AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA EM PACIENTES COM DOENÇA DE
PARKINSON SUBMETIDOS A TRATAMENTO HIDROTERÁPICO ATRAVÉS
DO MÉTODO HALLIWICK
Carolina Cavalca*, Fernando Soldi**
..........................................................
*Acadêmica da 8ª fase do Curso de Fisioterapia da UNISUL – Tubarão/SC
** Fisioterapeuta, Especialista, Professor da disciplina de Fisioterapia aplicada à
Neurologia do curso de Fisioterapia da UNISUL – Tubarão/SC.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar influência do método Halliwick sobre a aptidão física
dos pacientes com a doença de Parkinson. Para tanto, participaram deste estudo sete
indivíduos com doença de Parkinson (3 masculino e 4 feminino), estágio de Hoehn e Yahr
entre 2,5 e 3, idade média de 66 anos e média de tempo de diagnóstico de doença de
Parkinson de 6 anos e 5 meses. Para a coleta de dados foi utilizada uma ficha de avaliação
da aptidão física, contendo a avaliação das variáveis neuromotoras, flexibilidade e variável
metabólica, assim como o teste de levantar da cadeira em 30 segundos, teste de flexão de
cotovelo em 30 segundos, teste de velocidade normal de andar, teste do Banco de Wells e
teste de caminhada de seis minutos. Os atendimentos foram realizados no período de Março
a Julho e Agosto a Novembro de 2004 na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade do
Sul de Santa Catarina, sendo realizados em média 12 atendimentos. Os resultados obtidos
foram satisfatórios para as variáveis de flexibilidade, neuromotoras e metabólicas, onde a
maioria, quando não todos os pacientes apresentaram ganhos significativos. Conclui-se que
a hidroterapia através do método Halliwick melhorou a aptidão física dos pacientes
pertencentes à amostra da pesquisa, enfatizando assim, a necessidade da atuação de uma
equipe multidisciplinar de reabilitação.
Palavras-chave: Doença de Parkinson, Aptidão Física, Hidroterapia, Método Halliwick.
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate influence of Halliwick´s method on the
physical fitness patients with Parkinson’s disease. For so much, they participated in this
study seven individuals with Parkinson’s disease (3 masculine and 4 feminine),
apprenticeship of Hoehn and Yahr between 2,5 and 3, medium age 66 years old and
average of time of diagnosis of Parkinson´s disease 6 years old and 5 months. For the
collection of data a record of evaluation on physical fitness was used, containing the
evaluation of variables neuromotoras, flexibility and metabolic variable, as well as the test
of getting up of the chair in 30 seconds, test of elbow flexing in 30 seconds, test of normal
speed of walking, test of the Bank of Wells and test of walk of six minutes. The services
were accomplished in the period of Março until July and August to November of 2004 in
the Clinical School of Physiotherapy of the University of the South of Santa Catarina, being
accomplished 12 services on average. The obtained results were satisfactory for the
variables of flexibility, neuromotoras and metabolic, where most, when no all the patients
presented won significant. It is ended that the hydrotherapy through the method Halliwick
improved the patients' belonging to the sample of the research physical fitness, emphasizing
like this, the need of the performance of a team rehabilitation multidisciplinar.
Key
words: Parkinson’s disease, Physical fitness, Hydrotherapy, Halliwick Method.
Introdução
A doença de Parkinson é uma
afecção neurológica progressiva e
degenerativa que acomete principalmente
o sistema motor, causando alterações no
movimento humano. Essa enfermidade
caracteriza-se por ser uma condição
degenerativa que caminha com uma perda
progressiva de células neuronais de
determinadas áreas do cérebro e tronco
encefálico, denominados núcleos da base.
É encontrada com maior
freqüência
na
população
idosa,
representando 2/3 dos pacientes que
procuram os grandes centros de distúrbios
do movimento do mundo. O início do
quadro clínico ocorre geralmente entre 50
e 70 anos de idade. Contudo, pode-se
encontrar pacientes com início da doença
mais precoce, antes dos 40 anos, e até
mesmo, abaixo dos 21 anos de idade. A
doença de Parkinson pode ocorrer nas
diferentes raças e classes sociais em
pessoas de ambos os sexos, apesar de
alguns
estudos
epidemiológicos
demonstrarem maior freqüência no sexo
masculino.
