• Lhf\l!er .• Igreja Luterana \ REVISTA TEOLóGICA da Igreja Evangélica Luterana do Brasil . •• Ano XXIV Pôrto Alegre 1963 .CASA PIJBLICADORA CONCóRDIA S. A. IGREJA LUTERANA REVISTA TEOLÓGICA da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (trimestral) Autorizada a circular por despacho do D. I. P. - Proc. 9.631-4G Redatores: Prof. Dr H Rottrnann Prof. O. A. Goerl Ano XXIV Editora Casa Publicadora Concórdia S.A. Tiragem: 350 N" 2 Porto Alegre 1963 MARXISMO E CRISTIANISMO Arnaldo SCHÚLER Trabalho apresentado à conferência de pastores e professores do distrito de Porto Alegre, em julho do ano em curso. "Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade" (Atos 2.44,45). "Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. Com grande poder os apóstolos davam o testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes, e depositavam aos pés dos apóstolos; então se distribuía a qualquer um ã medida que alguém tinha necessidade" (Atos 4.32-35). É comum verem-se referidas em apoio do marxismo as passagens que epigrafamos. Cristianismo e marxismo é o assunto que vamos conferenciar. Questão terminológica Devemos tratar, preliminarmente, uma questão terminológica. Existe a tendência de sinonimizar marxismo e comunismo. Anuncia um autor que vai criticar o marxismo, e, a certa altura, autoriza-se com a Quadragésimo Anno, de Pio XI: O comunismo considera a produção como fim único da organização social que preconiza. Seus leitores passam adiante a noção: Um dos erros de Marx foi ensinar que a produção é o fim único, etc. Vai-se às fontes, e descobre-se que a produção, para Marx, nem sequer é o fim principal. Mais além, nosso autor afirma que o marxismo nada mais é do que a exploração do proletariado por um sistema de capitalismo estatal — e aponta a União Soviética, provando que lá não se discutem 70 Marxismo e Cristianismo salários, explora-se a mais-valia, não se paga na medida da necessidade de cada um, mas segundo o .trabalho, pratica-se, enfim, um monopólio da pior espécie, um capitalismo com alguns dos vícios principais do pré-capitalismo. Vai-se às fontes, e deseobre-se que o protesto contra a exploração do trabalho por parte de qualquer forma de capitalismo é a substância do miolo das ideias marxistas sobre o problema económico. O sonho de Marx era ver os instrumentos de produção a serviço da sociedade humana, não a serviço de um Estado. Queremos esclarecer que marxismo ou marxista, em nossos comentários, referir-se-á sempre à doutrina da Carlos Marx e Frederico Engels, ou à concepção do mundo — obra coletiva — que tem na figura de Marx um de seus principais representantes. Marxismo, nestes comentários, nunca designará a ideologia e a prática do bolchevismo. Não analisaremos, portanto, oposições entre o cristianismo e o mundo dos horrores e comunistas de hoje, ou entre cristianismo e um marxismo deturpado e caluniado por ignorantes, por comentadores de pouca exação ou por simples maldosos a serviço de interesses menos nobres. Procuraremos verificar o que Marx e Engels realmente ensinaram e quais os elementos de sua doutrina, ou da mundivivência de cuja estruturação foram os principais arquitetos, em antagonismo efetivo com o cristianismo, não com possíveis preconceitos de cristãos ou com um cristianismo deturpado e rnal compreendido. Mais. Procuraremos evitar também os inúmeros erros de interpretação ocasionados por incoerências do próprio Marx. Retificações preambulares Afirmamos que existe um Marx deturpado, caluniado, não bem interpretado. Ilustrando a afirmação, avançar-nos-emos na análise de nosso assunto. Já se condenou como praga marxista a ideia do comunismo sexual, a ideia da transformação da mulher em rameira, internacional. Eis o que escreveu Marx: "Na relação com a mulher, como presa e serva da luxúria comunal, expressa-se a infinita degradação de si próprio existente no íntimo do homem" (Manuscritos Económicos e Filosóficos, pág. 126). Esta é sua opinião sobre a ideia de alguns pensadores comunistas que julgavam razoável abolir também a propriedade privada no que diz respeito às mulheres. A ideia do comunismo quanto às mulheres é do sublime Platão. Preconiza-a em seu Estado ideal, restringindo, porém, a abolição da propriedade privada às duas classes superiores: os filósofos e os vigilantes, ou guerreiros. Do que se pode colher dos escritos de Marx, pensava êle que numa sociedade de comunismo integral o amor seria livre, sim, mas no sentido de a mulher não ser nunca escrava do homem e no sentido de a união monogâmica só perdurar enquanto haja amor, não havendo nenhum empecilho à dissolução Marxismo e Cristianismo 71 do matrimónio e à constituição de outro. Claro que isto não se harmoniza com a posição cristã. Todavia, é claro também que a ideia de Marx não se confunde com quaisquer teses de comunismo sexual, entendido este como comércio sexual de grupos de homens com grupos de mulheres, ou de todos os homens com todas as mulheres. Basta dizer que Marx foi materialista — lembra alguém. Cremos que não basta. Convém esclarecer em que sentido o foi. Materialismo, na acepção filosófica do termo, não é sinónimo de hedonismo, ou epicurismo, no sentido de sensualidade; não é a afirmação do primado do ganho e conforto materiais, o primado do deus-ventrc e do bezerro de ouro. Estas coisas o materialismo de Marx as exprobra ao capitalismo de seu tempo. Materialismo, em filosofia, designa sistemas que negam a substância imaterial. Quando se fala em materialismo a propósito de Marx, deve entender-se o termo nesta sua acepção filosófica, não no sentido que se lhe empresta em debates de natureza ética ou axiológica, ou quando se discute psicologia das paixões. Vejamos agora duas inexatidões muito difundidas no que diz respeito ao míaterialismo histórico, designação equívoca que deveria ceder o lugar à expressão materialismo económico. Dêmos a palavra a Marx, para que nos diga o que entende por materialismo histórico: "O resultado geral a que cheguei, e que, uma vez alcançado, serviu de guia a meus estudos, pode ser assim sintentizado: na produção social de sua vida, os homens ingressam em relações definidas, que são indispensáveis e independem de sua vontade, relações de produção correspondentes a determinada etapa de evolução de suas forças produtivas materiais. O grande total dessas relações de produção constitui a estrutura económica da sociedade, o verdadeiro alicerce sobre o qual se ergue uma super-estrutura jurídica e política à qual correspondem formas definidas de consciência social. O sistema de produção da vida social condiciona o processo da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina seu ser social, porém pelo contrário, seu ser social é que determina a consciência deles" (Prefácio a uma Contribuição à Crítica da Economia Política, Obras Seletas, Marx-Engels, vol. I, Moscou, 1955, páginas 362-362). Notemos, em primeiro lugar, que, segundo o materialismo histórico, o modo de produção determina o modo de pensar, os desejos, os interesses, ao passo que segundo o materialismo na acepção vulgar, extrafilosófica, a motivação fundamental do homem é o ouro, o estômago e a libidinagem. De passagens como a que transcrevemos, poder-se-ia inferir que o homem, no entender de Marx, é mero joguete de circunstâncias. Todavia, não foi esta a exata posição de Marx. Nega-o êle explicitamente: "A doutrina materialista referente à mudança das circunstâncias e da educação esquece que as circunstâncias são modificadas pelos homens e que o próprio educador tem de ser educado" (Ideologia Germânica, Marx-Engels, N. Iorque, 1939, nág. 197). É 72 Marxismo e Cristianismo paradoxal e é incoerente que Marx afirme a existênxia de ideais inerentes ao homem, bem como a capacidade do homem no sentido de fazê-los valer no processo histórico, mas a verdade é que êle afirma ambas as coisas. Voltaremos à questão mais a diante. Convém chamar ainda a atenção para um ataque ao marxismo que representa uma incoerência da parte de muitos de seus críticos quando feito em termos absolutos: a agressão à tese marxista sobre o uso da violência. Como é sabido, Marx defende o apelo para a revolução pelas armas, que foi o método usado em' 70 % das revoluções, segundo uma equipe de pesquisadores da Universidade de Harvard. Muitos democratas costumam falar dessa tese com ares de mahatma Ghandis contrafeitos por semelhante filosofia de animais. Esquecem que a revolução é a mãe da democracia ocidental. Se não há dúvida que o ideal é a transformação pacífica do quei deva ser transformado, também não há dúvida que os democratas sempre admitiram, pelo menos na prática, a hipótese da revolução sangrenta. Apenas queremos dizer que não é muito convincente atacar, de um lado, e em termos absolutos, a ideia que legitima o uso da força, e de outro, fazer discursos vibrantes sobre o Sete de Setembro, exaltar a Revolução Francesa, celebrar figuras como Jorge Washington e Abraão Lincoln, ou endossar o nosso Rui Barbosa quando afirma, numa conferência em que tritura o governo do marechal Hermes: "A maior das revoluções estaria cem vezes justificada com esses desvarios, que anulavam a federação, destruíam o regímen constitucional, aboliam a justiça e canibalizavam a política brasileira" (A Crise Moral, Organização Simões, pág. 104). Marx via na atividade revolucionária apenas um meio de levar a termo uma nova ordem social já em gestação: "A força é' a parteira de toda sociedade antiga que carrega no ventre uma nova" (O Capital, vol. I, pág. 824). O certo é que a maioria dos democratas escandalizados com a defesa da violência sempre aplaudiu de pé as intervenções cesarianas da parteira marxista. Observa-se que os elogios ou as condenações de que ela é objeto dependem do ventre em que mete ou ameaça meter o bisturi. Outro* equívoco diz respeito à tese marxista da abolição da propriedade privada. Há quem diga: Não abro mão do direito de posse exclusiva de uma casa, uma horta, um automóvel, etc. Importa notar que Marx usa a expressão propriedade privada num sentido histórico bem definido. Em seus escritos, esta expressão designa a posse individual dos meios de produção no sistema capitalista. Meios de produção, para êle, é matéria-prima e ferramenta. ISfão interfere com a casa, a horta e o automóvel de ninguém, É interessante citar aqui a Constituição Soviética, de 1936. Diz ela, no artigo décimo, que a lei protege o direito pessoal de propriedade, o direito de salário e economias, de moradia e atividade económica a ela anexa, dos instrumentos da atividade económica anexa e dos utensílios de uso doméstico, dos objetos que satisfaçam necessi- Marxismo e Cristianismo 73 dades ou o conforto pessoal, bem como o direito de herança no que diz respeito à propriedade pessoal do cidadão. Ainda uma advertência para os que desejam julgar acertadamente da economia política de Marx, a parte de sua obra que mais interessa ã ciência: é preciso não perder de vista que sua análise crítica tinha por objeto o capitalismo decimononista, da primeira revolução industrial, fato que torna sua análise caduca em grande medida, pois as coisas evoluíram de lá para cá. Já ingressamos na era da revolução técnica, na era da cibernética, da aplicação da energia atómica, etc. O elemento positivo de sua crítica está nos defeitos que apontou no capitalismo da velha guarda, defeitos que o neoliberalismo económico de nossos dias tenta superar. Contexto histórieo-social É oportuno acrescentar aqui algumas palavras que ajudem a compreender o surgimento e florescimento da ideologia marxista. Criaram-lhe ambiente propício as consequências práticas da concepção imoral de uma economia absolutamente autónoma. O liberalismo do século passado, que concebia o Estado como organismo destinado a manter a ordem pública e fazer cumprir a lei, deixando o bem-estar económico do povo à mercê do jogo de interesses da livre empresa (laissez-faire), provocou também o surgimento dos Estados totalitários. O individualismo liberal, que relaxou, sem dúvida possível, o aspecto social do ser humano, atomizando a sociedade, só poderia resolver os problemas económicos e sociais se fossem verdadeiros seus pressupostos. Um destes presupostos é o da espontânea autolimitação de cada um. A história do século passado e a do nosso evidencia a insuficiência de se assegurar a autodeterminação do indivíduo num sistema de livre concorrência, sonhando que daí resultará a harmonia no plano económico e social. Este sistema não impede, por exemplo, a formação de monopólios que suprimam exatamente a livre concorrência. O fato indiscutível é que o simples aumento da produção de forma nenhuma garante automaticamente mais bem-estar para todos. Também não padece contestação que só a gancho os operários conseguiram a fixação de salário-mínimo, seguro contra acidentes, limitação das horas de trabalho, férias remuneradas, direito de se associarem para a defesa de seus interesses, etc. Marx tornou-se intérprete da vasta desilusão produzida nas massas pelo liberalismo selvagem de seu século, que rebaixou o trabalho humano a mercadoria e o explorou criminosamente. O interesse único que orienta o mau capitalismo é o lucro do indivíduo. Sacrifica ao lucro, sempre que possível, todo e qualquer interesse coletivo. A criatura humana lhe é um animal capaz de realizar determinados trabalhos e obrigado a comprar determinados produtos. Este inumanismo, praticamente materialista, é o grande responsável pelo surgimento e florescimento da esquerda radical. 74 Marxismo e Cristianismo Ninguém pode negar que o capitalismo liberal em sua primeira fase desempenhou papel útil e até necessário em sua época, criando o desenvolvimento técnico e o progresso industrial. Reconhecem-no Marx e Engels no Manifesto Comunista (1848), onde afirmam que a burguesia realizou maravilhas superiores às pirâmides egípcias, aos aquedutos romanos, às catedrais góticas: civilizou as nações. É falso, contudo, o princípio deste capitalismo: o maior lucro possível para o dono absoluto da empresa. Marx afirma que esta ânsia desvairada de lucro na economia liberal-individualista conduz fatalmente à exploração do operário. Nenhum cristão duvidará esta afirmação. Nem assinará a tese do dono absoluto da empresa. Segundo o cristianismo, não há proprietários absolutos de nada; apenas há mordomos. A tese do dono absoluto da empresa nem se pode sustentar à luz da razão. Por sua finalidade, a empresa não interessa exclusivamente ao dono. Sua finalidade social não permite que o proprietário lide com ela como se lida com bens de uso e consumo. O bom senso jurídico sujeitará o dono a preceitos de direito público que defendam os interesses coletivos envolvidos na empresa. O cristão repudiará também o princípio do livre jogo das forças económicas. Seu princípio é outro: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Estes dois princípios mutuamente se excluem. A mensagem social do cristianismo é a lei do amor, não o catch as catch can do liberalismo económico em sua forma selvagem. • Não se cometa, porém,, o erro de pensar que Marx apenas criticou defeitos do pré-capitalismo de sua época. Para êle, o esbulho capitalista é da lógica do sistema. Baseia esta crítica na teoria da mais-valia. Exporemos, rapidamente, esta teoria e em seguida apontaremos as divergências irredutíveis entre marxismo e cristianismo, que é propriamente nosso tema. Conceito de mais-vaíia Diz Marx que o assalariado vende força ou capacidade de trabalho, produzindo, entretanto, valor superior ao que recebe. A diferença é a mais-valia, que vai ao bolso do dono da empresa. Em outras palavras: o assalariado trabalha mais do que seria necessário ao seu sustento. Desse tempo a mais apropria-se o capitalismo. Ilustremos com um exemplo hipotético: um operário ganha Cr$ 500,00 por dia. Em quatro horas de trabalho produz, por hipótese, mercadoria no valor deste salário. Trabalhando, porém, oito horas, produz mercadorias no valor de Cr$ 1.000,00. Sustentando-se o operário com apenas quatro horas de trabalho, no sobretempo (mais quatro horas) realiza produto cujo valor comutativo corresponde aos víveres de mais um dia de trabalho. Deste sobretempo beneficia-se o capitalista. O aumento de valor correspondente ao trabalho do sobretempo é a mais-valia. O capitalista emprega parte de seu capital em melhorias e aquisições — capital constante; emprega outra parte em salários — capital variável. É este capital Marxismo e Cristianismo 75 variável, assim chamado porque varia conforme a força de trabalho empregada pelo empresário, que produz a mais-valia, pois o capital gasto em salários produz mais valor do que o valor dos salários. A tendência do empresário será, pois, aumentar a taxa da mais-valia (o lucro é o motor da economia capitalista). Na época de Marx o capitalista podia alcançar esse objetivo através da exploração dos assalariados, diminuindo o salário ou aumentando as horas de trabalho. Quando surgiram as leis que limitam as horas de trabalho e fixam o salário-mínimo, viu-se o capitalista obrigado a seguir outro método: aumentar a produtividade através de máquinas cada vez mais aperfeiçoadas. Mas isto implica em aumento mais rápido do capital constante do que do variável. Nesta situação, a taxa de lucros tende a baixar. Os prejudicados reagiram de várias maneiras. Uma delas é a formação de monopólios, o que lhes permite controlar a produção. Em resumo, a tese de Marx é a seguinte: o direito ao valor total da produção é do conjunto dos que produzem. Não procede a afirmação de que Marx haja defendido o direito do indivíduo ao valor total do que produz. Falsa também é a afirmação, muito comum, de que segundo Marx apenas o trabalho manual produz valor, e que apenas este trabalho tem direito a remuneração. Marx reconhece que também produz valor o cérebro que dirige a produção, e defende, como é óbvio que fizesse, a remuneração de quem trabalha na distribuição dos produtos. Sua crítica incide sobre o fato de um indivíduo ou grupo se beneficiar da mais-valia. Não teria cabida aqui uma análise pormenorizada da economia política de Marx. Cairíamos fora de nosso tema. Expusemos o conceito de mais-valia porque a êle já nos referimos duas vezes. Acrescentaremos tão somente algumas linhas a propósito das expressões "valor comutativo" e "valor de uso", de que acima nos valemos. Valor comutativo de uma mercadoria é a estimativa dela quando encarada sob o seu aspecto de capacidade de troca. Valor de uso de uma mercadoria é a estimativa do objeto sob o aspecto de sua utilidade. Marx defende a tese de que o trabalho humano é a me-' dida pela qual se afere o valor de troca, Salta aos olhos que é defeituosa esta teoria, que se aplica apenas na hipótese de ser o valor da mercadoria determinado pelo trabalho. Qualquer madeireiro dirá que o valor de troca do jacarandá é superior ao do pinheiro por causa do diferente valor de utilidade dos dois, não por causa do trabalho humano. E se dois moços por exemplo, visitam, durante o mesmo espaço de tempo, uma escola tecnológica, e, formados, empregam, por hipótese, o mesmo tempo de trabalho na produção de determinados utensílios, e assim mesmo o valor comutativo do utensílio de um deles é superior ao do outro, a causa da diferença de valor estará na maior ou menor perfeição do produto, devida a. diferença de talento. Em ambos os exemplos, o valor de utilidade pesa na determinação do valor de permuta. Segundo a teoria económica aceita pelo maior número de teóricos de hoje, o valor 76 Marxismo e Cristianismo da mercadoria é determinado pela utilidade que ela representa para o comprador. Todos este teóricos, por isso mesmo, estão de acordo com Joseph Schumpeter quando o renomado professor declara a teoria marxista morta e sepultada (cf. Capitalismo, Socialismo e Democracia). É uma teoria que só funciona quando se pressupõe uma série de condições que não se verificam na realidade. O princípio do trabalho-quantidade não leva em consideração o trabalho especializado, a habilidade, as diferenças naturais entre operários, a maior ou menor aplicação. Considera o trabalho apenas do ponto de vista do tempo médio social, isto é, o tempo socialmente necessário para fabricar certa espécie de objetos: aqueles que podem ser reproduzidos em série. Se é justo salientar estes pontos fracos da teoria, não é justo, porém, de outro lado, dar a entender, como tantas vezes se faz, que Marx não percebeu estas lacunas. Marx não pretende, por exemplo, que sua teoria tenha aplicação ao trabalho artístico. Poderíamos dizer ainda que do ponto de vista do dever-ser marxista, a; ilustração do jacarandá e do pinheiro não subsiste, pois no mundo sonhado por Marx o dono destas riquezas naturais é a humanidade. Antagonismo fundamental entre marxismo e cristianismo Passaremos a estudar agora o antagonismo doutrinário fundamental e irredutível entre marxismo e cristianismo. Este é espiritualista. É-lhe essencial a finalidade extra-terrena. Aquele é materialista. O horizonte de sua filosofia — e o marxismo é acima de tudo uma filosofia — é a vida terrena. Em oposição ao terrenismo marxista, que sonha com uma pátria utópica do aquém a ser organizada pelo homem, o cristianismo nos aponta um mundo renovado por Deus, afirmando que só nele o homem se realizará integralmente. Base filosófica do marxismo A base filosófica do marxismo é o materialismo dialético. Chama-se assim porque sua filosofia do ser é materialista e seu método de pesquisa é o método dialético. O conceito dialética vem da filosofia grega. A técnica dialética, a princípio, era a arte da discussão, a arte de raciocinar divindo os conceitos em géneros e espécies, a fim de descobrir as contradições do adversário e superá-las, para alcançar a verdade. Era o movimento do logos. No vocabulário marxista, dialética é a lei da mudança, a lei das contradições no mundo e no pensamento. A ideia fundamental da filosofia dialética é a unidade de todas as contradições. A partir desta ideia, Hegel, filósofo idealista (identificou o conteúdo do pensamento com o objeto do pensamento e negou a existência de objetos reais independentes do pensamento), criou a fórmula tese (posição ou afirmação) —antítese (oposição ou nega- Marxismo e Cristianismo 77 ção) — síntese (composição ou negação da negação). Segundo este jogo trifásico, firmada a síntese, transforma-se ela em tese, reiniciando-se o processo. A tese é o equilíbrio primitivo, a antítese é a ruptura do equilíbrio e a síntese é o restabelecimento do equilíbrio em nova base. Esta tríade ocorre nas ideias, que constituem a substância da realidade. A história universal é o desenvolvimento do espirito no tempo, como a Natureza é o desenvolvimento da ideia no espaço. Esta é, em síntese, a filosofia dialética de Hegel, um dos mais difíceis sistemas filosóficos. Não precisa sentir-se muito deprimido quem não entendeu nada. Confessou Hegel, quando se aproximava a hora de sua morte, que ninguém o havia entendido, com exceção de Michelet. E acrescentou, desolado: E este ainda me entendeu mal. Os discípulos de Hegel dividiram-se em direita e esquerda hegeliana. Aqueles, conservadores, adotaram o método e a doutrina do mestre e procuraram conciliar hegelianismo e cristianismo. Estes aceitaram o método, rejeitando, porém, o idealismo de Hegel e substituindo-lhe o materialismo. Entre eles estão Ludwig Feuerbach e Marx. Entendia Marx que as ideias de Hegel valiam para algumas coisa, todavia só depois de desponta-cabeceadas. E tratou de virar a dialética hegeliana, porque esta estava de ponta-cabeça, em virtude do idealismo de Hegel, que concebia a história do mundo como história da luta de ideias. Com o método dialético hegeliano despido de sua vestimenta idealista e acrescido da crítica feita a Hegel pelo materialista Ludwig Feuerbach, formulou os princípios do materialismo dialético. Segundo a ideia nuclear do neo-hegelianismo marxista, as contradições do pensamento não se devem exclusivamente à imperfeição da inteligência. Têm um fundamento na realidade extra-mental. O método dialético pretende ser o instrumento adequado para a análise dos elementos contraditórios da realidade objetiva, cuja unidade está no todo em movimento. Proletariado e burguesia, por exemplo, são dois elementos contraditórios da realidade objetiva, duas classes nascidas do entrechoque de forças económicas, não de ideias, como pretendia Hegel. A burguesia é tese, o proletariado é antítese, a sociedade comunista será a síntese. O Dicionário Filosófico Soviético de Judin e Rosental assim define a dialética: "A dialética é a ciência das leis gerais da evolução na Natureza, na sociedade humana e no pensamento." Esta última, a ciência das leis gerais evolutivas do pensamento, é a chamada dialética subjetiva. Corresponde, mais ou menos, à nossa Lógica. Segundo Estaline, os quatro elementos básicos da dialética marxista são os seguintes: 1. Considera todos os fenómenos da Natureza em sua conexão e em seu condicionamento recíproco; 2. Concebe a Natureza e todas as suas manifestações como estando em contínuo movimento, modificação e desenvolvimento; 78 Marxismo e Cristianismo 3. Considera o processo evolutivo a) como evoluir do inferior ao superior; b) como evolução desigual, sujeita a saltos repentinos — graduais modificações quantitativas causam repentinas modificações qualitativas (É o chamado salto dialético, desesperada saída de emergência em presença do enigma da realidade espiritual); 4. Considera o processo evolutivo como luta dos contrários. É aqui o lugar para algumas observações adicionais sobre o terceiro elemento básico da dialética marxista. Da. matéria, elemento primacial, originou-se a consciência, dogmatizam os filósofos marxistas. Ficariam atarantados se os reptássemos, seguindo a velha e boa norma científica, a que provassem sua afirmação. Perguntasse-lhes um Sócrates que é matéria e qual o elemento da matéria que gerou o mistério indecifrado da consciência, e far-se-ia um silêncio de chumbo entre os eloquentes defensores da tese. Quanto à matéria, o deus desconhecido dos marxistas, ainda não elaboraram dela um conceito claro. É uma das lacunas essenciais de sua filosofia, materialista. Teóricos do comunismo identificam matéria, ser, natureza e realidade. Tudo em nome do preconceito do monismo materialista. E está matéria, ou ser, ou natureza se reduz a um puro vir-a-ser, o que equivale a afirmar a mudança e ao mesmo tempo negar a coisa que muda, a substância. Fica muito mal chamar a esta barafunda antifilosófica tranquilamente de ciência e alegar que tudo está garantido pelo método dialético, método com o qual pretendem pesquisar, cientificamente, a realidade total e radical do devenir. Ensinam Marx e Engels que o animal principiou a tornar-se homem quando começou a produzir seus alimentos. É pelo trabalho, pela produção de víveres, assegura Engels, que o macaco se tornou ser pensante. Engels deixou de explicar como é que o macaco chegou a valer-se de instrumentos para o fim inteligente, refletido, de produzir víveres, se a reflexão surgiu apenas com esta espécie de atividade, como afirma. Só fabrica instrumentos quem sabe prever-lhes a utilidade, e quem sabe fazer isto já é ser pensante. É difícil compreender como é que um animal racional pode sustentar a tese de que o homo sapiens nasceu do macaco fabricante. Materialismo histórico Analisemos agora um pouco o materialismo histórico, aplicação ou extensão do materialismo dialético à pesquisa da história da sociedade humana. Divergem os autores na exposição do pensamento de Marx sobre as relações entre a base económica e a superstrutura ideológica. Entendem uns que na interpretação económica de Marx o homem é movido e determinado inteiramente pelo fator material da produção. Outros afirmam que a teoria marxista não ignora os motivos extra-econômicos, pretendendo apenas que o modo de produção determina fundamentalmente a estrutura social, e esta molda atitudes, opiniões, princípios. Marx efetivamente afirma que Marxismo e Cristianismo 79 as relações de produção constituem a base, a infra-estrutura sobre a qual se edifica a superstrutura ideológica, mas também deixa claro que a seu ver as condições económicas não constituem a única causa ativa. A superestrutura ideológica, embora seja estéril no sentido de não criar nada de novo, reage em alguma medida sobre a sua base económica. Não ensinasse esta interação e perderia o sentido a propaganda comunista, que pressupõe a possibilidade de a ação humana acelerar o processo de transformação da infra-estrutura económica, apressando a sonhada síntese final. Quem estuda atentamente a obra de Marx verificará uma evolução de seupensamento que o levou a modificar a tese do exclusivismo causal afirmado de início. Lerá até esta concessão de Marx: certos períodos de máximo desenvolvimento da Arte não têm relação direta com a base material (cf. Crítica da Economia Política). Também é preciso ter o cuidado de evitar a confusão entre o que Marx realmente ensinou e o que expositoresdo marxismo deduzem de suas ideias básicas. O que o analista do marxismo pode dizer em todo caso é que em seu modo de ver a filosofia marxista conduz logicamente à tese de que o fator material é, em última análise, o único fator. Os marxistas não podem negar que todo e qualquer valor espiritual, em seu monismo materialista, sendo necessariamente produto da matéria, dela depende inteiramente. Há uma boa dose de verdade na tese marxista: a consciência reflete, em grande parte, certas condições objetivas. Quanto ao papel que as relações de produção realmente desempenham, é questão que não nos cabe discutir aqui. Apenas ainda uma ligeira referência a uma das contradições da teoria marxista. Afirma-se que a base material condiciona e gera a vida espiritual da sociedade. Acontece, porém, que qualquer organização económica humana já inclui elementos de natureza espiritual. Ensina, demais, a História que determinados tipos de organização económica surgiram era consequência de ideias ou teorias. Em tais casos, a superstrutura condicionou a base. Haja vista o caso da teocracia judaica. Para evidenciar a debilidade científica da teoria pré-fabricada do materialismo histórico, basta fazer uma série de perguntas bem concretas: quais as relações de produção que geraram e condicionaram o sermão do monte? e as sinfonias de Beethoven? e a Reforma Luterana? e a língua grega? e a filosofia de Spinoza? . . . Devem os marxistas optar entre duas coisas: reconhecer a insuficiência de sua teoria, ou repetir a frase que um crítico espirituoso atribuiu a Hegel: Se os fatos concordam com minhas ideias, muito bem; se não concordam, pior para os fatos. Pior, por exemplo, para o fato de que não se verificaram mudanças técnicas radicais entre a baixa Idade Média e o surgimento do capitalismo, ao passo que a vida cultural passou por transformações profundas no mesmo período (cf. Teoria Literária, Rene Wellek y Austin Warren, Editorial Gredos, 1953, pág. 178). Fatos inúmeros e de sentido evidente destroem 80 Marxismo e Cristianismo a suposição de que os fatôres objetivos aniquilam praticamente a vontade do homem. Mas esta falsa suposição está implícita na aplicação do materialismo dialético à pesquisa da história da sociedade humana, pois esta aplicação pressupõe que as regularidades dialéticas da Natureza são as mesmas da sociedade. Há transformações necessárias, que arrastam o homem, uma direção básica do processo histórico que o homem não pode desviar de seu rumo. Mas dentro dessa direção básica, o homem pode orientar o fluxo dos acontecimentos com seu livre arbítrio. Isto sem mencionar o fato de que Deus orienta todo o curso da História em direção a fins estabelecidos por êle. O erro está em nivelar o determinismo de natureza moral com a ordem existente no mundo da Natureza. Marxismo e religião à luz das teses analisadas até aqui já podemos concluir que a religião, para o marxismo, é superstrutura, produto de lutas sociais, fruto da alienação económica. Qualquer religião é fenómeno relativo, e seu tipo é determinado, fundamentalmente, pelo sistema económico dominante. A religião é a pior das alineações. Às quimeras da religião — Deus, céu, inferno, etc. — o homem sacrifica sua liberdade, sua independência, sua autenticidade humana. Por ela o homem se diminui, projetando para fora de si elementos de sua natureza e personificando-os num outro — Deus. E este outro não existe. Admite o marxismo que um elemento qualquer da superstrutura, bsm como o conjunto dela, pode exercer influência sobre outro elemento, mas a estrutura económica da sociedade é o cimento real sobre o qual se ergue, em última instância, todo o edifício das ideias jurídicas, políticas, artísticas, filosóficas e religiosas, e as correspondentes instituições, como afirma Engels no Anti-Dúhring. , A pior das alienações — a religião — é, por isso mesmo, a maior das ilusões, o mais prejudicial dos entorpecentes. Afirma Lenine que a tese da religião como ópio do povo, tese sustentada por Marx em sua crítica à filosofia do Direito de Hegel, é a pedra angular da concepção marxista de religião. Deus é criação do homem. O conceito do Deus único surge da realidade do déspota oriental com pretensões a chefe único e todo-poderoso. Antes só havia divindades tribais e nacionais. Ainda que nosso tema não abrange a refutação do marxismo no plano filosófico e científico, é, contudo, interessante assinalar que a teoria acima delineada está em conflito com os resultados mais recentes da pesquisa etnológica. Guilherme Schmidt, a maior autoridade na matéria, publicou uma obra em cinco volumes sobre a questão: Der Ursprung der Gottesidee. Trata-se de um trabalho rigorosamente científico, pois suas conclusões se firmam em vastíssimo acervo de fatos. Segundo êle, um monoteísmo primitivo não mais é negado por nenhum especialista autorizado. Marxismo e Cristianismo 81 Para negar a oposição radical que há entre cristianismo e marxismo é preciso ignorar a filosofia marxista ou a essência da religião cristã. Afirma Erich Fromm que Marx combateu a religião por ela estar alienada e não atender às necessidades verdadeiras do homem. E acrescenta, que Marx lutava contra um ídolo a que chamam Deus (cf. Conceito Marxista do Homem). Quanto a esta última afirmação, note-se que Marx não lutava apenas contra ídolos. Seu monismo é a negação do Deus verdadeiro. Além disso, criou vários ídolos, entre eles o grande ídolo MATÉRIA, de onde provém tudo e em que tudo consiste. A outra afirmação de Erich Fromm, a de que Marx combateu a religião por ela estar alienada e não atender às necessidades verdadeiras do homem, nos leva ao núcleo do debate entre marxismo e cristianismo. Marx quer uma sociedade que satisfaça as verdadeiras necessidades do homem. Quais são estas necessidades? Não se pode responder a esta pergunta sem antes haver respondido a outra: qual a natureza e o destino do homem? Com esta pergunta entramos no vivo da questão entre marxismo e cristianismo. Conceito de alienação Precisamos analisar agora o conceito marxista de alienação. Para Marx, a alienação é estágio fatal da evolução humana. Antes de chegar ao humano, o homem passa pelo inumano, que é a alienação do humano. O homem trabalha, produz objetos, mas, ao invés de fruir todo o proveito do objeto produzido, encarnação de sua inteligência e atividade, trabalha para um outro, que o escraviza. É a alienação do trabalho. Alienação de que o próprio capitalista é vítima, pois também a êle o capital escraviza (convém lembrar que o objeto produzido também representa o suor e o talento do empresário). O homem cria o Estado, mas o Estado torna-se uma realidade autónoma e passa a dominar o homem, como um fetiche hostil, um outro, um estranho. As relações que o homem mantém com uma criatura do homem (o Estado, v.g.), mas que se libertou dele e o domina e explora, implica em perda de si mesmo: é alienação. A religião apresenta ao homem problemas falsos. Deus, pecado, redenção, vida eterna são fetiches da alienação religiosa, fetiches que escravizam o homem, não lhe permitindo tomar consciência de sua verdadeira alienação, que se verifica principalmente na vida prática. Por isso mesmo — note-se bem isso —, a religião é a pior das alienações. É ópio que entorpece o homem,véu místico de que se valem os opressores para estorvar a visão dos oprimidos, impedindo-os de se libertarem da alienação produzida pelo capital, que cria e explora falsas necessidades. Alienado de seu trabalho, do produto de seu trabalho, de si mesmo, do semelhante, da Natureza, o homem é escravo que só pode alcançar sua libertação no processo de produção, processo este que gera o próprio homem, como iá vimos. 82 Marxismo e Cristianismo Para o cristianismo, a alienação fundamental do homem, a raiz de todas as demais alienações, é sua rebelião contra Deus. Alienado de Deus, e, consequentemente, de si mesmo, de sua natureza, de seu destino. Cristo o liberta desta alienação. Isto é religião, superstrutura ideológica, reflexo das relações de produção, fantasia que surge na consciência em virtude dos sentimentos de imperfeição e impotência, responderia Marx. "Como na religião o homem é governado pelos produtos de seu próprio cérebro, assim na produção capitalista é governado pelos produtos de suas próprias mãos" (O Capital, I, pág. 681). Liberte-se o homem desses produtos, deixe de ser escravo das coisas que produz, e estará livre também da alienação religiosa, produto de seu cérebro. É uma antropologia em oposição fundamental com a antropologia cristã. Ética marxista Outro ponto que nos interessa particularmente é a posição marxista relativamente à moral. Ensina o marxismo que qualquer moral não passa de código em que se sanciona a prática social média de uma época e de um lugar, prática determinada pelas condições de existência. Moral burguesa, que é sempre moral classista, não passa de um conjunto de normas com que se acoberta a classe dominante para explorar a massa de assalariados. Aos que os acusam de ensinarem um relativismo ético radical, os marxistas respondem que eles combatem o relativismo ético entendido como arbitrariedade, subjetivismo. Seu critério de moralidade é o interesse do que chamam classe obreira. Moral, portanto, que acompanha — dizem —• o desenvolvimento objetivo da humanidade em busca da sociedade comunista. Pretendem resolver o problema ético pela criação de uma moral fundamentada no que lhes parece ser a realidade. Esta realidade está em constante evolução, que obedece a certas leis. Participar desta evolução, superando-se a si mesmo, é imperativo de ação que nasce do próprio devir. É isto o que os marxistas querem dizer quando falam de uma nova ética, fundada no real, ética que acompanhe o desenvolvimento objetivo da humanidade. De sorte que a idéia-mater da ética marxista é a fidelidade à revolução. Moral, conclui Lenine, é tudo o que constribui para a destruição dos exploradores. As classes e o Estado A propósito de "classe obreira", "classe dominante" e "luta de classes", algumas observações sobre o conceito de classe. Este conceito continua sendo uma das dores de cabeça dos filósofos marxistas. Um gerente de grande firma, por exemplo, e que não é proprietário de meios de produção, deve ser considerado como pertencente à classe operária, segundo o conceito marxista. Um frágil Marxismo e Cristianismo 83 sapateiro, a partir do momento em que contrata um auxiliar, deve ser considerado capitalista. Já existiu, dizem os marxistas, uma sociedade sem classe. Quando esta sociedade se partiu em classes, surgiu, da luta das classes, o Estado. A segunda organização social foi escravocrata. A esta seguiu-se o feudalismo, e deste nasceu o capitalismo. No dia em que estiverem abolidas as classes, morrerá o Estado. Essa parte da teoria marxista foi explanada por Frederico Engels num ensaio de sociologia genética intitulado "Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado". O Estado sempre é o elemento de que se vale a classe dominante para oprimir os pobres. Querem os russos que se abra uma exceção a essa sentença: o Estado soviético. Mas a verdade é que o Estado soviético nada mais é do que um grande capitalista que domina e explora o proletariado. Embora a propriedade privada, que consideram origem de todos os males, esteja abolida há quase meio século na União das Repúblicas Socielistas Soviéticas, continuam todos os males que lhe são atribuídos. Seria o caso de os filósofos soviéticos examinarem a hipótese de que a origem de todos os males do Paraíso Socialista talvez seja a propriedade privada dos americanos . . . Propriedade privada Examinemos agora a questão da propriedade privada, no sentido em que Marx usa a expressão: posse individual de bens produtivos. A palavra comunismo designava, inicialmente, a socialização dos meios de produção. Em algum dos sentidos da palavra, pode falar-se em comunismo dos cristãos primitivos de Jerusalém. Ensaiaram aqueles cristãos um sistema aliás mal sucedido, pois os comunistas de Jerusalém a breve trecho estavam necessitando esmolas dos irmãos de outras igrejas. Importa notar o seguinte quanto àquele comunismo: 1. era praticado por irmãos na fé; 2. era prática espontânea, livre iniciativa do amor; 3. não consideravam roubo a propriedade privada: "Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder?" (Atos 5.4). Quem condenava a propriedade privada eram os maniqueus e outras seitas, não os cristãos. Nem Cristo nem os apóstolos consideravam a propriedade privada como roubo. Já citamos a palavra de Pedro e Ananias. Lembremos ainda o conselho de Cristo ao jovem rico. O Mestre não aconselharia a ninguém que vendesse seu roubo. A Bíblia sanciona, em muitos textos, .a posse individual dos meios de produção. Podemos, pois, dizer que à luz da Escritura a posse privada de bens produtivos de forma nenhuma pode ser considerada intrinsecamente má. 84 Marxismo e Cristianismo O acesso de todos aos bens materiais é postulado do direito natural. Deus destinou estes bens a todos. E o direito de cada indivíduo à subsistência material impõe uma limitação inquestionável ao direito de propriedade: este cessa na medida em que prejudica aquele. Até aqui todos concordaremos. A primeira divergência pode surgir em torno da seguinte questão: tem o Estado o direito de suprimir a propriedade privada dos meios de produção? Defendemos a tese de que o Estado exorbitaria se eliminasse esse direito. O direito à posse de bens de produção é direito natural, direito, portanto, que o próprio Criador conferiu à criatura. O direito natural funda-se na necessidade que o indivíduo tem de valer-se dele. Assim sendo, é direito que resulta da natureza humana, cujo autor é Deus. Argumenta-se que o Estado pode resolver com salários o problema da subsistência do indivíduo. Esta maneira de argumentar é superficial. Certo que o problema da subsistência do indivíduo pode ser resolvido com salários pagos pelo Estado, mas com isso não cessa o direito natural da criatura humana à posse de bens de produção. E a questão é saber se uma lei positiva pode sobrepor-se a esse direito, que lhe é anterior e superior. Já dissemos que o exercício desse direito pode e deve sofrer as limitações exigidas pelo bem comum- Apenas impugnamos a tese dos que defendem o direito de o Estado suprimir o próprio direito de posse. Esse direito o Estado nem pode concedê-lo. É direito natural, como o direito de trabalhar, de ser livre, de viver. Cabe ao Estado reconhecer esses direitos, não concedê-los ou suprimi-los. Sobre a questão da propriedade privada pronunciou-se, recentemente, a carta encíclica Mater et Magistra, reafirmando posição já anteriormente firmada pela Igreja Romana. Sua posição, em traços sumários é a seguinte: a propriedade privada, mesmo dos bens produtivos, é direito natural que o Estado não pode suprimir. Segundo a encíclica, o direito de o indivíduo ser e permanecer, normalmente, o primeiro responsável pela manutenção própria e da família, é direito essencial da pessoa humana. Entende qúe o exercício desta responsabilidade implica o livre exercício das atividádes produtivas, não admitindo, por isso, que o Estado suprima a iniciativa pessoal no campo económico. Afirma que esse direito natural se funda sobre a prioridade ontológica e final de cada ser humano em relação à sociedade. Quanto à ação