinado, as crinas ao
vento – e em outra madrugada parecia um galo cantando”.
⑭
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 77.
Com base em seus conhecimentos a respeito do uso de
determinantes, analise as afirmativas a seguir e assinale a
alternativa correta:
I. O primeiro determinante destacado, levando em
consideração o trecho acima reproduzido, não especifica qual
seja o pé de milho, tratando-o de modo genérico.
II. No contexto em que é empregado o segundo
determinante em destaque, é possível especificar qual seja a
lavoura a que o autor se refere.
III. O terceiro determinante, considerando a leitura do trecho,
trata de forma específica o pé de milho: é aquele que nasceu
“em um canteiro, espremido, junto ao portão”.
A) Somente as sentenças II e III estão corretas.
B) Apenas as sentenças I e II estão corretas.
C) As únicas sentenças corretas são I e III.
D) Somente a afirmativa III está correta.
E) Somente a afirmativa II está correta.
"Em um engenho sois imitadores de Cristo
Crucificado: porque padeceis em um modo muito
semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz, e
em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois
madeiros, e a vossa em um engenho é de três. (...) Cristo
despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos;
Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. (...)
Eles mandam, e vós servis; eles dormem, e vós velais; eles
descansam, e vós trabalhais; eles gozam o fruto de vossos
trabalhos, e o que vós colheis deles é um trabalho sobre
outro. Não há trabalhos mais doces que os das vossas
oficinas; mas toda essa doçura para quem é? Sois como as
abelhas, de quem disse o poeta: "Sic vos non vobis
mellificatis apes" (Assim vós, mas não para vós, fabricais o
⑮
VELÁZQUEZ, Diego. As meninas. (1656). Óleo sobre tela: color.; 318 x 276 cm.
Museu do Prado, Madrid.
Há de se observar que a pintura apresenta outros elementos
significativos entre eles o próprio pintor da obra – Diego
Velásquez. No período em que a obra foi produzida – século
XVI – a pintura era uma arte um pouco subestimada na
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REGINA, Elisa. Alô, alô, Marciano. Letras.mus.br. Disponível em:
<http://letras.mus.br/elis-regina/87856/>.
mel, abelhas). "
(Sermão XIV do Rosário – Pe Antônio Vieira)
O autor do texto acima, Pe Antônio Vieira, foi uma das mais
influentes personagens do século XVII em termos de política
e oratória. Destacou-se como missionário em terras
brasileiras. Na literatura, seus sermões possuem considerável
importância no barroco brasileiro e português. As
universidades frequentemente exigem sua leitura.
Tendo como base o excerto lido, podemos afirmar que nele
o autor discorre sobre:
A) a corrupção.
B) a escravidão.
C) o trabalho assalariado.
D) a religião.
E) a vinda de cristãos-novos para o Brasil.
com atenção os textos e associe
⑯ Leia
corretamente as colunas no que se refere às
funções da linguagem:
(A) “Nada pode descrever a confusão dos meus
pensamentos enquanto eu afundava na água; pois, embora
eu nadasse bem, mesmo assim não conseguia me
desembaraçar das ondas para respirar, até que uma vaga,
que me empurrou, ou melhor, me carregou, a uma boa
distância na direção da praia, recuou depois de esgotar sua
força e me deixou em terra quase seca, mas meio morto, de
tanta água que engoli. Contudo, ainda me restavam tanto a
presença de espírito quanto o fôlego para, vendo-me correr
para a praia o mais depressa que podia, antes que outra onda
viesse e me puxasse de volta.”
DEFOE, Daniel. Robinson Crusoé. São Paulo: Peguin Classics Companhia
das Letras, 2011. p. 96.
(B) “Tomou seu Toddy hoje
Todo mundo vai tomar
Tomou seu Toddy hoje
Todo mundo vai tomar
Toddy é gostoso, e como fica econômico”
TODDY.
Tomou
seu
Toddy
hoje
(1958).
em:<http://todapropaganda.com.br/tomou-seu-toddy-hoje>.
Disponível
(C) "Que a internet e as novas tecnologias estão cada dia
mais presentes na realidade dos brasileiros, não há novidade.
O número de usuários da web é superior a 75 milhões de
pessoas e o país tem 254,95 milhões de linhas móveis ativas,
segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
No entanto, mesmo com um público crescente e a facilidade
que essas ferramentas oferecem, é importante atentar aos
riscos que o uso excessivo pode causar.”
CASTANHO,
Igor.
Vida
virtual
no
divã.
Disponível
em:
<http://www.gazetadopovo.com.br/tecnologia/conteudo.phtml?id=12708
(D) “Lutar com palavras
É a luta mais vã
Entanto lutamos
Mal rompe a manhã”
ANDRADE, Carlos Drummond. O lutador. In: Obras completas. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1997.
(E) “Alô, alô, marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar, estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano está na maior fissura porque
Tá cada vez mais down no high society”
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( ) Função metalinguística – centrada no código.
( ) Função conativa ou apelativa – centrada no receptor ou
destinatário.
(
) Função fática – centrada no canal, ou seja, suporte
através do qual a mensagem é emitida.
( ) Função expressiva ou emotiva – centrada no emissor da
mensagem.
( ) Função referencial – centrada no contexto, no assunto
da mensagem.
Sequência correta:
A) BDEAC
B) DBEAC
D) ADCAB
E) BCDAE
C) EDACB
Leia o diálogo que segue e assinale a alternativa
adequada para comentar as situações de
linguagem.
Secretária: Chefe, hoje se apresentou aqui um candidato para
preencher a vaga de estagiário no programa Meu primeiro
emprego. As habilidades do garoto são bastante adequadas à
função que ele terá de desempenhar aqui na empresa. A
única questão é que ele não tem domínio do português
padrão.
Chefe: Ele trouxe alguma carta de recomendação?
Secretária: Sim, a irmã mais nova dele gravou uma
mensagem em ritmo de rap, para dar uma força ao irmão.
Ouça isso:
O mano é firmeza
Sangue bom. Vai na esperteza.
Já ralou por aí. Ele quer progredir.
Pode botar fé. Vai dar tudo muito certo.
Contrata o cara. E vai ser papo reto!
Chefe: Contanto que ele se comprometa a continuar
estudando enquanto estiver desenvolvendo suas funções por
aqui, está contratado!
⑰
A) Por gostar muito desse tipo de música, depois de ouvir o
rap, o chefe decide contratar o rapaz.
B) Considerando que o objetivo de toda a língua é a
comunicação eficiente para cada circunstância, por se tratar
de um ambiente formal, a secretária não vê necessidade de
alertar o chefe sobre o fato de o candidato à vaga de
estagiário não dominar a língua padrão.
C) A situação do rapaz está muito longe da realidade. A
maioria dos garotos e garotas que começam a estagiar já tem
pleno domínio da norma culta – pois desde cedo percebem
que essa habilidade serve para abrir grandes oportunidades.
D) Dominar ou não a norma culta é, na maioria das vezes,
indiferente para quem pretende conseguir um bom emprego,
no Brasil. A exemplo disso, temos políticos bastante
competentes cuja linguagem foge completamente do padrão
culto da língua.
E) Ao se escolher alguém para estagiar ou ocupar vaga em
determinada empresa, a pessoa encarregada pelas
entrevistas considera também o quanto este candidato sabe
se expressar dentro da norma padrão. Porém, de acordo com
o diálogo, percebemos que o chefe decide dar uma
oportunidade para o rapaz, sob condições de que o jovem
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continue se aprimorando.
Leia as estrofes abaixo do poema "Satélite", de
Manuel Bandeira, e da música "Lua de São Jorge",
de Caetano Veloso:
⑱
"Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
- Satélite."