Os sintomas e sinais cardinais
de parkinsonismo são tremor de repouso,
bradicinesia (acinesia ou hipocinesia),
rigidez muscular e instabilidade postural.
A atividade física é parte
fundamental na preservação das funções
motoras dos pacientes parkinsonianos. Os
problemas físicos são agravados, em
grande parte, devido à imobilidade. Um
paciente ativo sempre terá menor
possibilidade
de
desenvolver
complicações
clínicas
gerais
em
comparação aos que se acomodam,
permanecendo sentados ou deitados a
maior parte do tempo.
A fisioterapia, através da
reeducação e a manutenção da atividade
física, é um complemento indispensável
ao tratamento da doença de Parkinson. De
fato, os exercícios físicos conservam a
atividade muscular e flexibilidade
articular. Entretanto, estes não impedem a
progressão da doença, mas mantém um
estado de funcionamento muscular e
ósteo-articular conveniente.
A fisioterapia direcionada à
melhora ou manutenção do comprimento
e flexibilidade dos tecidos moles irá
afetar o controle postural, a bradicinesia e
o condicionamento cardiovascular, por
meio da redução das contribuições
musculoesqueléticas para essas lesões.
A reabilitação após os danos
neurológicos necessita de abordagens
variadas e ricas em recursos. A
hidroterapia, como parte do processo de
reabilitação das pessoas com lesões
neurológicas possui um papel definitivo.
Conhecida a milhares de anos esta forma
de tratar utilizando os benefícios que a
água propicia, vem ganhando destaque
nos ambientes terapêuticos do mundo
inteiro. Os primeiros a sentirem estes
benefícios são, entre outros, os indivíduos
acometidos pela doença de Parkinson,
onde o sistema musculoesquelético
deixou de atuar com precisão.
Os efeitos fisiológicos dos
exercícios, combinados com aqueles que
são causados pelo calor da água, são uma
das grandes vantagens da atividade nesse
meio. De maneira geral, as iniciativas de
promoção de saúde pela hidroterapia são
planejadas para aumentar o número de
anos de boa saúde com a redução da
morbidade e mortalidade.
O
método
Halliwick,
desenvolvido por James McMillan em
1949 em Londres, com a proposta inicial
de recreação para pessoas com algum
comprometimento físico, tornou-se uma
forma de criar certa independência do
paciente durante a natação. O trabalho é
executado com movimentos voluntários
do paciente que apesar de toda e qualquer
falta de habilidade que este possa ter, o
que se enfatiza são as suas habilidades,
por menores que sejam.
A atual pesquisa justifica-se
pelo fato de o envelhecimento ser um
processo contínuo durante o qual ocorre
um declínio progressivo de todos os
processos fisiológicos. As principais
alterações demográficas, epidemiológicas
e econômicas na sociedade durante este
século, não podem ser ignoradas. Os
idosos (60 anos ou mais) são agora o
segmento de crescimento mais rápido da
população.
O
sedentarismo,
a
incapacidade e a dependência são as
maiores
adversidades
da
saúde
relacionadas ao envelhecimento. Estimase que em 2020, ocorrerá um aumento de
84 a 167% no número de idosos com
moderada ou grave incapacidade.
Visto que a doença de
Parkinson atinge cerca de 2% das pessoas
acima dos 65 anos de idade, sendo
considerada comum em idosos, de caráter
progressivo e levando o paciente a uma
incapacidade física e funcional, deve-se
considerar a importância do estudo e
desenvolvimento
de
medidas
de
prevenção e técnicas de reabilitação das
possíveis morbidades advindas deste
processo patológico.
Para
especialistas
da
Sociedade Brasileira de Medicina do
Esporte e da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia, a atividade
física regular aumenta a força, a massa
muscular e a flexibilidade, principalmente
em indivíduos acima de 50 anos, assim
como o exercício físico diminui a
incidência de quedas, o risco de fraturas e
a mortalidade em portadores de doença de
Parkinson.
