LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Enem - Simulado 3 Profª Fernanda Pessoa Aluno (a) __________________________________________________Nº:____ Data:____/____/_____ - Nota:__________ ① Observe a imagem e leia o texto a seguir. Estandarte é o décimo álbum do grupo brasileiro de rock Skank, lançado em 2008. O álbum apresenta 12 músicas totalmente inéditas e possui parcerias com a dupla Chico Amaral e Cesar Maurício, além da tradicional parceria com Nando Reis. O disco também marca a volta de Dudu Marote na produção. O CD tem a participação dos metais da banda Funk Como Le Gusta. O álbum segue a linha pop/rock misturada a soul, funk, reggae, surf music e timbres eletrônicos, é uma retomada do grupo para as músicas dançantes de trabalhos anteriores, distanciando do formato canção com fortes influências de britpop dos últimos discos. A arte gráfica da capa deste CD retoma os princípios de um movimento artístico do início do século XX que questionava as crenças culturais então vigentes na Europa, bem como a postura humana, vulnerável frente a uma realidade cada vez mais difícil de compreender e dominar. Dentre as assertivas a seguir, assinale aquela que melhor define esta vanguarda. A) Em novas e estranhas formas apontadas, o Expressionismo é luta declarada. Todas as formas pelas quais ele irrompe se tornam um atrito contra a própria superfície, na qual ele rebenta como uma tocha flamejante. Como potência lançada contra as incontáveis resistências, ele não possui nenhuma orientação própria, mas se orienta no encontro com o mundo. Serenidade e reflexão lhe são estranhos. Onde ele possui coragem para ser esperto, precisa somente de sua esperteza para desagregar as formas contrárias. Os únicos pressupostos que lhe são definitivos pairam sobre a dúvida B) O Surrealismo propõe a arte do sonho, a arte do inconsciente. A pintura pode ser figurativa ou abstrata, mas ela não representa um fato real. Por isso, as imagens, ainda que figurativas, não seguem uma lógica nem formam uma mensagem que faça sentido enquanto realidade. O artista surrealista usa imagens como símbolo de suas preocupações, www.fernandapessoa.com.br angústias e medos. C) Nas artes plásticas, as obras refletem o mesmo ritmo e espírito da sociedade industrial. Para expressar velocidade na pintura, os artistas recorrem à repetição dos traços das figuras. Se querem mostrar muitos acontecimentos ao mesmo tempo, adaptam técnicas do Cubismo. Na escultura, os futuristas fazem trabalhos experimentais com vidro e papel e seu expoente é o pintor e escultor italiano Umberto Boccioni (1882-1916). Sua escultura Formas Únicas na Continuidade do Espaço (1913) - interseção de inúmeros volumes distorcidos - é uma das obras emblemáticas do Futurismo. Nela se capta a ideia de movimento e de força. D) A Arte Pop buscou, dentre outras coisas, fugir da criação artística voltada às elites acadêmicas trazendo para si, imagens que possuíam grande relação com a realidade do povo. E este conteúdo foi encontrado nos produtos e utensílios da época, nos filmes e histórias em quadrinhos, nos artistas e em tudo o que o capitalismo pode criar, em termos de produto, que sanasse a necessidade das empresas do pósguerra de continuarem produzindo e alimentando a economia. As pessoas já não possuíam apresso pelas obras abstratas. E) O Dadaísmo propõe uma ação perturbadora, com o fito de colocar o sistema em crise, voltando contra a sociedade seus próprios procedimentos ou utilizando de maneira absurda as coisas a que ela atribuía valor. ② Na tirinha apresentada, pode-se afirmar que o humor é produzido por meio A) do jogo de linguagem estabelecido entre os sentidos que a palavra “veículo” assume no texto. B) da representação onomatopeica dos sons produzidos por um possível tiroteio na TV. Página 1 de 17 C) da reação dos personagens ao descobrirem a função social da TV. D) da inocência dos personagens que desconhecem os usos sociais da televisão. E) da expressão assustada dos personagens ao assistirem cenas de violência na TV. [...] A todos os perfumes de óleos e calores e carvões Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável! CAMPOS, Álvaro de. Ode <http://www.odetriunfal.com/>. triunfal. Disponível em: Os textos de vanguarda, caracterizados pelo uso de uma linguagem interpelativa e provocativa, interferem na própria temporalidade da leitura, pois exigem do leitor um ritmo atento, minucioso e concentrado. Dessa forma, a análise comparativa dos dois textos apresentados permite afirmar que A) em ambos os textos, predomina a função informativa, pois buscam apresentar ao leitor as características da estética futurista. B) no Texto I, prevalece a função persuasiva, já que o manifesto convoca a um determinado tipo de produção artística. C) no Texto II, pode-se perceber a predominância do caráter de crítica social, haja vista a menção ao desenvolvimento tecnológico. D) os dois textos não se diferem em relação à função social que desempenham, pois tratam de um mesmo tema – a poética futurista. E) o Texto II possui um caráter dissertativo, pois descreve as características da poética futurista. ④ ③ Leia o poema transcrito abaixo. A vida é uma viagem Pena eu estar Só de passagem. LEMINSKI, Paulo. La vie em close Assinale a alternativa correta. A) O texto pode ser considerado um haicai, pois celebra a relação harmoniosa e equilibrada entre o homem e a natureza. B) O eu poético não se manifesta neste poema, uma vez que se trata de um haicai, gênero literário constituído de 17 sílabas poéticas. C) Há uma tentativa do eu poético de refletir sobre a rápida passagem do tempo, preocupação comum a todo haicai contemporâneo. D) Este texto pode ser considerado um haicai, mesmo não seguindo de forma tradicional as regras antigas da poética Oriental. E) De acordo com a sua estrutura, este poema pode ser classificado como um soneto. Textos para as questões 4 e 5. Texto I MANIFESTO FUTURISTA (Publicado em 20 de fevereiro de 1909, no “Le Figaro”) 1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade. 2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos essenciais de nossa poesia. 3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o soco. 4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com o seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo… um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia. Disponível em: <http://memoriavirtual.net/2005/02/21/futurismomanifesto-futurista-2/>. Texto II Ode triunfal À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. [...] Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime! Ser completo como uma máquina! Poder ir na vida triunfante como um automóvel últimomodelo! www.fernandapessoa.com.br Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, tem uma produção poética caracterizada pelo impulso de escreve e pela exaltação da sensação. Poeta vanguardista e cosmopolita exalta, no poema Ode triunfal, A) o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna, conforme expresso em “Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, /Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos”. B) o repúdio à vida urbana marcada pelo avanço da tecnologia, expresso em “A todos os perfumes de óleos e calores e carvões. Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!”. C) a dificuldade de expressão poética, conforme se verifica em “Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!/Ser completo como uma máquina!”. D) ao excesso de trabalho na sociedade industrializada, de acordo com o expresso em “À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica/Tenho febre e escrevo”. E) ao consumismo gerado pelo advento de novas tecnologias, conforme “Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!”. ⑤ ⑥ Leia os textos a seguir sobre o músico austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791). Texto I Para alguns, a mais importante realização musical de Mozart foram as óperas. Depois que se mudou para Viena, Wolfgang escreveu algumas de suas melhores óperas, como As bodas de Fígaro, Don Giovanni, e A flauta mágica. Naquele tempo havia dois tipos de ópera: as sérias, que contavam histórias de reis, deuses e heróis e eram conhecidas como opera seria; e as cômicas, que falavam sobre o dia a dia do povo e eram chamadas de opera buffa. Wolfgang fez uma coisa surpreendente. Resolveu, em alguns de seus trabalhos, Página 2 de 17 misturar os dois tipos em uma mesma obra. Assim, ele conseguiu deixar suas óperas mais interessantes, mostrando que – como na vida real – os acontecimentos nem sempre são apenas sérios ou somente engraçados. VENEZIA, Mike. Wolfgang Amadeus Mozart. São Paulo: Moderna, 1999. p. 28. Sou Narciso do Meu Ódio! – O Meu ódio é Lanterna de Diógenes, é cegueira de Diógenes, é cegueira da Lanterna! [...] NEGREIROS, Almada. Cena do ódio. Ebook. Texto II “Ele é o meu modelo mesmo quando toco música de vanguarda”, diz a violinista alemã Anne-Sophie Mutter, uma das maiores executantes das peças do compositor. “Nenhum músico atual escapa de sua influência. É impossível ignorar seu gênio. É um paradigma estético e ético porque defendeu na música os valores humanos mais essenciais.” O fato objetivo é que Mozart viveu como um cidadão comum, com ideais iluministas e dono de uma competência extraordinária para escrever partituras. Dizia ouvir óperas inteiras na cabeça, antes mesmo de lançar a primeira mancha na pauta. Tudo o que produziu foi resultado dessa facilidade incalculável, e pode ser submetido à análise estrutural. Mas há componentes em sua obra que teimam em escapar à formulação teórica. Ela chega ao público tanto pela consistência, beleza e equilíbrio internos (hoje é totalmente palatável) como contaminada pelas fábulas e referências místicas que carrega. Tornou-se objeto de um culto que sonha abalar pela intercessão da música, o ceticismo deste século. Mozart ecoa como fantasma-prodígio. E parece correr mais rápido que os ouvidos da história. PERPETUO, Irineu Franco. Óperas, concertos, cds. Bravo. São Paulo: Abril, jan. 2006, p. 39. Com base nos textos, é possível afirmar que A) embora sua contribuição musical tenha ficado restrita ao século XVIII, Mozart foi considerado um gênio. B) Mozart foi mais reconhecido pela