Entre os melhores | Among the Best || Entre los mejores Qualidade dos filmes é destaque | Quality of films is striking || Calidad de las películas se pone de relieve Gastronomia regional | Regional gastronomy || Gastronomía regional O artista Veiga Valle | Veiga Valle, an artist || El artista Veiga Valle 2 Ano 2 Julho de 2011 Year 2 July 2011 Año 2 Julio 2011 Revista do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental Editorial Título? Ambiente humano Human enviroment Ambiente humano Title? Titulo? Texto O fato de uma produção indígena, fruto de oficinas de cinema com a comunidade, ter sido o grande vencedor do XIII Fica, relembra uma coisa importante: o meio ambiente não é feito só de plantas e bichos. Desde o começo, há 13 anos, o festival se manteve aberto à participação de obras cinematográficas pautadas por questões também sociais e culturais, relacionadas à natureza humana e suas diversas manifestações. Os exemplos são vários. Na IX edição, saiu premiado com o troféu Cora Coralina a obra Ainda há pastores?, tratando do duro trabalho desses trabalhadores do campo, em uma região remota de Portugal, e de como eles estão cada vez menos numerosos. No Fica de 2009, venceu Corumbiara, baseado em um massacre de índios ocorrido em Rondônia, no ano de 1995, e documentado pelo antropólogo Vincent Carelli. Não por acaso, tratase do criador do programa Vídeo nas Aldeias, dentro do qual nasceu Bicicletas de Nhanderu. | The fact that an indian production, which resulted from workshops with the community, has won the most prestigious XIII Fica award, says something very important: the environment is not just about plants and animals. From its very beginning, 13 years ago, the Festival has also been open to films based on the social and cultural issues related to human nature and its various manifestations. There have been different examples of this. In the IX edition, Are there shepherds yet? took the Cora Coralina Trophy. The film deals with the arduous work of these rural workers of a remote region in Portugal, showing how their numbers are constantly diminishing. In the 2009 Fica, Corumbiara took the award. It was based on the massacre of indigenous people in Rondônia, in 1995, documented by the anthropologist Vincent Carelli. It is no coincidence that he was the founder of the Vídeo nas Aldeias (Video in the Villages) program out of which Bicycles of Nhanderu was born. || El hecho de que una producción indígena, fruto de talleres de cine con la comunidad, haya sido el gran vencedor del XIII Fica, recuerda una cosa importante: el medio ambiente no está hecho sólo de plantas y bichos. Desde el comienzo, hace 13 años, el festival se mantuvo abierto a la participación de obras cinematográficas pautadas por cuestiones también sociales y culturales, relacionadas a la naturaleza humana y sus diversas manifestaciones. Los ejemplos son diversos. En la IX edición, salió premiada con el trofeo Cora Coralina la obra Todavía hay pastores?, tratando de la dura labor de esos trabajadores del campo, en una región remota de Portugal, y sobre como existen cada vez menos de ellos. En el Fica de 2009, venció Corumbiara, basado en una masacre de indios ocurrida en Rondônia, el año 1995, y documentada por el antropólogo Vincent Carelli. No por casualidad, se trata del creador del programa Vídeo nas Aldeias (Video en las Aldeas), dentro del cual nació Bicicletas de Nhanderu. Among the highlights of this issue of the Revista do Fica, as well as a review of the recent festival, there is an interview with professor Alfredo Manevy. He talks about the work of the awarding jury and Brazilian cinema policies, out of his experience as executive secretary at the Ministry of Culture while Juca Ferreira held the portfolio. There is also a beautiful photographic presentation of the works of the sculptor José Joaquim da Veiga Valle, a renowned artist of our region, to whom this year’s Fica pays tribute. Entre lo más destacado de este número de la Revista do Fica, además del balance del último festival, está la entrevista con el profesor Alfredo Manevy. Nos habló sobre el trabajo de los jurados de premiación y de la política de cine en Brasil, dada su experiencia como secretario ejecutivo en el Ministerio de Cultura en la gestión de Juca Ferreira. También traemos un bello ensayo fotográfico de las obras del escultor José Joaquim da Veiga Valle, importante artista de nuestra tierra, homenajeado por el Fica este año. In the next pages find out what other interesting items we’re bringing you. Have a good read! En las próximas páginas, sorpréndase con todo lo que le traemos de bueno y ¡Tenga una buena lectura! Entre os destaques deste número da Revista do Fica, além do balanço do último festival, está a entrevista com o professor Alfredo Manevy. Ele nos falou sobre o trabalho dos jurados de premiação e da política de cinema no Brasil, dada sua experiência como secretário executivo no Ministério da Cultura na gestão de Juca Ferreira. Também trazemos um belo ensaio fotográfico das obras do escultor José Joaquim da Veiga Valle, importante artista da nossa terra, homenageado pelo Fica deste ano. Nas próximas páginas, surpreenda-se com o que mais trazemos de bom. Tenha uma boa leitura! Fica 3 Sumário Summary Resumen 6 16 30 36 44 Revista do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental Publicação Institucional Ano 2/Nº 2/Julho de 2011 ISSN 2177-4668 Governo do Estado de Goiás Governador: Marconi Perillo Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel) Praça Cívica, 26 Goiânia – Goiás 74003-010 Fone: 55 62 3201-5100 www.agepel.go.gov.br Presidente: Gilvane Felipe Chefia de Gabinete: Ney Borges Diretor de Ação Cultural: Décio Coutinho Entrevista | Interview || Entrevista Alfredo Manevy Capa | Cover || Portada Ótimos filmes e bons debates | Great films and fruitful discussions || Excelentes películas y buenos debates Fica Aos melhores, os troféus | For the best, there are tophies || A los mejores, los trofeos Gastronomia | Gastronomy || Gastronomía Sabor regional | Local flavor || Sabor regional Em foco | On focus || En foco Veiga Valle, um artista no sertão | Veiga Valle, an artist in the hinterland || Veiga Valle, un artista en el sertón Diretor de Redação: Wolney Unes Editor-chefe: João Unes Editora executiva: Elisa A. França Reportagem: Bruno Hermano, Elisa A. França e Lis Lemos Colaboração: Gilberto G. Pereira e Sarah Ottoni Editora de arte: Genilda Alexandria Arte final: Marcus Lisita Rotoli Fotografias: Cristiano Borges, Silvio Quirino, Flávio Isaac, Paulo José, Paulo Rezende e Rui Faquini. Tradução: Anne Mary Staunton, Patrick John O’Sullivan e Ricardo Pérez Banega Fotos da capa: Paulo Rezende Guardas: Fotos de Paulo Rezende Impressão: Marques & Bueno Ltda. (Gráfica Talento) Tiragem: 3 mil Distribuição: gratuita 58 62 66 68 71 Artigo | Article || Artículo Gilberto G. Pereira O olhar que esquadrinha as paisagens | The gaze that scans the landscape || La mirada que escudriña los paisajes Curtas | Snippets || Cortos Menor impacto | Less impact || Menor impacto Preciosa água | Precious water || Preciosa agua Circuito | Circuit || Circuito Festivais de cinema ambiental no mundo | Environmental film festivals in the world || Festivales de cine ambiental en el mundo Painel | Panel || Panel Sarah Ottoni Casa Brasil Presidente: Carlos Eduardo Bernardes Diretor comercial: Germano Roriz Diretor administrativo: Gustavo de Morais Roriz Rua 29, nº 186, Setor Central, Goiânia – Goiás 74.015-050 Fone/Fax: 55 62 3942-0228 www.icbc.org.br www.fica.art.br [email protected] Entrevista Interview Entrevista Conteúdo e linguagem Content and language Contenido y lenguaje Entrevista com Alfredo Manevy An interview with Alfredo Manevy Entrevista con Alfredo Manevy 6 Fica Ranulfo Alfredo Manevy de Pereira Mendes tem apenas 34 anos, mas já foi até ministro da Cultura brasileiro – interinamente, durante as ausências do antigo chefe da pasta, Juca Ferreira. Seu cargo propriamente dito no ministério era o de secretário executivo, ocupado entre setembro de 2008 e dezembro de 2010, depois de cinco anos exercendo outras funções, como a de secretário de Políticas Culturais. Graduado em cinema e doutor em estética e comunicação audiovisual, é professor no Departamento de Artes e Libras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele diz que sente falta do Cerrado quando está longe, afeição desenvolvida junto com as raízes criadas em Belo Horizonte, onde passou a maior parte da sua vida. Assim, ao participar pela primeira vez do Fica, na última edição, o ex-secretário se sentiu um pouco em casa. Atuando como um dos sete membros do júri, afirma que aprendeu muito com o festival. “Fui levado a refletir”, diz, sobre os problemas ambientais. Confira a seguir o que mais ele contou à Revista do Fica. Sílvio Quirino Texto: Elisa A. França | Ranulfo Alfredo Manevy de Pereira Mendes is only 34, but he has already been the Brazilian Minister for Culture – temporarily, in the absences of the chief Juca Ferreira. His specific post in the Ministry was that of Executive Secretary, which he held from September 2008 to December 2010, after five years in other roles, such as Secretary of Cultural Policies. A graduate in cinema, he holds a PhD in aesthetics and audiovisual communication and is professor in the Department of Arts and Sign Language at the Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). He says he misses the Cerrado biome when he is away. This affection grew along with the roots he put down in Belo Horizonte, where he spent most of his life. So, when participating for the first time in the recent edition of Fica, the former secretary felt a bit at home. As one of the seven members of the jury, he says he has learned a lot from the Festival. “I was forced to reflect on environmental problems”, he says. Now read the rest of what he told the Revista do Fica. || Ranulfo Alfredo Manevy de Pereira Mendes tiene apenas 34 años, pero ya fue hasta ministro de Cultura brasileño – interinamente, durante las ausencias del antiguo jefe de la cartera, Juca Ferreira. Su cargo propiamente dicho en el ministerio era el de secretario ejecutivo, ocupado entre setiembre de 2008 y diciembre de 2010, después de cinco años ejerciendo otras funciones, como la de secretario de Políticas Culturales. Graduado en cine y doctor en estética y comunicación audiovisual, es profesor en el Departamento de Artes y Libras de la Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Dice que extraña el Cerrado cuando está lejos, afecto desarrollado junto con las raíces creadas en Belo Horizonte, donde pasó la mayor parte de su vida. Así, al participar por primera vez del Fica, en la última edición, el ex secretario se sintió un poco en casa. Actuando como uno de los siete miembros del jurado, afirma que aprendió mucho con el festival. “Fui llevado a reflexionar”, dice, sobre los problemas ambientales. Vea a continuación que más le contó a la Revista do Fica. Fica 7 Entrevista Interview Entrevista Como foi participar do festival? Foi legal perceber que ele cumpre o papel de estimular a discussão, ao fazer um recorte na produção audiovisual com foco no meio ambiente. Essa atmosfera permeia a cidade e eu mesmo aprendi muito com os filmes, que nos colocam a necessidade da ação, individual e coletiva, e da participação na agenda ambiental. Aqui o cinema é colocado como instrumento, que tem o objetivo de informar, sensibilizar e provocar as plateias. Essa é uma característica intrínseca ao cinema ambiental? A produção autoral cumpre seu papel, mas também é necessário que o audiovisual seja provocado a discutir temas candentes no mundo. A proposta do festival é estabelecer uma conexão entre o fato cinematográfico, o que significa como linguagem, e seu papel ambiental. Senti isso, pois em três dias, ao ver mais de 20 horas de informação e denúncias voltadas para esse tema, fui levado a refletir. Percebo o público com o mesmo sentimento. Mas, naturalmente, os critérios relacionados à elaboração estética, intelectual e artística se somam ao conteúdo dos filmes. A produção autoral cumpre seu papel, mas também é necessário que o audiovisual seja provocado a discutir temas candentes no mundo. 8 Fica A maioria dos filmes do Fica é de documentários. A categoria ainda tem pouco espaço nas salas brasileiras? Sim, daí a importância do festival. Ao premiar algumas obras, agrega valor e lhes dá uma credencial para que se apresentem em outros espaços. Mas é um desafio e até poderia ser tema de debate em um próximo Fica: de que estratégias de distribuição esses filmes precisam para cumprir plenamente seu papel? Quanto à seleção dos vencedores, como foi a discussão entre os membros do júri? Houve alguma dificuldade? Não, o júri era muito qualificado. O primeiro desafio dos membros é conversar muito para estabelecer parâmetros comuns. As pessoas precisam se conhecer e usar o mesmo código para a discussão. Essa conversa é feita antes de vocês verem os filmes? Isso é feito antes, durante e depois. Mas foi tranquilíssimo, chegamos a consenso com muita facilidade. No momento final, a gente busca enxergar o conjunto, os vários critérios estilísticos e ambientais considerados. O debate foi muito qualificado e “Authorial production fulfils its role, but the audiovisual also needs to be stimulated in order to discuss the burning global issues.” “La producción autoral cumple su papel, pero también es necesario que el audiovisual sea provocado a discutir temas candentes en el mundo.” What was it like to participate in the Festival? ¿Cómo fue participar del festival? It was nice to see that it fulfills the role of stimulating discussion by concentrating on audiovisual production with a focus on the environment. This atmosphere permeates the town and I personally learned a lot from the films, which challenge us to act both individually and collectively, and participate in the environmental agenda. Here at Fica, cinema is presented as a tool whose aim is to inform, raise awareness and provoke the audience. Fue muy bueno notar que cumple el papel de estimular la discusión, al hacer un recorte en la producción audiovisual con foco en el medio ambiente. Esa atmosfera permea la ciudad y yo mismo aprendí mucho con las películas, que nos presentan la necesidad de la acción, individual y colectiva, y de la participación en la agenda ambiental. Aquí el cine es colocado como instrumento, que tiene el objetivo de informar, sensibilizar y provocar a las plateas. Is this an intrinsic characteristic of environmental films? Authorial production fulfils its role, but the audiovisual also needs to be stimulated in order to discuss the burning global issues. The Festival proposes to establish a connection between the cinematographic fact, which it means as language, and its environmental role. I felt this because in three days, after watching more than 20 hours of information and denunciations on the subject, I was forced to reflect. I think the public feel the same. But, naturally, the criteria adopted for the aesthetic, intellectual and artistic preparation add to the content of the films. Most Fica films are documentaries. Does this category still have little space in Brazilian cinema theatres? Yes, hence the importance of the festival. When certain works get awards, their value is enhanced and they acquire credentials to be screened in other areas. But this is a challenge and could even be a subject for debate in a future Fica: what distribution strategies do these films need to adequately fulfill their role? As far as the selection of winners is concerned, what was the discussion like among the jurors? Were there any difficulties? No, the jury was very well qualified. For the members, the first challenge is to talk together in order to establish common parameters. People need to get to know each other and use the same code for discussion. Is this talking done before you see the films? It’s done before, during and after. But it was very easy, we reached consensus with great ease. At the final moment, we try to grasp the whole picture, the various stylistic and environmental criteria which were considered. The debate was very enlightening and we were comfortable about our choice of winners. With each competitor, we questioned how it expressed the denunciations, research and proposals to raise awareness, using ¿Esa es una característica intrínseca al cine ambiental? La producción autoral cumple su papel, pero también es necesario que el audiovisual sea provocado a discutir temas candentes en el mundo. La propuesta del festival es establecer una conexión entre el hecho cinematográfico, qué significa como lenguaje, y su papel ambiental. Sentí eso, pues en tres días, al ver más de 20 horas de información y denuncias volcadas a ese tema, fui llevado a reflexionar. Y percibo que el público tiene el mismo sentimiento. Pero, naturalmente, los criterios relacionados a la elaboración estética, intelectual y artística se suman al contenido de las películas. La mayoría de las películas del Fica son documentales. ¿La categoría aun tiene poco espacio en las salas brasileñas? Sí, de ahí la importancia del festival. Al premiar algunas obras, agrega valor y les da una credencial para que se presenten en otros espacios. Pero es un desafío y hasta podría ser tema de debate en un próximo Fica: ¿Qué estrategias de distribución precisan esas películas para cumplir plenamente su papel? En cuanto a la selección de los vencedores, ¿cómo fue la discusión entre los miembros del jurado? ¿Hubo alguna dificultad? No, el jurado era muy calificado. El primer desafío de los miembros es conversar mucho para establecer parámetros comunes. Las personas precisan conocerse y usar el mismo código para la discusión. ¿Esa conversación es hecha antes de que Uds. vean las películas? La hacemos antes, durante y después. Pero fue tranquilísimo, llegamos al consenso con mucha facilidad. En el momento final, buscamos mirar el conjunto, los varios criterios estilísticos y ambientales considerados. El debate fue muy calificado y estuvimos a voluntad para establecer los ganadores. Delante de todos los competidores, cuestionamos cómo la película articuló la denuncia, la investigación y la propuesta de sensibilización, con el lenguaje audiovisual. Fica 9 Entrevista Interview Entrevista ficamos confortáveis para estabelecer os vencedores. Diante de todos os concorrentes, questionamos como o filme articulou a denúncia, a pesquisa e a proposta de sensibilização, com a linguagem audiovisual. Nossa questão mais delicada foi como lidar com tantos filmes bons. Há obras que não ganharam prêmio, mas são excelentes. Certamente receberão seu reconhecimento em outras instâncias. O conjunto dos filmes aponta para o fortalecimento da produção nessa área. Existe dinheiro para financiar e há demanda, principalmente no meio educacional. Que outros pontos você destacaria, a partir dos filmes exibidos? Há produções importantíssimas do ponto de vista da investigação e da informação, que elaboram uma pesquisa e chegam a uma denúncia. Por exemplo, um que lida com agrotóxicos na Argentina, e outro que trata da exploração do trabalho de uma população. São documentos que devem provocar as instituições da República a refletir sobre certas questões. Há trabalhos aqui que podem resultar em um grupo de estudo ou trabalho, ou em que alguma instituição se responsabilize por ir mais fundo no que o filme está colocando. Os mecanismos de incentivo à cultura são muito importantes, o que podemos notar pela grande produção cinematográfica brasileira dos últimos anos. Mas há críticas de que os produtores às vezes se apoiam demais nessas ferramentas. Em sua opinião, é preciso encontrar um equilíbrio entre 10 Fica o apoio governamental e a produção independente? Não há dúvida de que o Estado tem um papel no desenvolvimento da cultura. É uma vitória histórica termos ampliado o consenso da sociedade brasileira, de que o financiamento público em países com o perfil do Brasil é importante para alavancar a produção cultural. No cinema, isso é mais importante ainda pela maneira como o mercado está estruturado, com baixa presença da produção nacional no circuito exibidor. O incentivo governamental é natural, acontece na França, no Canadá e em vários países do mundo. Porém, as leis têm problemas. Por um lado, viabilizam recursos para a cultura. Mas está mais que provado, pelos diagnósticos elaborados ao longo dos anos, que elas geraram distorções, que são debatidas pela sociedade. Pareceme que hoje estamos maduros para avançar na direção de mecanismos de financiamento que combinem o incentivo fiscal com os fundos públicos. Estes permitiriam o aporte direto de investimento em áreas estratégicas, a partir de editais ou de determinados critérios, combinando democratização com meritocracia. Acho que traria mais equilíbrio, ampliando os recursos para que mais produtores participem do desenvolvimento da atividade, sem perder de vista os critérios estabelecidos. A dependência é ruim, pois vira uma segurança em torno da qual o realizador não tem de ter qualidade. Isso acontece no Brasil. A relação com o Estado é bem-vinda, mas nunca podem ser esquecidos o acompanhamento e o monitoramento [da atividade]. audiovisual language. Our most sensitive issue was how to deal with so many good films. Some works that were not awarded are excellent. They will undoubtedly receive recognition elsewhere. All the films point to the strengthening of production in this area. Funding is available and there is demand, especially in the educational field. What other points would you highlight about the films shown? There are some very significant productions from the standpoint of investigation and information, and research leading up to a denunciation. For example, there is one dealing with pesticides in Argentina and another on the exploitation of labor. These are documents which should trigger governmental institutions to reflect on certain issues. There are works here which could result in a study or work group, or in an institution assuming responsibility for going deeper into what the film presents. Culture incentive mechanisms are very important, as we can see from the great Brazilian film production on recent years. But producers are sometimes criticized for over relying on these mechanisms. In your opinion, is there a need to find a balance between government support and independent production? There is no doubt about it that the State has a role to play in the development of culture. But it is a historic victory that consensus in Brazilian society has increased with regard to the fact that public financing in countries with profiles like Brazil’s is important to back cultural production. In cinema, this is even more important because of the way the market is structured, with very little screening of national production. Government incentives are natural, it happens in France, Canada and other countries around the world. However, legislation is problematic. On the one hand, it provides funds for culture. But it has been proven, through analyses down the years, that this has generated distortions, which are being debated by society. It seems to me that today we are mature enough to move towards financing mechanisms which combine tax incentives with public funding. These could allow for direct investment in strategic areas, based on tenders or certain criteria combining democratization with meritocracy. I think this would bring greater balance and increase funding so that more producers could participate, without losing sight of the criteria established. Dependency is negative when it becomes a walking stick for the director, and he doesn’t worry about achieving good quality. It happens in Brazil. The relationship with the State is welcome, but supervision and monitoring must always be present. Nuestra cuestión más delicada fue como lidiar con tantas películas buenas. Hay obras que no fueron premiadas, pero son excelentes. Ciertamente recibirán su reconocimiento en otras instancias. El conjunto de las películas apunta al fortalecimiento de la producción en esa área. Existe dinero para financiar y hay demanda, principalmente en el medio educativo. ¿Qué otros puntos destacaría, a partir de las películas exhibidas? Hay producciones importantísimas del punto de vista de la investigación y de la información, que elaboran un estudio y llegan a una denuncia. Por ejemplo, uno que trata sobre agrotóxicos en la Argentina, y otro que versa sobre la explotación del trabajo de una población. Son documentos que deben provocar a las instituciones de la República a reflexionar sobre ciertas cuestiones. Hay trabajos aquí que pueden resultar en un grupo de estudio o trabajo, o en que alguna institución se responsabilice por ir más hondo en lo que la película está poniendo. Los mecanismos de incentivo a la cultura son muy importantes, lo que podemos notar por la gran producción cinematográfica brasileña de los últimos años. Pero hay críticas de que los productores a veces se apoyan demasiado en esas herramientas. En su opinión, ¿és preciso encontrar un equilibrio entre el apoyo gubernamental y la producción independiente? No hay duda de que el Estado tiene un papel en el desarrollo de la cultura. Es una victoria histórica haber ampliado el consenso de la sociedad brasileña, de que el financiamiento público en países con el perfil de Brasil es importante para estimular la producción cultural. En el cine, eso es más importante aun por el modo como está estructurado el mercado, con baja presencia de la producción nacional en el circuito exhibidor. El incentivo gubernamental es natural, acontece en Francia, en Canadá y en varios países del mundo. Sin embargo, las leyes tienen problemas. Por un lado, viabilizan recursos para la cultura. Pero está más que probado, por los diagnósticos elaborados a lo largo de los años, que han generado distorsiones, que son debatidas por la sociedad. Me parece que hoy estamos maduros para avanzar en la dirección de mecanismos de financiamiento que combinen el incentivo fiscal con los fondos públicos. Estos permitirían el aporte directo de inversión en áreas estratégicas, a partir de licitación o de determinados criterios, combinando democratización con meritocracia. Creo que aportaría más equilibrio, ampliando los recursos para que más productores participen del desarrollo de la actividad, sin perder de vista los criterios establecidos. La dependencia es mala, pues se vuelve una seguridad alrededor de la cual el realizador no tiene que tener calidad. Fica 11 Entrevista Interview Entrevista Que ferramentas podem ser usadas nesse monitoramento? A gestão pública tem de ser munida cada vez mais de critérios. Discutir qualidade tem de deixar de ser tabu. A análise de projeto e orçamento tem de se profissionalizar, deve haver transparência e participação da sociedade. A questão de se os filmes fazem público, ou não, também tem de ser debatida. É preciso ver as obras. Hoje se investe mais em cinema do que na época da Embrafilme, mas naquela época se via mais o filme brasileiro. Como alavancar a distribuição e a exibição? Se isso não é discutido, se fortalece o discurso contrário ao papel do Estado na cultura. Em toda crise que bate à porta da cultura, volta esse discurso. “Para que Ministério da Cultura? Para que orçamento cultural?” Acham que é uma grande roubalheira e provocam uma discussão desqualificada, que cresce se a gente não faz o trabalho direito. No ano passado, o governo mandou para o Congresso um novo texto para substituir a Lei Rouanet. Quais são seus principais pontos? O mais importante é a transformação do Fundo Nacional de Cultura (FNC) na principal fonte de recursos, permitindo Não é possível continuarmos transferindo patrimônio simbólico da cultura brasileira para as empresas, e elas não pagarem nada por isso. 12 Fica What tools can be used for monitoring? Discutir qualidade tem de deixar de ser tabu. “The discussion of quality can no longer be taboo.” “Discutir calidad tiene que dejar de ser tabú.” que a ferramenta trabalhe com Estados e municípios e crie fundos setoriais de apoio direto aos artistas, para que eles não precisem ficar passando o pires ao patrocinador. Isso é republicanizar o dinheiro público da cultura e fortalecer um mecanismo essencial de gestão cultural. Outro ponto importante é o fim aos 100% de renúncia fiscal [por parte do apoiador de projetos culturais]. O empresário que botar sua marca terá de pagar um pouco. Não é possível continuarmos transferindo patrimônio simbólico da cultura brasileira para as empresas, e elas não pagarem nada por isso. É questão de dignidade e lógica. A criação do Vale Cultura também é relevante. Em vez de colocar todo o dinheiro na produção, que se crie outra janela, ao investir R$ 3 bilhões para que 14 milhões de famílias consumam livros, ingressos de cinema... O Vale Cultura deve funcionar como o tíquete refeição. Public administration must be guided by more and more criteria. The discussion of quality can no longer be a taboo. Analyses of projects and budgets must be professional, there must be transparency and public participation. The question of whether the movies attract the public or not must also be discussed. The works have to be seen. Today we invest more in film than at the time of Embrafilme (State film company that worked from 1969 to 1990), but more Brazilian films were seen then. How do you encourage distribution and screening? If this is not discussed, it strengthens the arguments against the State’s role in culture. In every crisis involving culture, the same question emerges. “What’s the point of a Ministry for Culture? Why a cultural budget?” People think it’s daylight robbery and start a bad quality discussion, which increases even further if we don’t do our job properly. Last year, the Government sent Congress a new text to replace the Rouanet Law. What are its main points? The most important is the transformation of the National Culture Fund into the main source of funding. This means it can work with states and municipalities and create sectoral funds for direct support to the artists, so that they do not have to beg sponsors for funds. This means republicanizing public money for culture and strengthening a key mechanism of cultural management. Another important point is the end of the 100% tax waiver [for supporters of cultural projects]. The entrepreneur who gets his brand name put out there has to pay a little. We cannot go on transferring the symbolic heritage of Brazilian culture to business scot-free. It is a question of dignity and logic. The setting up of the Culture Voucher is also significant. Instead of investing everything in production, another door should be opened with the investment of R$3 billion for 14 million families to get books, movie tickets ... The Culture Voucher should work like a meal voucher. These are mechanisms which will allow for a reconfiguration of the current model. How are these projects being handled at the Congress? “We cannot go on transferring the symbolic heritage of Brazilian culture to business scot-free.” “No es posible seguir transfiriendo patrimonio simbólico de la cultura brasileña a las empresas, y que no paguen nada por ello.” The commitment of the present team at the Ministry for Culture is needed so that the projects are analyzed and approved. There is concern that they should not be modified or returned to the ministry as that would be a great waste of time. It would be a repetition of what has already been done when, in fact, advantage should be taken of this opportunity to set a new standard of legislation in Brazil. Eso sucede en Brasil. La relación con el Estado es bienvenida, pero nunca pueden ser olvidados el seguimiento y el monitoreo [de la actividad]. ¿Qué herramientas pueden ser usadas en ese monitoreo? La gestión pública tiene de ser provista cada vez más de criterios. Discutir calidad tiene que dejar de ser tabú. El análisis de proyecto y presupuesto tiene que profesionalizarse, debe haber transparencia y participación de la sociedad. La cuestión de que si las películas hacen público, o no, también tiene que ser debatida. Es preciso ver las obras. Hoy se invierte más en cine que en la época de la Embrafilme (empresa del Estado que funcionó de 1969 hasta 1990), pero en aquella época se veían más películas brasileñas. ¿Cómo estimular la distribución y la exhibición? Si eso no es discutido, se fortalece el discurso contrario al papel del Estado en la cultura. En toda crisis que golpea la puerta de la cultura, vuelve ese discurso. “¿Para qué Ministerio de Cultura? ¿Para qué presupuesto cultural?” Creen que es un gran robo y provocan una discusión descalificadora, que crece si no hacemos bien nuestro trabajo. El año pasado, el gobierno mandó al Congreso un nuevo texto para substituir a la Ley Rouanet. ¿Cuáles son sus principales puntos? El más importante es la transformación del Fondo Nacional de Cultura (FNC) en la principal fuente de recursos, permitiendo que la herramienta trabaje con Estados y municipios y cree fondos sectoriales de apoyo directo a los artistas, para que estos no precisen estar pasando el platito al patrocinador. Eso es republicanizar el dinero público de la cultura y fortalecer un mecanismo esencial de gestión cultural. Otro punto importante es el fin del 100% de renuncia fiscal [por parte de quien apoya proyectos culturales]. El empresario que coloque su marca tendrá que pagar un poco. No es posible seguir transfiriendo patrimonio simbólico de la cultura brasileña a las empresas, y que no paguen nada por ello. Es cuestión de dignidad y lógica. La creación del Vale Cultura también es relevante. En vez de colocar todo el dinero en la producción, que se cree otra ventana, al invertir R$ 3 mil millones para que 14 millones de familias consuman libros, entradas de cine... El Vale Cultura debe funcionar como el ticket comida. Son mecanismos que van a permitir una reconfiguración del modelo actual. ¿Cómo está la tramitación de esos proyectos? Precisa empeño de la actual gestión del Ministerio de Cultura (MinC), para que eso tramite y sea aprobado. La preocupación es que no sean modificados ni devueltos al ministerio, pues sería una pérdida de tiempo muy grande. Se repetiría lo que ya fue hecho, en vez de aprovechar la oportunidad para configurar un nuevo nivel de legislación en el Brasil. Fica 13 Entrevista Interview Entrevista São mecanismos que vão permitir uma reconfiguração do modelo atual. Como está a tramitação desses projetos? Precisa de empenho da atual gestão do Ministério da Cultura (MinC), para que isso tramite e seja aprovado. A preocupação é que eles não sejam modificados nem devolvidos para o ministério, pois seria uma perda de tempo muito grande. Se repetiria o que já foi feito, em vez de se aproveitar a oportunidade para configurar um novo patamar de legislação no Brasil. Sobre o Vale Cultura, o que dizer diante da crítica de que usará dinheiro público para aumentar, principalmente, o acesso a produções populares e de viés comercial? Discordo da crítica. Pois, se o Vale limitasse a escolha do trabalhador, suscitaria perguntas sem resposta, como “o que é cultura densa ou apropriada”? Não nos esqueçamos que o samba sofreu preconceito quando ainda não era visto como legítimo pelas instituições oficiais ou por um crivo elitizado. Para ampliar o repertório e qualificar o consumo, existem projetos como o Programadora Brasil [que oferece filmes e vídeos para exibidores não comerciais, a exemplo de escolas ou cineclubes]. O Vale Cultura tem outro objetivo: ampliar o consumo de bens culturais numa faixa da população que não tem acesso a eles. E não faz sentido, no momento em que se amplia isso, criar algum recorte específico [do que deve ou não ser consumido]. Como é possível estimular que os filmes brasileiros sejam colocados em cartaz e assistidos? É preciso subsidiar a expansão das salas de cinema, cujo circuito é pequeno no Brasil. Não há mais do que 3 mil salas, uma das mais baixas relações sala/ habitante do mundo. Em troca, seriam criadas condicionantes para garantir a exibição do filme brasileiro. Se quiser o subsídio, tem de passar o filme nacional em determinada quantidade de semanas e meses. Também é preciso haver produções para os diversos segmentos que não têm hábito de ver filme brasileiro. Para isso, é preciso aliar a criatividade dos artistas com o desenvolvimento de estratégias e a realização de pesquisas sobre esses públicos. Quando está em Santa Catarina, você falou que sente falta do Cerrado. Sentiu-se um pouco em casa, durante o Fica? Sem dúvida, sempre que estou no Cerrado me sinto em casa. Espero, inclusive, que o bioma receba as medidas de proteção que são urgentes, emergenciais, e das quais dependem o futuro desse sistema ambiental. Se o Vale Cultura limitasse a escolha do trabalhador, suscitaria perguntas sem resposta, como ‘o que é cultura densa ou apropriada?’ “Si el Vale Cultura limitara la elección del trabajador, suscitaría preguntas sin respuesta, como ‘¿qué es cultura densa o apropiada? ’.” With regard to the Culture Voucher, how do you deal with the criticism that public money will be used mainly to increase access to popular productions of a commercial nature? Sobre el Vale Cultura, ¿qué decir frente a la crítica de que usará dinero público para aumentar, principalmente, el acceso a producciones populares y de sesgo comercial? I disagree with this criticism. Because, if the Culture Voucher limited the choice of the worker, it would raise unanswerable questions, like “what is appropriate or highbrow culture?” Let’s not forget that samba suffered prejudice when it was as yet not considered legitimate by official institutions or elitist evaluation. In order to expand the repertoire and improve quality there are projects like Programadora Brasil [which offers films and videos for non-commercial screening in places such as schools and film clubs]. The Culture Voucher has another goal: to increase the consumption of cultural goods by that section of the population without access. And it makes no sense at this time of expansion to create any specific category [of what should or should not be consumed]. Estoy en desacuerdo con la crítica. Pues, si el Vale limitara la elección del trabajador, suscitaría preguntas sin respuesta, como “¿qué es cultura densa o apropiada”? No nos olvidemos que la samba sufrió prejuicios cuando todavía no era visto como legítima por las instituciones oficiales o por un tamiz de elite. Para ampliar el repertorio y calificar el consumo, existen proyectos como la Programadora Brasil [que ofrece películas y videos para exhibidores no comerciales, a ejemplo de escuelas o cineclubes]. El Vale Cultura tiene otro objetivo: ampliar el consumo de bienes culturales en una franja de la población que no tiene acceso a ellos. Y no tiene sentido, en el momento en que se amplía eso, crear algún recorte específico [de lo que debe o no ser consumido]. How can we encourage the screening and watching of Brazilian films? We need to subsidize the expansion of cinema theatres as there are relatively few in Brazil. There are no more than 3.000 theatres, one of the lowest inhabitant/theatre ratios in the world. In return, conditions would be created to ensure the screening of Brazilian films. If you want to get the subsidy, you must screen a national film for a certain number of weeks and months. There must also be film productions for the various segments not used to watching Brazilian movies. For this, we must combine the creativity of artists and the promotion of strategies and research into these groups. When you were in Santa Catarina, you said you missed the Cerrado. Have you been feeling a bit at home during Fica? Certainly, whenever I’m in the Cerrado I feel at home. I would also hope that the biome receives those urgent and crucial protective measures on which its future depends. 14 Fica “If the Culture Voucher limited the choice of the worker, it would raise unanswerable questions, like ‘what is appropriate or highbrow culture?’” ¿Como es posible estimular que las películas brasileñas sean colocadas en cartel y vistas? Es preciso subsidiar la expansión de las salas de cine, cuyo circuito es pequeño en el Brasil. No hay más que 3 mil salas, una de las más bajas relaciones sala/habitante del mundo. En cambio, se crearían condicionantes para garantizar la exhibición de la película brasileña. Si quiere el subsidio, tiene que pasar películas nacionales determinada cantidad de semanas y meses. También es preciso que haya producciones para los diversos segmentos que no tienen por hábito ver películas brasileñas. Para eso, es preciso aliar la creatividad de los artistas con el desarrollo de estrategias y la realización de pesquisas sobre esos públicos. Cuando está en Santa Catarina, Ud. dijo que extraña el Cerrado. ¿Se sintió un poco en casa, durante el Fica? Sin duda, siempre que estoy en el Cerrado me siento en casa. Espero, incluso, que el bioma reciba las medidas de protección que son urgentes, de emergencia, y de las cuales depende el futuro de ese sistema ambiental. Fica 15 Capa Cover Portada Ótimos filmes e bons debates Great films and fruitful discussions Excelentes películas y buenos debates Esses foram os pontos mais destacados do XIII Fica, que mais uma vez acolheu milhares de pessoas para discutir cinema e meio ambiente na Cidade de Goiás Texto: Elisa A. França These were the highlights of the XIII Fica, which once again in the town of Goiás hosted thousands of people to discuss cinema and the environment Esos fueron los puntos más destacados del XIII Fica, que una vez más acogió miles de Cristiano Borges personas para discutir cine y medio ambiente en la Ciudad de Goiás 16 Fica Fica 17 Competitive screening at the São Joaquim Muestra competitiva en el São Joaquim Dava gosto, nos últimos dias do festival, ouvir os participantes empolgados contarem como havia sido o XIII Fica até então. Deu até para notar uma certa tristeza na voz de alguns deles, ao se despedir de recém-amigos que, com o fim do evento, partiriam para suas terras em algum lugar do Brasil. Ou do mundo, já que também se ouviam outras línguas pelas ruas da Cidade de Goiás, como francês, inglês e chinês. No balanço geral, o que mais se comentou foram os encontros de cineastas, realizados durante três 18 Fica dias no Hotel Casa da Ponte, e a rede de contatos que cada um conseguiu estabelecer em mais essa edição do Fica, realizada de 14 a 19 de junho último. A boa qualidade dos filmes da mostra competitiva também demonstrou que ela amadurece a olhos vistos. “Foi uma das melhores edições do festival, em termos de cinema”, afirma Lisandro Nogueira, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e consultor do evento na área. Para ele, um dos principais motivos está na seleção das obras participantes, cujos Fórum ambiental no Convento do Rosário Environmental Forum at the Rosário Convent Forum medioambiental en el Convento del Rosário | It was lovely during the last days of the Festival to hear excited participants talking about how the XIII Fica had been going. A little tinge of sadness had crept into some of their voices, saying goodbye to new friends who, with the end of the event, were returning home to somewhere in Brazil. Or indeed abroad, as other languages, such as French, English and Chinese were also heard on the streets of the town of Goiás. On balance, what was most commented on was the meetings of the filmmakers held over three days at the Casa da Ponte hotel, and the network of contacts that each had made during this edition of Fica, from June 14 to 19. The quality of the films in the competitive screening also demonstrated that its maturity is visible for all to see. “It has been one of the best editions of the festival in terms of cinema”, says Lisandro Nogueira, professor at Universidade Federal de Goiás (UFG) Cristiano Borges Mostra competitiva no São Joaquim Cristiano Borges Capa Cover Portada || Daba gusto, en los últimos días del festival, oír a los participantes entusiasmados contar como había sido el XIII Fica hasta entonces. Se notó incluso una cierta tristeza en la voz de algunos de ellos, al despedirse de los nuevos amigos que, con el fin del evento, partirían hacia sus tierras en algún lugar de Brasil. O del mundo, ya que también se oían otras lenguas por las calles de la Ciudad de Goiás, como francés, inglés y chino. En el balance general, lo que más se comentó fueron los encuentros de cineastas, realizados durante tres días en el Hotel Casa da Ponte, y la red de contactos que cada uno consiguió establecer en esta edición del Fica, realizada de 14 a 19 de junio último. La buena calidad de las películas de la muestra competitiva también demostró que la misma madura cada vez más. “Fue una de las mejores ediciones del festival, en términos de cine”, afirma Lisandro Nogueira, Fica 19 Cristiano Borges Capa Cover Portada Projeções nas paredes históricas chamaram atenção Screenings on the historical walls called attention Proyecciones en las paredes históricas llamaran la atención responsáveis são ligados ao cinema e ao meio ambiente. “A produção audiovisual em Goiás também melhora a cada ano e o Fica é uma amostra disso”, diz. As oficinas e os cursos, segundo Lisandro, também foram muito bem avaliados. No que tange aos debates dos cineastas, realizados nas últimas quatro edições, trata-se de um dos momentos mais importantes. “Antes, eles reclamavam que não havia discussão e troca entre os realizadores brasileiros entre si ou com os estrangeiros”, conta Lisandro. “O festival é um fórum privilegiado para 20 Fica isso e, de acordo com a organização, o nível dos debates está cada vez melhor”. O produtor cultural Christian Cunha, de Pernambuco, foi um dos participantes que levou, na bagagem de volta para casa, vários contatos para parcerias. Inclusive visando à realização da primeira mostra de cinema e vídeo ambiental de Recife (PE), em novembro. Parte da programação será levada do XIII Fica, segundo ele. “Quero deixar na capital pernambucana um pouco do DNA do festival goiano”, diz. Até mão de obra vila-boense ele importará. and film consultant for the event. For him, one of the main reasons for this lies in the selection of works, made by people connected to the cinema and the environment. “Audiovisual production in Goiás improves by the year and Fica is a proof of that”, he says. The workshops and courses were also very well evaluated, according to Lisandro. The filmmakers’ discussions, which happened in the last four editions, have been very significant. “Before that, there were complaints that there was no discussion or exchange among Brazilian filmmakers themselves or with the foreigners”, says Lisandro. “The festival is an excellent forum for this and, according to the organizers, the level of discussion is getting better by the day.” The Pernambuco cultural producer, Christian Cunha, was one of the participants who took various contacts for partnerships home with him. Even contacts for holding the first environmental profesor de la Universidade Federal de Goiás (UFG) y consultor del evento en el área. Para él, uno de los principales motivos está en la selección de las obras participantes, cuyos responsables están ligados al cine y al medio ambiente. “La producción audiovisual en Goiás también mejora cada año y el Fica es una muestra de eso”, dice. Los talleres y los cursos, según Lisandro, también fueron muy bien evaluados. En lo que se refiere a los debates de los cineastas, realizados en las últimas cuatro ediciones, se trata de uno de los momentos más importantes. “Antes, ellos reclamaban que no había discusión e intercambio entre los realizadores brasileños entre sí o con los extranjeros”, cuenta Lisandro. “El festival es un foro privilegiado para eso y, de acuerdo con la organización, el nivel de los debates está cada vez mejor”. El productor cultural Christian Cunha, de Pernambuco, fue uno de los participantes que se Fica 21 Cristiano Borges Capa Cover Portada “Vou contratar o senhor Eudaldo Guimarães, que toma conta do acervo e trabalha na projeção”. Já o cantor e guitarrista francês Manu Chao – uma das estrelas musicais, ao lado das brasileiras Rita Lee e Maria Rita – falou um pouco sobre como é importante o papel de cada um na redução do impacto da humanidade sobre o meio ambiente. O artista, que mora em 22 Fica Manu Chao foi a atração musical internacional do evento Manu Chao was the international music artist of the event Manu Chao fue la atracción musical internacional del evento Barcelona (Espanha), não possui carro, pois prefere a bicicleta e o transporte coletivo – que funciona muito bem na capital da Catalunha. E costuma surpreender catalães que se deparam com ele nas ruas, ou dentro de ônibus e trens do metrô. “Sei que pensam ‘esse cara é doido’”, diverte-se. “Mas andar de bicicleta em Barcelona é uma das maiores felicidades da minha vida”. film and video screening in Recife, in November. A part of this program will be taken from XIII Fica, he said. “I want to implant a little of the DNA of the Goiás festival in the capital of Pernambuco”, he says. He will even import Goiás labor. “I’m going to hire Mr. Eudaldo Guimarães, who takes care of the collection and projection of the films.” The French guitarist and singer Manu Chao – one of the Festival’s musical stars, along with the Brazilians Rita Lee and Maria Rita – talked a bit about the importance of the role that each of us has in reducing the human impact on the environment. The artist, who lives in Barcelona (Spain), has no car because he prefers his bicycle and the public transport, which works very well in the capital of Catalunha. And he often surprises Catalans who meet him on the streets, or on the buses or subways. “I know they think ‘that guy is crazy’”, he says, “but cycling in Barcelona is one of the greatest joys of my life.” llevó, en la maleta de vuelta a casa, varios contactos para sociedades. Incluso teniendo en cuenta la realización de la primera muestra de cine y video ambiental de Recife (PE), en noviembre. Parte de la programación será llevada del XIII Fica, según él. “Quiero dejar en la capital pernambucana un poco del ADN del festival goiano”, dice. Hasta mano de obra de Goiás importará. “Voy a contratar al señor Eudaldo Guimarães, que se ocupa del acervo y trabaja en la proyección”. El cantante y guitarrista francés Manu Chao – una de las estrellas musicales, al lado de las brasileñas Rita Lee y Maria Rita – habló un poco sobre como es importante el papel de cada uno en la reducción del impacto de la humanidad sobre el medio ambiente. El artista, que vive en Barcelona (España), no posee automóvil, pues prefiere la bicicleta y el transporte colectivo – que funciona muy bien en la capital de Cataluña. Y suele sorprender a los catalanes que se lo encuentran por las calles, o dentro de ómnibus y vagones del metro. “Sé que piensan ‘este tipo está loco’”, se divierte. “Pero andar en bicicleta en Barcelona es una de las mayores felicidades de mi vida”. Fica 23 Capa Cover Portada Palestrantes destacados Noteworthy speakers Conferencistas destacados O último Fica também contou com a participação de três nomes importantes do cinema e do movimento ambientalista nacional, além do psicanalista Contardo Calligaris. Veja alguns destaques: Three big names from the cinema and the national environmental movement, as well as the psychoanalyst Contardo Calligaris, Arnaldo Jabor Comentarista, cronista e cineasta, foi o homenageado da Mostra do Cinema Brasileiro do XIII Fica Nunca vamos chegar a um cinema definitivo, a um mundo definitivamente harmônico ou a uma solução definitivamente alcançada. A revolução digital é uma coisa fundamental na história da humanidade. Acho que talvez seja mais importante do que a própria imprensa e a Renascença. Esse susto [das mudanças tecnológicas] está se refletindo em muitos filmes que às vezes não sabem exatamente o que dizer. Mas eu acho isso bom, porque provoca uma perplexidade que é mais fecunda do que uma certeza. participated in the recent Fica. Here are some highlights: El último Fica también contó con la participación de tres nombres importantes del cine y del movimiento ambientalista nacional, además del psicoanalista Contardo Calligaris. Vea algunos puntos destacados de sus charlas: | Commentator, columnist and filmmaker he was honored at the XIII Fica Brazilian Cinema Screening “We will never reach a definitive cinema, or a world definitely harmonious, nor a definitive solution.” “The digital revolution has been fundamental for human history. I think it may be even more significant than the press itself or the Renaissance.” “This fear [of technological changes] is being reflected in many films which sometimes do not know exactly what to say. But I think that’s good, because it sparks a bewilderment, which is more fruitful than a certainty.” || Comentarista, cronista y cineasta, fue el homenajeado de la Muestra del Cine Brasileño del XIII Fica “Nunca vamos a llegar a un cine definitivo, a un mundo definitivamente armónico o a una solución definitivamente alcanzada.” “Ese susto [de los cambios tecnológicos] se está reflejando en muchas películas que a veces no saben exactamente qué decir. Pero eso me parece bien, porque provoca una perplejidad que es más fecunda que una seguridad.” 24 Fica Silvio Quirino “La revolución digital es una cosa fundamental en la historia de la humanidad. Creo que tal vez sea más importante que la propia prensa y el Renacimiento.” Fica 25 Cacá Diegues Fernando Gabeira Diretor de 17 longas-metragens, é um dos mais importantes cineastas brasileiros. Presidiu o júri do festival Jornalista e ex-deputado federal, escreveu Goiânia, rua 57: o nuclear na terra do sol, sobre o acidente do césio 137, ocorrido em 1987 Nunca vivi um momento tão rico, diverso, fértil e poderoso na história do cinema brasileiro. É a primeira vez que sinto que nossa produção está se tornando permanente, que não se trata de mais um ciclo. Um país sem cinema é como uma casa sem espelho. | Director of 17 feature films and one of the most important Brazilian filmmakers. He chaired the Festival jury “On the environmental theme, Fica is one of the world’s most significant. And the quality of the films is getting better. Great works were shown this week.” “I’ve never experienced such a profound, varied, fruitful and powerful moment in the history of Brazilian cinema. It is the first time I have felt that our production is becoming permanently established, that it’s not just another cycle.” Silvio Quirino Imediatamente, no mundo, houve uma decisão de rever o sistema de segurança das usinas nucleares. Menos no Brasil. Conheço a região de Angra dos Reis e sei que ali as montanhas costumam desabar, elas são muito instáveis. Na estrada (BR-101), também não há condições de circular facilmente. Há verões em que ocorrem 119 pontos de engarrafamento ali. | Journalist and former congressman who wrote Goiânia, 57th Street: nuclear in the land of the sun, about the cesium-137 accident , that took place in 1987 || Director de 17 largometrajes, es uno de los más importantes cineastas brasileños. Presidió el jurado del festival “In the Fukushima nuclear disaster, there was one factor not present in other such disasters – neither in Chernobyl, Three Mile Island nor the cesium 137 in Goiânia. Whereas, we accompanied the Japanese disaster practically live and online. This involved the fundamental question of transparency and democracy.” “En esa temática ambiental, el Fica es uno de los más importantes del mundo. Y la calidad de las películas es cada vez mejor, tuvimos grandes obras esta semana.” “All over the world, there was an immediate decision to review the security systems of nuclear power stations. Except in Brazil.” “Nunca viví un momento tan rico, diverso, fértil y poderoso en la historia del cine brasileño. Es la primera vez que siento que nuestra producción se está volviendo permanente, que no se trata solo de un ciclo más.” “I know the Angra dos Reis region well and I know that there are often landslides there, the mountains are very unstable. On the BR-101 highway, you can’t drive freely. At summer there are 119 bottleneck points there.” “A country without cinema is like a house without mirrors.” 26 Fica No desastre nuclear de Fukushima (Japão), houve um fator que não estava presente nos outros desastres – o de Chernobil, o de Three Mile Island e o do césio 137 em Goiânia. Ele era acompanhado praticamente ao vivo e online. Isso joga com a questão fundamental da transparência e da democracia. Flávio Isaac Nessa temática ambiental, o Fica é um dos mais importantes do mundo. E a qualidade dos filmes está cada vez melhor, tivemos grandes obras passando essa semana. || Periodista y ex diputado federal, escribió Goiânia, calle 57: el nuclear en la tierra del sol, sobre el accidente del cesio 137, ocurrido en 1987 “En el desastre nuclear de Fukushima (Japón), hubo un factor que no estaba presente en los otros desastres – el de Chernobyl, el de Three Mile Island y el del cesio 137 en Goiânia. Era acompañado prácticamente en vivo y online. Eso juega con la cuestión fundamental de la transparencia y de la democracia”. “Inmediatamente, en el mundo, hubo una decisión de rever el sistema de seguridad de las usinas nucleares. Menos en Brasil.” “Conozco la región de Angra dos Reis y sé que allí las montañas suelen desmoronarse, son muy inestables. En la carretera (BR-101), tampoco hay condiciones para circular fácilmente. En algunos veranos ocurren 119 puntos de atascamiento de tránsito.” “Un país sin cine es como una casa sin espejo”. Fica 27 Capa Cover Portada Capa Cover Portada Números do XIII FICA Contardo Calligaris XIII numbers FICA Números del XIII FICA Psicanalista italiano radicado no Brasil, doutor em psicologia clínica e colunista da Folha de S. Paulo 5 7 25 30 1.200 3.500 50.000 dias de evento A espécie humana é um grande estorvo para o mundo, mas para o universo é insignificante. | days of events || días de evento Fantasiamos o tempo inteiro sobre a nossa morte e o desaparecimento da espécie. filmes na Mostra do Cinema Brasileiro | films in Brazilian Cinema screening || películas en la Muestra del Cine Brasileño | Italian psychoanalist living in Brazil, PhD in clinical psychology and Folha de S. Paulo columnist filmes na mostra paralela da IX ABD | films in IX ABD parallel screening “Mankind is a major hindrance for the world, but for the universe it is insignificant.” || películas en la muestra paralela de la IX ABD “We fantasize all the time about death and the disappearance of our species.” filmes na mostra competitiva || Psicoanalista italiano radicado en Brasil, doctor en psicología clínica y columnista de Folha de S. Paulo | films in the competitive screening || películas en la muestra competitiva “La especie humana es un gran estorbo para el mundo, pero para el universo es insignificante.” “Fantaseamos todo el tiempo sobre nuestra muerte y la desaparición de la especie.” inscritos em cursos e oficinas | enrolled for courses and workshops || inscriptos en cursos y talleres participantes de fóruns e palestras | participants in forums and lectures Silvio Quirino || participantes de foros y conferencias 28 Fica visitantes no show de encerramento | visitors at the closing show || visitantes en el show de cierre Fica 29 Fica Aos melhores, os troféus | For the best, there are trophies || A los mejores, los trofeos Texto: Elisa A. França Foto: Silvio Quirino O cineasta Cacá Diegues, presidente do júri do XIII Fica, já havia avisado: o primeiro critério para a escolha dos melhores filmes é o gosto dos jurados. Mas, claro, sem desconsiderar a linguagem cinematográfica e seu conteúdo ambiental. Foi assim que o produtor de Cinco vezes favela – agora por nós mesmos, junto a seus companheiros de maratona cinematográfica, elegeu como vencedora a obra Bicicletas de Nhanderu, feita por índios da etnia Guarani Mbya. Enquanto Cinco vezes... é fruto de oficinas ministradas a moradores de favelas do Rio de Janeiro, Bicicletas... faz parte do Vídeo nas Aldeias, programa que há quase 15 anos capacita e fornece equipamentos de vídeo para povos indígenas de 14 Estados 30 Fica Oito obras foram premiadas no festival, cujo primeiro lugar foi ocupado por uma produção indígena | Eight films were awarded prizes at the Festival, and the first went to an indian production Os grandes vencedores || Ocho obras fueron premiadas en el festival, cuyo primer lugar fue ocupado por una producción indígena do país. No caso em questão, a filmagem teve lugar no Rio Grande do Sul. Além desse e dos outros sete coroados – que levaram prêmios de R$ 10 mil a R$ 50 mil – o média-metragem A terra da lua partida (RJ), de Marcos Negrão e André Rangel, foi apontado pelos jornalistas credenciados no Fica como o melhor da mostra. O filme trata das mudanças climáticas e suas consequências para a vida de certo povo que habita o Himalaia, em uma belíssima paisagem onde os vales já não têm mais água. Das quatro produções goianas que concorreram, levaram prêmio o curta Teia do Cerrado e a animação TamanduAbandeira. Veja a seguir a lista de todos os contemplados: The great winners Los grandes ganadores | The filmmaker Cacá Diegues, XIII Fica jury chairman, had already announced: the first criterion for choosing the best film is the jurors’ taste. But also, of course, taking into account the film’s cinematographic language and environmental content. That’s how the producer of Five times favela – now by ourselves, and his fellow jurors at this cinematographic marathon, chose as winner the film Bicycles of Nhanderu, made by indigenous artists of the Mbya-Guarani tribe. While Five times... is the result of workshops given to slum dwellers in Rio de Janeiro, Bicycles... is part of Video in the Settlements, a program which has been providing training and video equipment for indigenous peoples from 14 Brazilian states for over 15 years. In the work in question, the filming took place in Rio Grande do Sul Besides the eight prize-winning films, which took awards ranging from R$ 10,000 to R$ 50,000, the Fica accredited journalists indicated Marcos Negrão and André Rangel’s The Broken Moon, a Rio de Janeiro medium-length film, as the very best. It deals with climate change and its consequences for the lives of a people inhabiting a Himalayan region, a beautiful landscape whose valleys have no water anymore. Of the four Goiás productions presented, prizes were awarded to the short Cerrado web and the animated Giant anteater. A list of all the award-winners follows: || El cineasta Cacá Diegues, presidente del jurado del XIII Fica, ya había avisado: el primer criterio para la elección de las mejores películas es el gusto de los jurados. Pero, claro, sin dejar de considerar el lenguaje cinematográfico y su contenido ambiental. Fue así que el productor de Cinco veces favela – ahora por nosotros mismos, junto a sus compañeros de maratón cinematográfico, eligió como vencedora a la obra Bicicletas de Nhanderu, hecha por indios de la etnia Guarani Mbya. Mientras que Cinco veces... es fruto de talleres dictados a habitantes de favelas de Rio de Janeiro, Bicicletas... hace parte del Video en las Aldeas, programa que hace casi 15 años capacita y provee equipamientos de video a pueblos indígenas de 14 Estados del país. En el caso en cuestión, la filmación tuvo lugar en Rio Grande do Sul. Además de ese y de los otros siete galardonados – que obtuvieron premios de R$ 10 mil a R$ 50 mil – el medio-metraje La tierra de la luna partida (RJ), de Marcos Negrão y André Rangel, fue señalado por los periodistas acreditados en el Fica como el mejor de la muestra. La película trata de los cambios climáticos y sus consecuencias para la vida de cierto pueblo que habita el Himalaya, en un bellísimo paisaje donde los valles ya no tienen más agua. De las cuatro producciones goianas que compitieron, obtuvieron premio el corto Telaraña del Cerrado y la animación Oso hormiguero bandera. Vea a continuación la lista de todos los contemplados: Fica 31 Fica Troféu Cora Coralina – melhor obra (R$ 50 mil) Bicicletas de Nhanderu (PE) Ariel Ortega e Patrícia Ferreira Trata do cotidiano e da espiritualidade dos Guarani Mbya da aldeia Koenju, no Rio Grande do Sul Troféu Carmo Bernardes – melhor longa (R$ 35 mil) Os guerreiros do arco-íris da ilha de Waiheke (Holanda) Suzanne Raes Pioneiros do Greenpeace recordam seu passado como ativistas, marcado pelo ataque a bomba que afundou seu barco Rainbow Warrior. Troféu Jesco von Puttkamer – melhor média (R$ 25 mil) O desejo da vila de Changhu (China) xia Chenan O filme mostra as condições de vida de uma família na aldeia de Changhu, onde a desertificação põe em risco o Oásis de Minqin e toda a região. Troféu Acary Passos – melhor curta (R$ 25 mil) Pólis (MG) Marcos Pimentel Máquinas, barulhos e pessoas em movimento, captados em um dia qualquer de uma grande cidade contemporânea. 32 Fica Troféu José Petrillo – melhor produção goiana (R$ 40 mil) TamanduAbandeira (GO) Ricardo de Podestá Um pacato tamanduá encontra a fêmea de sua vida. Porém, no meio dos poucos passos que os separam está o asfalto da estrada. Troféu João Bennio – melhor produção goiana (R$ 40 mil) Teia do Cerrado (GO) Uliana Duarte Registro do trabalho de um grupo de fiandeiras e tecelãs na Chapada dos Veadeiros, abordando a relação entre a diversidade cultural e a biodiversidade. Troféu Bernardo Élis – melhor série ambiental para TV (R$ 25 mil) Consciente coletivo (RJ) Lúcia Araújo e Pedro Iuá A animação trata do papel e do poder do consumidor, mostrando como o consumo consciente pode reduzir nosso impacto no meio ambiente e na sociedade. Prêmio Luiz Gonzaga Soares – júri popular (R$ 10 mil) Lixo extraordinário (Brasil e GrãBretanha) Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley Acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz com um grupo de catadores, em um dos maiores aterros sanitários do mundo, no Rio de Janeiro. Cora Coralina Trophy - Best Film (R$ 50,000) Bicycles of Nhanderu (Pernambuco) Ariel Ortega and Patrícia Ferreira It deals with the everyday life and spirituality of the Mbya-Guarani of the Koenju settlement in Rio Grande do Sul. Trofeo Cora Coralina– mejor obra (R$ 50 mil) Bicicletas de Nhanderu (PE) Ariel Ortega e Patrícia Ferreira Trata del cotidiano y de la espiritualidad de los Guarani Mbya de la aldea Koenju, en Rio Grande do Sul. Carmo Bernardes Trophy - Best Feature Film (R$ 35,000) The rainbow warriors of Waiheke Island (Netherlands) Suzanne Raes A group of Greenpeace pioneers look back on their activist past, marked by the bomb attack which sank their ship, Rainbow Warrior. Trofeo Carmo Bernardes – mejor largometraje (R$ 35 mil) Los guerreros del arco iris de la isla de Waiheke (Holanda) Suzanne Raes Pioneros de Greenpeace recuerdan su pasado como activistas, marcado por el ataque con bomba que hundió a su barco Rainbow Warrior. Jesco von Puttkamer Trophy - Best medium-length Film (R$ 25,000) Desire of Changhua village (China) xia Chenan The film shows the living conditions of a family in Changhua village, where desertification is threatening the Minqin oasis and the entire region. Trofeo Jesco von Puttkamer – mejor mediometraje (R$ 25 mil) El deseo de la vila de Changhu (China) xia Chenan La película muestra las condiciones de vida de una familia en la aldea de Changhu, donde la desertificación pone en riesgo el Oasis de Minqin y toda la región. Acary Passos Trophy - Best Short (R$ 25,000) Polis (Minas Gerais) Marcos Pimentel Machines, noise and people on the move, all captured during an ordinary day in a large modern city. José Petrillo Trophy - Best Film from Goiás (R$ 40,000) Giant anteater (GO) Ricardo de Podestá A quiet anteater meets the female of his dreams. Only a few steps separate them. However, the highway lays between them. João Bênnio Trophy - Best Film from Goiás (R$ 40,000) Cerrado web (GO) Uliana Duarte A presentation of the work of a group of spinners and weavers in Chapada dos Veadeiros which addresses the relationship between cultural diversity and biodiversity. Bernardo Élis Trophy - Best Environmental TV series (R$ 25,000) Collective consciousness (Rio de Janeiro) Lúcia Araújo and Pedro Iuá The animation is about the role and power of consumers, showing how conscientious consumer habits can reduce damage to the environment and society. Luiz Gonzaga Soares Trophy - Best Film chosen by Popular Jury (R$ 10,000) Waste land (Brazil and Great Britain) Lucy Walker, João Jardim and Karen Harley The film accompanies the work of artist Vik Muniz with a Rio de Janeiro group of garbage collectors, in one of the world’s largest landfills. Trofeo Acary Passos – mejor corto (R$ 25 mil) Pólis (MG) Marcos Pimentel Máquinas, ruidos y personas en movimiento, captados en un día cualquiera de una gran ciudad contemporánea. Trofeo José Petrillo – mejor producción goiana (R$ 40 mil) TamanduAbandeira (GO) Ricardo de Podestá Un tranquilo oso hormiguero encuentra la hembra de su vida. Sin embargo, en el medio de los pocos pasos que los separan está el asfalto de la carretera. Trofeo João Bennio – mejor producción goiana (R$ 40 mil) Telaraña del Cerrado (GO) Uliana Duarte Registro del trabajo de un grupo de hilanderas y tejedoras en la Chapada dos Veadeiros, abordando la relación entre la diversidad cultural y la biodiversidad. Trofeo Bernardo Élis – mejor serie ambiental para TV (R$ 25 mil) Conciente colectivo (RJ) Lúcia Araújo e Pedro Iuá La animación trata del papel y el poder del consumidor, enseñando como el consumo conciente puede reducir nuestro impacto en el medio ambiente y en la sociedad. Premio Luiz Gonzaga Soares – jurado popular (R$ 10 mil) Basura extraordinaria (Brasil e Grã-Bretanha) Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley Acompaña el trabajo del artista plástico Vik Muniz con un grupo de recolectores, en uno de los mayores depósitos de basura del mundo, en Rio de Janeiro. Fica 33 Fica | ABD Awards Agradecimentos dos autores | Authors’ acknowledgments || Agradecimientos de los autores “Apesar das dificuldades, conseguimos fazer nossa obra. Agradecemos ao Coletivo Guarani de cinema, que pegou a câmera e saiu filmando”, Ariel Ortega, Bicicletas de Nhanderu “Muy grande obrigada. Viva Goiás e viva o espírito do Rainbow Warrior”, Suzanne Raes, Os guerreiros do arco-íris da ilha de Waiheke “Gostaríamos de transformar a região do filme [degradada pela desertificação] no verde de Goiás”, xia Chenan, O desejo da vila de Changhu “Esse prêmio vai me proporcionar fazer mais filmes sobre esse mundo maravilhoso em que estamos vivendo”, Uliana Duarte, Teia do Cerrado | “Despite the difficulties, we managed to make our film. We would especially like to thank the Coletivo Guarani de cinema, who took their cameras and started filming”, Ariel Ortega, Bicycles of Nhanderu “Muy grande obrigada. Viva Goiás and long live the spirit of the Rainbow Warrior”, Suzanne Raes, The rainbow warriors from Waiheke Island “We would love to transform into the green of Goiás the region, degraded by desertification, where our film is set”, xia Chenan, Desire of Changhua village “With this award, I will now be able to make more films about this wonderful world in which we live”, Uliana Duarte, Cerrado web || “A pesar de las dificultades, logramos hacer nuestra obra. Agradecemos al Colectivo Guaraní de cine, que tomó la cámara y salió filmando”, Ariel Ortega, Bicicletas de Nhanderu “Muy grande obrigada. Viva Goiás y viva el espíritu del Rainbow Warrior”, Suzanne Raes, Los guerreros del arco iris de la isla de Waiheke “Nos gustaría transformar la región de la película [degradada por la desertificación] en el verde de Goiás”, xia Chenen, O Desejo da Vila de Changhu “Este premio me va a proporcionar la posibilidad de hacer más películas sobre ese mundo maravilloso en el que vivimos”, Uliana Duarte, Telaraña del Cerrado Premiação da ABD Na 9ª edição da mostra paralela da Associação Brasileira de Documentaristas de Goiás (ABD-GO), 12 filmes foram premiados, entre os 25 inscritos. São eles: Assista ao trailer de todas as produções exibidas na mostra competitiva do XIII Fica: http://migre.me/59C1y | Sample Watch the trailers of all the films shown at the XIII Fica competitive screening at http://migre.me/59C1y || Muestra Direction, The Ogre, Márcio Jr. and Márcia Deretti Beto Leão Award (fiction), Ripe green, Simone Caetano Eduardo Benfica Award (documentary), Say 99, Ângelo Lima Fifi Cunha Award (animation), The Ogre, Márcio Jr. and Márcia Deretti Direção, O Ogro, Márcio Jr. e Márcia Deretti José Petrillo Award (experimental), Sendai, Cláudia Nunes and Érico Rassi Prêmio Beto Leão (ficção), Verde maduro, Simone Caetano Actress, Ripe green, Cida Mendes Prêmio Eduardo Benfica (documentário), Diga 33, Ângelo Lima Prêmio Fifi Cunha (animação), O Ogro, Márcio Jr. e Márcia Deretti Prêmio José Petrillo (experimental), Sendai, Cláudia Nunes e Érico Rassi Ator, Verde maduro, Hélio Fróes Atriz, Verde maduro, Cida Mendes Actor, Ripe green, Hélio Fróes Director of photography, Watermarks, Naji Sidki Montage/editing, While, Aline Nóbrega and Murilo Bueno Sound, The Ogre, Dénio de Paula Original soundtrack, The Ogre, Dénio de Paula Script, Maybe it’s the emptiness, Rafael de Almeida || Premiación de la ABD En la 9ª edición de la muestra paralela de la Associação Brasileira de Documentaristas de Goiás (ABD-GO), 12 películas fueron premiadas, entre las 25 inscriptas. Son ellas: Direção de fotografia, Marcas d’água, Naji Sidki Dirección, El Ogro, Márcio Jr. y Márcia Deretti Montagem/edição, Enquanto, Aline Nóbrega e Murilo Bueno Premio Eduardo Benfica (documental), Diga 33, Ângelo Lima Som, O Ogro, Dênio de Paula Amostra In the 9th edition of the parallel screening of the Associação Brasileira de Documentaristas de Goiás (ABD-GO), 12 of the 25 entries were awarded prizes. They are as follows: Premio Beto Leão (ficción), Verde maduro, Simone Caetano Premio Fifi Cunha (animación), El Ogro, Márcio Jr. y Márcia Deretti Trilha sonora original, O Ogro, Dênio de Paula Premio José Petrillo (experimental), Sendai, Cláudia Nunes y Érico Rassi Roteiro, Talvez seja o vazio, Rafael de Almeida Actriz, Verde maduro, Cida Mendes Actor, Verde maduro, Hélio Fróes Dirección de fotografía, Marcas de agua, Naji Sidki Montaje/edición, Enquanto, Aline Nóbrega y Murilo Bueno Sonido, El Ogro, Dênio de Paula Banda de sonido original, El Ogro, Dênio de Paula Guión, Tal vez sea el vacío, Rafael de Almeida Vea la sinopsis de todas las producciones exhibidas en la muestra competitiva del XIII Fica:http://migre. me/59C1y 34 Fica Fica 35 Gastronomia Gastronomy Gastronomía Sabor regional Local flavor Sabor regional As comidinhas típicas de Goiás fizeram sucesso durante o festival, desde o café da manhã até o jantar Texto: Lis Lemos Fotos: Cristiano Borges Typical Goiás food, served all day from breakfast to dinner, went down a bomb during the Festival Las comidas típicas de Goiás tuvieron gran éxito durante el festival, desde el desayuno hasta la cena Pamonha com café é um legítimo combinado goiano | Pamonha with coffee is a legitimate match from Goiás || Pamonha con café es una legítima combinación de Goiás 36 Fica Fica 37 Gastronomia Gastronomy Gastronomía A Lanchonete do Emival reforça o estoque para o Fica | Lanchonete do Emival expands its stock for Fica || Lanchonete do Emival refuerza su stock para Fica Os turistas que vão para a Cidade de Goiás durante o Fica, além de assistirem aos filmes exibidos e aos shows do festival, querem experimentar o que a cozinha goiana tem a oferecer. Os sabores marcantes de seus frutos como o pequi ou o cajazinho, assim como o amargor do palmito da guariroba, estão entre as preferências de quem se aventura na gastronomia do lugar. A Lanchonete do Emival, na entrada do Mercado Municipal, tem 26 anos de estrada. Ou seja, o dobro da idade do Fica. Local simples, no mercado quase abandonado, os turistas fazem fila para apreciar as tradicionais delícias oferecidas, como o famoso bolo de arroz e o suco de cajazinho. Em um copo de 500 ml, o fruto azedo, daquele tipo que faz doer os dentes, se transforma em um suco encorpado e gelado, ótimo para amenizar o calor da antiga Vila Boa durante o dia. Já o bolo de arroz, assado em forminhas redondas, é uma ótima pedida para o café da manhã. Apesar de a iguaria ser tipicamente goiana, não só os turistas de fora do Estado, como também os visitantes de Goiânia provam e aprovam o 38 Fica bolinho, ideal quando acompanhado de um café quente. Sucesso entre os turistas, durante o Fica a lanchonete vende até mil bolos por dia. Ainda entre os quitutes mais apreciados estão o biscoito de polvilho frito e a pamonha de sal ou de doce. Uma das donas, Matilde Donizete Machado, conta que, nessa época, a demanda cresce tanto que é preciso reforçar o estoque dos ingredientes. Matilde e o marido, Emival Almeida, afirmam que o festival ajuda a impulsionar o negócio. Para atender a uma demanda cada vez maior de pessoas que chegam à antiga capital do Estado, a lanchonete foi ampliada e ganhou mais mesas para acomodar os clientes. Antes, atendia 22 pessoas sentadas. Agora, são 45 lugares, sem contar os apressados que preferem ser atendidos em pé mesmo. O trabalho dos donos e dos nove funcionários é pesado. A lanchonete abre às 6h e fecha às 18h. Por isso, durante o Fica, a partir das 5h da manhã já é possível sentir o cheiro dos quitutes sendo assados ou fritos para o café da manhã dos turistas já acordados. Ou dos que ainda nem foram dormir. | Tourists who go to Goiás for Fica, as well as watching the festival films and attending the shows, want to try out Goiás cuisine. The remarkable flavors of fruits such as pequi and cajazinho and the bitter taste of the guariroba palm are among the favorites of those who venture into the local gastronomy. The Lanchonete do Emival at the entrance to the Municipal Market has been around for 26 years. That means twice as long as Fica. Tourists line up in these simple surroundings in the almost abandoned market to enjoy the traditional delicacies on offer, such as the famous rice cake and cajazinho juice. In a 500 ml beaker, this tart fruit, the kind that makes your teeth hurt, becomes a chilled full-bodied juice, great for moderating the heat of the ancient Vila Boa during the day. Rice cake, baked in round patty tins, is an excellent choice for breakfast. In spite of the fact that the delicacy is typically local, not only tourists from outside the state, but also visitors from Goiânia, taste and approve it, ideally when accompanied by hot coffee. A huge success with tourists during Fica, the snack bar sells up to a thousand cakes a day. Other prized delicacies are the fried polvilho biscuits and the sweet and savory pamonhas (sweet-corn parcels). One of the owners, Matilde Donizete Machado, says that at this time, there is such an increase in demand that they have to expand their stock of ingredients. Matilde and her husband, Emival Almeida, say that the Festival helps to boost business. To meet the growing demand of people coming to the former state capital, they have enlarged their snack bar and more tables have been provided to accommodate customers. Whereas before they seated 22 people, there are now seats for 45 people, not counting those in a hurry who prefer to be attended standing. It’s hard work for the owners and their staff of nine. They open at 6 am and close at 6 pm. During Fica, from 5 am on, you can smell the treats being baked or fried for the breakfasts of those already up and about. Or for those who never even went to bed. || Los turistas que van a la Ciudad de Goiás durante el Fica, además de ver las películas exhibidas y los conciertos del festival, quieren probar lo que tiene para ofrecer la cocina regional. Los sabores notables de sus frutas como el pequi o el cajazinho, así como el amargo del palmito de la guariroba, están entre las preferencias de quien se aventura en la gastronomía del lugar. La Lanchonete do Emival, en la entrada del Mercado Municipal, tiene 26 años de carretera. O sea, el doble de la edad del Fica. Lugar simple, en el mercado casi abandonado, los turistas hacen cola para apreciar las tradicionales delicias ofrecidas, como el famoso bolo de arroz y el jugo de cajazinho. En un vaso de 500 ml, el fruto ácido, de aquel tipo que hace doler los dientes, se transforma en un jugo de buen cuerpo, helado, óptimo para amenizar el calor de la antigua Vila Boa durante el día. El bolo de arroz, asado en moldecitos redondos, es una excelente propuesta para el desayuno. A pesar de que esta delicia es típicamente goiana, no sólo los turistas de fuera del Estado, como también los visitantes de Goiânia prueban y aprueban el bolinho, ideal para acompañar un café caliente. Éxito entre los turistas, durante el Fica la cafetería vende hasta mil bolos por día. También entre los bocados más apreciados están el bizcocho de polvilho frito y la pamonha de sal o de dulce. Una de las dueñas, Matilde Donizete Machado, cuenta que, en esta época, la demanda crece tanto que es preciso reforzar el stock de ingredientes. Matilde y su marido, Emival Almeida, afirman que el festival ayuda a impulsar el negocio. Para atender a una demanda cada vez más grande de personas que llegan a la antigua capital del Estado, la cafetería fue ampliada y tiene más mesas para recibir a sus clientes. Antes, atendía a 22 personas sentadas. Ahora, son 45 lugares, sin contar los apurados que prefieren ser atendidos de parados. El trabajo de los dueños y de los nueve empleados es duro. La cafetería abre a las 6h y cierra a las 18h. Por eso, durante el Fica, a partir de las 5h de la mañana ya es posible sentir el aroma de las delicias siendo asadas o fritas para el desayuno de los turistas ya levantados. O de los que aun no fueron a dormir. Fica 39 Gastronomia Gastronomy Gastronomía Contemporâneo O Pastelinho é uma grande atração Contemporary Contemporáneo O único café do Centro da cidade fica em uma casa histórica, ao lado da Casa de Cora Coralina. A Bodega Fantástica encanta visitantes de todos os lugares com sua decoração, seus produtos e com o atendimento oferecido pelos donos, além da exposição artística e a venda de diversos artigos em sua loja. O estabelecimento é especializado em cafés e crepes. Um dos destaques é o próprio café expresso, já que o lugar é um dos poucos da antiga capital a oferecêlo. Os cafés gelados, por seu turno, são uma preferência dos frequentadores que desejam experimentar algo diferente. Nessa categoria, Emicleia Alves, uma das sócias, afirma que o Café Realejo, servido com cachaça de alambique, é o que mais chama a atenção dos clientes. Quanto aos crepes, a variedade também é grande. Emicleia conta que os mais vendidos são os sabores Napolitano e Marguerita. Entre as opções regionais, há os crepes que levam frango e pequi ou guariroba. São a escolha preferida do turista que quer conhecer os frutos de Goiás ou pelos goianos que não abrem mão de uma comida com sabor de casa. 40 Fica | Pastelinho is a great attraction || El pastelinho es una gran atración Porém, quem deseja experimentar algo realmente exótico e inusitado não pode deixar de pedir um crepe de flor. Isso mesmo: a Bodega oferece crepes de pétalas de rosas e de flor de ipê. À noite, a bodega fica aberta enquanto o último cliente não vai embora. Emicleia diz que a movimentação na casa durante o festival aumentou em 100%. Outra atração oferecida pelo estabelecimento nos dias de evento foi uma exposição de obras de arte. O artista plástico Hudson Conceição foi convidado para expor suas esculturas, feitas de papel e cola, que fazem alusão a orixás do candomblé se misturando com capoeiristas. A temporada rendeu ao artista, além da venda de seus trabalhos, projetos de filmes com cineastas que visitaram a exposição. Segundo o artista de Minas Gerais, o uso de papel descartado como matéria-prima é forma de reutilizar um material que teria o lixo como destino. Na semana anterior à mostra de cinema, Conceição fez uma oficina com crianças com o apoio da bodega, para disseminar o reuso e a reciclagem de papel. | The only café in the center of town is located in a historic house next to Cora Coralina’s. The Bodega Fantástica charms visitors from all over with its decor, products and friendly service, as well as its art exhibition and variety of items for sale in the shop. The establishment specializes in coffee and crêpes. One of the café highlights is espresso coffee, as the Bodega is one of the few places in the ancient capital where it is available. Their iced coffees, in turn, are a favorite of people wanting to try something different. Emicleia Alves, one of the partners, says that their Café Realejo, served with white alambic rum, is the one in most demand. They also serve a broad variety of crêpes. Emicleia says that their best-selling flavors are Neapolitan and Marguerite. Crêpes filled with chicken and pequi or guariroba are just some of their local offers. Tourists who want to taste the fruits of Goiás, or locals who insist on food with a homemade flavor, go for these. However, anyone wishing to try something really exotic and unusual should experiment a flower crêpe. That’s right, the Bodega offers crêpes filled with rose petals and ipê blossoms. At night, the bar stays open until the last customer leaves. Emicleia says that business is up by 100% during the festival. Another attraction offered by the establishment during the Festival was an art exhibition. Artist Hudson Conceição was invited to exhibit his paper and glue sculptures, depicting Candomblé deities mixed with capoeira performers. Besides being able to sell his works during the event, Mr. Conceição drew up film projects with filmmakers visiting his exhibition. According to this Minas Gerais artist, using waste paper as raw material is one way of reusing the material that would otherwise have ended up in a landfill. In the week prior to the film screening, Mr. Conceição, with the support of the bar, held a workshop for children to disseminate the reuse and recycling of paper. || El único café del Centro de la ciudad está en una casa histórica, al lado de la Casa de Cora Coralina. La Bodega Fantástica encanta visitantes de todos los lugares con su decoración, sus productos y con la atención ofrecida por sus dueños, además de la exposición artística y la venta de diversos artículos en su tienda. El establecimiento es especializado en cafés y crepes. Uno de los puntos fuertes es el propio café expresso, ya que el lugar es uno de los pocos de la antigua capital que lo ofrece. Los cafés helados, a su vez, son una preferencia de los frecuentadores que desean probar algo distito. En esa categoría, Emicleia Alves, una de las socias, afirma que el Café Realejo, servido con cachaça de alambique, es lo que más llama la atención de los clientes. En cuanto a los crepes, la variedad también es grande. Emicleia cuenta que los más vendidos son los sabores Napolitano y Marguerita. Entre las opciones regionales, están los crepes que llevan pollo y pequi o guariroba. Son la elección preferida del turista que quiere conocer los frutos de Goiás, o por los goianos que no se quieren perder una comida con sabor de casa. Sin embargo, quien desea probar algo realmente exótico e inusitado no puede dejar de pedir un crepe de flor. Eso mismo: la Bodega ofrece crepes de pétalos de rosas y de flor de ipê. A la noche, la bodega permanece abierta hasta que se va el último cliente. Emicleia dice que el movimiento en la casa durante el festival aumentó el 100%. Otra atracción ofrecida por el establecimiento en los días del evento fue una exposición de obras de arte. El artista plástico Hudson Conceição fue invitado para exponer sus esculturas, hechas de papel y cola, que hacen alusión a orixás del candomblé mezclándose con capoeiristas. La temporada le dejó al artista, además de la venta de sus trabajos, proyectos de películas con cineastas que visitaron la exposición. Según el artista de Minas Gerais, el uso de papel descartado como materia prima es una forma de reutilizar un material que tendría la basura como destino. En la semana anterior a la muestra, Conceição hizo un taller con niños con el apoyo de la bodega, para difundir el reuso y el reciclado de papel. Fica 41 Gastronomia Gastronomy Gastronomía Empadão Se a pedida é experimentar a diversidade dos sabores e cheiros do Cerrado, o Restaurante Dalí acerta a mão: durante o festival, atrai uma média de 200 pessoas no almoço e no jantar. Sua localização é privilegiada, perto do Teatro São Joaquim, local da mostra competitiva do Fica. | If you want to experience the diversity of Cerrado flavors and aromas, the Restaurante Dalí is the place to go. During the Festival, it attracts an average of 200 people for lunch and dinner every day. It is advantageously located near the Teatro São Joaquim, where the Fica competitive screening takes place. As panelinhas, porções de arroz com frango, carne, linguiça, pequi, entre outros ingredientes cozidos em panela de barro, são o carro-chefe da casa. Todas cobertas com muito queijo derretido. The empadão, Goiás’s best known dish, is also on the menu here. This mixture of chicken, cheese, pork and guariroba may seem strange to the tourist trying it out for the first time, but the flavor never fails to win over even the most resistant palate. A version without guariroba is also available. A panelinha, rice with chicken, beef, sausage, pequi, and other ingredients cooked in a clay pot, is the specialty of the house. It comes topped with a lot of melted cheese. After the meal, the customer can enjoy some local sweets: a pastelinho, pastry stuffed with soft toffee and sprinkled with cinnamon, is one of the house specialties. Ambrosia, made from milk and eggs and served with cinnamon, is another option. Passion fruit and genipap liqueurs, made by the owner, Vilma Ferraz de Maia, are on the house after meals. O empadão goiano, prato mais conhecido de Goiás, também está no cardápio. A mistura de frango, queijo, carne de porco e guariroba pode até parecer estranha ao turista que a experimenta pela primeira vez, mas o sabor conquista até mesmo os paladares mais resistentes. Também dá para pedir a versão sem guariroba. || Si la propuesta es probar la diversidad de sabores y aromas del Cerrado, el Restaurante Dalí es la opción: durante el festival, atrae un promedio de 200 personas en el almuerzo y la cena. Su ubicación es privilegiada, cerca del Teatro São Joaquim, lugar de la muestra competitiva del Fica. Depois da refeição, o cliente ainda pode se deliciar com os doces: o pastelinho, massa recheada com doce de leite e salpicado com canela, é um dos atrativos da casa. A ambrosia, feito de leite e ovos e servido com canela, é outra das opções. Os licores de maracujá e jenipapo, feitos pela dona do local, Vilma Ferraz de Maia, são uma cortesia para depois das refeições. Las panelinhas, porciones de arroz con pollo, carne, chorizo, pequi, entre otros ingredientes cocidos en olla de barro, son el caballo de batalla de la casa. Todas cubiertas con mucho queso derretido. El empadão goiano, plato más conocido de Goiás, también está en el menú. La mezcla de pollo, queso, carne de cerdo y guariroba puede parecerle rara al turista que la prueba por primera vez, pero el sabor conquista aun los paladares más resistentes. También se puede pedir la versión sin guariroba. Preparo do empadão | Empadão being prepared || Preparo del empadão 42 Fica Después de la comida, el cliente aun puede deliciarse con los dulces: el pastelinho, masa rellena de dulce de leche y salpicada con canela, es uno de los atractivos de la casa. La ambrosía, hecha de leche y huevos y servida con canela, es otra de las opciones. Los licores de maracuyá y jenipapo, hechos por la dueña del local, Vilma Ferraz de Maia, son una cortesía para después de las comidas. Fica 43 Em Foco On Focus En Foco Veiga Valle, um artista no sertão Veiga Valle, an artist in the hinterland Veiga Valle, un artista en el sertão O santeiro goiano, desconhecido da história nacional, ganha importância na medida em que se observa as condições adversas sob as quais produziu Fotos: Paulo Rezende The Goiás statue-maker, unknown to national history, becomes more important as the adverse conditions under which he worked are taken into account. El santeiro goiano, desconocido por la historia nacional, gana importancia en la medida en que se observan las condiciones adversas bajo las cuales produjo Nossa Senhora do Parto (com menino), escultura em madeira, 140 cm | Our Lady of a Happy Delivery (with baby), wood sculpture, 140 cm || Nuestra Señora del Parto (con niño), escultura en madera, 140 cm 44 Fica Fica 45 Em Foco On Focus En Foco Nossa Senhora da Conceição, escultura em madeira, 32,5 cm | Our Lady of the Immaculate Conception, wood sculpture, 32,5 cm || Nuestra Señora de la Concepción, escultura en madera, 32,5 cm 46 Fica Fica 47 Em Foco On Focus En Foco Sant’Ana Mestra, escultura em madeira, 37 cm | St. Ann Preceptress, wood sculpture, 37 cm || Sant’Ana Mestra, escultura en madera, 37 cm 48 Fica Sant’Ana Mestra, escultura em madeira, 39,5 cm | St. Ann Preceptress, wood sculpture, 39,5 cm || Sant’Ana Mestra, escultura en madera, 39,5 cm Fica 49 Em Foco On Focus En Foco São Miguel Arcanjo, escultura em madeira, 94 cm | St. Michael the Archangel, wood sculpture, 94 cm || San Miguel Arcángel, escultura en madera, 94 cm 50 Fica São Miguel Arcanjo, escultura em madeira, 68,5 cm | St. Michael the Archangel, wood sculpture, 68,5 cm || San Miguel Arcángel, escultura en madera, 68,5 cm Fica 51 Em Foco On Focus En Foco Menino Jesus e Mãos de Nossa Senhora, escultura em madeira, 27 cm | Baby Jesus in Our Lady’s arms, wood sculpture, 27 cm || Niño Jesús y Manos de Nuestra Señora, escultura en madera, 27 cm Menino Deus, escultura em madeira, 26,5 cm | Baby Jesus, wood sculpture, 26,5 cm || Niño Dios, escultura en madera, 26,5 cm 52 Fica Fica 53 Em Foco On Focus En Foco O espírito do artista The artist’s spirit El espíritu del artista Texto: Wolney Unes O Brasil é um país grande. Decerto há outros países igualmente grandes em extensão, mas no caso brasileiro soma-se a sua dimensão uma certa tendência à centralização. Decorrente do próprio processo de ocupação das terras brasileiras, no Centro-Sul a vida se organiza a partir dos dois grandes focos: a matriz desbravadora e colonizadora paulista de um lado e a corte carioca de outro. Tudo o que se afasta desses polos constitui o sertão, palavra de difícil definição, mas que certamente embute a acepção de desconhecido, daquilo que está por apropriar-se, ocupar e incorporar. E o sertão brasileiro é enorme. De uma ponta a outra, da Serra de Pacaraima aos confins meridionais brasileiros, cobre-se com folga a distância que vai de Londres a Teerã. Se neste percurso no Velho Mundo passamos por uma centena de culturas, idiomas e povos, em nosso país-continente são a unidade e coesão que saltam aos olhos. Mas esta aparente 54 Fica unidade guarda detalhes ainda pouco conhecidos. À guisa de exemplo, imaginemos uma pequena vila situada em meio a este imenso sertão. Mais: imaginemos esta vila exatamente sobre a linha do Tratado de Tordesilhas, aquele meridiano que espanhóis e portugueses idealizaram em fins do século XV para dividir o hemisfério ocidental. Terra de ninguém, nos confins da demarcação e dos interesses ibéricos, nossa pequena vila fica a quase 170 léguas da corte brasileira, uns bons 90 dias de viagem com uma boa tropa pelos tortuosos caminhos do ouro. Imaginemos por fim, neste cenário, um personagem a desenvolver um trabalho artístico. É este o pano de fundo sobre o qual se apresenta José Joaquim da Veiga Valle. Nascido em Pirenópolis, nosso artista, na idade de se casar, mudou-se para a Cidade de Goiás, então capital da Província, a não mais de 10 léguas de sua vila natal. E não se tem notícia | Brazil is a huge country. Undoubtedly, there are other countries equally large in terms of size but in Brazil’s case, as well as its size, it also has a tendency towards centralization. As a result of the land settlement process, life in Southern-Central Brazil was organized from two major focal points: the exploring, colonizing São Paulo, on the one hand, and the Rio de Janeiro Court, on the other. Everything beyond these poles was the hinterland, a word difficult to define, but which certainly embodies connotations of the unknown, of that which is out there waiting to be taken over, settled and incorporated into the whole. || Brasil es un país grande. Naturalmente hay otros países igualmente grandes en extensión, pero en el caso brasileño se suma a su dimensión una cierta tendencia a la centralización. Como resultado del propio proceso de ocupación de las tierras brasileñas, en el Centro Sur la vida se organiza a partir de los dos grandes focos: la matriz conquistadora y colonizadora paulista de un lado y la corte carioca del otro. Todo lo que se aleja de esos polos constituye el sertón, palabra de difícil definición, pero que ciertamente incluye la acepción de desconocido, de aquello que está por apropiarse, ocupar e incorporar. And this Brazilian hinterland is enormous. From one extreme to the other, from the Serra de Pacaraima to the southern most point of Brazil, it is easily the same distance as from London to Teheran. If there are over a hundred different cultures, languages and peoples in that stretch of the Old World, what is impressive in our country-continent is our unity and cohesion. But this apparent unity still hides some barely known details. Y el sertão brasileño es enorme. De una punta a la otra, de la Serra de Pacaraima a los confines meridionales brasileños, se cubre con holgura la distancia que va de Londres a Teherán. Si en este recorrido en el Viejo Mundo pasamos por una centena de culturas, idiomas y pueblos, en nuestro país-continente son la unidad y cohesión que saltan a la vista. Pero esta aparente unidad guarda detalles aun poco conocidos. Just as an example, let’s imagine a small town located in the midst of this vast hinterland. Then let’s imagine that this town is situated exactly on the line of the Treaty of Tordesillas, that meridian thought up by the Spaniards and Portuguese in the late fifteenth century to divide the Western Hemisphere. This small town is a no man’s land on the frontiers of Iberian demarcation and interests, nearly 300 leagues from the Brazilian court, a good 90-day journey with a good pack animal along the winding gold trails. And finally, in this scenario, let’s imagine an artist at work. A título de ejemplo, imaginemos una pequeña villa situada en medio de este inmenso sertão. Más: imaginemos esta villa exactamente sobre la línea del Tratado de Tordesillas, aquel meridiano que españoles y portugueses idealizaron a fines del siglo XV para dividir al hemisferio occidental. Tierra de nadie, en los confines de la demarcación y de los intereses ibéricos, nuestra pequeña villa queda a casi 170 leguas de la corte brasileña, unos 90 días de viaje con una buena tropa por los tortuosos caminos del oro. Imaginemos por fin, en este escenario, un personaje desarrollando un trabajo artístico. This is the backdrop against which Joaquim José da Veiga Valle appears. He was born in Pirenopolis and, when of marriageable age, moved to the town of Esta es la tela de fondo sobre la cual se presenta José Joaquim da Veiga Valle. Nacido en Pirenópolis, Fica 55 Em Foco On Focus En Foco de que tenha empreendido outra viagem. Com isso estamos diante de um personagem nascido e criado no sertão brasileiro das antigas Minas de Goiás, isolado dos centros nacionais, numa região em que a simples notícia da Independência tardou meses a chegar. Mas o isolamento físico não impede o espírito de nosso artista de aperceberse de seu ambiente. Veiga Valle toma gosto pelo ofício dos santeiros e passa a incorporar toda a tradição ocidental na fatura de suas peças. A história oficial não se sente à vontade para registrar vultos ou obras do interior do País. O País oficial é apenas um recorte do País geográfico. São mínimas, praticamente inexistentes, referências a artistas do Norte ou do Centro-Oeste, do sertão do Centro-Sul. Veiga Valle foi um artista do sertão e, para quem olha de fora, pode não passar de um curiosum, um escultor caricato a repetir mecânica e extemporaneamente a cultura dos grandes centros artísticos. Mas talvez justamente aí resida seu maior mérito: produziu em condições adversas. Mais: produziu obras de boa técnica e bom gosto em condições adversas. Ou mudando o ponto de vista: promoveu o intercâmbio de ideias, num tempo de comunicação incipiente, em que o contato com obras de arte de outras regiões era difícil. A qualidade da obra de Veiga Valle fica maior por ter transcendido todos estes imperativos. Reviver a obra de Veiga Valle, seus santos, suas imagens, é manter vivo o sertão em seu desejo de participar do mundo. Sim, pois o Brasil fez suas escolhas e o sertão não faz parte de sua história oficial. Ao querer fazer o País menor que suas fronteiras, menor que seu espaço, perdemos todos. Dar a conhecer a história de personagens esquecidos é dever de quantos se dediquem à pesquisa de nossa memória. Significa valorizar a multiculturalidade e a regionalidade que conferem a nós, brasileiros, nosso complexo atestado da identidade. Wolney Unes é professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), diretor de redação da Revista do Fica Goiás, the then provincial capital, situated no more than 12 leagues from his home village. And there are no reports that his ever having undertaken any other journeys. So we are dealing with a character born and reared in the Brazilian hinterland of the ancient Goiás mines, isolated from national centers, in a region in which the news about Independence took months to arrive. But physical isolation did not prevent the spirit of our artist from becoming aware of his environment. Veiga Valle took a liking to the craft of statue-making and incorporated the whole of Western tradition in the making of his statues. Official history was not too keen on recognizing figures or works from the country’s hinterland. The official country is only a slice of the geographical country. References to artists from the North or Midwest or the hinterlands of the South Central region are minimal. Veiga Valle was an artist from the hinterland and for someone looking in from the outside, he would pass for nothing more than a curiosity, a caricatural sculptor copying the culture of the great artistic centers, both mechanically and extemporaneously. But perhaps that is precisely where his greatest merit lies, having worked under such adverse conditions. And what’s more, he produced works of excellent technique and taste in these adverse conditions. Or, to look at it differently, he promoted an exchange of ideas at a time when communication was very difficult, when contact with works of art from other regions was hard to attain. The quality of Veiga Valle’s work is enhanced by his having transcended all these imperatives. Reviving the work of Veiga Valle, his saints, his statues, is keeping alive the desire of the hinterland to be part of the world. Yes, this is true because Brazil made its choices and the hinterland is not part of its official history. By wanting to make the country smaller than its borders, smaller than its space, we all lose. Spreading the history of forgotten characters is the duty of all those engaged in research into our past. This means appreciating the multiculturalism and regionality which gives us Brazilians, our complex identity. Wolney Unes, director of Revista do Fica, is professor at Universidade Federal de Goiás. nuestro artista, en edad de casarse, se mudó a la Ciudad de Goiás, entonces capital de la Provincia, a no más de 10 leguas de su villa natal. Y no se tiene noticia de que haya emprendido otro viaje. Con eso estamos frente a un personaje nacido y criado en el sertão brasileño de las antiguas Minas de Goiás, aislado de los centros nacionales, en una región en que la simple noticia de la Independencia tardó meses en llegar. Pero el aislamiento físico no le impide al espíritu de nuestro artista percibir su ambiente. Veiga Valle le toma el gusto al oficio de los santeiros y comienza a incorporar toda la tradición occidental en la factura de sus piezas. La historia oficial no se siente a voluntad para registrar objetos u obras del interior del País. El País oficial es apenas un recorte del País geográfico. Son mínimas, prácticamente inexistentes, referencias a artistas del Norte o del Centro Oeste, del sertão del Centro Sur. Veiga Valle fue un artista del sertão y, para quien mira de afuera, puede no pasar de un curiosum, una caricatura de escultor repitiendo mecánica y extemporáneamente la cultura de los grandes centros artísticos. Pero tal vez justamente ahí resida su mayor mérito: produjo en condiciones adversas. Más: produjo obras de buena técnica y buen gusto en condiciones adversas. O cambiando el punto de vista: promovió el intercambio de ideas, en un tiempo de comunicación incipiente, en que el contacto con obras de arte de otras regiones era difícil. La calidad de la obra de Veiga Valle es aun mayor por haber transcendido todos estos imperativos. Revivir la obra de Veiga Valle, sus santos, sus imágenes, es mantener vivo el sertão en su deseo de participar del mundo. Sí, pues el Brasil hizo sus elecciones y el sertão no hace parte de su historia oficial. Al querer hacer el País menor que sus fronteras, menor que su espacio, perdemos todos. Dar a conocer la historia de personajes olvidados es deber de cuantos se dediquen a la investigación de nuestra memoria. Significa valorizar la multiculturalidad y la regionalidad que nos confieren a nosotros, brasileños, nuestro complejo certificado de identidad. Wolney Unes es profesor de la Universidad Federal de Goiás (UFG), director de redacción de la Revista do Fica Todas as obras, feitas em madeira dourada e policromada, estão no acervo do Museu de Arte Sacra da Boa Morte (Cidade de Goiás). As exceções são a Nossa Senhora da Conceição, que está na Fazenda Babilônia (Pirenópolis) e o Menino Deus, que faz parte do acervo de Maria Lucy Veiga Teixeira (Goiânia). | All his work, done in gold leaf polychromed wood can be found at the Museu de Arte Sacra da Boa Morte (Goiás), with the exception of Our Lady of the Immaculate Conception, which is held at Fazenda Babilônia and the Baby Jesus, which is part of Mary Lucy Veiga Teixeira’s collection (Goiânia). || Todas las obras, hechas en madera dorada y policromada, están en el acervo del Museu de Arte Sacra de la Boa Morte (Ciudad de Goiás). Las excepciones son la Nuestra Señora de la Concepción, que está en la Fazenda Babilônia (Pirenópolis) y el Niño Dios, que hace parte del acervo de Maria Lucy Veiga Teixeira (Goiânia). 56 Fica Fica 57 Artigo Article Artículo O olhar que esquadrinha as paisagens The gaze that scans the landscape La mirada que escudriña los paisajes Quem ama a cidade deixa-a morar por inteiro em sua alma, sem execrála por ser cruel e célere, vulgar e altiva, por ser bela, mas carregada de pequenos horrores. Não a nega por ser o lugar plural e volúvel, que num átimo muda as cores, os cheiros e as vias de acesso, esquecendo o primeiro afeto para beijar o outro que chega de repente. Paulo José Quem ama a cidade, vive-a, e a observa com uma espécie de desejo e repulsa que só a arte é capaz de traduzir. Em Goiânia há um homem assim, fascinado pelos signos das ruas, senhor de uma lente crivosa que tudo ama como quem se espanta, e olha para a capital goiana, onde nasceu, cresceu e se formou, com a mesma intensidade humana que usa para exercer sua profissão, a medicina. Gilberto G. Pereira é jornalista, editor de Comunidades/ Cultura da Tribuna do Planalto e do blog www.leiturasdogiba.blogspot.com Gilberto G. Pereira Journalist, editor of Communities/Culture at Tribuna do Planalto and of the blog www.leiturasdogiba.blogspot.com Gilberto G. Pereira Periodista, editor de Comunidades/ Cultura de la Tribuna do Planalto y del blog leiturasdogiba.blogspot.com 58 Fica Lourival Belém Jr., médico psiquiatra, trabalha visionariamente, em seu consultório, mas também nas ruas de Goiânia e nos presídios, dando pareceres psiquiátricos, ou orientando projetos ligados à rede de tratamentos alternativos. Quando não está observando o outro dentro do consultório, observa-o dentro da cidade. E aí, o espaço se redimensiona, e também é onde podemos ver a verdade translúcida de si mesmo. Ele não deixa o médico, por não ter dupla personalidade. Não vem de Stevenson. O que faz é tornar dominante o lado cineasta, cujas lentes já captaram muitas cenas de alcance estético impressionante. When you love a city you let it live entirely in your soul, you don’t curse it for being cruel or fast moving, vulgar or haughty, for being beautiful but full of tiny horrors. You do not reject it because it is a plural volatile place, which in an instant, changes its colors, smells and access routes, forgetting its first love in order to embrace a new love arriving unannounced. A person who loves a city lives it and looks at it with a kind of desire and disgust that only art can translate. And in Goiânia, there is such a person, fascinated by street signs, a man with a discerning look who loves everything as if in wonder and looks at the Goiás capital, where he was born, reared and educated, with the same intensity which he uses in the exercise of his medical profession. Lourival Belém Jr., a psychiatrist, has a visionary work, in his office, but also on the streets of Goiânia and in prisons, filing psychiatric reports or directing projects in the alternative treatment network. When not observing people in his office, he is observing them in the city. And there, the space takes on other dimensions and is also where we can see the translucent truth about itself. He does not set the doctor aside, as he does not have a split personality. He doesn’t come from Stevenson. What he does is let his filmmaking-side take over with his lens which has captured many scenes of stunning aesthetic quality. He has already made more than ten documentaries, such as the recent Memories from a boys’ prison (2009). However, the most interesting are those whose titles contain the word ‘city’, a word very dear to him: The invisible cities, from 2001, which, that same year, won both Fica and Goiânia Mostra Curtas awards [short films festival in the city]; Concert of the city (2005), which also won a Fica award; and Images from the town of men (2005). These are all works in which space is superappreciated and the filmmaker recreates urban symbiosis, confrontation and conflict between people and the social milieu, the environment and everyday transformations. Belém thinks the city through the logic of sociability, while at the same time showing us the destruction caused by exclusion. Concert of the city, for example, is about disorder in the world. It starts with the destruction of the trees, in Paranaíba Avenue, in the center of Goiânia, to make way for the setting up of the Open Market, Quien ama a la ciudad la deja vivir por entero en su alma, sin execrarla por ser cruel y ligera, vulgar y altiva, por ser bella, pero cargada de pequeños horrores. No la niega por ser el lugar plural y voluble, que en un segundo cambia los colores, los olores y las vías de acceso, olvidando el primer afecto para besar al otro que llega de súbito. Quien ama a la ciudad, la vive, y la observa con una especie de deseo y repulsión que sólo el arte es capaz de traducir. En Goiânia hay un hombre así, fascinado por los signos de las calles, señor de una lente filtrante que todo ama como quien se admira, y mira la capital goiana, donde nació, creció y se formó, con la misma intensidad humana que usa para ejercer su profesión, la medicina. Lourival Belém Jr., médico psiquiatra, trabaja visionariamente, en su consultorio, pero también en las calles de Goiânia y en los presidios, dando pareceres psiquiátricos, u orientando proyectos relativos a la red de tratamientos alternativos. Cuando no está observando al otro dentro del consultorio, lo observa dentro de la ciudad. Y ahí, el espacio se redimensiona, y también es donde podemos ver la verdad translúcida de sí misma. Él no deja al médico, por no tener doble personalidad. No viene de Stevenson. Lo que hace es volver dominante su lado cineasta, cuyas lentes ya captaron muchas escenas de alcance estético impresionante. Ya hizo más de diez documentales, como el reciente Recuerdos de una prisión de chicos (2009). Los más interesantes, mientras tanto, son aquellos que tienen en el título la palabra que le es cara: ciudad: Las ciudadelas invisibles, de 2001, premiado con el Fica de aquel año y con el Goiânia Mostra Curtas [festival de cortometrajes de la ciudad]; Concierto de la ciudad (2005), que también ganó el Fica; e Imágenes de las ciudades de los hombres (2005). Son todos trabajos en que los espacios son multivalorados y el cineasta recrea las simbiosis urbanas, la confrontación y el conflicto, entre el hombre y el medio social, el medio ambiente y lo cotidiano de las transformaciones. Belém piensa la ciudad por la lógica de la convivencia, al mismo tempo que nos muestra el daño causado por la exclusión. Concierto de la ciudad, por ejemplo, es sobre el desconcierto del mundo. Parte de la aniquilación Fica 59 Artigo Article Artículo Já fez mais de dez documentários, como o recente Recordações de um presídio de meninos (2009). Os mais interessantes, no entanto, são aqueles que trazem no título a palavra que lhe é cara, cidade: As cidadelas invisíveis, de 2001, premiado com o Fica daquele ano e com o Goiânia Mostra Curtas; Concerto da cidade (2005), que também ganhou o Fica; e Imagens da cidade dos homens (2005). São todos trabalhos em que os espaços são multivalorizados e o cineasta recria as simbioses urbanas, o confronto, e o conflito, entre o homem e o meio social, o meio ambiente e o cotidiano das transformações. Belém pensa a cidade pela lógica da convivência, ao mesmo tempo que nos mostra o estrago causado pela exclusão. Concerto da cidade, por exemplo, é sobre o desconcerto do mundo. Ele parte da aniquilação das árvores no centro de Goiânia, na Avenida Paranaíba, para a instalação do Mercado Aberto, o rearranjo de camelôs que ocupavam os canteiros das Avenidas Goiás e Anhanguera. As cenas se articulam internamente sob o ronco das motosserras, o ruído do trânsito, as vozes das pessoas e o som de instrumentos musicais. Tudo vai se comunicando, desconstruindo um sentido para recriar outro. A música, a vida, a dança, um balé de singelezas no meio da fúria e das intersecções, 60 Fica acompanham o espaço sendo modificado, seguem os membros desconjuntados das árvores caindo na avenida. Em As cidadelas invisíveis, ele questiona a repressão psiquiátrica, o discurso excludente da medicina e do poder, a tendência à segregação de quem manda na cidade. Nesse filme, Belém procura explorar o controle dos espaços urbanos e a maneira como isso ressoa na subjetividade. Mas talvez Imagens da cidade dos homens seja seu filme mais visto, e é o que concentra o maior grau de beleza. Polifônico, traz a marca das diversas mídias, do jornal ao rádio, e das diversas artes, da literatura ao próprio cinema. É como se quisesse recuperar o valor da cidade com o olhar. A ironia e o jogo de metáforas também são bastante expressivos neste filme de 19 minutos. Há um texto soberbo mostrando uma paisagem carcomida em determinados trechos da cidade e sua reconstrução, de outro modo, em outra geografia. Na metade da película, há uma cena aérea que resume o olhar de Belém. Nessa cena, Goiânia é flagrada do alto no marco zero, captando o desenho da cidade que lembra um olho, uma íris. Imagens da cidade dos homens é o filmesíntese de Belém. É o reflexo de sua própria alma, plural. É um olhar que esquadrinha as diversas paisagens sociais, e um belo exemplo de que podemos escolher o foco de nossa visão, seja ela estética, política, social ou ambiental. to house the street vendors who had formerly occupied the middle areas along Anhanguera and Goiás Avenues. The scenes are internally linked against the background roar of chainsaws, traffic, people’s voices and the sound of musical instruments. Everything is in communication, deconstructing one sense in order to recreate another. Music, life, dance, a ballet of naturalness, amid fury and intersections, accompany the altering of the place and follow the crashing of the disjointed branches of the trees onto the ground. In The invisible cities, he questions psychiatric repression, the exclusionary discourse of medicine and power and the trend for segregation of those who govern the city. In this film, Belém explores the control of urban spaces and how this re-echoes in subjectivity. But his Images from the city of men is perhaps his most popular film and his most beautiful. It’s polyphonic and bears the stamp of various media, from the newspaper to the radio, and of the various arts, from literature to cinema itself. It is as if it wants to restore with a look the value of the city. There is quite significant use of irony and metaphor in this 19-minute film. There is a superb text showing a wasted landscape in certain parts of the city and then its reconstruction, by other means, in another geography. Halfway through the film, there is an aerial scene which sums up Belém’s stance. In this scene, Goiânia is shown from above at ground zero, capturing the design of the city which looks like an eye, an iris. Images from the city of men is Belém’s film-synthesis. It is a reflection of his own soul, plural. It is a gaze which scans the different social landscapes and a beautiful example that we ourselves can choose the focus of our view, be it aesthetic, political, social or environmental. de los árboles en el centro de Goiânia, en la avenida Paranaíba, para la instalación del Mercado Aberto, la reubicación de vendedores callejeros que ocupaban los canteros de la avenida Goiás y Anhanguera. Las escenas se articulan internamente bajo el ronquido de las motosierras, el ruido del tránsito, las voces de las personas y el sonido de instrumentos musicales. Todo se va comunicando, destruyendo un sentido para recrear otro. La música, la vida, la danza, un ballet de simplezas en el medio de la furia y las intersecciones, acompañan el espacio mientras es modificado, siguen los miembros descoyuntados de los árboles cayendo en la avenida. En Las ciudadelas invisibles, cuestiona la represión psiquiátrica, el discurso excluyente de la medicina y el poder, la tendencia a la segregación de quien manda en la ciudad. En esa película, Belém busca explorar el control de los espacios urbanos y la manera como eso resuena en la subjetividad. Pero tal vez Imágenes de las ciudades de los hombres sea su película más vista, y la que concentra el mayor grado de belleza. Polifónico, trae la marca de los diversos medios, del diario a la radio, y de las diversas artes, de la literatura al propio cine. Es como si quisiera recuperar el valor de la ciudad con la mirada. La ironía y el juego de metáforas también son bastante expresivos en esta película de 19 minutos. Hay un texto soberbio mostrando un paisaje carcomido en determinados trechos de la ciudad y su reconstrucción, de otro modo, en otra geografía. En la mitad de la película, hay una escena aérea que resume la mirada de Belém. En esa escena, Goiânia es captada desde lo alto del marco cero, enseñando el dibujo de la ciudad que recuerda un ojo, un iris. Imágenes de las ciudades de los hombres es la película-síntesis de Belém. Es el reflejo de su propia alma, plural. Es una mirada que escudriña los diversos paisajes sociales, y un bello ejemplo de que podemos escoger el foco de nuestra visión, sea ella estética, política, social o ambiental. Fica 61 Fica pelo Brasil Fica in Brazil Fica por Brasil Entre julho e novembro, os filmes vencedores do XIII Fica circularão por aí. Tratase do programa Fica Itinerante, que visa divulgar o evento e garantir que mais gente assista às obras cinematográficas. No ano passado, a Agência Goiana de Cultura (Agepel) estima ter atingido, com o projeto, um público de 11.600 pessoas. O Fica Itinerante é promovido desde a primeira edição do festival, em 1998. Para solicitar os filmes para exibição, basta enviar uma proposta com informações sobre a data, o local, o perfil e a quantidade de público prevista, o nome do responsável pelo evento, o local de exibição e seu plano de divulgação. Os dados podem ser enviados para o email [email protected]. Mais informações: (62) 3223-1313. Between July and November, the XIII Fica award-winning films will be shown in different places. This is the Fica Itinerante program, which aims to disseminate the event and ensure that more people see the films. Last year, the Agência Goiana de Cultura – Agepel (government’s culture agency) estimated that the project reached an audience of 11,600 people. Fica Itinerante has been taking place since the festival was founded in 1998. To request a film for viewing, just send your proposal with data, such as date, location, profile and number of viewers envisaged, name of the person in charge of the event, place of exhibition and plans for dissemination. This data can be sent via email to [email protected]. Further information: (62) 3223-1313. Entre julio y noviembre, las películas vencedoras del XIII Fica circularán por varias partes. Se trata del programa Fica Itinerante, que busca divulgar el evento y garantizar que más gente vea las obras cinematográficas. El año pasado, la Agencia Goiana de Cultura (Agepel) estima haber alcanzado, con el proyecto, un público de 11,6 mil personas. El Fica Itinerante es promovido desde la primera edición del festival, en 1998. Para solicitar las películas para exhibición, basta enviar una propuesta con informaciones sobre la fecha, lugar, perfil y la cantidad de público prevista, el nombre del responsable por el evento, el lugar de exhibición y su plan de divulgación. Los datos pueden ser enviados al email [email protected]. Más informaciones: (62) 3223-1313. 62 Fica Cristiano Borges Cristiano Borges Curtas Snippets Cortos Língua solta Loose tongue Lengua suelta Os tradutores e intérpretes têm papel fundamental no Fica, pois são eles que garantem aos participantes estrangeiros o acesso à informação que circula no festival. Vide essa revista em suas mãos, em três idiomas. Também garantem que nós, brasileiros, entendamos o que nossos visitantes estão dizendo. Os debates – especialmente os acalorados – é talvez onde esses profissionais mais suem para transmitir o que precisam. “O povo empolga, faz perguntas, aí o palestrante quer responder e dispara a falar”, conta Patrícia Mamede, intérprete de inglês-português, que acompanhou todos os debates de cineastas, no Hotel Casa da Ponte. Ela própria precisou chamar a atenção algumas vezes, para que um não falasse em cima do que o outro dizia, nem saísse emendando falas e dificultando o trabalho dos intérpretes. “O segundo dia já foi melhor que o primeiro, pois as pessoas já sabiam que precisavam esperar.” Translators and interpreters play a vital role in Fica because they ensure that foreign participants have access to all the information circulating at the festival. Just take a look at this magazine in your hands, written in three languages. It also guarantees that we, Brazilians, understand what our visitors are saying. It is during the debates – especially the most heated ones – that these professionals have their work cut out for them trying to communicate what is being said. “People get very excited, ask questions, and in an effort to respond the speaker goes at a mile a minute”, says Patrícia Mamede, English-Portuguese interpreter, who accompanied all the filmmakers’ debates at the Casa da Ponte Hotel. At times, she herself had to ask the speakers to speak one at a time and not complement what others had said, which hinders the work of the interpreters. “The second day was better than the first, because people already knew they had to wait their turn.” Los traductores e intérpretes tienen un papel fundamental en el Fica, pues son ellos los que garantizan a los participantes extranjeros el acceso a la información que circula en el festival. Vea esta revista en sus manos, hecha en tres idiomas. También garantizan que nosotros, brasileños, entendamos lo que nuestros visitantes están diciendo. Los debates – especialmente los acalorados – son tal vez donde esos profesionales más transpiren para transmitir lo que precisan. “La gente se entusiasma, hace preguntas, ahí el conferencista quiere responder y se dispara a hablar”, cuenta Patrícia Mamede, intérprete de inglés-portugués, que acompañó todos los debates de cineastas, en el Hotel Casa da Ponte. Ella misma necesitó llamar la atención algunas veces, para que uno no hablase encima de lo que el otro decía, ni hablase de corrido dificultando el trabajo de los intérpretes. “El segundo día ya fue mejor que el primero, pues las personas ya sabían que precisaban esperar.” Fica 63 Silvio Quirino Curtas Snippets Cortos Aqui nem Not here Aquí no Ao final de sua palestra na Cidade de Goiás, Fernando Gabeira participou de um abaixo-assinado contrário ao armazenamento do lixo nuclear de Angra dos Reis (RJ) em Abadia de Goiás (GO). O governo federal vem anunciando a intenção de trazêlo para o depósito da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), que guarda os rejeitos do césio 137. Batizada de Aqui nem, a campanha elaborada pela ONG + Ação já tem cerca de 5 mil assinaturas. Elas foram colhidas na Cidade de Goiás, em Goiânia e em Abadia de Goiás. Por enquanto, não dá para participar do abaixo-assinado pela internet. Quem tiver interesse, pode procurar a sede da + Ação, na Av. Anhanguera, 5766, Centro, Goiânia (GO). Telefone: (62) 3095-1272. Site: www.ongmaisacao.org.br. Fernando Gabeira, at the end of his lecture in the town of Goiás, signed a petition opposing storage of the Angra dos Reis nuclear waste at Abadia de Goiás. The Federal Government has announced its intention of bringing it to the National Commission for Nuclear Energy (Cnen) dump, where the cesium 137 waste is stored. The campaign called Aqui nem (Not here), drawn up by the NGO + Ação, already has about 5 thousand signatures which were collected in the town of Goiás, Goiânia and Abadia de Goiás. As yet the petition cannot be signed on the Internet but whoever’s interested can go to the headquarters of + Ação, at Av. Anhanguera, 5766, Centro, Goiânia (Goiás). Phone: (62) 3095-1272. Site: www.ongmaisacao. org.br. Al final de su conferencia en la Ciudad de Goiás, Fernando Gabeira participó de una solicitada contraria al almacenamiento de la basura nuclear de Angra dos Reis en Abadia de Goiás. El gobierno federal viene anunciando su intención de traerlo al depósito de la Comisión Nacional de Energía Nuclear (Cnen), que guarda los desechos del cesio 137. Bautizada de Aqui nem (Aquí no), la campaña elaborada por la ONG + Ação ya tiene cerca de 5 mil firmas. Fueron juntadas en la Ciudad de Goiás, en Goiânia y en Abadia de Goiás. Por ahora no se puede participar de la solicitada por internet. Quien tenga interés, puede procurar la sede de la + Ação, en la Av. Anhanguera, 5766, Centro, Goiânia (Goiás). Teléfono: (62) 3095-1272. Sitio: www. ongmaisacao.org.br. 64 Fica Canja Jam session Participación Três shows musicais se destacaram na programação do Fica neste ano. No dia 16 de junho, MC Dyskreto, um dos principais produtores de hip hop de Goiás, mandou bem, com uma banda completa no palco da Praça de Eventos. Manu Chao estava por ali, curtindo a apresentação, e acabou fazendo uma participação especial. There were three concerts of note in this year’s Fica program. On June 16, MC Dyskreto, a leading producer of hip-hop in Goiás, went down well at the Praça de Eventos (Events Square), with a full band on stage. Manu Chao was there enjoying the presentation and ended up doing a number Tres shows musicales se destacaron en la programación del Fica este año. El 16 de junio, MC Dyskreto, uno de los principales productores de hip hop de Goiás, estuvo muy bien, con una banda completa en el escenario de la Plaza de Eventos. Manu Chao estaba por allí, disfrutando la presentación, y acabó haciendo una participación especial. Raízes Roots Raíces No dia 17, a apresentação de duas bandas que misturam o regional com o nacional, bombou no Palácio Conde dos Arcos. No show do grupo Chapéu de Paia, originário da Cidade de Goiás, a presença do público local foi massiva. Já o grupo Passarinhos de Cerrado fez uma baita ciranda de roda com a participação da plateia. On the 17th, two bands blending regional and national music were a roaring success at the Conde dos Arcos Palace. There was a great crowd of locals at the show presented by Chapéu de Paia, a group from the town of Goiás. And the Passarinhos de Cerrado group did a fantastic ring dance with audience participation. El día 17, la presentación de dos bandas que mezclan lo regional con lo nacional, tuvo mucho éxito en el Palacio Conde dos Arcos. En el show del grupo Chapéu de Paia, originario de la Ciudad de Goiás, la presencia del público local fue masiva. Y el grupo Passarinhos de Cerrado hizo una fantástica ronda con la participación de la platea. Fica 65 Menor impacto Less impact Menor impacto Preciosa água Precious water Preciosa agua Rui Faquini Texto: Elisa A. França Segundo o Instituto Trata Brasil, no país cada um de nós consome em média 150 litros de água por dia. É muito, se comparado ao volume recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), de 110 litros. Em nossa casa, é no banheiro que a maior parte se esvai. A estação seca do Cerrado, que vai de maio a setembro, é um motivo a mais para economizarmos. Se na época das águas, já não faz sentido desperdiçar o recurso, agora é muito pior. Na prática, desligar a torneira ao escovar os dentes é o mínimo do mínimo que podemos fazer. Mas que outros hábitos podemos adotar? • Diminuir o tempo do banho representa uma bela economia. Não é preciso que dure mais do que 5 minutos e você ainda pode fechar o registro enquanto se ensaboa. • Hoje em dia já existem várias descargas economizadoras, que usam 66 Fica cerca de três litros de água para os dejetos líquidos, e seis para sólidos. As descargas antigas chegam a gastar entre 10 e 14 litros. • Você também pode instalar reguladores de vazão, que segundo os fabricantes economizam até a metade da água em um banho. • Você lava o carro toda semana? Que tal passar a fazê-lo a cada 15 dias ou mesmo uma vez ao mês? • Nunca, jamais, “varra” a calçada com a mangueira! Use o balde. • Durante o dia, use o mesmo copo para beber água. • Molhe as plantas bem de manhã ou à noite, a fim de reduzir a evaporação. De preferência, utilize o regador e não a mangueira. | In Brazil, each one of us uses an average of 150 liters of water per day, according to the Instituto Trata Brasil. That’s a lot, when compared to the 110 liters recommended by the United Nations. In our homes the greater part of this is used up in the bathroom. The Cerrado’s dry season, running from May to September, is one more reason for sparing water. If in the rainy season we shouldn’t waste this resource, in the dry season we should be all the more careful. In practical terms, the very least we could do is turn off the tap while brushing our teeth. But are there any other habits we could adopt? || Según el Instituto Trata Brasil, en el Brasil cada uno de nosotros consume en promedio 150 litros de agua por día. Es mucho, si es comparado al volumen recomendado por la Organización de las Naciones Unidas (ONU), de 110 litros. Es en el baño de nuestra casa que se gasta la mayor parte. La estación seca del bioma Cerrado, que ocurre desde mayo hasta setiembre, es un motivo más para economizar. Si en la época de las lluvias, ya no tiene sentido desperdiciar el recurso, ahora es mucho peor. En la práctica, cerrar la canilla al cepillarse los dientes es lo mínimo que podemos hacer. ¿Y qué otros hábitos podemos adoptar? • Reducing our shower time is a good way to save water. You don’t need to spend any more than 5 minutes in the shower and, what’s more, you can turn off the tap while soaping up. • Disminuir el tiempo en el baño representa una buena economía. No es preciso que dure más de 5 minutos y ud. también puede cerrar el agua mientras se enjabona. • Today there are different economical toilet flushing systems available, one of which uses three liters of water for liquid waste and six for solid waste. Previous flushing systems used between ten and fourteen liters. • Hoy en día existen varias descargas economizadoras, que usan cerca de tres litros de agua para los deyectos líquidos, y seis para los sólidos. Las descargas antiguas llegan a gastar entre 10 y 14 litros. • You can also install flow regulators which, according to the manufacturers, save up to half the quantity of shower water normally used. • También se puede instalar reguladores de salida de agua, los que, según los fabricantes, economizan hasta la mitad del agua en un baño. • Do you wash your car every week? How about doing so every 15 days or even once a month? • ¿Ud. lava el auto todas las semanas? ¿Por qué no hacerlo cada 15 días o una vez al mes? • Never, ever, “sweep” the driveway with the hose! Use a bucket. • ¡Nunca, jamás, “barra” la vereda con la manguera! Use el balde. • Throughout the day, use the same cup to drink water. • Durante el día, use el mismo vaso para beber agua. • Give your plants some water preferably in the morning or in the evening in order to reduce evaporation. Use a watering can rather than a hose. • Moje las plantas por la mañana temprano o a la noche, a fin de reducir la evaporación. De preferencia, utilice la regadera y no la manguera. Fica 67 Circuito Circuit Circuito Bruno Hermano Festivais de cinema ambiental Julho e agosto 2011 Environmental film festivals – July and August 2011 Festivales de cine ambiental – Julio y agosto 2011 Festival de Cinema do Japão 4 a 7 de agosto de 2011 Toyama, Japão Edição: 10ª O festival: Realizado a cada dois anos, desde 1993, tem como foco os documentários de imagens em movimento das maravilhas da vida selvagem e da coexistência da natureza com as pessoas. Os idealizadores tomaram a iniciativa visando a aumentar a compreensão sobre a necessidade urgente de proteger e cuidar do mundo natural. http://www.naturechannel.jp/ The festival: It has been held every two years since 1993, focuses on documentaries of moving images of the wonders of wildlife and the coexistence of nature and people. The founders took this initiative in order to broaden the understanding of the urgent need to protect and care for the natural world. http://www.naturechannel.jp/ Topanga Film Festival Quando: 28 a 31 de julho Onde: Topanga, Califórnia Edição: 7ª O festival: Realizado no Topanga Canyon, que fica entre as montanhas de Santa Mônica, é dedicado à exibição de filmes independentes e experimentais. Apesar de não ser um festival específico de cinema ambiental, há uma mostra paralela chamada Plano B, que apresentará somente projetos cinematográficos focados em soluções para os desafios ambientais do planeta. 68 Fica El festival: Realizado cada dos años, desde 1993, el festival tiene como foco los documentales de imágenes en movimiento de las maravillas de la vida salvaje y de la coexistencia de la naturaleza con las personas. Los idealizadores tomaron la iniciativa buscando aumentar la comprensión sobre la necesidad urgente de proteger y cuidar el mundo natural. New Zeland Mountain Film Festival Inkafest – Festival de Cinema de Montanha The festival: Held in Topanga Canyon, which lies between the mountains of Santa Monica, it is dedicated to showing independent and experimental films. Although it is not a specific environmental film festival, this edition will feature a parallel exhibition called Plan B, which will present only film projects focused on solutions to the planet’s environmental challenges. O festival: Promovido pela Associação Montanha e Cultura, tem o objetivo de aproximar a comunidade esportiva da população local da região do Parque Nacional de Huascarán. Além da mostra cinematográfica, são realizadas exposições e atividades de esporte de aventura. A região apresenta geografia espetacular para a prática de esportes de aventura, como escaladas extremas. O festival também visa destacar a importância da ecologia, do meio ambiente e da preservação das montanhas e natureza. El festival: Realizado en el Topanga Canyon, que está entre las montañas de Santa Mónica, está dedicado a la exhibición de películas independientes y experimentales. A pesar de no ser un festival específico de cine ambiental, en esta edición contará con una muestra paralela llamada Plano B, que presentará solamente proyectos cinematográficos enfocados en soluciones para los desafíos ambientales del planeta. Quando: 15 a 21 de agosto Onde: Huaraz, Peru Edição: 7ª The festival: It is sponsored by the Society of Mountain and Culture and aims to bring the sports community of the local region of the Huascaran National Park. Apart from film shows, exhibitions and activities are held for adventure sport. The region has a spectacular geography suitable to adventure sports such as extreme climbs. The festival also aims to highlight the importance of ecology, environment, preservation of the mountains and nature. El festival: Es promovido por la Asociación Montaña y Cultura y tiene el objetivo de aproximar la comunidad deportiva a la población local de la región del Parque Nacional de Huascarán. Además de la muestra cinematográfica, son realizadas exposiciones y actividades de deporte de aventura. La región presenta una geografía espectacular para la práctica de deportes de aventura, como escaladas extremas. El festival también busca destacar la importancia de la ecología, medio ambiente, preservación de las montañas y naturaleza. Fica 69 Circuito Circuit Circuito Painel Panel Panel Não perca o prazo de inscrição Do not miss the registration deadline No pierda el plazo de inscripción Kathmandu International Mountain Film Festival (KIMFF) Inscrições: até 30 de julho Onde: Katmandu, Nepal Quando: 8 a 12 de dezembro Edição: 9ª Site: www.kimff.org O festival: Realizado na cidade de Katmandu, considerada o coração cosmopolita da região do Himalaia, o festival visa promover uma melhor compreensão das experiências humanas, bem como das realidades sociais e culturais nas terras altas do mundo. Cerca de 50 filmes serão selecionados para KIMFF 2011. Cineastas do Nepal terão a oportunidade de participar do Nepal Panorama, uma mostra separada com o objetivo promover filmes nepaleses em todos os gêneros. The festival: Held in the town of Kathmandu, the cosmopolitan heart of the Himalayan region, the festival aims to promote a better understanding of human experiences, as well as social and cultural realities in the highlands of the world. About 50 films will be selected for KIMFF 2011. Filmmakers of Nepal will have the opportunity to participate in Nepal Panorama, a separate show with the aim of promoting Nepali movies in all genres. The festival: It is organized annually by the Committee for Environmental Protection and Ecological Safety of St. Petersburg. The history of the Green Vision dates back to 1996 when it was first held. The main objective was to bring the best environmental films produced in the world to Russian viewers and stimulate the local production of environmental film. Green Vision – Festival Internacional de Cinema Ambiental Inscrições: até 1º de agosto Onde: São Petersburgo, Rússia Quando: 22 a 26 de novembro Edição: 16ª Site: www.infoeco.ru/greenvision O festival: É organizado anualmente pelo Comitê de Proteção Ambiental e Segurança Ecológica de São Petersburgo. A história do Green Vision remonta a 1996, quando foi realizado pela primeira vez. O principal objetivo foi levar os melhores filmes ambientais produzidos no mundo para os espectadores russos e estimular a produção local de cinema ambiental. The festival: It is organized annually by the Committee for Environmental Protection and Ecological Safety of St. Petersburg. The history of the Green Vision dates back to 1996 when it was first held. The main objective was to bring the best environmental films produced in the world to Russian viewers and stimulate the local production of environmental film. El festival: Organizado anualmente por el Comité de Protección Ambiental y Seguridad Ecológica de San Petersburgo. La historia del Green Vision remonta a 1996, cuando fue realizado por primera vez. El principal objetivo fue llevar las mejores películas ambientales producidas en el mundo a los espectadores rusos y estimular la producción local de cine ambiental. 70 Fica Curupira (2011), de Sarah Ottoni, ilustradora e designer gráfico, sócio-fundadora do coletivo Fake Fake ilustraciones | Curupira (2011), from Sarah Ottoni, ilustrator and graphic designer, co-founder and partner of the group Fake Fake ilustraciones || Curupira (2011), de Sarah Ottoni, ilustradora y diseñadora gráfica, socia fundadora del colectivo Fake Fake ilustraciones Fica 71 SCS - COC - 00785