Em ambos os poemas, a lua aparece como um elemento
comum. Entretanto, é vista de forma diferente, na medida
em que:
A) para Manuel Bandeira, a lua se reveste de tons
sentimentais e emotivos.
B) para Caetano Veloso, a lua é destituída de qualquer
conotação religiosa.
C) para Manuel Bandeira, a lua funciona como metáfora de
exibicionismo dos enamorados.
D) para Caetano Veloso, o brilho da lua se sobrepõe ao amor
do poeta.
E) para Manuel Bandeira, a lua perde a conotação romântica.
Texto para as próximas duas questões.
Cidadão
Tá vendo aquele edifício, moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
“Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?”
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer...
Disponível
Considerando que a palavra cidadão é usada para
designar um indivíduo que possui direitos e
deveres, pode-se afirmar que o título da canção apresenta
ironia, pois
A) o fato de não ter garantido seu direito ao entretenimento
deixa o operário entediado.
B) o operário tem tendência ao alcoolismo, fato que
compromete o exercício de sua cidadania.
C) o operário precisava usar quatro conduções para ir ao
trabalho.
D) a desigualdade e as injustiças sociais tiraram do operário
até mesmo o direito de observar o prédio que construiu.
E) o operário não é valorizado nem reconhecido pelo seu
trabalho.
⑳
"lua de São Jorge
brilha nos altares
brilha nos lugares
onde estou e vou
lua de São Jorge
brilha sobre os mares
brilha sobre o meu amor"
RAMALHO,
Zé.
ramalho/75861/>.
A) da temática abordada pelo operário que se admira com o
resultado de seu trabalho.
B) pelo uso de aspas para representar a fala que se dirige ao
operário, demonstrando suspeita e desconfiança em relação
a ele.
C) pelo uso de expressões como “Eram quatro condução” e
“Tu tá aí admirado?” que representam o modo próprio de o
personagem falar.
D) da crítica realizada a um sistema social injusto que tira do
operário até mesmo o direito de admirar o produto de seu
trabalho.
E) da musicalidade produzida pelas rimas e sílabas métricas.
em:
<http://letras.terra.com.br/ze-
No texto Cidadão, pode-se perceber que as marcas
da modalidade oral da língua criam uma atmosfera
de proximidade entre o “eu lírico” e o leitor/ouvinte. Essas
marcas são materializadas no texto por meio
⑲
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A música ocidental possui uma classificação geral
dividida em clássica e popular. Um dos
instrumentos que fazem parte da música clássica é o piano.
Ele é utilizado em sonatas e integra orquestras. Mas, por sua
versatilidade sonora, também é utilizado na criação e nas
interpretações
de
composições
populares.
Seu inventor, músico da
corte
de
Florença,
Bartolomeo
Christofori
(1655-1731), desenvolveuo em 1709, com a
utilização de martelos de
madeira que fazem suas
cordas
vibrar.
Esses
martelos são acionados
por meio de teclas do
piano. No teclado, é possível controlar o volume dos sons de
acordo com a intensidade com que se apertam as teclas.
Desde sua invenção, o pianoforte (fraco e forte em italiano) é
considerado uma grande descoberta tecnológica para a
música. Esse instrumento vem sendo aperfeiçoado ao longo
dos anos, o que contribui para sua qualidade sonora e
técnica.
㉑
De acordo com as informações apresentadas, verifica-se que
A) o piano manteve-se estruturalmente o mesmo desde sua
invenção no século XVIII.
B) o piano apresenta uma característica técnica que o torna
um instrumento muito expressivo: o controle da intensidade
das notas.
C) o piano é um instrumento imprescindível na música
popular.
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D) embora seja utilizado apenas em concertos, o piano possui
muita popularidade.
E) as músicas tocadas ao piano permanecem as mesmas
sonoramente, independentemente do intérprete que as
executa, pois esse instrumento reduz os recursos de
interpretação.
O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973) foi
um dos pioneiros do Cubismo, uma proposta que
transformou não apenas a técnica da pintura, mas,
sobretudo, a maneira de se olhar a realidade e as formas de
representá-la.
Leia o texto a seguir sobre
sua obra Guitarrista, de
1910, representada a
seguir.
㉒
Assim, em Guitarrista, a
figura é legível não tanto
pela semelhança de seus
aspectos com a imagem
reconhecível
de
um
guitarrista, mas pela
relação entre as formas
circulares e as diagonais
colocadas contra uma
gelosia retangular. A
partir daí, lemos a cabeça
(o cilindro do alto), os braços (as formas triangulares de
ambos os lados) e uma guitarra (os arcos que se repetem no
centro). Conserva-se ainda um grau decisivo e residual de
semelhança – os cotovelos são pontudos e guitarras têm uma
abertura circular no tampo da caixa de ressonância –, mas a
disposição desses elementos e sua distinção das formas
retangulares, num sistema de signos praticamente reduzido
ao mínimo, é que são cruciais.
*gelosia – Grade feitas de ripas de madeira cruzadas intervaladamente, que
ocupa o vão de uma janela; rótula.
COTTINGTON, David. Cubismo. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. p. 42-43.
Com base no texto e na Figura I, entende-se que o Cubismo
A) é uma técnica artística que evidencia o contraste
cromático e o realismo das formas representadas.
B) explora intensamente aspectos da sociedade, como as
diferenças sociais e étnicas.
C) exprime uma busca por novas formas de representação da
realidade.
D) representa um único ângulo, ponto de vista, para a
observação e a apresentação da realidade.
E) desconsidera totalmente a realidade na sua forma de
representação.
O consumismo como personagem literário
As Coisas, de Georges Perec, fala do peso do consumo na vida
de jovens dos anos 60 e permanece espantosamente atual
quase 50 anos depois.
Em As coisas: uma história dos anos sessenta, seu livro de
estreia, ele usa um narrador que descreve, sem rodeios, a
vida de dois jovens inteligentes e ambiciosos, divididos entre
a vontade de ter uma vida criativa e não convencional e a
necessidade de trabalhar para ganhar dinheiro e atender a
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necessidades consumistas.
O tema do livro é, na verdade, o consumismo, que naquele
início dos anos 60, assumia o papel de motor da sociedade.
Os dois personagens, Jerôme e Sylvie, precisam de certos
objetos e roupas para ser o que pretendem ser (pessoas de
bom gosto e de bom nível cultural) e, principalmente, para
mostrarem ao mundo o que creem ser. Eles são felizes por
poderem prolongar a juventude devotada à apreciação do
mundo, aos amigos e às descobertas – uma possibilidade que
os anos 60 trouxeram. Por outro lado, estão constantemente
frustrados com a dificuldade para obter os símbolos que os
ajudariam a construir a imagem desejada de si mesmos. As
coisas é espantosamente atual ao descrever o consumismo
em todas as suas nuances. Veja este trecho: “No mundo
deles, era quase regra desejar sempre mais do que se podia
comprar. Não eram eles que tinham decretado isso, era uma
lei da civilização, um dado de fato, de que a publicidade em
geral, as revistas, a arte das vitrines, o espetáculo da rua, e
até, sob certo aspecto, o conjunto das produções comumente
chamadas culturais eram as expressões mais adequadas”.
SILVA, Marleth. O consumismo como personagem literário. Gazeta do Povo.
Considerando que o consumismo é um processo
típico das sociedades capitalistas estimulado
pelas campanhas publicitárias vinculadas principalmente
nos meios de comunicação, o texto apresentado objetiva
A) criticar a influência dos meios de comunicação no que
tange ao estímulo ao consumo.
B) divulgar um produto cultural que tem como tema central a
questão do consumo na sociedade contemporânea.
