Entre os melhores
| Among the Best
|| Entre los mejores
Qualidade dos filmes é destaque
| Quality of films is striking
|| Calidad de las películas se pone
de relieve
Gastronomia regional
| Regional gastronomy
|| Gastronomía regional
O artista Veiga Valle
| Veiga Valle, an artist
|| El artista Veiga Valle
2
Ano 2
Julho de 2011
Year 2
July 2011
Año 2
Julio 2011
Revista do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental
Editorial
Título?
Ambiente
humano
Human enviroment
Ambiente humano
Title?
Titulo?
Texto
O fato de uma produção indígena,
fruto de oficinas de cinema com a
comunidade, ter sido o grande vencedor
do XIII Fica, relembra uma coisa
importante: o meio ambiente não é feito
só de plantas e bichos. Desde o começo,
há 13 anos, o festival se manteve aberto
à participação de obras cinematográficas
pautadas por questões também sociais
e culturais, relacionadas à natureza
humana e suas diversas manifestações.
Os exemplos são vários. Na IX edição, saiu
premiado com o troféu Cora Coralina a
obra Ainda há pastores?, tratando do duro
trabalho desses trabalhadores do campo,
em uma região remota de Portugal, e
de como eles estão cada vez menos
numerosos. No Fica de 2009, venceu
Corumbiara, baseado em um massacre de
índios ocorrido em Rondônia, no ano de
1995, e documentado pelo antropólogo
Vincent Carelli. Não por acaso, tratase do criador do programa Vídeo nas
Aldeias, dentro do qual nasceu Bicicletas
de Nhanderu.
| The fact that an indian production, which resulted
from workshops with the community, has won the
most prestigious XIII Fica award, says something
very important: the environment is not just about
plants and animals. From its very beginning, 13
years ago, the Festival has also been open to films
based on the social and cultural issues related to
human nature and its various manifestations.
There have been different examples of this. In
the IX edition, Are there shepherds yet? took the
Cora Coralina Trophy. The film deals with the
arduous work of these rural workers of a remote
region in Portugal, showing how their numbers
are constantly diminishing. In the 2009 Fica,
Corumbiara took the award. It was based on the
massacre of indigenous people in Rondônia, in
1995, documented by the anthropologist Vincent
Carelli. It is no coincidence that he was the founder
of the Vídeo nas Aldeias (Video in the Villages)
program out of which Bicycles of Nhanderu was
born.
|| El hecho de que una producción indígena, fruto
de talleres de cine con la comunidad, haya sido
el gran vencedor del XIII Fica, recuerda una cosa
importante: el medio ambiente no está hecho
sólo de plantas y bichos. Desde el comienzo,
hace 13 años, el festival se mantuvo abierto a la
participación de obras cinematográficas pautadas
por cuestiones también sociales y culturales,
relacionadas a la naturaleza humana y sus diversas
manifestaciones.
Los ejemplos son diversos. En la IX edición, salió
premiada con el trofeo Cora Coralina la obra
Todavía hay pastores?, tratando de la dura labor de
esos trabajadores del campo, en una región remota
de Portugal, y sobre como existen cada vez menos
de ellos. En el Fica de 2009, venció Corumbiara,
basado en una masacre de indios ocurrida en
Rondônia, el año 1995, y documentada por el
antropólogo Vincent Carelli. No por casualidad,
se trata del creador del programa Vídeo nas
Aldeias (Video en las Aldeas), dentro del cual nació
Bicicletas de Nhanderu.
Among the highlights of this issue of the Revista
do Fica, as well as a review of the recent festival,
there is an interview with professor Alfredo Manevy.
He talks about the work of the awarding jury and
Brazilian cinema policies, out of his experience as
executive secretary at the Ministry of Culture while
Juca Ferreira held the portfolio. There is also a
beautiful photographic presentation of the works
of the sculptor José Joaquim da Veiga Valle, a
renowned artist of our region, to whom this year’s
Fica pays tribute.
Entre lo más destacado de este número de la Revista
do Fica, además del balance del último festival, está
la entrevista con el profesor Alfredo Manevy. Nos
habló sobre el trabajo de los jurados de premiación
y de la política de cine en Brasil, dada su experiencia
como secretario ejecutivo en el Ministerio de Cultura
en la gestión de Juca Ferreira. También traemos un
bello ensayo fotográfico de las obras del escultor
José Joaquim da Veiga Valle, importante artista de
nuestra tierra, homenajeado por el Fica este año.
In the next pages find out what other interesting
items we’re bringing you. Have a good read!
En las próximas páginas, sorpréndase con todo lo
que le traemos de bueno y ¡Tenga una buena lectura!
Entre os destaques deste número da
Revista do Fica, além do balanço do último
festival, está a entrevista com o professor
Alfredo Manevy. Ele nos falou sobre o
trabalho dos jurados de premiação e da
política de cinema no Brasil, dada sua
experiência como secretário executivo
no Ministério da Cultura na gestão de
Juca Ferreira. Também trazemos um belo
ensaio fotográfico das obras do escultor
José Joaquim da Veiga Valle, importante
artista da nossa terra, homenageado pelo
Fica deste ano.
Nas próximas páginas, surpreenda-se
com o que mais trazemos de bom. Tenha
uma boa leitura!
Fica
3
Sumário Summary Resumen
6
16
30
36
44
Revista do Festival Internacional
de Cinema e Vídeo Ambiental
Publicação Institucional
Ano 2/Nº 2/Julho de 2011
ISSN 2177-4668
Governo do Estado de Goiás
Governador: Marconi Perillo
Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico
Teixeira (Agepel)
Praça Cívica, 26
Goiânia – Goiás 74003-010
Fone: 55 62 3201-5100 www.agepel.go.gov.br
Presidente: Gilvane Felipe
Chefia de Gabinete: Ney Borges
Diretor de Ação Cultural: Décio Coutinho
Entrevista | Interview
|| Entrevista
Alfredo Manevy
Capa | Cover || Portada
Ótimos filmes e bons debates
| Great films and fruitful discussions
|| Excelentes películas y buenos debates
Fica
Aos melhores, os troféus
| For the best, there are tophies
|| A los mejores, los trofeos
Gastronomia | Gastronomy
|| Gastronomía
Sabor regional
| Local flavor
|| Sabor regional
Em foco | On focus || En foco
Veiga Valle, um artista no sertão
| Veiga Valle, an artist in the hinterland
|| Veiga Valle, un artista en el sertón
Diretor de Redação: Wolney Unes
Editor-chefe: João Unes
Editora executiva: Elisa A. França
Reportagem: Bruno Hermano,
Elisa A. França e Lis Lemos
Colaboração: Gilberto G. Pereira
e Sarah Ottoni
Editora de arte: Genilda Alexandria
Arte final: Marcus Lisita Rotoli
Fotografias: Cristiano Borges, Silvio Quirino,
Flávio Isaac, Paulo José, Paulo Rezende
e Rui Faquini.
Tradução: Anne Mary Staunton, Patrick John
O’Sullivan e Ricardo Pérez Banega
Fotos da capa: Paulo Rezende
Guardas: Fotos de Paulo Rezende
Impressão: Marques & Bueno Ltda.
(Gráfica Talento)
Tiragem: 3 mil
Distribuição: gratuita
58
62
66
68
71
Artigo | Article || Artículo
Gilberto G. Pereira
O olhar que esquadrinha as paisagens
| The gaze that scans the landscape
|| La mirada que escudriña los paisajes
Curtas | Snippets || Cortos
Menor impacto | Less impact
|| Menor impacto
Preciosa água
| Precious water
|| Preciosa agua
Circuito | Circuit || Circuito
Festivais de cinema ambiental no mundo
| Environmental film festivals in the world
|| Festivales de cine ambiental en el mundo
Painel | Panel || Panel
Sarah Ottoni
Casa Brasil
Presidente: Carlos Eduardo Bernardes
Diretor comercial: Germano Roriz
Diretor administrativo:
Gustavo de Morais Roriz
Rua 29, nº 186, Setor Central,
Goiânia – Goiás 74.015-050
Fone/Fax: 55 62 3942-0228
www.icbc.org.br
www.fica.art.br
[email protected]
Entrevista Interview Entrevista
Conteúdo
e linguagem
Content and language
Contenido y lenguaje
Entrevista com Alfredo Manevy
An interview with Alfredo Manevy
Entrevista con Alfredo Manevy
6
Fica
Ranulfo Alfredo Manevy de Pereira
Mendes tem apenas 34 anos, mas já
foi até ministro da Cultura brasileiro –
interinamente, durante as ausências do
antigo chefe da pasta, Juca Ferreira.
Seu cargo propriamente dito no
ministério era o de secretário executivo,
ocupado entre setembro de 2008 e
dezembro de 2010, depois de cinco
anos exercendo outras funções, como
a de secretário de Políticas Culturais.
Graduado em cinema e doutor em
estética e comunicação audiovisual, é
professor no Departamento de Artes
e Libras da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Ele diz que sente
falta do Cerrado quando está longe,
afeição desenvolvida junto com as
raízes criadas em Belo Horizonte, onde
passou a maior parte da sua vida. Assim,
ao participar pela primeira vez do Fica,
na última edição, o ex-secretário se
sentiu um pouco em casa. Atuando
como um dos sete membros do júri,
afirma que aprendeu muito com o
festival. “Fui levado a refletir”, diz, sobre
os problemas ambientais. Confira a
seguir o que mais ele contou à Revista
do Fica.
Sílvio Quirino
Texto: Elisa A. França
| Ranulfo Alfredo Manevy de Pereira Mendes is only
34, but he has already been the Brazilian Minister
for Culture – temporarily, in the absences of the
chief Juca Ferreira. His specific post in the Ministry
was that of Executive Secretary, which he held from
September 2008 to December 2010, after five years
in other roles, such as Secretary of Cultural Policies.
A graduate in cinema, he holds a PhD in aesthetics
and audiovisual communication and is professor in
the Department of Arts and Sign Language at the
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). He
says he misses the Cerrado biome when he is away.
This affection grew along with the roots he put
down in Belo Horizonte, where he spent most of his
life. So, when participating for the first time in the
recent edition of Fica, the former secretary felt a bit
at home. As one of the seven members of the jury,
he says he has learned a lot from the Festival. “I was
forced to reflect on environmental problems”, he
says. Now read the rest of what he told the Revista
do Fica.
|| Ranulfo Alfredo Manevy de Pereira Mendes
tiene apenas 34 años, pero ya fue hasta ministro
de Cultura brasileño – interinamente, durante
las ausencias del antiguo jefe de la cartera, Juca
Ferreira. Su cargo propiamente dicho en el ministerio
era el de secretario ejecutivo, ocupado entre
setiembre de 2008 y diciembre de 2010, después de
cinco años ejerciendo otras funciones, como la de
secretario de Políticas Culturales. Graduado en cine
y doctor en estética y comunicación audiovisual, es
profesor en el Departamento de Artes y Libras de
la Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Dice que extraña el Cerrado cuando está lejos,
afecto desarrollado junto con las raíces creadas en
Belo Horizonte, donde pasó la mayor parte de su
vida. Así, al participar por primera vez del Fica, en la
última edición, el ex secretario se sintió un poco en
casa. Actuando como uno de los siete miembros del
jurado, afirma que aprendió mucho con el festival.
“Fui llevado a reflexionar”, dice, sobre los problemas
ambientales. Vea a continuación que más le contó a
la Revista do Fica.
Fica
7
Entrevista Interview Entrevista
Como foi participar do festival?
Foi legal perceber que ele cumpre o
papel de estimular a discussão, ao fazer
um recorte na produção audiovisual
com foco no meio ambiente. Essa
atmosfera permeia a cidade e eu
mesmo aprendi muito com os filmes,
que nos colocam a necessidade
da ação, individual e coletiva, e da
participação na agenda ambiental.
Aqui o cinema é colocado como
instrumento, que tem o objetivo de
informar, sensibilizar e provocar as
plateias.
Essa é uma característica intrínseca ao
cinema ambiental?
A produção autoral cumpre seu
papel, mas também é necessário
que o audiovisual seja provocado a
discutir temas candentes no mundo. A
proposta do festival é estabelecer uma
conexão entre o fato cinematográfico,
o que significa como linguagem, e seu
papel ambiental. Senti isso, pois em
três dias, ao ver mais de 20 horas de
informação e denúncias voltadas para
esse tema, fui levado a refletir. Percebo
o público com o mesmo sentimento.
Mas, naturalmente, os critérios
relacionados à elaboração estética,
intelectual e artística se somam ao
conteúdo dos filmes.
A produção autoral
cumpre seu papel, mas
também é necessário que o
audiovisual seja provocado
a discutir temas candentes
no mundo.
8 Fica
A maioria dos filmes do Fica é de
documentários. A categoria ainda tem
pouco espaço nas salas brasileiras?
Sim, daí a importância do festival. Ao
premiar algumas obras, agrega valor
e lhes dá uma credencial para que se
apresentem em outros espaços. Mas é
um desafio e até poderia ser tema de
debate em um próximo Fica: de que
estratégias de distribuição esses filmes
precisam para cumprir plenamente seu
papel?
Quanto à seleção dos vencedores,
como foi a discussão entre os
membros do júri? Houve alguma
dificuldade?
Não, o júri era muito qualificado.
O primeiro desafio dos membros é
conversar muito para estabelecer
parâmetros comuns. As pessoas
precisam se conhecer e usar o mesmo
código para a discussão.
Essa conversa é feita antes de vocês
verem os filmes?
Isso é feito antes, durante e depois.
Mas foi tranquilíssimo, chegamos
a consenso com muita facilidade.
No momento final, a gente busca
enxergar o conjunto, os vários critérios
estilísticos e ambientais considerados.
O debate foi muito qualificado e
“Authorial production fulfils its role, but the
audiovisual also needs to be stimulated in order to
discuss the burning global issues.”
“La producción autoral cumple su papel, pero
también es necesario que el audiovisual sea
provocado a discutir temas candentes en el
mundo.”
What was it like to participate in the Festival?
¿Cómo fue participar del festival?
It was nice to see that it fulfills the role of
stimulating discussion by concentrating on
audiovisual production with a focus on the
environment. This atmosphere permeates the
town and I personally learned a lot from the films,
which challenge us to act both individually and
collectively, and participate in the environmental
agenda. Here at Fica, cinema is presented as a
tool whose aim is to inform, raise awareness and
provoke the audience.
Fue muy bueno notar que cumple el papel de
estimular la discusión, al hacer un recorte en la
producción audiovisual con foco en el medio
ambiente. Esa atmosfera permea la ciudad y yo
mismo aprendí mucho con las películas, que nos
presentan la necesidad de la acción, individual
y colectiva, y de la participación en la agenda
ambiental. Aquí el cine es colocado como
instrumento, que tiene el objetivo de informar,
sensibilizar y provocar a las plateas.
Is this an intrinsic characteristic of environmental
films?
Authorial production fulfils its role, but the
audiovisual also needs to be stimulated in order
to discuss the burning global issues. The Festival
proposes to establish a connection between the
cinematographic fact, which it means as language,
and its environmental role. I felt this because in
three days, after watching more than 20 hours of
information and denunciations on the subject, I
was forced to reflect. I think the public feel the
same. But, naturally, the criteria adopted for the
aesthetic, intellectual and artistic preparation add
to the content of the films.
Most Fica films are documentaries. Does this
category still have little space in Brazilian cinema
theatres?
Yes, hence the importance of the festival. When
certain works get awards, their value is enhanced
and they acquire credentials to be screened in
other areas. But this is a challenge and could
even be a subject for debate in a future Fica: what
distribution strategies do these films need to
adequately fulfill their role?
As far as the selection of winners is concerned,
what was the discussion like among the jurors?
Were there any difficulties?
No, the jury was very well qualified. For the
members, the first challenge is to talk together in
order to establish common parameters. People
need to get to know each other and use the same
code for discussion.
Is this talking done before you see the films?
It’s done before, during and after. But it was very
easy, we reached consensus with great ease.
At the final moment, we try to grasp the whole
picture, the various stylistic and environmental
criteria which were considered. The debate was
very enlightening and we were comfortable about
our choice of winners. With each competitor, we
questioned how it expressed the denunciations,
research and proposals to raise awareness, using
¿Esa es una característica intrínseca al cine
ambiental?
La producción autoral cumple su papel, pero
también es necesario que el audiovisual sea
provocado a discutir temas candentes en el
mundo. La propuesta del festival es establecer
una conexión entre el hecho cinematográfico,
qué significa como lenguaje, y su papel ambiental.
Sentí eso, pues en tres días, al ver más de 20 horas
de información y denuncias volcadas a ese tema,
fui llevado a reflexionar. Y percibo que el público
tiene el mismo sentimiento. Pero, naturalmente,
los criterios relacionados a la elaboración estética,
intelectual y artística se suman al contenido de las
películas.
La mayoría de las películas del Fica son
documentales. ¿La categoría aun tiene poco
espacio en las salas brasileñas?
Sí, de ahí la importancia del festival. Al premiar
algunas obras, agrega valor y les da una credencial
para que se presenten en otros espacios. Pero es
un desafío y hasta podría ser tema de debate en
un próximo Fica: ¿Qué estrategias de distribución
precisan esas películas para cumplir plenamente
su papel?
En cuanto a la selección de los vencedores,
¿cómo fue la discusión entre los miembros del
jurado? ¿Hubo alguna dificultad?
No, el jurado era muy calificado. El primer desafío
de los miembros es conversar mucho para
establecer parámetros comunes. Las personas
precisan conocerse y usar el mismo código para la
discusión.
¿Esa conversación es hecha antes de que Uds.
vean las películas?
La hacemos antes, durante y después. Pero
fue tranquilísimo, llegamos al consenso con
mucha facilidad. En el momento final, buscamos
mirar el conjunto, los varios criterios estilísticos
y ambientales considerados. El debate fue
muy calificado y estuvimos a voluntad para
establecer los ganadores. Delante de todos los
competidores, cuestionamos cómo la película
articuló la denuncia, la investigación y la propuesta
de sensibilización, con el lenguaje audiovisual.
Fica 9
Entrevista Interview Entrevista
ficamos confortáveis para estabelecer
os vencedores. Diante de todos os
concorrentes, questionamos como o
filme articulou a denúncia, a pesquisa
e a proposta de sensibilização, com
a linguagem audiovisual. Nossa
questão mais delicada foi como lidar
com tantos filmes bons. Há obras
que não ganharam prêmio, mas são
excelentes. Certamente receberão seu
reconhecimento em outras instâncias.
O conjunto dos filmes aponta para
o fortalecimento da produção nessa
área. Existe dinheiro para financiar e
há demanda, principalmente no meio
educacional.
Que outros pontos você destacaria, a
partir dos filmes exibidos?
Há produções importantíssimas do
ponto de vista da investigação e
da informação, que elaboram uma
pesquisa e chegam a uma denúncia.
Por exemplo, um que lida com
agrotóxicos na Argentina, e outro
que trata da exploração do trabalho
de uma população. São documentos
que devem provocar as instituições
da República a refletir sobre certas
questões. Há trabalhos aqui que
podem resultar em um grupo de
estudo ou trabalho, ou em que alguma
instituição se responsabilize por ir mais
fundo no que o filme está colocando.
Os mecanismos de incentivo à
cultura são muito importantes, o que
podemos notar pela grande produção
cinematográfica brasileira dos últimos
anos. Mas há críticas de que os
produtores às vezes se apoiam demais
nessas ferramentas. Em sua opinião, é
preciso encontrar um equilíbrio entre
10 Fica
o apoio governamental e a produção
independente?
Não há dúvida de que o Estado tem um
papel no desenvolvimento da cultura.
É uma vitória histórica termos ampliado
o consenso da sociedade brasileira, de
que o financiamento público em países
com o perfil do Brasil é importante para
alavancar a produção cultural.
No cinema, isso é mais importante
ainda pela maneira como o mercado
está estruturado, com baixa presença
da produção nacional no circuito
exibidor. O incentivo governamental é
natural, acontece na França, no Canadá
e em vários países do mundo. Porém,
as leis têm problemas. Por um lado,
viabilizam recursos para a cultura.
Mas está mais que provado, pelos
diagnósticos elaborados ao longo dos
anos, que elas geraram distorções, que
são debatidas pela sociedade. Pareceme que hoje estamos maduros para
avançar na direção de mecanismos
de financiamento que combinem o
incentivo fiscal com os fundos públicos.
Estes permitiriam o aporte direto de
investimento em áreas estratégicas, a
partir de editais ou de determinados
critérios, combinando democratização
com meritocracia. Acho que traria
mais equilíbrio, ampliando os recursos
para que mais produtores participem
do desenvolvimento da atividade,
sem perder de vista os critérios
estabelecidos. A dependência é ruim,
pois vira uma segurança em torno
da qual o realizador não tem de ter
qualidade. Isso acontece no Brasil.
A relação com o Estado é bem-vinda,
mas nunca podem ser esquecidos o
acompanhamento e o monitoramento
[da atividade].
audiovisual language. Our most sensitive issue was
how to deal with so many good films. Some works
that were not awarded are excellent. They will
undoubtedly receive recognition elsewhere. All the
films point to the strengthening of production in
this area. Funding is available and there is demand,
especially in the educational field.
What other points would you highlight about the
films shown?
There are some very significant productions from
the standpoint of investigation and information,
and research leading up to a denunciation. For
example, there is one dealing with pesticides
in Argentina and another on the exploitation of
labor. These are documents which should trigger
governmental institutions to reflect on certain
issues. There are works here which could result
in a study or work group, or in an institution
assuming responsibility for going deeper into what
the film presents.
Culture incentive mechanisms are very important,
as we can see from the great Brazilian film
production on recent years. But producers are
sometimes criticized for over relying on these
mechanisms. In your opinion, is there a need to
find a balance between government support and
independent production?
There is no doubt about it that the State has a role
to play in the development of culture. But it is a
historic victory that consensus in Brazilian society
has increased with regard to the fact that public
financing in countries with profiles like Brazil’s is
important to back cultural production. In cinema,
this is even more important because of the way
the market is structured, with very little screening
of national production. Government incentives are
natural, it happens in France, Canada and other
countries around the world. However, legislation
is problematic. On the one hand, it provides
funds for culture. But it has been proven, through
analyses down the years, that this has generated
distortions, which are being debated by society.
It seems to me that today we are mature enough
to move towards financing mechanisms which
combine tax incentives with public funding. These
could allow for direct investment in strategic areas,
based on tenders or certain criteria combining
democratization with meritocracy. I think this
would bring greater balance and increase funding
so that more producers could participate, without
losing sight of the criteria established. Dependency
is negative when it becomes a walking stick for
the director, and he doesn’t worry about achieving
good quality. It happens in Brazil. The relationship
with the State is welcome, but supervision and
monitoring must always be present.
Nuestra cuestión más delicada fue como lidiar con
tantas películas buenas. Hay obras que no fueron
premiadas, pero son excelentes. Ciertamente
recibirán su reconocimiento en otras instancias. El
conjunto de las películas apunta al fortalecimiento
de la producción en esa área. Existe dinero para
financiar y hay demanda, principalmente en el
medio educativo.
¿Qué otros puntos destacaría, a partir de las
películas exhibidas?
Hay producciones importantísimas del punto de
vista de la investigación y de la información, que
elaboran un estudio y llegan a una denuncia. Por
ejemplo, uno que trata sobre agrotóxicos en la
Argentina, y otro que versa sobre la explotación
del trabajo de una población. Son documentos
que deben provocar a las instituciones de la
República a reflexionar sobre ciertas cuestiones.
Hay trabajos aquí que pueden resultar en un grupo
de estudio o trabajo, o en que alguna institución
se responsabilice por ir más hondo en lo que la
película está poniendo.
Los mecanismos de incentivo a la cultura son
muy importantes, lo que podemos notar por
la gran producción cinematográfica brasileña
de los últimos años. Pero hay críticas de que
los productores a veces se apoyan demasiado
en esas herramientas. En su opinión, ¿és
preciso encontrar un equilibrio entre el apoyo
gubernamental y la producción independiente?
No hay duda de que el Estado tiene un papel en
el desarrollo de la cultura. Es una victoria histórica
haber ampliado el consenso de la sociedad
brasileña, de que el financiamiento público en
países con el perfil de Brasil es importante para
estimular la producción cultural. En el cine, eso
es más importante aun por el modo como está
estructurado el mercado, con baja presencia de
la producción nacional en el circuito exhibidor.
El incentivo gubernamental es natural, acontece
en Francia, en Canadá y en varios países del
mundo. Sin embargo, las leyes tienen problemas.
Por un lado, viabilizan recursos para la cultura.
Pero está más que probado, por los diagnósticos
elaborados a lo largo de los años, que han
generado distorsiones, que son debatidas por la
sociedad. Me parece que hoy estamos maduros
para avanzar en la dirección de mecanismos de
financiamiento que combinen el incentivo fiscal
con los fondos públicos. Estos permitirían el
aporte directo de inversión en áreas estratégicas,
a partir de licitación o de determinados criterios,
combinando democratización con meritocracia.
Creo que aportaría más equilibrio, ampliando los
recursos para que más productores participen
del desarrollo de la actividad, sin perder de vista
los criterios establecidos. La dependencia es
mala, pues se vuelve una seguridad alrededor de
la cual el realizador no tiene que tener calidad.
Fica 11
Entrevista Interview Entrevista
Que ferramentas podem ser usadas
nesse monitoramento?
A gestão pública tem de ser munida
cada vez mais de critérios. Discutir
qualidade tem de deixar de ser tabu.
A análise de projeto e orçamento
tem de se profissionalizar, deve haver
transparência e participação da
sociedade. A questão de se os filmes
fazem público, ou não, também tem
de ser debatida. É preciso ver as obras.
Hoje se investe mais em cinema do que
na época da Embrafilme, mas naquela
época se via mais o filme brasileiro.
Como alavancar a distribuição e a
exibição? Se isso não é discutido,
se fortalece o discurso contrário ao
papel do Estado na cultura. Em toda
crise que bate à porta da cultura, volta
esse discurso. “Para que Ministério
da Cultura? Para que orçamento
cultural?” Acham que é uma grande
roubalheira e provocam uma discussão
desqualificada, que cresce se a gente
não faz o trabalho direito.
No ano passado, o governo mandou
para o Congresso um novo texto para
substituir a Lei Rouanet. Quais são seus
principais pontos?
O mais importante é a transformação
do Fundo Nacional de Cultura (FNC) na
principal fonte de recursos, permitindo
Não é possível
continuarmos
transferindo patrimônio
simbólico da cultura
brasileira para as
empresas, e elas não
pagarem nada por isso.
12 Fica
What tools can be used for monitoring?
Discutir qualidade tem
de deixar de ser tabu.
“The discussion of quality can no longer be taboo.”
“Discutir calidad tiene que dejar de ser tabú.”
que a ferramenta trabalhe com Estados
e municípios e crie fundos setoriais de
apoio direto aos artistas, para que eles
não precisem ficar passando o pires ao
patrocinador. Isso é republicanizar o
dinheiro público da cultura e fortalecer
um mecanismo essencial de gestão
cultural. Outro ponto importante é
o fim aos 100% de renúncia fiscal
[por parte do apoiador de projetos
culturais]. O empresário que botar sua
marca terá de pagar um pouco. Não
é possível continuarmos transferindo
patrimônio simbólico da cultura
brasileira para as empresas, e elas não
pagarem nada por isso. É questão de
dignidade e lógica. A criação do Vale
Cultura também é relevante. Em vez de
colocar todo o dinheiro na produção,
que se crie outra janela, ao investir
R$ 3 bilhões para que 14 milhões de
famílias consumam livros, ingressos
de cinema... O Vale Cultura deve
funcionar como o tíquete refeição.
Public administration must be guided by more
and more criteria. The discussion of quality
can no longer be a taboo. Analyses of projects
and budgets must be professional, there must
be transparency and public participation. The
question of whether the movies attract the public
or not must also be discussed. The works have
to be seen. Today we invest more in film than at
the time of Embrafilme (State film company that
worked from 1969 to 1990), but more Brazilian
films were seen then. How do you encourage
distribution and screening? If this is not discussed,
it strengthens the arguments against the State’s
role in culture. In every crisis involving culture,
the same question emerges. “What’s the point of
a Ministry for Culture? Why a cultural budget?”
People think it’s daylight robbery and start a bad
quality discussion, which increases even further if
we don’t do our job properly.
Last year, the Government sent Congress a new
text to replace the Rouanet Law. What are its
main points?
The most important is the transformation of
the National Culture Fund into the main source
of funding. This means it can work with states
and municipalities and create sectoral funds
for direct support to the artists, so that they do
not have to beg sponsors for funds. This means
republicanizing public money for culture and
strengthening a key mechanism of cultural
management. Another important point is the
end of the 100% tax waiver [for supporters of
cultural projects]. The entrepreneur who gets his
brand name put out there has to pay a little. We
cannot go on transferring the symbolic heritage
of Brazilian culture to business scot-free. It is a
question of dignity and logic. The setting up of
the Culture Voucher is also significant. Instead of
investing everything in production, another door
should be opened with the investment of R$3
billion for 14 million families to get books, movie
tickets ... The Culture Voucher should work like a
meal voucher. These are mechanisms which will
allow for a reconfiguration of the current model.
How are these projects being handled at the
Congress?
“We cannot go on transferring the symbolic heritage of Brazilian culture to business scot-free.”
“No es posible seguir transfiriendo patrimonio
simbólico de la cultura brasileña a las empresas, y
que no paguen nada por ello.”
The commitment of the present team at the
Ministry for Culture is needed so that the projects
are analyzed and approved. There is concern
that they should not be modified or returned to
the ministry as that would be a great waste of
time. It would be a repetition of what has already
been done when, in fact, advantage should be
taken of this opportunity to set a new standard of
legislation in Brazil.
Eso sucede en Brasil. La relación con el Estado es
bienvenida, pero nunca pueden ser olvidados el
seguimiento y el monitoreo [de la actividad].
¿Qué herramientas pueden ser usadas en ese
monitoreo?
La gestión pública tiene de ser provista cada
vez más de criterios. Discutir calidad tiene
que dejar de ser tabú. El análisis de proyecto y
presupuesto tiene que profesionalizarse, debe
haber transparencia y participación de la sociedad.
La cuestión de que si las películas hacen público,
o no, también tiene que ser debatida. Es preciso
ver las obras. Hoy se invierte más en cine que en
la época de la Embrafilme (empresa del Estado
que funcionó de 1969 hasta 1990), pero en aquella
época se veían más películas brasileñas. ¿Cómo
estimular la distribución y la exhibición? Si eso no
es discutido, se fortalece el discurso contrario al
papel del Estado en la cultura. En toda crisis que
golpea la puerta de la cultura, vuelve ese discurso.
“¿Para qué Ministerio de Cultura? ¿Para qué
presupuesto cultural?” Creen que es un gran robo
y provocan una discusión descalificadora, que
crece si no hacemos bien nuestro trabajo.
El año pasado, el gobierno mandó al Congreso
un nuevo texto para substituir a la Ley Rouanet.
¿Cuáles son sus principales puntos?
El más importante es la transformación del Fondo
Nacional de Cultura (FNC) en la principal fuente de
recursos, permitiendo que la herramienta trabaje
con Estados y municipios y cree fondos sectoriales
de apoyo directo a los artistas, para que estos no
precisen estar pasando el platito al patrocinador.
Eso es republicanizar el dinero público de la
cultura y fortalecer un mecanismo esencial de
gestión cultural. Otro punto importante es el fin
del 100% de renuncia fiscal [por parte de quien
apoya proyectos culturales]. El empresario que
coloque su marca tendrá que pagar un poco.
No es posible seguir transfiriendo patrimonio
simbólico de la cultura brasileña a las empresas,
y que no paguen nada por ello. Es cuestión de
dignidad y lógica. La creación del Vale Cultura
también es relevante. En vez de colocar todo el
dinero en la producción, que se cree otra ventana,
al invertir R$ 3 mil millones para que 14 millones
de familias consuman libros, entradas de cine...
El Vale Cultura debe funcionar como el ticket
comida. Son mecanismos que van a permitir una
reconfiguración del modelo actual.
¿Cómo está la tramitación de esos proyectos?
Precisa empeño de la actual gestión del Ministerio
de Cultura (MinC), para que eso tramite y sea
aprobado. La preocupación es que no sean
modificados ni devueltos al ministerio, pues sería
una pérdida de tiempo muy grande. Se repetiría
lo que ya fue hecho, en vez de aprovechar la
oportunidad para configurar un nuevo nivel de
legislación en el Brasil.
Fica 13
Entrevista Interview Entrevista
São mecanismos que vão permitir uma
reconfiguração do modelo atual.
Como está a tramitação desses
projetos?
Precisa de empenho da atual gestão
do Ministério da Cultura (MinC), para
que isso tramite e seja aprovado. A
preocupação é que eles não sejam
modificados nem devolvidos para o
ministério, pois seria uma perda de
tempo muito grande. Se repetiria o que
já foi feito, em vez de se aproveitar a
oportunidade para configurar um novo
patamar de legislação no Brasil.
Sobre o Vale Cultura, o que dizer
diante da crítica de que usará dinheiro
público para aumentar, principalmente,
o acesso a produções populares e de
viés comercial?
Discordo da crítica. Pois, se o Vale
limitasse a escolha do trabalhador,
suscitaria perguntas sem resposta,
como “o que é cultura densa ou
apropriada”? Não nos esqueçamos que
o samba sofreu preconceito quando
ainda não era visto como legítimo pelas
instituições oficiais ou por um crivo
elitizado. Para ampliar o repertório e
qualificar o consumo, existem projetos
como o Programadora Brasil [que
oferece filmes e vídeos para exibidores
não comerciais, a exemplo de escolas
ou cineclubes]. O Vale Cultura tem
outro objetivo: ampliar o consumo
de bens culturais numa faixa da
população que não tem acesso a eles.
E não faz sentido, no momento em
que se amplia isso, criar algum recorte
específico [do que deve ou não ser
consumido].
Como é possível estimular que os
filmes brasileiros sejam colocados em
cartaz e assistidos?
É preciso subsidiar a expansão das salas
de cinema, cujo circuito é pequeno no
Brasil. Não há mais do que 3 mil salas,
uma das mais baixas relações sala/
habitante do mundo. Em troca, seriam
criadas condicionantes para garantir a
exibição do filme brasileiro. Se quiser
o subsídio, tem de passar o filme
nacional em determinada quantidade
de semanas e meses. Também é
preciso haver produções para os
diversos segmentos que não têm
hábito de ver filme brasileiro. Para isso,
é preciso aliar a criatividade dos artistas
com o desenvolvimento de estratégias
e a realização de pesquisas sobre esses
públicos.
Quando está em Santa Catarina, você
falou que sente falta do Cerrado.
Sentiu-se um pouco em casa, durante
o Fica?
Sem dúvida, sempre que estou no
Cerrado me sinto em casa. Espero,
inclusive, que o bioma receba as
medidas de proteção que são urgentes,
emergenciais, e das quais dependem o
futuro desse sistema ambiental.
Se o Vale Cultura limitasse
a escolha do trabalhador,
suscitaria perguntas
sem resposta, como ‘o
que é cultura densa ou
apropriada?’
“Si el Vale Cultura limitara la elección del
trabajador, suscitaría preguntas sin respuesta,
como ‘¿qué es cultura densa o apropiada? ’.”
With regard to the Culture Voucher, how do you
deal with the criticism that public money will
be used mainly to increase access to popular
productions of a commercial nature?
Sobre el Vale Cultura, ¿qué decir frente a la crítica
de que usará dinero público para aumentar,
principalmente, el acceso a producciones
populares y de sesgo comercial?
I disagree with this criticism. Because, if the
Culture Voucher limited the choice of the worker,
it would raise unanswerable questions, like “what is
appropriate or highbrow culture?” Let’s not forget
that samba suffered prejudice when it was as yet
not considered legitimate by official institutions or
elitist evaluation. In order to expand the repertoire
and improve quality there are projects like
Programadora Brasil [which offers films and videos
for non-commercial screening in places such as
schools and film clubs]. The Culture Voucher has
another goal: to increase the consumption of
cultural goods by that section of the population
without access. And it makes no sense at this time
of expansion to create any specific category [of
what should or should not be consumed].
Estoy en desacuerdo con la crítica. Pues, si el
Vale limitara la elección del trabajador, suscitaría
preguntas sin respuesta, como “¿qué es cultura
densa o apropiada”? No nos olvidemos que la
samba sufrió prejuicios cuando todavía no era
visto como legítima por las instituciones oficiales
o por un tamiz de elite. Para ampliar el repertorio
y calificar el consumo, existen proyectos como la
Programadora Brasil [que ofrece películas y videos
para exhibidores no comerciales, a ejemplo de
escuelas o cineclubes]. El Vale Cultura tiene otro
objetivo: ampliar el consumo de bienes culturales
en una franja de la población que no tiene acceso
a ellos. Y no tiene sentido, en el momento en que
se amplía eso, crear algún recorte específico [de lo
que debe o no ser consumido].
How can we encourage the screening and
watching of Brazilian films?
We need to subsidize the expansion of cinema
theatres as there are relatively few in Brazil. There
are no more than 3.000 theatres, one of the
lowest inhabitant/theatre ratios in the world. In
return, conditions would be created to ensure
the screening of Brazilian films. If you want to get
the subsidy, you must screen a national film for a
certain number of weeks and months. There must
also be film productions for the various segments
not used to watching Brazilian movies. For this,
we must combine the creativity of artists and the
promotion of strategies and research into these
groups.
When you were in Santa Catarina, you said you
missed the Cerrado. Have you been feeling a bit
at home during Fica?
Certainly, whenever I’m in the Cerrado I feel at
home. I would also hope that the biome receives
those urgent and crucial protective measures on
which its future depends.
14 Fica
“If the Culture Voucher limited the choice of the
worker, it would raise unanswerable questions,
like ‘what is appropriate or highbrow culture?’”
¿Como es posible estimular que las películas
brasileñas sean colocadas en cartel y vistas?
Es preciso subsidiar la expansión de las salas de
cine, cuyo circuito es pequeño en el Brasil. No hay
más que 3 mil salas, una de las más bajas relaciones
sala/habitante del mundo. En cambio, se crearían
condicionantes para garantizar la exhibición de la
película brasileña. Si quiere el subsidio, tiene que
pasar películas nacionales determinada cantidad
de semanas y meses. También es preciso que haya
producciones para los diversos segmentos que
no tienen por hábito ver películas brasileñas. Para
eso, es preciso aliar la creatividad de los artistas
con el desarrollo de estrategias y la realización de
pesquisas sobre esos públicos.
Cuando está en Santa Catarina, Ud. dijo que
extraña el Cerrado. ¿Se sintió un poco en casa,
durante el Fica?
Sin duda, siempre que estoy en el Cerrado me
siento en casa. Espero, incluso, que el bioma
reciba las medidas de protección que son
urgentes, de emergencia, y de las cuales depende
el futuro de ese sistema ambiental.
Fica 15
Capa Cover Portada
Ótimos filmes
e bons debates
Great films and fruitful discussions
Excelentes películas y buenos debates
Esses foram os pontos mais destacados do XIII Fica, que mais uma vez acolheu
milhares de pessoas para discutir cinema e meio ambiente na Cidade de Goiás
Texto: Elisa A. França
These were the highlights of the XIII Fica, which once again in the town of Goiás hosted
thousands of people to discuss cinema and the environment
Esos fueron los puntos más destacados del XIII Fica, que una vez más acogió miles de
Cristiano Borges
personas para discutir cine y medio ambiente en la Ciudad de Goiás
16 Fica
Fica 17
Competitive screening at the São Joaquim
Muestra competitiva en el São Joaquim
Dava gosto, nos últimos dias
do festival, ouvir os participantes
empolgados contarem como havia sido
o XIII Fica até então. Deu até para notar
uma certa tristeza na voz de alguns deles,
ao se despedir de recém-amigos que,
com o fim do evento, partiriam para suas
terras em algum lugar do Brasil. Ou do
mundo, já que também se ouviam outras
línguas pelas ruas da Cidade de Goiás,
como francês, inglês e chinês.
No balanço geral, o que mais se
comentou foram os encontros de
cineastas, realizados durante três
18 Fica
dias no Hotel Casa da Ponte, e a rede
de contatos que cada um conseguiu
estabelecer em mais essa edição do Fica,
realizada de 14 a 19 de junho último.
A boa qualidade dos filmes da mostra
competitiva também demonstrou que ela
amadurece a olhos vistos.
“Foi uma das melhores edições do
festival, em termos de cinema”, afirma
Lisandro Nogueira, professor da
Universidade Federal de Goiás (UFG)
e consultor do evento na área. Para
ele, um dos principais motivos está na
seleção das obras participantes, cujos
Fórum ambiental no Convento do Rosário
Environmental Forum at the Rosário Convent
Forum medioambiental en el Convento del Rosário
| It was lovely during the last days of the Festival to
hear excited participants talking about how the XIII
Fica had been going. A little tinge of sadness had
crept into some of their voices, saying goodbye
to new friends who, with the end of the event,
were returning home to somewhere in Brazil. Or
indeed abroad, as other languages, such as French,
English and Chinese were also heard on the streets
of the town of Goiás.
On balance, what was most commented on was
the meetings of the filmmakers held over three
days at the Casa da Ponte hotel, and the network
of contacts that each had made during this edition
of Fica, from June 14 to 19. The quality of the films
in the competitive screening also demonstrated
that its maturity is visible for all to see.
“It has been one of the best editions of the festival
in terms of cinema”, says Lisandro Nogueira,
professor at Universidade Federal de Goiás (UFG)
Cristiano Borges
Mostra competitiva no São Joaquim
Cristiano Borges
Capa Cover Portada
|| Daba gusto, en los últimos días del festival, oír a los
participantes entusiasmados contar como había sido
el XIII Fica hasta entonces. Se notó incluso una cierta
tristeza en la voz de algunos de ellos, al despedirse
de los nuevos amigos que, con el fin del evento,
partirían hacia sus tierras en algún lugar de Brasil. O
del mundo, ya que también se oían otras lenguas por
las calles de la Ciudad de Goiás, como francés, inglés
y chino.
En el balance general, lo que más se comentó fueron
los encuentros de cineastas, realizados durante tres
días en el Hotel Casa da Ponte, y la red de contactos
que cada uno consiguió establecer en esta edición
del Fica, realizada de 14 a 19 de junio último.
La buena calidad de las películas de la muestra
competitiva también demostró que la misma madura
cada vez más.
“Fue una de las mejores ediciones del festival,
en términos de cine”, afirma Lisandro Nogueira,
Fica 19
Cristiano Borges
Capa Cover Portada
Projeções nas paredes históricas chamaram atenção
Screenings on the historical walls called attention
Proyecciones en las paredes históricas llamaran la atención
responsáveis são ligados ao cinema e ao
meio ambiente. “A produção audiovisual
em Goiás também melhora a cada ano
e o Fica é uma amostra disso”, diz. As
oficinas e os cursos, segundo Lisandro,
também foram muito bem avaliados.
No que tange aos debates dos cineastas,
realizados nas últimas quatro edições,
trata-se de um dos momentos mais
importantes. “Antes, eles reclamavam
que não havia discussão e troca entre
os realizadores brasileiros entre si ou
com os estrangeiros”, conta Lisandro.
“O festival é um fórum privilegiado para
20 Fica
isso e, de acordo com a organização, o
nível dos debates está cada vez melhor”.
O produtor cultural Christian Cunha, de
Pernambuco, foi um dos participantes
que levou, na bagagem de volta para
casa, vários contatos para parcerias.
Inclusive visando à realização da
primeira mostra de cinema e vídeo
ambiental de Recife (PE), em novembro.
Parte da programação será levada do
XIII Fica, segundo ele. “Quero deixar na
capital pernambucana um pouco do
DNA do festival goiano”, diz. Até mão
de obra vila-boense ele importará.
and film consultant for ​​the event. For him, one of
the main reasons for this lies in the selection of
works, made by people connected to the cinema
and the environment. “Audiovisual production in
Goiás improves by the year and Fica is a proof of
that”, he says. The workshops and courses were
also very well evaluated, according to Lisandro.
The filmmakers’ discussions, which happened in
the last four editions, have been very significant.
“Before that, there were complaints that there
was no discussion or exchange among Brazilian
filmmakers themselves or with the foreigners”,
says Lisandro. “The festival is an excellent forum
for this and, according to the organizers, the level
of discussion is getting better by the day.”
The Pernambuco cultural producer, Christian
Cunha, was one of the participants who took
various contacts for partnerships home with him.
Even contacts for holding the first environmental
profesor de la Universidade Federal de Goiás (UFG)
y consultor del evento en el área. Para él, uno de los
principales motivos está en la selección de las obras
participantes, cuyos responsables están ligados al
cine y al medio ambiente. “La producción audiovisual
en Goiás también mejora cada año y el Fica es una
muestra de eso”, dice. Los talleres y los cursos, según
Lisandro, también fueron muy bien evaluados.
En lo que se refiere a los debates de los cineastas,
realizados en las últimas cuatro ediciones, se
trata de uno de los momentos más importantes.
“Antes, ellos reclamaban que no había discusión e
intercambio entre los realizadores brasileños entre
sí o con los extranjeros”, cuenta Lisandro. “El festival
es un foro privilegiado para eso y, de acuerdo con la
organización, el nivel de los debates está cada vez
mejor”.
El productor cultural Christian Cunha, de
Pernambuco, fue uno de los participantes que se
Fica 21
Cristiano Borges
Capa Cover Portada
“Vou contratar o senhor Eudaldo
Guimarães, que toma conta do acervo e
trabalha na projeção”.
Já o cantor e guitarrista francês Manu
Chao – uma das estrelas musicais, ao
lado das brasileiras Rita Lee e Maria Rita –
falou um pouco sobre como é importante
o papel de cada um na redução do
impacto da humanidade sobre o meio
ambiente. O artista, que mora em
22 Fica
Manu Chao foi a atração musical internacional do evento
Manu Chao was the international music artist of the event
Manu Chao fue la atracción musical internacional del evento
Barcelona (Espanha), não possui carro,
pois prefere a bicicleta e o transporte
coletivo – que funciona muito bem
na capital da Catalunha. E costuma
surpreender catalães que se deparam
com ele nas ruas, ou dentro de ônibus
e trens do metrô. “Sei que pensam ‘esse
cara é doido’”, diverte-se. “Mas andar
de bicicleta em Barcelona é uma das
maiores felicidades da minha vida”.
film and video screening in Recife, in November. A
part of this program will be taken from XIII Fica, he
said. “I want to implant a little of the DNA of the
Goiás festival in the capital of Pernambuco”, he
says. He will even import Goiás labor. “I’m going to
hire Mr. Eudaldo Guimarães, who takes care of the
collection and projection of the films.”
The French guitarist and singer Manu Chao –
one of the Festival’s musical stars, along with
the Brazilians Rita Lee and Maria Rita – talked a
bit about the importance of the role that each
of us has in reducing the human impact on the
environment. The artist, who lives in Barcelona
(Spain), has no car because he prefers his bicycle
and the public transport, which works very well in
the capital of Catalunha. And he often surprises
Catalans who meet him on the streets, or on the
buses or subways. “I know they think ‘that guy is
crazy’”, he says, “but cycling in Barcelona is one of
the greatest joys of my life.”
llevó, en la maleta de vuelta a casa, varios contactos
para sociedades. Incluso teniendo en cuenta la
realización de la primera muestra de cine y video
ambiental de Recife (PE), en noviembre. Parte de
la programación será llevada del XIII Fica, según él.
“Quiero dejar en la capital pernambucana un poco
del ADN del festival goiano”, dice. Hasta mano de
obra de Goiás importará. “Voy a contratar al señor
Eudaldo Guimarães, que se ocupa del acervo y
trabaja en la proyección”.
El cantante y guitarrista francés Manu Chao – una
de las estrellas musicales, al lado de las brasileñas
Rita Lee y Maria Rita – habló un poco sobre como
es importante el papel de cada uno en la reducción
del impacto de la humanidad sobre el medio
ambiente. El artista, que vive en Barcelona (España),
no posee automóvil, pues prefiere la bicicleta y
el transporte colectivo – que funciona muy bien
en la capital de Cataluña. Y suele sorprender a los
catalanes que se lo encuentran por las calles, o
dentro de ómnibus y vagones del metro. “Sé que
piensan ‘este tipo está loco’”, se divierte. “Pero andar
en bicicleta en Barcelona es una de las mayores
felicidades de mi vida”.
Fica 23
Capa Cover Portada
Palestrantes
destacados
Noteworthy speakers
Conferencistas destacados
O último Fica também contou com a
participação de três nomes importantes
do cinema e do movimento
ambientalista nacional, além do
psicanalista Contardo Calligaris. Veja
alguns destaques:
Three big names from the cinema and the
national environmental movement, as well
as the psychoanalyst Contardo Calligaris,
Arnaldo Jabor
Comentarista, cronista e cineasta, foi
o homenageado da Mostra do Cinema
Brasileiro do XIII Fica
Nunca vamos chegar a um cinema
definitivo, a um mundo definitivamente
harmônico ou a uma solução
definitivamente alcançada.
A revolução digital é uma coisa
fundamental na história da humanidade.
Acho que talvez seja mais importante do
que a própria imprensa e a Renascença.
Esse susto [das mudanças tecnológicas]
está se refletindo em muitos filmes que às
vezes não sabem exatamente o que dizer.
Mas eu acho isso bom, porque provoca
uma perplexidade que é mais fecunda
do que uma certeza.
participated in the recent Fica. Here are
some highlights:
El último Fica también contó con la
participación de tres nombres importantes
del cine y del movimiento ambientalista
nacional, además del psicoanalista Contardo
Calligaris. Vea algunos puntos destacados
de sus charlas:
| Commentator, columnist and filmmaker he was
honored at the XIII Fica Brazilian Cinema Screening
“We will never reach a definitive cinema, or a world
definitely harmonious, nor a definitive solution.”
“The digital revolution has been fundamental
for human history. I think it may be even more
significant than the press itself or the Renaissance.”
“This fear [of technological changes] is being
reflected in many films which sometimes do not
know exactly what to say. But I think that’s good,
because it sparks a bewilderment, which is more
fruitful than a certainty.”
|| Comentarista, cronista y cineasta, fue el
homenajeado de la Muestra del Cine Brasileño del
XIII Fica
“Nunca vamos a llegar a un cine definitivo, a un
mundo definitivamente armónico o a una solución
definitivamente alcanzada.”
“Ese susto [de los cambios tecnológicos] se está
reflejando en muchas películas que a veces no saben
exactamente qué decir. Pero eso me parece bien,
porque provoca una perplejidad que es más fecunda
que una seguridad.”
24 Fica
Silvio Quirino
“La revolución digital es una cosa fundamental en la
historia de la humanidad. Creo que tal vez sea más
importante que la propia prensa y el Renacimiento.”
Fica 25
Cacá Diegues
Fernando Gabeira
Diretor de 17 longas-metragens, é um dos
mais importantes cineastas brasileiros.
Presidiu o júri do festival
Jornalista e ex-deputado federal, escreveu
Goiânia, rua 57: o nuclear na terra do sol,
sobre o acidente do césio 137, ocorrido em
1987
Nunca vivi um momento tão rico, diverso,
fértil e poderoso na história do cinema
brasileiro. É a primeira vez que sinto
que nossa produção está se tornando
permanente, que não se trata
de mais um ciclo.
Um país sem cinema é como uma casa
sem espelho.
| Director of 17 feature films and one of the most
important Brazilian filmmakers. He chaired the Festival
jury
“On the environmental theme, Fica is one of the world’s
most significant. And the quality of the films is getting
better. Great works were shown this week.”
“I’ve never experienced such a profound, varied,
fruitful and powerful moment in the history of Brazilian
cinema. It is the first time I have felt that our production
is becoming permanently established, that it’s not just
another cycle.”
Silvio Quirino
Imediatamente, no mundo, houve uma
decisão de rever o sistema de segurança
das usinas nucleares. Menos no Brasil.
Conheço a região de Angra dos Reis e sei
que ali as montanhas costumam desabar,
elas são muito instáveis. Na estrada
(BR-101), também não há condições de
circular facilmente. Há verões em que
ocorrem 119 pontos de engarrafamento ali.
| Journalist and former congressman who wrote
Goiânia, 57th Street: nuclear in the land of the sun,
about the cesium-137 accident , that took place in
1987
|| Director de 17 largometrajes, es uno de los más
importantes cineastas brasileños. Presidió el jurado del
festival
“In the Fukushima nuclear disaster, there was one
factor not present in other such disasters – neither
in Chernobyl, Three Mile Island nor the cesium 137
in Goiânia. Whereas, we accompanied the Japanese
disaster practically live and online. This involved
the fundamental question of transparency and
democracy.”
“En esa temática ambiental, el Fica es uno de los más
importantes del mundo. Y la calidad de las películas es
cada vez mejor, tuvimos grandes obras esta semana.”
“All over the world, there was an immediate decision
to review the security systems of nuclear power
stations. Except in Brazil.”
“Nunca viví un momento tan rico, diverso, fértil
y poderoso en la historia del cine brasileño. Es la
primera vez que siento que nuestra producción se está
volviendo permanente, que no se trata solo de un ciclo
más.”
“I know the Angra dos Reis region well and I know
that there are often landslides there, the mountains
are very unstable. On the BR-101 highway, you can’t
drive freely. At summer there are 119 bottleneck points
there.”
“A country without cinema is like a house without
mirrors.”
26 Fica
No desastre nuclear de Fukushima (Japão),
houve um fator que não estava presente
nos outros desastres – o de Chernobil,
o de Three Mile Island e o do césio
137 em Goiânia. Ele era acompanhado
praticamente ao vivo e online. Isso
joga com a questão fundamental da
transparência e da democracia.
Flávio Isaac
Nessa temática ambiental, o Fica é um dos
mais importantes do mundo. E a qualidade
dos filmes está cada vez melhor, tivemos
grandes obras passando essa semana.
|| Periodista y ex diputado federal, escribió Goiânia,
calle 57: el nuclear en la tierra del sol, sobre el
accidente del cesio 137, ocurrido en 1987
“En el desastre nuclear de Fukushima (Japón),
hubo un factor que no estaba presente en los otros
desastres – el de Chernobyl, el de Three Mile Island
y el del cesio 137 en Goiânia. Era acompañado
prácticamente en vivo y online. Eso juega con la
cuestión fundamental de la transparencia y de la
democracia”.
“Inmediatamente, en el mundo, hubo una decisión
de rever el sistema de seguridad de las usinas
nucleares. Menos en Brasil.”
“Conozco la región de Angra dos Reis y sé que allí las
montañas suelen desmoronarse, son muy inestables.
En la carretera (BR-101), tampoco hay condiciones
para circular fácilmente. En algunos veranos ocurren
119 puntos de atascamiento de tránsito.”
“Un país sin cine es como una casa sin espejo”.
Fica 27
Capa Cover Portada
Capa Cover Portada
Números do XIII FICA
Contardo Calligaris
XIII numbers FICA
Números del XIII FICA
Psicanalista italiano radicado no
Brasil, doutor em psicologia clínica e
colunista da Folha de S. Paulo
5
7
25
30
1.200
3.500
50.000
dias de evento
A espécie humana é um grande
estorvo para o mundo, mas para o
universo é insignificante.
| days of events
|| días de evento
Fantasiamos o tempo inteiro sobre
a nossa morte e o desaparecimento
da espécie.
filmes na Mostra do Cinema Brasileiro
| films in Brazilian Cinema screening
|| películas en la Muestra del Cine Brasileño
| Italian psychoanalist living in Brazil, PhD in
clinical psychology and Folha de S. Paulo
columnist
filmes na mostra paralela da IX ABD
| films in IX ABD parallel screening
“Mankind is a major hindrance for the world, but
for the universe it is insignificant.”
|| películas en la muestra paralela de la IX ABD
“We fantasize all the time about death and the
disappearance of our species.”
filmes na mostra competitiva
|| Psicoanalista italiano radicado en Brasil, doctor
en psicología clínica y columnista de Folha de
S. Paulo
| films in the competitive screening
|| películas en la muestra competitiva
“La especie humana es un gran estorbo para el
mundo, pero para el universo es insignificante.”
“Fantaseamos todo el tiempo sobre nuestra
muerte y la desaparición de la especie.”
inscritos em cursos e oficinas
| enrolled for courses and workshops
|| inscriptos en cursos y talleres
participantes de fóruns e palestras
| participants in forums and lectures
Silvio Quirino
|| participantes de foros y conferencias
28 Fica
visitantes no show de encerramento
| visitors at the closing show
|| visitantes en el show de cierre
Fica 29
Fica
Aos melhores,
os troféus
| For the best, there are trophies
|| A los mejores, los trofeos
Texto: Elisa A. França
Foto: Silvio Quirino
O cineasta Cacá Diegues, presidente
do júri do XIII Fica, já havia avisado:
o primeiro critério para a escolha
dos melhores filmes é o gosto dos
jurados. Mas, claro, sem desconsiderar
a linguagem cinematográfica e seu
conteúdo ambiental.
Foi assim que o produtor de Cinco
vezes favela – agora por nós mesmos,
junto a seus companheiros de maratona
cinematográfica, elegeu como vencedora
a obra Bicicletas de Nhanderu, feita por
índios da etnia Guarani Mbya. Enquanto
Cinco vezes... é fruto de oficinas
ministradas a moradores de favelas do Rio
de Janeiro, Bicicletas... faz parte do Vídeo
nas Aldeias, programa que há quase 15
anos capacita e fornece equipamentos de
vídeo para povos indígenas de 14 Estados
30 Fica
Oito obras foram premiadas no
festival, cujo primeiro lugar foi
ocupado por uma produção
indígena
| Eight films were awarded prizes at the
Festival, and the first went to an indian
production
Os grandes vencedores
|| Ocho obras fueron premiadas en el festival,
cuyo primer lugar fue ocupado por una
producción indígena
do país. No caso em questão, a filmagem
teve lugar no Rio Grande do Sul.
Além desse e dos outros sete coroados
– que levaram prêmios de R$ 10 mil a R$
50 mil – o média-metragem A terra da lua
partida (RJ), de Marcos Negrão e André
Rangel, foi apontado pelos jornalistas
credenciados no Fica como o melhor
da mostra. O filme trata das mudanças
climáticas e suas consequências para a
vida de certo povo que habita o Himalaia,
em uma belíssima paisagem onde os vales
já não têm mais água.
Das quatro produções goianas que
concorreram, levaram prêmio o
curta Teia do Cerrado e a animação
TamanduAbandeira. Veja a seguir a lista
de todos os contemplados:
The great winners
Los grandes ganadores
| The filmmaker Cacá Diegues, XIII Fica jury
chairman, had already announced: the first criterion
for choosing the best film is the jurors’ taste. But
also, of course, taking into account the film’s
cinematographic language and environmental
content.
That’s how the producer of Five times favela –
now by ourselves, and his fellow jurors at this
cinematographic marathon, chose as winner the film
Bicycles of Nhanderu, made by indigenous artists
of the Mbya-Guarani tribe. While Five times... is the
result of workshops given to slum dwellers in Rio de
Janeiro, Bicycles... is part of Video in the Settlements,
a program which has been providing training and
video equipment for indigenous peoples from 14
Brazilian states for over 15 years. In the work in
question, the filming took place in Rio Grande do Sul
Besides the eight prize-winning films, which took
awards ranging from R$ 10,000 to R$ 50,000, the
Fica accredited journalists indicated Marcos Negrão
and André Rangel’s The Broken Moon, a Rio de
Janeiro medium-length film, as the very best. It
deals with climate change and its consequences for
the lives of a people inhabiting a Himalayan region,
a beautiful landscape whose valleys have no water
anymore.
Of the four Goiás productions presented, prizes were
awarded to the short Cerrado web and the animated
Giant anteater. A list of all the award-winners
follows:
|| El cineasta Cacá Diegues, presidente del jurado
del XIII Fica, ya había avisado: el primer criterio para
la elección de las mejores películas es el gusto de
los jurados. Pero, claro, sin dejar de considerar el
lenguaje cinematográfico y su contenido ambiental.
Fue así que el productor de Cinco veces favela –
ahora por nosotros mismos, junto a sus compañeros
de maratón cinematográfico, eligió como vencedora
a la obra Bicicletas de Nhanderu, hecha por indios de
la etnia Guarani Mbya. Mientras que Cinco veces... es
fruto de talleres dictados a habitantes de favelas de
Rio de Janeiro, Bicicletas... hace parte del Video en
las Aldeas, programa que hace casi 15 años capacita
y provee equipamientos de video a pueblos indígenas
de 14 Estados del país. En el caso en cuestión, la
filmación tuvo lugar en Rio Grande do Sul.
Además de ese y de los otros siete galardonados –
que obtuvieron premios de R$ 10 mil a R$ 50 mil
– el medio-metraje La tierra de la luna partida (RJ),
de Marcos Negrão y André Rangel, fue señalado
por los periodistas acreditados en el Fica como el
mejor de la muestra. La película trata de los cambios
climáticos y sus consecuencias para la vida de cierto
pueblo que habita el Himalaya, en un bellísimo
paisaje donde los valles ya no tienen más agua.
De las cuatro producciones goianas que
compitieron, obtuvieron premio el corto Telaraña
del Cerrado y la animación Oso hormiguero
bandera. Vea a continuación la lista de todos los
contemplados:
Fica 31
Fica
Troféu Cora Coralina – melhor obra
(R$ 50 mil) Bicicletas de Nhanderu (PE)
Ariel Ortega e Patrícia Ferreira
Trata do cotidiano e da espiritualidade
dos Guarani Mbya da aldeia Koenju, no
Rio Grande do Sul
Troféu Carmo Bernardes – melhor longa
(R$ 35 mil)
Os guerreiros do arco-íris da ilha de
Waiheke (Holanda)
Suzanne Raes
Pioneiros do Greenpeace recordam seu
passado como ativistas, marcado pelo
ataque a bomba que afundou seu barco
Rainbow Warrior.
Troféu Jesco von Puttkamer – melhor
média (R$ 25 mil)
O desejo da vila de Changhu (China)
xia Chenan
O filme mostra as condições de vida de
uma família na aldeia de Changhu, onde
a desertificação põe em risco o Oásis de
Minqin e toda a região.
Troféu Acary Passos – melhor
curta (R$ 25 mil)
Pólis (MG)
Marcos Pimentel
Máquinas, barulhos e pessoas em
movimento, captados em um dia
qualquer de uma grande cidade
contemporânea.
32 Fica
Troféu José Petrillo – melhor produção
goiana (R$ 40 mil)
TamanduAbandeira (GO)
Ricardo de Podestá
Um pacato tamanduá encontra a fêmea
de sua vida. Porém, no meio dos poucos
passos que os separam está o asfalto da
estrada.
Troféu João Bennio – melhor produção
goiana (R$ 40 mil) Teia do Cerrado (GO)
Uliana Duarte
Registro do trabalho de um grupo de
fiandeiras e tecelãs na Chapada dos
Veadeiros, abordando a relação entre a
diversidade cultural e a biodiversidade.
Troféu Bernardo Élis – melhor série
ambiental para TV (R$ 25 mil)
Consciente coletivo (RJ)
Lúcia Araújo e Pedro Iuá
A animação trata do papel e do poder
do consumidor, mostrando como o
consumo consciente pode reduzir
nosso impacto no meio ambiente e na
sociedade.
Prêmio Luiz Gonzaga Soares – júri
popular (R$ 10 mil) Lixo extraordinário (Brasil e GrãBretanha)
Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley
Acompanha o trabalho do artista plástico
Vik Muniz com um grupo de catadores,
em um dos maiores aterros sanitários do
mundo, no Rio de Janeiro.
Cora Coralina Trophy - Best Film (R$ 50,000)
Bicycles of Nhanderu (Pernambuco)
Ariel Ortega and Patrícia Ferreira
It deals with the everyday life and spirituality of
the Mbya-Guarani of the Koenju settlement in Rio
Grande do Sul.
Trofeo Cora Coralina– mejor obra (R$ 50 mil) Bicicletas de Nhanderu (PE)
Ariel Ortega e Patrícia Ferreira
Trata del cotidiano y de la espiritualidad de los
Guarani Mbya de la aldea Koenju, en Rio Grande
do Sul.
Carmo Bernardes Trophy - Best Feature Film
(R$ 35,000)
The rainbow warriors of Waiheke Island
(Netherlands)
Suzanne Raes
A group of Greenpeace pioneers look back on their
activist past, marked by the bomb attack which sank
their ship, Rainbow Warrior.
Trofeo Carmo Bernardes – mejor largometraje
(R$ 35 mil)
Los guerreros del arco iris de la isla de Waiheke
(Holanda)
Suzanne Raes
Pioneros de Greenpeace recuerdan su pasado
como activistas, marcado por el ataque con bomba
que hundió a su barco Rainbow Warrior.
Jesco von Puttkamer Trophy - Best medium-length
Film (R$ 25,000)
Desire of Changhua village (China)
xia Chenan
The film shows the living conditions of a family
in Changhua village, where desertification is
threatening the Minqin oasis and the entire region.
Trofeo Jesco von Puttkamer – mejor
mediometraje (R$ 25 mil)
El deseo de la vila de Changhu (China)
xia Chenan
La película muestra las condiciones de vida de
una familia en la aldea de Changhu, donde la
desertificación pone en riesgo el Oasis de Minqin y
toda la región.
Acary Passos Trophy - Best Short (R$ 25,000)
Polis (Minas Gerais)
Marcos Pimentel
Machines, noise and people on the move, all
captured during an ordinary day in a large modern
city.
José Petrillo Trophy - Best Film from Goiás
(R$ 40,000)
Giant anteater (GO)
Ricardo de Podestá
A quiet anteater meets the female of his dreams.
Only a few steps separate them. However, the
highway lays between them.
João Bênnio Trophy - Best Film from Goiás
(R$ 40,000)
Cerrado web (GO)
Uliana Duarte
A presentation of the work of a group of spinners
and weavers in Chapada dos Veadeiros which
addresses the relationship between cultural diversity
and biodiversity.
Bernardo Élis Trophy - Best Environmental TV series
(R$ 25,000)
Collective consciousness (Rio de Janeiro)
Lúcia Araújo and Pedro Iuá
The animation is about the role and power of
consumers, showing how conscientious consumer
habits can reduce damage to the environment and
society.
Luiz Gonzaga Soares Trophy - Best Film chosen by
Popular Jury (R$ 10,000)
Waste land (Brazil and Great Britain)
Lucy Walker, João Jardim and Karen Harley
The film accompanies the work of artist Vik Muniz
with a Rio de Janeiro group of garbage collectors, in
one of the world’s largest landfills.
Trofeo Acary Passos – mejor corto (R$ 25 mil)
Pólis (MG)
Marcos Pimentel
Máquinas, ruidos y personas en movimiento,
captados en un día cualquiera de una gran ciudad
contemporánea.
Trofeo José Petrillo – mejor producción goiana
(R$ 40 mil)
TamanduAbandeira (GO)
Ricardo de Podestá
Un tranquilo oso hormiguero encuentra la hembra
de su vida. Sin embargo, en el medio de los pocos
pasos que los separan está el asfalto de la carretera.
Trofeo João Bennio – mejor producción goiana
(R$ 40 mil) Telaraña del Cerrado (GO)
Uliana Duarte
Registro del trabajo de un grupo de hilanderas y
tejedoras en la Chapada dos Veadeiros, abordando
la relación entre la diversidad cultural y la
biodiversidad.
Trofeo Bernardo Élis – mejor serie ambiental para
TV (R$ 25 mil)
Conciente colectivo (RJ)
Lúcia Araújo e Pedro Iuá
La animación trata del papel y el poder del
consumidor, enseñando como el consumo
conciente puede reducir nuestro impacto en el
medio ambiente y en la sociedad.
Premio Luiz Gonzaga Soares – jurado popular
(R$ 10 mil) Basura extraordinaria (Brasil e Grã-Bretanha)
Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley
Acompaña el trabajo del artista plástico Vik Muniz
con un grupo de recolectores, en uno de los
mayores depósitos de basura del mundo, en Rio
de Janeiro.
Fica 33
Fica
| ABD Awards
Agradecimentos
dos autores
| Authors’ acknowledgments
|| Agradecimientos de los autores
“Apesar das dificuldades, conseguimos
fazer nossa obra. Agradecemos ao
Coletivo Guarani de cinema, que pegou
a câmera e saiu filmando”, Ariel Ortega,
Bicicletas de Nhanderu
“Muy grande obrigada. Viva Goiás e viva
o espírito do Rainbow Warrior”, Suzanne
Raes, Os guerreiros do arco-íris da ilha de
Waiheke
“Gostaríamos de transformar a região do
filme [degradada pela desertificação] no
verde de Goiás”, xia Chenan, O desejo da
vila de Changhu
“Esse prêmio vai me proporcionar
fazer mais filmes sobre esse mundo
maravilhoso em que estamos vivendo”,
Uliana Duarte, Teia do Cerrado
| “Despite the difficulties, we managed to make
our film. We would especially like to thank the
Coletivo Guarani de cinema, who took their
cameras and started filming”, Ariel Ortega,
Bicycles of Nhanderu
“Muy grande obrigada. Viva Goiás and long live
the spirit of the Rainbow Warrior”, Suzanne Raes,
The rainbow warriors from Waiheke Island
“We would love to transform into the green of
Goiás the region, degraded by desertification,
where our film is set”, xia Chenan, Desire of
Changhua village
“With this award, I will now be able to make more
films about this wonderful world in which we
live”, Uliana Duarte, Cerrado web
|| “A pesar de las dificultades, logramos hacer
nuestra obra. Agradecemos al Colectivo Guaraní
de cine, que tomó la cámara y salió filmando”,
Ariel Ortega, Bicicletas de Nhanderu
“Muy grande obrigada. Viva Goiás y viva el
espíritu del Rainbow Warrior”, Suzanne Raes, Los
guerreros del arco iris de la isla de Waiheke
“Nos gustaría transformar la región de la película
[degradada por la desertificación] en el verde de
Goiás”, xia Chenen, O Desejo da Vila de Changhu
“Este premio me va a proporcionar la posibilidad
de hacer más películas sobre ese mundo
maravilloso en el que vivimos”, Uliana Duarte,
Telaraña del Cerrado
Premiação da ABD
Na 9ª edição da mostra paralela da
Associação Brasileira de Documentaristas
de Goiás (ABD-GO), 12 filmes foram
premiados, entre os 25 inscritos. São
eles:
Assista ao trailer de todas as produções exibidas na mostra competitiva do XIII Fica:
http://migre.me/59C1y
| Sample
Watch the trailers of all the films shown at the XIII Fica competitive screening at http://migre.me/59C1y
|| Muestra
Direction, The Ogre, Márcio Jr. and Márcia Deretti
Beto Leão Award (fiction), Ripe green, Simone
Caetano
Eduardo Benfica Award (documentary), Say 99,
Ângelo Lima
Fifi Cunha Award (animation), The Ogre, Márcio Jr.
and Márcia Deretti
Direção, O Ogro, Márcio Jr. e Márcia
Deretti
José Petrillo Award (experimental), Sendai, Cláudia
Nunes and Érico Rassi
Prêmio Beto Leão (ficção), Verde
maduro, Simone Caetano
Actress, Ripe green, Cida Mendes
Prêmio Eduardo Benfica (documentário),
Diga 33, Ângelo Lima
Prêmio Fifi Cunha (animação), O Ogro,
Márcio Jr. e Márcia Deretti
Prêmio José Petrillo (experimental),
Sendai, Cláudia Nunes e Érico Rassi
Ator, Verde maduro, Hélio Fróes
Atriz, Verde maduro, Cida Mendes
Actor, Ripe green, Hélio Fróes
Director of photography, Watermarks, Naji Sidki
Montage/editing, While, Aline Nóbrega and Murilo
Bueno
Sound, The Ogre, Dénio de Paula
Original soundtrack, The Ogre, Dénio de Paula
Script, Maybe it’s the emptiness, Rafael de Almeida
|| Premiación de la ABD
En la 9ª edición de la muestra paralela de la
Associação Brasileira de Documentaristas de Goiás
(ABD-GO), 12 películas fueron premiadas, entre las
25 inscriptas. Son ellas:
Direção de fotografia, Marcas d’água,
Naji Sidki
Dirección, El Ogro, Márcio Jr. y Márcia Deretti
Montagem/edição, Enquanto, Aline
Nóbrega e Murilo Bueno
Premio Eduardo Benfica (documental), Diga 33,
Ângelo Lima
Som, O Ogro, Dênio de Paula
Amostra
In the 9th edition of the parallel screening of the
Associação Brasileira de Documentaristas de Goiás
(ABD-GO), 12 of the 25 entries were awarded
prizes. They are as follows:
Premio Beto Leão (ficción), Verde maduro, Simone
Caetano
Premio Fifi Cunha (animación), El Ogro, Márcio Jr.
y Márcia Deretti
Trilha sonora original, O Ogro, Dênio de
Paula
Premio José Petrillo (experimental), Sendai, Cláudia
Nunes y Érico Rassi
Roteiro, Talvez seja o vazio, Rafael de
Almeida
Actriz, Verde maduro, Cida Mendes
Actor, Verde maduro, Hélio Fróes
Dirección de fotografía, Marcas de agua, Naji Sidki
Montaje/edición, Enquanto, Aline Nóbrega y Murilo
Bueno
Sonido, El Ogro, Dênio de Paula
Banda de sonido original, El Ogro, Dênio de Paula
Guión, Tal vez sea el vacío, Rafael de Almeida
Vea la sinopsis de todas las producciones exhibidas en la muestra competitiva del XIII Fica:http://migre.
me/59C1y
34 Fica
Fica 35
Gastronomia Gastronomy Gastronomía
Sabor
regional
Local flavor
Sabor regional
As comidinhas típicas de Goiás fizeram sucesso durante
o festival, desde o café da manhã até o jantar
Texto: Lis Lemos
Fotos: Cristiano Borges
Typical Goiás food, served all day from breakfast to dinner,
went down a bomb during the Festival
Las comidas típicas de Goiás tuvieron gran éxito durante el festival,
desde el desayuno hasta la cena
Pamonha com café é um legítimo combinado goiano
| Pamonha with coffee is a legitimate match from Goiás
|| Pamonha con café es una legítima combinación de Goiás
36 Fica
Fica 37
Gastronomia Gastronomy Gastronomía
A Lanchonete do Emival reforça o estoque para o Fica
| Lanchonete do Emival expands its stock for Fica
|| Lanchonete do Emival refuerza su stock para Fica
Os turistas que vão para a Cidade de
Goiás durante o Fica, além de assistirem
aos filmes exibidos e aos shows do
festival, querem experimentar o que
a cozinha goiana tem a oferecer. Os
sabores marcantes de seus frutos como
o pequi ou o cajazinho, assim como
o amargor do palmito da guariroba,
estão entre as preferências de quem se
aventura na gastronomia do lugar.
A Lanchonete do Emival, na entrada
do Mercado Municipal, tem 26 anos
de estrada. Ou seja, o dobro da idade
do Fica. Local simples, no mercado
quase abandonado, os turistas fazem
fila para apreciar as tradicionais delícias
oferecidas, como o famoso bolo de arroz
e o suco de cajazinho. Em um copo de
500 ml, o fruto azedo, daquele tipo que
faz doer os dentes, se transforma em
um suco encorpado e gelado, ótimo
para amenizar o calor da antiga Vila Boa
durante o dia.
Já o bolo de arroz, assado em forminhas
redondas, é uma ótima pedida para o
café da manhã. Apesar de a iguaria ser
tipicamente goiana, não só os turistas
de fora do Estado, como também os
visitantes de Goiânia provam e aprovam o
38 Fica
bolinho, ideal quando acompanhado de
um café quente.
Sucesso entre os turistas, durante o Fica
a lanchonete vende até mil bolos por dia.
Ainda entre os quitutes mais apreciados
estão o biscoito de polvilho frito e a
pamonha de sal ou de doce. Uma das
donas, Matilde Donizete Machado, conta
que, nessa época, a demanda cresce
tanto que é preciso reforçar o estoque
dos ingredientes.
Matilde e o marido, Emival Almeida,
afirmam que o festival ajuda a
impulsionar o negócio. Para atender a
uma demanda cada vez maior de pessoas
que chegam à antiga capital do Estado, a
lanchonete foi ampliada e ganhou mais
mesas para acomodar os clientes. Antes,
atendia 22 pessoas sentadas. Agora, são
45 lugares, sem contar os apressados que
preferem ser atendidos em pé mesmo.
O trabalho dos donos e dos nove
funcionários é pesado. A lanchonete abre
às 6h e fecha às 18h. Por isso, durante o
Fica, a partir das 5h da manhã já é possível
sentir o cheiro dos quitutes sendo
assados ou fritos para o café da manhã
dos turistas já acordados. Ou dos que
ainda nem foram dormir.
| Tourists who go to Goiás for Fica, as well as
watching the festival films and attending the shows,
want to try out Goiás cuisine. The remarkable
flavors of fruits such as pequi and cajazinho and
the bitter taste of the guariroba palm are among
the favorites of those who venture into the local
gastronomy.
The Lanchonete do Emival at the entrance to the
Municipal Market has been around for 26 years.
That means twice as long as Fica. Tourists line up in
these simple surroundings in the almost abandoned
market to enjoy the traditional delicacies on offer,
such as the famous rice cake and cajazinho juice. In
a 500 ml beaker, this tart fruit, the kind that makes
your teeth hurt, becomes a chilled full-bodied juice,
great for moderating the heat of the ancient Vila
Boa during the day.
Rice cake, baked in round patty tins, is an excellent
choice for breakfast. In spite of the fact that the
delicacy is typically local, not only tourists from
outside the state, but also visitors from Goiânia,
taste and approve it, ideally when accompanied by
hot coffee.
A huge success with tourists during Fica, the snack
bar sells up to a thousand cakes a day. Other prized
delicacies are the fried polvilho biscuits and the
sweet and savory pamonhas (sweet-corn parcels).
One of the owners, Matilde Donizete Machado,
says that at this time, there is such an increase in
demand that they have to expand their stock of
ingredients.
Matilde and her husband, Emival Almeida, say that
the Festival helps to boost business. To meet the
growing demand of people coming to the former
state capital, they have enlarged their snack bar and
more tables have been provided to accommodate
customers. Whereas before they seated 22 people,
there are now seats for 45 people, not counting
those in a hurry who prefer to be attended
standing.
It’s hard work for the owners and their staff of nine.
They open at 6 am and close at 6 pm. During Fica,
from 5 am on, you can smell the treats being baked
or fried for the breakfasts of those already up and
about. Or for those who never even went to bed.
|| Los turistas que van a la Ciudad de Goiás durante
el Fica, además de ver las películas exhibidas y los
conciertos del festival, quieren probar lo que tiene
para ofrecer la cocina regional. Los sabores notables
de sus frutas como el pequi o el cajazinho, así como
el amargo del palmito de la guariroba, están entre las
preferencias de quien se aventura en la gastronomía
del lugar.
La Lanchonete do Emival, en la entrada del Mercado
Municipal, tiene 26 años de carretera. O sea, el doble
de la edad del Fica. Lugar simple, en el mercado casi
abandonado, los turistas hacen cola para apreciar las
tradicionales delicias ofrecidas, como el famoso bolo
de arroz y el jugo de cajazinho. En un vaso de 500
ml, el fruto ácido, de aquel tipo que hace doler los
dientes, se transforma en un jugo de buen cuerpo,
helado, óptimo para amenizar el calor de la antigua
Vila Boa durante el día.
El bolo de arroz, asado en moldecitos redondos, es
una excelente propuesta para el desayuno. A pesar
de que esta delicia es típicamente goiana, no sólo
los turistas de fuera del Estado, como también los
visitantes de Goiânia prueban y aprueban el bolinho,
ideal para acompañar un café caliente.
Éxito entre los turistas, durante el Fica la cafetería
vende hasta mil bolos por día. También entre los
bocados más apreciados están el bizcocho de
polvilho frito y la pamonha de sal o de dulce. Una
de las dueñas, Matilde Donizete Machado, cuenta
que, en esta época, la demanda crece tanto que es
preciso reforzar el stock de ingredientes.
Matilde y su marido, Emival Almeida, afirman que el
festival ayuda a impulsar el negocio. Para atender
a una demanda cada vez más grande de personas
que llegan a la antigua capital del Estado, la cafetería
fue ampliada y tiene más mesas para recibir a sus
clientes. Antes, atendía a 22 personas sentadas.
Ahora, son 45 lugares, sin contar los apurados que
prefieren ser atendidos de parados.
El trabajo de los dueños y de los nueve empleados es
duro. La cafetería abre a las 6h y cierra a las 18h. Por
eso, durante el Fica, a partir de las 5h de la mañana
ya es posible sentir el aroma de las delicias siendo
asadas o fritas para el desayuno de los turistas ya
levantados. O de los que aun no fueron a dormir.
Fica 39
Gastronomia Gastronomy Gastronomía
Contemporâneo
O Pastelinho é uma grande atração
Contemporary
Contemporáneo
O único café do Centro da cidade fica
em uma casa histórica, ao lado da Casa
de Cora Coralina. A Bodega Fantástica
encanta visitantes de todos os lugares
com sua decoração, seus produtos e com
o atendimento oferecido pelos donos,
além da exposição artística e a venda de
diversos artigos em sua loja.
O estabelecimento é especializado em
cafés e crepes. Um dos destaques é o
próprio café expresso, já que o lugar é um
dos poucos da antiga capital a oferecêlo. Os cafés gelados, por seu turno, são
uma preferência dos frequentadores que
desejam experimentar algo diferente.
Nessa categoria, Emicleia Alves, uma das
sócias, afirma que o Café Realejo, servido
com cachaça de alambique, é o que mais
chama a atenção dos clientes.
Quanto aos crepes, a variedade também
é grande. Emicleia conta que os mais
vendidos são os sabores Napolitano e
Marguerita. Entre as opções regionais,
há os crepes que levam frango e pequi
ou guariroba. São a escolha preferida do
turista que quer conhecer os frutos de
Goiás ou pelos goianos que não abrem
mão de uma comida com sabor de casa.
40 Fica
| Pastelinho is a great attraction
|| El pastelinho es una gran atración
Porém, quem deseja experimentar algo
realmente exótico e inusitado não pode
deixar de pedir um crepe de flor. Isso
mesmo: a Bodega oferece crepes de
pétalas de rosas e de flor de ipê.
À noite, a bodega fica aberta enquanto o
último cliente não vai embora. Emicleia
diz que a movimentação na casa durante
o festival aumentou em 100%.
Outra atração oferecida pelo
estabelecimento nos dias de evento
foi uma exposição de obras de arte. O
artista plástico Hudson Conceição foi
convidado para expor suas esculturas,
feitas de papel e cola, que fazem alusão
a orixás do candomblé se misturando
com capoeiristas. A temporada rendeu ao
artista, além da venda de seus trabalhos,
projetos de filmes com cineastas que
visitaram a exposição.
Segundo o artista de Minas Gerais, o uso
de papel descartado como matéria-prima
é forma de reutilizar um material que
teria o lixo como destino. Na semana
anterior à mostra de cinema, Conceição
fez uma oficina com crianças com o
apoio da bodega, para disseminar o reuso
e a reciclagem de papel.
| The only café in the center of town is located in a
historic house next to Cora Coralina’s. The Bodega
Fantástica charms visitors from all over with its
decor, products and friendly service, as well as its art
exhibition and variety of items for sale in the shop.
The establishment specializes in coffee and crêpes.
One of the café highlights is espresso coffee, as the
Bodega is one of the few places in the ancient capital
where it is available. Their iced coffees, in turn, are a
favorite of people wanting to try something different.
Emicleia Alves, one of the partners, says that their
Café Realejo, served with white alambic rum, is the
one in most demand.
They also serve a broad variety of crêpes. Emicleia
says that their best-selling flavors are Neapolitan and
Marguerite. Crêpes filled with chicken and pequi or
guariroba are just some of their local offers. Tourists
who want to taste the fruits of Goiás, or locals who
insist on food with a homemade flavor, go for these.
However, anyone wishing to try something really
exotic and unusual should experiment a flower
crêpe. That’s right, the Bodega offers crêpes filled
with rose petals and ipê blossoms.
At night, the bar stays open until the last customer
leaves. Emicleia says that business is up by 100%
during the festival.
Another attraction offered by the establishment
during the Festival was an art exhibition. Artist
Hudson Conceição was invited to exhibit his paper
and glue sculptures, depicting Candomblé deities
mixed with capoeira performers. Besides being able
to sell his works during the event, Mr. Conceição
drew up film projects with filmmakers visiting his
exhibition.
According to this Minas Gerais artist, using waste
paper as raw material is one way of reusing the
material that would otherwise have ended up in
a landfill. In the week prior to the film screening,
Mr. Conceição, with the support of the bar, held a
workshop for children to disseminate the reuse and
recycling of paper.
|| El único café del Centro de la ciudad está en una casa
histórica, al lado de la Casa de Cora Coralina. La Bodega
Fantástica encanta visitantes de todos los lugares con
su decoración, sus productos y con la atención ofrecida
por sus dueños, además de la exposición artística y la
venta de diversos artículos en su tienda.
El establecimiento es especializado en cafés y crepes.
Uno de los puntos fuertes es el propio café expresso,
ya que el lugar es uno de los pocos de la antigua
capital que lo ofrece. Los cafés helados, a su vez, son
una preferencia de los frecuentadores que desean
probar algo distito. En esa categoría, Emicleia Alves,
una de las socias, afirma que el Café Realejo, servido
con cachaça de alambique, es lo que más llama la
atención de los clientes.
En cuanto a los crepes, la variedad también es grande.
Emicleia cuenta que los más vendidos son los sabores
Napolitano y Marguerita. Entre las opciones regionales,
están los crepes que llevan pollo y pequi o guariroba.
Son la elección preferida del turista que quiere
conocer los frutos de Goiás, o por los goianos que no
se quieren perder una comida con sabor de casa. Sin
embargo, quien desea probar algo realmente exótico e
inusitado no puede dejar de pedir un crepe de flor. Eso
mismo: la Bodega ofrece crepes de pétalos de rosas y
de flor de ipê.
A la noche, la bodega permanece abierta hasta que se
va el último cliente. Emicleia dice que el movimiento
en la casa durante el festival aumentó el 100%.
Otra atracción ofrecida por el establecimiento en los
días del evento fue una exposición de obras de arte.
El artista plástico Hudson Conceição fue invitado para
exponer sus esculturas, hechas de papel y cola, que
hacen alusión a orixás del candomblé mezclándose
con capoeiristas. La temporada le dejó al artista,
además de la venta de sus trabajos, proyectos de
películas con cineastas que visitaron la exposición.
Según el artista de Minas Gerais, el uso de papel
descartado como materia prima es una forma de
reutilizar un material que tendría la basura como
destino. En la semana anterior a la muestra, Conceição
hizo un taller con niños con el apoyo de la bodega,
para difundir el reuso y el reciclado de papel.
Fica 41
Gastronomia Gastronomy Gastronomía
Empadão
Se a pedida é experimentar a
diversidade dos sabores e cheiros do
Cerrado, o Restaurante Dalí acerta a mão:
durante o festival, atrai uma média de
200 pessoas no almoço e no jantar. Sua
localização é privilegiada, perto do Teatro
São Joaquim, local da mostra competitiva
do Fica.
| If you want to experience the diversity of Cerrado
flavors and aromas, the Restaurante Dalí is the place
to go. During the Festival, it attracts an average
of 200 people for lunch and dinner every day. It
is advantageously located near the Teatro São
Joaquim, where the Fica competitive screening takes
place.
As panelinhas, porções de arroz com
frango, carne, linguiça, pequi, entre
outros ingredientes cozidos em panela de
barro, são o carro-chefe da casa. Todas
cobertas com muito queijo derretido.
The empadão, Goiás’s best known dish, is also on
the menu here. This mixture of chicken, cheese, pork
and guariroba may seem strange to the tourist trying
it out for the first time, but the flavor never fails to
win over even the most resistant palate. A version
without guariroba is also available.
A panelinha, rice with chicken, beef, sausage, pequi,
and other ingredients cooked in a clay pot, is the
specialty of the house. It comes topped with a lot of
melted cheese.
After the meal, the customer can enjoy some local
sweets: a pastelinho, pastry stuffed with soft toffee
and sprinkled with cinnamon, is one of the house
specialties. Ambrosia, made from milk and eggs and
served with cinnamon, is another option. Passion
fruit and genipap liqueurs, made by the owner, Vilma
Ferraz de Maia, are on the house after meals.
O empadão goiano, prato mais
conhecido de Goiás, também está no
cardápio. A mistura de frango, queijo,
carne de porco e guariroba pode
até parecer estranha ao turista que a
experimenta pela primeira vez, mas o
sabor conquista até mesmo os paladares
mais resistentes. Também dá para pedir a
versão sem guariroba.
|| Si la propuesta es probar la diversidad de sabores
y aromas del Cerrado, el Restaurante Dalí es la
opción: durante el festival, atrae un promedio de 200
personas en el almuerzo y la cena. Su ubicación es
privilegiada, cerca del Teatro São Joaquim, lugar de
la muestra competitiva del Fica.
Depois da refeição, o cliente ainda pode
se deliciar com os doces: o pastelinho,
massa recheada com doce de leite e
salpicado com canela, é um dos atrativos
da casa. A ambrosia, feito de leite e ovos
e servido com canela, é outra das opções.
Os licores de maracujá e jenipapo, feitos
pela dona do local, Vilma Ferraz de
Maia, são uma cortesia para depois das
refeições.
Las panelinhas, porciones de arroz con pollo, carne,
chorizo, pequi, entre otros ingredientes cocidos en
olla de barro, son el caballo de batalla de la casa.
Todas cubiertas con mucho queso derretido.
El empadão goiano, plato más conocido de Goiás,
también está en el menú. La mezcla de pollo, queso,
carne de cerdo y guariroba puede parecerle rara al
turista que la prueba por primera vez, pero el sabor
conquista aun los paladares más resistentes. También
se puede pedir la versión sin guariroba.
Preparo do empadão
| Empadão being prepared
|| Preparo del empadão
42 Fica
Después de la comida, el cliente aun puede
deliciarse con los dulces: el pastelinho, masa rellena
de dulce de leche y salpicada con canela, es uno
de los atractivos de la casa. La ambrosía, hecha
de leche y huevos y servida con canela, es otra de
las opciones. Los licores de maracuyá y jenipapo,
hechos por la dueña del local, Vilma Ferraz de Maia,
son una cortesía para después de las comidas.
Fica 43
Em Foco On Focus En Foco
Veiga Valle,
um artista no sertão
Veiga Valle, an artist in the hinterland
Veiga Valle, un artista en el sertão
O santeiro goiano, desconhecido da história nacional,
ganha importância na medida em que se observa
as condições adversas sob as quais produziu
Fotos: Paulo Rezende
The Goiás statue-maker, unknown to national history,
becomes more important as the adverse conditions
under which he worked are taken into account.
El santeiro goiano, desconocido por la historia nacional,
gana importancia en la medida en que se observan
las condiciones adversas bajo las cuales produjo
Nossa Senhora do Parto (com
menino), escultura em madeira,
140 cm
| Our Lady of a Happy Delivery (with baby),
wood sculpture, 140 cm
|| Nuestra Señora del Parto (con niño),
escultura en madera, 140 cm
44 Fica
Fica 45
Em Foco On Focus En Foco
Nossa Senhora da
Conceição, escultura em
madeira, 32,5 cm
| Our Lady of the Immaculate
Conception, wood sculpture, 32,5 cm
|| Nuestra Señora de la Concepción,
escultura en madera, 32,5 cm
46 Fica
Fica 47
Em Foco On Focus En Foco
Sant’Ana Mestra,
escultura em
madeira, 37 cm
| St. Ann Preceptress, wood
sculpture, 37 cm
|| Sant’Ana Mestra, escultura
en madera, 37 cm
48 Fica
Sant’Ana Mestra,
escultura em madeira,
39,5 cm
| St. Ann Preceptress, wood
sculpture, 39,5 cm
|| Sant’Ana Mestra, escultura en
madera, 39,5 cm
Fica 49
Em Foco On Focus En Foco
São Miguel Arcanjo,
escultura em madeira,
94 cm
| St. Michael the Archangel,
wood sculpture, 94 cm
|| San Miguel Arcángel,
escultura en madera, 94 cm
50 Fica
São Miguel Arcanjo,
escultura em madeira,
68,5 cm
| St. Michael the Archangel, wood
sculpture, 68,5 cm
|| San Miguel Arcángel, escultura en
madera, 68,5 cm
Fica 51
Em Foco On Focus En Foco
Menino Jesus e Mãos de
Nossa Senhora, escultura em
madeira, 27 cm
| Baby Jesus in Our Lady’s arms, wood
sculpture, 27 cm
|| Niño Jesús y Manos de Nuestra
Señora, escultura en madera, 27 cm
Menino Deus, escultura em madeira, 26,5 cm
| Baby Jesus, wood sculpture, 26,5 cm
|| Niño Dios, escultura en madera, 26,5 cm
52 Fica
Fica 53
Em Foco On Focus En Foco
O espírito
do artista
The artist’s spirit
El espíritu del artista
Texto: Wolney Unes
O Brasil é um país grande. Decerto
há outros países igualmente grandes
em extensão, mas no caso brasileiro
soma-se a sua dimensão uma certa
tendência à centralização. Decorrente
do próprio processo de ocupação das
terras brasileiras, no Centro-Sul a vida se
organiza a partir dos dois grandes focos:
a matriz desbravadora e colonizadora
paulista de um lado e a corte carioca
de outro. Tudo o que se afasta desses
polos constitui o sertão, palavra de difícil
definição, mas que certamente embute
a acepção de desconhecido, daquilo
que está por apropriar-se, ocupar e
incorporar.
E o sertão brasileiro é enorme. De uma
ponta a outra, da Serra de Pacaraima aos
confins meridionais brasileiros, cobre-se
com folga a distância que vai de Londres
a Teerã. Se neste percurso no Velho
Mundo passamos por uma centena de
culturas, idiomas e povos, em nosso
país-continente são a unidade e coesão
que saltam aos olhos. Mas esta aparente
54 Fica
unidade guarda detalhes ainda pouco
conhecidos.
À guisa de exemplo, imaginemos uma
pequena vila situada em meio a este
imenso sertão. Mais: imaginemos esta
vila exatamente sobre a linha do Tratado
de Tordesilhas, aquele meridiano que
espanhóis e portugueses idealizaram
em fins do século XV para dividir o
hemisfério ocidental. Terra de ninguém,
nos confins da demarcação e dos
interesses ibéricos, nossa pequena
vila fica a quase 170 léguas da corte
brasileira, uns bons 90 dias de viagem
com uma boa tropa pelos tortuosos
caminhos do ouro. Imaginemos por
fim, neste cenário, um personagem a
desenvolver um trabalho artístico.
É este o pano de fundo sobre o qual
se apresenta José Joaquim da Veiga
Valle. Nascido em Pirenópolis, nosso
artista, na idade de se casar, mudou-se
para a Cidade de Goiás, então capital
da Província, a não mais de 10 léguas
de sua vila natal. E não se tem notícia
| Brazil is a huge country. Undoubtedly, there
are other countries equally large in terms of size
but in Brazil’s case, as well as its size, it also has a
tendency towards centralization. As a result of the
land settlement process, life in Southern-Central
Brazil was organized from two major focal points:
the exploring, colonizing São Paulo, on the one
hand, and the Rio de Janeiro Court, on the other.
Everything beyond these poles was the hinterland,
a word difficult to define, but which certainly
embodies connotations of the unknown, of that
which is out there waiting to be taken over, settled
and incorporated into the whole.
|| Brasil es un país grande. Naturalmente hay
otros países igualmente grandes en extensión,
pero en el caso brasileño se suma a su dimensión
una cierta tendencia a la centralización. Como
resultado del propio proceso de ocupación de
las tierras brasileñas, en el Centro Sur la vida se
organiza a partir de los dos grandes focos: la matriz
conquistadora y colonizadora paulista de un lado
y la corte carioca del otro. Todo lo que se aleja de
esos polos constituye el sertón, palabra de difícil
definición, pero que ciertamente incluye la acepción
de desconocido, de aquello que está por apropiarse,
ocupar e incorporar.
And this Brazilian hinterland is enormous. From one
extreme to the other, from the Serra de Pacaraima to
the southern most point of Brazil, it is easily the same
distance as from London to Teheran. If there are over
a hundred different cultures, languages ​​and peoples
in that stretch of the Old World, what is impressive
in our country-continent is our unity and cohesion.
But this apparent unity still hides some barely known
details.
Y el sertão brasileño es enorme. De una punta a
la otra, de la Serra de Pacaraima a los confines
meridionales brasileños, se cubre con holgura la
distancia que va de Londres a Teherán. Si en este
recorrido en el Viejo Mundo pasamos por una
centena de culturas, idiomas y pueblos, en nuestro
país-continente son la unidad y cohesión que saltan
a la vista. Pero esta aparente unidad guarda detalles
aun poco conocidos.
Just as an example, let’s imagine a small town
located in the midst of this vast hinterland. Then let’s
imagine that this town is situated exactly on the line
of the Treaty of Tordesillas, that meridian thought up
by the Spaniards and Portuguese in the late fifteenth
century to divide the Western Hemisphere. This small
town is a no man’s land on the frontiers of Iberian
demarcation and interests, nearly 300 leagues from
the Brazilian court, a good 90-day journey with a
good pack animal along the winding gold trails. And
finally, in this scenario, let’s imagine an artist at work.
A título de ejemplo, imaginemos una pequeña villa
situada en medio de este inmenso sertão. Más:
imaginemos esta villa exactamente sobre la línea
del Tratado de Tordesillas, aquel meridiano que
españoles y portugueses idealizaron a fines del siglo
XV para dividir al hemisferio occidental. Tierra de
nadie, en los confines de la demarcación y de los
intereses ibéricos, nuestra pequeña villa queda a casi
170 leguas de la corte brasileña, unos 90 días de
viaje con una buena tropa por los tortuosos caminos
del oro. Imaginemos por fin, en este escenario, un
personaje desarrollando un trabajo artístico.
This is the backdrop against which Joaquim José da
Veiga Valle appears. He was born in Pirenopolis and,
when of marriageable age, moved to the town of
Esta es la tela de fondo sobre la cual se presenta
José Joaquim da Veiga Valle. Nacido en Pirenópolis,
Fica 55
Em Foco On Focus En Foco
de que tenha empreendido outra
viagem. Com isso estamos diante de um
personagem nascido e criado no sertão
brasileiro das antigas Minas de Goiás,
isolado dos centros nacionais, numa
região em que a simples notícia da
Independência tardou meses a chegar.
Mas o isolamento físico não impede o
espírito de nosso artista de aperceberse de seu ambiente. Veiga Valle toma
gosto pelo ofício dos santeiros e passa a
incorporar toda a tradição ocidental na
fatura de suas peças.
A história oficial não se sente à vontade
para registrar vultos ou obras do interior
do País. O País oficial é apenas um
recorte do País geográfico. São mínimas,
praticamente inexistentes, referências a
artistas do Norte ou do Centro-Oeste,
do sertão do Centro-Sul. Veiga Valle
foi um artista do sertão e, para quem
olha de fora, pode não passar de um
curiosum, um escultor caricato a repetir
mecânica e extemporaneamente a
cultura dos grandes centros artísticos.
Mas talvez justamente aí resida seu
maior mérito: produziu em condições
adversas. Mais: produziu obras de boa
técnica e bom gosto em condições
adversas. Ou mudando o ponto de vista:
promoveu o intercâmbio de ideias, num
tempo de comunicação incipiente, em
que o contato com obras de arte de
outras regiões era difícil. A qualidade da
obra de Veiga Valle fica maior por ter
transcendido todos estes imperativos.
Reviver a obra de Veiga Valle, seus
santos, suas imagens, é manter vivo
o sertão em seu desejo de participar
do mundo. Sim, pois o Brasil fez suas
escolhas e o sertão não faz parte de
sua história oficial. Ao querer fazer o
País menor que suas fronteiras, menor
que seu espaço, perdemos todos. Dar
a conhecer a história de personagens
esquecidos é dever de quantos se
dediquem à pesquisa de nossa memória.
Significa valorizar a multiculturalidade
e a regionalidade que conferem a nós,
brasileiros, nosso complexo atestado da
identidade.
Wolney Unes é professor da Universidade Federal
de Goiás (UFG), diretor de redação da Revista do Fica
Goiás, the then provincial capital, situated no more
than 12 leagues from his home village. And there are
no reports that his ever having undertaken any other
journeys. So we are dealing with a character born
and reared in the Brazilian hinterland of the ancient
Goiás mines, isolated from national centers, in a
region in which the news about Independence took
months to arrive.
But physical isolation did not prevent the spirit of
our artist from becoming aware of his environment.
Veiga Valle took a liking to the craft of statue-making
and incorporated the whole of Western tradition in
the making of his statues.
Official history was not too keen on recognizing
figures or works from the country’s hinterland. The
official country is only a slice of the geographical
country. References to artists from the North or
Midwest or the hinterlands of the South Central
region are minimal. Veiga Valle was an artist from
the hinterland and for someone looking in from
the outside, he would pass for nothing more than a
curiosity, a caricatural sculptor copying the culture
of the great artistic centers, both mechanically and
extemporaneously. But perhaps that is precisely
where his greatest merit lies, having worked under
such adverse conditions. And what’s more, he
produced works of excellent technique and taste in
these adverse conditions. Or, to look at it differently,
he promoted an exchange of ideas at a time when
communication was very difficult, when contact with
works of art from other regions was hard to attain.
The quality of Veiga Valle’s work is enhanced by his
having transcended all these imperatives.
Reviving the work of Veiga Valle, his saints, his statues,
is keeping alive the desire of the hinterland to be part
of the world. Yes, this is true because Brazil made its
choices and the hinterland is not part of its official
history. By wanting to make the country smaller
than its borders, smaller than its space, we all lose.
Spreading the history of forgotten characters is the
duty of all those engaged in research into our past.
This means appreciating the multiculturalism and
regionality which gives us Brazilians, our complex
identity.
Wolney Unes, director of Revista do Fica, is professor at
Universidade Federal de Goiás.
nuestro artista, en edad de casarse, se mudó a la
Ciudad de Goiás, entonces capital de la Provincia, a
no más de 10 leguas de su villa natal. Y no se tiene
noticia de que haya emprendido otro viaje. Con eso
estamos frente a un personaje nacido y criado en
el sertão brasileño de las antiguas Minas de Goiás,
aislado de los centros nacionales, en una región
en que la simple noticia de la Independencia tardó
meses en llegar.
Pero el aislamiento físico no le impide al espíritu de
nuestro artista percibir su ambiente. Veiga Valle le
toma el gusto al oficio de los santeiros y comienza a
incorporar toda la tradición occidental en la factura
de sus piezas.
La historia oficial no se siente a voluntad para
registrar objetos u obras del interior del País. El País
oficial es apenas un recorte del País geográfico. Son
mínimas, prácticamente inexistentes, referencias
a artistas del Norte o del Centro Oeste, del sertão
del Centro Sur. Veiga Valle fue un artista del sertão
y, para quien mira de afuera, puede no pasar de
un curiosum, una caricatura de escultor repitiendo
mecánica y extemporáneamente la cultura de los
grandes centros artísticos. Pero tal vez justamente
ahí resida su mayor mérito: produjo en condiciones
adversas. Más: produjo obras de buena técnica y
buen gusto en condiciones adversas. O cambiando
el punto de vista: promovió el intercambio de ideas,
en un tiempo de comunicación incipiente, en que
el contacto con obras de arte de otras regiones
era difícil. La calidad de la obra de Veiga Valle es
aun mayor por haber transcendido todos estos
imperativos.
Revivir la obra de Veiga Valle, sus santos, sus
imágenes, es mantener vivo el sertão en su deseo
de participar del mundo. Sí, pues el Brasil hizo sus
elecciones y el sertão no hace parte de su historia
oficial. Al querer hacer el País menor que sus
fronteras, menor que su espacio, perdemos todos.
Dar a conocer la historia de personajes olvidados
es deber de cuantos se dediquen a la investigación
de nuestra memoria. Significa valorizar la
multiculturalidad y la regionalidad que nos confieren
a nosotros, brasileños, nuestro complejo certificado
de identidad.
Wolney Unes es profesor de la Universidad Federal
de Goiás (UFG), director de redacción de la Revista
do Fica
Todas as obras, feitas em madeira dourada e policromada, estão no acervo do Museu de Arte Sacra da Boa
Morte (Cidade de Goiás). As exceções são a Nossa Senhora da Conceição, que está na Fazenda Babilônia
(Pirenópolis) e o Menino Deus, que faz parte do acervo de Maria Lucy Veiga Teixeira (Goiânia).
| All his work, done in gold leaf polychromed wood can be found at the Museu de Arte Sacra da Boa Morte (Goiás), with the exception of
Our Lady of the Immaculate Conception, which is held at Fazenda Babilônia and the Baby Jesus, which is part of Mary Lucy Veiga Teixeira’s
collection (Goiânia).
|| Todas las obras, hechas en madera dorada y policromada, están en el acervo del Museu de Arte Sacra de la Boa Morte (Ciudad de Goiás). Las
excepciones son la Nuestra Señora de la Concepción, que está en la Fazenda Babilônia (Pirenópolis) y el Niño Dios, que hace parte del acervo
de Maria Lucy Veiga Teixeira (Goiânia).
56 Fica
Fica 57
Artigo Article Artículo
O olhar que
esquadrinha
as paisagens
The gaze that scans the landscape
La mirada que escudriña los paisajes
Quem ama a cidade deixa-a morar
por inteiro em sua alma, sem execrála por ser cruel e célere, vulgar e
altiva, por ser bela, mas carregada de
pequenos horrores. Não a nega por
ser o lugar plural e volúvel, que num
átimo muda as cores, os cheiros e as
vias de acesso, esquecendo o primeiro
afeto para beijar o outro que chega de
repente.
Paulo José
Quem ama a cidade, vive-a, e a observa
com uma espécie de desejo e repulsa
que só a arte é capaz de traduzir. Em
Goiânia há um homem assim, fascinado
pelos signos das ruas, senhor de uma
lente crivosa que tudo ama como quem
se espanta, e olha para a capital goiana,
onde nasceu, cresceu e se formou, com
a mesma intensidade humana que usa
para exercer sua profissão, a medicina.
Gilberto G. Pereira
é jornalista, editor de Comunidades/
Cultura da Tribuna do Planalto e do blog
www.leiturasdogiba.blogspot.com
Gilberto G. Pereira
Journalist, editor of Communities/Culture at
Tribuna do Planalto and of the blog
www.leiturasdogiba.blogspot.com
Gilberto G. Pereira
Periodista, editor de Comunidades/
Cultura de la Tribuna do Planalto y del
blog leiturasdogiba.blogspot.com
58 Fica
Lourival Belém Jr., médico psiquiatra,
trabalha visionariamente, em seu
consultório, mas também nas ruas
de Goiânia e nos presídios, dando
pareceres psiquiátricos, ou orientando
projetos ligados à rede de tratamentos
alternativos.
Quando não está observando o outro
dentro do consultório, observa-o
dentro da cidade. E aí, o espaço se
redimensiona, e também é onde
podemos ver a verdade translúcida
de si mesmo. Ele não deixa o médico,
por não ter dupla personalidade. Não
vem de Stevenson. O que faz é tornar
dominante o lado cineasta, cujas lentes
já captaram muitas cenas de alcance
estético impressionante.
When you love a city you let it live entirely in
your soul, you don’t curse it for being cruel or fast
moving, vulgar or haughty, for being beautiful but
full of tiny horrors. You do not reject it because it is
a plural volatile place, which in an instant, changes
its colors, smells and access routes, forgetting its
first love in order to embrace a new love arriving
unannounced.
A person who loves a city lives it and looks at it
with a kind of desire and disgust that only art can
translate. And in Goiânia, there is such a person,
fascinated by street signs, a man with a discerning
look who loves everything as if in wonder and looks
at the Goiás capital, where he was born, reared and
educated, with the same intensity which he uses in
the exercise of his medical profession.
Lourival Belém Jr., a psychiatrist, has a visionary
work, in his office, but also on the streets of Goiânia
and in prisons, filing psychiatric reports or directing
projects in the alternative treatment network.
When not observing people in his office, he is
observing them in the city. And there, the space
takes on other dimensions and is also where we
can see the translucent truth about itself. He does
not set the doctor aside, as he does not have a split
personality. He doesn’t come from Stevenson. What
he does is let his filmmaking-side take over with his
lens which has captured many scenes of stunning
aesthetic quality.
He has already made more than ten documentaries,
such as the recent Memories from a boys’ prison
(2009). However, the most interesting are those
whose titles contain the word ‘city’, a word very dear
to him: The invisible cities, from 2001, which, that
same year, won both Fica and Goiânia Mostra Curtas
awards [short films festival in the city]; Concert of
the city (2005), which also won a Fica award; and
Images from the town of men (2005).
These are all works in which space is superappreciated and the filmmaker recreates urban
symbiosis, confrontation and conflict between
people and the social milieu, the environment
and everyday transformations. Belém thinks the
city through the logic of sociability, while at the
same time showing us the destruction caused by
exclusion.
Concert of the city, for example, is about disorder
in the world. It starts with the destruction of the
trees, in Paranaíba Avenue, in the center of Goiânia,
to make way for the setting up of the Open Market,
Quien ama a la ciudad la deja vivir por entero en
su alma, sin execrarla por ser cruel y ligera, vulgar
y altiva, por ser bella, pero cargada de pequeños
horrores. No la niega por ser el lugar plural y
voluble, que en un segundo cambia los colores,
los olores y las vías de acceso, olvidando el primer
afecto para besar al otro que llega de súbito.
Quien ama a la ciudad, la vive, y la observa con
una especie de deseo y repulsión que sólo el arte
es capaz de traducir. En Goiânia hay un hombre
así, fascinado por los signos de las calles, señor
de una lente filtrante que todo ama como quien
se admira, y mira la capital goiana, donde nació,
creció y se formó, con la misma intensidad
humana que usa para ejercer su profesión, la
medicina.
Lourival Belém Jr., médico psiquiatra, trabaja
visionariamente, en su consultorio, pero también
en las calles de Goiânia y en los presidios, dando
pareceres psiquiátricos, u orientando proyectos
relativos a la red de tratamientos alternativos.
Cuando no está observando al otro dentro del
consultorio, lo observa dentro de la ciudad. Y
ahí, el espacio se redimensiona, y también es
donde podemos ver la verdad translúcida de sí
misma. Él no deja al médico, por no tener doble
personalidad. No viene de Stevenson. Lo que hace
es volver dominante su lado cineasta, cuyas lentes
ya captaron muchas escenas de alcance estético
impresionante.
Ya hizo más de diez documentales, como el
reciente Recuerdos de una prisión de chicos
(2009). Los más interesantes, mientras tanto, son
aquellos que tienen en el título la palabra que
le es cara: ciudad: Las ciudadelas invisibles, de
2001, premiado con el Fica de aquel año y con el
Goiânia Mostra Curtas [festival de cortometrajes
de la ciudad]; Concierto de la ciudad (2005), que
también ganó el Fica; e Imágenes de las ciudades
de los hombres (2005).
Son todos trabajos en que los espacios son
multivalorados y el cineasta recrea las simbiosis
urbanas, la confrontación y el conflicto, entre el
hombre y el medio social, el medio ambiente y lo
cotidiano de las transformaciones. Belém piensa
la ciudad por la lógica de la convivencia, al mismo
tempo que nos muestra el daño causado por la
exclusión.
Concierto de la ciudad, por ejemplo, es sobre el
desconcierto del mundo. Parte de la aniquilación
Fica 59
Artigo Article Artículo
Já fez mais de dez documentários,
como o recente Recordações de um
presídio de meninos (2009). Os mais
interessantes, no entanto, são aqueles
que trazem no título a palavra que lhe
é cara, cidade: As cidadelas invisíveis,
de 2001, premiado com o Fica daquele
ano e com o Goiânia Mostra Curtas;
Concerto da cidade (2005), que também
ganhou o Fica; e Imagens da cidade dos
homens (2005).
São todos trabalhos em que os espaços
são multivalorizados e o cineasta recria
as simbioses urbanas, o confronto, e
o conflito, entre o homem e o meio
social, o meio ambiente e o cotidiano
das transformações. Belém pensa a
cidade pela lógica da convivência, ao
mesmo tempo que nos mostra o estrago
causado pela exclusão.
Concerto da cidade, por exemplo, é
sobre o desconcerto do mundo. Ele
parte da aniquilação das árvores no
centro de Goiânia, na Avenida Paranaíba,
para a instalação do Mercado Aberto,
o rearranjo de camelôs que ocupavam
os canteiros das Avenidas Goiás e
Anhanguera.
As cenas se articulam internamente
sob o ronco das motosserras, o ruído
do trânsito, as vozes das pessoas e o
som de instrumentos musicais. Tudo vai
se comunicando, desconstruindo um
sentido para recriar outro. A música,
a vida, a dança, um balé de singelezas
no meio da fúria e das intersecções,
60 Fica
acompanham o espaço sendo modificado,
seguem os membros desconjuntados das
árvores caindo na avenida.
Em As cidadelas invisíveis, ele questiona
a repressão psiquiátrica, o discurso
excludente da medicina e do poder, a
tendência à segregação de quem manda na
cidade. Nesse filme, Belém procura explorar
o controle dos espaços urbanos e a maneira
como isso ressoa na subjetividade.
Mas talvez Imagens da cidade dos
homens seja seu filme mais visto, e é o
que concentra o maior grau de beleza.
Polifônico, traz a marca das diversas mídias,
do jornal ao rádio, e das diversas artes, da
literatura ao próprio cinema. É como se
quisesse recuperar o valor da cidade com o
olhar.
A ironia e o jogo de metáforas também
são bastante expressivos neste filme de 19
minutos. Há um texto soberbo mostrando
uma paisagem carcomida em determinados
trechos da cidade e sua reconstrução,
de outro modo, em outra geografia. Na
metade da película, há uma cena aérea que
resume o olhar de Belém.
Nessa cena, Goiânia é flagrada do alto
no marco zero, captando o desenho da
cidade que lembra um olho, uma íris.
Imagens da cidade dos homens é o filmesíntese de Belém. É o reflexo de sua própria
alma, plural. É um olhar que esquadrinha
as diversas paisagens sociais, e um belo
exemplo de que podemos escolher o foco
de nossa visão, seja ela estética, política,
social ou ambiental.
to house the street vendors who had formerly
occupied the middle areas along Anhanguera and
Goiás Avenues.
The scenes are internally linked against the
background roar of chainsaws, traffic, people’s
voices and the sound of musical instruments.
Everything is in communication, deconstructing
one sense in order to recreate another. Music,
life, dance, a ballet of naturalness, amid fury and
intersections, accompany the altering of the place
and follow the crashing of the disjointed branches
of the trees onto the ground.
In The invisible cities, he questions psychiatric
repression, the exclusionary discourse of medicine
and power and the trend for segregation of those
who govern the city. In this film, Belém explores the
control of urban spaces and how this re-echoes in
subjectivity.
But his Images from the city of men is perhaps
his most popular film and his most beautiful. It’s
polyphonic and bears the stamp of various media,
from the newspaper to the radio, and of the various
arts, from literature to cinema itself. It is as if it wants
to restore with a look the value of the city.
There is quite significant use of irony and metaphor
in this 19-minute film. There is a superb text
showing a wasted landscape in certain parts of the
city and then its reconstruction, by other means, in
another geography. Halfway through the film, there
is an aerial scene which sums up Belém’s stance.
In this scene, Goiânia is shown from above at
ground zero, capturing the design of the city which
looks like an eye, an iris. Images from the city of
men is Belém’s film-synthesis. It is a reflection of
his own soul, plural. It is a gaze which scans the
different social landscapes and a beautiful example
that we ourselves can choose the focus of our view,
be it aesthetic, political, social or environmental.
de los árboles en el centro de Goiânia, en la avenida
Paranaíba, para la instalación del Mercado Aberto, la
reubicación de vendedores callejeros que ocupaban
los canteros de la avenida Goiás y Anhanguera.
Las escenas se articulan internamente bajo el
ronquido de las motosierras, el ruido del tránsito, las
voces de las personas y el sonido de instrumentos
musicales. Todo se va comunicando, destruyendo
un sentido para recrear otro. La música, la vida, la
danza, un ballet de simplezas en el medio de la furia
y las intersecciones, acompañan el espacio mientras
es modificado, siguen los miembros descoyuntados
de los árboles cayendo en la avenida.
En Las ciudadelas invisibles, cuestiona la represión
psiquiátrica, el discurso excluyente de la medicina
y el poder, la tendencia a la segregación de quien
manda en la ciudad. En esa película, Belém busca
explorar el control de los espacios urbanos y la
manera como eso resuena en la subjetividad.
Pero tal vez Imágenes de las ciudades de los
hombres sea su película más vista, y la que
concentra el mayor grado de belleza. Polifónico,
trae la marca de los diversos medios, del diario a la
radio, y de las diversas artes, de la literatura al propio
cine. Es como si quisiera recuperar el valor de la
ciudad con la mirada.
La ironía y el juego de metáforas también son
bastante expresivos en esta película de 19 minutos.
Hay un texto soberbio mostrando un paisaje
carcomido en determinados trechos de la ciudad y
su reconstrucción, de otro modo, en otra geografía.
En la mitad de la película, hay una escena aérea que
resume la mirada de Belém.
En esa escena, Goiânia es captada desde lo alto del
marco cero, enseñando el dibujo de la ciudad que
recuerda un ojo, un iris. Imágenes de las ciudades
de los hombres es la película-síntesis de Belém. Es
el reflejo de su propia alma, plural. Es una mirada
que escudriña los diversos paisajes sociales, y un
bello ejemplo de que podemos escoger el foco de
nuestra visión, sea ella estética, política, social o
ambiental.
Fica 61
Fica pelo Brasil
Fica in Brazil
Fica por Brasil
Entre julho e novembro, os filmes vencedores do XIII Fica circularão por aí. Tratase do programa Fica Itinerante, que visa divulgar o evento e garantir que mais gente
assista às obras cinematográficas. No ano passado, a Agência Goiana de Cultura
(Agepel) estima ter atingido, com o projeto, um público de 11.600 pessoas.
O Fica Itinerante é promovido desde a primeira edição do festival, em 1998. Para
solicitar os filmes para exibição, basta enviar uma proposta com informações sobre a
data, o local, o perfil e a quantidade de público prevista, o nome do responsável pelo
evento, o local de exibição e seu plano de divulgação. Os dados podem ser enviados
para o email [email protected].
Mais informações: (62) 3223-1313.
Between July and November, the XIII Fica award-winning films will be shown in different places. This is
the Fica Itinerante program, which aims to disseminate the event and ensure that more people see the films.
Last year, the Agência Goiana de Cultura – Agepel (government’s culture agency) estimated that the project
reached an audience of 11,600 people.
Fica Itinerante has been taking place since the festival was founded in 1998. To request a film for viewing, just
send your proposal with data, such as date, location, profile and number of viewers envisaged, name of the
person in charge of the event, place of exhibition and plans for dissemination. This data can be sent via email
to [email protected]. Further information: (62) 3223-1313.
Entre julio y noviembre, las películas vencedoras del XIII Fica circularán por varias partes. Se trata
del programa Fica Itinerante, que busca divulgar el evento y garantizar que más gente vea las obras
cinematográficas. El año pasado, la Agencia Goiana de Cultura (Agepel) estima haber alcanzado, con el
proyecto, un público de 11,6 mil personas.
El Fica Itinerante es promovido desde la primera edición del festival, en 1998. Para solicitar las películas para
exhibición, basta enviar una propuesta con informaciones sobre la fecha, lugar, perfil y la cantidad de público
prevista, el nombre del responsable por el evento, el lugar de exhibición y su plan de divulgación. Los datos
pueden ser enviados al email [email protected]. Más informaciones: (62) 3223-1313.
62 Fica
Cristiano Borges
Cristiano Borges
Curtas Snippets Cortos
Língua solta
Loose tongue
Lengua suelta
Os tradutores e intérpretes têm papel
fundamental no Fica, pois são eles que
garantem aos participantes estrangeiros
o acesso à informação que circula no
festival. Vide essa revista em suas mãos,
em três idiomas. Também garantem que
nós, brasileiros, entendamos o que nossos visitantes estão dizendo.
Os debates – especialmente os
acalorados – é talvez onde esses
profissionais mais suem para transmitir
o que precisam. “O povo empolga,
faz perguntas, aí o palestrante quer
responder e dispara a falar”, conta Patrícia
Mamede, intérprete de inglês-português,
que acompanhou todos os debates de
cineastas, no Hotel Casa da Ponte.
Ela própria precisou chamar a atenção
algumas vezes, para que um não falasse
em cima do que o outro dizia, nem
saísse emendando falas e dificultando
o trabalho dos intérpretes. “O segundo
dia já foi melhor que o primeiro, pois
as pessoas já sabiam que precisavam
esperar.”
Translators and interpreters play a vital role in Fica
because they ensure that foreign participants have
access to all the information circulating at the festival.
Just take a look at this magazine in your hands,
written in three languages. It also guarantees that we,
Brazilians, understand what our visitors are saying.
It is during the debates – especially the most heated
ones – that these professionals have their work cut
out for them trying to communicate what is being
said. “People get very excited, ask questions, and
in an effort to respond the speaker goes at a mile a
minute”, says Patrícia Mamede, English-Portuguese
interpreter, who accompanied all the filmmakers’
debates at the Casa da Ponte Hotel.
At times, she herself had to ask the speakers to speak
one at a time and not complement what others had
said, which hinders the work of the interpreters. “The
second day was better than the first, because people
already knew they had to wait their turn.”
Los traductores e intérpretes tienen un papel
fundamental en el Fica, pues son ellos los que
garantizan a los participantes extranjeros el acceso
a la información que circula en el festival. Vea esta
revista en sus manos, hecha en tres idiomas. También
garantizan que nosotros, brasileños, entendamos lo
que nuestros visitantes están diciendo.
Los debates – especialmente los acalorados – son
tal vez donde esos profesionales más transpiren
para transmitir lo que precisan. “La gente se
entusiasma, hace preguntas, ahí el conferencista
quiere responder y se dispara a hablar”, cuenta
Patrícia Mamede, intérprete de inglés-portugués,
que acompañó todos los debates de cineastas, en el
Hotel Casa da Ponte.
Ella misma necesitó llamar la atención algunas veces,
para que uno no hablase encima de lo que el otro
decía, ni hablase de corrido dificultando el trabajo de
los intérpretes. “El segundo día ya fue mejor que el
primero, pues las personas ya sabían que precisaban
esperar.”
Fica 63
Silvio Quirino
Curtas Snippets Cortos
Aqui nem
Not here
Aquí no
Ao final de sua palestra na Cidade de Goiás, Fernando Gabeira participou de um
abaixo-assinado contrário ao armazenamento do lixo nuclear de Angra dos Reis (RJ)
em Abadia de Goiás (GO). O governo federal vem anunciando a intenção de trazêlo para o depósito da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), que guarda os
rejeitos do césio 137.
Batizada de Aqui nem, a campanha elaborada pela ONG + Ação já tem cerca de 5 mil
assinaturas. Elas foram colhidas na Cidade de Goiás, em Goiânia e em Abadia de Goiás.
Por enquanto, não dá para participar do abaixo-assinado pela internet. Quem tiver
interesse, pode procurar a sede da + Ação, na Av. Anhanguera, 5766, Centro, Goiânia
(GO). Telefone: (62) 3095-1272. Site: www.ongmaisacao.org.br.
Fernando Gabeira, at the end of his lecture in the town of Goiás, signed a petition opposing storage of
the Angra dos Reis nuclear waste at Abadia de Goiás. The Federal Government has announced its intention
of bringing it to the National Commission for Nuclear Energy (Cnen) dump, where the cesium 137 waste is
stored.
The campaign called Aqui nem (Not here), drawn up by the NGO + Ação, already has about 5 thousand
signatures which were collected in the town of Goiás, Goiânia and Abadia de Goiás.
As yet the petition cannot be signed on the Internet but whoever’s interested can go to the headquarters
of + Ação, at Av. Anhanguera, 5766, Centro, Goiânia (Goiás). Phone: (62) 3095-1272. Site: www.ongmaisacao.
org.br.
Al final de su conferencia en la Ciudad de Goiás, Fernando Gabeira participó de una solicitada contraria
al almacenamiento de la basura nuclear de Angra dos Reis en Abadia de Goiás. El gobierno federal viene
anunciando su intención de traerlo al depósito de la Comisión Nacional de Energía Nuclear (Cnen), que
guarda los desechos del cesio 137.
Bautizada de Aqui nem (Aquí no), la campaña elaborada por la ONG + Ação ya tiene cerca de 5 mil firmas.
Fueron juntadas en la Ciudad de Goiás, en Goiânia y en Abadia de Goiás.
Por ahora no se puede participar de la solicitada por internet. Quien tenga interés, puede procurar la sede
de la + Ação, en la Av. Anhanguera, 5766, Centro, Goiânia (Goiás). Teléfono: (62) 3095-1272. Sitio: www.
ongmaisacao.org.br.
64 Fica
Canja
Jam session
Participación
Três shows musicais se destacaram na
programação do Fica neste ano. No dia 16
de junho, MC Dyskreto, um dos principais
produtores de hip hop de Goiás, mandou
bem, com uma banda completa no palco
da Praça de Eventos. Manu Chao estava
por ali, curtindo a apresentação, e acabou
fazendo uma participação especial.
There were three concerts of note in this year’s
Fica program. On June 16, MC Dyskreto, a leading
producer of hip-hop in Goiás, went down well at
the Praça de Eventos (Events Square), with a full
band on stage. Manu Chao was there enjoying the
presentation and ended up doing a number
Tres shows musicales se destacaron en la
programación del Fica este año. El 16 de junio,
MC Dyskreto, uno de los principales productores
de hip hop de Goiás, estuvo muy bien, con una
banda completa en el escenario de la Plaza de
Eventos. Manu Chao estaba por allí, disfrutando la
presentación, y acabó haciendo una participación
especial.
Raízes
Roots
Raíces
No dia 17, a apresentação de duas
bandas que misturam o regional com
o nacional, bombou no Palácio Conde
dos Arcos. No show do grupo Chapéu
de Paia, originário da Cidade de Goiás, a
presença do público local foi massiva. Já
o grupo Passarinhos de Cerrado fez uma
baita ciranda de roda com a participação
da plateia.
On the 17th, two bands blending regional and
national music were a roaring success at the Conde
dos Arcos Palace. There was a great crowd of
locals at the show presented by Chapéu de Paia, a
group from the town of Goiás. And the Passarinhos
de Cerrado group did a fantastic ring dance with
audience participation.
El día 17, la presentación de dos bandas que
mezclan lo regional con lo nacional, tuvo mucho
éxito en el Palacio Conde dos Arcos. En el show del
grupo Chapéu de Paia, originario de la Ciudad de
Goiás, la presencia del público local fue masiva. Y el
grupo Passarinhos de Cerrado hizo una fantástica
ronda con la participación de la platea.
Fica 65
Menor impacto Less impact Menor impacto
Preciosa água
Precious water
Preciosa agua
Rui Faquini
Texto: Elisa A. França
Segundo o Instituto Trata Brasil, no
país cada um de nós consome em média
150 litros de água por dia. É muito, se
comparado ao volume recomendado
pela Organização das Nações Unidas
(ONU), de 110 litros. Em nossa casa, é no
banheiro que a maior parte se esvai.
A estação seca do Cerrado, que vai de
maio a setembro, é um motivo a mais
para economizarmos. Se na época das
águas, já não faz sentido desperdiçar o
recurso, agora é muito pior.
Na prática, desligar a torneira ao escovar
os dentes é o mínimo do mínimo que
podemos fazer. Mas que outros hábitos
podemos adotar?
• Diminuir o tempo do banho
representa uma bela economia. Não é
preciso que dure mais do que 5 minutos
e você ainda pode fechar o registro
enquanto se ensaboa.
• Hoje em dia já existem várias
descargas economizadoras, que usam
66 Fica
cerca de três litros de água para os
dejetos líquidos, e seis para sólidos.
As descargas antigas chegam a gastar
entre 10 e 14 litros.
• Você também pode instalar
reguladores de vazão, que segundo os
fabricantes economizam até a metade
da água em um banho.
• Você lava o carro toda semana? Que
tal passar a fazê-lo a cada 15 dias ou
mesmo uma vez ao mês?
• Nunca, jamais, “varra” a calçada com a
mangueira! Use o balde.
• Durante o dia, use o mesmo copo
para beber água.
• Molhe as plantas bem de manhã ou à
noite, a fim de reduzir a evaporação. De
preferência, utilize o regador e não a
mangueira.
| In Brazil, each one of us uses an average of 150
liters of water per day, according to the Instituto
Trata Brasil. That’s a lot, when compared to the
110 liters recommended by the United Nations. In
our homes the greater part of this is used up in the
bathroom.
The Cerrado’s dry season, running from May to
September, is one more reason for sparing water. If
in the rainy season we shouldn’t waste this resource,
in the dry season we should be all the more careful.
In practical terms, the very least we could do is turn
off the tap while brushing our teeth. But are there
any other habits we could adopt?
|| Según el Instituto Trata Brasil, en el Brasil cada uno
de nosotros consume en promedio 150 litros de
agua por día. Es mucho, si es comparado al volumen
recomendado por la Organización de las Naciones
Unidas (ONU), de 110 litros. Es en el baño de nuestra
casa que se gasta la mayor parte.
La estación seca del bioma Cerrado, que ocurre
desde mayo hasta setiembre, es un motivo más para
economizar. Si en la época de las lluvias, ya no tiene
sentido desperdiciar el recurso, ahora es mucho peor.
En la práctica, cerrar la canilla al cepillarse los dientes
es lo mínimo que podemos hacer. ¿Y qué otros
hábitos podemos adoptar?
• Reducing our shower time is a good way to save
water. You don’t need to spend any more than 5
minutes in the shower and, what’s more, you can
turn off the tap while soaping up.
• Disminuir el tiempo en el baño representa una
buena economía. No es preciso que dure más
de 5 minutos y ud. también puede cerrar el agua
mientras se enjabona.
• Today there are different economical toilet
flushing systems available, one of which uses three
liters of water for liquid waste and six for solid
waste. Previous flushing systems used between ten
and fourteen liters.
• Hoy en día existen varias descargas
economizadoras, que usan cerca de tres litros de
agua para los deyectos líquidos, y seis para los
sólidos. Las descargas antiguas llegan a gastar entre
10 y 14 litros.
• You can also install flow regulators which,
according to the manufacturers, save up to half the
quantity of shower water normally used.
• También se puede instalar reguladores de
salida de agua, los que, según los fabricantes,
economizan hasta la mitad del agua en un baño.
• Do you wash your car every week? How about
doing so every 15 days or even once a month?
• ¿Ud. lava el auto todas las semanas? ¿Por qué no
hacerlo cada 15 días o una vez al mes?
• Never, ever, “sweep” the driveway with the hose!
Use a bucket.
• ¡Nunca, jamás, “barra” la vereda con la manguera!
Use el balde.
• Throughout the day, use the same cup to drink
water.
• Durante el día, use el mismo vaso para beber
agua.
• Give your plants some water preferably in the
morning or in the evening in order to reduce
evaporation. Use a watering can rather than a hose.
• Moje las plantas por la mañana temprano o
a la noche, a fin de reducir la evaporación. De
preferencia, utilice la regadera y no la manguera.
Fica 67
Circuito Circuit Circuito
Bruno Hermano
Festivais de cinema ambiental
Julho e agosto 2011
Environmental film festivals – July and August 2011
Festivales de cine ambiental – Julio y agosto 2011
Festival de Cinema do Japão
4 a 7 de agosto de 2011
Toyama, Japão
Edição: 10ª
O festival: Realizado a cada dois anos, desde 1993, tem como
foco os documentários de imagens em movimento das maravilhas
da vida selvagem e da coexistência da natureza com as pessoas. Os
idealizadores tomaram a iniciativa visando a aumentar a compreensão
sobre a necessidade urgente de proteger e cuidar do mundo natural.
http://www.naturechannel.jp/
The festival: It has been held every two years
since 1993, focuses on documentaries of moving
images of the wonders of wildlife and the
coexistence of nature and people. The founders
took this initiative in order to broaden the
understanding of the urgent need to protect and
care for the natural world.
http://www.naturechannel.jp/
Topanga Film Festival
Quando: 28 a 31 de julho
Onde: Topanga, Califórnia
Edição: 7ª
O festival: Realizado no
Topanga Canyon, que fica
entre as montanhas de
Santa Mônica, é dedicado
à exibição de filmes
independentes e experimentais. Apesar de não
ser um festival específico de cinema ambiental,
há uma mostra paralela chamada Plano B, que
apresentará somente projetos cinematográficos
focados em soluções para os desafios
ambientais do planeta.
68 Fica
El festival: Realizado cada dos años, desde 1993,
el festival tiene como foco los documentales de
imágenes en movimiento de las maravillas de la
vida salvaje y de la coexistencia de la naturaleza
con las personas. Los idealizadores tomaron la
iniciativa buscando aumentar la comprensión
sobre la necesidad urgente de proteger y cuidar el
mundo natural.
New Zeland Mountain Film Festival
Inkafest – Festival de Cinema de Montanha
The festival: Held in Topanga Canyon, which
lies between the mountains of Santa Monica,
it is dedicated to showing independent and
experimental films. Although it is not a specific
environmental film festival, this edition will feature
a parallel exhibition called Plan B, which will
present only film projects focused on solutions to
the planet’s environmental challenges.
O festival: Promovido pela Associação
Montanha e Cultura, tem o objetivo de
aproximar a comunidade esportiva da
população local da região do Parque
Nacional de Huascarán. Além da mostra
cinematográfica, são realizadas exposições
e atividades de esporte de aventura. A região
apresenta geografia espetacular para a prática
de esportes de aventura, como escaladas
extremas. O festival também visa destacar a
importância da ecologia, do meio ambiente e
da preservação das montanhas e natureza.
El festival: Realizado en el Topanga Canyon,
que está entre las montañas de Santa Mónica,
está dedicado a la exhibición de películas
independientes y experimentales. A pesar de no
ser un festival específico de cine ambiental, en
esta edición contará con una muestra paralela
llamada Plano B, que presentará solamente
proyectos cinematográficos enfocados en
soluciones para los desafíos ambientales del
planeta.
Quando: 15 a 21 de agosto
Onde: Huaraz, Peru
Edição: 7ª
The festival: It is sponsored by the Society
of Mountain and Culture and aims to bring
the sports community of the local region of
the Huascaran National Park. Apart from film
shows, exhibitions and activities are held for
adventure sport. The region has a spectacular
geography suitable to adventure sports such as
extreme climbs. The festival also aims to highlight
the importance of ecology, environment,
preservation of the mountains and nature.
El festival: Es promovido por la
Asociación Montaña y Cultura y tiene el
objetivo de aproximar la comunidad deportiva
a la población local de la región del Parque
Nacional de Huascarán. Además de la muestra
cinematográfica, son realizadas exposiciones y
actividades de deporte de aventura. La región
presenta una geografía espectacular para
la práctica de deportes de aventura, como
escaladas extremas. El festival también busca
destacar la importancia de la ecología, medio
ambiente, preservación de las montañas y
naturaleza.
Fica 69
Circuito Circuit Circuito
Painel Panel Panel
Não perca o prazo de inscrição
Do not miss the registration deadline
No pierda el plazo de inscripción
Kathmandu International Mountain Film
Festival (KIMFF)
Inscrições: até 30 de julho
Onde: Katmandu, Nepal
Quando: 8 a 12 de dezembro
Edição: 9ª
Site: www.kimff.org
O festival: Realizado na cidade de Katmandu, considerada o coração cosmopolita da região
do Himalaia, o festival visa promover uma melhor compreensão das experiências humanas,
bem como das realidades sociais e culturais nas terras altas do mundo. Cerca de 50 filmes
serão selecionados para KIMFF 2011. Cineastas do Nepal terão a oportunidade de participar do
Nepal Panorama, uma mostra separada com o objetivo promover filmes nepaleses em todos
os gêneros. The festival: Held in the town of Kathmandu, the cosmopolitan heart of the Himalayan region, the festival
aims to promote a better understanding of human experiences, as well as social and cultural realities in the
highlands of the world. About 50 films will be selected for KIMFF 2011. Filmmakers of Nepal will have the
opportunity to participate in Nepal Panorama, a separate show with the aim of promoting Nepali movies in
all genres.
The festival: It is organized annually by the Committee for Environmental Protection and Ecological
Safety of St. Petersburg. The history of the Green Vision dates back to 1996 when it was first held. The main
objective was to bring the best environmental films produced in the world to Russian viewers and stimulate
the local production of environmental film.
Green Vision – Festival Internacional de
Cinema Ambiental
Inscrições: até 1º de agosto
Onde: São Petersburgo, Rússia
Quando: 22 a 26 de novembro
Edição: 16ª
Site: www.infoeco.ru/greenvision
O festival: É organizado anualmente pelo Comitê de Proteção Ambiental e Segurança
Ecológica de São Petersburgo. A história do Green Vision remonta a 1996, quando foi realizado
pela primeira vez. O principal objetivo foi levar os melhores filmes ambientais produzidos no
mundo para os espectadores russos e estimular a produção local de cinema ambiental.
The festival: It is organized annually by the Committee for Environmental Protection and Ecological
Safety of St. Petersburg. The history of the Green Vision dates back to 1996 when it was first held. The main
objective was to bring the best environmental films produced in the world to Russian viewers and stimulate
the local production of environmental film.
El festival: Organizado anualmente por el Comité de Protección Ambiental y Seguridad Ecológica de
San Petersburgo. La historia del Green Vision remonta a 1996, cuando fue realizado por primera vez. El
principal objetivo fue llevar las mejores películas ambientales producidas en el mundo a los espectadores
rusos y estimular la producción local de cine ambiental.
70 Fica
Curupira (2011), de Sarah Ottoni, ilustradora e designer gráfico, sócio-fundadora do coletivo Fake Fake ilustraciones
| Curupira (2011), from Sarah Ottoni, ilustrator and graphic designer, co-founder and partner of the group Fake Fake ilustraciones
|| Curupira (2011), de Sarah Ottoni, ilustradora y diseñadora gráfica, socia fundadora del colectivo Fake Fake ilustraciones
Fica 71
SCS - COC - 00785
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