Recomendações PaNCE
MORTE ENCEFÁLICA (ME) - ADULTOS
Suspeita clínica de Morte encefálica  a causa do coma é conhecida e suficiente (clínica, imagem ou líquor)?
SIM
Exclusão de condições clínicas que possam causar interferência no exame
 Distúrbios hidroeletrolíticos graves
 Distúrbios acido-básico graves
 Alterações hormonais causadoras de coma
o
 Ausência de hipotermia (Temp ≥ 36,5 C)
 Ausência de hipotensão (PA sist ≥ 90 mmHg)
 Ausência de intoxicação exógena ou uso de drogas sedativas e
bloqueadores neuromusculares (suspender e aguardar 3x a 1/2vida da
medicação para iniciar exame, ou em alguns casos avaliar se a
dosagem sérica de tal droga encontra-se abaixo do nível terapêutico)**
Achados clínicos que não excluem o diagnóstico de ME
Movimentos involuntários (desencadeados por estímulo
ou espontâneos = reflexos espinhais): Sinal de Lázaro;
reflexos tendíneos, abdominais, cremastéreo ou sinal de
Babinsky persistentes; movimentos ondulares dos dedos
dos pés; contrações faciais (“caretas”).
Atenção para Síndrome de Encarceramento (“Locked-in
Syndrome”) e para Guillain-Barrè acometendo nervos
periféricos e pares cranianos.
SIM
Exame Clínico Neurológico*
 CONFIRMAR O COMA (Escala de Coma de Glasgow = 3)
Estímulo nociceptivo retromandibular (Pares cranianos V e VII)
Estímulo axial (esternal ou supraorbitário) e apendicular (ungueal)
Sempre bilateral
 TESTAR O TRONCO ENCEFÁLICO
 Ausência de reflexo pupilar fotomotor (II e III pares) bilateral
 Ausência de reflexo córneo-palpebral (V e VII pares) bilateral
 Ausência de reflexo oculoencefálico bilateral (VIII par)
Atenção para presença de trauma raquimedular cervical.
o
Rotação da cabeça 90 para cada lado e no plano vertical. Movimentos
rápidos de báscula.
 Ausência de reflexo oculovestibular (VII, III, VI pares) bilateral
Otoscopia (verificar se obstrução ou perfuração) inicial. Com a cabeceira a
o
o
30 instilar 50 ml de soro gelado (próximo a 0 C) ao longo de um minuto.
Observar por até 1 minuto após. Aguardar 5 minutos antes de testar outro
lado.
 Ausência de reflexo de tosse (IX e X pares)
Testar com espátula na faringe posterior bilateral e sonda de aspiração via
tubo traqueal.
 Ausência de drive respiratório (“teste de apnéia”)
o
Pré-requisitos: Temp. ≥ 36,5 C; PA sist ≥ 90 mmHg; balanço hídrico nas 6
horas positivo)
Ventilar o paciente por cerca de 10 minutos com FiO2 de 100% (atingir
PaO2 ≥ 200 mmHg)  desconectar do respirador (manter cânula de O2 na
Carina com fluxo 6 l/mim)  observar movimentos respiratórios (se
possível ventilômetro acoplado) por até 10 minutos ou pCO2 ≥ 55 mmHg
 apnéia?
O teste deverá ser interrompido se hipotensão, arritmia ou queda da
saturação de O2.
Atenção para pacientes cujo PCO2 basal já é ≥ 55 mmHg  aguardar
elevação acima de 20 mmHg pCO2 basal VS. teste confirmatório
Segundo exame clínico neurológico
(6 horas após o primeiro)
SIM
Os exames devem ser realizados por profissionais
diferentes, que não poderão ser integrantes da
equipe de remoção e transplante, sendo um dos
exames
realizado
por
neurologista
ou
neurocirurgião.
Exame Complementar Confirmatório
(escolher um apenas)
(de fluxo, atividade elétrica ou metabolismo)
SIM
Eletroencefalograma
Doppler Transcraniano
Arteriografia cerebral
Cintilografia cerebral
SPECT
Potenciais Evocados
Confirmada morte encefálica
SIM
Paciente é doador?
NÃO
É legal e ético a suspensão dos procedimentos de suportes terapêuticos quando determinada a morte encefálica
em não-doador de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante. O cumprimento desta
decisão deve ser precedida de comunicação e esclarecimento (pelo médico assistente ou seu substituto) sobre a
morte encefálica aos familiares do paciente ou seu representante legal, fundamentada e registrada no
prontuário. A data e hora registradas na Declaração de Óbito serão as mesmas da determinação de morte
encefálica.
* Após o primeiro exame deve ser comunicado a comissão de transplante do Hospital. No que diz respeito aos
familiares ou responsáveis a comunicação deve ser feita desde a suspeita até a confirmação diagnóstica. A morte
encefálica é de notificação obrigatória ao RIO Transplante. O Termo de Declaração de Morte Encefálica deve ser
preenchido bem como o laudo do exame complementar confirmatório de ser anexado ao prontuário do paciente
(mesmo em pacientes não doadores). Cópia deste termo deve ser encaminhada ao órgão controlador estadual.