C) contestar uma determinada forma de atuação social que
privilegia a compra de produtos sem necessidade.
D) informar sobre a constituição da sociedade na década de
1960, caracterizada pelo consumo.
E) noticiar informações em relação ao consumismo com a
finalidade de mudar padrões de comportamento.
㉓
O ensino da gramática
Você está triste?
Não sei. Talvez.
Tristeza dá câncer, sabia?
Pensei que dava verruga no nariz.
Estou falando sério.
Ultimamente você vive falando sério.
Quando eu brincava você reclamava.
Nem tanto ao mar nem tanto a terra.
Você colocou vírgula depois de mar.
Estou falando, não estou escrevendo.
Mas na sua fala tinha uma vírgula depois de mar?
Não. Você está fazendo uma análise sintática e morfológica
da frase?
Na frase há o uso da figura de sintaxe chamada elipse.
Chega. É por coisas assim que eu não quero mais viver
com você.
Porque eu sei gramática e você não?
Entre outras coisas.
[...]
㉔
FONSECA, Rubem. Axilas e outras histórias indecorosas. São Paulo: Nova
Fronteira, 2011.
Denominada brutalista por Alfredo Bosi, a estética de Rubem
Página 8 de 17
Fonseca é marcada pela presença de uma sociedade onde
imperam a violência, o tecnicismo e o individualismo.
No texto O ensino da gramática, tais características se
materializam a partir
A) da temática em que se insere o texto – a questão da
técnica – representada no uso da linguagem pertinente aos
estudos literários.
B) da dificuldade expressa entre os personagens narradores
em entenderem-se efetivamente, marcando o individualismo
da sociedade.
C) do uso do discurso indireto livre, que demonstra a
versatilidade dos personagens ao considerarem o fim do
relacionamento.
D) da linguagem com marcas da oralidade que reproduzem a
velocidade em que a discussão se estabelece.
E) da referência aos valores que a sociedade contemporânea
preconiza, a saber, a saúde e o bem-estar.
Texto para as questões 25 e 26.
Timidez: como usá-la a seu favor
Novas pesquisas mostram que os introvertidos podem ser
mais concentrados, mais criativos – e mais bem-sucedidos
Eles estão em todos os lugares, na vida real e na ficção,
da literatura clássica à cultura pop. O introvertido número um
da literatura talvez seja Julien Sorel, protagonista do romance
O vermelho e o negro, do século XIX. Fã de filosofia e de
leituras religiosas, o personagem criado pelo francês HenriMarie Beyle, conhecido como Stendhal, leva centenas de
páginas até conseguir se aproximar de sua amada, Madame
de Renal – uma paixão proibida, pois ela é casada com o
prefeito da fictícia cidade de Verrières. Na cultura pop, esse
papel é exercido por Clark Kent, habitante de outra cidade
fictícia, Metrópolis, que ganha a vida como repórter do jornal
Planeta Diário. Criação do gigante dos quadrinhos DC Comics,
Kent treme quando se aproxima da colega Lois Lane, por
quem é apaixonado, e só se torna mais desinibido quando
veste a cueca por cima da calça e combate o crime com a
capa de Super-Homem.
[...]
Para os representantes dessa turma, o livro Quiet: the
power of introverts in a world that can’t stop talking (algo
como Quietos: o poder dos introvertidos em um mundo que
não para de falar), da americana Susan Cain, é mensageiro de
uma boa-nova. A obra, que chegará às livrarias brasileiras em
maio pela Editora Agir, contraria um lugar-comum, segundo o
qual tímidos e introvertidos devem fazer um esforço para
deixar de ser o que são, como se tivessem uma doença. Para
Susan Cain, é exatamente o oposto. Os tímidos e os
introvertidos mais bem-sucedidos são justamente aqueles
que transformam timidez e introversão em aliados ao longo
da vida.
[...]
SPINACÉ, Natalia; ZIEMKIEWICZ, Nathalia. Timidez: como usá-la a seu favor.
Revista Época.
A reportagem Timidez: como usá-la a seu favor,
publicada na Revista Época, aborda os resultados
de uma pesquisa. Considerando que o autor precisa respeitar
os fatos, isentando-se de apresentar uma opinião em relação
às informações apresentadas, pois o papel de avaliação é do
leitor, o fragmento da reportagem apresentada contribui
㉕
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para o desenvolvimento do senso crítico e da própria
atuação do indivíduo em sociedade ao
A) contrariar o senso comum que percebe a timidez como
uma faceta a ser reforçada no comportamento de um
indivíduo.
B) destacar a influência que os produtos culturais – literatura
e revista em quadrinhos – desempenham na formação de
opinião.
C) rechaçar o padrão de comportamento dos heróis juvenis
simbolizados pelo Super-Homem e por Julien Sorel.
D) divulgar uma obra que trata de uma pesquisa sobre como
tornar-se uma pessoa bem-sucedida.
E) apresentar fatos que revelam um novo ponto de vista
sobre a introversão.
O autor de um texto busca, por meio de
estratégias diversas, interpelar o maior número
de leitores possíveis.
No fragmento da reportagem, um dos recursos usados pela
autora para se aproximar do universo dos leitores é
A) a exposição do título da obra no original.
B) a indicação da editora que publicará a obra.
C) a apresentação da autora do livro.
D) a apresentação de personagens de universos distintos –
literário e HQs.
E) o tratamento do tema pelo viés de uma linguagem mais
formal.
㉖
O RELÓGIO
Cassiano Ricardo
Diante de coisa tão doída
Conservemo-nos serenos.
Cada minuto de vida
Nunca é mais, é sempre menos.
Ser é apenas uma face
Do não ser, e não do ser.
Desde o instante em que se nasce
Já se começa a morrer.
㉗
Na poesia de Cassiano Ricardo deduzimos que o relógio
simboliza:
A) a ciência humana.
B) a superioridade do homem sobre a máquina.
C) a efemeridade de nossa existência.
D) a tirania da máquina.
E) a inutilidade da vida humana.
Lisbon Revisited
Não: não quero nada,
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me
[enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
㉘
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Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica
[só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário
[de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos,
[a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
Ó céu azul – o mesmo da minha infância –
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar
[sozinho!
(PESSOA, Fernando. Obra Poética)
Pela leitura do poema, pode-se dizer que o poeta
A) encontra na morte a única solução para os problemas.
B) tenta tornar-se uma outra pessoa, para agradar a todos.
C) sente-se solitário e, por essa razão, almeja fazer parte da
companhia.
D) aparta-se da sociedade, para desenvolver sua arte.
E) recusa-se a aceitar os valores que a sociedade tenta
inculcar-lhe.
“...Contemplava extasiada o céu cor de anil.
E eu fiquei compreendendo que eu adoro o meu
Brasil. O meu olhar posou nos arvoredos que existe no inicio
da rua Pedro Vicente. As folhas movia-se. Pensei: elas estão
aplaudindo este meu gesto de amor a minha Pátria. (...)
Toquei o carrinho e fui buscar mais papéis. A Vera ia sorrindo.
E eu pensei no Casimiro de Abreu, que disse: “Ri criança. A
vida é bela”. Só se a vida era boa naquele tempo. Porque
agora a época está apropriada para dizer: ‘Chora criança. A
vida é amarga’.”
㉙
(JESUS, Carolina de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo:
Ática, 1993.)
Carolina de Jesus refere-se ao poeta do Romantismo
Brasileiro, para quem a criança teria motivos para rir. Esse
trecho, porém, que, em seu diário está registrado com a data
de 19 de maio de 1958, mostra uma outra visão da infância,
para quem, segundo a autora, “a vida é amarga”.
É correto afirmar que a autora assume, com relação ao
poeta romântico, uma postura de
A) crítica, pois põe em dúvida a possibilidade de haver uma
vida boa “naquele tempo”.