social do Estado no setor económico, a encíclica reafirma o princípio da suplementação ou subsidiariedade: o Estado, em vez de reprimir ou suprimir a iniciativa particular, deve suplementá-la. Notemos bem a força do argumento "da propriedade ontológica e final de cada ser humano relativamente à sociedade. O indivíduo precede a sociedade na ordem do ser e a sociedade existe em função da finalidade de cada uma das pessoas que a compõem, que não o inverso. Marxismo e Cristianismo 85 A igreja e a ordem natural Já criticamos, com base na História, o Estado da concepção liberal do século passado. Estado policial, que não intervém na ordem económica, deixando os assalariados à mercê da ganância de maus patrões. Ainda firmados na História, podemos fazer agora a crítica do Estado que suprime a iniciativa particular: esse Estado tende a suprimir outras liberdades. Tende ao totalitarismo. Isto nos interessa particularmente. É muito comum a afirmação de que às igrejas deve ser indiferente o modo de organização da sociedade. Há mesmo quem chegue a dizer que à igreja é indiferente que o Estado seja totalitário ou democrático. É provável que não saiba o que significa totalitarismo quem assim pensa. Se o soubesse, compreenderia que a afirmação implica em dizer que a igreja não faz diferença entre o Estado que quer absorver e substituí-la e o Estado que não interfere em sua missão espiritual. Quanto a organizações econômico-sociais, erraria tragicamente a igreja se canonizasse determinada estrutura econômico-social, declarando-a sua estrutura. Xnteressa-lhe, porém, e sobremodo, a prática de sistemas que garantam e favoreçam o desenvolvimento da personalidade e não nos ameacem no exercício de nossa missão. A dimensão essencial da religião cristã é de natureza espiritual e escatológica, mas nem por isso a igreja deixa de ter uma palavra a dizer sobre justiça na esfera econômico-social, sobre família, sobre o uso e abuso de bens materiais, sobre a dignificação do trabalho, que não deve ser rebaixado a mercadoria, enfim, sobre os princípios basilares que, devidamente aplicados, favoreçam o desabrochar completo da personalidade humana. A igreja tem uma palavra a dizer sobre liberdade efetiva para todos, submissão de todos os homens a Deus, primado do espírito, promoção do bem-estar material da coletividade. É dever da igreja advertir, por exemplo, a todos: "O que oprime ao pobre insulta aquele que o criou" (Provérbios 14.31). Dizer, por exemplo, que a igreja nada tem que ver com o problema de massas humanas esfomeadas, é dizer, em outras palavras, que a igreja não deve preocupar-se com as condições sócio-econômicas que predispõem os homens a se deixarem envolver pelas promessas dos líderes comunistas, que procuram incutir ódio à religião. Lê-se e ouve-se muitas vezes que o dever da igreja se resume em anunciar aos homens o conselho de Deus para a salvação das almas e que o resto é evangelho social. É tese insustentável. Claro que a missão precípua da igreja é anunciar o conselho de Deus para a salvação eterna do homem. Disto, porém, não se conclui que a igreja deve dispensar-se do dever de lembrar princípios de moral cristã que dizem respeito à ordem natural e do dever de praticar a caridade. O erro do evangelho social consiste em, fazer com que a igreja abandone ou relaxe sua missão de transformar o indivíduo pela pregação do Evangelho, engajando-a na tarefa de transformar o ambiente em que o homem vive. Mas praticar a caridade, ou 86 Marxismo e Cristianismo lembrar princípios bíblicos para a ordem natural, incutindo ao governo — poder a serviço da justiça — os deveres que lhe são prescritos por Deus, opondo à tese marxista sobre a origem do Estado a afirmação bíblica segundo a qual as autoridades que existem foram instituídas por Deus, e pregando a todos os homens a segunda tábua da lei, isto não é evangelho social. A igreja só mete a foice em seara alheia no momento em que com,eça a discutir assuntos que não interessam a princípios de ordem moral, como, por exemplo, técnicas de governo ou de organização económica. Mas quando num país uma minoria de privilegiados vive a esbanjar o supérfluo, enquanto milhões carecem do necessário, quando se queimam produtos alimentícios a fim de manter os preços, não obstante o fato de dois terços da humanidade passar fomes, estamos em presença de realidades económicas e sociais que têm claras implicações de natureza moral, e uma igreja que não tem nada a dizer em questões desta natureza é uma igreja que ignora parte dos seus deveres. Mais um exemplo: quando poderosos grupos económicos são acusados de tentarem pôr o Estado a serviço de seus interesses particulares, em prejuízo do bem comum, e uma igreja alega que não tem nada a dizer sobre o assunto, esta igreja precisa reestudar a epístola aos romanos, onde o Apóstolo afirma que a autoridade é ministro de Deus para o bem do cidadão. Claro que uma igreja não se pronunciará sobre a procedência ou improcedência de semelhantes acusações. Apenas lembrará princípios aplicáveis a hipótese. Cristo nos deixou princípios que obrigam a todos os homens e que a razão humana endossa como a expressão da mais elevada moralidade: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo", e "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles". É dever da igreja lembrar estes e outros preceitos divinos. Nossa posição no problema da propriedade privada e considerações finais Resumindo: admitimos vários tipos de apropriação dos meios de produção (individual, privada associativa, pública). Admitimos que a lei positiva restrinja o exercício da propriedade privada de bens produtivos, condicionando-o ao bem comum. Objetamos à propriedade pública absoluta dos meios de produção pelo fato de tal coisa ferir um direito natural do indivíduo e constituir ameaça ao bem-estar material da coletividade e à liberdade, além de ser fator de desestímulo. Os marxistas poderiam responder-nos que algumas destas objeções deixam de subsistir na hipótese de uma sociedade integralmente comunista, sociedade em que tudo será de todos e em que o próprio Estado desaparecerá. Responderíamos que nossa preocupação não é criticar uma sociedade utópica. Falta-nos espaço, tempo e vontade para inquirir como ficaria tudo numa sociedade que os homens nunca chegarão a estruturar. Marxismo e Cristianismo 87 Contra a heresia marxista que profetiza a extinção da maldade humana numa sociedade sem classes e sem Estado, repetimos a crítica fundamental que antecipadamente lhe fêz Aristóteles, em sua Política, crítica que parece escrita por Lutero: "Semelhante legislação tem uma aparência artifical de benevolência e bondade (refere-se a legislações comunistas). Uma assembleia a saudará encantada, na suposição de que sob um regime comunista todos os homens serão, miraculosamente, amigos uns dos outros. E isto se crerá tanto mais facilmente, enquanto se atribuir todo abuso do sistema político atual à propriedade privada. Todavia, a verdadeira causa desses males não é a ausência de uma ordem comunista, e, sim, a malignidade da natureza humana." Esta crítica atinge em cheio todas as utopias sonhadas pelo homem, bem como a tese rousseauniana da bondade natural do homem, corrompido pela sociedade civilizada, tese com que Rousseau se torna o precursor moderno do que nos parece constituir a ma-; triz dos erros marxistas: sua falsa antropologia. Concordamos com Marx quando insiste que a produção deve estar a serviço do homem e não vice-versa; que o homem não deve ser reificado, isto é, transformado em coisa a serviço da máquina; que o capital deve deixar de explorar falsas necessidades do homem. Discordamos de sua tese da malícia intrínseca da posse individual dos instrumentos de produção, que estaria em contradição com o caráter social da produção (Não se pode negar esse caráter social, pois todos colaboram na feitura dos produtos, mas é falso dizer que por isso a posse dos instrumentos de produção por um indivíduo ou por um grupo de capitalistas — germe de coletvismo — é intrinsecamente má. Esta propriedade privada é má enquanto o objetivo supremo e único do capitalisca é o lucro). Rejeitamos a pregação marxista do ódio e da violência, não porém, como alegam os marxistas, para acobertar a exploração com as virtudes do amor e da mansidão, sim porque o ódio e as lutas de classe, além de repugnarem ao espírito cristão, não conduzem à solução do problema social. Discordamos de sua mundividência materialista, de sua concepção do homem, de sua visão utópica do desaparecimento final do Estado, que é ordenação divina. Mas não nos limitamos a recomendar paciência e espírito de renúncia aos oprimidos e altruísmo aos ricos. Insistimos no direito de todos a uma vida realmente digna, e no dever do Estado de atender este direito. Para terminar; um pensamento de Nicolas Berdyaev: A única coisa a contrapor ao comunismo integral é o cristianismo integral. Bibliografia Sumária Bourgin, Georges, et Rimbert, Pierre — Le Socialisme, 1950 Engels, Frederico — Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado Fromm, Erich — Conceito Marxista do Homem, 1962 Konstantinov, F. V. — El Materialismo Histórico, 1957 Lajugie, Joseph — Os Sistemas Económicos, .1959 88 Der Christ und die Arbeit unter dem Ersten Gebot Lefebvre, Henri — O Marxismo, 1960 Manacorda, Guido — Marxismo e Catolicismo, in Heresias do nosso tempo, 1956 . Marx, Carlos — Manuscritos Económicos e Filosóficos Marx, Carlos — Prefácio a uma Contribuição ã Crítica da Economia Política Marx-Engels — Ideologia Germânica Marx-Engels — Manifesto Comunista Marx, Carlos — O Capital Messer» August — História da Filosofia Piettre, André — Marxismo, 1961 Schmidt, Guilherme — Der Ursprung der Gottesidee Schumpeter, Josepn — Capitalismo, Socialismo e Democracia Der Chrtst -und die ãrSielt unter dem Ersten Oebot (Fortsetzung und Schluss) Wilhelm Rehr, Frankfurt I Main AusblicTc auf die ubrigen Gébote der l. Tafel Das 2. Gebot: "Du sollst den Namen deines Gottes nicht unnútzlich fúhren!" Kol. 3,17: "Alies, was ihr tut mit Worten oder mit Werken, das tut alies in dem Namen des Herrn Jesu!" Unter das 2. Gebot gehõrt die Frage nach dem persõnlichen Bekenntnis des Christen an seinem Arbeitsplatz. Gerade von hier aus gewinnt das gewissengebundene Verhalten des Christen zu den Ordnungen der gefallenen Welt seine grosse Bedeutung. Wie unter dem ersten Gebot besteht hier die Gef ahr der Verleugnung des Glaubens. Es wurde schon oben davon geredet im Zusammenhang mit der unmõglichen Trennung von Glaube und Leben, Wir wiederholen noch einmal- die Stelle aus dem Kolosserbrief 5,4: "Wandelt iweislich gegen die, die draussen sind und schicket euch in die Zeit." Eine Stelle, die fúr das Gemeindeglied das gleiche sagt wie 1. Tim. 3.7 íiir den Pfarrer: "Er muss aber auch ein gut Zeugnis haben von denen, die draussen sind, auf dass er nicht falle dem Lásterer in die Schmach und Strick!" In 1. Thess. 4,11 bekommt dies Wandeln gegen die, die draussen sind, noch eine besondere Bestimmtheit, námlich die Unabhángigkeit von denen, die draussen sind: "Ringet danach, dass ihr still seid und das Eure schaffet und arbeitet mit euren eigenen Hãnden, wie wir euch geboten haben, auf dass ihr ehrbarlich wandelt gegen die, die draussen sind und ihrer keines bedúrfet." Der Christ muss hier in rechter Weise verzichten kõnnan, um sich diese Unabhángigkeit zu wahren. Eins wird sich allerdings nicht vermeiden lassen, námlich der Vorwurf einer stillen Nutznies- Der Christ und die Arbeit.unter dem Ersten Gebot 89 sung der Einrichtungen innerhalb der Arbeit und Geschâftswelt, die von Christen um des Gewissens willen gemieden werden. Das reizt die Welt zu offenem Hass und wird in jedem Fali ais grober Verstoss gegen die Solidaritát der Verbandspartner empfunden. Gerade an diesem Punkt wird es dem Christen schwer, wenn es sein muss, eigene Wege zu gehen, weil der Christ hier unter dem Schein des Unrechts steht, also nach der Meinung der Welt sich gerade ais ein Nicht-Christ erweist. Eine Seite unseres Bekenntnisses in Wort und Tat, die gerade in heutiger Zeit unter dem Materialismus mit teuflischem und diabolischem Wirken finsterer Máchte den Christen zu verwirren in der Lage ist. Durchbricht der Christ hier den Teufelsbeweis, dann kommt es zum Leiden, und zwar steht dieses Leiden unter dem MUSS des Kreuzes Christi und seiner Nachfolge: "Ihr musset gestraft werden." 2. Tim. 3,12: "Alie, die gottselig leben wollen" — es ist also ein Wollen wirklich nõtig —• "alie, die gottselig leben wollen, in Christo Jesu, mússen Verfolgung leiden. Zusammenfassend noch einige Schriftstellen: Mt 5,13-16: "Ihr seid das Salz der Erde — Ihr seid das Licht der Welt . . . Lasset euer' Lícht leuchten vor den Leuten, dass sie eure guten Werke sehen und euren Vater im Himmel preisen." Das Ziel ist dabei immer missionarisch. Ein Christ hat hier dies zu wissen und zu erkennen: Die Schõpfungsordnung Gottes ist um seiner Gnadenordnung willen da. Anders und einfacher gesagt: Die Welt steht noch, dam.it noch Leute selig werden. Das soll uns Christen zu unserem Arbeitsauftrag im Bau des Reiches Gottes getrost und kiihn machen. Du stehst hier im Namen Jesu Christi! Du bist das Salz und das Licht der Welt! Du sollst Fackeltráger Gottes sein, das Feuer des Reiches Gottes weiter zu tragen! Unser Handeln ist dabei bestimmít von dem Wissen und Glauben, was Christus sagt: "Wer mich bekennet vor den Menschen, den wili ich bekennen vor meinem himmlischen Vater. Wer mich aber verleugnet vor den Menschen, den will ich auch verleugnen vor meinem himmlischen Vater." Mt. 10.32,33. Kommts zum Leiden — so trágst Du dabei das Kreuz Christi. Wird dein Leben dabei zu einem Opfergang, so hat doch Christus vor uns und fur uns sich geopfert. Luter 7 WA 41, 304 zu Ag 9,16: "So Du willst ein Miterbe sein des Herrn Jesu Christi und nicht mitleiden und sein Bruder sein und ihm nicht gleich werden, so wird er dich gewisslich am júngsten Tage fur keinen Bruder und Miterben erkennen, sondem wird dich fragen, òb du deine Dornenkron, dein Kreuz und Nâgel und Geissel habest, ob du auch der ganzen Welt ein Greuel gewesen seiest, wir er und alie seine Glieder gewesen sind von Anfang der Welt her. Wo du denn solchs nicht beweisen kannst, so wird er dich auch nicht fur seinen Bruder halten kõnnen. Surrtma: Es muss mitgelitten sein und miissen 90 Der Christ und die Arbeit unter dem Ersten Gebot alle gleichformig werden dem Sohne Gottes oder wir werden mit zu der Herrlichkeit nicht erhoben werden. — Die Zeichen Nagel, Dornkron, Geissel u.s.w. miissen ich und alle Christen auch haben, nicht an die Wand gemalet, sondern in unser Fleisch und Blut gedriickt. Diese Narben des Herrn Christi vermahnet hiermit Skt. Paulus einen jeden Christen auch zu tragen. Trostet also die Christen, dass sie nicht davor erschrecken, ob man ihnen schon alles Leid anlegt." Mt. 24,9-14: "Lange nicht mehr, darum kaufet die Zeit aus". Ebenso 1. Petr. 2,12: "Fiihret einen guten Wandel unter den Heiden, auf dass die, so von euch afterreden als von tibeltatern, eure guten Werke sehen und Gott preisen." Phil. 2,14.15: "Tut alles ohne Murmeln und ohne Zweifeln, auf dass ihr seid ohne Tadel und lauter und Gottes Kinder mitten unter dem unschlachtigen und verkehrten^Geschlecht, unter welchem ihr scheinet als Lichter in der Welt." Wir Christen miissen zunm Spiegel werden, in dem der noch Unbelehrte den Christus sieht, der auch ihn erlost hat. Liebe zu dem Mitsiinder! Das bedeutet ganz klare Scheidungen Eph. 5,8-11: "Ihr waret weiland Finstemis, nun aber seid ihr ein Licht in dem Herrn. Wandelt wie die Kinder des Lichts . . . und priif et, was da sei wohlgefallig dem Herrn. Und habt nicht Gemeinschaft mit den unfruchtbaren Werken der Finsternis, strafet sie aber vielmehr." 2. Kor. 6 v. 14: "Ziehet nicht am fremden Joch." Wo hier unser Reden mit unserem Tun auseinanderfallt, unser Glaube vom Leben getrennt wird — und das gerade bei der Arbeit, die auch zeitlich die breitesten Beriihrungspunkte zwischen Christen und Unchristen gibt — da wird es zur Lasterung des Namens Gottes durch die Heiden kommen: Rom. 2,23f.: "Du riihmest dich des Gesetzes und schandest Gott durch Ubertretung des Gesetzes. Denn eurethalben wird Gottes Namen gelastert werden unter den Heiden!" Die Gelegenheit zur Lasterung des Namens Gottes durch die Unglaubigen wird auch iiberall da gegeben, wo in unbefugter Weise hier die beiden Reiche vermischt werden, das geschieht in diesem Zusammenhang auch namentlich dort, wo von christlicher Seite gefordert wird, dass Dinge im Bereich des Arbeits- und Geschaftslebens verchristlicht werden. Das kommt immer wieder vor in Verfolgung materialistischer Ziele, wo jeder Zweck alle Mittel heiligt. Da steckt man den Materialismus ins Schafskleid eines Nennchristentums. Das ist ein unerhorter Bruch des 2. Gebotes, ein himmelschreiender Missbrauch des Namens Gottes. Luther 18: WA 22,321 zu 2. Kor. 6,3: "Lasst uns niemand ein Argernis geben." "Ein Christ soil sich huten, dass er mit seinem Leben niemand argerlich sei, damit nicht Gottes Name gelastert werde. Es ist ein gross Ding um einen Christen, der da ist ein neuer Mensch, nach Gott geschaffen und ein rechtschaffen Gottesbild, darin Gott selbst leuchten Der Christ unci die Arbeit unter dem Ersten Gebot 91 und scheinen will. Darum, was ein Christ Guts tut, oder wiederum Boses tut (unter dem Namen eines Christen), das reichet Gottes Namen zur Ehre oder Schanden. Wo ihr nun euren Liisten folget und tut, was euer alter Adam will, so tut ihr nichts, denn dass ihr dem Lasterer Raum und Ursaeh gebet, dass Gottes Name um euretwillen gelastert wird. — Hier soil sich ein Christ zum Hochsten vor scheuen und hiiten, wenn er sonst nichts ansehen wollte, dass er doch seines ^ieben Gottes und Heilandes Christi Narnen schone!" Das 3. Gebot: "Du sollst den Feiertag heiligen!" "Wir solleh Gott fiirchten und lieben, dass wir die Fredigt und sein Wort nicht verachten!" Das kann durch die Arbeit geschehen. Fiir die Sorge wurde das schon ausgesprochen! Das gilt aber auch fiir die Arbeit als soiche. Darum hat uns der HI. Geist die Geschichte von Maria und Martha aufschreiben lassen. Bei Martha ist das Gottesdienstliche an ihrer Arbeit gegenuber dem Herrn Jesu ganz greifbar. Und doch widerspricht Jesus ihren Bemuhungen, die eigentlich SORGE sind. Jesus hatte der Arbeit Marthas hier gewiss nicht widersprochen, wenn eben diese wohlgemeinten Bemuhungen nicht in Konkurrenz gestanden hatten zu dem Wort des Herrn Christi. Wir horen die Stelle: Luk. 10.38—42: "Und er ging in einen Markt. Da war ein Weib mit Njamen Martha, die nahm ihn auf in ihr Haus. Und sie hatte eine Schvvester, die hiess Maria, die setzte sich zu des Herrn Fussen und horte seiner Rede zu. Martha aber machte sich viel zu schaffen, ihm zu dienen, und sie trat hinzu und sprach: Herr, fragst du nicht danach, dass mien meine Schwester lasst allein dienen? Sage ihr doch, dass sie auch angreife. Jesus aber antwortete und sprach zu ihr: Martha, Martha, du hast viel Sorge und Miihe! Eins aber ist not, Maria hat das gute Teil erwahlet, das soil nicht von ihr genommen werden." — Uberall da, wo unser vermeintlicher Gottesdienst — Martha nennt ihr Schaffen hier in dem! Sinne einen Dienst — allzusehr dabei auf dies schaut, was wir dabei Gott als Gabe opfern und geben, da steht auch hier wieder die Arbeit in Gefahr, Gotzendienst zu werden. Zumal sie hier davon abhalt, den 1. Gottesdienst, sich selbst gefallen zu lassen, gegenuber der Gabe, die Gott uns gibt und mit der er uns dient. Nur inwieweit wir bereit sind, auf Gottes Wort zu horen, in dem Christus, das Licht der Welt, uns begegnet, nur insoweit kon. nen wir bei all unserer Arbeit wieder unser Licht vor den Leuten leuchten lassen, dass sie unsere guten Werke sehen! Wir miissen immer an der Quelle des Glaubens bleiben, wenn unser Glaube nicht sterben soil, gerade in der heutigen Zeit des Materialismus. Diese Zeit bringt es nun mit sich, dass wir mehr und mehr in der Hetze 3 eben und nicht zu der notigen Ruhe kommen. Wir brauchen fiir das Horen der Stimme Gottes aber immer wieder Ruhe und Stille, 92 Der Christ und die Arbeit unter dem Ersten Gebot zeitliche Ruhe und innere Ruhe. Die haben wir und konnen wir nur haben, wenn wir alle Abeit Und alles Werkzeug aus der Hand legen. Die moderne Entwicklung auf dem Gebiet der Arbeit wirft hier ernste Problem^ auf. Zunachst fur das Horen des Wortes Gottes im Hausgottesdienst. Die arbeitseilige Gesellschaftsordnung mit Schichten etc. lasst die Familie gar nicht mehr vollzahlig zusammenkommen. Das ist ein ernster Schade, wo diese kleinste Form einer christlichen Gemeinde so zerbrockelt. Die Folgen iassen sich noch gar nicht absehen, besonders im Blick auf'die Unterweisung der Kinder, wo sSch in den letzten Jahren namentlich im Leben einer Stadtgemeinde spiirbarer Erkenntnissch'wund bemerkbar gemaeht hat. Der Seelsorger findet sich hier mit den Eltern in einer grossen Not. Die Familie und das Elternhaus sind naeh Gottes Wort und Willen Trager der Seelsorge im kleinsten Rahmen. So heisst es 5. Mose 6.6: 'Die Worte, die ich Dir heut gebiete, sollst du zu Herzen nehmen und sollst sie deinen "Kindern scharfen!" Und die apostolische Mahnung an die Eltern heisst fiir ihre Kinder: "Ziehet sie auf in der Zucht und Ermahnung zum Herrn." Wo hier die Ruhe, die Zeit und die St'ille fiir Hausgottesdienste verlorengeht durch ein freiwilliges Aufgaben der Zeit, indem dem Materialismus Zeit und Arbeit geopfert wird, da ist ganz ernstlich zu warnen und zu horen: "Eins aber ist not!" Manche Eltern schicken ihre Kinder fort, urn entweder selbst Ruhe zu haben vor ihnen, wenn die Arbeit den Menschen zermiirbt hat, oder — was noch schlimmer ist — um sich ein bequemes Leben zu machen. Gotzendienst ist das. Der Christ und christliche Eltern sollen sich wohl ernstlich prufen, wie sie sich hier verhalten. Christliche - Eltern konnen ihre seelsorgerliche Verantwortung nicht vertreten Iassen. Und wie ist das nun mit dem Gemeindegottesdienst ? Ich mochte hier auf die von dieser Seite her bestimmjte Problematik der gleitenden Arbeitswoche zu sprechen kommen. Die gleitende Arbeitswoche liegt in der Konsequenz der technischen Struktur von dem industriellen Wirtschaftsgeflige, das als solches immer mehr von der Arbeitsteilung bestimmt ist. Eine Entwicklung, die vielleicht in ihren Ausmassen dadurch charakterisiert werden kann, dass fiir die vorliegenden Jahre 20.000 handwerkliche Kleinunfernehmen aufgegeben wurden. Genug, es ware ein ungeheuerlicher Schade, wenn durch diese technisch — industrielle Entwicklung einmal der Sonntag als der einheitliche gesetzliche Feiertag in Wegfall kame. Die Folgen sind fiir die Arbeit des Reiches Gottes, besonders an der Gemeinde, kaum auszudenken. Die Glaubensgememschaft konnte da kaum mehr unter dem Wort Gottes und am Tisch des Herrn ihre Verwirklichung erfahren. Noch ist es nicht so weit! Und wir wissen uns auch gerade in dieser Frage in Gottes Hand. Sollte es einmal so weit kommen, was durchaus nicht augeschlossen ist, dann ist eine solche Entwicklung wohl bedauernsweft, es ist aber die Frage: Ob eine Kirche in dem Fall, bzw. schon jetzt im Laufe der Entwicklung befugt ist, hier als Kirche in den weltlichen Raum Dio Haupterfordornisse der Predigt, die grundlegend sind . . . 93 Forderungen und Weisungen hineinzusprechen. Ich sage: Die Kirche ist als Kirche nicht befugt, will sie. anders Kirche bleiben. Was allerdings hier der einzelne Christ erreichen kann — je nach seinem Einfluss —, das sollte er zu erreichen suchen und seinen Einfluss an dem Ort geltend machen, wo ihn der gottliche Ruf hingestellt, hat. Kommt trotzdem die gleitende Arbeitswoche, dann ist es Aufgabe der Kirche und der Pastoren, durch Abendgottesdienste, Friihgottesdienste* durch Wortverkundigung und Sakramentverwaltung in den Hausern hin und her die Gemeinde zu bedienen. Eine Entwicklung, die uns wieder in die Nahe urchristlicher Gottesdienstformen kommen liesse. Wir wtirden dabei moglicherweise ganz neu die Gnadenfiille dieses Jesuswortes erfahren diirfen: "Wo zwei oder drei versammelt sind in Meinem Namen, da bin ich mitten unter ihnen." Bei der Diskussion um die Frage der gleitenden Arbeitswoche gilt noch mehr eine Weisung, wir diirfen den 7. Tag hier nicht in irgendeiner Weise falsch werten und so zu einem neuen Sabbatgebot kommen, wie das haufig im Raum der ev. Kirche geschieht. Die Frage nach dem Arbeitspfarrer ware auch hier zu stellen, und sie miisste vielleicht auch von uns durchdacht werden. Noch einige Hinweise: Unsere Gemeindeglieder sollten bei der Wahl ihres Berufes, des Arbeitsplatzes und der Wohnung immer darauf bedacht sein: Habe ich dort eine Kirche und Gemjeinde von uns am Ort? Das Verhalten unserer Christen ist dabei nicht immer von dieser Frage bestimmt. Und gerade hier gilt: "Trachtet am ersten nach dem Reich Gottes, so wird euch solches alles zufallen!" Schliesslich noch ein wesentlicher Zweck unserer Arbeit: Erhaltung des Predigtamtes! Das Qpfer fur Gottes Reich, Lob und Dank fur seine Gnade. Hier steheri wir an dem Altar rechten Gottesdienstes und werden von den Altar en des Gotzendienstes frei. Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind fur den Ban der Gemeinde Christi A. O. GOERL (Vorstehendes Referat, gehalten auf der Theologentagung' in Thiensville, Wisconsin, Juli 1960, gelangt hier zum Druck auf Beschluss der Pastoralkonferenz des Missioneirokreises). In der Einleitung zum 51. Psalm sagt Luther: "Der eigentliche Gegenstand der Theologie ist der Mensch, seiner Suende halber angeklagt und verloren, und Gott, der da rechtfertigt und der Erloeser des siindigen Menschen ist." Schlichter und doch gewaltiger — und warum nicht sagen: rrfutiger fuer unser Zeitalter — koennten wir 84 Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . . den Inhalt der Theologie nicht zum Ausdruck bringen. Nehmen wir diese beiden Stuecke heraus, ganz oder auch.nur teilweise, so wird die Theologie ihres Inhaltes beraubt und sinkt herab zum Tummelplatz subjektiver Anschauungen und kurzfristiger Spekulationen. "Der Mensch, der Suende halber angeklagt und verloren", ist doch eingentlich das Motiv der gottlichen Heilsokonomie dadurch, dass er das Objekt der erbarmenden Liebe Gottes geworden und in dem Brenitpunkt des gottlichen Waltens steht, schon ehe der Welt Grund gelegt war (Eph. 1,4). Und nachdem der Welt Grund gelegt war, in der Fuelle der Zeit, wird das Wort wahr, das im heiligen Rat der ewige Logos vor seiner Menschwerdung und angesichts des armen, verlornen Suenders gesprochen: "Siehe, ich komme; im Buch ist von mir geschrieben. Deinen Willen, mein Gott, tue ich gerne." Ps. 40,8.9. Dieser Wille Gottes offenbart sich als einen Gnadcrjwillen, der sich des verlornen Menschen annimmt und ihm, um Jesu willen seine Suenden vergibt und die urspruengliche Gemeinschaft wieder herstellt. So wird die Theologie zum Hohenlied der Gnade Gottes — "Von seiner Fuelle haben wir alle genommen Gnade um Gnade". Joh. 1,16. Es wird nun leicht, die Predigt in die rechte Beziehung zu dieser Theologie zu bringen. Die Aufgabe der Predigt besteht darin, dem Menschen zu sagen, wie er vor Gott steht, um ihm darauf zu Gemuete zu fuehren, wie Gott zu ihm steht. Der Dualismus der Theologie, als der Kern ihres innersten Bestandes, wird zum Dualismus unserer Predigt. So steht der Prediger vor seiner Gemeinde und redet im Angesichte Gottes ueber den "eigentlichen Gegenstand der Theologie". Es waere strafliche Vermessenheit, ja seelenverderblich.es Unterfangen, wollte er eigene Wege gehen, hat er doch nicht teilgehabt an dem Walten Gottes bei der ersten Schoepfung — "Wo warst du, da ich die Erde gruendete?" Hiob 38,4 — und auch nicht bei der zweiten Schopfung — "Er hat uns gemacht, und nicht wir selbst, zu seinem Volk und zu Schafen seiner Weide." Ps. 100,3. Ja, auch ohne sein Zutun vollzieht sich das Walten Gottes bei seiner Berufung zum Amt des Wortes, denn Jer. 1,5 gilt nicht nur von der vocatio immediata sondern auch von der mediata: "Ich kannte dich, ehe denn ich dich in Mutterleibe bereitete, und sonderte dich aus, ehe denn du von der Mutter geboren wurdest, und stellete dich zum Propheten unter die Volker." So steht der Prediger vor seiner Gemeinde — und neben ihm der Herr, gegenwartsnah, und beruehrt ihm den Mund und spricht zu ihm: "Siehe, ich lege meine Worte in deinen Mund." Jer. 1,9. 1. Was soil er sagen? Er soil als armer Sunder zu armien Siindern reden. Er soil reden von der Not der Siinde, die er an sich selbst erfahren hat. Wo das Schuldbekenntnis in der Predigt fehlt, wo der Die Hauptorfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . . 95 Prediger es unterlaszt, das Schuldbewusztsein wachzurufen und stetig zu scharfen, da wird von vornherein der christliche Charakter der Wortverkiindigung verwischt und durch den heidnischen Charakter ersetzt. Diesrechte Erkenntnis des siindlichen Verderbens 1st die Lime, die beide Mar scheidet. "Das Heidentum kennt dieses Problem nicht. Denn das Bose ist dem Heidentum nur Beschrankung, Unvvissenheit, ein Mangel der Natur, ein Schicksal, das der Endlich.keit anhaftet, aber nicht Sunde, nicht die Storung eines heiligen Gottesverhaltnisses, entstanden in dem Willen des Geschopfes." (Martensen) Aus diesem Grunde sucht der Mensch in seiner Naturreligion nicht so sehr die Befreiung von einer Schuld als vielmehr Schutz und Abwehr gegen allerlei korperliche Gebrechen und irdische Note, wie daher die Ausiibung seines Kultes, in Gestalt von Gebeten, Opfergaben und Kasteiungen, gemeiniglich eine Bezahlung fiir den erbetenen oder bereits erhaltenen Dienst darstellt. Sein Gewissen wird wenig beruhrt, sein Innerstes selten aufgewuhlt. Darum kam Paulus auf dem Aeropag in Athen nicht weit mit seiner Predigt. Kaum dass er Busse, Gericht und Auferstehung erwahnte, schwand das Interesse der mit epikureischen und stoischen Philosophie gesattigten Zuhorer. Die heidnische Philosophie weiss nichts von einer Schuld bei Gott. Und die Predigt, die diese Schuld leugnet oder abschwacht, wird zum Sprachrohr der Naturreligion. Nikodemus, als Vertreter der Naturreligion, steht dem Heiland verstandnislos gegenuber, und mit ihm die ganze Zunft der Pharisaer und Schriftgelehrten. Sie fanden es unerhort, dass die Stimme in der Wiiste sich vermass, ihre Frommigkeit anzutasten und damit folgerichtig ihren Gottesdienst umzustossen. Und obschon sie die alttestamentlichen Waschungen verschiedenster Art gewohnt waren, verwarfen sie die Taufe, weil sie Gnadenmittelcharakter besass und Schuldbewusstsein voraussetzte. Und als Jesus bei seinem, Auftreten die gleiche ernste Rede fiihrte und ihr durch die Tempelreinigung (Joh. 2) besonderen Nachdruck verlieh, eine Handlung, die Schatten vorauswarf, da richtete sich ihre Front auch gegen ihn, ungeachtet dessen, dass er sich als den Sohn Gottes vorstellte und dies sein Zeugnis durch Wunder erhartete. Das ist die Reaktion des verderbten Fleisches: es baumt sich auf in Trotz und Diinkel gegen die Predigt von der Schuld bei Gott und macht dieses Stuck der Wortverkiindigung zum schwersten Teil unserer Aufgabe. Und dennoch soil und darf uns nichts davon abhalten, von der Macht der Siinde zu unserer Gemeinde zu reden, den einzelnen Christen zu warnen vor dem Feind im Busen, auf dass ein jeglicher Zuhorer, ohne Ausnahme, sich dessen bewusst werde, als arrrter Sunder vor Gott zu stehen. Erst dann kann die Predigt ihre eigentliche Aufgabe erfiillen, die ihr von Gott gesetzt ist, namlich die Heilsbotschaft in Christo zu ubermitteln. Die Wortverkiindigung ist vornehmlich Heilsverkiindigung. Unser Amt ist das Amt, das die Versohnung predigt, und unsere Predigt eine Bitte, die grosse Bitte an Christus Statt: "Lasst 98 Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind , . . ouch versohnen mit Gott!" 2. Kor. 5,20. Das herrliche Evangelium, das jede Kanzel, auch die unscheinbarste und unansehnlichste, zu einer wahren Freudenstatte fiir den Prediger macht, bietet dem Sunder an Eii5sung von Schuld und Strafe, vollige Vergebung aller seiner Missetaten, ja ein Versenken seiner Siinden in die Tiefe des Meers (Micha 7,19), und das alles frei und umsonst, ohne auch die geringste Bedingung oder Forderung. Diese Verkiindigung ist einzig in ihrer Art. Sie verlangert und verstarkt den Trennungsstrich, der Christentum und Heidentum von einander scheidet, wie Tag und Nacht geschieden sind. An dieser Linie steht der Prophet Micha, wenn er vergleichsnd und in tieier Ergriffenheit ausruft: "Wo ist solch ein Gott, wie du bist? der die Sunde vergibt und erlasset die Missetat den ubrigen seines Erbteils; der seinen Zorn nicht ewiglich behalt; denn er ist barmherzig." (7,18) Es ist notig, dass sich der Prediger dessen immer bewusst ist, dass in dem Evangelium auch die Kraft liegt, dem Herzen die notige Willigkeit zu geben, das dargebotene Heil durch den Glauben zu ergreifen. Das Evangelium ist ja nicht nur eine vis dativa sondern auch eine vis operative!.. Wahrend bei der vis dativa dem Prediger eine gewisse Beteiligung zukommt, insofern er in der Heilsverkiindigung als Sprachrohr in Betracht kommt, so liegt die vis operativa ausserhalb seines Bereichs; sie liegt ganz in der Hand des Heiligen Geistes. Aber — und das sollte sich der Prediger immer wieder zu Gemote fuhren — wenn wir auch nichts dazu tun konnen, weil wir doch "glauben nach der Wirkung seiner machtigen Starke", so konnen wir doch leider dem Heiligen Geiste in der Ausiibung seines Amtes recht grosse Hindernisse in den Weg legen, besonders durch Vermischung von Gesetz und Evangelium. Auch wir Prediger werden tins nie, solange wir in dem sterblichen Leibe wallen, von der opinio legis ganzlich freimachen. Besonders leiden wir gern unter Mutlosigkeit, zumal auf Missionsfeldern, oder uberall da, wo wir harten Boden zu bearbeiten haben. Da werden wir oft kleinmiitig und verzagt und zweifeln an der vis operativa, und dieser Zweifel macht sich an unserer Predigtweise bemerkbar. Wir lassen das Evangelium nicht immer zur rechten Geltung kommen, zu seiner vollen Entfaltung, sondern hemmen es ein und verengen seine Schleusen aus Furcht, zu freigebig zu werden und Gottes Gnadenschatze zu vergeuden. Und so kommt es, dass wir zuweilen einen kleinen, durftigen Glauben predigen statt eines sieghaften, alliiberwindenden Glaubens, der, wie Luther sagt, "mit ausgebreiteten Armen freudig den Sohn Gottes ergreift, der fiir uns dahin gegeben ist". Es sollte unser Bestreben sein, Glaubensgewissheit, Glaubensfreudigkeit in die Gemeinde hineinzupredigen, sintemalen der wahre Glaube nichts anderes ist als eine felsenfeste Gewissheit, die sich griindet auf Gottes Gnadenverheissungen in seinem Wort, das Wort, das wir verkundigen. Hinter jedem Wort steht der Heilige Geist und gibt ihm Kraft und Die Haupterf ordernisse der Predict, die grundlegend sind. . . 97 Nachdruck in den Herzen der Zuhorer, so dass bei einem Kinde Gottes das innere Zeugnis des Heiligen Geistes zustande kommt. Paulus driickt dies Gal. 4 und Rom, 8 folgendermassen aus: Durch die Erlosung, so durch Christum • geschehen ist, haben wir die Kindschaft empfangen (Gal. 4,5); die Frucht dieses seligen Verhaltnisses ist: "Weil ihr denn Kinder seid, hat Gott gesandt den Geist seines Sohnes in eure Herzen, der schreiet: Abba, lieber Vater!" (V. 6) Also kommt durch das Wort der Heilige Geist immerfort zu uns. Er gibt uns Kraft und Freudigkeit zu beten: Abba, lieber Vater! (So auch Rom. 8 — Paulus kann es sich nicht versagen, diese kindlich schlichte Formel, in der seine ganze Theologie den Hohepunkt erreicht, zweimal zu gebrauchen.) Dieser Geist nimmt uns alle Furcht aus dem Herzen (V. 15) denn es ist kein knechtllcher sondern ein kindlicher Geist. "Und derselbige Geist gibt Zeugnis unserm Geist, dass wir Gottes Kinder sind." O herrliche Gabe, dies testimonium internum des Heiligen Geistes im Gegensatz zu dem monstrum incertitudinis der romischen Kirche! O herrliches Amt, das diese Gabe darreicht und Trost, uberreichen Trost spendet! "Trostet, trostet mein Volk!" ist der Grundton jeder wahrhaft evangelischen Predigt. Wir fdssen das erste Erfordernis unserer Predigt zusammen: Wollen wir eine Gemeinde J.esu samrneln, so miissen wir "predigen in seinem TStamen Busse und Vergebung der Siinden" (Luk. 24,47) wie auch Paulus den Altesten von Ephesus erklart: "Und habe bezeuget beide den Juden und Griechen die Busse zu Gott und den Glauben an unsern Herrn Jesum Christum." Ap. 20,21. Mogen unsere treulutherischen theologischen Hochschulen in der Betonung dieser Aufgabe ihre Daseinsberechtigung erkennen und sich durch nichts beirren lassen, die Zeugen Jesu in seinem Sinne auszuriisten. Mogen sie standhaft bleiben inmitten der Stromungen, die der Predigt von Busse und Glaube wohl in dern reformatorischen Zeitalter noch einen Platz zuweisen, nimmermehr aber in unserer heutigen Zeit. Da sei diese Predigt, so sagt man, nicht mehr opportun. Der menschliche Geist habe sich zu solchen Hohen emporgeschwungen, dass es heute mit seiner Wurde unvereinbar sei, die Theologie vergangener Jahrhunderte an den Mann bringen zu wollen. Die moderne Zeit beanspruche eine moderne Predigt. Und man schaut mit einer unverhehlten Geringschatzigkeit auf die Kreise, in denen Siinde und Gnade noch Begriffe sind fiir Kanzeln und Katheder. Man vergisst jedoch, dass es, strikt genommen, gar keine moderne Predigt geben kann, und zwar aus dem einfachen Grunde, weil es, genau genommen, keine moderne Zeit gibt. Tragt doch jedes Jahr der Weltgeschichte diesen Stempel und wird ihn voraussichtlich auch in Zukunft tragen. Und was den Fortschritt in der Technik und auf den andern Gebieten des menschlichen Wissens betrifft, wird nicht zu leugnen sein, dass er den innern Menschen nicht beriihrt. Er ist derselbe geblieben mit der ganzen Tragik seiner Erbschuld, von der Siinde geknechtet, ein Sklave seiner selbst, der am eigenen Diinkel krankt, einerlei in welchem Jahrhundert er 98 Die H a u p t e r f o r d e r n i s s e d e r P r e d i g t , die g r u n d l e g e n d s i r d . . . lebt. Der Mensch, der Siinde halber angeklagt und verloren, benotigt die Predigt von Busse und Glaube — heute mehr denn je. 2. Wenn Jesus seinen Jungern sagt: "Wer euch horet, der horet mich, und wer euch verachtet, der verachtet mieh" (Luk. 10,16) dann soil dies Wort uns nicht nur daran erinnern, dass wir in seinem Namen und Auftrag predigen, sondern auch dass wir ihn selbst predigen. Jesus hat sich selbst gepredigt. So muss unser Predigen ehristuszentrisch sein, wie ja eine Heilsverkiindigung, die sich nicht auf Christum griindete, undenkbar ware. Man merkt dem Apostel Paulus die Erregung an, die aus seinen Worten spricht: "Meine lieben Kinder, welche ich abermal mit Angsten gebare, bis dass Christus in euch eine Gestalt gewinne." Gal. 4,19. Klar und umrissen muss diese Gestalt in den Ilerzen unserer Zuhorer sein, denn die Erlosung hangt von einem personlichen Heiland ab. Er ist das Heil. Er nennt sich den Weg, die Wahrheit und das Leben. Er ist das Licht der Welt. Er ist die Auferstehung und das Leben. Er ist das Lamm, das der Welt Siinde tragt. "Er ist uns gemacht von Gott zur Weisheit und zur Gerechtigkeit und zur Heiligung und zur Erlosung." 1. Kor. 1,30. Klar und umrissen ist diese Gestalt erst dann, wenn sie Knechts gestalt annimmt und als solche am Kreuze hangt und f tir unsere Siinden stirbt. Nur diesen Christus kennt Paulus, wie er seiner Gemeinde in Korinth bezeugt: "Denn ich hielt mich nicht dafiir, dass ich etwas wiisste unter euch ohn allein Jesum Christum, den Gekreuzigten." I, 2,2,. Einen andern Christus gibt es nicht. Die lieben Jiinger, die eine falsche Vorstellung hatten von der Gestalt ihres Heilandes, mussen sich von ihm belehren lassen, ja, Petrus sogar auf eine scheinbar harte Weise: "Heb dich, Satan, von mir! Du bist mir argerlich: denn du meinst nicht, was gottlich, sondern was menschlich ist." Matth. 16,23. Selbst innlitten der grossen Ereignisse erspart ihnen der Herr die Ruge nicht: "O ihr Toren und trages Herzens, zu glauben alle dem, das die Propheten geredet haben! Musste nicht Christus solches leiden und zu seiner Herrlickeit eingehen?" Luk. 24,25.26. Ein "Aber" lasst uns jedoch aufhorchen. Es steht in diesem Zusammenhange und will uns Prediger und Zuhorer warnen vor einer grossen Gefahr, die stetig zunimmt. Wenn Paulus sagt: "Wir aber predigen den gekreuzigten Christum", dann will er mit diesem "Aber" uns in eine Gegenstellung bringen zu denen, die nicht den gekreuzigten Christum predigen. Es gehort das zum grossen Betrug des Erzgauklers, dass auf vielen Kanzeln ein Christus verkundigt wird, der nur ein Zerrbild ist von dem wahren Christus, der uns zugut in den Tod gegangen. Man macht sich einen Christus, wie man ihn gebraucht. Und ich wiisste keinen Unterschied zwischen diesem Verfahren, wie es in vielen Kirche und theologischen Schu- Die Haupterfordermsse der Predigt, die grundlegend smd . . . 99 len ublich ist, und dem der Heiden, laut Zeugnis eines ihrer beriihmtesten Philosophen: "Der Menseh hat die Gotter nach seinem Bilde gemacht und ihnen seine Lebensweise gegeben." (Aristoteles, die Politik) Standig haben unsere Christen in der Lektiire, im Radio, in Aussprachen einen Christus vor Augen, der nicht in biblischer Gestalt auftritt. Im Zuge der sozialisierenden Evangeliumsverkiindigung tritt der Christus der Bergpredigt in den Vordergrund, wahrend das Bild von Golgatha ganz verblasst. Das Evangelium wird zum "socialgospel", das Reich Christi ein Diesseitsreich, sein tatiger Gehorsam ein anspornendes Vbrbild, sein leidender Gehorsam die Martyrertat eines Idealisten, sein Sammlen, sein Werben, mithin die Aufgabe der Kirche, wird zum Anstreben einer allgemeinen Verbriiderung unter dem Leitwort "Okumene". Und unsere Christen horen und lesen, wie Jesus einem Buddha oder irgendeinem andern heidnischen Religionsstifter gleichgestellt wird, und wie vor allem Manner, die das Wesen des Christentums nicht erkannt haben, dennoch wegen ihrer grossen Liebeswerke, die an sich der iustitia civilis zuzuweisen und als solche anerkennenswert sind, als echte Junger und Nachahmer Christi geriihmt werden. Mogen wir doch als treue Diener Jesu die uns anvertrauten Seelen immer wieder mit Angsten gebaren, bis dass Christus in ihnen eine Gestalt gewinne. Und damit hatten wir das zioeite Erfordernis der Predigt gekennzeichnet: Wir sollen Christum den Gekreuzigten predigen. 3. Mit den beiden vorgenannten Stiicken legen wir bei unsern Zuhorern den Grund zum wahren Christentum. Nun gilt es, auf diesem Grunde weiterbauen, Stein auf Stein, damit sie den ganzen Rat Gottes zu ihrer Seligkeit kennen lernen, wie Paulus es in seinem Rechenschaftsbericht vor den Altesten aus Ephesus ausdruckt. EG ist von jeher das GharaJderistikum der lutherischen Predigt gewesen, ihre Starke und ihr Ruhm, lehharft zu sein, das heiszt, bestrebt zu sein, die Zuhorer mit oiler Lehre der Schrift vertraut zu machen — das dritte Erfordernis unserer Predigt. Ob logos, ob didaskalia, ob didachee — Lehre ist das, was Gott in seinem Worte sagt, auch wenn die Form nicht immer spezifisch didaktisch ist. Ist doch alle Schrift von Gott eingegeben, urn. uns als Lehre nutze zu sein zur Unterweisung zur Seligkeit. Es ist bezeichnend, mit welchem Nachdruck Christus und die Apostel auf das Wort, auf die Lehre verwiesen haben. Denn die Worte der Schrift sind Geist und sind Leben. Das haben die Jiinger erkannt: "Herr, wohin sollen wir gehen? Du hast Worte des ewigen Lebens." Joh. 6,68. Jesus macht die Jungerschaft und das Freiwerden von der Sunde abhangig von dem Bleiben an seiner Rede. Darum verzehrte sich Jesus selber im Dienst des Wortes. Wo immer er sich auch befand, Jesus lehrte — im Tempel, in Hausern bei Freund und Feind, 100 Die Haupterfordernisse der Predict, die grundlegend sind . . . auf dem Berg, auf der Strasse, auf dem Wasser — Jesus lehrte. Und dann, als sich seine Stunde naherte, fleht er im hohenpriesterlichen Gebet fur seine Jiinger: "Heilige sie in deiner Wahrheit; dein Wort ist die Wahrheit", um sie auszuriisten fiir den grossen Auftrag, der noch heute gilt: Gehet hin in alle Welt und lehret — ja, lehret sie halten alles, was ich euch befohlen habe. Denn wer da glaubet und getauft wird — im Einklang mit dieser meiner Lehre — der wird selig werden. Mit diesem, Auftrag lauft die Warming parallel: "Lasset euch nicht mit mancherlei fremden Lehren umtreiben." Hebr. 13,9. Und: "Auf dass wir nicht mehr Kinder seien und uns wagen und wiegen lassen von allerlei Wind der Lehre durch Schalkheit der Menschen und Tauscherei, damit sie uns erschleichen zu verfuhren." Eph. 4,14. Den ersten Christen wird nachgeriihmt, dass sie bestandig blieben in der Apostel Lehre. Und Paulus, vom Heiligen Geiste inspiriert, lasst sichs angelegen sein, den Dienern am Wort das Festhalten an der reinen Lehre auf die Seele zu binden: "Hab' acht auf dich selbst und auf die Lehre; beharre in diesen Stiicken! Denn wo du solches tust, wirst du dich selbst selig machen, und die dich horen." 1. Tim. 4,16. "Du aber rede, wie sichs ziemet nach der heilsamen Lehre." Tit. 2,1. "Allenthalben aber stelle dich selbst zum Vorbild guter Werke mit unverfalschter Lehre, mit Ehrbarkeit, mit heilsamem •und untadeligem Wort." Tit. 2,7.8. Paulus denkt nicht daran, eine paulinische Schule ins Leben rufen zu wollen, es ist auch nicht Uberhebung, wie manche meinen, sondern eine von Gott gewollte Ordnung, wenn er an Timotheus schreibt: "Halt an dem Vorbilde der heilsamen Worte, die du von mir gehort hast", 2. Tim. 1,13, denn nur so kann die Kirche Jesu erbauet werden auf den Grund der Apostel und Propheten, das ist, auf den Grund ihrer von Gott eingegebenen Lehre. Eph. 2,20. Es ist etwas Herrliches um gutgegriindete Kinder Gottes, die in alien Fragen des Glaubens und des Lebens aufhorchen auf die Stimme, die zu ihnen redet. Zum innigen Gemeinschaftsleben mit Gott, geklart durch Gottvertrauen und selige Christenhoffnung, gehort das Vertrautsein mit seinem Wort, mit seinen Verheissungen, mit seinen Forderungen. Je tiefer wir unsere Gemeinden in die Lehre hineinfuhren, desto reicher 'wird die Erkenntnis, desto tiefer ihr Glaube, desto starker ihre Liebe, desto mutiger ihr B,e-) kenntnis. Die Einwande, die man gegen die Lehrpredigt namhaft macht, bleiben stets die gleichen. Man redet vom "Dogmatismus", von "toten Formeln", vom "erstarrten Orthodoxismus", vom "Buchstaben, der da totet" (spottisch redet man auch vom "Buchstabulismus") und man fordert, statt Lehre zu predigen solle man das Leben betonen, auf Liebe dringen, Gottseligkeit fordern und auf diese Weise das Christentum betatigen. Leider lassen sich auch hier und da schwache Glieder von solcher Rede betoren, ohne die eingentliche Ursache solcher Ablehnung der Lehre zu erkennen. Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . . 101 Selten sind Einwande so widerspruchsvoll und so unrichtig, besehen im, Lichte einer halbwegs gesunden Vernunft, dass man mit D. F. Pieper von einer "fast unbegreiflichen Geistesverwirrung" reden mochte. "Die christliche Religion", sagt Pieper in seiner Dogmatik 1,77, "ist von allem Anfang an als Lehre oder Lehrmitteilung in die Welt getreten." Und darin liegt ja gerade der Widerspruch, dass die Gegner der Lehrpredigt selbst Lehre treiben, es sei denn, was sie nun nicht wollen, sie beabsichtigten, die Zuhorer mit literarischer Kurzweil oder mit Politik oder sonstigen Allotria zu erbauen. Sie tragen Lehre vor, aber — und das ist doch in den meisten Fallen die wahre Sachlage — anstatt die Rechtfertigung in den Mittelpunkt zu riicken, stellen sie die Heiligung, besser gesagt, seichte Morallehre obenan, wie sie jeder heidnische Tugendlehrer feilbietet. Der Kampf gegen den Othodoxismus hat aber eine tiefere Bedeutung. Zunachst steht doch fest, dass es ja in Wirklichkeit keine "toten Formeln" gibt. Entweder ist eine Formel das, was der Name sagt- dann ist sie lebendig - oder sie verdient diesen Namen nicht. Die Formeln der Medizin retten Menschenleben. Die Formeln der Jurisprudenz regieren die menschliche Gesellschaft. Die Formeln der Physik entfalten ungeahnte Krafte. Nur die Formeln der Theologie sollen tot sein, iiberflussig, ja hinderlich und schadlich. Vom Arzt oder Apotheker fordert man im Namen der Wissenschaft angstliche Befolgung der Formeln, ebenso vom Ingenieur oder Richter — in der Theologie fordert man im Namen der Wissenschaft vollige Nichtachtung der Formeln, Tot sollen die Formeln sein: Das Blut Jesu Christi. . . Siehe, das ist Gottes Lamm . .. Es ist in keinem andern H e i l . . . Aber es mochte jemand einwenden und fragen, ob es denn nicht so etwas gebe, das man "toten Orthodoxismus" nennen konne. Gewiss kann es den geben, sowohl auf Seiten der Zuhorer als auch auf Seiten des Predigers. Toter Orthodoxismus ist die verstaubte Bibel auf dem Biicherbrett; ist die Predigt, die man uber sich ergehen lasst, ohne dass das Herz beriihrt wird; ist das'Auawendiglernen des Katechismus, ohne seinen Inhalt zu erfassen. Und der Prediger kann leicht seine Gemeinde in einen toten Orthodoxismus hineinwiegen, wenn er jahraus, jahrein es in der Anwendung fehlen lasst, so dass seine Predigten keine rechten Spitzen habeh, die in das Gemut eindringen. Das Gesetz verursacht keine terrores conscientde, und das Evangelium erwarmt und belebt nicht. Die Predigt enthalt wohl die sana doctrina, aber es fehlt ihr an Kraft und Feuer. (Jesus predigte gewaltig.) Genau besehen, gibt es keinen Orthodoxismus, der an sich tot ware, sondern durch menschliches Verschulden kann seine Kraft gelahmt werden. (Vergl. Hebr. 4,2.12) Im Lichte dieser Feststellung miissen wir nicht nur das 17. Jahrhundert sondern irgendein Jahrhundert besehen. Am allerwenigsten aber darf der Pietismus von einem toten Orthodoxismus reden, weil er (der Pietismus) abgesehen von einem gesunden Anfang, bald die ganze 102 Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind .. . Orthodoxie iiber den Haufen warf und ein heilloses Durcheinander anrichtete. Damit kommen wir auf den Kern der Sache, namlich auf die tiefere Bedeutung des Kampfes gegen den Orthodoxismus. Was Valentin Loscher vom Pietismus sagt, kennzeichnet die wahre Situation derer, die den Dogmatismus in der Predigt bekampfen, namlich, "dass frommscheinender Indifferentismus ein Spezialcharakter des mall pietistici sei". Indifferentismus, Gleichgultigkeit in der Lehre ist der Spezialcharakter der Kreise, die die Lehrpredigt verponen. Der Kampf richtet sich nicht gegen den toten Buchstaben, sondern gegen den Buchstaben schlechthin. Man will sich nicht binden, weil alles lecht sein soil. Und weil Formeln binden, tut man sie ab als trite Formeln. Man begniigt sich mit Halbheiten, und Halbheiten bedingen Konzessionen, die auf eine Verleugnung der Wahrheit hinauskommen. 4. Soil es wohl stehen um unsere Kirche; wollen wir, soviel an uns. liegt, fur den Bestand des wahren Luthertums Sorge tragen; wollen wir unsern Kindern das uberkommene Erbe des reinen Evangeliums erhalten, so miissen wir unsern Zuhorem eine heilige Scheu, eine aufrichtige Hochachtung vor Gottes Wort einflossen. Der Mangel an Hochachtung vor Gottes Wort ist der Krebsschade unserer Zeit. Man zieht nicht die Schuhe aus am heiligen Ort, heilig durch die Nahe Gottes, der da spricht. Man erbebt nicht mehr vor dem Donnern udd Blitzen auf dem Berge, da der Herr zu den Menschen redet. Man erschrickt nicht vor den Drohungen auf dem letzten Blatt der Bibel. Man baut einen Turm, des Spitze bis an den Himmel reichen soil und diinkt sich klug und tut noch stolz ob des Unterfangens '•— trotz der greulichen Verwirrung, die da herrscht. Das Babelunternehmen der protestantischen Theologie der letzten hundert Jahre stellt das im Lande Sinear stattgehabte in den Schatten und wiirde, wenn Gott seinem Buche ein drittes Testament anfiigen wollte, ein besonderes, ein grosses Kapitel des Abf alls' bilden, etwa nach dem Muster von Jeremias 23, wo wir lesen: "Gehorchet nicht den Worten der Propheten, so euch weissagen! Sie betriigen euch; denn sie predigen ihres Herzens Gesicht und nicht aus des Herrn Munde. V. 16. Wann wollen doch die Propheten aufhoren, die falsch weissagen und ihres Herzens Trugerei weissagen und wollen, dass mein Volk m/eines Namens vergesse- iiber ihren Traumen, die einer dem andern predigt? V. 26.27. Darum sollt ihr zum Propheten also sagen: Was antwortet dir der Herr und was sagt der Herr?" V. 37. Oder nach dem Muster von Hesekiel 13, wo der Herr sagt: "Dnsj Volk bauet die Wand, so tunchen sie dieselbe mit losem Kalk. Sprich zu den Tunchern, die mit losem Kalk tiinchen, dass es abfallen wird; denn es wird ein Platzregen kommen, und werden grosse Hagel fallen, die es fallen, und ein Windwirbel wird es zerreissen." V. 10.11. Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . . 103 Der Turm zu Babel steht unvollendet da, dem Sturm und Hagel des gottlichen Zornes ausgesetzt — und trotz alledem wird weiter gebaut. Die lose Tunche tuts dem Menschen an. Und nicht nur unsere Laien, sondern auch wir Prediger sind nicht unempfindlich fiir die hochtonenden Schlagworter, die dem Zeitgeist Rechnung tragen. Die Wissenschaft, die wir auf andern Gebieten freudig anerkennen; die Wissenschaft, die wir auch in der Theologie anerkennen, soweit sie ihre ancilla-dienste verrichtet, die drangt sich nur zu oft in das Heiligtum Gottes, um sich als Meisterin zu gebarden und — darin besteht fiir uns die grosse Gefahr — um unserer Vernunft das Wort zu reden, in der sie eine Verbiindete hat. Wenn das Virus des Zeitgeistes in einen Kirchkorper eindringt und dort gefahrliche Herde bildet, so geschieht es immer auf dem Wege der rationalisierenden Theologie. Es sind Breschen, die der Feind schlagt. Denn all die grossen Lehrkampfe der Kirchengeschichte mit ihren vielartigen Auseinandersetzungen bis in die scheinbar kleinsten Auswirkurigen hin, lassen sich auf diesen Ausgangspunkt zuriickf iihren: Schrift oder Vernunft! Und hier geht der Trennungsstrich durch die lutherischen Kirchen unserer Tage. An der Quelle scheiden sich die Geister. Man tut dem Namen "lutherisch" fu'rwahr Gewalt an, wenn man glaubt, denselben tragen zu diirfen, selbst wenn man einem Prinzip huldigt, wie es etwa in der folgenden Erklarung zum Ausdruck kommt: "Wir haben nun als Quelle, aus welcher die christliche Glaubenslehre Stoff zu schopfen hat, eine dreifache erkannt, namlich die erleuchtete Vernunft des dogmatisierenden Subjektes, die Lehre der Kirche und die kanonische Schrift des Alten und Neuen Testamentes." (F. A. Philippi) Statt einer dreifachen erkennt die Kirche Luthers nur die einige Quelle an: die kanonische Schrift Alten und Neuen Testaments. Vor dieser bezeugt sie mit Luther Ehrfurcht und heilige Scheu. Anders hat es Jesus nicht gehalten und mit ihm alle heiligen Schreiber. Jesus selbst redet im Alten Testament: "Von der Zeit an, da es geredet wird, bin ich da; und nun sehdet mich der Herr HERR und sein Geist. "Jes. 48,16. Vergl. Jes. 43; 49; 50; 61; Hes. 34 und andere. Jesus bestatigt sein Wort im Alten Testament, wenn er Jes. 61 vorliest und dann erklart: "Heute ist diese Schrift erfiillet vor euren Ohren." Luk. 4,21. Und er bestatigt alles, was uber ihn im Alten Bunden gesagt ist: "Sie (die Schrift) ists, die von mir zeuget." Joh. 5,39. Den Emmausjungern "fing er an von Mose und alien Propheten und legte ihnen alle Schriften aus, die von ihm gesagt waren." Luk. 24,27. Und die Jiinger bekannten nachher: "Brannte nicht unser Herz in uns, da er mit uns redete auf dem Wege, als er uns die Schrift offnete?" 24,32. Moge alien unsern Zuhorern das Herz brennen, wenn wir auf unsern Kanzeln die alten Manner Gottes erstehen lassen, einen Moses, einen David, einen Jesaias, Manner, die sich in Ehrfurcht beugten vor dem einigen wahren Gott Israels, der personlich zu ihnen sprach, und der durch sie auch zu uns redet, 104 Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind .. . und der sie gewisslich nicht im unklaren liess iiber sein gottlich Wesen und somit iiber die Theologie als Lehre von Gott, als ob sie, wie kiirzlich behauptet worden ist, an die Koexistenz anderer realer Gotter glaubten. Ich wiederhole: moge auch unsern Zuhorern das Herz brennen, wenn sie sehen, wie alle Glaubigen im Alten Bunde mit uns eins sind in der Erkenntnis des barmherzigen Gottes, der zu Mose kam und diesen bewog, ergriiien auszurufen: "Herr, Herr Gott, barmherzig und gnadig und geduldig und von grosser Gnade und Treue; der du beweisest Gnade in tausend Glied und vergibst Missetat, Ubertretung und Siinde." 2. Mos. 34,6. Und wie soil ihnen das Herz brennen, wenn auf unsern Kanzeln die Manner Gottes zu Wort kommen, die um Jesu waren, von.denen die meiston sagen konnten: "Das Wort ward Fleisch und wohnete unter uns, und wir sahen seine Herrlichkeit als des eingebornen Sohnes vom Vater, voller Gnade und Wahrheit." Jon. 1,14. Wir sitzen an der Quelle und schopfen nur. Wir brauchen nicht neue Brunhen zu graben, locherichte Brunnen, die kein Wasser geben. Jer. 2,13. Und wir wollen auch nichts Neues suchen. Die Neugier der Athener, Apost. 17.21, nchits anderes als intellektueller Juckreiz, darf nimmerrnehr die Forsehungstatigkelt des Theologen kennzeichnen. Und wenn eine sogenannte "wissenschaftliche" Theologie sich entsetzen mag ob des Mangels an "lebendiger Funking mit den wissenschaftlichen Kraften der eigenen Zeit" und das Festhalten an der Schrift als "eine gebundene Marschroute" bezeichnet (Joh. 14,6 finden wir ein Synonym) und verachtlich die echt lutherische Theologie eine Repristinationstheologie nennt, so fallt sie unter das Urteil, das die Schrift bereits gesprochen hat 1. Tim. 6,3: "So jerriand anders lehret und bleibet nicht bei den heilsamen Worten unsers Herrn Jesu Christi und bei der Lehre von der Gottseligkeit, der ist verdiistert und weiss nichts" — also eine Wissenschaft, die unwissend ist, weil sie von Dingen redet, die jenseits der menschlichen Erkenntnis liegen. Was einst ein Theologe, der richtunggebend wurde, an uns tadelte, ist geradezu das, was die Schrift als unsere- einige Aufgabe hinstellt: "Wer von keiner friihern und innerlichern Aufgabe weiss, als dass er den Inhalt der Heiligen Schrift oder eines kirchlichen Bekenntnisses, oder auch die zu einer gewissen Zeit in der Kirche geltenden Lehre zusammenhangend darstelle, der bleibt bloss Berichterstatter in einer ihm vielleicht nicht fremden, aber doch ausser ihm gelegenen Sache." (v. Hofmann). Wollen wir den Menschen sagen, wie sie selig werden sollen, wollen wir die Gemeinde Jesu bauen, so diirfen wir nichts anderes sein als Berichterstatter, Botschafter und Zeugen einer ausser uns gelegenen Sache, von der wir gar nichts wussten, wenn Gott sie uns nicht in seinem Wort geoffenbart hatte. Unser wissenschaftliches Forschen und Suchen kann nur das Ziel verfolgen, immer tiefer in die gegebenen Heilswahrheiten einzudringen, sie sowohl nach alien Seiten hin zu erfassen wie auch ihren wunderbaren Zusammenhang festzustellen und sie auch immer wieder gegen neue Fronten zu Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . . 105 verteidigen. So konnen wir Lessing einmal recht geben, wenn er sagt: "Die gottliche Offenbarung verhalt sich zu seinem Forschen, wie das im voraus gegebene Facit zu einer Rechenaufgabe." Bei dem beroensischen Rechenexempel (Apost. 17,11) klappte das Resultat famos. Die Hochachtung vor Gottes Wort, die wir unsern Zuhorern einflossen wollen, leidet dadurch keine Einbusse, dass wir es ernst nehmen mit unsern lutherischen Bekenntnisschriften in Lehre und Praxis und ihnen nicht nur dokumentarischen, historischen Wert beimessen oder bestenfalls einen Quatenusgebrauch von ihnen machen. Wollen doch die Bekenntnisse nicht eine Quelle neben der Quelle bilden, sondern sind Wasser, aus der Quelle geschopft, eine norma normata, und zwar "eine einhellige, gewisse, allgemeine Form der Lehre, dazu sich unsere evangelischen Kirchen samtlich und insgemein bekennen, aus und nach welcher, weil sie aus Gottes Wort genommen, alle andern Schriften, wiefern sie zu probieren und anzunehmen, geurteilt und reguliert werden sollen." KF. Sie sind eine systematische Zusammenfassung der Hauptlehren der Schrift und wollen gerade auch unsere Laien in den Stand setzen, die Geister zu priifen, ob sie von Gott sind. Wir konnen gar nicht genug tun, um unsere Christen mit dem Kleinen Katechismus, mit der Augsburgischen Konfession und mit der Konkordienformel vertraut zu machen — die rechte Schulung flir Laientheologen. Mit Recht schreibt ein Theologe: "In der popularen Darstellung des Katechismus keimt die ganze Dogmatik." Die Ablehnung der lutherischen Bekenntnisse kann nur auf zwei Ursachen zuriickgefuhrt werden. Einmal kann es pure Schwarmgeisterei sein, die sich hinter der Losung versteckt: Nur die Bibel! Doch darf ein solcher Bruder auch nicht das Apostolikum gebrauchen, ja, er darf beileibe keine Predigt haiten sondern muss sich angstlich derauf beschranken, Blatt fur Blatt aus dem Bibelbuch seiner Gemeinde vorzulesen. Der eigentliche Grund aber der ablehnenden Haltung innerhalb von Kirchen, die sich lutherisch nennen, ist doch der, dass unsere Bekenntnisschriften aus der Quelle geschopft sind und deshalb so klar und unmissverstandlich reden, dass sie, weil sie verbindlich sind fur Pastoren und Gemeinden, auch flir solche, die auf den Namen "lutherisch" nicht verzichten mochten aus ethriischen oder gefuhlsmassigen Griinden, keine Raum lassen flir die vielgepriesene Freiheit des Geistes — in der das Fleisch seine Triumphe feiert. Luthers Ausfiihrungen iiber das Wort Jesu Joh. 7,17: "So jemand will des Willen tun, der wird inne werden, ob diese Lehre von Gott sei, oder ich von mir selber rede" (aus einer Predigt aus dem Jahre 1531) lassen sich in treffender Weise auf unsern Gegenstand anwenden. Er sagt: "Ein Christ kann scheiden Lehre von Lehre und sagen: Das hat Gott geredet, das hat er nicht geredet." Und dann spricht Luther, als ob er das Konkordienbuch vor sich hatte: "Die christliche Kirche hat Arium, Pelagium und alle andern Ketzer geurteilt und verdammt, ia das Meer voll Ketzer 106 Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . . gecttirzt in Abgrund der Holle, durch das gottliche Wort; nicht, dass sie eine Herrin ware iiber das Wort Gottes, sondern, dass sie sich dahin ergeben hat in das Wort Gottes, dass sie Christum allein hort, und den Willen des tut, der ihn gesandt hat, und dass sie eine Schiilerin ist dieses Mannes, seines Worts oder Lehre. Daher wird sie eine Meisterin iiber alles. Und aus diesem Worte hat sie beschlossen, dass diese Lehre recht, jene aber unrecht; item, dass dieser ein Ketzer sei und nicht recht lehre. Und ob ich schon unterscheiden kann, welche Lehre von Gott ist, oder von Menschen herkommen, dennoch habe ich die Macht nicht, iiber das Wort Gottes zu herrschen, oder Gottes Wort zu verwerfen, sondern, dieweil ich Gottes Schiilerin bin, so werde ich mit meinem Schiileramt ein Magister iiber Menschensatzung und Lehre, aber nicht iiber Gottes Wort und iifeer Gott." St. L. VIII, 35. Wir sind es der Zukunft der lutherischen Kirche schuldig, unsere Gemjeindeglieder mit den lutherischen Bekenntnisschriften vertraut zu machen, auf dass sie befahigt werden, ein wohlbegriindetes Urteil zu geben dariiber, wer den Namen lutherisch zu Recht tragt in Lehre und Praxis, gleiehviel ob es sich urn einen Pastor oder um eine ganze Synode handelt, und dass sie sich nicht beirren iassen, wenn sie des lieblosen Richtens, des unbriiderlichen Verhaltens, der engherzigen Intoleranz und dergleichen mehr bezichtigt werden. Moge hier ein Wort Dr. Walthers angebracht sein aus "Der Konkordienformel Kern und Stern": "Ware unser lutherisches Volk in den Bekenntnisschriften unsere Kirche bewandert, und angewiesen und gewohnt gewesen, nach denselben, die Lehre ihrer Prediger und der in Kirche und Schule einzufiihrenden Schriften zu priifen, so wiirde unsere Kirche nie in den erschrecklichen Verfall geraten sein, in welchem sie sich jetzt (namentlich im alten deutschen Vaterlande) befindet. Dann wiirde man unserm lutherischen Volke nimmermehr die greulichen Ketzereien, welche in unserer Kirche jetzt miindlich und schriftlich gelehrt werden fiir lutherische Lehren haben verkaufen konnen. Auch der Einfaltigste hatte dann gar nicht notig gehabt, mit den listigen, verschlagen'en Keizern erst lange aus der Schrift zu disputieren, sondern ein jeder hatte dann sagen konnen: So bekennt unserer Kirche in ihrer Ungeanderten Augsburgischen Konfession, so lehrt sie in ihren Schmalkaldischen Artikeln, so steht mit klaren Worten in ihrer Konkordienformel usw. Llarauf bist du als ein lutherischer Prediger oder Lehrer heilig verpflichtet worden: Gehst du davon ab, lehrst du anders, so will ich dich nicht horen, sondern auf Befehl rmeines Herrn: Sehet euch vor vor den falschen Propheten (Matth. 7,15) vor dir als einem falschen Propheten fliehen." Und das gilt auch von den Laien in den Aufsichtsbehorden der Lehranstalten oder in andern leitenden Stellen. "Gebe Gott" so sehrieb vor fast zwanzig Jahren unser ehrwiirdiger Herr Prases. Dr. Behnken, "dass in der gegenwartigen Zeit immer mehr Laientheologen erstehen, wie wir sie in der Vergangenheit hatten." Laientheologen sollen an Hand der Bibel und Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind . . . 107 der Bekenntnisschriften ihre Pastoren und Berufstheologen auf ihre Ehrfurcht hin vor dem Worte Gottes priifen, und das sollen sie tun als Innhaber des Amts der Schliissel. Damit kommen wir auf uns Lehrer zu reden, die wir an den theologischen Bildungsstatten der lutherischen Kirche stehen. Die Zukunft will uns mit banger Sorge erf Men. Eine schwere Verantwortung ruht auf unsern Schultern. Fordert Gott Rechenschaft von einem jeden Diener am Wort, wieviel mehr von den Anstaltslehrern. Generationen von Predigern gehen durch unsere Hande. Wir beeinflussen mehr oder weniger die Kanzeln, um die sich sonntaglich die Gemeinde Gottes schart. Unsere Seminare sollten sein im wahren Sinne des Wortes die Werkstatten des Heiligen Geistes. Seien wir uns dieser Verantwortung bewusst. Tun wir alles im Angesichte Gottes. Menschenkult, falsche Rucksichtnahme, Leisetreten aus Furcht vor geringschatziger Kritik, Nachgiebigkeit in scheinbar geringfiigigen Dingen, eine falsche Friedensliebe, ein Liebaugeln mit der hochwissenschaftlichen Zunft konnen das Ende der Kirche bedeuten, der Kirche, die in heissen Kampfen und im blutigen Ringen gegen die Vergotterung des Menschlichen im Heiligtum Gottes geboren worden ist. Denn wo die Ehrfurcht vor dem Worte Gottes im Verschwinden begriffen ist, steht die Kirche vor ihrem Ruin — mag sie auch Luthers Grab mit kostbaren Kranzen schmiicken wollen. Braucht die Kirche mutige Christen, so braucht sie vor allem mutige Professoren der Theologie. Gott gebe, dass es immer und uberall so heisse, was der selige Dr. F. Pieper vor fast vierzig Jahren geschrieben hat: "Die Lehrer an den Anstalten der Missourisynode ubertreiben nicht, wenn sie die Studenten erinnern, ihre ausgearbeiteten Predigten noch einmal daraufhin genau zu priifen, ob nicht etwa ein "schriftloser" Gedanke (Luthers Ausdruck) sich eingeschlichen habe, und ihn schonungslos zu streichen, weil er als Ichprodukt keine Berechtigung in Gottes Kirche habe, die auf den Grund der Apostel und Propheten erbauet ist." I, 63. Im Buche Gottes stehen die Namen von Mannern Gottes. Njoah, Daniel und Hiob stehen noch besonders in Hesekiel, Kapit'el 14 — sie sind errettet, aber sie konnen das Gericht, das iiber die Verachter des Wortes in Jerusalem geht, nicht aufhalten. Wir haben sie nicht mehr, die teuren Hanner Gottes: Walther, Wyneken, Stockhardt, Pieper, Furbringer, um nur etliche von meiner Synode namhaft zu machen ,oder Schaller, Hoenecke und andere von der hiesigen Schwestersynode. Aber ihrem Beispiel folgend, stehen wir, Prediger und Lehrer, Laien und Synodalbeamte als W7achter auf Zions Mauern. Lasst uns auch, woimmer notig, herabsteigen und von innen einen Wall bilden und wider den Riss stehen (Hes. 22,30) auf dass durch Gottes Gnade, wie so oft nach schweren Tagen, wieder ein Frtihlingswehen durch die Kirche gehe — "Aus Zion bricht an der schone Glanz Gottes." Ps. 50,2. Estudo Homiletico 108 ESTUDO HQfVISLETICO sobre o 16° Domingo depois da Trindade Lucas 7.11-17 O CONTEXTO O. A. GOERL Dos relatos das tres ressurreigoes reaiizadas por Jesus — a filha de Jairo, o filho da viuva de Nairn e Lazaro — so um e registrado conjuntamente pelos tres evangelhos sinopticos, a saber, o da filha de Jairo. Joao apenas relata a ressurreigao de Lazaro, e e o unico que o faz, enquanto que Lucas como unico informa ainda a respeito da ressurreicao do jovem de Nairn. Contribui este fato para dificultar a tarefa de estabelecer a seqiiencia exata dos dois primeiros casos e assim determinar com seguranga a ordem cronologica dos eventos. Se alguns comentaristas opinam que a ressurreicao da filha de Jairo ocorreu antes da do filho da viuva de Nairn (crianga, jovem, adulto) outros ha que invertem a ordem com argumentos de igual peso. Basta olharmos o quadro dos evangelhos sinopticos com alguns acontecimentos que poderiam servir de pontos de referenda, para compreendermos a pouca probabilidade de chegarmos a uma conclusao convincente a respeito do contexto. Mateus Cap. 8 Centuriao 9 Jairo 10 Missao dos doze Marcog 3 Missao dos doze 5 Jairo 6 7 7 8 Lucas Missao dos doze Centuriao Nairn Jairo E ponto pacifico que os evangelistas nem sempre fazem prevalecer a continuidade dos fatos, preferindo com frequencia outro criterio, razao porque situam deferminados acontecimentos, ou isolados ou em grupos, em lugares oportunos sem liga-los diretamente ao contexto. O pregador que adota a serie das pericopes tera oportunidade de apontar o evangelho do domingo anterior (Mt 6.25-34) no qual Jesus censura os cuidados exagerados pela conservacao da vida. Contem aquele evangelho verdades que sintonizam perfeitamente com o conteudo maximo de nosso texto. "Nao e a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que as vestes?" indaga Jesus para entao conduzir o homem aos extremes confins do humano e de suas possibilidades, a fim de reconhecer as limitag5es que lhe sao impostas: "Qual de vos, por ansioso que esteja, pode acrescentar um covado ao curso da sua vida?" Nesta divisa o homem defronta-se com a morte, e nenhum covado sequer podera arrebatar-lhe. Estudo Homiletico 109 O TEXTO 11 — Em dia subsequente dirigia-se Jesus a uma cidade chamada Nairn, e iam com ele os sens discipulos e numerosa multidao. O evangelista acaba de contar a historia do centuriao de Cafarnaum, para em seguida localizar Jesus na cidade de Nairn, tambem na Galileia, bem ao sul daquela cidade. Jesus escolhera Cafarnaum para centro de suas atividades na Galileia, a ponto de Mateus chama-la de "sua propria cidade". Partindo dali, o Senhor percorria "todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doencas e enfermidades". Mt 9.35. E assim Jesus. chegou a Nairn. Nairn e uma pequena cidade situada a 9 km do sudeste de Nazare. Seu nome, interpretado por alguns como a "aprazivel", tern o significado de prado, campo relvoso. "Em dia subsequente" nao significa, neeessariamente, no dia imediato, antes permite a intercalagao de um periodo de descanso e reclusao, conforme calcuios de alguns comentaristas. Jesus viajava em companhia de seus discipulos e de uma numerosa multidao. Haveria testemunhas em profusao para o grande feito que a providencia divina reservara para esta localidade, perpetuando o seu nome nos anais da historia sagrada e proporcionando aos seus moradores uma bencao toda especial. Poderia-se perguntar por que Jerusalem, a cidade santa, simbolo da cidade eterna da Siao do Novo Testamento, tao glorificada pelos profetas e cantores sacros do Antigo Concerto, nao teve o privilegio que tantos lugarejos e pequeninas e humildes cidades tiveram de ser o palco dos grandes milagres de Jesus. Pois com pouquissimas excegoes, todas elas relatadas exclusivamente por Joao (3.23;5.1-47:9) a nao ser a referenda de Mateus (21.14) com respeito a curas de cegos e coxos efetuadas no templo, Jerusalem nao ocupa lugar de destaque no rol dos milagres. Nao fora esta cidade ja bem aquinhoada ao abrigar o templo sagrado e com ele a centralizagao da vida religiosa do povo, sem, no entanto, reconhecer as dadivas celestes, conforme a queixa de Jesus em Mt 23.37? Ej com base em Lc 4.22-28 podemos falar num "criterio divino" quarito a escolha do cenario para as manifestagoes da gloria de Deus. 12 — Como se aproximasse da porta da cidade, eis que saia o enterro do filho unico de uma viuva; e grande multidao da cidade ia com ela. Jesus se aproximava da porta da cidade no momento exato em que por ela passava um enterro. Foi um encontro providential, Os encontros de Deus, na verdade, sao sempre providenciais. Deus marca estes encontros na hora precisa, pois a alma do homem Ihe 110 Estudo Homiletico e por demais preciosa, e sua misericordia e por demais sublime e sua sabedoria por demais gloriosa, para que deixasse o curso da eternidade a merce de fatores incertos na pequenina vida terrena do homem. "Qual foi a hora mais importante na sua vida?" a esta pergunta alguem respondeu com acerto: "A presente hora." Ela e sempre oportuna para Deus nela operar seus desinios, tanto mais quando conduzir o homem ao territorio da morte. E um enterro e assunto nosso, todo nosso. Jesus se encontrou com a nossa morte a porta de Nairn. Nao somos apenas expectadores, meros assistentes de um acontecimento transcendental — somos altamente interessados, melhor, somos nos a figura central da ocorrencia. De dois ressuscitados sabemos o nome: Jairo, o sobrenome, e Lazaro. Aqui nao ha nome porque nao importa. E um morto que representa os mortals. No entanto, na hora da morte o anonimato e so aparente. Esta em jogo uma vida, a vida do corpo e, em certo sentido, a vida da alma. Esta vida e ceifada. A alma se desliga e o corpo desfalece, como uma flor do campo quando murcha. fi algo desnatural, violento, chocante. Apagou-se a chama que ardia. Nao sera mais reacendida nesta existencia. Perdura o vazio. EI o que vemos deste lado da divisa. Mas no outro continua a Jornada. E e por isso que Jesus marca o encontro com a morte, nao por causa de um prolongamento deste lado, como se quisesse estender um pouco mais o territorio da vida — se bem que uns pouoos tiveram este beneficio — Jesus procura o encontro acima de tudo por causa da continuagao da vida na eternidade, com o fim de nos garantir a vida na morte. Eis, portanto, um duplo significado do encontro, real e simbolico. Real, quanto ao que vemos na historia: Jesus vence a morte terrena restituindo um morto a vida; simbolico, por prefigurar sua vitoria sobre a morte eterna por ocasiao de sua propria morte e de sua gloriosa ressurreicao no dia da Pascoa. Esta ultima morte e chamada no Apocalipse a "segunda morte", 2.11: "O vencedor, de nenhum modo, sofrera dano da segunda morte." Igualmente em 20.6: "Sobre esses a segunda morte nao tern autoridade." '• Por meio da interjeigao "eis" o evangelista chama a atengao do leitor para tracos dominantes de um quadro de real tristeza. Morreu um jovem — filho unico — de uma viuva. Tratando-se nos outros casos de uma menina e de um adulto, teriamos assim as tres idades que sobremaneira apreciam a vida: a crianca, o jovem e o homem maduro. Faltaria o ultimo quarto da existencia, a velhice, tao bem representada por Simao, quando de sua prece: "Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo." Lc 2.29. "Que homem ha que viva, e nao veja a morte? ou que livre a sua alma das garras do sepulcro?" exclama o salmista (89.48). Tamhem o jovem esta sujcito a morrer. O ano da vida pode terminar Estudo Homiletico 111 com a primavera. EJstamos habituados a ver em cada anciao, arqueado pelo peso dos anos e cansado da vida, um autentico candi-" dato a morte, e dificil se-nos torna conformar-nos com a ideia de um manto negro cobrir de chofre um quadro pintado em cores douradas, a irradiar vida, calor e alegria. E o porque langado na noite da dor e do desespero, causada pela morte, torna-se mais angustiante, quando estamos junto ao esquife de uma pessoa jovem. — Por que, Senhor, o permites?,— A palavra do jovem Davi ao seu amigo Jonatas, embora dita por motivacao especial, lembra a todo iovem sua condigao de mortal: "Anenas ha um passo entre mim e a morte." 1 Sm 20.3. A razao nenhum crente ignora. Paulo a indica: "Assim como por um so homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim tambem a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram." Rm 5.12. E Moises, que, como guia experimentado de um grande povo, havia testemunhado mais do que qualquer outro homem toda gama de miseria humana, vai ao fundo da questao quando confessa: "Pois somos consumidos pela tua'ira, e pelo teu furor conturbados. Diante de ti puseste as nossas iniqiiidades, e sob a luz do teu rosto os nossos pecados ocultos." SI 90.7,8. Seja qual for a nomenclature elaborada por homens ao falarem em "morte estupida" ou "obra da fatalidade" ou "destino cruel", a chancela de Deus estampa ao vivo a palavra "pecado". Era filho unico de urrxa viuva, o morto. Como tambem eram "unicos" os outros dois: a menina era filha unica de Jairo (Lc 8.2) e Lazaro o irmao unico. Mas aqui havia uma nota sumamente triste. A mae era viuva e este mancebo seu unico arrimo. Como ela se consolara quando o marido Ihe fora arrebatado: "Resta-me pelo menos o filho; nao estarei completamente abandonada; ele ha de crescer, sera homem, e no seu lar encontrarei um abrigo." E agora tudo desabou. A alma despedagada gritava na mais profunda dor. Nao via luz no escuro. A mae caminhava a frente do esquife do filho, rumo a cova, rumo a um abismo — com um abismo no coragao. Compreendemos agora a "grande multidao" que ia com ela. Era geral a consternagao do povo, e sua comiseracao traduzia-se no acompanhamento ate ao tumulo. 13 — Vendo-a, o Senhor se compadeceu dela e Ihe disse: Nao chores! Jesus viu a mae. E bastante significativo o fato de Jesus olhar para a mae e nao para o morto. A mae estava no centro — sao os vivos que reclamam nossa atencao em situagao identica. A Jornada que teve seu fim nao pode mais sofrer alteragao da parte dos homens; os que permaneeem necessitam de nos. Jesus viu a mae e compadeceu-se dela. Compartilhou sua dor e sentia com ela. Jesus tambem tinha mae, e quando ela teria sorte 112 Estudo Homiletico identica, a de perder o seu filho, ele, na hora da morte, se corripadeceria de sua mae proporcionando-lhe arrimo seguro. E motivo de imenso consolo para os crentes saberem-se objeto do amor e da compaixao divina. Nao ha filho da grande familia de Deiis que passasse despercebido aos cuidados do Pai carinhoso. E exatamente nos momentos da mais pungente dor, quando nos sentimos desamparados por Deus e os homens, o coragao paterno, no alto, se enternece ante a nossa magoa ern profunda compaixao com; a triste sorte provoeada pelo pecado. E nestes transes Deus nos quer falar. Ja nos conforta a presenca de amigos, que nos vem trazer sua solidariedade, mesmo que nada possam, fazer para nos socorrer; bastam-nos seu amor, seus sentimentos que procedem de um coragao leal e sincere Quanto mais nos deve confortar a presenga de nosso Deus que por meio de sua palavra poderosa pode mitigar o sofrimento e levantar a alma do po e da destruigao, consoante a prece do salmista: "A minha alma esta apegada ao po: vivifica-me segundo a tua palavra." 119.25. Pouco Jesus diz a mulher, apenas: "Nao chores!" E evidente que tal palavra nao expressa o desagrado de Deus ante as lagrimas e as manifestacoes de dor, proprias da natureza humana. Lagrimas aliviam o peso da magoa que comprime o coragao e suavizam o sofrimento. Sabemos que tambem Jesus chorou (Hb 5.7) sendo uma das oportunidades identica a do nosso texto, frente ao tumulo de Lazaro. Jesus quer realmente enxugar as lagrimas da viuva, e por isso suas palavras deixam de ser uma simples tentativa de consolo, tao comum entre amigos, para adquirirem carater de ordem, transpiI'ando autoridade e prenunciando algo de exceptional e empolgante. A propria pena de Lucas, ao assenta-las sobre o papiro, parece sentir a grandiosidade do momento e instintivamente rende homenagem a pessoa do Filho de Deus, usando pela primeira vez em seu relate evangelico o designativo "Senhor" em lugar de Jesus, como ate entao. E o Senhor quem diz: Nao chores. 14 — Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o conduziam, disse: Jovem, eii, te mando: Levanta-te. Jesus falara com a mae que ia a frente. Agora pretende falar ao filho. Nao importa que esteja morto. Deus fala aos vivos e aos mortos. Como fala aos ventos, as aguas, a rocha. Sua voz nao encontra barreiras que a pudessem deter. "Tu dominas sobre tudo, na tua mao ha forga e poder." 1 Cr 29.12. Chegando-se, tocou o esquife. Era um gesto inusitado e inesperado. Os que conduziam o esquife pararam incontinenti em obediencia ao estranho personagem que vinha interromper o cortejo "• de uma m|aneira fora de comum. Os judeus costumavam levar os defuntos, depois de lavados e envoltos em panos, numa maca ou num esquife aberto para a se- Estudo Homiletico 113 pultura numa das caver nas naturais ou .preparadas, for a da cidade. Agora Jesus fala ao morto, cujos ouvidos nao mais ouviam e cuja boca emudecera. Jovem — uma voz altissonar.te e clara eorta o silencio sepulcral que se originara apos a cessacao abrupta do coro lamjuriento das carpideiras e o choro irrefreado da viuva. E palpavel a tensao que paira no ar. Todos ret em a respiracao, os olhos fitos naquele vulto que pretende falar com urn morto. Falar? nao falara a rriae com o filho em sua dor dilacerante, sem obter resposta? Este falar de Jesus era diferente, era um ordenar em termos de autoridade: Eu te mando: levanta-te. Um "Eu" enfatico, jamais usado por um homem em circunstancias semelhantes, e este que enfrenta a morte. Homens realizaram milagres por comissionamento, tornando-se o seu "eu" apenas instrumento e nao causa. Demonstra-o o prirrieiro milagre dos apostolos, descrito em pormenores, quando Pedro, em companhia de Joao, assim falou ao coxo: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!" At 3.6. Sobremodo ressalta este fato nas quatro ressurreicoes realizadas por homens conforme o relato biblico. Elias estendeu-se tres vezes sobre o menino da viuva de Sarepta e clamou ao Senhor. 1 Rs 17.21. Eliseu orou ao Senhor e duas vezes se estendeu sobre o menino da sunamita. 2 Rs 4.33-35. Pedro pos-se de joelhos e orou para trazer Tabita, ou Dorcas, a vida. At 9.40 Paulo' inclinou-se sobre o jovem Eutico e o abracou. At 20.10. O presente "Eu" possui autoridade propria para dar ordens a quern quer que seja. E deu ordens a morte. Pois foi com ela, realmjente, que Jesus falou. O jovem apenas foi presa, foi vitima de um poder superior a ele. Sucumbiu como qualquer outro teria sucumbido ao assalto da morte. A cieneia medica pode, em determinados easos, prolongar a vida, isto e, adiar a aproximagao -da morte. Mas quando esta se fizer presente, nao ha forca humana que pudesse dizer: Levanta-te. E um desafio que o Nazareno lanca a morte. Dois poderosos se defrontam, o principe da vida e o principe da morte. Este parecia triunfar, vibrando seu cetro cruel na pequenina Nairn e deleitando-se com o coro dos que choravam. Mas agora aconteceu o imprevisto. E o povo assiste, estarrecido, ao embate. Ouve o desafio do Nazareno. Homem algum havia falado desta forma. Um repto poe a prova a posicao do reptador. O Nazareno poe a prova sua missao, seus ensinarrtentos, suas promessas, enfim, sua pessoa e — a fe daqueles que o seguiam. 15 — Sentou-se o que estwera morto e passou a falar; e Jesus o restituiu a sua mae. Na simplicidade do relato revela-se a grandiosidade do evento. Sem enfeite, sem adjetivos ou interjeicoes, o evangelista apenas diz o estritamente necessario. O que estivera morto sentou-se no esquife. 114 Estudo Homiletico Voltou a vida, e, como sinal de sua imediata recuperagio e sua reintegragao na vida, o jovem comegou a falar. E Jesus o restituiu a sua mae. A forma como o evangelista o expressa, sugere um gesto especial acompanhado de palavras correspondentes. Certamente conduziu o jovem aos bracos da mae, que mal podia refazer-se do estado de choque ante o acontecido. O coragao tumultuado, com um misto de pasmo e alegria, a mae, pela segunda vez, recebe seu filho do Senhor. Foi completa a vitoria do Filho do homem. A vida triunfa sobre a morte, a vida personificada na pessoa daquele que diz: Eu sou a vida. Constituiu sua luta um teste com vistas para o grande e ultimo embate no Golgota. Seu proprio morrer na cruz teve sabor de vitoria, confirmada no terceiro dia, vitoria essa ja festejada em Os 13.14: "Eu os remirei do poder do inferno, e os resgatarei da morte: onde estac, 6 morte, as tuas pragas? Onde esta, 6 inferno, a tua destruigao?" Todo crente compartilha o triunfo do Filho de Deus. A morte deixa de ser morte no sentido comum, e isto em virtude de Jesus a ter vencido e esmagado a cabeca da serpente, causadora de todo o mal. Embora a alma chore junto a um esquife, ela nao desespera. Embora a nossa carne sinta o espinho provocado pela lembranga do proprio morrer, o espirito se eleva as alturas, de onde nos vem paz, alegria e gozo no Senhor. E falaremos como o jovem falou. Nao e do feitio dos sagrados relatores de satisfazer a curiosidade humana. Ignoramos, portanto, o que o jovem pronunciou., Sem duvida foram palavras que refletiam o significado do que lhe sucedera. Exatamente disso falaremos, dando testemunho de nossa redengao pela graga divina a todos quantos ainda vagueiam no vale da morte. Arremata o quadro da misericordia salvadora a cena final: Jesus restitui ao Pai celeste os filhos por ele arrebatados das garras da morte e revificados por obra do Espirito Santo. "Eram teus, tu mos confiaste." Jo 17.6. 16 —• Todos ficaram possuidos de temor, e glorificaram a Deus, dizendo: Grande prof eta se levantou entre nos, e: Deus visitou o seu povo. 17 — Esta noticia a respeito dele divulgou-se por toda a Ju~ deia e por toda a circunvizinhanga. Foi tremendo o impacto do milagre. A multidao ficou possuida de temor. Sempre que o homem pisa as proximidades do territorio da morte, sente no seu intimo em que de temor e repugnancia. Quanto maior deve ser o choque, o sobressalto, quando se assiste a uma invasao nos dominiOs da morte com um desfecho inteiramente inesperado, qual e o retorno daqueles dominios. Estudo Homiletico 115 Passados os primeiros instantes, refizeram-se do susto e comegaram a glorificar a Deus. Sao unanimes, em atribuir ao Onipotente a autoria deste autentico milagre. E ao( faze-lo, usam de uma expressao feliz: "Deus visitou o seu povo." E que sabem tirar as devidas conclusoes da ocorrencia impressionante recem presenciada. Se Deus revela sua gloria e seu amor em beneficio de um e de outro, certamente nutrira a mesma intencao para com todos os homens, pois tanto a forga. de seu braco como a intensidade de seus sentimentos nao se esgotam a ponto de limitar-se a casos isolados. "Visitar" significa fazer sentir sua presenga. A Escritura nos ensina que Deus manifesta sua presenga por meio de expressoes de sua justiga punitiva. Os grandes juizos da historia sagrada sao visitagoes da ira divina com o fim de castigar os rebeldes e advertir os homens de que Deus nao pactua com o mal, com;o muitos o queiram fazer crer para engano proprio, e, sim, que ele aborrece a iniqiiidade e a todos que a praticam. SI. 5.4,5. Deus faz sua apresentagao ao mundo — e fa-lb em termos graves: "Sou.. . Deus zeloso, que visita a iniqiiidade dos pais nos filhos ate a terceira geragao." Ex 20.5. E referindo-se ao culto abominavel que o povo rendia ao bezerro de ouro, Deus se manifesta: "No dia da minha visitagao vingarei neles o seu pecado." Ex 32.34. Mas tambem ha as visitagoes da graga divina em que Deus se faz presente com suas riquissimas bencaos que derrama sobre os homens. O salm|ista nelas incluiu a providencia em torno da manutengao da familia humana: "Tu visitas a terra e a regas; tu a enriqueces copiosamente." 65.9. Em especial as visitagoes de Deus visam o nosso bem-estar espiritual, trazendo-nos o imenso tesouro de sua graga salvadora. Neste sentido o salmista suplica: "Visita-me com a tua salvagao." 106.4. E duas vezes o velho Zacarias emprega o termo "visitar" no seu cantico como sinonimo de abengoar e redimir o povo. Lc 1.68,78. O fato de alguns dentre a multidao usarem frase identica permite-nos deduzir que os verdadeiros crentes em» Israel alimentavam a firme esperanga na grande visitagao da graga divina, profusamente anunciada pelos profetas do Antigo Concerto. — Faltava ao povo reconhece-la integralmente. De igual modo tambem o outro grupo estava perto da verdade, sem, contudo, concebe-la em todo o seu esplendor. Viram em Jesus um grande profeta dotado por Deus de poderes especiais, nos moldes dos veneraveis vultos da igreja antiga, onde sobressaiam Moises, Elias e Eliseu, cada um com folha impressionante de sinais autenticos. E bem possivel que em algum coragao nascia a chama da esperanga, do sincero desejo por maiores manifestacoes deste Nazareno que o qualificassem para a realizagao daquela obra que os fieis em Israel ardentemente ansiavam. Divulgou-se a noticia do acontecimento "por toda a Judeia e por toda a circunvizinhanga". Estranha, a primeira vista, a mengao da Judeia, ja que o milagre ocorrera na Galileia. Mas o evangelista 116 Estudo Homiletico nao considera necessario referir o que por si e evidente, a saber, a enorme repercussao que o feito de Jesus teve nas terras da Galileia. Antes acha importante relatar que tambem na Judeia, o centro da vida religiosa do povo, sob controle irnediato do sinedrio, como igualmente nas areas circunvizinhas, com, populagao mista, o acontecimento de Nairn encontrou eco correspondente. StrMULA DOUTRINARIA O evangelho focaliza a morte com o seu dominio nefasto sobre os homens e mostra o encontro vitorioso que com ela teve o Pilho de Deus, o Principe da vida. A Biblia distingue tres especies de morte: a morte temporal, espiritual e eterna. Toquemos ligeiramente nas duas ultimas, para entao, motivados pelo texto, estudarmos a primeira, a morte temporal. A — A morte espiritual 1. Todo homem descrente vive separado de Deus e esta espiritualmente morto. Cl Lc Ap 2.13 — Estaveis mortos pelas vossas transgressoes. 15.24 — Este meu fillio estava morto. 3.1 — Conhego as tuas obras. que tens o nome de que vives, e estas morta. 2. Por meio da conversao a graca divina vivifica o homem. Ef 2.1 — Ble vo's deu vida. estando vos mortos nos vossos delitos e pecados. Ef 5.14 — Desperta, 6 tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminara. 3. O crente deve estar sempre alerta para nao sucumbir novamente. SI 13.3 — Ilumina-me os olhos, para que eu nao durma o sono da morte. B — A morte eterna 1. Com a morte temporal nao finda a existencia —: havera o julgamento quo determinara o destino eterno do homem. Hb 9.27 — Aos homens esta oidenado morrerem ury.a so vez e, depois disto, o juizo. 2. A sorte dos descrentes e a condenagao eterna, chamada a morte eterna (a segunda morte - Ap 20.6; 21.8). Dn 12.2 Is — Muitos dos que dormem no po da terra ressuscitarao, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.. 66.24 — O seu verme nunca morrera, nem o seu fogo se apagara; e eles serao urn horror para toda a carne. Ap 14.11 — A fumaca do seu tormento sobe pelos seculos dos seculos. ' k ~ k Estudo Homiletico Ap 9.6 117 — Naqueles dias os homens buscarao a morte e nao a acharao; tambem terao ardente desejo de morrer, mas a morte foge deleu. C — A morte temporal 1. Sobre a vida paira a'sombra da morte — uma tremjanda realidade. a) Ninguem resiste ao poder — todo homem nasce com o germen da morte. SI 89.48 — Que homem ha que viva, e nao veja a morte? ou que livre a sua alma das garras do sepulcro? Jo' 7.7 SI 39.5 — A tua presenca o prazo da minha vida e nada. Jo 14.5 — Tu ao homem puseste limites, alem dos quais nao passara. b) Devemos te-la presente a cada momento. 1 Sm 20.3 Ec — A mir.ha vida e um sopro. — Apenas ha um passo entre mim e a morte. 9.12 — O homem nao sabe a sua hora. SI 90.12 — Ens:na-nos a contar os nossos dias. SI 39.4 Pv 27.1 — Da-me a conhecer, Senhor, o meu fim. — Nao te glories do dia de amanha, porque nao sabes o que trara a luz. 2. A causa da morte e o pecado, introduzido no mundo pelo diabo, que tem o poder da morte. Jo 8.44 — Ele (o diabo) foi homicida desde o principio. Rm 5.12 — Portanto. assim como por um so homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim tambem a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Rm 6.23 — O salarios do pecado e a morte (temporal e eterna). Tg 1.15 — O pecado, uma vez eonsumado, gera a morte. SI 90.7 — Somos consumidos pela tua ira. 3. A morte leva tristeza e miseria em seu rastro e infunde medo e pavor. Mt 2.18 — Era Raquel chorandb por seus filhos e inconsolavel porque nao-mais existem. Hb 3.15 — Pelo pavor da morte (os homens estao) sujeitos a escravidao por toda a vida. 118 Estudo Homiletico Jo 18.14 — O perverso sera arrancado de sua tenda, onde esta confiado, e sera levado ao rei dos terrores. 1 Co 15.26 — O ultimo inimigo a ser destruido e a morte. Jesus salva da morte. a) Me e o Senhor todo-poderoso, o principe da vida. 1 Jo 5.20 — Este e o verdadeiro Deus e a vida eterna. SI 68.20 — O nosso Deus e o Deus libertador; com Deus, o Senhor, esta o escaparmos da morte. Ap 1.18 — Tenho as chaves da morte e do inferno. b) Ele humanou-se e se submeteu a morte na cruz para veneer a morte temporal e eterna vencendo o autor da morte, o diabo. Is 53.12 — Porquanto derramou a sua alma na morte. Os 13.14 — Eu os remirei do poder do inferno, e os resgatarei da morte: onde estao, 6 morte, as tuas pragas? Onde esta, 6 inferno, a tua destruigao? Hb 2.14 — Para que, por sua morte, destruisse aquele que tern o poder da morte, a saber, o diabo. Pela fe em seu Salvador o crente nao teme a morte. a) O crente esta liberto da segimda morte. Ap 20.6 — Sobre eisses a segunda morte nao tern autoridade. Ap 2.11 — O veneedor, de nenhum modo, sofrera dano da segunda morte. b) A morte terrena perdeu para ele o seu terror. SI 116.15 — Preciosa e aos olhos do Senhor a morte dos seus santos. Is 25.8 — Tragara a morte para sempre, e assim enxugara o Senhor Deus as lagrimas de todos os rostos. Ap 1.18,19 — Nao temas eu sou o primeiro e b ultimo, aquele que vive. c) Ele vive na esperanga da ressurreicdo e da vida eterna. Ap 21.4 Pv — E a morte ja nao existira. 14.32 — O justo, ainda morrendo, tern esperanga. Jo 8.51 — Em verdade, em verdade vos digo: Se alguem guardar a minha palavra, nao vera a morte, eternamente. Jo 11.25 — Eu sou a ressurreigao e a vida. Quem ere em mim, ainda que morra, vivera e todo o que vive e ere em mim, nao morrera, eternamente. " * " ft Estudo Homiletico 119 Jo 6.40 — De fato a vontade de meu Pai e que todo homem que vir o Pilho e nele crer, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no ultimo dia. d) Para o crente a morte constitui a passagem para o paterno lar. SI 14.13 — Deus remira a minha alma do poder da morte, pois ele me tomara para si. Fl 1.21 — Para mini o viver e Cristo, e o morrer e lucro. Ap 14.13 — Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Mt 22.32 — file nao e Deus de mortos, e, sim, de vivos. DISPOSI^OES A VERDADE COMSOLADORA QUE RESSALTA EM NOSSO EVANGELHO 1. Deus nao e Deus de mortos 2. E, sim, de vivos O ENCONTRO COM A MORTE 1. O encontro que Jesus teve 2. O encontro que nos teremos DOIS PODEROSOS SE DEFRONTAM EM NOSSA VIDA 1. O rei dos terrores (Jo 18.14) 2, O autor da vida (At 3.15) A NOSSA VIDA E UM S6PR0 1. Um sopro fugaz que se esvai num instante 2. Um sopro divino que perdura para sempre EM JESUS TEREMOS A VIDA 1. Jesus nos remiu da segunda morte 2. Nao precisamos temer o aguilhao da primeira morte COM O SENHOR ESTA O ESCAPARMOS DA MORTE 1. Da morte espiritual 2. Da morte eterna 3. Da miorte temporal O ULTIMO INIMIGO — A MORTE 1. E3 um inimigo cruel que infunde terror 2. E um inimjigo derrotado que nao nos pode assustar DEUS VISITA O SEU POVO 1. Com manifestacoes de sua justa ira que condena a morte 2. Com provas de sua mcomensuravel graga que redime da morte 120 Der moderne Wissenschaftler und 1. Mose 1 NO ARRAIAL DA MORTE (Hb 13.11-13) 1 Paira a sombra da angustia e afligao da carne 2. Resplandece a luz da esperanca crista Der moderne Wissenschaftler mi 1. Mose 1 Bernhard F. Keiser *) «AIs das Alter der Erde kann man die Zeit bezeichnen, seit welcher unser Planet in etwa der gegenwartigen Masse und Dichte besteht. Zur Zeit ist die zuverlassigste Schatzung fiir diese Periode 4 Milliarden Jahre.» Mit dieser ganz 'selbstverstandliehen' Feststellung beginnt ein sehr angesehenes amerikanisches Nachschlagewerk 1) seine Abhandlung iiber das Alter der Erde. Christliche Wissenschaftler, die daran glauben, dass die ganze Bibel Gottes eingegebenes, irrtumsloses Wort ist, sind allgemein der Ansicht, dass die Erde viel jiinger ist. Ihre Ansicht griindet sich auf die Geschlechtsregister im 1. Buch.Mose, zusammen mit den Aussagen in 1. Mose 1,24-31, wo die Erschaffung der ersten Menschen am sechsten Tage nach der Erschaffung der Erde berichtet wird. Die Bibel gibt damit an, dass die Erde ungefahr sechstausend Jahre alt ist, jedenfalls nicht viel alter. Wer hat recht? Es hat oft Widerspruch zwischen den Ideen des Menschen und der Bibel gegeben— oder wenigstens hat der Mensch einen Widerspruch gesehen. Wir wollen uns hier auf die Untersuchung des Konflikts beschranken, der zwischen Bibel und moderner Wissenschaft zu.bestehen scheint, was das Alter der Erde und die Entstehung des Lebens betrifft. Diese Gebiete scheinen besonders schwierig zu sein, und sie sind schon deshalb nicht einfach, weil die Zeit stetig fortschreitet. Niemand kann die Zeit zuriickdrehen, um festzustellen, was sich in einem vergangenen Zeitalter ereignet hat. Wir haben schriftliche Geschichtszeugnisse, die uns iiber das Geschehen einiger Jahrtausende der Vergangenheit informieren. Aber je weiter *) 1) Der Verfasser, Dr. Bernhard F. Keiser, ist Wissenschaftler auf dem Gebiet des Nachrichtenwesens und gehort dem technischen Stab der RCA-Laboratorien in Princeton, New Jersey (USA) an. Er ist verantwortlich fiir Forschungsarbeiten, die Studien auf manchen Gebieten der Naturwissenschaften erfordern, einschliesslich der Geologie und der Physik der oberen Atmosphare, sowie des modernen Nachrichtenwesens. Der Artikel ist ubersetzt von Ralph Bente aus «Journal of Theolog-y», herausgegeben von der «Church of the Lutheran Confession, New Ulm, Minn. (USA), Okt. 1962, S. 12 ff. McGraw-Hill: Encyclopedia of Science and Technology, 1960, S. 330. Der moderne Wissenschaftler und 1. Mose 1 121 wir zuriickgehen, urn so skizzenhafter und unvollstandiger werden diese Urkunden. Und schliesslich bleibt dann dem Menschen nichts weiter iibrig als der Versuch, seine auf geschichtliche Gegebenheiten gegriindeten Schliisse in unbekannte Zeiten hineinzuprojizieren in der Annahme, dass diese Schliisse auch fur diese Zeiten giiltig sind. Warum ein Konflikt? Warum gibt es einen Konflikt zwischen Naturwissenschaft und Bibel iiber das Alter der Erde? Haufig entstehen Konflikte dadurch, dass man sich nicht die Zeit und Miihe zur Verstandigung untereinander nimmt. Zuviele Christen, die von Widerspriichen zwischen der «Wissenschaft» und ihrem Glauben horen, neigen dazu, die Wissenschaft als etwas Boses anzusehen — zumindest als etwas, das man mit Argwohn betrachten und darum sich moglichst vom Leibe halten sollte. Ebenso haben zuviele Wissenschaftler versaumt, das, was die Bibel sagt, sorgfaltig in Augenschein zu nehmen. Schliesslich gibt es auch eine Gruppe von «Zaungasten», denen es Freude bereitet, die Bibel des Irrtums zu beschuldigen, «weil die Wissenschaft das festgestellt hat». Wir sollten uns dariiber im Klaren sein, dass diese Unglaubigen immer Ausreden fiir ihre Ablehnung der Bibel finden werden, ganz gleich, was die Wissenschaft entdecken oder nicht entdecken mag. Einige Definitionen Was eigentlich ist Wissenschaft? Was ist die Bibel? Websters «Collegiate Dictionary*, das amerikanische Standardlexikon, erklart «Wissenschaft» als «Erkenntnis» und spezifischer als «ein Studienzweig, der sich mit der Beobachtung und Klassifizierung von Tatsachen beschaftigt, insbesondere mit der Aufstellung erwiesener allgemeiner Gesetzmassigkeiten...» Wissenschaft ist also Erkenntnis des Menschen von seiner Umwelt, wie er sie sich durch Beobachtungen in Gegenwart und Vergangenheit erworben hat. Wiederum nach Websters "Collegiate Dictionary" ist die Bibel "die Sammlung von Schriften, die von den Christen als von Gott eingegeben und gottliche Autoritat besitzend angesehen werden». Wahrend die Christen anerkennen, dass die Bibel nicht ein Handbuch der Geschichte oder Naturwissenschaft ist, glauben sie dennoch, dass die Bibel auch da irrtumslos ist, wo sie im Vorbeigehen ein Gebiet der Wissenschaft anschneidet. Die Wissenschaft ist die Erkenntnis des Menschen, wahrend die Bibel Gottes Botschaft an den Menschen ist. Was sagt die Wissenschaft wirklich? Man hat verschiedene Methoden angewandt, um das Alter der Erde zu bestimmen. Die Meteoritenblei — Methode wird gegenwartig als die zuverlassigste angesehen. Von verschiedenen Eisen- 122 Der moderne Wissenschaftler und 1. Mose 1 und Steinmeteoriten 2) werden Bleiteile abgesondert und deren verschiedene isotopische Zusammensetzung verglichen. Mit Hilfe der fur die verschiedenen Isotope 3) bekannten radioaktiven Zerfallszeiten wird dann das Alter der untersuchten Bleiproben errechnet. Sicherlich erwecken die untersuchten Gesteinsproben den Anschein, viele Jahrmillionen alt zu sein. Eine Methode, das Alter von kohlenstoffhaltigem Mineral zu bestimmen, das sich in Kontakt mit der Atmosphare gebildet hat, ist als Radiokarbonmethode bekannt. Diese Methode grundet sich auf den radioaktiven Zerfall von «Kohlenstoff 14», eihem Isotop, das durch kosmische Strahlung entstanden ist. Einige auf diese Weise untersuchte Proben scheinen nicht weniger als '70 000 Jahre alt zu sein. Annahmen Die folgenden Erorterungen beabsichtigen ins keiner Weise, die Leistungen zu schmalern, die das Wissen des Menschen liber seine Umwelt vergrossert haben. Die Ergebnisse der Gesteinsforschungen etwa sind als Mittel zur Klassifizierung von verschiedenen Gesteinsgruppen sicherlich sehr wertvoll. In vielen Fallen jedoch muss man, um zu «wissenschaftlichen Ergebnissen» zu gelangen, von gewiscen Annahmen ausgehen; bei der Gesteinsuntersuchung z. B. ist die Annahme die, dass die auf den radioaktiven Zerfall sich beziehenden physikalischen und chemischen Gesetze sich in den vergangenen 4 Milliarden Jahren nicht geandert haben. Eine solche Annahme stiitzt sich auf die Tatsache, dass eine Anderung in diesen Gesetzen seit vielleicht 400 oder allenfalls 4 000 Jahren nicht erfolgt ist. Eine andere Annahme hat es mit den Ausgangsbedingungen des Problems zu tun. Zur Losung der meisten mathematischen Aufgaben verwendet man eine Reihe von «Ausgangsbedingungen*. Die schreiben die angenommenen Werte der verschiedenen veranderlichen Grossen zu einer bestimmten Ausgangszeit (gewohnlich «Zeit null» genannt) vor. Nach «Zeit null» beginnen die Veranderlichen sich entsprechend vom Mathematiker vorgegebenen Regeln zu verhalten. Da bei der Erschaffung der Welt keine wissenschaftlichen Untersuchungen vorgenommen worden sind und die Zeit nicht zuriickgedreht werden kann, kann kein Wissenschaftler nur auf Grund menschlicher Beobachtung feststellen, welches die Ausgangsbedingungen des Weltalls waren und wann sie zustandegekommen sind. 2) 3) Meteorite — Meteorsteine, zur Erde gefallene Sternschnuppen, entweder steinartige Massen, oft mit Eisen, oder nur Eisen, Kobalt und Nickel. Isotope — Chemisch nicht unterscheidbare Elemente, die jedoch verschiedenes Atomgewicht haben. Isotope entstehen besonders auch durch radioaktiven Zerfall. So entsteht z. B. aus dem radioaktiven Uran durch Ausstrahlung allmahlich Blei mit dem Atomgewicht 206, wahrend gewohnliches Blei ein Atomgewicht von 207,2 hat. Nach den heute giiltigen Naturgesetzen hat jedes radioaktive Element eine bestimmte Zerfallszeit, nach welcher es sich in ein nichtstrahlendes Element verwandelt hat. Der moderne Wissenschaftler und 1. Mose 1 123 Obwohl es also heute den Anschein hat, als sei die Erde viele Jahrmillionen alt, konnte sie — rein wissenschaftlich betrachtet — in ihrer gegenwartigen (oder in irgendeiner) Gestalt zu irgendeiner Zeit von einem allmachtigen Schopfer erschaffen worden sein. Es kann kein wissenschaftlicher Beweis fiir das Gegenteil beigebracht werden. Der Ursprung des Lebens Bis jetzt hat sich unsere Untersuchung nur mit der Erschaffung der Erde befasst. Auch der Ursprung des Lebens ist Gegenstand vieler wissenschaftlicher Spekulation. Eine Enzyklopadie z. B. schreibt: «Man hat einmal gelehrt, dass Leben durch ein iibernatiirliches Ereignis geschaffen worden sei. Das ist bei vielen Menschen allgemeiner Glaube gewesen, gegriindet auf die wortliche Auslegung des 1. Kapitels der Genesis, das die Erschaffung aller lebendigen Organismen als einen unmittelbaren Akt Gottes beschreibt. Diese Art von Lehrsatz wird von den meisten Wissenschaftlern nicht in Erwagung gezogen, da er wissenschaftlicher Untersuchung nicht zuganglich ist.» 4) Die Grundlage der heutigen Anschauung vieler Wissenschaftler iiber die Entstehung des Lebens bildet eine im Jahre 1938 aufgestellte Theorie, nach welcher das Leben sich in den Urozeanen bildete, die grosse Mengen organischer Verbindungen enthielten ahnlich denen, die in lebenden Organismen vorkommen. Nach vielen moglichen nicht-biologischen chemischen Reaktionen konnte vermutlich die Synthese des ersten lebenden Organismus sich ereignet haben. — Obwohl einige Wissenschaftler eine Theorie iiber die Entstehung des Lebens aufstellen konnten, ist eine solche Theorie auf keinen Fall ein B e w e i s irgendwelcher Art. Wie ist nun alles vor sich gegangen? Das hervorragendste Merkmal lebender Organismen ist ihre Fortpflanzungsfahigkeit. Eine interessante Bemerkung hierzu machte kiirzlich Dr. M. J. E. Golay, Sargent-Preistrager der «American Chemical Society* fiir chemische Instrumentation. "Nehmen wir an, wir an, wollten eine Maschine bauen, die f ahig ware, sich alle ihre entsprechenden Einzelteile zusammenzusuchen und von diesen Einzelteilen eine zweite, genau gleiche Maschine zusammenzustellen. Was ware das Mindestmass an Struktur oder Information, die der ersten Maschine mitgegeben werden miisste?» Die Antwort bewegt sich in den Grossenordnungen von 1 500 Verbindungen — ein 1500 maliges Auswahlen unter den gegebenen Moglichkeiten, das die Maschine zu entscheiden hatte. Diese Antwort ist sehr interessant; denn zufallig ist 1 500 dieselbe Grossenord4) McGraw-Hill: Encyclopedia of Science and Technology, .S. 496. 124 Der moderne Wissenschaftler und1. Mose 1 nung wie die der Verbindungen im einÍaehsten grossen Protein-Molekü1 5), welches, eingetaueht in ein Bad von Nãhrstoffen, die Vereinigung diesel' NãhrstofÍe zu einem weiteren grossen Protein-Molekül einleiten und sich dann von ihm trennen konnte. Das ist das, was den «Leben» genannten Prozess ausmacht, und wenn wir nicht einen neuen Prozess entdecken, in dem einfachere MolekÜle lebenãhnliche Eigenschaften haben, kann sich die Erforsehung der Geburt des Lebens auf die Erforschung der Moglichkeit und \Vahrscheinlichkeit der spontanen Vereinigung eines solchen MolekÜls aus einem Bad seiner wesentlichen Bestandteile beschrãnken. Und genau hier stossen wir auf eine interessante Schwierigkeit. Wenn wir die gÜnstigsten Bedingungen voraussetzen, unteI' denen diese spontane Entstehung des Lebens auf diesel' Erde sich el'eignet haben k6nnte, kommen wir nirgendwo der spontanen Vereinigung von 1500 Verbindungen aueh nur nahe; wir k6nnen vielleicht ein Zehntel diesel' Zahl in Reehnung stellen. Man sollte das nicht damit abtun, dass dies nur ein Untersehied um eine einzige Gr6ssenordnung sei. Es geht immerhin um eine Differenz von 10 in der Potenz, und es ist ein erheblieher Untersehied zwischen der Vlahrseheinlichkeit einer Verbindung im VerhãItnis 1: 150 und einem WahrscheinHchkeitsverhãltnis 1:2150°. Man k6nnte \veiter eimvenden: dies hãUe an vielen Stellen des Weltalls vor sich gehen konnen, und \venn es nicht hier auÍ der EI'de geschehen ware, würden wir heute gar nicht darÜber sprechen. Nun - multipliziert man 2 150 mit der Zahl der Steme, d. h. mit der Zahl der m6glichen Sonnensysteme im Weltall, dann erhãlt man die Zahl 2 200 und ist damit noch immer weit vom Zie1. Und dennoeh: das Leben h a t begonnen, und wenn wir zurückschauen, etkennen wir zwei Geheimnisse, oder zumindest zwei h6ehst unwahrseheinliche Ereignisse: erstens die Entstehung des Unlversums, von Raum, Zeit und Materie; zweitens die Entstehung des Lebens ... Wir m6gen sogar eines Tages Radikal um Radikal 6), ein unwahrseheinlich grosses Molekül zusammensetzen, das sich selber fortpflanzt. AbeI' auch dies wÜrde nieht das geschichtliche Geheimnis der Entstehung des ersten lebenden Moleküls lOsen.» 7) denken sonst (ta1..Wcc - ei8:;::: anglDT lior.en ê:l' Lichtj2:-~.c~ MenscL,=~:, Gegenwart gegen Vergangenheit Bei irgendeiner wissenschaftlichen Untersuchung muss man dle Notwendigkeit eI'kennen,zwischen der Kenntnis Über das gegenwartig Bestehende und den Vermutungen Über das in der Vergangenheit, insbesondere der vorgesehichtlichen Vergangenheit, Geschehene zu unterscheiden. Ein kleines Kind mag jeden Tag ein grosses Gebãude sehen, nnd vi/eil dieses Gebaude da \var, solange das Kind 5) Protein - Eiweisskorperchen; Molekül - kleinstes Teilchen einer chemischen Verbindung, zusámmengesetzt aus zwei oder mehreren verschiedenen Atomen. 6) Radikal Atomgruppe chemischer Verbindungen. 7) M. J. E. Golay, 1Reflection of a Communication Engineer», 1961, S. 1378 ff. .. ~ -; llcrlê UIIl \.. ;.~-·T: dlC Sch1.us:::f;~ ln cHe 1St, ein .. :~::-: SCllen :. J\Tose 1 Der m.oderr.e Wissenschaftler grossen Protein-Moleahrstoffen, die Vereini['ossen Protein-Molekül mte. Das ist das, was d \venn wir nicht einen \IolekÜle lebenahnliche :hung der Geburt des md \Vahrscheinlichkeit ,leküls aus einem Bad Und genau hier stossen 111 \Vir die günstigsten ~ spontane Entstehung aben k6nnte, kommen '11 1 500 Verbindungen :ehnte1 diesel' Zah1 in t abtun, dass dies nur 19 sei. Es geht immerund es ist ein erhebhkeit einer Verbindung 'heinlichkei tsverha1 tnis ha tte an vie1en 8te11en 2nn es nicht hier auf ;0.1' nicht darüber spreZahl der 8terne, d. h. n We1tall, dann erha1t r weit vom Ziel. Und nn \vir zurÜckschauen, dest zwei hõchst un,hung des UniveI'sums, stehung des Lebens ... ,dika1 6), ein unwahI'das sich se1beI' foI'tcht1iche Geheimnis der 1 on.» 7) lÍleit uchung muss man die tnis ÜbeI' das gegenT das in der Vergan.el'gangenheit, Geschejeden Tag ein gI'osses "0.1',solange das Kind tes Teilchen einer chemi"der mehreren verschie;gineei';, 1961, S. 1378 ff. und 1. Mose 1 125 denken kann, und aIter aussieht ais irgendetwas, das dem Kinde sonst bekannt ist, mag es zu denl Glauben kommen, dass das Gebaude schon immer da waI'; es kann sich einfach nicht voI'stellen, dass solch eil1 gI'osses BauweI'k einen ganz bestimmten Anfang gehabt hat. Nicht jedeI'mann kann ihm das AlteI' des Gebaudes nennen; am besten kann es das von jemanden erfahren, der den Erbauer kennt. Niemand kann die Zeit zurückdI'ehen. AlIe vorgeschichtliche Vergangenheit muss 8pekulation bleiben, éS sei denn, wir halten uns an das Zeugnis, das der Weltschopfer selber hinterlassen hat: die Heilige 8chrift. Olme die Führung dieses Euches sind wir gezwungen, Rückschlüsse aus unserer geschichtlichen Zeit in vorgeschichtliche Zeiten hineinzutragen; wir sind dabei ebenso fehlbar wie bei einem VeI'such, die Zukunft vorauszusagen - beide MaIe bewegen wir uns im Raum des Unbekannten. Astronomen erklaren uns, dass einige 8te1'ne Millionen LichtjahI'e entfernt zu sein seheinen. Die Lichtstrahlen diesel' 8teme verlaufen nahezu paralIel und lassen darum auf ext1'em g1'osse Entfernungen schliessen. Man sollte allerdings nicht vergessen, dass derselbe Gott, der die Erde und alle ihre Lebe\vesen schuf, auch fãhig ist, paI'allele LichtstrahIen Z1.1 schaffen ebenso wie 8teme in einem unendlich grossen V/ eltraun1. Aber warum '? Wenn abeI' das \Veltall tatsachlich so jung ist, wie die BibeI angibt, warum legte Gott solehe Steine de:; Anstasses wie Jahrmillionen alt erscheinendes Gestein, Fossilien und 8teme «Millionen van Lichtjahren entfemb in unsem Weg? Warum senur e1' den ersten lVIenschen ais Erwachsenen und nicht ais Kind? Gewiss hat Gott seine Gründe .für das alIes, lInd. \vir kõnnen seine Absichten h1 dem, was er tut, nicht ergrLlnden. VielIeicht so11eneinige dieser Probleme zuI' P1'ürung unseres Glaubens dienen. Gott der Seh6pfe1' sehuf aueh alle Naturgesetze. Das Wissen des. Menschen Uber seine Um\cvelt ist jedoch gegemvartig naeh weit davon entfemt, vallstãndig Z1.1 sein. Weiche Haltung some die Kirche einnehmen? Obwahl die Bibel nach Gattes Absicht nieht ein wissenschaftUches Lehrbuch ist, 50 ist 5ie nichtsdestoweniger Gottes unfehIba1'es \\1ort und ais solches aueh dann im Reeht, wenn sie naturwissenschaftliehe Gebiete streift. Die erste Aufgabe der KiI'che ist nicht, sich um VeI'lautbarungen von «\Vissenschaftlern» Gedanken zu machen, die die Annahmen darzulegen veI'saumen, unteI' denen sie zu ih1'en 8chlussfalgerungen gelangt sind; floch ist es die Aufgabe der Kirche, in die VeI'gangenheit zu «spekulieren». Die Aufgabe der Kirche ist, einen unveI'anderlichen Christus aIs alleinigen Er16ser der IvIenschen von seinen 8Ünden zu verkündigel1. 126 Der moderne Wissenschaftler und 1. Mose 1 Gottes Wort ist unfehlbar; dennoch lasst sich der Mensch bei der Auslegung der Bibel manchmal Irrtiimer zuschulden kommen. Es hat Irrtiimer von Kirchenmannern gegeben in Bezug auf Dinge, die auch fur die heutige Zeit noch gelten und wissenschaftlich demonstrierbar sind, wie etwa die geometrische Gestalt der Erde oder die Bewegungen der Planeten. Die Frage nach dem Alter der Erde kann jedoch nicht durch wissenschaftliche Demonstration entschieden werden. Das einzige, was man sagen kann, ist, dass es den Anschein hat, als habe die Erde dies und dies Alter, wenn man von den gegenwartig bekannten physikalisehen und chemischen Gesetzen ausgeht. Aber: wie alt e r s c h i e n die Erde an dem Tag, da Gott sie schuf? Solange es keine Moglichkeit gibt, die Zeit zuriickzudrehen, kann es keinen • wissenschaftlichen Beweis dafur geben, dass die Erde irgendeine gegebene Zahl von Jahren alt ist. Sollte die Kirche nun lehren, dass die Schrift in Randfragen unrecht haben konnte? Solche Lehre wird von keiner b e w i e s e n e n wissenschaftlichen Tatsache gefordert. Giaube raid Wissenschaft Soil die Kirche versuchen, sich von diesen Fragen iiberhaupt fernzuhalten?, indem sie fiir sich nur in Anspruch nimmt, in Dingen des Glaubens zu sprechen, und das Gebiet der Wissenschaft andern uberlasst? Eine solche «sauberliche Trennung» konnte in mancher Beziehung ratsam erscheinen; sie wiirde uns von der Notwendigkeit zu befreien scheinen, unsern Glauben zu verteidigen, wo «die Wissenschaft» widerspricht. Aber wenn wir den Aussagen der Bibel iiber wissenschaftliche Gebiete nicht glauben — wie sollen wir denn Tod und Auferstehung Jesu ansehen: als medizinische oder als theologische Aussage? Die «Moderne» Medizin» sagt, dass eine Widerbelebung nach vielen Stunden des Todes nicht eintreten kann. Wenn man nun darauf besteht, dass Wissenschaft und Giaube zwei vollig voneinander getrennte Gebiete sind, kann man dadurch schliesslich direkt zur Leugnung des christlichen Glaubens gefiihrt werden. Viele dieser Fragen lassen sich auf die eine Grundfrage zuruckfiihren: Sollen wir das Wort des Menschen mit seiner begrenzten Beobachtung annehmen oder das Wort des Schopfers selber? Noch kurz vor dem Zweiten Weltkrieg lehrte die «Wissenschaft», dass Materie weder geschaffen noch vernichtet werden konnte. Dann kam die Atomkernspaltung und die Verwandlung von Materie in Energie. Wenn Menschen behaupten, dass neue «wissenschaftliche» Ergebnisse einen Teil der Bibel als unrichtig «bewiesen», ist es gut, sich an eine Stelle wie Eph. 4,14 zu erinnern: « . . . auf dass wir nicht mehr Kinder seien und uns bewegen und wiegen lassen von allerlei Wind der Lehre, durch Schalkheit der Menschen und Tauscherei, womit sie uns erschleichen, uns zu verfiihren.». Es ist fiir irgendeine Kirche gefahrlich, ihre Lehren der Wissenschaft des Tages anzupassen; die Kirche, die sich andert, um jeder Laune des Publikums gerecht zu Der moderr.e Wissenschaftler und 1. Mose 1 127 werden, verliert bald die Achtung aller. Rom. 12,2 warnt uns: «Stellet euch nicht dieser Welt gleich», und 1. Tim. 6,20 ermahnt: «Bewahre, was dir vertrauet ist, und meide die ungeistlichen, losen Geschwatze und das Gezanke der falsch beriihmten Kunst.» Ausreden Wer sich weigert, sich der Kirche anzuschliessen, weil sie unwissenschaftlich sei, sucht ganz einfach eine Ausflucht, — versucht, vor Gott zu fliehen. Solche Angaben lassen Anbetung des Menschen und seiner Weisheit, nicht aber Gottes, erkennen. Mark. 10,27 aber sagt Jesus uns, dass «alle Dinge moglich sind bei Gott». Andererseits darf der Christ niemals die Stellung einnehmen, dass wissenschaftliche Forschung als solche vom libel ist. Gerade in 1. Mose 1 gibt Gott dem Menschen den Auftrag, seine Umwelt zu untersuchen: «FiAllet die Erde und macht sie euch untertan und herrschet iiber die Fische im Meer und iiber die Vogel unter dem Himmel und iiber alles Getier, das auf Erden kriecht.» Zum Abschluss Der Wissenschaftler kann die ganze Bibel als Gottes eingegebenes Wort annehmen; denn sie ist unfehlbar, d. h. sie enthalt keinen Irrtum, insbesondere keinen wissenschaftlichen Irrtum. Die in wissenschaftlichen Kreisen oft gebrauchte Redensart:, «Es wird allgemein angenommen», ist einer der grossten Feinde wahren wissenschaftlichen Fortschritts. Ein Mensch. wird ein um so besserer Wissenschaftler und echterer Forscher sein, je mehr er an der klaren Unterscheidung zwischen Annahme und bevviesener Tatsache festhalt. Die Offenbarung St. Johannes' schliesst mit einer ernsten Warming an alle, die die Lehre der Kirche im Namen der «Wissenschaft» oder irgendeiner andern Lehre verandern mochten: «So jemand dazusetzt, so wird Gott zusetzen auf ihn die Plagen, die in diesem Buch geschrieben stehen. Und so jemand davontuf von den Worten des Buches dieser Weissagung, so wird Gott abtun sein Teil vom Holz des Lebens und von der heiligen Stadt,- davon in diesem Buch geschrieben ist» (22,18 f.). Abschliessend sei noch einmal festgehalten: Wenn die Heilige Schrift iiber wissenschaftliche Dinge spricht, ist sie irrtumslos. Offensichtlich weiss der Schopfer, was er geschaffen hat. 128 Miscelanea MISCELANEA «Die Kechte der Christen mit Fiissen getreten» (Ein Brief russisch-orthodoxer Monche an ihre Regierung und die Weltchristenheit) In der Sowjetunion hat, trotz der. «weicheren Welle», mit der nach Ansicht mancher Leute im Westen dort driiben heute regiert wird, die Verachtliehmachung, Unterdriickung und Verfolgung der Christen nicht aufgehort. Die Methoden, die Kirche in den «Schwitzkasten» zu nehmen, sind fur die Weltdffentlichkeit nicht mehr so sichtbar wie zu Stalins Zeiten. Sie sind deswegen nicht weniger grausam und folgenreich. Wir veroffentliehem im folgenden mit einigen unerheblichen Kiirzungen einen. Brief, den russiseh-orthodoxe Monche und Laienchristen an Chruschtschow und andere sowjetische Ftihrungsstellen gerichtet haben. Ahnliche Briefe erhielten der amerikanische Prasident Kennedy und der Oekumenische Rat der Kirchen. Das beriihmte orthodoxe Maria-Himmelfahrt-Kloster von Potschaew in der wolynischen Ebene, im 13. Jahrhundert gegriindet; hatte vor dem Ersten 'Weltkrieg liber 1000 Monche. Der winzige Rest von 36 leidet heute unter Schikanen und Unterdruckungsmassnahmen, wobei der Mut jener Christen zu bewundern ist, der sich nicht nur in der Tatsache ihres Briefes ausdnickt. — Folgend der Brief: Liebe Ftihrer und Regierende unseres freiheitsliebenden Staates! Wir wenden uns an Sie und bitten Sie, die gesetzeswidrigen Handlungen unserer Behorden, die gegen uns .Glaubige angewandt werden, abzustellen. Wir leben in einem Land der Freiheit, die in der Verfassung und den Bestimmungen des Zentralkomitees der Kommunistischen Partei der Sowjetunion verankert ist; aber das ist alles nur auf deni'Papier! Wir erleiden allmogliche Unterdriickungen, Erniedrigungen, Belastigungen, das Auslachen, Drohungen, wir sind ausserhalb des Gresetzes, man tut mit uns, was man will. Unsere Beschwerden erreichen die Regierung nicht, und gibt es denn uberhaupt eine Steile, wo man sich beschweren kann? Die Behorden, die offentlichen Stellen, die Gottlosen sind zu den reaktionaren Methoden des Kampfes gegen glaubige Menschen mit einer Keule in der Hand ubergegangen. Sie zerstoren unsere geistige Kultur, sie zerstoren und schanden unsere Kirchen, unsere heiligen Statten. Die Gesetze von Lenin iiber die Freiheit des Glaubens, die fur die Glaubigen der orthodoxen Kirche festgesetzt sind, werden mit Fiissen getreten, verkannt, ausgelacht und geschandet. Wir erleiden unmogliehe Erniedrigungen. . . In unserem geliebten Potschaew wurde sogar die Friedhofskirche verbrannt, und in der Heiligen Lawar (Kloster) von Potschaew behandelt man die Monche so, wie man es in den ersten Jahrhunderten des Christentums getan h a t . . . Zu dieser schandlichen Tatigkeit wurden alle fiihrenden Behordenmitglieder und Organisationen yon Potschaew und vom Gebiet Tarnopol hinzugezogen sowie die Organe der Ortsmiliz von Potschaew mit einer grossen Anzahl von Milizleuten und sogenannten Helfershelfern von der Miliz, die Miscelanea 129 wahrend der letzten zwei Jahre Tag fur Tag der Bevolkerung verbieten, die Heilige Lawar zum Zwecke des Gottesdienstes und des Gebets zu besuchen. Sie stellen ihre Wachen auf, am Heiligen Tor des Klosters haben sie den Stab der Volksmiliz aufgestellt, sie ergreifen mit Gewalt die Wallfahrer, setzen sie ins Auto und fahren sie in einen entfernten Wald mit der Drohung, dass, wenn sie noch einmal sich im Gebiet der Heiligen Lawar zeigen, sie fiir fiinf Jahre ins Gefangnis geworfen werden, «fiir Landstreicherei», was auch tatsachlich gesehieht. Die Behorden verbieten den Wallfahrern die Benutzung jeder Art von Verkehrsmitteln. . . Die Wallfahrer sind froh, die schwere Last des Zufussgehens auf sich nehmen zu miissen, um nur die heiligen Statten yon Potschaew zu erreichen, den Segen des Heiligen Berges zu bekommen, von der Quelle der Gottesmutter Wasser zu trinken- aber dorthin werden sie nicht zugelassen, sie werden durchsucht, es werden ihnen ihre Sachen und ihr Geld abgenommen, sie werden verhaftet, sie werden mit alien moglichen schandliehen Worten beschimpft, sogar geschlagen, und nirgends konnen sie sich fiir ein paar Tage verbergen, weder am Tag noch in der Nacht. Tag fiir Tag werden die Passe kontrolliert und an Feiertagen sogar zweimal, am Tag und wahrend der Nacht. Die Milizhelfer gehen mit dem Chef der Passabteilung von Wohnung zu Wohnung und durchsuchen, ob sie nicht einen angekommenen Wallfahrer dort finden, und wenn sie einen solchen finden, so wird der Wohnungsinhaber mit einer Strafe liber 50 Rubel belegt, und es werden ihm fiir den Widerholungsfall die Verbannung aus Potschaew angedfoht. Der Bevolkerung von Potschaew wurde es verboten, die Lawra zu besuchen, wer dieses Verbot nicht befolgt, verliert seinen Arbeitsplatz und wird aus Potschaew verbannt. Wo ist die Freiheit der Keligionsausiibung ? Wo 1st die Freiheit des Gewissens ? In Wirkliehkeit ist alles zertreten, ist alles geschandet. . . Die Trennung von Kirche und Staat wird so verstanden: Die Monche diirfen hichts haben, was vom Staat erzeugt wird. und unter diesem Vorwand haben die ortlichen Behorden das Kloster von allem beraubt, was es noch. in der- Zeit der polinischen Republik h a t t e . . . Es wurden der Lawra alie Gebauden weggenommen, sogar solche, ohne die das Kloster nicht existieren kann, wie zum Beispiel der Klosterfriedhof, das Heilige Tor, der Wasserturm, die eigene Elektrizitatsversorgimg und alle Reparatur- und Baumaterialien, die das Kloster braucht, das Dacheisen, die Marmor- und Metallplatten, bimte Metalle, der Gemiisegarten sowie der Obstgarten. . . Die Monche werden tagtaglich mit alien moglichen schandliehen Schimpfworten beschimpft, werden gemartert und geschlagen. Es wird von ihnen das freiwillige Weggehen aus dem Kloster verlangt. So wurde z. B. letztes Jahr der Wachhabende des Klosters, der Monch Isidoros, geschlagen, der Monch Grigorios wurde im Gefangnis zu Tode gemartert. Ein anderer Monch wurde zu Tode geschlagen. Aber die meisten Monche wollen, obwohl sie verschiedene Martyrerqualen erleiden miissen, bis zum Tode die Heilige Lawra nicht verlassen. . . Gegen solche werden noch starkere Gewaltmassnahmen angewandt. Die jiingeren, die seinerzeit wegen Krankheit von der Soldatenmusterung befreit wurden und im Besitz der entsprechenden Bescheinigung sind, wurden auf Befehl 130 Miscelanea des Komitees der Staatssicherheit vorgeladen und von den Arzten wieder gesund geschrisben und zum Militardienst mobilisiert. Obwohl einige von ihnen ganz invalide sind, wurden sie von der Heiligen Lawra auf diese Weise verjagt. Einige von ihnen, die ganz ausserstande waren, den Kriegsdienst zu versehen, wurden fiir untauglich erklart, weil sie augenscheinlich untauglich waren wie Einbeinige und Einarmige. Aber ihnen w.urde der Zutritt zu der Heiligen Lawra verboten. Es wurde ihnen sogar verboten, in dem Ort Potschaew zu verbleiben. Was die alteren Monche betrifft, so werden sie folgendermassen behandelt: Im Kloster werden tagtaglich medizinische Untersuchungen der Monche durchgefiihrt, und es werden ihnen verschiedene Krankheiten zugeschrieben. Sie werden mit Gewalt aus dem Kloster zur Heilung in Krankenhauser tiberfuhrt, obwohl sie in Wirklichkeit ganz gesund sind. Letztes Jahr wurde ein Dutzend Monche eine langere Zeit in der Heilanstalt von Potschaew untergebracht. Sie bekamen verschiedene sohreckliche Spritzen, so dass sie kaum am Leben geblieben sind. Andere Monche wurden als ruhrkrank erklart und wurden, obwohl sie ganz gesund waren, in das Krankenhaus uberfiihrt, wo man sie langer als zwei Monate gehalten hat. Dort verlangte man von ihnen, dass sie das Kloster freiwillig verlassen, wenn sie vom Moskauer Gesundheitsamt entlassen wurden. Den Monchen, die standhaft sind und die sich weigern, sich einer solchen Kur zu unterziehen, werden die Passe weggenommen, und sie werden dann dem Gericht iiberstellt, weil sie ohne Ausweispapiere sind. So geschah es zum Beispiel dem alten Monch Wassilij, da er sich weigerte, Spritzen zu empfangen. Er wurde zu zwei Jahren Gefangnis verurteilt. Das glaubige "Volk war ilber diese Tatsache so emport, dass es zu einem Aufstand kam. Auf diese Weise haben die Behorden des Komitees der Staatssicherheit wahrend der letzten zwei Jahre von 1961 bis 1962 den Stand des Klosters von 140 Monchen auf 36 verringert. Aber letztere erwartet das gleiche Sehicksal; denn auf Grund der letzten medizinischen Untersuchungen wurden von ihnen 23 Monche als krank erklart, von denen die meisten einer stationaren Behandlung bediirften. TJnd das obwohl sie alle kerngesund sind. Alle diese Gewalttaten sind selbstverstandlich dem Hochheiligen Patriarchen Alexius von Moskau und besonders dem Bischof Grigorias von Lwow und Tarnopol bekannt, aber ihre Hande sind gebunden, und sie haben keine Moglichkeit zu helfen. Denn sie selbst stehen unter den Drohungen des Komitees der Staatssicherheit, auf dessen Anweisung auch schwache und nachgiebige Monche benannt werden, wie zum Beispiel der Dekan der Lawra, der Abt Wladislaw, der den gesetzwidrigen Handlungen der Behorden gegeniiber sich nachgiebig zeigte und die Auslieferung der Monche duldete. Durch solch einen Zustand und solche Handlungen der geistigen Piihrung des Klosters haben die weltlichen Machthaber die ganze Macht im Kloster ubemommen und handeln im Geistlichen Rat des Klosters, wie sie es wollen. . . Die Miliz bestimmt auf Weisung des Komitees der Staatssicherheit die Sitzungen des Geistlichen Rates, an denen die fuhrenden Behorden der Ortschaft und des Ortskomitees, der Miliz, der Leiter der Passstelle und andere Parteiorgane teilnehmen und dem Geistlichen Rat die Beschliisse abverlangen, die sie erreichen Livros 131 wollen. Sie zwingen die Mitglieder des Geistlichen Rates der Lawra, eine Unterschrift unter diese Entschliisse zu vollziehen. Die ganze orthodoxe Bevolkerung unseres Landes ist iiber die Gewalttaten der Parteiorganisationen emport. Von alien Enden unseres Landes werden Protestsehreiben an die ho'chsten Stellen der Regierung, an Chrustschow, an das Staatsoberhaupt Breschnew, in die Redaktion der Regierungszeitung Iswestija und viele andere zustromen, aber alle diese Protestsehreiben werden nach Tarnopol gesehickt, und keine Beschliisse werden gefasst; im Gegenteil, die Repressalien verstarken sich. Wir sind alle in Verzweiflung, und wir bitten Sie, diese unmenschlichen Schandtaten, denen die Glaubigen unterworfen sind, zu beseitigen. Erhalten Sie uns unsere heilige Statte. (Aus «Kirche und Mann», Februar 1963, 5) Dieser Brief zeigt nur zu deutlich, wie die wirkliche Einstellung des Bolschewismus zu irgend einer Religionsausserung ist. Selbst wenn uns die Einrichtungen der orthodoxen Kirche als nicht schriftgemass erscheinen, miissen wir doch feststellen, dass es den Vertretern des militanten Atheismus durchaus nicht darauf ankommt, ob es sich um eine orthodoxe — oder um eine evangelische Kirche handelt. Im Bolschewismus ist • der sogenannte sozialistische Staat, ist die Idee zum Gott erklart. Neben diesem «Gott» kann auf die Dauer keine Religionsausserung geduldet werden, die nicht innerhalb der materialistischen Weltanschauung unterzubrmgen ist. Was hier an einem Kloster der orthodoxen Kirche geschehen ist und geschieht, ist tausendfach auch an evangelischen und lutherisehen Kirchen geschehen — und wird iiberall dort sich wiederholen, wo der Kommunismus. die Oberhand gewinnt. Kommunismus in seiner marxistischen Form ist vom Materialismus und Atheismus nicht zu trennen. H. B. LIVROS Ministerio Eficiente. Da autoria do rev. Eduardo Mena Barreto Jaime. 128 paginas. A venda em diversas livrarias evangelicas. Sobre a finalidade da obra, o autor, pastor idoso e bem conhecido em meios evangelicos, escreve: «Urge que o obreiro do Senhor nao somente wnhega a arte de pregar, mas que saiba tambem dirigir eficientemente uma par6quia, em sua ampla esfera de agao, bem assim o segredo de guiar os que se acham dentro, de atrair os que se acham fora e de promover o crescimento espiritual de todos.» Os temas da teologia pratica constituem, pois, o conteudo do livrinho. Apesar de nao entrar profundamente em toda a casuistica, o autor esta dando muitos bons conselhos. Escreve ele, por exemplo, sobre o conteudo do sermao: «A missao do pregador nao e ensinar filosofia, a «rainha da ciencia», mas a sua missao e levar o ouvinte a luz do Esplrito Santo a aceitar a Jesus como seu Salvador. Sua missao nao e agradar o auditorio, entreter os ouvintes, e muito menos exaltar a importancia e o valor da pessoa do ministro, a habilidade de seu genio, a eloqiieneia da sua 132 Livros oratoria. No ministerio da pregagao desaparece a personalidade humana para, somente aparecer a de Cristo, que e o tema central de todos e em todos os sermoes.» A finalidade principal do livrinho e enaltecer o santo ministerio e animar todos os pastores a trabalharern com zele na vinha de Deus. No cerpitulo «0 ministro no seu trono» lemos: '<Ergue-se (a pastor) na tribuna, refletindo no rosto a luz da comunhao em que estivera com o Senhor Jesus. Erecta posigao do corpo — nao encurvada e impropria — deixa em todos uma impressao de alento e de vitoria. Sua presenca infunde no recinto o maior silencio, no meio do qual se ouve a doce mensagem.» E no ultimo ca. pitulo: «0 ministro que habitualmente permanece no vale da tristeza e do riesanimo, disse Jeferson, torna-se imprestavel. O servo de Cristo faz soar os clarins da Esperanga benfazeja. Aquele que so vive a lamentar-se- nao pode sef o embaixador do esperangoso e radiante Jesus.» Recomendamos a obra a nossos pastores. P. S. MINISTERIO EFICIENTE encontra-se a venda na CASA PUBLICADOEA CONCORDIA S.A. Eua Sao Pedro, 633 - 639 — Cx. Postal, 916 PORTO ALEGRE — Rio Grande do Sul ao prego de Cr$ 300,00 INDICE Marxismo e Cristianismo 69 D^r Christ und die Arbeit unter dem Ersten Gebot (Schluss) 88 Die Haupterfordernisse der Predigt, die grundlegend sind fiir den Ban der Gemeinde Christi Estudo Homiletico 93 .. Der moderne Wissenschaftler und 1. Mose 1 108 120