AU TO RA L UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” LA LE I DE DI R EI TO AVM - FACULDADE INTEGRADA PE A IMPLANTAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ORGANIZACIONAL Por: Letícia Magarão Alves de França DO CU M EN TO PR OT EG ID O COMO UM FATOR DETERMINANTE PARA O SUCESSO Orientadora Profª Ms. Adélia Maria Oliveira de Araújo Manaus 2011 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM - FACULDADE INTEGRADA A IMPLANTAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COMO UM FATOR DETERMINANTE PARA O SUCESSO ORGANIZACIONAL Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes – AVM – Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Recursos Humanos. Por: Letícia Magarão Alves de França 3 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus, por permitir mais esta realização em minha vida. Em especial ao meu marido Otávio e meu filho Luan que são a razão da minha vida, pelo incentivo, apoio, pela paciência e por acreditarem em mim. A minha cunhada Bárbara Soraya que tanto me ajudou e contribuiu para realização de minhas pesquisas. Aos amigos Sérgio Araújo, Luiza Pericelli e Fátima Fonseca. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha querida cunhada Bárbara Soraya, sem a sua contribuição não seria possível esta realização. Ao meu marido Otávio, por acreditar em mim e por me apoiar sempre. Ao meu filho Luan, que através de sua doçura e inocência soube me compreender nos momentos que estive ausente. 5 RESUMO O presente trabalho procura mostrar a importância da Implantação do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) para o crescimento e sucesso Organizacional. Toda Instituição deve preocupar-se com a motivação, saúde de seus funcionários, uma vez que eles colaboram para a manutenção e funcionamento diário da empresa. Os empresários não devem deixar de dar atenção aos seus funcionários, principalmente pelo possível reflexo direto nos lucros da empresa. Treinamentos, um bom clima organizacional, bonificações, políticas de cargos e salários, oportunidades de crescimento, educação preventiva para orientar a saúde física e mental, ginástica laboral são alguns dos recursos que podem ser utilizados para o melhoramento motivacional. As grandes empresas já entenderam que as pessoas fazem parte do processo de produtividade das Organizações. Os funcionários motivados, capacitados, felizes e com um ambiente de trabalho favorável têm alta produtividade impactando diretamente nos resultados da Organização. 6 METODOLOGIA Para o alcance dos objetivos propostos, buscou-se, de forma prévia, a partir de uma revisão crítica da literatura peculiar ao tema, a metodologia aplicada foi a leitura de livros, revistas, jornais e pesquisas na Internet. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Conceitos e Abordagens da QVT 09 CAPÍTULO II - Os Programas e Ferramentas 19 Para Implantação do Programa de QVT CAPÍTULO III - O Sucesso Organizacional com 37 A Implantação do Programa de QVT CONCLUSÃO 43 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44 ANEXOS 48 ÍNDICE 52 8 INTRODUÇÃO A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um tema recente, esse tema tem recebido considerável atenção nas duas últimas décadas sejam esses por motivos de compensação financeira, competitividade ou até mesmo modismo. Segundo Limongi (2010), do ponto de vista das pessoas, qualidade de vida é a percepção de bem estar a partir das necessidades de cada indivíduo, do ambiente social e econômico e das expectativas de vida representando, a valorização no significado do trabalho e do cargo ocupado. É a busca do equilíbrio, o que leva o ser humano a realização e a viver a vida mais satisfatoriamente. No ambiente empresarial, nos dias atuais representa a necessidade de valorização nas condições de trabalho como: ambiente físico, políticas internas, tecnologia, estrutura organizacional e instrumentos adequados. Condições essas que tem o intuito de satisfazer as necessidades dos funcionários, gerando o bem-estar. A Qualidade de Vida no Trabalho é a capacidade de administrar o conjunto das ações, incluindo diagnóstico, implantação de melhoria e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho alinhada e construída na cultura organizacional com prioridade absoluta para o bem-estar das pessoas da organização. (LIMONGIFRANÇA, 2010). No capítulo 1, são abordados os conceitos do que é Qualidade e Qualidade de Vida no trabalho, são feitas abordagens para um entendimento maior sobre o assunto. No capítulo 2 tem por objetivo apresentar as ferramentas que os gestores poderão utilizar para a implantação do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho. Já o capitulo 3 enfatizará que o crescimento e o sucesso da organização está ligado a qualidade de vida do colaborador. 9 CAPÍTULO I CONCEITOS E ABORDAGENS DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO “Quando existem orgulho e prazer de trabalhar em uma empresa, os resultados são conseqüência.” (Edson Vaz Musa) Inicialmente deverá ser compreendido o que é Qualidade. Do ponto de vista de uma empresa de produção quando há Qualidade não existe retrabalho, significa que quem está no processo da produção que seu desempenho o satisfaz e que ele se orgulha do seu trabalho. Na visão de Deming – o homem que primeiro ensinou sobre qualidade no Japão, todos querem qualidade, porém, cada ser humano tem uma definição diferente de qualidade. Do ponto de vista genérico, todos exigem qualidade como “uma vida melhor”, que a organização precisa traduzir para linguagens mais práticas. (SILVA, 1996, p. 13). A compreensão da Qualidade, por parte de qualquer pessoa, deve passar inicialmente pelo estágio da sensibilização, completando-se com a capacitação técnica. Na prática, significa que o treinamento técnico (ferramentas estatísticas etc.) da Qualidade depende, para sua eficaz aplicabilidade, que se invista previamente em programas voltados à educação dos Recursos Humanos, e cujo conteúdo ressalte os conceitos, origens, princípios e fundamentos da Qualidade como ciência. (BARROS, 1992, p. 15) São os japoneses os primeiros a entender e fazer uso do CQT Controle da Qualidade Total – é importante citar dentre tantas ferramentas criadas por eles os 5S - os cinco sensos da qualidade – nessas ferramentas eles colocam em prática tudo o que é necessário para a excelência da qualidade. (ANEXO 1 – O AMBIENTE DA QUALIDADE, 1996, p. 21 e 22). 10 O forte compromisso do Japão com a Qualidade tem compensado. Os japoneses têm atingidos resultados impressionantes: Qualidade superior dos produtos, enorme sucesso nas exportações e taxas de defeitos extremamente baixas. 1.1 – O QUE É QUALIDADE DE VIDA? Definição de Qualidade de Vida feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS): “Qualidade de vida é a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, no contexto de sua cultura e sistema de valores em que ele vive e em relação com seus objetivos, expectativas, padrões e conceitos. Trata-se de um conceito amplo, que inclui a saúde física, o estado psicológico, crenças pessoais, relações sociais e suas relações com o ambiente.” O conceito realmente é bem amplo, a Qualidade de Vida está ligada a várias situações psicológicas, físicas e ambientais. Considerando o ambiente de trabalho os benefícios que a empresa pode oferecer para seus funcionários como: manter condições de limpeza; garantir que tenham uma alimentação saudável; difundir material educativo sobre saúde em geral; incentivar a prática de esportes; promover atividades rápidas para restauração do equilíbrio físico, mental e emocional; distribuir tarefas de forma racional, de modo que elas sejam efetuadas naturalmente, mesmo que em ritmo forte; estimular um clima de confiança, amizade e solidariedade; pagar salários dignos e dentre outros fatores; com isso o Funcionário irá transformar a sua energia física e mental em bens e serviços. (MOLLER, Claus. 1992, p. 52) A Qualidade Pessoal é à base de todas as outras qualidades. O ser humano é um patrimônio para seu departamento, sua empresa ou organização quando seus padrões de qualidade pessoal são elevados. Quando a pessoa produz qualidade, também agrada à sua família, seus amigos e colegas. (IBID, 1993). 11 1.2 – BREVE HISTÓRICO Do início dos anos 50 até o final dos anos 70, os peritos em qualidade de produtos físicos, armados com o controle estatístico de Qualidade e com o lema “Zero defeitos”, os peritos concentraram-se no desenvolvimento de métodos para melhorar a qualidade de produtos e de processos de produção. (BARROS, Claudius. 