vida pessoal que pela musical. C) Mozart destacou-se principalmente pela genialidade e facilidade na composição de óperas. D) Mozart é reconhecido na atualidade apenas pela classe artística erudita que o estuda em conservatórios. E) Mozart utilizou fatos da história, principalmente sobre heróis e guerras, para compor suas óperas, ampliando, assim, sua fama e destaque como músico. A cena do ódio Ladram-Me a Vida por vivê-La e só Me deram Uma! Hão-de lati-La por sina! Agora quero vivê-La! [...] Hei-de Poeta cantá- La em Gala sonora e dina Hei-de Glória desanuviá- La! Hei-de Guindaste içá- La Esfinge da Vala pedestre onde Me querem rir! Hei-de trovão-clarim levá- La Luz às Almas-Noites do Jardim das Lágrimas! Hei-de bombo rufá- La pompa de Pompeia nos Funerais de Mim! Hei-de Alfange-Mahoma cantar Sodoma na Voz de Nero! Hei-de ser Fuas sem Virgem do Milagre, hei-de ser galope opiado e doido, opiado e doido... Hei-d’ Átila, hei-de Nero, hei-de Eu, cantar Atila, cantar Nero, cantar Eu! ⑦ www.fernandapessoa.com.br Segundo Saraiva, o texto a Cena do ódio, de Almada Negreiros, pode ser considerado um dos que melhor capta e sinaliza os princípios futuristas, pois valoriza a temeridade, a coragem, a audácia e o movimento agressivo. No fragmento apresentado, o uso de letras maiúsculas remete, nesse contexto, A) ao inventário dos aspectos que compõem a civilização moderna, a burguesia progressista. B) à supervalorização do ser único em oposição a uma sociedade normatizada e reguladora. C) às ações de destruição-construção, ambas de dimensões utópicas pelo resultado que se quer atingir. D) ao abandono da cidade, onde não existe lugar para ações individuais e os movimentos se tornam automáticos e involuntários. E) ao confinamento do sujeito como forma de proteção para impedir a livre expressão do eu. A visão é o mais aguçado dos nossos sentidos e, talvez, aquele que nos permite ter mais controle sobre o ambiente que nos cerca. Por isso, podemos dizer que a imagem faz um elo fundamental entre o mundo que vemos e o mundo que compreendemos, nesses nossos mil séculos de vida. Também fica evidente a importância da imagem na comunicação e no relacionamento entre as pessoas. Não é à toa que, ao longo do tempo, várias técnicas de registro e de reprodução de imagens foram criadas. E quase todas elas são utilizadas até hoje. Mas, além de serem instrumentos importantes para explicar as coisas à nossa volta, as imagens assumem muitas outras funções nas sociedades: podem manter a fé e a religiosidade de pequenas ou grandes comunidades, reunindo multidões em templos monumentais ou em volta de figuras e objetos sagrados; podem servir de elemento de dominação, como nos majestosos desfiles militares da Roma Antiga, numa demonstração de força e poder; podem tornarse instrumento de sedução, como acontece na propaganda; ou podem servir de fonte de reflexão. Elas são criadas para expressar ideias ou sentimentos que nos mostram como somos: é como se estivéssemos diante de um espelho mágico capaz de revelar-nos nossas almas. A imagem é uma criação do homem, que o expressa e o reflete. ⑧ KON, Sergio. Imagem: da caverna ao monitor, a ventura do olhar. São Paulo: Melhoramentos, 2007. p. 2-3. A partir das informações apresentadas, pode-se afirmar que a imagem A) necessita, para sua percepção e compreensão, de todos os sentidos humanos de forma equivalente. B) possui funções restritas nas sociedades, principalmente com a ampliação, ao longo da história, de técnicas para sua produção e reprodução. C) permite a comunicação entre culturas e inibe o poder de manipulação ideológico, devido à sua fragilidade como forma Página 3 de 17 de comunicação. D) oportuniza a expressão e a captação de informação, pois é considerada uma importante forma de comunicação. E) divulga mensagens artísticas constantemente, embora impossibilite oportunidades reflexivas ou de manipulação. Texto para as questões 9 e 10. Os laços de família A mulher e a mãe acomodaram-se finalmente no táxi que as levaria à Estação. A mãe contava e recontava as duas malas tentando convencer-se de que ambas estavam no carro. A filha, com seus olhos escuros, a que um ligeiro estrabismo dava um contínuo brilho de zombaria e frieza assistia. – Não esqueci de nada? perguntava pela terceira vez a mãe. – Não, não, não esqueceu de nada, respondia a filha divertida, com paciência. Ainda estava sob a impressão da cena meio cômica entre sua mãe e seu marido, na hora da despedida. Durante as duas semanas da visita da velha, os dois mal se haviam suportado; os bons-dias e as boas-tardes soavam a cada momento com uma delicadeza cautelosa que a fazia querer rir. Mas eis que na hora da despedida, antes de entrarem no táxi, a mãe se transformara em sogra exemplar e o marido se tornara o bom genro. “Perdoe alguma palavra mal dita”, dissera a velha senhora, e Catarina, com alguma alegria, vira Antônio não saber o que fazer das malas nas mãos, a gaguejar – perturbado em ser o bom genro. “Se eu rio, eles pensam que estou louca”, pensara Catarina franzindo as sobrancelhas. “Quem casa um filho perde um filho, quem casa uma filha ganha mais um”, acrescentara a mãe, e Antônio aproveitara sua gripe para tossir. Catarina, de pé, observava com malícia o marido, cuja segurança se desvanecera para dar lugar a um homem moreno e miúdo, forçado a ser filho daquela mulherzinha grisalha... Foi então que a vontade de rir tornou-se mais forte. Felizmente nunca precisava rir de fato quando tinha vontade de rir: seus olhos tomavam uma expressão esperta e contida, tornavam-se mais estrábicos – e o riso saía pelos olhos. Sempre doía um pouco ser capaz de rir. Mas nada podia fazer contra: desde pequena rira pelos olhos, desde sempre fora estrábica. LISPECTOR, Clarice. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 94. O fragmento do conto Os laços de família, narrado em terceira pessoa, denota uma das características desse primeiro momento da escrita clariciana, marcada, em essência, A) pela preocupação com o universo familiar desde a perspectiva feminina. B) pela problemática contemporânea marcada pela falta de tempo. C) pelo apreço a uma linguagem formal. D) pela reflexão filosófica existencialista. E) pela representação de sujeitos marginalizados socialmente. ⑨ Os procedimentos composicionais utilizados no conto de Clarice Lispector para representar como se estabelece a relação mãe x filha ganham contornos ⑩ www.fernandapessoa.com.br concretos quando A) o narrador aponta a ar zombeteiro com que a filha observa a mãe – “A filha, com seus olhos escuros, a que um ligeiro estrabismo dava um contínuo brilho de zombaria e frieza assistia”. B) a filha demonstra preocupação em relação ao estado de saúde do marido – “[...] e Antônio aproveitara sua gripe para tossir”. C) denota-se a proximidade entre mãe e filha, conforme expresso em “A mulher e a mãe acomodaram-se finalmente no táxi que as levaria à Estação”. D) o uso de ditados populares apontam o grau de afetividade familiar, como expresso em “Quem casa um filho perde um filho, quem casa uma filha ganha mais um”. E) revela-se a dificuldade de relacionamento conjugal da filha – “Catarina, de pé, observava com malícia o marido, cuja segurança se desvanecera para dar lugar a um homem moreno e miúdo”. As atividades de luta representam uma necessidade infantil manifestada principalmente entre os meninos sendo, na maioria das vezes, reprimidos e punidos. Contudo, na Capoeira, essas questões são abordadas de forma humanizadora. O professor (mestre) age de modo dinâmico vindo com a proposta de fazer uso de jogos de lutas, permitindo o contato corporal de forma organizada em condições seguras, possibilitando a liberação da agressividade sem deixar de lado o reconhecimento do outro suprindo sua necessidade. Trabalha-se numa constante renovação na transmissão do ensino, com a expectativa de levar o homem a ser melhor. Por meio de golpes e de outros movimentos específicos, a criança percebe seu corpo no espaço, motivada pelo ritmo, pelo som das músicas e dos instrumentos e pela vibração das palmas. ⑪ PAULA, Luiz Carlos de; CAMPOS, Luiz Antonio Silva. A capoeira na integração com a Educação Física escolar na promoção do crescimento e desenvolvimento infantil além do aspecto motor. Com base no texto, constata-se que A) a capoeira é uma manifestação violenta, mas que pode ser controlada nas aulas de Educação Física com a condução correta por parte do professor. B) a capoeira é uma atividade motivadora que permite a liberação da agressividade das crianças de maneira controlada, organizada e segura, por meio de golpes e outros movimentos específicos conduzidos pelo professor ou mestre durante as aulas de Educação Física. C) a capoeira é uma modalidade que pode ser trabalhada nas aulas de Educação Física apenas com meninos, pois consegue controlar a agressividade dos garotos pelos movimentos específicos conduzidos pelo professor ou mestre. D) as meninas devem praticar a capoeira nas aulas de Educação Física para, além de se defender, poderem liberar a agressividade contra os meninos que possuem a luta desenvolvida desde a infância. E) o professor de Educação Física deve ser formado em capoeira para poder ensinar os movimentos técnicos específicos. ⑫ Já podeis da pátria filhos Sabe-se que o estrangeiro, ao jogar futebol, Página 4 de 17 ataca o balão de couro como se fosse inimigo. Há quem diga que o joelho empedrado é natural do gringo, variando uma besteirinha de acordo com a espécie. Isto devido à comida que eles comem, que e muito melhor do que a comida que o brasileiro come, com exceção de que o joelho fica empedrado. Porém a comida dá enormes sustanças e, além disso, eles usam foguetes e o raio laser. Ninguém me diga que a Hungria não usou o raio laser em cinquenta e quatro, quando eles davam de 11 a 8 e 19 a 15 e 48 a 0 em quem aparecesse, eles não facilitavam. Disse seu Góes, que não esteve nessa Copa, aliás não esteve em Copa nenhuma, mas esteve com Pongó que o primo esteve nessa Copa, que eles vinham lá de baixo do campo parecendo uns cavalos, tudo falando hurunguês e dando aqueles passes de joelho empedrado, situque-situque. RIBEIRO, João Ubaldo. Já podeis da pátria filhos. In: Livro de histórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 59. O título do texto – Já podeis da pátria filhos – remete ao primeiro verso do Hino da Independência do Brasil, levando o leitor a inferir que o fragmento de texto apresentado refere-se ao contexto nacional, pois faz uma reflexão de cunho político a partir A) dos estrangeiros e seus hábitos alimentares. B) da pobreza a que o narrador do texto está submetido. C) da imaginação do narrador que acredita no uso de raio laser na Copa de 1954. D) da ignorância do narrador que afirma que os jogadores falavam hurunguês. E) do futebol, considerado um dos ícones da cultura brasileira. A obra As meninas tem como personagem central a infanta Margarida Teresa de Habsburgo, filha de Filipe IV, que é retratada com suas damas de companhia e seus criados em uma cena do cotidiano no palácio. ⑬ Espanha: os pintores, tal como os sapateiros e os artesãos, eram inclusive obrigados a pagar impostos. Considerando tais informações, pode-se inferir que o autorretrato inserido na obra, tem o efeito de A) exaltar a atividade do pintor, inserindo-o entre a nobreza. B) desmitificar a obra de arte por meio da representação de seu autor. C) relativizar a importância do autor da pintura. D) criticar a forma como a nobreza atuava no período. E) informar as técnicas de pintura usadas pelo autor. Leia o trecho a seguir: “Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas folhas além do muro – e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de milharais – mas é diferente. Um pé de milho sozinho, em um canteiro, espremido, junto do portão, numa esquina de rua – não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas raízes roxas se agarram no chão e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis. Detesto comparações surrealistas – mas na glória de seu crescimento, tal como o vi em uma noite de luar, o pé de milho parecia um cavalo empinado, as crinas ao vento – e em outra madrugada parecia um galo cantando”. ⑭ BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 77. Com base em seus conhecimentos a respeito do uso de determinantes, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta: I. O primeiro determinante destacado, levando em consideração o trecho acima reproduzido, não especifica qual seja o pé de milho, tratando-o de modo genérico. II. No contexto em que é empregado o segundo determinante em destaque, é possível especificar qual seja a lavoura a que o autor se refere. III. O terceiro determinante, considerando a leitura do trecho, trata de forma específica o pé de milho: é aquele que nasceu “em um canteiro, espremido, junto ao portão”. A) Somente as sentenças II e III estão corretas. B) Apenas as sentenças I e II estão corretas. C) As únicas sentenças corretas são I e III. D) Somente a afirmativa III está correta. E) Somente a afirmativa II está correta. "Em um engenho sois imitadores de Cristo Crucificado: porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz, e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. (...) Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. (...) Eles mandam, e vós servis; eles dormem, e vós velais; eles descansam, e vós trabalhais; eles gozam o fruto de vossos trabalhos, e o que vós colheis deles é um trabalho sobre outro. Não há trabalhos mais doces que os das vossas oficinas; mas toda essa doçura para quem é? Sois como as abelhas, de quem disse o poeta: "Sic vos non vobis mellificatis apes" (Assim vós, mas não para vós, fabricais o ⑮ VELÁZQUEZ, Diego. As meninas. (1656). Óleo sobre tela: color.; 318 x 276 cm. Museu do Prado, Madrid. Há de se observar que a pintura apresenta outros elementos significativos entre eles o próprio pintor da obra – Diego Velásquez. No período em que a obra foi produzida – século XVI – a pintura era uma arte um pouco subestimada na www.fernandapessoa.com.br Página 5 de 17 REGINA, Elisa. Alô, alô, Marciano. Letras.mus.br. Disponível em: <http://letras.mus.br/elis-regina/87856/>. mel, abelhas). " (Sermão XIV do Rosário – Pe Antônio Vieira) O autor do texto acima, Pe Antônio Vieira, foi uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória. Destacou-se como missionário em terras brasileiras. Na literatura, seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. As universidades frequentemente exigem sua leitura. Tendo como base o excerto lido, podemos afirmar que nele o autor discorre sobre: A) a corrupção. B) a escravidão. C) o trabalho assalariado. D) a religião. E) a vinda de cristãos-novos para o Brasil. com atenção os textos e associe ⑯ Leia corretamente as colunas no que se refere às funções da linguagem: (A) “Nada pode descrever a confusão dos meus pensamentos enquanto eu afundava na água; pois, embora eu nadasse bem, mesmo assim não conseguia me desembaraçar das ondas para respirar, até que uma vaga, que me empurrou, ou melhor, me carregou, a uma boa distância na direção da praia, recuou depois de esgotar sua força e me deixou em terra quase seca, mas meio morto, de tanta água que engoli. Contudo, ainda me restavam tanto a presença de espírito quanto o fôlego para, vendo-me correr para a praia o mais depressa que podia, antes que outra onda viesse e me puxasse de volta.” DEFOE, Daniel. Robinson Crusoé. São Paulo: Peguin Classics Companhia das Letras, 2011. p. 96. (B) “Tomou seu Toddy hoje Todo mundo vai tomar Tomou seu Toddy hoje Todo mundo vai tomar Toddy é gostoso, e como fica econômico” TODDY. Tomou seu Toddy hoje (1958). em:<http://todapropaganda.com.br/tomou-seu-toddy-hoje>. Disponível (C) "Que a internet e as novas tecnologias estão cada dia mais presentes na realidade dos brasileiros, não há novidade. O número de usuários da web é superior a 75 milhões de pessoas e o país tem 254,95 milhões de linhas móveis ativas, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No entanto, mesmo com um público crescente e a facilidade que essas ferramentas oferecem, é importante atentar aos riscos que o uso excessivo pode causar.” CASTANHO, Igor. Vida virtual no divã. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/tecnologia/conteudo.phtml?id=12708 (D) “Lutar com palavras É a luta mais vã Entanto lutamos Mal rompe a manhã” ANDRADE, Carlos Drummond. O lutador. In: Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. (E) “Alô, alô, marciano Aqui quem fala é da Terra Pra variar, estamos em guerra Você não imagina a loucura O ser humano está na maior fissura porque Tá cada vez mais down no high society” www.fernandapessoa.com.br ( ) Função metalinguística – centrada no código. ( ) Função conativa ou apelativa – centrada no receptor ou destinatário. ( ) Função fática – centrada no canal, ou seja, suporte através do qual a mensagem é emitida. ( ) Função expressiva ou emotiva – centrada no emissor da mensagem. ( ) Função referencial – centrada no contexto, no assunto da mensagem. Sequência correta: A) BDEAC B) DBEAC D) ADCAB E) BCDAE C) EDACB Leia o diálogo que segue e assinale a alternativa adequada para comentar as situações de linguagem. Secretária: Chefe, hoje se apresentou aqui um candidato para preencher a vaga de estagiário no programa Meu primeiro emprego. As habilidades do garoto são bastante adequadas à função que ele terá de desempenhar aqui na empresa. A única questão é que ele não tem domínio do português padrão. Chefe: Ele trouxe alguma carta de recomendação? Secretária: Sim, a irmã mais nova dele gravou uma mensagem em ritmo de rap, para dar uma força ao irmão. Ouça isso: O mano é firmeza Sangue bom. Vai na esperteza. Já ralou por aí. Ele quer progredir. Pode botar fé. Vai dar tudo muito certo. Contrata o cara. E vai ser papo reto! Chefe: Contanto que ele se comprometa a continuar estudando enquanto estiver desenvolvendo suas funções por aqui, está contratado! ⑰ A) Por gostar muito desse tipo de música, depois de ouvir o rap, o chefe decide contratar o rapaz. B) Considerando que o objetivo de toda a língua é a comunicação eficiente para cada circunstância, por se tratar de um ambiente formal, a secretária não vê necessidade de alertar o chefe sobre o fato de o candidato à vaga de estagiário não dominar a língua padrão. C) A situação do rapaz está muito longe da realidade. A maioria dos garotos e garotas que começam a estagiar já tem pleno domínio da norma culta – pois desde cedo percebem que essa habilidade serve para abrir grandes oportunidades. D) Dominar ou não a norma culta é, na maioria das vezes, indiferente para quem pretende conseguir um bom emprego, no Brasil. A exemplo disso, temos políticos bastante competentes cuja linguagem foge completamente do padrão culto da língua. E) Ao se escolher alguém para estagiar ou ocupar vaga em determinada empresa, a pessoa encarregada pelas entrevistas considera também o quanto este candidato sabe se expressar dentro da norma padrão. Porém, de acordo com o diálogo, percebemos que o chefe decide dar uma oportunidade para o rapaz, sob condições de que o jovem Página 6 de 17 continue se aprimorando. Leia as estrofes abaixo do poema "Satélite", de Manuel Bandeira, e da música "Lua de São Jorge", de Caetano Veloso: ⑱ "Ah Lua deste fim de tarde, Demissionária de atribuições românticas, Sem show para as disponibilidades sentimentais! Fatigado de mais-valia, Gosto de ti assim: Coisa em si, - Satélite." Em ambos os poemas, a lua aparece como um elemento comum. Entretanto, é vista de forma diferente, na medida em que: A) para Manuel Bandeira, a lua se reveste de tons sentimentais e emotivos. B) para Caetano Veloso, a lua é destituída de qualquer conotação religiosa. C) para Manuel Bandeira, a lua funciona como metáfora de exibicionismo dos enamorados. D) para Caetano Veloso, o brilho da lua se sobrepõe ao amor do poeta. E) para Manuel Bandeira, a lua perde a conotação romântica. Texto para as próximas duas questões. Cidadão Tá vendo aquele edifício, moço Ajudei a levantar Foi um tempo de aflição Eram quatro condução Duas pra ir, duas pra voltar Hoje depois dele pronto Olho pra cima e fico tonto Mas me vem um cidadão E me diz desconfiado “Tu tá aí admirado? Ou tá querendo roubar?” Meu domingo tá perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer... Disponível Considerando que a palavra cidadão é usada para designar um indivíduo que possui direitos e deveres, pode-se