CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO RIO GRANDE DO NORTE
PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL
MÉDIO INTEGRADA AO ENSINO MÉDIO NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
MARIA LÚCIA DE FÁTIMA DIAS
ZELDA SIMPLICIO DE SALES CALDAS
IMPLANTAÇÃO DO PROEJA NO TURNO NOTURNO NA ESCOLA ESTADUAL
PROFESSOR EDGAR BARBOSA: POSSILIBIDADES E LIMITES
Natal/RN
2007
MARIA LÚCIA DE FÁTIMA DIAS
ZELDA SIMPLICIO DE SALES CALDAS
IMPLANTAÇÃO DO PROEJA NO TURNO NOTURNO NA ESCOLA ESTADUAL
PROFESSOR EDGAR BARBOSA: POSSILIBIDADES E LIMITES
Monografia
apresentada
ao
curso
de
Especialização em Educação Profissional Técnica
de Nível Integrada ao Ensino Médio na
Modalidade de Educação de Jovens e Adultos,
como requisito para obtenção do Título de
Especialista.
Orientadora: Profª M. Sc. Rosa Aparecida
Pinheiro.
Natal/RN
2007
MARIA LÚCIA DE FÁTIMA DIAS
ZELDA SIMPLICIO DE SALES CALDAS
IMPLANTAÇÃO DO PROEJA NO TURNO NOTURNO NA ESCOLA ESTADUAL
PROFESSOR EDGAR BARBOSA: POSSILIBIDADES E LIMITES
Monografia apresentada ao programa de Pós-Graduação do Centro Federal de Educação
Tecnológica – CEFET como parte requisito para obtenção do Título de Especialista do
Programa Especial de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), recebendo o conceito
__________________________________________________________________________.
________________________________________________________
Profª. M. Sc. Rosa Aparecida Pinheiro
Orientadora
Prof. Dr. Walter Barbosa Pinheiro Jr.
PROFª.Drª. Francisca Terezinha Oliveira Alves
Natal/RN
2007
Dedicamos este trabalho aos nossos familiares
pela compreensão dispensada durante o
percurso da especialização
Dedico principalmente as minhas filhas e
netas. (Lúcia)
Dedico especialmente a meu esposo Cleofas e
aos meus filhos, Cleo e Zeus. (Zelda).
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus por ter nos conduzido ao término desse curso,
com responsabilidade e compromisso;
A Dicla Naate, pelo apoio;
Aos professores Graça Baracho e Dante Henrique pela receptividade;
Ao professor Otávio, pelo estímulo e confiança;
Aos Diretores, Coordenadores, Professores e Funcionários da Escola Estadual Profº
Edgar Barbosa e Técnicos da SEEC, que através das entrevistas contribuíram com dados
necessários para nossa reflexão e análise;
À professora Rosa Aparecida, nossa orientadora pelo carinho dedicado e pelo seu
profissionalismo;
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o nosso êxito.
RESUMO
O presente trabalho busca investigar as possibilidades e os limites de implantação do
PROEJA, delimitando o campo na Escola Estadual Professor Edgar Barbosa, turno noturno,
no município de Natal/RN. A partir de uma fundamentação teórica na área, realizou-se uma
abordagem sobre as concepções norteadoras da EJA, as questões que envolvem o PROEJA
como legislação, currículo e formação de professores, levando-se em consideração a diferença
entre a educação propedêutica e a profissional, bem como os Decretos que integram essa
formação e que abrangem o PROEJA nos vários sistemas de ensino. Com base nas entrevistas
realizadas no universo da escola campo de observação e da Secretaria de Estado da Educação
e da Cultura/RN, discutiu-se sobre as possibilidades e dificuldades de implantação, onde
constatou-se alguns limites que decorrem dentre as causas e em torno, levantou-se alguns
questionamentos e buscou-se alguns encaminhamentos que possam levar à superação de
problemáticas da área educacional no âmbito do PROEJA.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. PROEJA. Legislação. Qualificação
Profissional.