1992.). Mais de 30 anos de esforços determinados para melhorar a Qualidade técnica, descobrir as causas de defeitos e reduzi-los, implantar controle de qualidade e racionalizar os processos de produção levaram a notáveis melhoramentos na qualidade dos produtos e na estabilidade financeira de muitas empresas. (IBID, 1992). Os peritos em marketing conseguiram convencer a maior parte das empresas de que é o cliente quem determina qual deve ser o padrão de qualidade dos produtos. Uma vez conhecidos os desejos do cliente, tudo é uma questão de definir as especificações do produto e garantir que ele seja produzido de forma simples e econômica – com zero defeito. (IBID, 1992). Foi somente no início dos anos 80 que surgiu o interesse pela qualidade dos serviços e pelo comportamento humano. Perceberam que a qualidade pessoal é a base de todos os outros tipos de qualidade. (IBID, 1992). Enfim, as pessoas é que são responsáveis pelo sucesso ou fracasso desses programas que, muitas vezes, surgem de forma pirotécnica, consumindo tempo, dinheiro, energia e, na maior parte dos casos, naufragam após a primeira brisa ou, na melhor das hipóteses, ficam muito aquém do seu real potencial. (IBID, 1992). 12 Ao iniciar um Programa de Qualidade todos deveriam se lembrar de um pequeno texto, que diz mais ou menos o seguinte: Você pode comprar o trabalho de um homem; você pode comprar algumas horas do seu dia; você pode até comprar o seu esforço físico ou mental. Mas você não pode comprar o seu entusiasmo, sua devoção de espírito, o seu coração. Essas virtudes você deve conquistá-las! (IBID, 1992) Os desafios hoje defrontados pela gestão de pessoas decorrem, especialmente, de um lado, do novo mundo de negócios com forte implicação na competitividade empresarial e, de outro, do mundo do trabalho em transição, com impacto relevante não só na natureza do trabalho como nas relações de emprego. (TEIXEIRA et al; 2005). A par disso, o surgimento da sociedade do conhecimento e da sociedade da informação, que se desenvolvem em ritmo crescente e acelerado, torna os desafios mais difíceis de serem superados por meio da gestão de pessoal tradicional, caracteristicamente de caráter técnico-funcional. Desse modo, é necessário e urgente repensar a gestão de pessoas, no sentido de mudá-la de uma gestão técnico-funcional para uma gestão estratégica, na qual os empregados agregam valor às organizações e se constituem num importante diferencial competitivo. (TEIXEIRA, 2005 p. 82) 1.3 - O QUE É 1.4 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT)? Segundo o Psicólogo e Consultor Organizacional, Luis Cláudio Paiva de Souza (Website by lemonfox, 2005): “Existem vários conceitos e modelos de QVT, cada um fundamenta-se ou apresenta um viés, conforme a perspectiva da especialidade ou profissão do teórico. Se engenheiro ou psicólogo ou administrador; do ponto de vista empresarial ou acadêmico; do ponto de vista do empregador ou trabalhador, e assim por diante. Na verdade, todos se completam e, talvez, se 13 pretendêssemos uma definição ampla e, ainda, contemplar de maneira justa e necessária, todos os estudos e pesquisas já realizadas sobre o tema, teríamos que confeccionar um tratado bíblico, incluindo uma vastíssima lista de definições, conceitos e modelos de QVT que já foram formulados.” Conforme relata Sampaio (1999), essa disciplina é discutida nas literaturas empresarial e Científica desde os anos 50. Essa competência foi desenvolvida de disciplinas da área de saúde, evoluindo para englobar dimensões da Psicologia, da Sociologia e da Administração. Em sua essência, é um tema discutido dentro de enfoque multidisciplinar humanista. As visões e definições de QVT são multifacetadas, com implicações éticas, políticas e de expectativas pessoais. (SAMPAIO apud LIMONGI-FRANÇA, 2010) A Qualidade de Vida no Trabalho é uma necessidade, não é um modismo pós-industrial, é a resposta para as pressões da vida moderna diante das novas exigências de adaptação ao viver globalizado. Afirma Giddens (1998), quando se fala de Qualidade de Vida no Trabalho, começa com a análise das relações de trabalho nesta era da globalização e de seus paradoxos. A globalização tem impulsionado novas relações de trabalho e tendências que, certamente, estão refletindo na segurança, n saúde e nas expectativas do trabalhador. Cada vez mais avançada, a tecnologia proporciona equipamentos de proteção mais seguros e a medicina preventiva pode contar, por sua vez, com estudos e mais soluções. Ao mesmo tempo, novos desafios surgem pela revolução nas relações de produção e nas formas ocupacionais, como, por exemplo, o trabalho a distância. Reivindicações para diminuir a carga horária de trabalho acontecem em vários países e, quando atendidas, esse tempo livre para o trabalhador descansar ou fazer outras atividades é direcionado para o turismo e o consumo. Simultaneamente, a inclusão de novas tecnologias pode implicar a exclusão de pessoas da esfera produtiva. (GIDDENS apud LIMONGIFRANÇA, 2010). 14 Segundo Limongi-França (2010), o tema Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) tem sido tratado como um leque amplo e, geralmente, confuso. As definições de QVT vão desde cuidados médicos estabelecidos pela legislação de saúde e segurança até atividades voluntárias dos empregados e empregadores nas áreas de lazer, motivação, entre inúmeras outras. A maioria desses caminhos leva à discussão das condições de vida e do bem-estar de pessoas, grupos, comunidades e até mesmo do planeta inteiro e de sua inserção no universo. Na verdade, a base da discussão sobre o conceito de qualidade de vida encerra escolhas de bem-estar e percepção do que pode ser feito para atender a expectativas criadas tanto por gestores como por usuários das ações de QVT nas empresas. Já com a denominação de qualidade de vida, Walton (1973) é o primeiro autor norte-americano que fundamenta, explicitamente, um conjunto de critérios sob a óptica organizacional, iniciando importante linha de pesquisa de satisfação em qualidade de vida no trabalho. Entre os autores mais recentes, Spink é sem dúvida uma referência nacional e internacional, com a visão sócio-contemporâneos das questões organizacionais de qualidade de vida no trabalho. Do conjunto de contribuições da escola organizacional, podem-se destacar as seguintes características: • Expansão dos processos de qualidade e produtividade para o de qualidade pessoal; • Política de gestão de pessoas – valorização e capacitação; • Marketing – imagem corporativa e comunicação interna; • Tempo livre – desenvolvimento cultural, hábitos de lazer e esporte; • Risco e desafio como fatores de motivação e comprometimento. Segundo Limongi-França (2010), a Qualidade de Vida no Trabalho é um conjunto de vários fatores. Há uma década os autores Kaplan e Norton (1997), 15 definiram o Balanced Scorecard - desenvolvido por Robert Kaplan e David Norton, de Harvard, o balanced scorecard é uma filosofia prática e inovadora de gestão do desempenho das empresas e organizações. O objetivo da sua implementação é permitir uma gestão eficaz do desempenho organizacional, baseando-se na visão da estratégia da empresa e traduzindo-a em indicadores de desempenho. É uma abordagem estratégica de longo prazo, sustentada no sistema de gestão, comunicação e medição do desempenho, cuja realização permite criar uma visão partilhada dos objetivos a atingir em todos os níveis da organização - como uma forma de avaliar o desempenho da empresa em consonância com a missão, visão e valores. Os autores propuseram quatro perspectivas: financeira, cliente, processos internos e pessoas. Neste quarto critério consta algo como qualidade de vida no trabalho. É muito provável que funcionários motivados, capacitados e bem remunerados passem a ter um desempenho acima da média, reduzindo custo, apresentado melhores soluções aos clientes e gerando como desdobramento maior vitalidade financeira que, mais do que nunca, pode significar a sobrevivência da empresa. Podemos entender que a QVT é um programa que visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na organização, tendo como idéia básica o fato de que as pessoas são mais produtivas quanto mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho. Feigenbaum (1994) entende que QVT é baseada no princípio de que o comprometimento com a qualidade ocorre de forma mais natural nos ambientes em que os funcionários se encontram intrinsecamente envolvido nas decisões que influenciam diretamente suas atuações. Fernandes (1996) conceitua QVT como a gestão dinâmica e contingencial de fatores físicos, tecnológicos e sociopsicológicos que afetam a 16 cultura e renovam o clima organizacional, refletindo-se no bem-estar do trabalhador e na produtividade