A fisioterapia, através da
hidroterapia, não é capaz de curar os
sintomas nem de impedir que a doença
progrida, mas é capaz de manter a boa
movimentação do paciente e evitar o
agravamento do quadro motor, porque,
quanto mais parado o paciente fica, piora
a rigidez, a bradicinesia e a instabilidade
postural, aumentando ainda mais a
dificuldade em se mover. Além de
agravar os sintomas da doença, a falta de
movimentação do paciente leva à
fraqueza e a encurtamentos musculares,
que também aumentam a dificuldade de
se movimentar, sendo que anos de
evolução de rigidez e bradicinesia
produzem alterações patológicas ósseas,
responsáveis por uma incapacidade
funcional ainda mais limitante. Assim, o
paciente entra num círculo vicioso que
pode levar à incapacidade de realizar
sozinho até mesmo movimentos mais
simples como comer.
O método Halliwick, baseado
em
princípios
de
hidrodinâmica,
hidroginástica, e nas reações do corpo
humano quando imerso na água, é um
tratamento seguro e utilizado para todas
as idades, visando proporcionar ao
paciente a obtenção e o domínio do
equilíbrio
e
da
respiração,
condicionamento
e
flexibilidade
muscular, controle motor e percepção
corporal,
resistência
cardiovascular,
controle e relaxamento da dor,
fortalecimento dos grupos musculares
fracos enfim, melhora da condição física
geral,
potencializando
habilidades
motoras e recuperando movimentos.
A escolha pelo método
Halliwick como meio de intervenção
fisioterapêutica em pacientes com doença
de Parkinson foi motivada pela utilização
do meio hídrico como local de aplicação
do método, sendo que as propriedades
físicas da água, associadas ao exercício
realizado nesta, implicam em uma série
de benefícios ao paciente evitando as
complicações
da
imobilidade
e
melhorando, assim, a aptidão física e
conseqüente qualidade de vida.
Materiais e Métodos
A pesquisa possui caráter
experimental, sendo uma variação do
plano clássico com grupo único e
aplicação de pré e pós-teste.
A população deste estudo foi
composta por pacientes pertencentes a
ambos os sexos, que apresentavam
diagnóstico de doença de Parkinson,
sendo estes inscritos na lista de espera da
Clínica Escola de Fisioterapia da
Universidade do Sul de Santa Catarina –
UNISUL, campus Tubarão.
A amostra compreende sete
indivíduos portadores da doença de
Parkinson, sendo três pertencentes ao
sexo masculino e quatro ao sexo
feminino, com idade entre 53 e 81 anos.
Foram excluídos do estudo os indivíduos
que não tiveram aprovação no exame
médico dermatológico.
Limitação do estudo
O paciente B, não está incluso
na discussão dos dados referentes ao teste
de velocidade de caminhar e de
caminhada de seis minutos, pelo fato de
este não poder ter comparecido a
reavaliação por motivos de saúde.
Instrumentos utilizados para coleta de
dados
Foram utilizados os seguintes
instrumentos para a coleta de dados deste
estudo:
termo
de
consentimento
informado; ficha de identificação,
contendo dados pessoais do paciente e
medicações utilizadas; fita métrica
(marca: easyread); escala de esforço
adaptada
de
Borg;
cronômetro;
estetoscópio e esfigmomanômetro da
marca BD; Banco de Wells; halteres de 2
e 4kg; frequencímetro da marca Polar;
pista de 3,33m e circuito de 60m e piscina
terapêutica (de extensão de 15 x 9 metros,
profundidade mínima de 0,8 metros e
máxima de 1,4 metros e temperatura
mantida entre 31 a 34ºC), local da
realização dos atendimentos.
Procedimentos utilizados para a coleta
de dados
A avaliação das variáveis
neuromotoras foi baseada na mensuração
da força muscular dos membros
superiores e inferiores. Para mensurar a
força dos membros superiores foi
realizado o teste de flexão de cotovelo. O
paciente sentado em uma cadeira, com as
costas retas no encosto e pés totalmente
apoiados no chão, com o lado dominante
do corpo perto da extremidade lateral da
cadeira. O peso é segurado de lado com a
mão dominante fechada. O teste começa
com o braço estendido para baixo ao lado
da cadeira, perpendicular ao chão. Ao
sinal “Atenção! Já!” o paciente vira a
palma da mão para cima enquanto
flexiona o braço, completando totalmente
o ângulo de movimento, voltando depois
à posição inicial com o cotovelo
totalmente estendido.
Para mensurar a força dos
membros inferiores foi realizado o teste
de levantar da cadeira em 30 segundos. O
teste começa com o avaliado sentado no
meio da cadeira, com as costas retas e os
pés apoiados no chão. Os braços ficam
cruzados contra o tórax. Ao sinal, o
paciente se levanta, ficando totalmente
em pé e então retorna a uma posição
completamente sentada. O paciente é
encorajado a sentar-se completamente o
maior número possível de vezes em 30
segundos.
Para a realização do teste de
sentar e alcançar no chão, na avaliação da
flexibilidade foi utilizado o banco de
Wells, sendo que o paciente se senta no
chão com as pernas estendidas e os pés
encostados no banco de madeira e
afastados seguindo a linha do quadril e os
braços estendidos um sobre o outro. Ao
comando verbal, o paciente é orientado a
flexionar o tronco e ir lentamente para
frente, deslizando as suas mãos ao longo
da fita métrica até atingir o ponto mais
distal, sem flexionar os joelhos.
Na avaliação das variáveis
metabólicas foi realizado o teste de
caminhada de 6 minutos, adaptado ao
percurso disponível e utilizado na Clínica
Escola de Fisioterapia da Universidade do
Sul de Santa Catarina – UNISUL; que
propõe ao paciente caminhar a maior
distância possível durante 6 minutos em
um percurso de 60 metros marcada em
segmentos de metros. Para determinar a
distância caminhada, um avaliador ou
ajudante pode marcar toda vez que uma
volta é completada. Ao sinal do avaliador,
o paciente é instruído para caminhar tão
rápido quanto for possível (sem correr) no
percurso, quantas vezes ele puder em 6
minutos. Se for necessário o paciente
pode parar e descansar (em cadeiras
disponíveis)
e
depois
continuar
caminhando. A cada 30 segundos é
sugerido que o avaliador fale frases de
motivação ao paciente “você está indo
bem”. Ao final de cada minuto o
avaliador deve anotar a freqüência
cardíaca e o índice de esforço perceptivo.
No final de 6 minutos o paciente é
orientado a não parar de forma brusca,
mas lentamente, enquanto o avaliador
registra o resultado obtido.
Para realizar o teste de
velocidade normal de andar, avaliando a
mobilidade geral, é demarcada no chão
uma faixa com largura de 33,3
centímetros e comprimento de 3,33
metros com fita adesiva ou fita crepe. O
paciente é orientado a permanecer em pé
do lado externo da borda com os pés
juntos, olhando para frente. O avaliador
com o cronômetro em mãos permanece
na altura da metade do percurso,
orientando o paciente com o comando de
início a percorrer o trajeto demarcado no
chão, caminhando na velocidade em que
normalmente anda no dia a dia, sem
correr e sem sair da trajetória. O
cronômetro é acionado na voz de
comando inicial e parado quando o último
pé ultrapasse a linha de chegada
demarcada no chão.
A partir do registro dos dados
obtidos na avaliação pré-intervenção, foi
aplicado o plano de tratamento baseado
nas atividades preconizadas pelo Método
Halliwick. Este foi aplicado na piscina
terapêutica da Clínica Escola de
Fisioterapia da Universidade do Sul de
Santa Catarina – UNISUL, no período
compreendido entre 18:30 e 19:30, sendo
totalizadas uma média de 12 sessões.
Ao completar as sessões,
foram reaplicados os procedimentos de
avaliação realizados na pré-avaliação
fisioterapêutica; sendo possível a
comparação e visualização dos resultados.
Resultados e Discussão
Rosenstein (2002) propõe três
razões para a introdução de um programa
de exercícios no tratamento da doença de
Parkinson.
São
elas: o melhor
conhecimento por parte dos familiares e
dos próprios pacientes sobre a doença,
para que assim estes possam conviver
melhor com seu corpo e suas limitações; a
diminuição das disfunções físicas
associadas com a DP, como a melhora da
flexibilidade, da coordenação, da força e
velocidade de caminhar; e a terceira é que
os exercícios devem melhorar o nível
total da aptidão associado aos benefícios
de condicionamento da pessoa com
doença de Parkinson.
Os resultados quanto aos
índices de flexibilidade, força e
endurance muscular, mobilidade geral e
aptidão
cardiorrespiratória,
estão
dispostos nas tabelas I, II, III, IV e V.
Tabela I: Valores correspondentes à medida de
flexibilidade dos pacientes da amostra.
Indivíduos Pré - teste Pós - teste Variação (%)
A..........
11
27,5
150,0
B..........
13
21
61,5
C..........
30,5
38,5
26,2
D..........
28
28
0,0
E..........
43
50
16,3
F..........
27
34,5
27,8
G.........
22
35,5
61,4
Conforme a tabela I constatouse que os pacientes A, B, C, E, F e G
obtiveram ganhos na flexibilidade,
enquanto que o paciente D não
apresentou variação.
A água aquecida, na terapia
aquática, com sua propriedade de
flutuabilidade proporciona um meio
excelente para estimular e melhorar a
flexibilidade
e a
amplitude de
movimento. A imersão em água morna
promove o relaxamento e aumenta a
temperatura tecidual, aumentando a
extensibilidade
dos
tecidos
musculotendinosos e dos tecidos moles
que circundam a articulação e
possibilitando que o alongamento seja
mais eficiente (BANDY; SANDERS,
2003).
Os efeitos da água aquecida
sobre os tecidos musculotendinosos e
tecidos moles combinados aos exercícios
de alongamento, favorecem a melhora ou
manutenção da flexibilidade. Exercícios
de flexibilidade após o condicionamento
cardiorrespiratório
facilitam
o
desaquecimento e ajudam a prevenir o
encurtamento muscular pós-exercícios
(KOURY, 2000).
Tabela II: Valores correspondentes aos resultados
obtidos no teste de flexão de cotovelo (em 30
segundos) dos pacientes da amostra.
Indivíduos Pré - teste Pós - teste Variação (%)
A..............
7
5
-28,6
B...............
3
4
33,3
C...............
2
11
450,0
D..............
10
16
60,0
E...............
18
15
-16,7
F...............
8
19
137,5
G..............
3
3
0,0
Como observado, os pacientes
B, C, D e F obtiveram ganhos na força
muscular de membros superiores. Os
pacientes A e E, obtiveram redução;
enquanto que o paciente G não obteve
variação.
O incremento na força
muscular, como observado nos pacientes
B, C, D e F, podem ser justificado pela
utilização dos princípios da hidrostática,
em que se emprega a flutuabilidade para
sustentar, auxiliar e causar resistência aos
movimentos (CAMPION, 2000). A força
de resistência ao movimento pode ser
aumentada a medida que aumenta-se a
velocidade do movimento, ou ao
trabalhar-se em diferentes profundidades
onde o paciente é forçado a ajustar-se à
alteração das forças de flutuação e
gravidade (CAMPION, 2000).
A redução observada nos
pacientes A e E, pode ser atribuída ao
processo normal de envelhecimento. O
envelhecimento implica na diminuição da
massa muscular (sarcopenia), da força
muscular dos indivíduos, da redução da
capacidade funcional e do desempenho
físico (SIMÃO, 2004).
Tabela III: Valores referentes aos resultados
obtidos no teste de levantar da cadeira (em trinta
segundos) dos pacientes da amostra.
Indivíduos Pré - teste Pós - teste Variação (%)
A..............
8
8
0,0
B...............
4
4
0,0
6
14
133,3
C...............
D..............
16
16
0,0
E...............
10
12
20,0
F...............
8
14
75,0
0
6
600
G..............
De acordo com a tabela III, os
pacientes C, E, F e G obtiveram aumento
da força muscular de membros inferiores,
enquanto os pacientes A, B e D
mantiveram seus valores obtidos no préteste.
Os pacientes aqui citados
podem beneficiar-se com o incremento da
força muscular uma vez que o
treinamento de força pode resultar não
somente em maior independência
funcional ao paciente, mas pode resultar
em diminuição dos riscos de queda e
conseqüentemente o risco de fratura
óssea, pela manutenção do equilíbrio,
facilitando a recuperação postural nas
situações de desequilíbrio do corpo
(PINHEIRO, et al, 2004).
Os
exercícios
físicos
conservam a atividade muscular e
flexibilidade articular. Inativos, os
músculos tendem a se atrofiar e sua força
diminui, além do que a rigidez resultante
limita a amplitude de movimento
(O´SULLIVAN, 2004).
O ganho e a manutenção de
força observada nos pacientes da amostra
podem ser atribuídos ao treino das
rotações, preconizado pelo método
Halliwick, realizadas em imersão no meio
hídrico. O fortalecimento e a reeducação
muscular podem ser alcançados por meio
da hidroterapia, uma vez que a água serve
como um meio de resistência. Quando um
objeto move-se na água, várias forças
resistivas estão atuando e precisam ser
superadas. Isso permite que os músculos
sejam exercitados ao máximo por meio da
amplitude do movimento total disponível
(SELEPAK, 2002).
A viscosidade, com todas as
suas propriedades físicas agregadas é a
qualidade que torna a água um meio útil
para treino de fortalecimento, porque sua
resistência aumenta à medida que mais
força é exercida contra ela (BECKER,
2000).
Tabela IV: Valores referentes à velocidade
normal de andar (em m/s) dos pacientes da
amostra.
Indivíduos Pré - teste Pós - teste Variação (%)
A..............
1,064
1,095
2,9
C...............
0,886
1,152
30,0
D..............
0,917
1,164
26,9
E...............
0,455
0,688
51,2
F...............
0,808
0,898
11,1
G..............
0,381
0,648
70,1
Conforme a tabela IV, todos
os pacientes da amostra obtiveram
melhora nos valores de velocidade normal
de andar, ou seja, os pacientes realizaram
o mesmo percurso do pré - teste (3,33
metros), em menor tempo (em segundos e
centésimos de segundos). Diante desses
dados pode-se constatar que os pacientes
obtiveram aumento na velocidade normal
de andar melhorando, conseqüentemente,
a mobilidade dos mesmos.
Deve-se considerar que a
velocidade de deslocamento varia com o
avançar da idade, sendo que ocorre
redução do comprimento do passo,
adoção de uma postura curvada para
frente do tronco, resultando em uma
diminuição da amplitude de movimento e
menor estabilidade em relação ao
equilíbrio (VIEL, 2001). Os pacientes da
amostra apresentaram melhorias em
relação a esta variável, porém podem
apresentar
uma
resposta
mais
significativa com o aumento da
freqüência dos atendimentos.
Os exercícios de rotação de
tronco seguem de mãos dadas com o
aumento da amplitude de movimento e
mobilidade em geral (MELNICK, 2004).
Os exercícios de rotação
realizados durante os atendimentos,
podem contribuir para a melhora na
mobilidade geral dos pacientes uma vez
que estes estimulam a manutenção do
equilíbrio e da coordenação, o controle
dos movimentos tanto de membros
superiores quanto de membros inferiores,
assim
como
promovem
o
desenvolvimento da consciência espacial
e lateralidade (CAMPION, 2000).
Os resultados obtidos podem,
ainda, serem resultado de uma
minimização do quadro de acinesia e
bradicinesia. A acinesia e a bradicinesia
são freqüentemente amenizadas pela água
aquecida, possivelmente por causa dos
estímulos
anormais
da
pressão
hidrostática e à turbulência sobre o corpo
proporcionando um feedback aumentado
ao cérebro (CAMPION, 2000).
Tabela V: Valores referentes aos dados obtidos
no teste de caminhada de 6 minutos, dos pacientes
da amostra.
Indivíduos
A..............
C..............
D..............
E...............
F...............
G..............
DC
prevista
470
538
556
527
425
368
Pré teste
324
480
454
266
120
120
Índice
Pós - alcançado Evolução
teste
(%)
(%)
452
96,2
28,3
545
101,3
11,9
454
81,7
0,0
295
56,0
9,8
427
100,5
71,9
262
71,2
54,2
A DC prevista foi calculada
conforme a equação citada por Enright e
Sherrill (1998). Conforme os resultados
apresentados na tabela V, pode-se
observar um aumento na distância
percorrida durante seis minutos de todos
os pacientes, com exceção do paciente D
que manteve seus valores. O cálculo
realizado sugere a distância caminhada
prevista para indivíduos normais, o que
significa maior relevância na melhora dos
pacientes da amostra, apesar da doença
neurológica e de todos os sinais e
sintomas que esta manifesta.
O
paciente
A
obteve
acréscimo de 28,3% na distância
percorrida em relação ao pré-teste
alcançando 96,2% do seu valor de DC
prevista. O paciente C obteve acréscimo
de 11,9% na distância percorrida em
relação ao pré-teste, alcançando 101% ou
seja, superando o valor de sua DC
prevista. O paciente D manteve seus
valores, permanecendo 81,7% do seu
valor previsto para DC. O paciente E
obteve acréscimo de 9,8% na distância
percorrida em relação ao pré-teste,
alcançando 56% do seu valor previsto
para DC. O paciente F obteve acréscimo
de 71,9% na distância percorrida em
relação ao pré-teste, superando seu valor
previsto para DC ao alcançar 100,5%
deste. E o paciente G obteve acréscimo de
54,2% na DC em relação ao pré-teste,
alcançando 71,2% de sua DC prevista.
A atividade física aeróbica
aumenta a capacidade para realização de
tarefas motoras e desempenha um papel
importante na prevenção primária e
secundária de doenças cardiovasculares.
O exercício físico aumenta a capacidade
aeróbica funcional, tanto pelo aumento no
débito
cardíaco
quanto
pelo
aprimoramento na habilidade dos tecidos
para extração do oxigênio do sangue.
Modificações benéficas nas funções
hemodinâmica, hormonal, metabólica e
respiratória também podem ocorrer com
aumento da capacidade de realizar
exercícios físicos (PITANGA, 2004).
Sendo que a resistência
causada pela água é alterada pelo
aumento da velocidade das caminhadas e
conseqüentemente pela turbulência ao
redor da pessoa, os exercícios em meio
aquático são uma excelente atividade
aeróbia (CAMPION, 2000).
A função cardiorrespiratória,
também conhecida como capacidade
aeróbica, é definida operacionalmente
como a capacidade do organismo em se
adaptar a esforços físicos moderados,
envolvendo a participação de grandes
grupos musculares, por períodos de
tempo relativamente longos (PITANGA,
2004). Visto que os exercícios de
competição, de pular (exercício do
“canguru”), e de deslocar na água em
diferentes sentidos que eram realizados
durante
as
sessões,
exigem
o
recrutamento
de
diversos
grupos
musculares, os exercícios realizados
durante o tratamento podem ter
contribuído para o incremento na
capacidade aeróbia destes pacientes.
Conclusão
A doença de Parkinson por ser
uma afecção neurológica progressiva e
degenerativa requer tratamentos e
recursos variados que não somente
reduzam os comprometimentos já
existentes, mas como previnam ou
retardem os que possam eventualmente
aparecer.
Visto que os sintomas
predominantes da doença são motores e
que estes freqüentemente levam a uma
redução
da
motricidade
e
conseqüentemente incapacidade física,
considera-se de extrema importância a
adoção de um programa de exercício
físico para a preservação das funções
motoras do paciente parkinsoniano.
A Fisioterapia poderá não ser
capaz de curar os sintomas, mas é capaz
de promover a manutenção do
comprimento e flexibilidade dos tecidos
moles afetando, desse modo, o controle
postural,
a
bradicinesia
e
o
condicionamento cardiovascular.
A hidroterapia é um recurso
fisioterapêutico que oferece aos pacientes
um ambiente altamente dinâmico. Entrar
na água é uma experiência única que
fornece a todos uma oportunidade de
ampliar física, mental e psicologicamente
seus conhecimentos e habilidades.
O trabalho no método
Halliwick é desenvolvido em jogos e
atividades que são divertidas e ensinam,
de maneira sutil, as habilidades
necessárias ao ajuste mental, à
restauração do equilíbrio e à natação.
A
pesquisa
conseguiu
comprovar os efeitos benéficos do
método Halliwick sobre a aptidão física
dos pacientes, no que diz respeito à
flexibilidade, variáveis neuromotoras e
variáveis metabólicas.
Diante disso, o tratamento
hidroterápico, mesmo sendo eficaz para
os pacientes com doença de Parkinson,
deve
complementar
o
tratamento
medicamentoso e caminhar junto às
atividades domiciliares, sendo que a não
exclusão da sociedade, por parte do
paciente, depende muito da atitude do
terapeuta, do próprio indivíduo e de seus
familiares. O paciente deve ser
constantemente estimulado a realizar suas
atividades de vida diária e praticar
exercícios, mesmo que seus movimentos
sejam lentos e difíceis.
Por isso, não apenas o
tratamento por exercícios, mas a família e
os amigos são peças fundamentais para
reabilitação e para a promoção de uma
melhor qualidade de vida nos pacientes
parkinsonianos.
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avaliação da aptidão física em pacientes com - fisio