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B) desprezo, pois, diante de seu sofrimento, não pode aceitar
os versos românticos como uma verdade.
C) desrespeito, pois questiona as palavras de um dos grandes
poetas do Romantismo Brasileiro.
D) admiração, pois cita um famoso poeta do romantismo
brasileiro.
E) sarcasmo, pois ridiculariza o poeta com um humor ferino
que invalida seus versos.
Estudo realizado em escolas públicas no Rio de
Janeiro apontou índice de sedentarismo de 85%
entre adolescentes do sexo masculino e de 94% nos do sexo
feminino. A participação em atividades físicas declina
consideravelmente com o crescimento, especialmente da
adolescência para o adulto jovem. Alguns estudos identificam
alguns fatores de risco para o sedentarismo: pais inativos
fisicamente, escolas sem atividades esportivas, sexo
feminino, residir em área urbana, TV no quarto da criança.
㉚
ALVES, Roseane Victor. Prática de esportes durante a adolescência e
atividade física de lazer na vida adulta. Revista Brasileira de Medicina do
Esporte. vol. 11, n. 5, set./out. 2005. p. 292.
Com base no estudo acima, conclui-se que
A) as meninas são mais sedentárias que os meninos devido
ao hábito de assistirem à televisão por mais tempo.
B) o sedentarismo dos pais não influencia os filhos, pois pais
inativos tendem a gerar filhos fisicamente ativos.
C) o fato de morar em áreas urbanas, que oportunizam maior
número de locais para a prática de atividades físicas, pode
contribuir para a diminuição do índice de sedentarismo entre
os adolescentes.
D) a participação em atividades esportivas escolares pode
desenvolver habilidades e proporcionar diversão, criando
bases para a atividade esportiva na vida adulta.
E) o tempo para a prática de atividades físicas é igual tanto
para adultos quanto para adolescentes, pois, atualmente, os
adolescentes também estão inseridos no mercado de
trabalho.
O esporte, as ginásticas, as danças, as artes
marciais e as práticas de aptidão física tornam-se,
cada vez mais, produtos de consumo (mesmo que apenas
como imagens) e objetos de conhecimento e informações
amplamente divulgados para o grande público. Jornais,
revistas, videogames, rádio e televisão difundem ideias sobre
a cultura corporal de movimento. Há muitas produções
dirigidas ao público adolescente. Crianças tomam contato
precocemente com práticas corporais e esportivas do mundo
adulto.
A Educação Física deve assumir a responsabilidade de formar
o cidadão capaz de posicionar-se criticamente diante das
novas formas da cultura corporal.
㉛
BETTI, Mauro. A janela de vidro.
Com base no texto acima, conclui-se que
A) a difusão em massa por parte dos meios de comunicação
só traz efeitos positivos, pois as práticas corporais são
amplamente exploradas e divulgadas.
B) a influência da mídia esportiva é percebida somente nas
aulas de Educação Física nas quais se apresentam as novas
tendências do esporte mundial.
C) por meio de um trabalho crítico e informativo sobre as
Página 10 de 17
práticas esportivas exploradas pela mídia, a Educação Física
pode minimizar os efeitos negativos do contato precoce das
crianças com as produções adultas.
D) cabe à Educação Física a difusão, a exploração e a
massificação das práticas corporais para as crianças, mesmo
que precocemente, pois o que é feito nas aulas tem
influência no que é praticado também fora delas.
E) a mídia, em geral, transformou as práticas corporais em
bens de consumo, divulgadas com discernimento crítico e
defendidas como direito para todos.
Os textos a seguir apresentam a definição de arte
primitiva, de arte medieval e do termo clássico.
Leia-os e observe as Figuras I, II e III.
Texto I
A arte primitiva, apesar de
sua ilimitada variedade,
compartilha
um
traço
dominante:
a
reestruturação imaginativa
das formas da natureza, em
vez
de
observação
cuidadosa.
Sua
preocupação não é com o
mundo visível, mas com o
mundo
invisível
e
inquietante dos espíritos.
Para a mente primitiva,
todas
as
coisas
são
animadas por espíritos
poderosos.
㉜
JANSON, H. W. Iniciação à história
da Arte. São Paulo: Martins Fontes,
1996. p. 18.
Texto II
A Alta Idade Média oscila
entre
duas
formas
principais
de
representação:
a
arquitetura das igrejas,
palácios e templos, e a
pintura de fundo religioso.
Conhecida como a “era da
Fé”, a Idade Média foi um
ciclo de representação que
opôs duas linhas: o
românico, estabelecido de
forma múltipla em diversas
regiões da Europa, entre os
anos 1050 e 1200, e o
gótico, considerado o auge
da arte medieval.
JANSON, H. W. Iniciação à história
da Arte. São Paulo: Martins Fontes,
1996. p. 103.
Texto III
clássico – adj 1. Que se
tornou
um
modelo;
modelar, exemplar. 2. Que
se refere à cultura, à literatura ou à arte dos antigos gregos e
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romanos. 3. Que segue, em matéria de cultura, letras e artes,
o padrão destes povos. 4. Famoso por se repetir ao longo do
tempo; consagrado.
Dicionário Barsa da língua portuguesa. São Paulo: Barsa Planeta, 2004. p.
216.
Ao relacionar textos e figuras, pode-se considerar que
A) a Figura I exemplifica a definição do Texto I.
B) as Figuras I, II e III são exemplos da definição do Texto III.
C) a Figura III exemplifica a definição do Texto II.
D) todas as figuras possuem relação de semelhança com a
definição do Texto II.
E) as definições dos Textos I e III complementam-se e a Figura
II as exemplificam.
Texto para as próximas duas questões.
Tá com essa cara por quê?
Cientistas ingleses afirmaram que já é possível fazer
transplantes de rosto. É isso mesmo. Eu li a notícia numa
dessas revistas de ciências, no consultório do meu médico A
ideia dos cientistas é retirar a pele do semblante de um
doador e reimplantá-la em outra pessoa. Afinal, eles dizem, a
pele é apenas mais um órgão humano e, se já é possível fazer
transplantes seguros até do coração, que é muito mais
complicado, por que não da pele?
Eu fiquei abismado. Primeiro que eu nem sabia que a pele era
considerada um órgão. Segundo que essa operação oferece
possibilidades que beiram a ficção científica. É, porque,
embora os tais cientistas ingleses afirmem que a intenção
deles é apenas recuperar pessoas desfiguradas por
queimaduras, eu duvido muito que a coisa vá ficar por aí.
Você agora pode mudar de cara, entende? Quem sabe
se, daqui alguns anos, a gente não vai poder escolher novas
feições numa clínica ou até mesmo num supermercado ou
num shopping?
A maioria das pessoas com quem comentei a notícia
ficou entusiasmada. Afinal, quase ninguém é muito feliz com
a cara que tem. Um reclama do nariz mais protuberante. A
outra, de suas orelhas de abano. Um terceiro que tem muitas
espinhas. Todo mundo quer mudar de cara.
Apenas um dos meus amigos não gostou muito da ideia.
E com certa dose de razão.
– Eu é que não troco a minha cara. Apesar de feia, com
essa pelo menos eu já estou acostumado. E, mesmo se fosse
para trocar, eu ia querer a cara de quem? É uma pergunta
interessante. A cara de quem você gostaria de ter? Do
Silvester Stallone? Não. Acho que eu prefiro alguma coisa um
pouco mais intelectual, Talvez do Woody Allen. Não, também
não.
Eu nunca fiquei bem de óculos. Do Tom Cruise? Não. As
fãs não iam me deixar em paz. Do BilI Gates? Bem, só se,
junto com a cara, viesse também seu saldo bancário. A
verdade é que é muito difícil escolher uma nova cara.