RIO TRANSPLANTE: 2332-7171
SIM
Vide cuidados
com potencial
doador abaixo***
**O USO DE DROGAS NEURDEPRESSORAS E O TEMPO PARA REINÍCIO DE PROTOCOLO DE MORTE ENCEFÁLICA
DROGAS
Anestésicos intravenosos
Tiopental
Fentanil
Propofol
Alfentanil
Remifentanil
Sulfentanil
Cetamina
Etomidato
Miorrelaxantes periféricos
Alcurônio
Atracúrio
Cisatracúrio
Galamina
Pancurônio
Rocurônio
Vecurônio
Hipnoanalgésicos
Morfina
Buprenorfina
Nalbufina
Petidina
Tramadol
Metadona
Sedativos / Hipnóticos
Midazolan
Fenobarbital
MEIA VIDA
ABRIR PROTOCOLO EM
DU ou DI 6/6h
Drippng ou > 3 doses
2–4h
30 min
DU ou DI: 1 h
Drippng ou > 3 doses: 2 h
DU ou DI: 3 min
Drippng ou > 3 doses: 5 min
2,7 h
DU ou DI: 2,4 h
Drippng ou > 3 doses: 4 h
75 min ou 1,25 h
18 h
180 h
12 h
90 min
3h
6h
9 min
15 min
8,1 h
7,2 h
12 h
225 min
4h
20 min
30 min
3h
3h
2h
2h
12 h
1h
90 min
9h
9h
6h
6h
4h
2,2 h
5h
3,6 h
5h
DU ou DI: 12 h
12 h
6,6 h
15 h
10,8 h
15 h
36 h
DU ou DI: 2,6 h
Dripping ou > 3 doses
Adultos: 80 h
8h
24 h
240 h
DU ou DI: 30 h
Drippng ou > 3 doses: 56 h
90 h
168 h
Benzodiazepínicos
Diazepan
Fonte: Resoluções tomadas em reunião da equipe de captação realizada em 21/07/2004. Legenda: DU: dose única; DI: dose intermitente (< 3
doses).
***Morte Encefálica Em Potencial Doador – Cuidados Clínicos
Estes cuidados se aplicam a todos os pacientes enquanto estiverem em avaliação diagnóstica de morte encefálica e
aqueles em que ainda não se tem definição quanto à possibilidade clínica ou autorização formal para doação de órgãos.
Contra indicações absolutas para doação
Meningoencefalite por herpes
Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)
Infecções virais sistêmicas (p.ex. sarampo, raiva, adenovírus, enterovírus, parvovírus, etc.)
Linfoma-leucemia de Células T associado à infecção viral
Doença por Prion
Neoplasia maligna ativa (exceto tumores de pele não melanoma e alguns tipos de tumores primários do SNC)
Lembrar que cada órgão que porventura tenha sofrido trauma (externo ou farmacológico ou ainda infeccioso), ou que padeça de doença crônica
prévia ou tenha evoluído com disfunção aguda pode constituir uma contra-indicação potencial a sua utilização para doação.
Cuidados com potencial doador

Exames:
Hemograma completo; uréia, creatinina, Na, K, gasometria, TGO, TGP, Gama-GT, Fosf. Alc., Bilirrubinas, sorologias (HIV, CMV, Hepatites virais,
toxoplasmose), culturas (secreção traqueal, hemoculturas e urina)
Ecocardiograma (em casos específicos transesofágico)
Broncofibroscopia (variável)

Cuidados clínicos:
Corrigir hipotermia
BH rigoroso  atingir a normovolemia (evitar BH positivo, em especial doadores de pulmão);
PAM ≥ 60 mmHg (uso de menor dose de amina possível  nora ≤ 0,05 µg/Kg/min; dopa ou dobuta ≤ 10 µg/Kg/min)
Fração de Ejeção ≥ 45%
Débito urinário ≥ 1ml/Kg/h (caso ≥ 2ml/Kg/h ou > 200ml/h avaliar se Diabetes Insipidus, principalmente se Na > 145 mEq/l)
Corrigir acidose e natremia (tratar DI com Vasopressina se necessário)
Preferência a Ringer Lactato (evitar Hidroxietil Starch)
Controle da Glicemia (80-150 mg/dl)
Hto > 30%; INR < 2,0 e Plaquetas > 80.000 (caso necessidade de transfusão = hemoderivados com sorologia negativa para CMV e com filtro de
leucócitos)
Corrigir a hiperventilação (PCO entre 35-40)
Evitar VILI/VALI
Sat P/F > 300 e Sat > 95% (preferir FiO mais altas a elevados níveis de PEEP  Pplato 30)
Reanimação Cardiopulmonar em doadores definidos
Em casos de pacientes com acidentes violentos, localizar ou solicitar o Registro de ocorrência da delegacia (RO)
Em casos de morte por acidentes violentos, após a retirada dos órgãos, o corpo deverá ser encaminhado ao IML com o preenchimento
de impresso próprio (4 vias)
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protocolo de morte encefálica