ABSTRACT
The present work searchs to investigate the possibilities and the limits of implantation of the
PROEJA, being delimited the field in the State School Professor Edgar Barbosa, at night, in
the city of Natal/RN. From a theoretical recital in the area, a boarding was become fullfilled
on the to lead conceptions of the EJA, the questions that involve the PROEJA as legislation,
resume and formation of professors, taking itself in consideration the difference between the
propedeutic education and the professional, as well as the decrees that integrate this formation
and that they enclose the PROEJA in the some systems of education. On the basis of
interviews carried through in universe of school field of comment and of State Secretary of
Education and of Culture/RN, argued on possibilities and difficulties of implantation, where it
evidenced some limits that elapse amongst the causes and in lathe, it arose some questionings
and it searched some that guiding can lead to the overcoming of the scope of the PROEJA.
Key Words: Young and Adult education. PROEJA. Legislation. Professional qualification.
LISTA DE SIGLAS
CEB
Câmara de Educação Básica
CNE
Conselho Nacional de Educação
EJA
Educação de Jovens e Adultos
LDB
Lei de Diretrizes e Bases
MEC
Ministério da Educação e Cultura
PLANFOR
Plano Nacional de Qualificação Profissional
PROEJA
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação
Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos
PROEP
Programa de Expansão da Educação Profissional
SEEC
Secretaria de Estado de Educação e Cultura
SEMTEC
Secretaria de Educação Média e Tecnológica
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................
Pg.
10
IMPLANTAÇÃO DO PROEJA NA ESCOLA ESTADUAL PROF° EDGAR
BARBOSA ............................................................................................
1.1 CONCEPÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO ..........................................................
1.2 BASES LEGAIS. .............................................................................................
1.3 PERFIL DO PROFESSOR DA EJA ...............................................................
1.4 FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO ESPAÇO PROFISSIONALIZANTE.
13
13
15
19
21
METODOLOGIA ...............................................................................................
2.1 O PROCESSO DE PESQUISA: A COLETA DE DADOS ...........................
23
23
III CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA ................................................................
3.1 – O AMBIENTE ESCOLAR ..........................................................................
25
25
IV POSSIBILIDADES E LIMITES DE IMPLANTAÇÃO DO PROEJA .........
4.1 POSSIBILIDADES DA IMPLANTAÇÃO DO PROEJA NA ESCOLA ......
4.1.1 Importância da Estrutura Curricular Integrada .............................................
4.2 DIFICULDADES DE IMPLANTAÇÃO DO PROEJA NA ESCOLA
ESTADUAL PROF° EDGAR BARBOSA ...........................................................
28
28
31
CONCLUSÃO E SUGESTÕES .........................................................................
35
REFERÊNCIAS ..................................................................................................
37
I
II
33
10
INTRODUÇÃO
O trabalho de conclusão do curso de Pós-graduação Latu Sensu em Educação
Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio na modalidade de Educação
de Jovens e Adultos, aqui apresentado, retrata a realidade do Ensino Médio Integrado no geral
e em particular, da Escola Estadual Professor Edgar Barbosa, em Natal/RN, objetivando
investigar as possibilidades concretas e os limites de implantação do PROEJA no turno
noturno da referida escola.
Este trabalho justifica-se por estarmos diante de processos educacionais que concluem
na sua essência, as tensas relações entre trabalho, o emprego, a escola e a profissão. Tais
relações resultam de emaranhada rede de determinações, mediações e conflitos entre
diferentes esferas da sociedade: econômica, social, política e cultural. Com isso, devemos
considerar que no sistema educacional, historicamente, está localizado e circunstanciado
complexos movimentos de construção e reconstrução, determinados por fatores de ordem
econômico social e político cultural, definindo os contextos em que se situam os diferentes
atores sociais, demonstrando interesses específicos.
Nesse contexto, surge a necessidade de se construir uma política educacional que
integre a formação profissional ao campo de um sistema nacional de educação, universalizado
e democratizado, destacando-se o Programa de Integração da Educação Profissional Técnica
de Nível Médio ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos –
PROEJA, como proposta pedagógica e política para todos os que querem modificar este país
com a expectativa de crescimento e justiça social.
Torna-se necessário explorar os espaços possíveis oferecidos pela LDB 9394/96,
buscando gradualmente incorporar a formação profissional técnica à educação básica para
atender às exigências não apenas do trabalho, mas da própria sociedade contemporânea.