– E tem outra – continuou meu amigo –, já imaginou ter
a cara de outro homem ali, o tempo todo, encostadinha
em você? Cai fora, sô...
CARVALHO, Arthur. Tá com essa cara por quê?. Disponível
em:<http://www.releituras.com/acarvalho_menu.asp>. Acesso em: 21 fev.
2012.
㉝
Um dos recursos utilizados pelo autor para
chamar a atenção do leitor e que conferem ao
Página 11 de 17
texto certo grau de ironia é
de Estado de 1991; e o início da guerra civil na República
Democrática do Congo, em 1997.
A) a busca do indivíduo pela cara perfeita – Bill Gates, Tom
Cruise, Silvester Stallone, Woddy Allen –, ressaltando os
ícones de beleza da cultura de massa.
B) a representação de um diálogo entre amigos – Apenas um
dos meus amigos não gostou muito da ideia –, revelando a
importância da opinião na escolha de um novo rosto.
C) o elogio ao consumo – [...] a gente não vai poder escolher
novas feições numa clínica ou até mesmo num supermercado
ou num shopping? –, desvelando as relações
de comércio na contemporaneidade.
D) o rechaço aos avanços científicos – embora os tais
cientistas ingleses afirmem que a intenção deles é apenas
recuperar pessoas desfiguradas por queimaduras, eu duvido
muito que a coisa vá ficar por aí.
E) a retomada do bordão popular – Tá com essa cara por
quê? –, usado, normalmente, para sugerir um estado de
ânimo. Há de se observar que, na crônica, essa expressão é
usada para chamar a atenção para os aspectos físicos do
rosto.
SORG, Leticia. Do clima à fome. Da fome à guerra. Revista Época. Disponível
em: <http://revistaepoca. globo.com/Mundo/noticia
O texto Tá com essa cara por quê? elucida, por
meio de uma linguagem simples e direta, o objeto
de crítica e reflexão do cronista que intenciona
A) divertir o leitor com o relato de uma situação vivida por
ele.
B) criticar o uso comercial de descobertas científicas.
C) informar o leitor sobre o resultado de novas pesquisas.
D) elogiar a atuação de pessoas consideradas como ícones de
sucesso.
E) rechaçar a indústria cultural que cria ídolos para a cultura
de massa.
㉞
Textos para as questões 35 e 36.
Texto I
Do clima à fome. Da fome à guerra Cientistas
comprovam a relação entre o El Niño e a ocorrência de
guerras civis em países pobres Que as consequências dos
conflitos militares são mais graves em regiões com condições
climáticas extremas é um fato comprovado há tempos. Um
grupo de cientistas, no entanto, foi mais longe. Seu estudo,
publicado na revista Nature, mostra o que muitos
suspeitavam: as condições climáticas também podem agravar
ou criar guerras locais. “O clima pode ser o último empurrão
para a eclosão de uma guerra civil”, disse Solomon Hsiang,
líder do grupo de pesquisa do Instituto da Terra da
Universidade Colúmbia, em Nova York. No Chifre da África, a
atual seca é consequência do fenômeno La Niña –
resfriamento de parte das águas do Oceano Pacífico. Em
outras partes do mundo, porém, é geralmente associada a
outro fenômeno, de características opostas, o El Niño –
aquecimento das águas do Pacífico. Com os dois fenômenos
em mente, Hsiang e seus colegas analisaram a variação
climática de 175 países e a ocorrência de conflitos civis entre
1950 e 2004. Notaram não só que as guerras eram mais
frequentes nos anos do El Niño, mais quentes e secos, como
também costumavam eclodir no segundo semestre, junto
com os efeitos do fenômeno climático. Encaixam-se nesse
padrão a retomada da guerra civil no Sudão, em 1983, depois
de dez anos de armistício; os conflitos no Haiti, após o golpe
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Texto II
África: fome e guerra
Um continente assediado pela fome. Pelas estatísticas
recentes, as cifras desse flagelo não param de crescer,
tornando-se mais graves e mais preocupantes. A cada ano, 27
milhões de africanos, a maioria crianças, estão ameaçados de
morrer de fome. Dos 800 milhões de habitantes, pelo menos
150 milhões vivem em debilitante escassez de alimentos. Os
países mais atingidos pelo flagelo
são: Etiópia, Somália, Sudão, Moçambique, Malavi, Libéria e
Angola. Além disso, são os mais atingidos por violentos
conflitos internos, que ameaçam aumentar a ruína. No fluxo
do comércio mundial, no qual a África não tem condições de
tomar parte, contribuem com modestíssimos
1,5%.
ROSSI, Carlos. África: fome e guerra
Para reconstruir o sentido de um texto, o leitor
precisa estar atento aos recursos linguísticos e
estéticos escolhidos pelo autor. Nesse processo, o
reconhecimento do uso das figuras de linguagem se converte
em uma importante ferramenta que amplia a expressividade
da mensagem apresentada. No Texto I, uma das figuras de
linguagem utilizada pelo autor é
A) a elipse, haja vista que ele não explica o que é o fenômeno
El niño – “Cientistas comprovam a relação entre o El Niño e a
ocorrência de guerras civis em países pobres”.
B) a metáfora, pois considera um fenômeno natural como
algo passível de ter gênero, “a atual seca é consequência do
fenômeno La Niña”.
C) a antítese, ao contrapor as origens de dois fenômenos
climáticos – el Niño e La niña.
D) o pleonasmo, pois repete várias vezes a ideia que o clima
influencia no surgimento de conflitos.
E) a gradação, pois demonstra como um fenômeno leva a
outro – “Do clima à fome. Da fome à guerra”.
㉟
Em relação às ideias apresentadas nos dois textos
sobre o desenvolvimento de conflitos, pode-se
considerar que
A) o Texto I apresenta uma situação hipotética em relação à
influência do clima no desenvolvimento de conflitos.
B) o Texto II faz uma descrição da situação vivida por países
africanos que corrobora as ideias apresentadas no Texto I.
C) os dois textos apresentam dados sobre a influência do
clima na manifestação de conflitos na África.
D) no Texto II, pode-se perceber a presença de dados
econômicos que contrariam as ideias defendidas no Texto I
sobre a influência do clima.
E) ambos os textos divergem em relação ao tema, já que o
Texto I apresenta dados de uma investigação, enquanto o
Texto II descreve as dificuldades vividas pelos africanos.
㊱
Texto I
A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e
neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como
㊲
Página 12 de 17
falamos. Como somos. [...] Nenhuma fórmula para a
contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.
[...]
A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor
de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração
moderna. [...] Apenas brasileiros de
nossa época.
ANDRADE, Oswald. Manifesto Pau-Brasil.
Publicado originalmente na edição do CORREIO
da Manhã, 18 mar. 1924.
Texto II
Dizem que quando Oswald de Andrade
recebeu de presente de aniversário de
Tarsila do Amaral, naquela época sua
esposa, a obra Abaporu, chamou Raul Bopp e lhe disse:
“Vamos fazer um movimento em torno desse quadro”.
Relacionando o Texto I com a obra de Tarsila do Amaral,
pode-se afirmar que o que sintetiza o movimento idealizado
por Oswald de Andrade é
A) a idealização do brasileiro, expressa no uso de cores
vibrantes.
B) a reflexão sobre o caráter original da cultura brasileira.
C) a preponderância da simplicidade expressa nas linhas
simples e nas frases curtas.
D) a falta de originalidade da produção artística modernista.
E) a negação do regionalismo em favor de expressões
artísticas estrangeiras.