das empresas. QVT deve ser considerada como uma gestão dinâmica porque as organizações e as pessoas mudam constantemente; e é contingencial porque depende da realidade de cada empresa no contexto em que está inserida. Além disso, pouco resolve atentar-se apenas para fatores físicos, pois aspectos sociológicos e psicológicos interferem igualmente na satisfação dos indivíduos em situação de trabalho; sem deixar de considerar os aspectos tecnológicos da organização do próprio trabalho, que, em conjunto, afetam a cultura e interferem no clima organizacional com reflexos na produtividade e na satisfação dos empregados. A meta principal do programa de QVT é a conciliação dos interesses dos indivíduos e das organizações, ou seja, ao melhorar a satisfação do trabalhador, melhora-se a produtividade da empresa. De acordo com Campos (1994), um dos mais importantes conceitos dos programas de qualidade está na premissa de que somente se melhorar o que se pode medir e, portanto, é preciso medir para melhorar. Assim, faz-se necessário avaliar de forma sistemática a satisfação dos profissionais da empresa, pois, nesse processo de autoconhecimento, as sondagens de opinião interna são uma importante ferramenta para detectar a percepção dos funcionários sobre os fatores intervenientes na qualidade de vida e na organização do trabalho. Questões como o posicionamento do funcionário em relação ao posto de trabalho ocupado, ao ambiente, às formas de organização do trabalho e à relação chefia/subordinado são itens que podem deixar de ser avaliados. Walton (1973) propõe oito categorias para se avaliar QVT, conforme apresentado no quadro abaixo: 17 CATEGORIAS PRINCIPAIS INDICADORES A equidade interna e externa, a justiça Compensação justa e adequada na compensação, ganhos de a partilha produtividade e de a proporcionalidade entre salários. Condições de Trabalho A jornada de trabalho e a qualidade e segurança do ambiente físico. A autonomia do funcionário, o Uso e desenvolvimento de autocontrole relativo, as qualidades capacidades múltiplas e as informações sobre o processo total do trabalho. A possibilidade de carreia, o Oportunidade de crescimento e crescimento pessoal, as perspectivas segurança de aumento salarial e a segurança de emprego. A Integração social na organização ausência igualdade, de o preconceitos, a relacionamento comunitário. Os Constitucionalismo direitos da proteção do trabalhador, a privacidade pessoal, a liberdade da expressão, o tratamento imparcial e os direitos trabalhistas. O papel balanceado no trabalho, a O trabalho e o espaço total de vida estabilidade de horários, as mudanças geográficas, o tempo para lazer da família. A imagem comunidade, Relevância Social do trabalho na vida da a empresa na responsabilidade social da empresa, a responsabilidade pelos produtos e as práticas de emprego. 18 A expectativa pessoal dos profissionais é que, se as empresas esperam qualidade nos produtos e serviços por elas oferecidos, ações de QVT devem ser incorporadas definitivamente no cotidiano das empresas. Outra expectativa dos profissionais é de que as empresas, ao conceberem um programa de qualidade, percebam que o mesmo não será implantado com sucesso se não houver um efetivo envolvimento e participação dos funcionários atuando com satisfação e motivação para a realização de suas atividades. Isso é qualidade de vida no trabalho, que, consequentemente, resulta em maior probabilidade de se obter qualidade de vida pessoal, social e familiar, embora sejam esferas diferentes e nelas se desempenhem papéis diferentes. 19 CAPÍTULO II OS PROGRAMAS E FERRAMENTAS PARA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE QVT As pessoas não precisam só de dinheiro, elas também precisam ser felizes. A elaboração de Programas de QVT é feito através de pesquisas e levantamentos de indicadores de qualidade de vida que, juntamente com outros subsídios fornecidos pela organização, permitirão a formulação de ações e programas para atender os objetivos. Um programa de QVT precisa envolver responsabilidade institucional, responsabilidade social, de comprometimento de gestores em todos os níveis hierárquicos e da participação efetiva dos funcionários. As etapas para implantação são diversas, mas algumas podem ser citadas como as mais relevantes: • Definir concepção política de QVT; • Pesquisa diagnóstica; • Apresentação da pesquisa e debate das ações com especialistas e funcionários; • Criação de um comitê ou grupo de trabalho; • Implantação de ações. O INDEPE (Instituto de Desenvolvimento de Pessoa) entende que a gestão de Programas de QVT está, cada vez mais, se consolidando como estratégia indispensável para qualquer proposta de Gestão de Pessoas de uma empresa. Desnecessário dizer, mas sempre é bom lembrar que, para a maioria das empresas, nesta era do conhecimento, a Gestão de Pessoas que 20 detém o conhecimento e o tal do capital intelectual, está se constituindo na espinha dorsal da Gestão Empresarial da maioria das empresas modernas. Para o INDEPE, um modelo de Gestão de QVT, deve se referenciar pelos seguintes balizamentos: • Promoção da Saúde Global: Tanto no âmbito da empresa, como na vida pessoal. A promoção da saúde BIOPSICOSSOCIAL do colaborador é a base de qualquer estratégia que vise promover qualidade de vida no trabalho. Seriam ações como PQVT, programas de prevenção, saúde ocupacional, monitoramento individual e coletivo de indicadores de saúde, planos de saúde, etc. • Promoção da Saúde Psicossocial do Colaborador: As organizações, principalmente as voltadas para prestação de serviços e as que dependem muito do capital intelectual de gestão de conhecimento, precisam priorizar a garantir ambientes com salubridade psíquica e sem toxidades emocionais, através do desenvolvimento de competências emocionais e comportamentais. • Sentido do Trabalho: O trabalho tem que ter um sentido e um significado amplo na vida do colaborador e transcender o atendimento da simples sobrevivência, para preencher necessidades de natureza existencial, social e espiritual. Ajuda muito, para isso, se a empresa procura como política estratégica, criar valores, de natureza não financeira, para seus colaboradores e para a sociedade. • Desenvolvimento Profissional Contínuo: O colaborador precisa se perceber num crescente profissional, sempre adquirindo novas competências para viabilizar sua empregabilidade dentro da empresa. 21 • Reconhecimento: Os colaboradores devem ser reconhecidos, em todos os aspectos, pelos resultados que entrega para sua empresa. Não só do ponto de vista salarial, mas também reconhecimento moral e outros tipos de valorização. É a consagração de seus esforços. • Autonomia e Participação nas Decisões: O colaborador tem que influenciar as decisões que envolvem a concepção e mudanças nos processos de trabalho dos quais participa. Tem que se sentir sujeito e agente criador de valores no seu trabalho e ter autonomia e responsabilidade para tomar decisões, sempre que possível. • Perspectivas Futuras e de Segurança: Um colaborador jamais pode deixar de ter planos e sonhos para o seu futuro dentro da sua empresa. Tem que perceber, também, um mínimo de estabilidade e segurança no seu emprego. Sentir-se seguro o levará a planejamentos e projetos de realizações. • Justiça, Ética e Coerência: A empresa deve zelar por uma política justa, ética e coerente na Gestão de Pessoas (Bioética). Perceber-se injustiçado é uma das maiores fontes de insatisfação e desmotivação para um colaborador. O que impactará diretamente no seu desenvolvimento. • Clima Organizacional: Acompanhar o clima organizacional, através de pesquisas periódicas, para redirecionar e atualizar os programas de QVT é de fundamental importância. 22 De acordo com o que foi dito, concluímos que a qualidade de vida no trabalho é a soma das necessidades físicas, sociais e psicológicas de cada indivíduo. Como foi visto anteriormente para colocarmos em prática programas de QVT são necessárias as ferramentas da QVT para alcançar os objetivos, quando falamos da Promoção da Saúde (Biopsicossocial) entra no contexto a Ergonomia, Backshool, Ginástica Laboral, Condições de Segurança e, nesse caso, a participação da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) é de suma importância. A outra ferramenta para os programas em benefícios dos funcionários é uma boa Gestão Estratégica de Pessoal que engloba: Clima Organizacional; Capacitação, Desenvolvimento e Treinamento do pessoal; A Sensibilização e o Comprometimento do funcionário e Oportunidade de Crescimento. 2.1 – ERGONOMIA, BACK SCHOOL E GINÁSTICA LABORAL A Ergonomia é o estudo científico de adaptação dos instrumentos, condições e ambiente de trabalho às capacidades psicofisiológicas, antropométricas e biomecânicas do homem. A Ergonomia é uma ciência multidisciplinar com a base formada por várias outras ciências. A Antropometria e a Biomecânica fornecem as informações sobre as dimensões e os movimentos do corpo humano. A Anatomia e a Fisiologia Aplicada fornecem os dados sobre a estrutura e o funcionamento do corpo humano. A Psicologia, os parâmetros do comportamento humano. A Medicina do Trabalho, os dados de condições de trabalho que podem ser prejudiciais ao organismo humano. Da mesma forma, a Higiene Industrial, a Física, a Estatística e outras ciências fornecem informações a serem utilizadas pela Ergonomia, de forma a possibilitar o conhecimento e o estudo completo do sistema homem-máquinaambiente de trabalho, visando a uma melhor adequação do trabalho ao homem. (Revista do Instituto Nacional de Prevenção as LER/DORT, 2003). Mendes (2007), afirma que a adaptação do trabalho ao ser humano tem sido vista pela Ergonomia com base nos meios físicos, cognitivos, ambientais e 23 psicossociais. A crescente – e cada vez mais rápida – evolução da tecnologia vem tornando o trabalho mais complexo e exigindo pessoas com maior qualificação, em movimento contrário ao que ocorreu no período tayloristafordista. Limongi-França (2010), diz que a organização do trabalho humano também tem sido considerada como um dos elementos na análise e nos projetos ergonômicos. Ela envolve, entretanto, questões mais amplas do que aquelas habitualmente tratadas pela Ergonomia em suas avaliações. Não se limita ao escopo do cargo ou da tarefa. Ao realizar um trabalho, o indivíduo está inserido em um contexto social mais amplo. A representação que esse trabalho tem socialmente causa impacto na vida e no bem-estar desse indivíduo, podendo levar a situações de maior ou menor desgaste. Os Dort (Distúrbios osteomusculares relacionados com o trabalho) são, entre as novas doenças ocupacionais, o maior motivo de atenção para os profissionais de saúde e segurança, os ergonomistas, os engenheiros industriais, os empregadores, os sindicatos e os trabalhadores. Essa é a visão de Carayon (2000), compartilhada por muitos especialistas e pesquisadores. A pesquisadora relata, apoiada pelo Bureau of Labor Statistics (BLS) dos Estados Unidos, que todos os tipos de Dort têm aumentado em relação ao percentual total de doenças de trabalho. Segundo a autora, em 1995, os Dort relacionados a traumas repetidos foram responsáveis por mais de 300 mil casos de doenças na indústria privada. Os Dort são enfermidades dos tendões (tendinite do ombro), enfermidade dos músculos (síndrome de tensão no pescoço), enfermidades das articulações (osteoartrose), enfermidades vasculares (síndrome de Reynaud), enfermidades da bursa (bursite do joelho) e sintomas não específicos. Estudos recentes indicam vínculo potencial entre organização do trabalho, stress no trabalho e DORT. Não podemos deixar de citar também a LER que significa Lesões por Esforços Repetitivos, A LER e DORT são doenças caracterizadas pelo desgaste de estruturas do sistema músculos-esqueléticos que atingem várias 24 categorias profissionais. Diferentemente do que ocorre com doenças não ocupacionais, as doenças relacionadas ao trabalho têm implicações legais que atingem a vida dos empregados. O seu reconhecimento é regido por normas e legislações específicas a fim de garantir a saúde e os direitos do trabalhador. Geralmente os sintomas de evolução insidiosa até serem claramente percebidos. Com freqüência, são desencadeados ou agravados após períodos de maior quantidade de trabalho ou jornadas prolongadas e em geral, o trabalhador busca formas de manter o desenvolvimento de seu trabalho, mesmo que à custa de dor. A diminuição da capacidade física passa a ser percebida no trabalho e fora dele, nas atividades cotidianas. Conforme o Ministério do Trabalho e Emprego, as ações possíveis de ser desenvolvidas para manter as pessoas saudáveis podem, didaticamente, ser classificadas em ações de recuperação, proteção e promoção da saúde. As ações de recuperação da saúde são as desenvolvidas com pessoas já doentes, para recuperá-las tanto do ponto de vista físico como do psicológico e do social. As ações de proteção da saúde visam evitar a exposição dos indivíduos a agentes nocivos identificados – o emprego de equipamentos de proteção individual no trabalho e a vacinação são exemplos que se enquadram nesse grupo. As ações de promoção de saúde são, por sua vez, mais abrangentes e extrapolam a mera preocupação de evitar doenças, embora elas sejam, também, importantes componentes. Os prejuízos para as organizações pela falta de ergonomia causará: Absenteísmo e perda de produtividade; Gastos com afastados; Indenização pelo dano físico; Contingente de trabalhador com restrição; Deterioração nas relações humanas e a pressão do fenômeno LER e DORT sobre a empresa. (IIDA, 2005 p. 126). Sendo assim, a Organização deverá criar um sistema de gestão ergonômica, através de atividades e procedimentos que minimizem ou neutralizem os riscos encontrados. 25 A intervenção denominada Back School foi inicialmente desenvolvida por uma fisioterapeuta sueca, com o objetivo de capacitar os indivíduos para que assumissem atitudes de auto-cuidado com a coluna, por meio de orientações sobre a lombalgia. Para tanto, a Back School foi estruturada em quatro lições compostas por conteúdos teóricos e práticos (exercícios específicos). Alguns estudos comprovaram a associação dessa técnica com a redução de dor e recidiva de lombalgias. Atualmente, a Back School pode representar uma alternativa de intervenção para pacientes portadores de problemas na coluna, necessitando, porém, de uma sistematização em sua metodologia. (Fonte: Revista Brasileira de Fisioterapia, jan-jun. 2001). No (ANEXO 2) estão as fotos demonstrando o Back School. A Ginástica laboral (ANEXO 3) é a prática de atividade física durante a jornada de trabalho, realizada pelos trabalhadores coletivamente, no próprio local de trabalho, objetivando dentre outras coisas manutenção e melhora da saúde física do colaborador. Tem como função fortalecer e alongar determinados músculos muito exigidos durante a jornada de trabalho, prevenindo assim problemas posturais e lesões que, além de trazerem riscos aos funcionários, representam custos operacionais para a empresa. Esta Ginástica é de curta duração, por isso não leva o colaborador ao cansaço e nem representa prejuízos a empresa. A Ginástica Laboral contribui para a prevenção e recuperação “doenças do trabalho” (LER e DORT) promovendo o bem estar e melhorando as relações interpessoais, além de reduzir a tensão muscular, melhorar a circulação, reduzir a ansiedade, o estresse e a fadiga, melhorando a prontidão mental e facilitando o trabalho. Tipos de Ginástica Laboral: • Ginástica Preparatória (no início do expediente); • Ginástica Compensatória (durante o expediente) e • Ginástica de Relaxamento (no final do expediente). 2.2 – CONDIÇÕES DE SEGURANÇA E COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA) 26 Carmo et al (1995) relatam os direitos programáticos para a referência às normas sociais que reconhecem, definem, atribuem direitos ao homem, mas que ainda não têm aplicações garantidas pelo Estado em uma sociedade. Essa parece ser a situação ainda vigente em nosso país, em que a população é cotidianamente violentada em relação aos direitos básicos de cidadania. Embora a relação entre o trabalho e os agravos à saúde tenha sido descrita em 1700, ao longo da obra clássica de Ramazzini (1999), foi somente em 1884, na Alemanha, que se editou a primeira lei de acidentes do trabalho da qual se tem notícias. No Brasil, desde 1904 foram feitas algumas tentativas de criação de legislação especial para os infortúnios do trabalho, mas apenas em 1919 foi editada a primeira lei de acidente do trabalho. O Brasil possui um dos mais detalhados e avançados conjuntos de leis e decretos. Os mais importantes programas são conhecidos pelas siglas PPRA (Programa de Prevenção de Acidentes) e PCMSO (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional). Esses dois programas foram introduzidos como normas em nossa legislação há poucos anos. Isso indica que as empresas ainda se encontram na fase de sua aprendizagem e consolidação. Embora eles já estejam apresentando alguns resultados positivos, continuam sendo os itens mais cobrados pela fiscalização do Ministério do Trabalho. Isso é explicado não pela complexidade em adotá-los e implementá-los, mas pelas dificuldades geradas pela dimensão do território brasileiro e pelas diferenças regionais econômicas e empresariais existentes. (CARMO et al apud LIMONGIFRANÇA, 2010). Os especialistas em prevenção de acidentes e doenças do trabalho são unânimes em afirmar que, embora o PPRA e o PCMSO sejam programas distintos, existe interdependência inegável entre eles, permitindo concluir que ambos devem ser implantados em conjunto, concomitantemente. O PPRA tem como objetivo a preservação da integridade do trabalhador (em um conceito genérico, global), por meio de ações que eliminem, neutralizem ou reduzem as agressões dos locais de trabalho que possuam agentes ambientas acima dos 27 limites de tolerância estabelecidos, nacional e internacionalmente, como adequados, que possam, portanto, gerar doenças nos trabalhadores. Já o objetivo do PCMSO é priorizar a preservação da higidez dos trabalhadores, por meio de ações de saúde que privilegiem o diagnóstico precoce dos agravos à saúde, originados nas agressões das atividades laborais fora do controle da higiene industrial. A higiene industrial é uma área que afeta tanto a medicina do trabalho como a engenharia de segurança do trabalho. Compete à engenharia de segurança do trabalho a avaliação ou a qualificação desses agentes no ambiente de trabalho com o objetivo de subsidiar medidas corretivas, proteção e controles que serão desenvolvidos por meio de estudo criterioso dos riscos a que os trabalhadores estejam expostos do ponto de vista da saúde. (LIMONGI-FRANÇA, 2010). O entendimento dos Riscos Ocupacionais é mais um fator que compõe a compreensão da Condição Humana no Trabalho. A CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) é uma ferramenta importante para a implantação do Programa de QVT, pois o seu objetivo básico é fazer com que empregadores e empregados trabalhem conjuntamente na tarefa de prevenir acidentes e melhorar a qualidade do ambiente de trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A CIPA atualizada pela Portaria nº 8 de 1999 e retificada em 12/07/1999, hoje vislumbrada mais facilmente, na Norma Regulamentadora 5 – NR 5, é um dos importantes mecanismos de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, com objetivo de tornar compatível o trabalho com a preservação da integridade física e a saúde do trabalhador. É uma comissão composta, portanto, por membros indicados pelo empregador, dentre eles o Presidente, e membros eleitos pelos empregados, 28 dentre eles o Vice-Presidente, mediante eleição previamente anunciada, acompanhado pela Comissão Eleitoral, apuração de todos os votos com a participação de empregados interessados e posse dos eleitos. Tais empregados eleitos, efetivos e suplentes, terão estabilidade de dois anos, ou seja, o um ano durante o mandato e um ano após o mandato. Os empregados indicados pelo empregador não tem estabilidade. As atribuições da CIPA, resumidamente, são: • Identificar os riscos do processo de trabalho; • Estabelecer um plano de trabalho de cunho preventivo; • Participar da implementação, controle e avaliação de tais medidas, segundo prioridades estabelecidas; • Realizar inspeções de segurança nos ambientes de trabalho; • Divulgar aos demais trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho; • Participar das discussões promovidas pelo empregador para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho, no contexto da segurança e saúde dos trabalhadores; • Interagir com os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SEESMT, quando houver; • Requerer ao empregador a paralisação de máquina, setor ou atividade onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; • Discutir nas Atas de Reuniões Ordinárias e colaborar no desenvolvimento e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA); • Participar das investigações e análises de acidentes; • Requisitar cópias das comunicações de acidentes do trabalho; • CAT’s emitidas; • Promover anualmente a SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho; 29 • Participar, em conjunto com a empresa, da campanha de Prevenção da AIDS; • Elaborar o Mapa de Riscos Ambientais por setor. Para tanto os membros da CIPA e os designados indicados (no caso de não haver necessidade de CIPA) deverão ser devidamente orientados e treinados conforme previsto, através de curso específico de vinte horas, contemplando: Estudo dos Riscos Ambientais; Investigação e análise de acidentes; Noções relativas a acidentes e doenças no trabalho; Noções relativas à AIDS; Noções de legislação trabalhista e previdenciária, relativas à segurança e saúde; Princípios gerais de higiene do trabalho e Organização da CIPA e informações necessárias ao exercício das atribuições. Cabe ao empregador proporcionar aos membros da CIPA os meios necessários ao desempenho das suas atribuições garantindo tempo suficiente para realização das tarefas constantes do plano de trabalho. (Portaria nº 8 de 23 de fevereiro de 2011, MTE) Consignamos, finalmente, que participar da CIPA é uma oportunidade não só de interagir, efetivamente, na solução de problemas de prevenção que possam existir, como também de melhorar os conhecimentos relativos aos acidentes e doenças, aproveitando-os não só no ambiente de trabalho como no ambiente doméstico, de lazer, de esporte e outros. 2.3 – CLIMA ORGANIZACIONAL E A CAPACITAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E TREINAMENTO DO PESSOAL O Clima Organizacional é o indicador de satisfação dos membros de uma empresa, em relação a diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente da organização, tais como: política de RH, modelo de gestão, processo de comunicação, valorização profissional e identificação com a empresa. 30 O Clima Organizacional pode ser alto, baixo ou pode situar-se num nível intermediário. Ele é considerado baixo quando existe um distanciamento muito grande entre os membros de uma organização. Isso fica patente com o aparecimento do pessimismo, da descrença, da depressão e do desânimo entre as pessoas. O nível alto é traduzido por reações de otimismo, calor, receptividade. O clima considerado neutro é aquele que não causa reação no comportamento dos indivíduos. (CHIAVENATO, 1997) Segundo CHIAVENATO (1997), o Clima Organizacional tem uma íntima relação com a motivação das pessoas que compõem a organização. Quanto maior for a motivação das pessoas maior será o nível do Clima Organizacional. O contrário também é verdadeiro quanto menor a motivação, menor é o nível do Clima Organizacional. Estabelecer referências confiáveis sobre um ambiente específico para inserir ações, onde cresça a motivação, gerando um espírito participativo, efetivo, levando a empresa a atingir excelentes níveis de produtividade e comprometimento. O Clima Organizacional é uma variável que influi diretamente na produtividade, pois o grau de salubridade de uma organização depende de sua atmosfera psicológica. Esta atmosfera é fruto do conjunto de percepções das pessoas que compartilham seu dia-a-dia com a organização. A pesquisa revelará a realidade percebida pelos colaboradores e não somente o que efetivamente acontece. (CHIAVENATO, (1997) Se a qualidade do trabalho for boa, conduzirá a um clima de confiança e respeito mútuo, no qual o indivíduo tenderá a aumentar suas contribuições e elevar suas oportunidades de êxito psicológico e a administração tenderá a reduzir mecanismos rígidos de controle social. Sobre o assunto Chiavenato (1997), diz ainda que, o homem está sempre numa postura de ajustamento ao ambiente onde se encontra. Esse 31 ajustamento varia de indivíduo para indivíduo e através do tempo. Dessa forma o Clima Organizacional é uma questão a ser verificada periodicamente. O tamanho e a complexidade da estrutura organizacional é que deverá propiciar a estimativa do intervalo com que se deve realizar tal procedimento avaliativo. No mundo atual e globalizado que vivemos, o mercado de trabalho mostra-se cada vez mais exigente, e a busca por uma colocação no mercado de trabalho, conforme o mundo evolui rapidamente, adquirir e renovar conhecimento torna-se inevitável. Nessa sociedade, cada vez mais sobressai o capital humano que, para usar uma linguagem patrimonial, expressa o valor do conhecimento e outros bens intangíveis. Capacitar é tornar habilitado para o desempenho de uma função, é qualificar a pessoa para determinado trabalho. Embora parte dos profissionais do mercado tenha formação superior, muito deles se frustram na busca por um emprego na área escolhida, seja por falta de experiência ou por desconhecimento das atividades que serão realizadas no decorrer das rotinas. O problema tem se agravado dia-a-dia, e os cursos superiores de formação específica sofrem com vagas ociosas. A tendência é que as empresas assumam um papel de educadores e treinem mão-de-obra. Investir na formação técnica dos colaboradores pode ser uma alternativa eficaz para suprir uma necessidade cada vez mais presente. Segundo Davenport e Pruzak (1998), “ao contrário dos ativos materiais, que diminuem à medida que são usados, os ativos do conhecimento aumentam com o uso: ideias geram novas ideias e o conhecimento é compartilhado com o doador, ao mesmo tempo em enriquece o recebedor”. Nesse novo quadro, vale mencionar Bohlander e outros (2003, p. 9), que, citando Lewis Platt, dizem que “as empresas de sucesso do século XXI serão aquelas que conseguirem captar, armazenar e alavancar melhor o que seus 32 funcionários sabem.” (DAVENPORT E PRUZAK, BOHLANDER et al apud TEXEIRA, 2005). O desenvolvimento humano pode ser definido como um processo abrangente de expansão do exercício do direito de escolhas individuais em diversas áreas: economia, política, social ou cultural. Algumas dessas escolhas são básicas para a vida humana. As condições para uma vida longa e saudável, seja por adquirir conhecimento, seja por um padrão de vida decente, são fundamentais para os seres humanos. Isso não significa que outras escolhas, como as referentes à participação política, à diversidade cultural, aos direitos humanos e às liberdades individual e coletiva, não sejam igualmente importantes. No entanto, algumas escolhas humanas são consideradas básicas, porque, à medida que alcançadas, abrem caminhos para as demais, garantindo sua legitimidade. Não há legitimidade se o desenvolvimento humano está baseado somente em um único indicador de desenvolvimento. A produção material pode ser alta, mas não se justifica se não for bem distribuída entre os membros da sociedade. Essas ideias estão na origem do conceito de desenvolvimento humano. (LIMONGI-FRANÇA, 2010) Ainda segundo LIMONGI-FRANÇA (2010), a tendência de identificar a concepção de desenvolvimento humano com o desenvolvimento das pessoas no trabalho, com as necessidades básicas ou com o bem-estar do ser humano. Essa percepção é limitada, pois o conceito de desenvolvimento humano é mais abrangente. O conceito subjacente á perspectiva de desenvolvimento dos recursos humanos vê os seres humanos como insumos do processo produtivo e não como beneficiários do próprio processo de desenvolvimento. Na visão dos pesquisadores e especialistas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), por exemplo, o desenvolvimento humano deve ter como referência uma concepção holística. É exatamente essa concepção que está presente na construção do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que essa organização desenvolve em nível internacional. Uma ação social deve ser considerada legítima se vier acompanhada de um conjunto de outras ações 33 capazes de realmente indicar que seu objetivo não é isolado ou parcial, mas abrangente. Um indivíduo apenas aprenderá a se desenvolver, se quiser, e se tiver necessidade. Não se pode forçar um homem a aprender; pode-se apenas encorajá-lo. No entanto, cada administrador tem a responsabilidade primordial de desenvolver seus subordinados e criar as condições nas quais queiram aprender. Isto está em sua própria personalidade, assim como no interesse de sua companhia: um administrador que tem subordinados bons e capazes está apto a alcançar seus próprios objetivos e desempenhar satisfatoriamente suas próprias habilidades. Numa grande extensão, cada nível da administração é “moldado” pelo nível imediatamente inferior. Andrew Carnegie inscreveu em sua pedra tumular: “Aqui jaz um homem que soube colocar a seu serviço homens melhores do que ele próprio”. Carnegie foi um homem que sabia o valor de seus subordinados e despendia tempo para desenvolvê-los. (SINGER, E.J. e RAMSDEN, 1974). O desenvolvimento completo de executivos é um processo dinâmico e contínuo. Somente o superior de um homem pode contribuir com o devido entusiasmo para que ele aprenda aquilo de que tem necessidade e só então pode tomar medidas para satisfazer esta necessidade. Nem todos os executivos são bem treinados e poucos reconhecem a importância do treinamento como parte do processo administrativo total. Há várias razões para isso, entre elas a falta de tempo, a timidez, e os conceitos tradicionais de organização que são os mais comumente encontrados. A habilidade de treinar bem, decorre de uma atitude de pensamento, do reconhecimento instintivo de que ajudar a melhorar as habilidades de um subordinado tornará mais fácil o seu próprio trabalho. (IBID et al, 1974) Conforme Teixeira (2005), A gestão de pessoas tem que proporcionar políticas e instrumentos para que o desempenho das pessoas constitua, realmente, um diferencial competitivo. Tal diferencial, em sua essência, 34 envolve o desempenho estratégico, em que os colaboradores adicionam valor aos resultados da empresa, às necessidades dos clientes e a eles próprios, em termos de seu crescimento pessoal e profissional. Para esse desempenho, assumem papel relevante os programas de capacitação. Nesse sentido, Souza (2009), destaca como condição de maior competitividade das empresas, a necessidade de se desenvolverem novas maneiras de educar líderes e treinar talentos com potencial de liderança, ressaltando: • • • • Programas que enfatizem mais o empresariamento que o gerenciamento; Programas que enfatizem mais o desenvolvimento de uma nova mentalidade empresarial que o domínio de técnicas; Programas que enfatizem mais o futuro que o passado; Programas que desenvolvam a capacidade de aprendizagem contínua. No mundo de negócios, o conhecimento passa a constituir um forte diferencial competitivo das organizações. Nessa sociedade, o trabalho tende a ser cada vez mais de natureza intelectual, transformando gradativamente o trabalhador manual tradicional no trabalhador do conhecimento. Com isso, as empresas estão deixando de ser intensivas em mão-de-obra para serem intensivas em conhecimento. 2.4 – A SENSIBILIZAÇÃO, O COMPROMETIMENTO E A OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO DO FUNCIONÁRIO Quando alguma pessoa se diz sensibilizada por alguma coisa significa, pelo menos teoricamente, que algo a fez refletir, fez sentido, impressionou-a, enfim, mereceu sua atenção. 35 Para que isso ocorra, é evidente que houve acesso a algum conhecimento, pois ninguém se sensibiliza por aquilo que não conhece. Porém, entre estar sensibilizado e estar comprometido, o caminho pode ser longo. Podemos estar sensíveis quanto à importância de um processo, mas não, por obrigação, estar comprometidos com seus resultados. Há uma distância entre essas duas atitudes. As pessoas podem ter melhor desempenho no trabalho se estiverem mais motivadas e comprometidas. Um artigo do “Nuestro Blog” do Grupo Finsi a Professora Nuria Fernándes López destaca que a importância desse compromisso exige metodologias de mensuração mais complexas que a aquelas cujos resultados são conseguidos mediante as pesquisas de satisfação de clima sócioorganizacional, já que exige um alinhamento entre os interesses da companhia e os interesses dos empregados. Não se deve confundir esse conceito de “Compromisso” com uma habilidade ou destreza pessoal – seja inata ou potencial; na verdade é um sentimento a ser cultivado ou desenvolvido. Para Daniel Goleman: “A essência do compromisso consiste em sintonizar nossos objetivos com as metas da organização, gerando assim um pacto fortemente emocional...” Aqueles que internalizam as metas de uma organização estão dispostos a fazer “sacrifícios pessoais” quando for necessário. Um empregado sensibilizado e comprometido é um profissional que entende o projeto da empresa, participa dele e trabalha para levá-lo a cabo. A maior parte das ações produzidas pelos setores de Recursos Humanos das empresas busca alcançar o compromisso de seus empregados. Existe uma série de aspectos que podem ajudar a desenvolver o “compromisso”. Entre eles, talvez o mais valorizados dos trabalhadores seja a possibilidade de ter uma comunicação fluida e regular que permita expor, compartilhar ou discutir suas opiniões com seus superiores imediatos. Nessa 36 lista está também o estabelecimento de acordos sobre compensações e benefícios, oportunidades de desenvolvimento, formação e treinamento, reconhecimento, premiações, etc. Buscando permanentemente o compromisso alcançaremos a satisfação, mas buscando apenas a satisfação não alcançaremos o compromisso. (LÓPEZ, 2011) Algumas Organizações enganam-se quando pensam que o funcionário está motivado apenas por receber um bom salário, lógico que um bom salário tem um peso a mais, mas não deve ser o ponto primordial. O Funcionário quer saber que