Baseado em texto homonimo de Cristina Bruzzo e dissertação de Mestrado de Harlei Florentino Prof. Maurício Filmes são tradicionalmente divididos em: Ficção – Conta-se uma história. Documentário/Não ficção – Mostra-se a realidade. A decorrência dessa simplificaçãó é que o filme de ficção serve ao entretenimento, enquanto ao documentário atribui-se a enunciação da verdade, logo a possibilidade de se aprender algo. Isso se desdobra na idéia de que o documentário pode ser utilizado perfeitamente na escola, enquanto o outro requer cuidado, na medida em que sendo ficção, engana. A essência do documentário, nesta concepção, é a realidade capturada, congelada para sempre. Todas as formas de arte e representação possuem uma preocupação com a fixação do real, seguida posteriormente de uma negação dessa fixação... Quando surge a fotografia, ela é recebida como uma forma definitiva e inequivoca da retenção do real, a comprovação dos acontecimentos. O advento do cinema coroa a apreensão da realidade, permitindo a fixação do movimento na película. Os primeiros filmes eram “cenas reais”: sequencias captadas nas ruas, países exóticos, situações familiares... Tudo era motivo para acionar a camera. Mas com toda esta diversidade, o objetivo era um: Entretenimento. Estes filmes eram passados em feiras, circos e festivais, como atrações. Os realizadores não tinham nenhum problema em simular situações e apresentá-las como sendo verdadeiras. Para nosso referencial atual, isso seria mentiroso, ficção. Nossos programas e reportagens são muitas vezes avaliados de acordo com seu grau de veracidade; a “verdade nua e crua”. Ao assistir estes programas, podemos dividir o público entre a parcela familiarizada com as parcialidades da mídia e imprensa, capaz de divergir e questionar os pontos de vista apresentados em programas que apresentam temas sociais e políticos. Essa conscientização é fruto de um esforço real de formação de espectadores para a chamada “leitura crítica” dos meios de comunicação. E quando o assunto é a atividade científica? E quando o assunto é a atividade científica? Nos parece que o espectador é mobilizado de outra forma, talvez menos crítica ou quem sabe atribuindo menos relevância a estes temas. Ou é reflexo de como a sociedade mantém uma relação de respeito, temor e distância com os assuntos científicos. Podemos observar esse papel menor ocupado pela ciência ao observarmos o pouco espaço que o jornalismo científico ocupa, mesmo quando temas tão relevantes são presentes na atualidade. Sendo verdadeiros ou mentirosos, os documentários sobre a natureza são pouco abordados como objeto de estudo e o professor fica então desarmado para escolher e opinar sobre eles. Mas pelo fascínio e potencial que estes filmes causam, essa discussão não pode ser ignorada. Temos como potencial dos filmes... -trazer temas distantes, perigosos ou raros, -mostrar fenômenos que levam tempo em poucos minutos, -gerar fascínio pelas imagens, -trazer opiniões de diferentes pessoas de forma concisa. O papel do fascínio não deve ser menosprezado, conforme colocado por Gaston Bachelard, vivemos o vício da ocularidade, de forma que utilizá-la a nosso favor é bem-vindo. Críticas aos filmes documentários: Não se pode esquecer que mesmo sem qualquer tipo de truque ou montagem, o realizador sempre escolhe o local da câmera, que parte focar, quando ligar e como será iluminado. As suas costas pode estar se passando o oposto do que está sendo filmado. É importante não se ter ilusões quanto a veracidade do que se esta assistindo, o que não significa que o diretor seja um mentiroso. Então.. Se não a verdade, o que define um documentário? Atualmente temos diversos programas mistos de ficção e documentário. Um professor de cinema citou que distinguir entre filmes de ficção e documentários seria como diferenciar frutos de legumes. Temos enfim, como elemento centralização no discurso. identificador, a A centralização no discurso: No documentário, as imagens se subordinam ao discurso de tal forma que se aceitam imagens fora de contexto ou sequência, desde que relevantes ao discurso. O discurso sério visa convencer o espectador de tese, conceito ou idéia. Isso explica o sucesso observado por esses filmes na escola; os professores reconhecem e valorizam essa centralização na palavra. Isso de certa forma entedia os alunos, e explica por que os documentários muitas vezes tentam se aproximar da linguagem utilizada nos filmes de ficção, como no vídeo “A Fúria da Natureza”, cuja embalagem informa: “veja verdadeiros heróis lutando para salvar vidas e propriedades, e o sofrimento das vítimas que enfrentam estas incríveis tragédias”. Ou no fime “Baleia assassinas: lobos do mar” de 1993, sobre um dos “mais temidos predadores do oceano”. Da mesma forma encontramos nos filmes de ficção parte de liguagem real, na medida em que são filmados em algum lugar, tempo, contexto. Dessa forma, um filme de Woody Allen pode ser pensado como um documento sobre Nova Iorque, assim como Cidade de Deus o é sobre a formação das favelas cariocas.