Em geral, a lírica é vista como o gênero que se
caracteriza por expressar sentimentos e ideias
íntimas de um sujeito poético. A poesia lírica seria, então,
marcada, sobretudo, pela subjetividade, privilegiando o
mundo interior em face ao mundo exterior.
㊳
Assinale a alternativa em que o fragmento do poema NÃO
apresenta um eu-lírico correspondente ao que foi descrito
acima.
A) “É mineral o papel/ onde escrever/ o verso; [...] É mineral,
por fim,/ qualquer livro:/ que é mineral a palavra escrita, a
fria natureza// da palavra escrita.”
a importância do figurino no espetáculo?
Janice Ghisleri - Estilista e Figurinista, Bacharel em Moda
UDESC-Universidade do Estado de Santa Catarina.
Alguns figurinos ou elementos cênicos muitas vezes assumem
papéis tão importantes quanto um ator dentro de um
espetáculo, pois podem apresentar peso e função tamanha
que acabam falando por si só. Antes de considerar um grau
de importância do figurino, é preciso definir o que é.
Chamamos de figurino o traje usado por um ou mais
personagens de uma produção artística, independente de sua
linha (teatro, dança, cinema, musicais, etc.). Alguns
profissionais se referem ao figurino como traje,
indumentária, vestuário, mas há algumas diferenças básicas
entre esses termos. [...] indumentária seria todo o vestuário
em relação a uma determinada época e povos. Vestuário, um
conjunto de peças de roupas que se veste e o figurino, seria o
traje usado por um personagem criado. Consideramos como
figurino tudo que o ator leva em cima de si, temos, então, as
roupas e acessórios.
[...]
O figurino tem duas funções básicas: definir o personagem
interpretado pelo ator e ajudar a estabelecer o tema, ideia e
atmosfera da produção interpretada pelo diretor, além de
mais outras quatro não menos importantes. O figurino é
parte importante do espetáculo, pois ele cria a linguagem das
formas, cores, texturas; representa a época, a situação
econômica política e social; indica a região ou cultura, estilo
do personagem, estação climática, aspecto psicológico, enfim
os elementos necessários para passar ao espectador o
sentido do espetáculo, devendo mostrar as relações entre
todos os personagens.
[...]
GHISLERI, Janice. Como entender a importância do figurino no espetáculo?.
A Figura a seguir é a fotografia do elenco do espetáculo O
grande circo místico, do balé Teatro Guaíra de Curitiba, em
apresentação de sua turnê em 2002. A criação do figurino é
de Rosa Magalhães.
(MELO NETO, João Cabral. Psicologia da composição).
B) “Mundo mundo vasto mundo,/ se eu me chamasse
Raimundo/ seria uma rima, não seria uma solução./ Mundo
mundo vasto mundo,/ mais vasto é meu coração”. (ANDRADE,
Carlos Drummond de. Alguma poesia).
C) “Em que lugar ficou/ o que agora/ me faz falta/ o que não
sei/ nem mais o nome/ o que antes foi tão querido/ [...]
cercado por minha pele/ feito eu mesmo?
(FREITAS FILHO, Armando.Longa vida).
D) “Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho/[...] Nem ama
duas vezes a mesma mulher. [...] Ainda não estamos
habituados com o mundo/ Nascer é muito comprido.”
(MENDES, Murilo. In: Os quatro elementos).
E) Amar o perdido/ deixa confundido/ este coração. / Nada
pode o olvido / contra o sem sentido / apelo do Não.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética)
Figurino é um dos recursos cênicos do personagem
teatral. Associado à maquiagem e a outros
recursos, possibilita que o ator se transfigure e possa assumir
seu personagem de forma mais contundente. Como entender
㊴
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Figura 1 LISBOA, Tom. Grande circo místico. 2002. 1 fotografia color.
Com base no texto e na fotografia, pode-se afirmar que o
figurino
A) tem importância exclusiva para o teatro e em
apresentações sobre palco, pois, fora desses ambientes
próprios, sua importância é questionável.
B) está presente em diversas manifestações culturais e
artísticas, como elemento cênico muito valorizado, pois
contribui para ampliar o sentido da apresentação.
C) é recurso essencial de uma apresentação artística, pois,
sem ele, nenhum ator consegue ativar os recursos internos
de interpretação de um personagem.
Página 13 de 17
D) favorece a transformação do ator em personagem e é de
importância fundamental nos ensaios de uma apresentação
artística.
E) constitui-se basicamente da maquiagem utilizada pelos
atores, diferenciando um personagem de outro.
Texto I
O uso do alongamento como um processo de
aquecimento é comum em diversas práticas corporais e
baseia--se em três pontos: auxilia no aquecimento geral,
previne lesões e melhora o desempenho corporal. No
entanto, estudos mostram que, após o alongamento estático,
pode haver diminuição no desempenho muscular.
㊵
MARANGON, Davi; TONIETTO, Rafael; CHAVES JUNIOR, Sergio. Educação
Física: ensino médio. 2ª série. vol 1. Curitiba: Positivo, 2010. p. 44.
Texto II
Alongamento estático é o mais comum dos alongamentos e
baseia-se em mover o membro lentamente, mantendo o
segmento muscular determinado pela tensão muscular logo
acima da amplitude do movimento habitual.
ACHOUR JÚNIOR, Abdallah. Bases para os exercícios de alongamentos
relacionados com a saúde e no desempenho atlético. 1. ed. Londrina:
Midiograf, 1996. p. 32.
Com base nos textos, pode-se afirmar que
A) o alongamento, como um processo de aquecimento, não é
recomendável, pois pode causar lesões, devido à musculatura
não estar pronta para o exercício.
B) usado como forma de aquecimento, o alongamento
melhora o desempenho em todas as atividades físicas.
C) o alongamento não é indicado para atividades que
requeiram força e potência muscular, pois pode diminuir o
desempenho.
D) sem alongamento, não há aquecimento, pois a
musculatura só está apta para a atividade física depois de
estar devidamente alongada.
E) o alongamento do tipo estático é mais recomendado e
pode ser utilizado como aquecimento para qualquer tipo de
atividade física, sem perda de desempenho.
O texto que segue trabalha a função poética da
linguagem usando como base um gênero textual
que, em seu contexto comum, teria um uso prático e
utilitário para quem dele fizesse uso: a receita. Leia-o com
atenção e assinale a afirmação correta.
RECEITA
“Ingredientes:
2 conflitos de gerações
4 esperanças perdidas
3 litros de sangue fervido
5 sonhos eróticos
2 canções dos Beatles
Modo de preparar:
Dissolva os sonhos eróticos
nos dois litros de sangue fervido
e deixe gelar seu coração
Leve a mistura ao fogo
adicionando dois conflitos de gerações”
㊶
BEHR, Nicolas. Restos vitais.
A) O eu-lírico, para facilitar seu ofício poético, já usa um tipo
de formato de texto pronto; com isso, não tem tanto
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trabalho para compor seu poema.
B) Os ingredientes que fazem parte do texto foram listados
aleatoriamente, não provocando, portanto, nenhum efeito
de sentido.
C) A partir dos ingredientes, o leitor do poema já se reporta
para o contexto de uma geração que viu muitos de seus
sonhos se diluírem enquanto eram embalados pelas canções
dos Beatles.
D) O poeta usa a expressão conflito de geração uma vez que
os Beatles, ao contrário dos Rolling Stones, foram uma banda
de pouca popularidade, que não conseguiu se comunicar com
a juventude de sua época.
E) O sentido da expressão “deixe gelar seu coração” é
referencial, significando exatamente o que está escrito, sem
qualquer valor poético da linguagem.