afirmar que o título da canção apresenta ironia, pois A) o fato de não ter garantido seu direito ao entretenimento deixa o operário entediado. B) o operário tem tendência ao alcoolismo, fato que compromete o exercício de sua cidadania. C) o operário precisava usar quatro conduções para ir ao trabalho. D) a desigualdade e as injustiças sociais tiraram do operário até mesmo o direito de observar o prédio que construiu. E) o operário não é valorizado nem reconhecido pelo seu trabalho. ⑳ "lua de São Jorge brilha nos altares brilha nos lugares onde estou e vou lua de São Jorge brilha sobre os mares brilha sobre o meu amor" RAMALHO, Zé. ramalho/75861/>. A) da temática abordada pelo operário que se admira com o resultado de seu trabalho. B) pelo uso de aspas para representar a fala que se dirige ao operário, demonstrando suspeita e desconfiança em relação a ele. C) pelo uso de expressões como “Eram quatro condução” e “Tu tá aí admirado?” que representam o modo próprio de o personagem falar. D) da crítica realizada a um sistema social injusto que tira do operário até mesmo o direito de admirar o produto de seu trabalho. E) da musicalidade produzida pelas rimas e sílabas métricas. em: <http://letras.terra.com.br/ze- No texto Cidadão, pode-se perceber que as marcas da modalidade oral da língua criam uma atmosfera de proximidade entre o “eu lírico” e o leitor/ouvinte. Essas marcas são materializadas no texto por meio ⑲ www.fernandapessoa.com.br A música ocidental possui uma classificação geral dividida em clássica e popular. Um dos instrumentos que fazem parte da música clássica é o piano. Ele é utilizado em sonatas e integra orquestras. Mas, por sua versatilidade sonora, também é utilizado na criação e nas interpretações de composições populares. Seu inventor, músico da corte de Florença, Bartolomeo Christofori (1655-1731), desenvolveuo em 1709, com a utilização de martelos de madeira que fazem suas cordas vibrar. Esses martelos são acionados por meio de teclas do piano. No teclado, é possível controlar o volume dos sons de acordo com a intensidade com que se apertam as teclas. Desde sua invenção, o pianoforte (fraco e forte em italiano) é considerado uma grande descoberta tecnológica para a música. Esse instrumento vem sendo aperfeiçoado ao longo dos anos, o que contribui para sua qualidade sonora e técnica. ㉑ De acordo com as informações apresentadas, verifica-se que A) o piano manteve-se estruturalmente o mesmo desde sua invenção no século XVIII. B) o piano apresenta uma característica técnica que o torna um instrumento muito expressivo: o controle da intensidade das notas. C) o piano é um instrumento imprescindível na música popular. Página 7 de 17 D) embora seja utilizado apenas em concertos, o piano possui muita popularidade. E) as músicas tocadas ao piano permanecem as mesmas sonoramente, independentemente do intérprete que as executa, pois esse instrumento reduz os recursos de interpretação. O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973) foi um dos pioneiros do Cubismo, uma proposta que transformou não apenas a técnica da pintura, mas, sobretudo, a maneira de se olhar a realidade e as formas de representá-la. Leia o texto a seguir sobre sua obra Guitarrista, de 1910, representada a seguir. ㉒ Assim, em Guitarrista, a figura é legível não tanto pela semelhança de seus aspectos com a imagem reconhecível de um guitarrista, mas pela relação entre as formas circulares e as diagonais colocadas contra uma gelosia retangular. A partir daí, lemos a cabeça (o cilindro do alto), os braços (as formas triangulares de ambos os lados) e uma guitarra (os arcos que se repetem no centro). Conserva-se ainda um grau decisivo e residual de semelhança – os cotovelos são pontudos e guitarras têm uma abertura circular no tampo da caixa de ressonância –, mas a disposição desses elementos e sua distinção das formas retangulares, num sistema de signos praticamente reduzido ao mínimo, é que são cruciais. *gelosia – Grade feitas de ripas de madeira cruzadas intervaladamente, que ocupa o vão de uma janela; rótula. COTTINGTON, David. Cubismo. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. p. 42-43. Com base no texto e na Figura I, entende-se que o Cubismo A) é uma técnica artística que evidencia o contraste cromático e o realismo das formas representadas. B) explora intensamente aspectos da sociedade, como as diferenças sociais e étnicas. C) exprime uma busca por novas formas de representação da realidade. D) representa um único ângulo, ponto de vista, para a observação e a apresentação da realidade. E) desconsidera totalmente a realidade na sua forma de representação. O consumismo como personagem literário As Coisas, de Georges Perec, fala do peso do consumo na vida de jovens dos anos 60 e permanece espantosamente atual quase 50 anos depois. Em As coisas: uma história dos anos sessenta, seu livro de estreia, ele usa um narrador que descreve, sem rodeios, a vida de dois jovens inteligentes e ambiciosos, divididos entre a vontade de ter uma vida criativa e não convencional e a necessidade de trabalhar para ganhar dinheiro e atender a www.fernandapessoa.com.br necessidades consumistas. O tema do livro é, na verdade, o consumismo, que naquele início dos anos 60, assumia o papel de motor da sociedade. Os dois personagens, Jerôme e Sylvie, precisam de certos objetos e roupas para ser o que pretendem ser (pessoas de bom gosto e de bom nível cultural) e, principalmente, para mostrarem ao mundo o que creem ser. Eles são felizes por poderem prolongar a juventude devotada à apreciação do mundo, aos amigos e às descobertas – uma possibilidade que os anos 60 trouxeram. Por outro lado, estão constantemente frustrados com a dificuldade para obter os símbolos que os ajudariam a construir a imagem desejada de si mesmos. As coisas é espantosamente atual ao descrever o consumismo em todas as suas nuances. Veja este trecho: “No mundo deles, era quase regra desejar sempre mais do que se podia comprar. Não eram eles que tinham decretado isso, era uma lei da civilização, um dado de fato, de que a publicidade em geral, as revistas, a arte das vitrines, o espetáculo da rua, e até, sob certo aspecto, o conjunto das produções comumente chamadas culturais eram as expressões mais adequadas”. SILVA, Marleth. O consumismo como personagem literário. Gazeta do Povo. Considerando que o consumismo é um processo típico das sociedades capitalistas estimulado pelas campanhas publicitárias vinculadas principalmente nos meios de comunicação, o texto apresentado objetiva A) criticar a influência dos meios de comunicação no que tange ao estímulo ao consumo. B) divulgar um produto cultural que tem como tema central a questão do consumo na sociedade contemporânea. C) contestar uma determinada forma de atuação social que privilegia a compra de produtos sem necessidade. D) informar sobre a constituição da sociedade na década de 1960, caracterizada pelo consumo. E) noticiar informações em relação ao consumismo com a finalidade de mudar padrões de comportamento. ㉓ O ensino da gramática Você está triste? Não sei. Talvez. Tristeza dá câncer, sabia? Pensei que dava verruga no nariz. Estou falando sério. Ultimamente você vive falando sério. Quando eu brincava você reclamava. Nem tanto ao mar nem tanto a terra. Você colocou vírgula depois de mar. Estou falando, não estou escrevendo. Mas na sua fala tinha uma vírgula depois de mar? Não. Você está fazendo uma análise sintática e morfológica da frase? Na frase há o uso da figura de sintaxe chamada elipse. Chega. É por coisas assim que eu não quero mais viver com você. Porque eu sei gramática e você não? Entre outras coisas. [...] ㉔ FONSECA, Rubem. Axilas e outras histórias indecorosas. São Paulo: Nova Fronteira, 2011. Denominada brutalista por Alfredo Bosi, a estética de Rubem Página 8 de 17 Fonseca é marcada pela presença de uma sociedade onde imperam a violência, o tecnicismo e o individualismo. No texto O ensino da gramática, tais características se materializam a partir A) da temática em que se insere o texto – a questão da técnica – representada no uso da linguagem pertinente aos estudos literários. B) da dificuldade expressa entre os personagens narradores em entenderem-se efetivamente, marcando o individualismo da sociedade. C) do uso do discurso indireto livre, que demonstra a versatilidade dos personagens ao considerarem o fim do relacionamento. D) da linguagem com marcas da oralidade que reproduzem a velocidade em que a discussão se estabelece. E) da referência aos valores que a sociedade contemporânea preconiza, a saber, a saúde e o bem-estar. Texto para as questões 25 e 26. Timidez: como usá-la a seu favor Novas pesquisas mostram que os introvertidos podem ser mais concentrados, mais criativos – e mais bem-sucedidos Eles estão em todos os lugares, na vida real e na ficção, da literatura clássica à cultura pop. O introvertido número um da literatura talvez seja Julien Sorel, protagonista do romance O vermelho e o negro, do século XIX. Fã de filosofia e de leituras religiosas, o personagem criado pelo francês HenriMarie Beyle, conhecido como Stendhal, leva centenas de páginas até conseguir se aproximar de sua amada, Madame de Renal – uma paixão proibida, pois ela é casada com o prefeito da fictícia cidade de Verrières. Na cultura pop, esse papel é exercido por Clark Kent, habitante de outra cidade fictícia, Metrópolis, que ganha a vida como repórter do jornal Planeta Diário. Criação do gigante dos quadrinhos DC Comics, Kent treme quando se aproxima da colega Lois Lane, por quem é apaixonado, e só se torna mais desinibido quando veste a cueca por cima da calça e combate o crime com a capa de Super-Homem. [...] Para os representantes dessa turma, o livro Quiet: the power of introverts in a world that can’t stop talking (algo como Quietos: o poder dos introvertidos em um mundo que não para de falar), da americana Susan Cain, é mensageiro de uma boa-nova. A obra, que chegará às livrarias brasileiras em maio pela Editora Agir, contraria um lugar-comum, segundo o qual tímidos e introvertidos devem fazer um esforço para deixar de ser o que são, como se tivessem uma doença. Para Susan Cain, é exatamente o oposto. Os tímidos e os