11
Exige-se então a articulação entre o sistema de ensino com o mundo do trabalho para o
reconhecimento do saber que o trabalhador adquire no exercício da profissão, estabelecendo
assim, condições de continuidade dos estudos, bem como de certificação formal.
A globalização econômica e social, baseada na expansão da economia de mercado e
comandada pelo crescente domínio das corporações internacionais, está determinando uma
revalorização da força de trabalho através da qualificação técnica e profissional, aliado a uma
formação que combine na sua prática e nos seus fundamentos científico-tecnológicos e
históricos sociais - trabalho, ciência e cultura – e o “papel estratégico da educação profissional
nas políticas de inclusão social” (Documento Base – PROEJA, 2006).
Considerando essa globalização e o conjunto de mudanças e seus efeitos no Estado do
Rio Grande do Norte, verifica-se certa necessidade na criação de curso na rede estadual de
ensino, voltada para a qualificação e aperfeiçoamento profissional da população jovem e
adulta, por meio de mão-de-obra especializada como objetivo de preencher lacunas no
mercado de trabalho potiguar.
Logo, a formação adquirida na rede pública de ensino produzirá efeito
socioeconômico positivo, tanto na escolaridade, quanto na renda desses prováveis
trabalhadores, levando ao preenchimento das vagas disponíveis no mercado de trabalho e à
satisfação da escola pública em cumprir, com justiça e atualidade, um ensino de qualidade.
Daí reside a nossa discussão em implantar o PROEJA no turno noturno da Escola
Estadual Profº Edgar Barbosa, visto que já está consolidado o Curso Técnico de Nível Médio
Integrado em Secretariado nesta escola, com uma formação ampla de conhecimentos gerais e
específicos.
Diante do exposto, investigamos as possibilidades e limites de implantação do
PROEJA no turno noturno na escola acima citada, visto que esta apresenta uma infra-estrutura
condizente com as exigências do programa e também um quadro de profissionais em
12
educação que já atua com um público característico de jovens e adultos e que atende na
medida do possível, as necessidades da realidade vivenciada por esses sujeitos.
Com isso, vislumbramos que estes jovens e adultos estudantes se qualifiquem para
terem uma habilitação e possam interagir no mundo do trabalho.
Na estruturação do trabalho, procuramos inicialmente, refletir sobre as concepções de
educação, enfocando as questões conceituais e a teorização que lhe é pertinente quanto à
educação profissional, como também do ensino médio integrado e EJA. A metodologia
utilizada foi a coleta de dados através de entrevista com os diversos profissionais envolvidos
no processo, tais como: professores, equipe técnico-pedagógica da escola e técnicos da
SEEC/RN. A seguir, fizemos a caracterização do ambiente escolar, destacando as boas
instalações físicas e salas ociosas que a Escola Estadual Prof. Edgar Barbosa dispõem.
Posteriormente, buscamos discutir as possibilidades e limites de implantação do PROEJA na
referida escola, como também apresentamos os resultados obtidos através das entrevistas
realizadas. Por fim, apresentamos nossas conclusões e sugestões a que chegamos diante do
trabalho finalizado.
13
I IMPLANTAÇÃO DO PROEJA NA ESCOLA ESTADUAL PROFº
EDGAR BARBOSA
1.1 CONCEPÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO
A educação escolarizada é o referencial permanente de formação geral de nossa
sociedade que tem como objetivo fundamental o desenvolvimento total do ser humano
inteirado por valores éticos, sociais e políticos, de modo que preserve a sua dignidade e que
possa desenvolver ações na sociedade fundamentado nos mesmos valores. Esse é um
entendimento amplo da educação, diferente da tradição da formação profissional, que, desde
sua origem, é levada a ligar-se excessivamente aos fins e valores do mercado, ao domínio de
métodos e técnicas, aos critérios de produtividade, eficácia e eficiência do processo.
A educação profissional foi apresentada pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB nº.
9.394/96, no capítulo III, art. 39, “A educação profissional, integrada às diferentes formas de
educação, ao trabalho, à ciência e a tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de
aptidões para a vida produtiva”. Esse termo apresentou uma ambigüidade no que diz respeito
ao entendimento básico de educação, levando ao condicionamento de compreender a
educação no seu sentido mais amplo e explicar suas atividades como formação profissional.