Considerando as tipologias textuais da Língua
Portuguesa, leia os fragmentos a seguir:
A) “Ás nove da noite entrou ressabiado na cozinha. Maria foi
para a saleta de televisão. Meia hora depois João entrou na
saleta, ela foi para o quarto. João entrou no quarto, ela
deitada no escuro.”
㊷
TREVISAN, Dalton. A gorda do Tiki Bar. Porto Alegre: LP&M Pocket, 2005.
B) "A história dos videogames envolve o desenvolvimento
dos jogos eletrônicos, que começaram a ser populares na
década de 1970 - inicialmente em computadores - e logo
culminaram na criação de arcades e consoles de
videogames.”
WIKIPÉDIA. História dos jogos eletrônicos.
C) Assim como existem remédios claros e disponíveis para
prevenir [mortes por E. Coli em Walkerton], há muitas
soluções políticas óbvias para evitar futuras mortes. Mais
habitações, melhor proteção ao inquilino e menos maustratos são bons pontos de partida.”
KLEIN, Naomi. Cercas e janelas. São Paulo. 2003.
D) E se você ligar agora, amigo ouvinte, leva também essa
maravilhosa lanterna Thunder light. Seu dispositivo “Rightfast”, ultra-avançado, permite que você ilumine os lugares
mais escuros com a nitidez de uma clara manhã de sol.
E) “A ventania chegava na segunda metade dos invernos,
plantação de crescimento rápido, brotando com as primeiras
pancadas d´água. Roçava sem termo naquelas paragens.”
LINS, Osman. Nova novena: Narrativa. São Paulo: Melhoramentos, 1975.
Os textos, de acordo com as suas tipologias, são,
respectivamente:
A) Narração - Argumentação - Exposição - Descrição –
Injunção.
B) Fática - Narração - Exposição - Descrição – dissertação.
C) Poético – Metalinguístico – Conativo – Descritivo –
Injuntivo.
D)
Exposição - Descrição – Injunção - Narração Argumentação.
E) Dissertação - Narração – Argumentação - Narração Descrição.
Receita Para Se Fazer Um Herói (Ira!)
Toma-se um homem
Feito de nada como nós
Em tamanho natural
Toma-se um homem
㊸
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Feito de nada como nós
Em tamanho natural
Embebe-se-lhe a carne
De um jeito irracional
Como a fome, como o ódio
Embebe-se-lhe a carne
De um jeito irracional
Como a fome, como o ódio
Depois, perto do fim
Levanta-se o pendão
E toca-se o clarim
E toca-se o clarim
Serve-se morto
Serve-se morto
Morto, morto
Serve-se morto
Serve-se morto
http://letras.mus.br/ira/46411/
Em relação à esfera discursiva e ao gênero textual, o texto
do grupo Ira pertence à:
A) esfera jornalística e ao gênero textual notícia, pois noticia
a morte de um herói de guerra.
B) esfera publicitária e ao gênero textual jingle, já que vende
a ideia de qualquer pessoa pode ser um herói.
C) esfera instrucional e ao gênero textual receita, pois ensina
como fazer um herói.
D) esfera artística e ao gênero textual canção, pois foi feito
para ser cantado.
E) esfera cientifica e ao gênero textual resumo, já que resume
a vida de um herói de guerra.
Beatles. Mas eles tocavam com convicção, com gosto. Num
estilo próprio, inigualável. Utilizando até a última gota os
recursos técnicos a seu dispor.(...)”.
DANTAS, Marcelo O. Beatles: As contradições entre o apaulíneo e o
johnisíaco ajudam a explicar a permanência da música do grupo inglês.
Com base na leitura do texto, é correto afirmar:
A) O autor do texto elenca alguns eventos meramente da
esfera política para resumir as últimas três décadas,
constatando que em trinta anos o mundo sofreu
transformações radicais.
B) A música está entre os temas preferidos de qualquer
adolescente; muito embora, o autor do texto afirme que em
plena era da cultura digital e do hip-hop é praticamente
improvável que garotos se interessem por músicas
produzidas nos anos 70.
C) Os historiadores, para compreender melhor a época em
que vive, dedicam-se em investigar os gostos musicais de
muitos adolescentes. Dessa pesquisa, é comum se depararem
com posturas vanguardistas de jovens que revolucionaram o
seu tempo.
D) A importância que os Beatles representaram em seu
tempo e sua influência na formação do mundo moderno, ou
seja, seu papel histórico, é o que explica, segundo o autor, o
interesse que alguns adolescentes de hoje têm pela banda.
E) O autor aposta que, entre os fatores que sustentam a
permanência dos Beatles entre os interesses dos jovens de
hoje, estão presentes o estilo inigualável e a convicção com
que os rapazes de Liverpool produziram sua música.
“O futuro das organizações – e
nações – dependerá cada vez
mais de sua capacidade de aprender
coletivamente.”
㊺
“Ainda outro dia, um amigo me mandou um email contando que havia presenciado uma cena
saída diretamente do seriado Túnel do tempo. Encostados no
balcão do BB Lanches, no Rio, dois garotos, de no máximo 13
anos, conversavam assim: "Você sabe por que eles fizeram
Taxman? Porque na Inglaterra tinha imposto pacas. Eles
fizeram uma música de protesto!". Ao que o outro aquiesceu,
acrescentando mais um caminhão de informações sobre o
hino antitributário do álbum Revolver.
Meu amigo ficou estupefato. Era como se nós dois
estivéssemos ali, 30 anos antes, tomando um suco depois do
colégio. Nessas três décadas, o mundo virou do avesso.
Acabou a guerra fria, o regime militar, a paz no Leblon. Sérgio
Dourado faliu, Star Wars cansou, Joey Ramone morreu. Foi-se
tudo e mais um pouco. Mas os garotos ainda estão lá, falando
dos Beatles.
Embora sensato, o argumento se refere apenas ao
passado. Não explica nada sobre a permanência dos Beatles.
Nenhum moleque vai sair da sua casa e ir até o camelô da
esquina comprar um CD por conta do papel histórico de uma
banda na formação do mundo moderno. Além do quê,
sejamos objetivos: os anos 60 terminaram faz tempo.
Permanece então a pergunta: como pode alguém se
apaixonar pelos cabeludos de Liverpool em meio ao cinismo e
à desesperança do século XXI? Como pode um jovem
saudável contrair a febre da beatlemania em plena era do
hip-hop e da cultura digital? O palpite é simples. A música tudo se resume à música.
Os quatro nunca foram instrumentistas virtuosos.
Ninguém encontrará um solo de 15 minutos num disco dos
㊹
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(Peter Senge)
Analisando-se o texto é correto afirmar:
A) O autor sugere que cada indivíduo trabalhe
desordenadamente.
B) Às nações cabe repensar suas práticas como meio de
caminhar para o insucesso.
C) O sucesso depende, exclusivamente, de ações partilhadas.
D) O texto reforça o que diz o provérbio: Uma andorinha só
não faz verão.
E) O texto reforça o que diz o provérbio: Quem é coxo, parte
cedo.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com
base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma
padrão da língua portuguesa sobre o tema A INFLUÊNCIA DO
CONSUMO DE NOVAS TECNOLOGIAS NA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA, apresentando proposta de intervenção,
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos
para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO MOTIVADOR I
O padrão Steve Jobs é predador
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Vou nadar contra a correnteza. Afirmo que o modelo de
consumo imposto por Steve Jobs é predador e prejudicial ao
futuro da humanidade. A morte de Steve elevou-o à condição
de mito e chegaram a compará-lo a Leonardo da Vinci. Ele era
um gênio da engenharia, disso não discordo. Mas penso que
sua obsessão quase louca por lançar um produto e, alguns
meses depois, relançá-lo com melhorias marginais e seu êxito
em conseguir convencer multidões a substituí-lo
compulsivamente em período curto contribuíram para a
exploração irracional e destrutiva dos recursos ambientais.