introvertidos mais bem-sucedidos são justamente aqueles que transformam timidez e introversão em aliados ao longo da vida. [...] SPINACÉ, Natalia; ZIEMKIEWICZ, Nathalia. Timidez: como usá-la a seu favor. Revista Época. A reportagem Timidez: como usá-la a seu favor, publicada na Revista Época, aborda os resultados de uma pesquisa. Considerando que o autor precisa respeitar os fatos, isentando-se de apresentar uma opinião em relação às informações apresentadas, pois o papel de avaliação é do leitor, o fragmento da reportagem apresentada contribui ㉕ www.fernandapessoa.com.br para o desenvolvimento do senso crítico e da própria atuação do indivíduo em sociedade ao A) contrariar o senso comum que percebe a timidez como uma faceta a ser reforçada no comportamento de um indivíduo. B) destacar a influência que os produtos culturais – literatura e revista em quadrinhos – desempenham na formação de opinião. C) rechaçar o padrão de comportamento dos heróis juvenis simbolizados pelo Super-Homem e por Julien Sorel. D) divulgar uma obra que trata de uma pesquisa sobre como tornar-se uma pessoa bem-sucedida. E) apresentar fatos que revelam um novo ponto de vista sobre a introversão. O autor de um texto busca, por meio de estratégias diversas, interpelar o maior número de leitores possíveis. No fragmento da reportagem, um dos recursos usados pela autora para se aproximar do universo dos leitores é A) a exposição do título da obra no original. B) a indicação da editora que publicará a obra. C) a apresentação da autora do livro. D) a apresentação de personagens de universos distintos – literário e HQs. E) o tratamento do tema pelo viés de uma linguagem mais formal. ㉖ O RELÓGIO Cassiano Ricardo Diante de coisa tão doída Conservemo-nos serenos. Cada minuto de vida Nunca é mais, é sempre menos. Ser é apenas uma face Do não ser, e não do ser. Desde o instante em que se nasce Já se começa a morrer. ㉗ Na poesia de Cassiano Ricardo deduzimos que o relógio simboliza: A) a ciência humana. B) a superioridade do homem sobre a máquina. C) a efemeridade de nossa existência. D) a tirania da máquina. E) a inutilidade da vida humana. Lisbon Revisited Não: não quero nada, Já disse que não quero nada. Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer. Não me tragam estéticas! Não me falem em moral! Tirem-me daqui a metafísica! Não me apregoem sistemas completos, não me [enfileirem conquistas Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) Das ciências, das artes, da civilização moderna! Que mal fiz eu aos deuses todos? ㉘ Página 9 de 17 Se têm a verdade, guardem-na! Sou um técnico, mas tenho técnica [só dentro da técnica. Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo. Com todo o direito a sê-lo, ouviram? Não me macem, por amor de Deus! Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? Queriam-me o contrário disto, o contrário [de qualquer coisa? Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, [a vontade. Assim, como sou, tenham paciência! Vão para o diabo sem mim, Ou deixem-me ir sozinho para o diabo! Para que havemos de ir juntos? Não me peguem no braço! Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho. Já disse que sou sozinho! Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia! Ó céu azul – o mesmo da minha infância – Eterna verdade vazia e perfeita! Ó macio Tejo ancestral e mudo, Pequena verdade onde o céu se reflete! Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje! Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta. Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo... E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar [sozinho! (PESSOA, Fernando. Obra Poética) Pela leitura do poema, pode-se dizer que o poeta A) encontra na morte a única solução para os problemas. B) tenta tornar-se uma outra pessoa, para agradar a todos. C) sente-se solitário e, por essa razão, almeja fazer parte da companhia. D) aparta-se da sociedade, para desenvolver sua arte. E) recusa-se a aceitar os valores que a sociedade tenta inculcar-lhe. “...Contemplava extasiada o céu cor de anil. E eu fiquei compreendendo que eu adoro o meu Brasil. O meu olhar posou nos arvoredos que existe no inicio da rua Pedro Vicente. As folhas movia-se. Pensei: elas estão aplaudindo este meu gesto de amor a minha Pátria. (...) Toquei o carrinho e fui buscar mais papéis. A Vera ia sorrindo. E eu pensei no Casimiro de Abreu, que disse: “Ri criança. A vida é bela”. Só se a vida era boa naquele tempo. Porque agora a época está apropriada para dizer: ‘Chora criança. A vida é amarga’.” ㉙ (JESUS, Carolina de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 1993.) Carolina de Jesus refere-se ao poeta do Romantismo Brasileiro, para quem a criança teria motivos para rir. Esse trecho, porém, que, em seu diário está registrado com a data de 19 de maio de 1958, mostra uma outra visão da infância, para quem, segundo a autora, “a vida é amarga”. É correto afirmar que a autora assume, com relação ao poeta romântico, uma postura de A) crítica, pois põe em dúvida a possibilidade de haver uma vida boa “naquele tempo”. www.fernandapessoa.com.br B) desprezo, pois, diante de seu sofrimento, não pode aceitar os versos românticos como uma verdade. C) desrespeito, pois questiona as palavras de um dos grandes poetas do Romantismo Brasileiro. D) admiração, pois cita um famoso poeta do romantismo brasileiro. E) sarcasmo, pois ridiculariza o poeta com um humor ferino que invalida seus versos. Estudo realizado em escolas públicas no Rio de Janeiro apontou índice de sedentarismo de 85% entre adolescentes do sexo masculino e de 94% nos do sexo feminino. A participação em atividades físicas declina consideravelmente com o crescimento, especialmente da adolescência para o adulto jovem. Alguns estudos identificam alguns fatores de risco para o sedentarismo: pais inativos fisicamente, escolas sem atividades esportivas, sexo feminino, residir em área urbana, TV no quarto da criança. ㉚ ALVES, Roseane Victor. Prática de esportes durante a adolescência e atividade física de lazer na vida adulta. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. vol. 11, n. 5, set./out. 2005. p. 292. Com base no estudo acima, conclui-se que A) as meninas são mais sedentárias que os meninos devido ao hábito de assistirem à televisão por mais tempo. B) o sedentarismo dos pais não influencia os filhos, pois pais inativos tendem a gerar filhos fisicamente ativos. C) o fato de morar em áreas urbanas, que oportunizam maior número de locais para a prática de atividades físicas, pode contribuir para a diminuição do índice de sedentarismo entre os adolescentes. D) a participação em atividades esportivas escolares pode desenvolver habilidades e proporcionar diversão, criando bases para a atividade esportiva na vida adulta. E) o tempo para a prática de atividades físicas é igual tanto para adultos quanto para adolescentes, pois, atualmente, os adolescentes também estão inseridos no mercado de trabalho. O esporte, as ginásticas, as danças, as artes marciais e as práticas de aptidão física tornam-se, cada vez mais, produtos de consumo (mesmo que apenas como imagens) e objetos de conhecimento e informações amplamente divulgados para o grande público. Jornais, revistas, videogames, rádio e televisão difundem ideias sobre a cultura corporal de movimento. Há muitas produções dirigidas ao público adolescente. Crianças tomam contato precocemente com práticas corporais e esportivas do mundo adulto. A Educação Física deve assumir a responsabilidade de formar o cidadão capaz de posicionar-se criticamente diante das novas formas da cultura corporal. ㉛ BETTI, Mauro. A janela de vidro. Com base no texto acima, conclui-se que A) a difusão em massa por parte dos meios de comunicação só traz efeitos positivos, pois as práticas corporais são amplamente exploradas e divulgadas. B) a influência da mídia esportiva é percebida somente nas aulas de Educação Física nas quais se apresentam as novas tendências do esporte mundial. C) por meio de um trabalho crítico e informativo sobre as Página 10 de 17 práticas esportivas exploradas pela mídia, a Educação Física pode minimizar os efeitos negativos do contato precoce das crianças com as produções adultas. D) cabe à Educação Física a difusão, a exploração e a massificação das práticas corporais para as crianças, mesmo que precocemente, pois o que é feito nas aulas tem influência no que é praticado também fora delas. E) a mídia, em geral, transformou as práticas corporais em bens de consumo, divulgadas com discernimento crítico e defendidas como direito para todos. Os textos a seguir apresentam a definição de arte primitiva, de arte medieval e do termo clássico. Leia-os e observe as Figuras I, II e III. Texto I A arte primitiva, apesar de sua ilimitada variedade, compartilha um traço dominante: a reestruturação imaginativa das formas da natureza, em vez de observação cuidadosa. Sua preocupação não é com o mundo visível, mas com o mundo invisível e inquietante dos espíritos. Para a mente primitiva, todas as coisas são animadas por espíritos poderosos. ㉜ JANSON, H. W. Iniciação à história da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996. p. 18. Texto II A Alta Idade Média oscila entre duas formas principais de representação: a arquitetura das igrejas, palácios e templos, e a pintura de fundo religioso. Conhecida como a “era da Fé”, a Idade Média foi um ciclo de representação que opôs duas linhas: o românico, estabelecido de forma múltipla em diversas regiões da Europa, entre os anos 1050 e 1200, e o gótico, considerado o auge da arte medieval. JANSON, H. W. Iniciação à história da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996. p. 103. Texto III clássico – adj 1. Que se tornou um modelo; modelar, exemplar. 2. Que se refere à cultura, à literatura ou à arte dos antigos gregos e www.fernandapessoa.com.br romanos. 3. Que segue, em matéria de cultura, letras e artes, o padrão destes povos. 4. Famoso por se repetir ao longo do tempo; consagrado. Dicionário Barsa da língua portuguesa. São Paulo: Barsa Planeta, 2004. p. 216. Ao relacionar textos e figuras, pode-se considerar que A) a Figura I exemplifica a definição do Texto I. B) as Figuras I, II e III são exemplos da definição do Texto III. C) a Figura III exemplifica a definição do Texto II. D) todas as figuras possuem relação de semelhança com a definição do Texto II. E) as definições dos Textos I e III complementam-se e a Figura II as exemplificam. Texto para as próximas duas questões. Tá com essa cara por quê? Cientistas ingleses afirmaram que já é possível fazer transplantes de rosto. É isso mesmo. Eu li a notícia numa dessas revistas de ciências, no consultório do meu médico A ideia dos cientistas é retirar a pele do semblante de um doador e reimplantá-la em outra pessoa. Afinal, eles dizem, a pele é apenas mais um órgão humano e, se já é possível fazer transplantes seguros até do coração, que é muito mais complicado, por que não da pele? Eu fiquei abismado. Primeiro que eu nem sabia que a pele era considerada um órgão. Segundo que essa operação oferece possibilidades que beiram a ficção científica. É, porque, embora os tais cientistas ingleses afirmem que a intenção deles é apenas recuperar pessoas desfiguradas por queimaduras, eu duvido muito que a coisa vá ficar por aí. Você agora pode mudar de cara, entende? Quem sabe se, daqui alguns anos, a gente não vai poder escolher novas feições numa clínica ou até mesmo num supermercado ou num shopping? A maioria das pessoas com quem comentei a notícia ficou entusiasmada. Afinal, quase ninguém é muito feliz com a cara que tem. Um reclama do nariz mais protuberante. A outra, de suas orelhas de abano. Um terceiro que tem muitas espinhas. Todo mundo quer mudar de cara. Apenas um dos meus amigos não gostou muito da ideia. E com certa dose de razão. – Eu é que não troco a minha cara. Apesar de feia, com essa pelo menos eu já estou acostumado. E, mesmo se fosse para trocar, eu ia querer a cara de quem? É uma pergunta interessante. A cara de quem você gostaria de ter? Do Silvester Stallone? Não. Acho que eu prefiro alguma coisa um pouco mais intelectual, Talvez do Woody Allen. Não, também não. Eu nunca fiquei bem de óculos. Do Tom Cruise? Não. As fãs não iam me deixar em paz. Do BilI Gates? Bem, só se, junto com a cara, viesse também seu saldo bancário. A verdade é que é muito difícil escolher uma nova cara. – E tem outra – continuou meu amigo –, já imaginou ter a cara de outro homem ali, o tempo todo, encostadinha em você? Cai fora, sô... CARVALHO, Arthur. Tá com essa cara por quê?. Disponível em:<http://www.releituras.com/acarvalho_menu.asp>. Acesso em: 21 fev. 2012. ㉝ Um dos recursos utilizados pelo autor para chamar a atenção do leitor e que conferem ao Página 11 de 17 texto certo grau de ironia é de Estado de 1991; e o início da guerra civil na República Democrática do Congo, em 1997. A) a busca do indivíduo pela cara perfeita – Bill Gates, Tom Cruise, Silvester Stallone, Woddy Allen –, ressaltando os ícones de beleza da cultura de massa. B) a representação de um diálogo entre amigos – Apenas um dos meus amigos não gostou muito da ideia –, revelando a importância da opinião na escolha de um novo rosto. C) o elogio ao consumo – [...] a gente não vai poder escolher novas feições numa clínica ou até mesmo num supermercado ou num shopping? –, desvelando as relações de comércio na contemporaneidade. D) o rechaço aos avanços científicos – embora os tais cientistas ingleses afirmem que a intenção deles é apenas recuperar pessoas desfiguradas por queimaduras, eu duvido muito que a coisa vá ficar por aí. E) a retomada do bordão popular – Tá com essa cara por quê? –, usado, normalmente, para sugerir um estado de ânimo. Há de se observar que, na crônica, essa expressão é usada para chamar a atenção para os aspectos físicos do rosto. SORG, Leticia. Do clima à fome. Da fome à guerra. Revista Época. Disponível em: <http://revistaepoca. globo.com/Mundo/noticia O texto Tá com essa cara por quê? elucida, por meio de uma linguagem simples e direta, o objeto de crítica e reflexão do cronista que intenciona A) divertir o leitor com o relato de uma situação vivida por ele. B) criticar o uso comercial de descobertas científicas. C) informar o leitor sobre o resultado de novas pesquisas. D) elogiar a atuação de pessoas consideradas como ícones de sucesso. E) rechaçar a indústria cultural que cria ídolos para a cultura de massa. ㉞ Textos para as questões 35 e 36. Texto I Do clima à fome. Da fome à guerra Cientistas comprovam a relação entre o El Niño e a ocorrência de guerras civis em países pobres Que as consequências dos conflitos militares são mais graves em regiões com condições climáticas extremas é um fato comprovado há tempos. Um grupo de cientistas, no entanto, foi mais longe. Seu estudo, publicado na revista Nature, mostra o que muitos suspeitavam: as condições climáticas também podem agravar ou criar guerras locais. “O clima pode ser o último empurrão para a eclosão de uma guerra civil”, disse Solomon Hsiang, líder do grupo de pesquisa do Instituto da Terra da Universidade Colúmbia, em Nova York. No Chifre da África, a atual seca é consequência do fenômeno La Niña – resfriamento de parte das águas do Oceano Pacífico. Em outras partes do mundo, porém, é geralmente associada a outro fenômeno, de características opostas, o El Niño – aquecimento das águas do Pacífico. Com os dois fenômenos em mente, Hsiang e seus colegas analisaram a variação climática de 175 países e a ocorrência de conflitos civis entre 1950 e 2004. Notaram não só que as guerras eram mais frequentes nos anos do El Niño, mais quentes e secos, como também costumavam eclodir no segundo semestre, junto com os efeitos do fenômeno climático. Encaixam-se nesse padrão a retomada da guerra civil no Sudão, em 1983, depois de dez anos de armistício; os conflitos no Haiti, após o golpe www.fernandapessoa.com.br Texto II África: fome e guerra Um continente assediado pela fome. Pelas estatísticas recentes, as cifras desse flagelo não param de crescer, tornando-se mais graves e mais preocupantes. A cada ano, 27 milhões de africanos, a maioria crianças, estão ameaçados de morrer de fome. Dos 800 milhões de habitantes, pelo menos 150 milhões vivem em debilitante escassez de alimentos. Os países mais atingidos pelo flagelo são: Etiópia, Somália, Sudão, Moçambique, Malavi, Libéria e Angola. Além disso, são os mais atingidos por violentos conflitos internos, que ameaçam aumentar a ruína. No fluxo do comércio mundial, no qual a África não tem condições de tomar parte, contribuem com modestíssimos 1,5%. ROSSI, Carlos. África: fome e guerra Para reconstruir o sentido de um texto, o leitor precisa estar atento aos recursos linguísticos e estéticos escolhidos pelo autor. Nesse processo, o reconhecimento do uso das figuras de linguagem se converte em uma importante ferramenta que amplia a expressividade da mensagem apresentada. No Texto I, uma das figuras de linguagem utilizada pelo autor é A) a elipse, haja vista que ele não explica o que é o fenômeno El niño – “Cientistas comprovam a relação entre o El Niño e a ocorrência de guerras civis em países pobres”. B) a metáfora, pois considera um fenômeno natural como algo passível de ter gênero, “a atual seca é consequência do fenômeno La Niña”. C) a antítese, ao contrapor as origens de dois fenômenos climáticos – el Niño e La niña. D) o pleonasmo, pois repete várias vezes a ideia que o clima influencia no surgimento de conflitos. E) a gradação, pois demonstra como um fenômeno leva a outro – “Do clima à fome. Da fome à guerra”. ㉟ Em relação às ideias apresentadas nos dois textos sobre o desenvolvimento de conflitos, pode-se considerar que A) o Texto I apresenta uma situação hipotética em relação à influência do clima no desenvolvimento de conflitos. B) o Texto II faz uma descrição da situação vivida por países africanos que corrobora as ideias apresentadas no Texto I. C) os dois textos apresentam dados sobre a influência do clima na manifestação de conflitos na África. D) no Texto II, pode-se perceber a presença de dados econômicos que contrariam as ideias defendidas no Texto I sobre a influência do clima. E) ambos os textos divergem em relação ao tema, já que o Texto I apresenta dados de uma investigação, enquanto o Texto II descreve as dificuldades vividas pelos africanos. ㊱ Texto I A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como ㊲ Página 12 de 17 falamos. Como somos. [...] Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres. [...] A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna. [...] Apenas brasileiros de nossa época. ANDRADE, Oswald. Manifesto Pau-Brasil. Publicado originalmente na edição do CORREIO da Manhã, 18 mar. 1924. Texto II Dizem que quando Oswald de Andrade recebeu de presente de aniversário de Tarsila do Amaral, naquela época sua esposa, a obra Abaporu, chamou Raul Bopp e lhe disse: “Vamos fazer um movimento em torno desse quadro”. Relacionando o Texto I com a obra de Tarsila do Amaral, pode-se afirmar que o que sintetiza o movimento idealizado por Oswald de Andrade é A) a idealização do brasileiro, expressa no uso de cores vibrantes. B) a reflexão sobre o caráter original da cultura brasileira. C) a preponderância da simplicidade expressa nas linhas simples e nas frases curtas. D) a falta de originalidade da produção artística modernista. E) a negação do regionalismo em favor de expressões artísticas estrangeiras. Em geral, a lírica é vista como o gênero que se caracteriza por expressar sentimentos e ideias íntimas de um sujeito poético. A poesia lírica seria, então, marcada, sobretudo, pela subjetividade, privilegiando o mundo interior em face ao mundo exterior. ㊳ Assinale a alternativa em que o fragmento do poema NÃO apresenta um eu-lírico correspondente ao que foi descrito acima. A) “É mineral o papel/ onde escrever/ o verso; [...] É mineral, por fim,/ qualquer livro:/ que é mineral a palavra escrita, a fria natureza// da palavra escrita.” a importância do figurino no espetáculo? Janice Ghisleri - Estilista e Figurinista, Bacharel em Moda UDESC-Universidade do Estado de Santa Catarina. Alguns figurinos ou elementos cênicos muitas vezes assumem papéis tão importantes quanto um ator dentro de um espetáculo, pois podem apresentar peso e função tamanha que acabam falando por si só. Antes de considerar um grau de importância do figurino, é preciso definir o que é. Chamamos de figurino o