Ao longo do tempo, a educação profissional foi utilizada com outros termos como:
ensino profissional, formação profissional, ou técnico-profissional, técnico-industrial,
qualificação, dentre outros, cujos conceitos incorporaram novos sentidos levando em
consideração a nova realidade produtiva e a reorganização dos segmentos de trabalho. Não
existe um consenso sobre o significado desses termos, mas deve-se reconhecer que existem
normas técnico-pedagógicas e referências conceituais para sua escolha.
14
Tais referências, de acordo com o Ministério da Educação e Cultura, tornaram-se uma
constante no Governo Fernando Henrique Cardoso, caracterizada pelo Decreto nº. 2.208, de
17 de abril de 1997, art. 3º, que institui a oferta de cursos modulares, segmentados, com
grande variação de carga horária, legitimando a “qualificação, requalificação e
reprofissionalização de trabalhadores, independente de escolaridade prévia”. Assim como o
aproveitamento de outras experiências profissionais dos trabalhadores que poderiam ser “...
objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão dos
estudos”, segundo a Portaria 646/97, que regulamentou os art. 39 a 42 da LDB. Realizou-se
então a reforma que estabeleceu uma nova configuração da educação profissional com o apoio
do Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP), regulamentada pela Portaria
1005/97 do MEC, que teve repercussão não apenas na rede federal de ensino, mas também
nas estaduais e privadas.
Outra face controversa dessa prática consubstanciou-se no Plano Nacional de
Qualificação Profissional (PLANFOR), que apresentou inicialmente, a educação profissional
como paliativo para o problema do desemprego, subemprego e da precarização do trabalho,
destacando a formação dos trabalhadores no conjunto das transformações produtivas, da nova
organização o trabalho, como também das novas tecnologias, transferindo para o indivíduo, a
responsabilidade do Estado, principalmente na área social como saúde e educação.
O documento do Ministério da Educação e Cultura - MEC anunciou no início do
Governo de Luís Inácio Lula da Silva, o tratamento a ser dado à educação profissional,
reconstruindo-a como política pública e também,
Corrigir distorções de conceitos e de práticas decorrentes de medidas
adotadas pelo governo anterior, que de maneira explicita dissociaram a
educação profissional da educação básica, aligeiraram a formação técnica
em módulos dissociados e estanques, dando um cunho de treinamento
superficial à formação profissional e tecnológica de jovens e adultos
trabalhadores. (BRASIL, 2005, p.2)
15
Uma das correções mais importantes foi a revogação do Decreto nº. 2208/97 pelo
Decreto nº. 5154/2004, que recolocou a possibilidade da oferta de educação profissional
técnica de nível médio e o ensino médio de forma integrada, com currículo específico
(necessidade de integração), de acordo com o disposto no artigo nº. 36 da LDB e do parecer
39/04 – CEB/CNE, articulado, organizado e estruturado enquanto uma proposta de total
formação (FRIGOTTO et al., 2005, p. 1089)
1.2 – BASES LEGAIS
Nesse contexto, com vistas à implantação do Programa Nacional de Integração da
Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e
Adultos – PROEJA tem no Decreto N.º 5.840, de 13 de julho de 2006, as regras no qual
institui, no âmbito federal, e determina no Art. 1º, § 3º as instituições que deverão adotar o
sistema: “públicas dos sistemas de ensino estaduais e municipais e pelas entidades privadas
nacionais de serviço social, aprendizagem e formação profissional vinculadas ao sistema
sindical (“Sistema S”), sem prejuízo do disposto no § 4o deste artigo”.
A legislação cita no § 4o do Art. 1º que “os cursos e programas do PROEJA deverão
ser oferecidos, em qualquer caso, a partir da construção prévia de projeto pedagógico
integrado
único,
inclusive
quando
envolver
articulações
interinstitucionais
ou
intergovernamentais”. (BRASIL, 2006, p.1).