oportunidades terão dentro da empresa. Uma pesquisa realizada pela consultoria DM Recursos Humanos, realizada com dois mil funcionários de todo o Brasil para levantar os fatores que abalam os funcionários e o que eles valorizam na empresa. Nos estados com maior participação na pesquisa (Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná), a maior parte dos entrevistados disseram que a oportunidade de desenvolvimento constante (desafios, aprendizado) é o aspecto mais valorizado por eles na empresa. Parte da motivação de uma pessoa vem do fato de ela saber que tem um papel importante na organização e que outras pessoas contam com ela. Segundo Weiss (1991), as pessoas trabalham por recompensas. Essas não precisam ser tangíveis, como dinheiro. “Podem ser intangíveis, como no caso de deixar um funcionário ser líder de um grupo”. A vontade de trabalhar bem deteriora e as pessoas ficam desmotivadas, apenas por haver obstáculos em seu caminho, ou se não entendem o que se espera delas, ou como seu trabalho será avaliado. Os obstáculos mais sérios são criados frequentemente pelos supervisores. Muitos deles pedem coisas impossíveis enquanto outros não pedem nada. Muitos deixam de fornecer os recursos necessários para execução das tarefas. Alguns não são coerentes em suas expectativas e as mudam com frequência. Muitos têm uma constância excessiva em suas expectativas, tornando-se inflexíveis, e não são capazes de enfrentar alterações nas condições de trabalho. Outros ainda não são sensíveis a 37 necessidades de seus empregados. A falta de capacidade ou de habilidade do empregado, forma uma barreira enquanto que a empresa ergue barreiras quando não proporciona treinamento, oportunidades de crescimento ou recompensas apropriadas. Além de valorizarem a oportunidade de desenvolvimento constante, o ambiente de trabalho é essencial para que a empresa consiga reter seus talentos. 38 CAPÍTULO III O SUCESSO ORGANIZACIONAL COM A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE QVT As pessoas não precisam só de dinheiro, elas também precisam ser felizes. O novo desafio que marcará o século XXI é como inventar e difundir uma nova organização, capaz de elevar a qualidade de vida e do trabalho, fazendo alavancar sobre a força silenciosa do desejo de felicidade. (DE MASI, 2000, p. 330). Nesse ambiente globalizado em que vivemos, a sobrevivência no mundo dos negócios torna-se a cada dia altamente competitivo, devido aos avanços tecnológicos e essas mudanças ocorrem a uma velocidade sem precedentes. As organizações têm que adotar novas técnicas de gestão administrativa e inovar o seu processo produtivo para que possa sobreviver no século XXI. Uma dessas inovações, sem dúvida, é a adoção do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho, é um tema que deve ser tratado nas empresas segundo os pressupostos de uma gestão avançada. Aprender a mudar – aprender a “desaprender” – é, provavelmente, o principal requisito para o administrador. Essa é a ideia por Fleury et al (1995). A professora analisa que, embora o conhecimento operacional seja essencial para o funcionamento de qualquer organização, cada vez mais ele tem de estar associado ao conhecimento conceitual. O requisito fundamental para a dinâmica desse tipo de organização é que o processo de aprendizagem operacional e conceitual ocorra em todos os seus níveis. As definições mais 39 comuns de uma organização que aprende enfatizam sua capacidade de adaptação as grandes mudanças que ocorrem atualmente no mundo. (FLEURY et al apud LIMONGI-FRANÇA 2010). Com base conceitual nas propostas da Quinta Disciplina de Senge (1994), Fleury (1995) destaca o domínio pessoal, os modelos mentais, as visões compartilhadas, a aprendizagem em grupo e o pensamento sistêmico. No mesmo artigo, coloca que os principais desafios às empresas brasileiras, no momento atual, vão passar por um processo de mudança revolucionário, superar os traumas e propor-se a viver em processo permanente de mudança. A professora (Fleury, 1995, p.6-9) destaca como críticos os processos de inovação e de busca contínua de capacitação e qualificação das pessoas e das organizações. (LIMONGI-FRANÇA 2010). COLTRO (1999) analisa a formação do administrador do futuro para os aspectos relacionados a aquisição e transferência de conhecimentos, que são ratificados por diretrizes e normas do Ministério de Educação, Conselho Federal de Administração e associações ligadas ao ensino e atuação do administrador. O autor apresenta no mesmo artigo os focos de indagações de administradores preocupados com o aumento da produtividade das organizações, relacionando os seguintes objetivos: • Desenvolver processos capazes de aumentar a efetividade do aprendizado individual; • Identificar as influências do ambiente e das condições de trabalho sobre a capacidade das pessoas de adquirir conhecimento, por exemplo, a utilização do mesmo espaço físico por áreas funcionais distintas da empresa conduz a maior interação e à absorção mais efetiva do conhecimento pelas pessoas envolvidas; • Compreender, mais e mais, como os seres humanos aprendem, aprendizado esse que não se dá apenas pela experiência individual, mas sobretudo pela observação e pela absorção de conhecimento acumulados por outras pessoas. (COLTRO apud LIMONGI-FRANÇA, 2010). 40 Uma pesquisa da empresa CPH Health, do segmento de saúde corporativa, revelou que 49% dos funcionários das companhias brasileiras estão em um significativo nível de estresse. O levantamento, feito com 194.000 empregados de 200 organizações, mostrou também que 76% deles praticam atividade física insuficiente, 68% trabalham sentados a maior parte do dia, 48% têm elevado nível de ansiedade e 45% estão acima do peso ou obesos. Esses números preocupam não apenas por mostrarem um quadro de profissionais com condições de saúde precárias, mas também pelo fato de que, além dos funcionários, as próprias empresas podem sofrer com o problema. Isso porque grande parte das pessoas que passam por problemas de saúde preferem ir trabalhar mesmo doentes, prejudicando, e muito, a produtividade da companhia. Segundo o médico e profissional de saúde corporativa da CPH Health, Ricardo de Marchi, 60% dos custos de assistência médica e perda de produtividade das empresas se devem a esse tipo de comportamento. Ou seja, as empresas perdem quando os funcionários evitam faltar. “É como em um time de futebol. Se o jogador está machucado, ele vai ter um desempenho pior e a equipe vai ter uma produtividade menor”, diz. Mas o problema é que a maioria das organizações ainda não tem consciência de que, muitas vezes, é melhor ter um funcionário em casa, tratando de uma doença, do que mantê-lo no trabalho sem produzir da mesma forma e sem condições plenas de se curar rapidamente. E ainda há os casos em que a empresa sequer sabe que o profissional está com problemas de saúde, fazendo com que a produtividade caia “misteriosamente”. (WEISS, 1991). Ainda segundo Weiss (1991), a prevenção serve para evitar que a produtividade seja afetada, os gestores devem ter em mente que é papel da companhia proporcionar ao funcionário um ambiente saudável de trabalho e o primeiro passo para fazer isso é fazer uma boa gestão de saúde dos funcionários. Isso significa aplaudir os bons hábitos praticados por eles, ficar de olho nos comportamentos negativos, conhecer as pessoas da equipe e saber em que situação está a saúde de cada uma. “Não adianta tratar de uma 41 doença sem saber o que é, sem fazer o diagnóstico da situação”, afirma o médico Ricardo De Marchi. Depois de conhecer bem o quadro, o doutor recomenda o monitoramento dos funcionários de alto risco. Aquele profissional que tem ido demais ao médico pode não ser apenas alguém que gosta de fazer check-ups. Saber quem está frequentando os consultórios além do normal ajuda o gestor, a saber, quem precisa de mais atenção e o que pode fazer para ajudar e reduzir os riscos de uma piora. Quando o chefe estiver por dentro do que se passa com a saúde de seus liderados, é hora de fazer as intervenções educacionais. E nessa hora vale de tudo. Programas de nutrição, incentivo a exercícios, palestras, treinamentos e outras iniciativas. “Depende do dinheiro que a empresa pode investir e da criatividade. Se tiver uma equipe educada, informada, responsável em relação à própria saúde, a empresa terá boa parte desse quadro resolvido”, diz o médico. O importante, para ele, é tratar sempre da saúde, pois esperar para cuidar da doença pode ser um risco alto demais para se correr. É nas organizações que as pessoas passam a maior parte de suas vidas, natural seria que o local de trabalho seja transformado em um lugar saudável e feliz. Um local que pudesse, de fato, passar algumas horas vivendo, criando e realizando plenamente o serviço, com qualidade de vida, satisfação e alegria. 3.1 – Sucesso Organizacional A questão fundamental é definir o que é sucesso. O sucesso parece ser aquele fator “X” que ninguém consegue explicar: uma mescla das capacidades do sujeito com os seus valores, as suas percepções do ambiente e das oportunidades das mais diversas situações. 42 Atkinson (1964), por exemplo, afirma que se uma ação for tida como bem-sucedida, haverá uma tendência natural para que da próxima vez a probabilidade de sucesso seja maior para as ações similares, aumentando assim a própria motivação da organização. Desta forma, o sucesso seja maior para as ações similares, aumentando assim a própria motivação do funcionário. Segundo McClelland (1974) para que seja possível alcançar sucesso é necessário a articulação de três fatores fundamentais: a motivação para o sucesso, um ambiente que propicie o sucesso e uma conexão com a realidade. Em outras palavras, é necessário que as pessoas acreditem que é possível chegar aonde querem chegar, é papel fundamental dos líderes conhecerem a organização de tal forma que facilitem regras implícitas e explícitas positivas, confiança nos colaboradores e nas suas potencialidades, e um clima organizacional que favoreça a inovação, a aprendizagem e o progresso sustentável. Estar num mercado cujas necessidades conheçam e entendam bem. É por isso que McClelland (1974) define o sucesso como a motivação para melhorar e fazer melhor, Em 1989, o autor definia as características da motivação para o sucesso: • Procurar sucesso perante normas de excelência pessoal; • Aspirar e alcançar metas elevadas, mas realistas; • Responder positivamente à competição; • Tomar iniciativa; • Preferir tarefas cujos resultados impliquem responsabilidade pessoal; • Assumir riscos moderados (McClelland apud LIMONGI-FRANÇA, 2010) Ao estarem atentos ao que cada pessoa pretende oferecer e receber da organização da qual faz parte, os líderes poderão gerir melhor as potencialidades do seu pessoal, poderão entender melhor as causas das altas percentagens de depressões, compreender como converter a calma de um funcionário em prudência corporativa ou a hiperatividade de outro em 43 capacidade de produção. A forma como os funcionários se sentem em relação à organização em que trabalham é um fator importante para o sucesso organizacional. Este é o papel da formação de pessoal para o sucesso e a liderança. Conhecendo as estratégias adequadas, os líderes poderão colaborar com o pessoal para que eles se sintam motivados a agir. Com o treino humano adequado, com as motivações necessárias, oportunidades de crescimento, dar qualidade de vida aos trabalhadores, os colaboradores poderão ajudar os líderes a levar as suas empresas ao topo do mercado, para aquele “X” que se chama sucesso. 44 CONCLUSÃO Os gestores das Organizações deverão observar que ao fazer a Implantação de Programas de Qualidade de Vida no Trabalho será visível os benefícios que obterá de volta. Podemos mencionar algumas ferramentas que deverão ser utilizadas: capacitação dos funcionários, oportunidade de crescimento, condições de segurança e saúde do trabalhador. A empresa terá como benefícios: força de trabalho mais saudável, baixo índice de acidentes, melhor imagem e melhor ambiente de trabalho. Com essas atitudes a empresa estará investindo diretamente na elaboração de seus produtos, garantindo uma melhor qualidade e produtividade. A qualidade de vida dos empregados é influenciada diretamente na execução das atividades de forma que venha obter as metas traçadas pela a Organização. A empresa que não utiliza como estratégia competitiva o QVT pode ser considerada fora de um mercado altamente competitivo, pois funcionários insatisfeitos terão aumento de indicadores negativos onde posteriormente não conseguirão atender as necessidades dos clientes de maneira satisfatória, tendo como conseqüência baixa produtividade na empresa. Funcionários satisfeitos utilizarão sua máxima capacidade produtiva. De acordo com essas observações concluímos que a qualidade de vida é a soma das necessidades físicas, sociais, psicológicas de cada ser humano. 45 BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS ATKINSON, J.W. An Introduction to motivation. New York: Van Nostrand, 1964. BARROS, Claudius D’Artagnan C. 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TEIXEIRA, Gilnei Mourão; SILVEIRA, Aristeu Coelho; NETO, Carlos Pinheiro dos Santos Bastos; OLIVEIRA, Gercina Alves. Gestão Estratégica de Pessoas – 5ª edição, Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. WALTON, Richard. Quality of working life: What is it? Slow Mangement Revlew. USA, v.15, n.1, p.11-21, 1973. WEISS, D. Motivação e resultado - Como obter o melhar de sua equipe. São Paulo: Nobel, 1991. 48 49 ANEXOS Índice de anexos Anexo 1 >> Conteúdo de Livro especializado; Anexo 2 >> Internet; Anexo 3 >> Internet. 50 ANEXO 1 PRODUZINDO O MATERIAL Livro O Ambiente da Qualidade na prática João Martins da Silva – Belo Horizonte (MG) OS CINCO SENSOS DA QUALIDADE Senso, segundo o Aurélio, é a “faculdade de apreciar, de julgar”. Significa, também, “entendimento; juízo, tino”. Portanto, rigorosamente falando, nunca se “implanta” um senso, mas se “planta” e se “cultiva”, num processo educacional que exige lideranças competentes, pacientes e persistentes, que realmente gostem de pessoas. É prática corriqueira, quando se quer destacar uma boa qualidade de alguém, ou um conceito moral forte, referir-se à palavra senso e acrescentar-lhe o atributo desejado. Assim, tem-se: senso de responsabilidade, senso de cidadania, senso moral etc. Portanto, a palavra senso já tem forte conotação popular de valor moral, intrínseco a uma pessoa. A prática sem o respectivo senso transforma homens em robôs e torna o trabalho um castigo. Eis porque é necessário desenvolver os sensos certos para se criar o ambiente da qualidade. Chegou-se à conclusão que, no Brasil, de forma análoga ao Japão, deveria ser amplamente difundido o Sistema 5S, ou os sensos de: utilização, ordenação, limpeza, saúde e autodisciplina, para se criar o ambiente da qualidade. Com o desenvolvimento desses sensos, supunha-se poder estimular a educação e a re-educação para a sobrevivência com dignidade. Os resultados alcançados até o momento mostraram que a expectativa de uns poucos se confirmou, tornando-se hoje uma certeza de muitos. No Japão, o sistema ou programa 5S foi formalizado no ambiente empresarial no início da década de 50, apesar de sua longa existência informal como fundamento da educação moral daquele país. Segundo Masao Umeda, um destacado líder da Qualidade no Japão, o 5S foi introduzido nas empresas japonesas para “acabar com o trabalho forçado”. O sistema foi redescoberto em países como Taiwan e Cingapura, na década de 80, como uma excelente maneira de se comunicar, pronta e eficazmente, a ideia de qualidade como um hábito, e não como um mero ato. Esses países, após pesquisarem a fundo a essência da qualidade e da produtividade no Japão, concluíram que o 5S está na base da pirâmide. São cinco as palavras japonesas que deram origem ao 5S: seiri, seiton, seisou, seiketsu e shitsuke. O seiri/seiton equivalem à pesquisa de eficiência; o seiton equivale à procura do melhor leiaute; seisou significa inspeção e eliminação do estresse da pessoa; enquanto o shitsuke equivale a argumentar até o último momento, mas, cumprir rigorosamente o que foi decidido. 51 ANEXO 2 INTERNET Fotos demonstrativas do Back School Fonte: WWW.backschool.it/presentazione.htm ASSOCIAZIONE BACK SCHOOL – SCUOLA DELLA SHIENA – PROGRAMMA TOSO 52 ANEXO 3 INTERNET 53 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I CONCEITOS E ABORDAGENS DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO 9 1.1 - O que é Qualidade de Vida 10 1.2 - Breve histórico 11 1.3 - O que é Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)? 12 CAPÍTULO II OS PROGRAMAS E FERRAMENTAS PARA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE QVT 19 2.1 – Ergonomia, Back School e Ginástica Laboral 22 2.2 – Condições de Segurança e Comissão 25 Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) 2.3 – Clima Organizacional e a Capacitação, 29 Desenvolvimento e Treinamento do Pessoal 2.4 – A Sensibilização, o Comprometimento e a 34 Oportunidade de Crescimento do Funcionário CAPÍTULO III O SUCESSO ORGANIZACIONAL COM A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE QVT 37 3.1 - Sucesso Organizacional 40 54 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40 ANEXOS 43 ÍNDICE 47