traje usado por um ou mais personagens de uma produção artística, independente de sua linha (teatro, dança, cinema, musicais, etc.). Alguns profissionais se referem ao figurino como traje, indumentária, vestuário, mas há algumas diferenças básicas entre esses termos. [...] indumentária seria todo o vestuário em relação a uma determinada época e povos. Vestuário, um conjunto de peças de roupas que se veste e o figurino, seria o traje usado por um personagem criado. Consideramos como figurino tudo que o ator leva em cima de si, temos, então, as roupas e acessórios. [...] O figurino tem duas funções básicas: definir o personagem interpretado pelo ator e ajudar a estabelecer o tema, ideia e atmosfera da produção interpretada pelo diretor, além de mais outras quatro não menos importantes. O figurino é parte importante do espetáculo, pois ele cria a linguagem das formas, cores, texturas; representa a época, a situação econômica política e social; indica a região ou cultura, estilo do personagem, estação climática, aspecto psicológico, enfim os elementos necessários para passar ao espectador o sentido do espetáculo, devendo mostrar as relações entre todos os personagens. [...] GHISLERI, Janice. Como entender a importância do figurino no espetáculo?. A Figura a seguir é a fotografia do elenco do espetáculo O grande circo místico, do balé Teatro Guaíra de Curitiba, em apresentação de sua turnê em 2002. A criação do figurino é de Rosa Magalhães. (MELO NETO, João Cabral. Psicologia da composição). B) “Mundo mundo vasto mundo,/ se eu me chamasse Raimundo/ seria uma rima, não seria uma solução./ Mundo mundo vasto mundo,/ mais vasto é meu coração”. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia). C) “Em que lugar ficou/ o que agora/ me faz falta/ o que não sei/ nem mais o nome/ o que antes foi tão querido/ [...] cercado por minha pele/ feito eu mesmo? (FREITAS FILHO, Armando.Longa vida). D) “Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho/[...] Nem ama duas vezes a mesma mulher. [...] Ainda não estamos habituados com o mundo/ Nascer é muito comprido.” (MENDES, Murilo. In: Os quatro elementos). E) Amar o perdido/ deixa confundido/ este coração. / Nada pode o olvido / contra o sem sentido / apelo do Não. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética) Figurino é um dos recursos cênicos do personagem teatral. Associado à maquiagem e a outros recursos, possibilita que o ator se transfigure e possa assumir seu personagem de forma mais contundente. Como entender ㊴ www.fernandapessoa.com.br Figura 1 LISBOA, Tom. Grande circo místico. 2002. 1 fotografia color. Com base no texto e na fotografia, pode-se afirmar que o figurino A) tem importância exclusiva para o teatro e em apresentações sobre palco, pois, fora desses ambientes próprios, sua importância é questionável. B) está presente em diversas manifestações culturais e artísticas, como elemento cênico muito valorizado, pois contribui para ampliar o sentido da apresentação. C) é recurso essencial de uma apresentação artística, pois, sem ele, nenhum ator consegue ativar os recursos internos de interpretação de um personagem. Página 13 de 17 D) favorece a transformação do ator em personagem e é de importância fundamental nos ensaios de uma apresentação artística. E) constitui-se basicamente da maquiagem utilizada pelos atores, diferenciando um personagem de outro. Texto I O uso do alongamento como um processo de aquecimento é comum em diversas práticas corporais e baseia--se em três pontos: auxilia no aquecimento geral, previne lesões e melhora o desempenho corporal. No entanto, estudos mostram que, após o alongamento estático, pode haver diminuição no desempenho muscular. ㊵ MARANGON, Davi; TONIETTO, Rafael; CHAVES JUNIOR, Sergio. Educação Física: ensino médio. 2ª série. vol 1. Curitiba: Positivo, 2010. p. 44. Texto II Alongamento estático é o mais comum dos alongamentos e baseia-se em mover o membro lentamente, mantendo o segmento muscular determinado pela tensão muscular logo acima da amplitude do movimento habitual. ACHOUR JÚNIOR, Abdallah. Bases para os exercícios de alongamentos relacionados com a saúde e no desempenho atlético. 1. ed. Londrina: Midiograf, 1996. p. 32. Com base nos textos, pode-se afirmar que A) o alongamento, como um processo de aquecimento, não é recomendável, pois pode causar lesões, devido à musculatura não estar pronta para o exercício. B) usado como forma de aquecimento, o alongamento melhora o desempenho em todas as atividades físicas. C) o alongamento não é indicado para atividades que requeiram força e potência muscular, pois pode diminuir o desempenho. D) sem alongamento, não há aquecimento, pois a musculatura só está apta para a atividade física depois de estar devidamente alongada. E) o alongamento do tipo estático é mais recomendado e pode ser utilizado como aquecimento para qualquer tipo de atividade física, sem perda de desempenho. O texto que segue trabalha a função poética da linguagem usando como base um gênero textual que, em seu contexto comum, teria um uso prático e utilitário para quem dele fizesse uso: a receita. Leia-o com atenção e assinale a afirmação correta. RECEITA “Ingredientes: 2 conflitos de gerações 4 esperanças perdidas 3 litros de sangue fervido 5 sonhos eróticos 2 canções dos Beatles Modo de preparar: Dissolva os sonhos eróticos nos dois litros de sangue fervido e deixe gelar seu coração Leve a mistura ao fogo adicionando dois conflitos de gerações” ㊶ BEHR, Nicolas. Restos vitais. A) O eu-lírico, para facilitar seu ofício poético, já usa um tipo de formato de texto pronto; com isso, não tem tanto www.fernandapessoa.com.br trabalho para compor seu poema. B) Os ingredientes que fazem parte do texto foram listados aleatoriamente, não provocando, portanto, nenhum efeito de sentido. C) A partir dos ingredientes, o leitor do poema já se reporta para o contexto de uma geração que viu muitos de seus sonhos se diluírem enquanto eram embalados pelas canções dos Beatles. D) O poeta usa a expressão conflito de geração uma vez que os Beatles, ao contrário dos Rolling Stones, foram uma banda de pouca popularidade, que não conseguiu se comunicar com a juventude de sua época. E) O sentido da expressão “deixe gelar seu coração” é referencial, significando exatamente o que está escrito, sem qualquer valor poético da linguagem. Considerando as tipologias textuais da Língua Portuguesa, leia os fragmentos a seguir: A) “Ás nove da noite entrou ressabiado na cozinha. Maria foi para a saleta de televisão. Meia hora depois João entrou na saleta, ela foi para o quarto. João entrou no quarto, ela deitada no escuro.” ㊷ TREVISAN, Dalton. A gorda do Tiki Bar. Porto Alegre: LP&M Pocket, 2005. B) "A história dos videogames envolve o desenvolvimento dos jogos eletrônicos, que começaram a ser populares na década de 1970 - inicialmente em computadores - e logo culminaram na criação de arcades e consoles de videogames.” WIKIPÉDIA. História dos jogos eletrônicos. C) Assim como existem remédios claros e disponíveis para prevenir [mortes por E. Coli em Walkerton], há muitas soluções políticas óbvias para evitar futuras mortes. Mais habitações, melhor proteção ao inquilino e menos maustratos são bons pontos de partida.” KLEIN, Naomi. Cercas e janelas. São Paulo. 2003. D) E se você ligar agora, amigo ouvinte, leva também essa maravilhosa lanterna Thunder light. Seu dispositivo “Rightfast”, ultra-avançado, permite que você ilumine os lugares mais escuros com a nitidez de uma clara manhã de sol. E) “A ventania chegava na segunda metade dos invernos, plantação de crescimento rápido, brotando com as primeiras pancadas d´água. Roçava sem termo naquelas paragens.” LINS, Osman. Nova novena: Narrativa. São Paulo: Melhoramentos, 1975. Os textos, de acordo com as suas tipologias, são, respectivamente: A) Narração - Argumentação - Exposição - Descrição – Injunção. B) Fática - Narração - Exposição - Descrição – dissertação. C) Poético – Metalinguístico – Conativo – Descritivo – Injuntivo. D) Exposição - Descrição – Injunção - Narração Argumentação. E) Dissertação - Narração – Argumentação - Narração Descrição. Receita Para Se Fazer Um Herói (Ira!) Toma-se um homem Feito de nada como nós Em tamanho natural Toma-se um homem ㊸ Página 14 de 17 Feito de nada como nós Em tamanho natural Embebe-se-lhe a carne De um jeito irracional Como a fome, como o ódio Embebe-se-lhe a carne De um jeito irracional Como a fome, como o ódio Depois, perto do fim Levanta-se o pendão E toca-se o clarim E toca-se o clarim Serve-se morto Serve-se morto Morto, morto Serve-se morto Serve-se morto http://letras.mus.br/ira/46411/ Em relação à esfera discursiva e ao gênero textual, o texto do grupo Ira pertence à: A) esfera jornalística e ao gênero textual notícia, pois noticia a morte de um herói de guerra. B) esfera publicitária e ao gênero textual jingle, já que vende a ideia de qualquer pessoa pode ser um herói. C) esfera instrucional e ao gênero textual receita, pois ensina como fazer um herói. D) esfera artística e ao gênero textual canção, pois foi feito para ser cantado. E) esfera cientifica e ao gênero textual resumo, já que resume a vida de um herói de guerra. Beatles. Mas eles tocavam com convicção, com gosto. Num estilo próprio, inigualável. Utilizando até a última gota os recursos técnicos a seu dispor.(...)”. DANTAS, Marcelo O. Beatles: As contradições entre o apaulíneo e o johnisíaco ajudam a explicar a permanência da música do grupo inglês. Com base na leitura do texto, é correto afirmar: A) O autor do texto elenca alguns eventos meramente da esfera política para resumir as últimas três décadas, constatando que em trinta anos o mundo sofreu transformações radicais. B) A música está entre os temas preferidos de qualquer adolescente; muito embora, o autor do texto afirme que em plena era da cultura digital e do hip-hop é praticamente improvável que garotos se interessem por músicas produzidas nos anos 70. C) Os historiadores, para compreender melhor a época em que vive, dedicam-se em investigar os gostos musicais de muitos adolescentes. Dessa pesquisa, é comum se depararem com posturas vanguardistas de jovens que revolucionaram o seu tempo. D) A importância que os Beatles representaram em seu tempo e sua influência na formação do mundo moderno, ou seja, seu papel histórico, é o que explica, segundo o autor, o interesse que alguns adolescentes de hoje têm pela banda. E) O autor aposta que, entre os fatores que sustentam a permanência dos Beatles entre os interesses dos jovens de hoje, estão presentes o estilo inigualável e a convicção com que os rapazes de Liverpool produziram sua música. “O futuro das organizações – e nações – dependerá cada vez mais de sua capacidade de aprender coletivamente.” ㊺ “Ainda outro dia, um amigo me mandou um email contando que havia presenciado uma cena saída diretamente do seriado Túnel do tempo. Encostados no balcão do BB Lanches, no Rio, dois garotos, de no máximo 13 anos, conversavam assim: "Você sabe por que eles fizeram Taxman? Porque na Inglaterra tinha imposto pacas. Eles fizeram uma música de protesto!". Ao que o outro aquiesceu, acrescentando mais um caminhão de informações sobre o hino antitributário do álbum Revolver. Meu amigo ficou estupefato. Era como se nós dois estivéssemos ali, 30 anos antes, tomando um suco depois do colégio. Nessas três décadas, o mundo virou do avesso. Acabou a guerra fria, o regime militar, a paz no Leblon. Sérgio Dourado faliu, Star Wars cansou, Joey Ramone morreu. Foi-se tudo e mais um pouco. Mas os garotos ainda estão lá, falando dos Beatles. Embora sensato, o argumento se refere apenas ao passado. Não explica nada sobre a permanência dos Beatles. Nenhum moleque vai sair da sua casa e ir até o camelô da esquina comprar um CD por conta do papel histórico de uma banda na formação do mundo moderno. Além do quê, sejamos objetivos: os anos 60 terminaram faz tempo. Permanece então a pergunta: como pode alguém se apaixonar pelos cabeludos de Liverpool em meio ao cinismo e à desesperança do século XXI? Como pode um jovem saudável contrair a febre da beatlemania em plena era do hip-hop e da cultura digital? O palpite é simples. A música tudo se resume à música. Os quatro nunca foram instrumentistas virtuosos. Ninguém encontrará um solo de 15 minutos num disco dos ㊹ www.fernandapessoa.com.br (Peter Senge) Analisando-se o texto é correto afirmar: A) O autor sugere que cada indivíduo trabalhe desordenadamente. B) Às nações cabe repensar suas práticas como meio de caminhar para o insucesso. C) O sucesso depende, exclusivamente, de ações partilhadas. D) O texto reforça o que diz o provérbio: Uma andorinha só não faz verão. E) O texto reforça o que diz o provérbio: Quem é coxo, parte cedo. PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema A INFLUÊNCIA DO CONSUMO DE NOVAS TECNOLOGIAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEXTO MOTIVADOR I O padrão Steve Jobs é predador Página 15 de 17 Vou nadar contra a correnteza. Afirmo que o modelo de consumo imposto por Steve Jobs é predador e prejudicial ao futuro da humanidade. A morte de Steve elevou-o à condição de mito e chegaram a compará-lo a Leonardo da Vinci. Ele era um gênio da engenharia, disso não discordo. Mas penso que sua obsessão quase louca por lançar um produto e, alguns meses depois, relançá-lo com melhorias marginais e seu êxito em conseguir convencer multidões a substituí-lo compulsivamente em período curto contribuíram para a exploração irracional e destrutiva dos recursos ambientais. Debati esse assunto em uma mesa-redonda na qual o palestrante louvava Steve Jobs como um ser quase extraterrestre, um deus que estaria propiciando aos humanos um patamar superior de vida na Terra. Jobs ofereceu coisas novas e boas, sem dúvida; mas também contribuiu para o consumismo predador. Antes, é preciso esclarecer um ponto: há inovações que são caracterizadas como “saltos tecnológicos”, enquanto outras não. A evolução da abreugrafia (o raio X) para a ressonância magnética; da máquina de escrever para o computador; do telefone fixo para o celular; da carta para o e-mail, a invenção da internet... todos esses são exemplos de saltos tecnológicos geniais e extremamente úteis à humanidade. Mas sair de um Ipad 1 para um Ipad 2 não é salto tecnológico algum, são apenas melhorias marginais na mesma tecnologia e no mesmo produto. Fiz, ao palestrante, a seguinte pergunta: “Diga-me em que a humanidade se torna superior por adquirir um iPhone e, antes de dominar e usar 20% de seus recursos técnicos, substituir pelo modelo 2, comprar o modelo 3 em mais seis meses... o modelo 4... o modelo 5...?”. Na realidade, afirmei, nada há de superior nisso, e o descarte de produtos praticamente novos está causando destruição de recursos naturais, aumentando o lixo mundial e colocando a humanidade em um beco capaz de comprometer a vida de nossos filhos e das gerações seguintes. Há pessoas que compraram o Ipad 1, exploraram uns 5% de sua capacidade, jamais leram um único livro em seu leitor eletrônico e, eufóricos, compraram o Ipad 2 apenas meio ano depois. E irão comprar o Ipad 3, o Ipad 4 e quanto mais houver. E precisam disso? Não. Não precisam e não usam 80% do equipamento. Por que milhões de pessoas estão descartando aparelhos praticamente novos, diminuindo o tempo médio de vida dos produtos, e adquirindo modelos novos do mesmo, praticamente iguais, com pequenas melhorias marginais? É apenas fruto de desejo, ansiedade, consumismo e exibicionismo, vícios que são antigos. Na obra “Satiricon”, escrita por Petrônio na época do Império Romano, o milionário diz: “Só me interessam os bens que despertam no povo a inveja de mim por possuí-los”. Karl Marx voltaria ao assunto, para dizer que “o fetiche da mercadoria vai transformar todas as relações sociais em mercadoria”. www.fernandapessoa.com.br A indústria programa desgastes artificiais dos produtos e provoca sua obsolescência em períodos curtos, como forma de obrigar os mesmos consumidores a uma reposição mais rápida. Ao constatar que a troca de uma peça simples de seu aspirador de pó custava quase o mesmo preço de um aspirador novo, a professora italiana Giovanna Micconi, doutorando em Harvard, afirmou que “algo de muito errado está acontecendo com nossa sociedade”. [...] O economista Eduardo Gianetti deu entrevista indignado com a incapacidade da economia de mercado (da qual ele e eu somos fãs) em levar em conta o custo ambiental de nossas escolhas de produção e consumo. Ele fala da “corrida armamentista do consumo”, que, com mais um bilhão de chineses e indianos ingressando no mercado consumidor, vai explodir os recursos do planeta. A Terra não vai aguentar. O abacaxi está posto para a humanidade e esse padrão de consumo, do qual Steve Jobs é um símbolo, não é sustentável. A genialidade e as inovações são úteis; o consumismo que elas estão moldando é trágico. MARTINS, José Pio. O padrão Steve Jobs é predador. Disponível em: http://professorpio.com/site/2012/01/o-padrao-steve-jobs-e-predador/. Acesso: 27/04/2013. TEXTO MOTIVADOR II http://geografiaem360graus.blogspot.com.br/2011/05/charges-consumismo.html TEXTO MOTIVADOR III O ser humano e o consumo O ser humano é um ser de desejos e necessidades. Portanto o ser humano não vive só pela necessidade, também deseja coisas. E fundamentalmente deseja ser reconhecido pelas outras pessoas. O grande desafio é tentar entender quais são os mecanismos de reconhecimento na sociedade. Nas sociedades antigas, por exemplo, ser honrado era um valor importante para ser reconhecido como uma boa pessoa. Na sociedade da cultura de consumo de hoje, você é reconhecido pelo seu padrão de consumo. Eu desejo ser reconhecido, então, para isso, eu preciso comprar as coisas Página 16 de 17 que não são necessárias para a sobrevivência imediata, mas são necessárias para ser reconhecido. Então aí aparecem tênis caros, celulares e carros sofisticados que as pessoas passam a desejar. Com isso, o que o capitalismo faz é fomentar esse desejo de consumo, reforçando a ideia de classificação de pessoas por padrão de consumo. Então os pobres, além de não terem acesso a uma vida boa, também têm outro problema: são frustrados no desejo de reconhecimento. Novos caminhos O primeiro desafio dos cidadãos é possibilitar espaços de relacionamento, nos quais o consumo não seja critério de reconhecimento. Uma das grandes contribuições que as comunidades cristãs fazem no mundo de hoje é permitir que pessoas simples, sem grande acesso ao consumo, possam ser reconhecidas como pessoas, porque são reconhecidas como seres humanos. E mesmo as pessoas que têm acesso ao consumo têm a experiência de um reconhecimento humano verdadeiro, não através do padrão de consumo. O segundo aspecto é lutar para criar espaços de sobrevivência econômica melhor para pessoas excluídas. Criar possibilidades como a economia popular e solidária, práticas de educação profissionalizante, seja em formas tradicionais, seja em formas alternativas das práticas comunitárias. MO SUN, Jung. Consumo e novas tecnologias. Para quem?. Revista Mundo Jovem. Disponível em: <http://www.pucrs.br/mj/artigo-consumo-e-novastecnologias.php. Acesso em: 27/04/2013. TEXTO MOTIVADOR IV Quem consome vive e mata a fome Quem demais convive some só Meu bem, no mostruário vejo exposto Pra consumo teu amado rotulado rosto também No mostruário vejo exposto Pra consumo teu amado rotulado rosto também Mais no dia a dia que te vejo Cada hora mais me perco Teu amor unhas e dentes para me ferir Dois inimigos que se encontram Que se matam mais se amam também No caixão mortuário vejo exposto Teu amor rotulado desgraçado rosto meu bem Consumir é viver Conviver é sumir Conviver é sumir Consumir é viver http://letras.mus.br/paulinho-da-viola/1891731/ INSTRUÇÕES: O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero. A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero. A redação que apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Simulado terá o número de linhas copiadas desconsideradas para efeito de correção. http://cardapiopedagogico.blogspot.com.br/2012/11/consumo-meioambiente.html TEXTO MOTIVADOR V Consumir É Viver Paulinho da Viola No supermercado onde me encontro Medindo e pesando o teu carinho Uma oferta meu desejo vejo Ali, como artigo de toda a semana Confortável que não deixa manchas Teu amor vim receber Contigo vou viver, eu vim te vê Como diz um profeta meu amigo www.fernandapessoa.com.br Página 17 de 17