Debati esse assunto em uma mesa-redonda na qual o
palestrante louvava Steve Jobs como um ser quase
extraterrestre, um deus que estaria propiciando aos humanos
um patamar superior de vida na Terra. Jobs ofereceu coisas
novas e boas, sem dúvida; mas também contribuiu para o
consumismo predador.
Antes, é preciso esclarecer um ponto: há inovações que
são caracterizadas como “saltos tecnológicos”, enquanto
outras não. A evolução da abreugrafia (o raio X) para a
ressonância magnética; da máquina de escrever para o
computador; do telefone fixo para o celular; da carta para o
e-mail, a invenção da internet... todos esses são exemplos de
saltos tecnológicos geniais e extremamente úteis à
humanidade. Mas sair de um Ipad 1 para um Ipad 2 não é
salto tecnológico algum, são apenas melhorias marginais na
mesma tecnologia e no mesmo produto. Fiz, ao palestrante, a
seguinte pergunta: “Diga-me em que a humanidade se torna
superior por adquirir um iPhone e, antes de dominar e usar
20% de seus recursos técnicos, substituir pelo modelo 2,
comprar o modelo 3 em mais seis meses... o modelo 4... o
modelo 5...?”. Na realidade, afirmei, nada há de superior
nisso, e o descarte de produtos praticamente novos está
causando destruição de recursos naturais, aumentando o lixo
mundial e colocando a humanidade em um beco capaz de
comprometer a vida de nossos filhos e das gerações
seguintes.
Há pessoas que compraram o Ipad 1, exploraram
uns 5% de sua capacidade, jamais leram um único livro em
seu leitor eletrônico e, eufóricos, compraram o Ipad 2 apenas
meio ano depois. E irão comprar o Ipad 3, o Ipad 4 e quanto
mais houver. E precisam disso? Não. Não precisam e não
usam 80% do equipamento. Por que milhões de pessoas
estão descartando aparelhos praticamente novos,
diminuindo o tempo médio de vida dos produtos, e
adquirindo modelos novos do mesmo, praticamente iguais,
com pequenas melhorias marginais? É apenas fruto de
desejo, ansiedade, consumismo e exibicionismo, vícios que
são antigos. Na obra “Satiricon”, escrita por Petrônio na
época do Império Romano, o milionário diz: “Só me
interessam os bens que despertam no povo a inveja de mim
por possuí-los”. Karl Marx voltaria ao assunto, para dizer que
“o fetiche da mercadoria vai transformar todas as relações
sociais em mercadoria”.
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A indústria programa desgastes artificiais dos produtos
e provoca sua obsolescência em períodos curtos, como forma
de obrigar os mesmos consumidores a uma reposição mais
rápida. Ao constatar que a troca de uma peça simples de seu
aspirador de pó custava quase o mesmo preço de um
aspirador novo, a professora italiana Giovanna Micconi,
doutorando em Harvard, afirmou que “algo de muito errado
está acontecendo com nossa sociedade”. [...]
O economista Eduardo Gianetti deu entrevista
indignado com a incapacidade da economia de mercado (da
qual ele e eu somos fãs) em levar em conta o custo ambiental
de nossas escolhas de produção e consumo. Ele fala da
“corrida armamentista do consumo”, que, com mais um
bilhão de chineses e indianos ingressando no mercado
consumidor, vai explodir os recursos do planeta. A Terra não
vai aguentar.
O abacaxi está posto para a humanidade e esse padrão
de consumo, do qual Steve Jobs é um símbolo, não é
sustentável. A genialidade e as inovações são úteis; o
consumismo que elas estão moldando é trágico.
MARTINS, José Pio. O padrão Steve Jobs é predador. Disponível em:
http://professorpio.com/site/2012/01/o-padrao-steve-jobs-e-predador/.
Acesso: 27/04/2013.
TEXTO MOTIVADOR II
http://geografiaem360graus.blogspot.com.br/2011/05/charges-consumismo.html
TEXTO MOTIVADOR III
O ser humano e o consumo
O ser humano é um ser de desejos e necessidades.
Portanto o ser humano não vive só pela necessidade,
também deseja coisas. E fundamentalmente deseja ser
reconhecido pelas outras pessoas. O grande desafio é tentar
entender quais são os mecanismos de reconhecimento na
sociedade.
Nas sociedades antigas, por exemplo, ser honrado era
um valor importante para ser reconhecido como uma boa
pessoa. Na sociedade da cultura de consumo de hoje, você é
reconhecido pelo seu padrão de consumo. Eu desejo ser
reconhecido, então, para isso, eu preciso comprar as coisas
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que não são necessárias para a sobrevivência imediata, mas
são necessárias para ser reconhecido.
Então aí aparecem tênis caros, celulares e carros
sofisticados que as pessoas passam a desejar. Com isso, o que
o capitalismo faz é fomentar esse desejo de consumo,
reforçando a ideia de classificação de pessoas por padrão de
consumo. Então os pobres, além de não terem acesso a uma
vida boa, também têm outro problema: são frustrados no
desejo de reconhecimento. Novos caminhos O primeiro
desafio dos cidadãos é possibilitar espaços de
relacionamento, nos quais o consumo não seja critério de
reconhecimento. Uma das grandes contribuições que as
comunidades cristãs fazem no mundo de hoje é permitir que
pessoas simples, sem grande acesso ao consumo, possam ser
reconhecidas como pessoas, porque são reconhecidas como
seres humanos. E mesmo as pessoas que têm acesso ao
consumo têm a experiência de um reconhecimento humano
verdadeiro, não através do padrão de consumo.
O segundo aspecto é lutar para criar espaços de
sobrevivência econômica melhor para pessoas excluídas.
Criar possibilidades
como a economia popular e solidária, práticas de educação
profissionalizante, seja em formas tradicionais, seja em
formas alternativas das práticas comunitárias.
MO SUN, Jung. Consumo e novas tecnologias. Para quem?. Revista Mundo
Jovem. Disponível em: <http://www.pucrs.br/mj/artigo-consumo-e-novastecnologias.php. Acesso em: 27/04/2013.
TEXTO MOTIVADOR IV
Quem consome vive e mata a fome
Quem demais convive some só
Meu bem, no mostruário vejo exposto
Pra consumo teu amado rotulado rosto também
No mostruário vejo exposto
Pra consumo teu amado rotulado rosto também
Mais no dia a dia que te vejo
Cada hora mais me perco
Teu amor unhas e dentes para me ferir
Dois inimigos que se encontram
Que se matam mais se amam também
No caixão mortuário vejo exposto
Teu amor rotulado desgraçado rosto meu bem
Consumir é viver
Conviver é sumir
Conviver é sumir
Consumir é viver
http://letras.mus.br/paulinho-da-viola/1891731/
INSTRUÇÕES:
 O rascunho da redação deve ser feito no espaço
apropriado.
 O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha
própria, em até 30 linhas.
 A redação com até 7 (sete) linhas escritas será
considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
 A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo
dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
 A redação que apresentar proposta de intervenção que
desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.
 A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta
de Redação ou do Simulado terá o número de linhas
copiadas desconsideradas para efeito de correção.
http://cardapiopedagogico.blogspot.com.br/2012/11/consumo-meioambiente.html
TEXTO MOTIVADOR V
Consumir É Viver
Paulinho da Viola
No supermercado onde me encontro
Medindo e pesando o teu carinho
Uma oferta meu desejo vejo
Ali, como artigo de toda a semana
Confortável que não deixa manchas
Teu amor vim receber
Contigo vou viver, eu vim te vê
Como diz um profeta meu amigo
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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS