Laboratório de Ideias III – Sinais do Tempo DAI/ESMAE/ALLIANCE FRANÇAISE Programação de Jorge Campos Teatro Helena Sá e Costa 13 a 16 de Setembro O Laboratório de Ideias é uma iniciativa do Departamento de Artes da Imagens (DAI) da ESMAE, no âmbito do mestrado em Comunicação Audiovisual, cujo objectivo é proporcionar uma visão alargada de narrativas cinematográficas habitualmente ausentes dos circuitos de distribuição. Esta edição, denominada Sinais do Tempo, propõe um conjunto de derivas sobre a memória de um tempo em que a utopia parecia possível, mas onde as contradições a elas inerentes suscitam, hoje mais do que nunca, reflexões sobre o tempo que passa. Nesta linha está um conjunto de filmes de Chris Marker apresentado pela primeira vez em Portugal num contexto de valorização da sua obra mais política, por assim dizer. Entre esses filmes conta-se o extraordinário Le font de l’air est rouge, bem como o singularíssimo L’ambassade que aparece creditado como obra anónima. Há ainda um documentário de Nicolas Philibert, Retour en Normandie, um outro exercício sobre a memória e sobre a dignidade da condição humana. Sem se afastar da coerência programática, e uma vez que se trata também de receber novos estudantes dos diferentes cursos do DAI, o Laboratório de Ideias contempla a exibição de filmes de antigos alunos cuja vida profissional está agora a começar, bem como a presença de um documentarista convidado, Pedro Neves que vai mostrar o seu filme Os esquecidos, um libelo contra a pobreza no Porto. O Laboratório de Ideias pode ser adicionado pelos estudantes dos cursos do DAI como suplemento ao diploma e é aberto ao público em geral. A entrada é gratuita. Dia 13.09 – 18h.30 Le fond de l’air est rouge (1977) de Chris Marker - 177’00’’ De Che guevara a Rudi Dutschke, de Lenine a Mao, de Charonne à rua Gay-Lussac, de Cuba a Santiago, Chris Marker faz o retrato da ascensão e queda das utopias revolucionárias doa anos 60 e 70. v.o. Legendado em português I Parte – Les mains fragiles Du Viét-Nam à la mort du Che/ Mai 68 et tout ça... Apresentação de Jorge Campos Dia 13.09 – 22h.00 Le fond de l’air est rouge (1977) de Chris Marker II Parte – Les mains coupées Du printemps de Prague au programme commun/ du Chili...quoi, au fait? Apresentação de Jorge Campos Dia 14.09 – 18h.30 Filme de Pedro Neves Com a presença do realizador – debate Pedro Neves, nasceu em Leiria em 1977. Estudou no Porto, onde se licenciou em Ciências da Comunicação. Estagiou na rádio Deustche Welle, na Alemanha, e na produtora “Douro – Produções Artísticas”, antes de se tornar jornalista free-lancer. Desde 1999 que é colaborador do jornal Expresso, onde tem desenvolvido diversas reportagens para a edição em papel e várias curtas-metragens documentais para o site multimédia. Na Universidade do Porto, concluiu uma pós-graduação em Documentário (2002) e um mestrado em Cultura e Comunicação, variante Documentário, onde escreveu uma dissertação sobre o documentário dos anos da Revolução de Abril que aguarda publicação. De 2003 a 2008 foi professor de rádio na Universidade Fernando Pessoa, no Porto. Em 2004 participou no Lisbon Docs com o projecto de documentário 2 Horas de Liberdade. É co-autor do livro infantil Uma Bola Sem Fronteiras (2004). Em 2007 frequentou um curso de realização de documentários na Escola Internacional de Cinema e Televisão de San António de los Baños, Cuba. Em 2007 realizou o seu primeiro documentário, intitulado a olhar o mar (Portugal), e que venceu o Prémio do Público do Festival de Cinema e Vídeo de Vancouver, Canadá. No mesmo ano, co-realizou a curta-metragem documental En la Barberia (Cuba), presente no em diversos festivais internacionais. Realizou oito curtas-metragens documentais a preto e branco pra o Expresso Multimédia que compõem o trabalho “Pobreza no Porto”. Em 2008 fundou, com Carlos Ruiz, a empresa audiovisual Red Desert. Tem desenvolvido vários projectos de produção audiovisual, realizado video-clips e trabalhado em projectos na área do documentário. Os Esquecidos – 63’00’’ São casos escondidos atrás de muros, de janelas e portas fechadas, de portões ferrugentos, de paredes que caem, de tectos que não existem. É gente que tropeçou no entulho e na desilusão, na privação, na perda, na angústia. É gente que foi empurrada dos sonhos para o chão. É gente como a gente poderia ser. Dia 14.09 – 22h.00 Intervenção de João Teixeira Lopes - debate Utopia, memória prospectiva (a propósito de Le fond de l’air est rouge de Chris Marker) Filmes: À bientôt j’espère (1967) de Chris Marker e Mario Marrett – 45’00’’ Produzido para o magazine da ORTF Camera 3 por Henri de Turenne e Philipe Labro com realização de Roger Benamou este filme acabou por ser difundido a 5 de Março de 1968. Contudo, Á bientôt j’espère começou por ser considerado inaceitável pela televisão, suscitando considerável polémica. O filme é sobre uma greve na fábrica Rhodiaceta em Besançon com ocupação das instalações, reivindicações laborais e até animação cultural com os operários a exigirem o direito à cultura. Para considerar a emissão aceitável a ORTF enquadrou o documentário num painel de comentadores respeitáveis... v.o. Legendada em inglês La sixième face du Pentagone (1967) de Chris Marker e François Reichenbach – 27’00’’ Em 21 de Outubro de 1967, uma gigantesca manifestação contra a guerra no Vietname teve lugar em Washington D.C. A palavra de ordem “acção directa” tinha como objectivo simbólico ocupar o Pentágono, considerado o coração da máquina militar americana. O filme segue os acontecimentos passo a passo. v.o. Legendada em inglês Dia 15.09 – 18h.30 Filmes de José Alberto Pinheiro Com a presença do realizador – debate José Alberto Pinheiro é licenciado em Tecnologia da Comunicação Audiovisual e Mestre em Produção e Realização pela Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo. Em 2000 fundou o grupo de produção underground Vígilia Filmes, tendo desde então assegurado a presença de trabalhos em diversos festivais e mostras de cinema em Portugal, Espanha, França, Polónia, Alemanha, México e Estados Unidos da América. Trabalha actualmente na área da realização de ficção e documentário, assim como no ensino de Audiovisual. Summer (2002) 4’00’’ Um pequeno poema visual sobre a memória e a nostalgia. Mais (2010) 17’00’’ Miguel quer ser guitarrista, mas vive temporariamente do comércio de drogas. Júlia quer ser actriz ou modelo, mas não sabe se vai conseguir. Os dois miúdos apaixonamse e sonham com uma vida diferente. Dia 15.09 – 22h.00 João Teixeira Lopes e convidados – debate Filmes: Puisqu’on vous dit que c’est possible (1973) organização e montagem de Chris Marker – 43’00’’ Cinco anos após o Maio de 68 os operários da Lip encetam uma inusitada experiência de autogestão que tem ressonância imediata. Mas as desavenças entre os sindicatos ameaça paralisar o trabalho de Roger Louis, cuja cooperativa Scopitone reuniu documentação abundante. Para desatar os nós, Roger Louis pede a Chris Marker que assuma a responsabilidade da montagem. v.o. Legendada em inglês L’ ambassade (filme anónimo) (1975) – 22’00’’ Nesse tempo, sucedia que em caso de golpe de estado, as oposições politicas se refugiavam nas embaixadas. v.o. Legendada em inglês 2084 (1984) de Chris Marker – 10’00’’ Realizado com o Grupe Confédéral Audiviosuel CFDT O tema deveria ser “um século de sindicalismo”. Difícil de dar corpo a esse projecto em dez minutos. Talvez dois séculos, quem sabe? v.o. Legendada em inglês Dia 16.09 – 17h.30 Apresentação do Gabinete de Programas Internacionais Apresentação de trabalhos efectuados por alunos e professores do Departamento no âmbito do programa ERASMUS. Dia 16.09 – 18h.30 Filmes de Nuno Rocha Com a presença do realizador – debate Nuno Rocha nasceu a 22 Maio de 1977 no Porto. Licenciou-se em Comunicação Audiovisual pelo Instituto Politécnico do Porto em 2007. Ainda como estudante, escreveu e realizou a sua primeira curta-metragem “Berço de pedra”, alcançando vários prémios, com presenças em festivais de relevo em Portugal como o Fantasporto ou o Festival Internacional de curtas-metragens de Vila do Conde. Em 2009 surgiu com uma nova curta-metragem intitulada “3×3″ onde alcançou o grande prémio “Zon Criatividade em Multimédia” incluindo diversos prémios nacionais e internacionais. Tornou-se realizador de publicidade em Lisboa onde realizou spots para a EDP, ZON e Ministério do Ambiente. No mesmo ano é aceite na Universidade do Texas onde estudou "advanced directing" no MFA (Master and Fine Arts). Realizou "Vicky and Sam", curta-metragem totalmente rodada nos Estados-Unidos. Em 2010 tornou-se sócio-gerente da produtora FilmesDaMente e foi responsável pela primeira curtametragem da LG intitulada "Momentos". Recentemente assinou pela NorteAmericana "The Institute" produtora de Los Angeles de Michael Bay e Scott Gardenhour. 3x3 (2009) 5’55’’ Um vigilante de um complexo desportivo passa o tempo a atirar bolas ao cesto de basquetebol. Passa tantas horas a fazer isso que se tornou num perito. O tamanho do seu ego vem ao de cima quando mostra os seu dotes a um simples empregado de limpeza, que também como ele, passa ali as noites. Momentos (2010) 7’20’’ Numa noite normal com o passado largado da memória, um homem reencontra, no lugar a que chama casa, lembranças de um tempo que viveu. Fragmentos de pura felicidade e instantes de sublime partilha, surgem como apontamentos de esperança de um presente que não voltará a ser o mesmo. Vicky and Sam (2010) 13’38’’ Enquanto trabalha num clube de vídeo, Vicky conhece Sam, que depressa se torna num cliente habitual. Ambos se apaixonam desconhecendo a verdadeira razão para a sua atracção. Dia 16.09 – 22h00 Retour en Normandie (2007) de Nicolas Philibert – 108’00’’ Em 1975, um jovem Nicolas Philibert foi o assistente de René Alio em Moi, Pierre Rivière...Inspirado mum fait divers a longa metragem de um camponês de 20 anos da Normandia que mata parte da sua família. Rodado não muito longe do local onde se deu a tragédia, o filme tem a particularidade de contar com uma maioria de actores que são camponeses da região. Trinta anos mais tarde, o jovem assistente agora cineasta marca encontro com os antigos companheiros dessa aventura partilhada – memórias emocionadas, sentido de humor, a dignidade humana – para os filmar no seu presente. Apresentação de Jorge Campos