Complementando, o § 5o diz que para os fins deste Decreto, a rede de instituições
federais de educação profissional compreende a Universidade Federal Tecnológica do Paraná,
os Centros Federais de Educação Tecnológica, as Escolas Técnicas Federais, as Escolas
16
Agrotécnicas Federais, as Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais e o Colégio
Pedro II, sem prejuízo de outras instituições que venham a ser criadas.
Para sua execução, o Art. 2o estabelece que as instituições federais de educação
profissional deverão implantar cursos e programas regulares do PROEJA até o ano de 2007.
Quanto à oferta de vagas, os incisos citam que
§ 1o As instituições referidas no caput disponibilizarão ao PROEJA, em 2006, no
mínimo dez por cento do total das vagas de ingresso da instituição, tomando como
referência o quantitativo de matrículas do ano anterior, ampliando essa oferta a partir
do ano de 2007.
§ 2o A ampliação da oferta de que trata o § 1o deverá estar incluída no plano de
desenvolvimento institucional da instituição federal de ensino. (BRASIL, 2006)
Com relação à carga horária, o Art. 3o diz que “os cursos do PROEJA, destinados à
formação inicial e continuada de trabalhadores, deverão contar com carga horária mínima de
mil e quatrocentas horas, assegurando-se cumulativamente”, no mínino, mil e duzentas horas
para formação geral e duzentas horas para formação profissional. E o Art. 4o complementa
que, além do descrito no Art. 3º, observe-se “às diretrizes curriculares nacionais e demais atos
normativos do Conselho Nacional de Educação para a educação profissional técnica de nível
médio, para o ensino fundamental, para o ensino médio e para a educação de jovens e
adultos”. (BRASIL, 2006)
Quanto a responsabilização das instituições, o Art. 5º estabelece que ofertarão os cursos
e programas do PROEJA pela “estruturação dos cursos oferecidos e pela expedição de
certificados e diplomas”. (BRASIL, 2006), e finaliza com o Parágrafo único: “As áreas
profissionais escolhidas para a estruturação dos cursos serão, preferencialmente, as que maior
sintonia guardarem com as demandas de nível local e regional, de forma a contribuir com o
17
fortalecimento das estratégias de desenvolvimento socioeconômico e cultural”. (BRASIL,
2006)
O Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade
de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) tem como público potencial os brasileiros com
18 anos ou mais que não cursaram o ensino médio.
Dados do censo demográfico coletados em 2000 pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE, 2006) indicam que, naquele ano, 65,9 milhões de pessoas com 15 anos ou
mais não tinham oito anos de escolarização. Ainda de acordo com o Censo 2000, no Rio
Grande do Norte, com uma população total de 2.777.509 habitantes, 336.284 habitantes eram
pessoas adultas sem instrução ou com menos de um ano de estudo e 554.768 habitantes com
rendimento mensal de até um salário mínino (IBGE, 2007).
Os dados da PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de 2005, nos
revelam que 87,1% da população do estado do Rio Grande do Norte possui taxa de
escolarização entre 5 ou 6 anos (IBGE, 2007), ou seja, não possuem nem o ensino
fundamental completo, fato esse que se reflete nos níveis salariais que essa população recebe.
Com base nas discussões de Frigoto et al (2005, p.9), os alunos, ao concluírem os
cursos no âmbito do PROEJA, “farão jus ao diploma com validade nacional, que confira a
habilitação profissional e a conclusão do ensino médio, possibilitando o prosseguimento de
estudos em nível superior”, ou seja, estarão aptos a entrarem no mercado de trabalho,
devidamente qualificados.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos – EJA,
segundo Cury (2000), norteiam suas funções seja nas de reparação e de equalização, seja na
função qualificadora, buscando melhor capacitação para o mundo do trabalho e para a
atribuição de significados às experiências sócio-culturais trazidas por eles. A função da
educação Reparadora é essencial uma vez que restaura um direito negado: “o direito a uma
18
escola de qualidade, mas também o reconhecimento daquela igualdade ontológica de todo e
qualquer ser humano.” E diz ainda que “é por isso que a EJA necessita ser pensada como um
modelo pedagógico próprio a fim de criar situações pedagógicas e satisfazer necessidades de
aprendizagem de jovens e adultos”. E ao mesmo tempo, apresenta a função qualificadora,
pois, tem a tarefa de propiciar a todos a atualização de conhecimentos por toda a vida é a
função permanente da EJA que pode se chamar de qualificadora.
Mais do que uma função, ela é o próprio sentido da EJA. Ela tem como base “o caráter
incompleto do ser humano cujo potencial de desenvolvimento e de adequação pode se
atualizar em quadros escolares ou não escolares” (CURY, 2000, p. 11).
Ainda segundo esse autor, na base da expressão potencial humano sempre esteve o
poder se qualificar, se requalificar e descobrir novos campos de atuação como realização de
si. A realização da pessoa não é um universo fechado e acabado. A função qualificadora,
quando ativada, pode ser o caminho destas descobertas. Este sentido da EJA é “uma promessa
a ser realizada na conquista de conhecimentos até então obstaculizados por uma sociedade
onde o imperativo do sobreviver comprime os espaços da estética, da igualdade e da
liberdade” (CURY, 2000, p 11.).
Então, ensino médio integrado envolve um conjunto de classes e práticas educativas
no ambiente escolar que desenvolvem uma formação integral do sujeito trabalhador. Nesse
sentido o PROEJA vem colocar em prática as ações estabelecidas, porém, o Rio Grande do
Norte, até o presente momento, só existe formação de quadro de especialistas para
posteriormente ser feita a implantação nas escolas.
Por isso pensou-se na possibilidade de implantação do PROEJA na Escola Estadual
Profº Edgar Barbosa por ser uma das instituições que já tem implantado o ensino médio
integrado e por ter as instalações e equipamentos a serem utilizados, será a escola estadual
escolhida, uma vez que já tiveram experiência em educação profissional, com investimentos
19
específicos do Governo Federal e do Governo Estadual e apresentam condições necessárias
para a realização do curso, contando com laboratório de informática, laboratório de Ciências,
Biblioteca com acervo adequado, e ainda, segundo o Parecer do Conselho Estadual de
Educação, o quadro de pessoal docente e técnico apresenta adequação às exigências legais.
1.3 PERFIL DO PROFESSOR DA EJA
O papel docente vincula-se, à articulação entre os muitos setores que formam a
unidade escolar, agindo de acordo e em função das disposições que, coletivamente
construídas, definem a prática educativa a ser desenvolvida nesse ambiente.
Nesse intuito, a apropriação de como se dá o processo de ensino-aprendizagem e o
estudo contínuo sobre os muitos aspectos que configuram o fazer pedagógico simbolizam atos
essenciais ao domínio do professor, a fim de que sua prática torne-se significativa e
condizente com as reais necessidades da educação de jovens e adultos.
Esse ideal eleva, assim, a concepção de que o professor deve tornar-se conhecedor das
condições sócio-culturais, organizacionais e pedagógicas que circundam a prática educativa,
de modo que tanto sua formação quanto aquela a que se propõe oferecer mostre-se coerente
com a idéia de uma educação.
A função docente adquire enfoques ainda mais elevados, tendo em vista o grau maior
das exigências que se colocam sobre este nível de ensino, tanto referentes às aspirações do
alunado mediante as proposições sociais, quanto à formação do educador, cuja prática lhe
exigirá distintas adaptações se comparada ao ensino regular.
Uma das características que identifica a Educação de Jovens e Adultos como
modalidade diferente do ensino regular é a diversidade de contextos em que ela se desenvolve
e a pluralidade de seus sujeitos. As histórias de vida que reúnem marcas semelhantes e ao
20
mesmo tempo singulares dos sujeitos educadores e educandos, na relação pedagógica e no
encontro de diferentes experiências, como nas jornadas duplas ou triplas de trabalho; o
desemprego ou do subemprego, das lutas por uma educação de qualidade e conseqüentemente
da luta pela afirmação do direito na busca de construção de um projeto apropriado aos
diferentes segmentos discriminados a quem o EJA se destina.
Nesse contexto são encontrados elementos que ajudam a compreender como os
sujeitos educadores da EJA se vêem e como vêem seus alunos, suas perspectivas sobre a
assunção da profissão professor e da importância de se reconhecerem juntamente com outras e
outros, que atuam na área, como educadores-educandos de pessoas jovens e adultas. Nesse
sentido, segundo Linhares (2001), temos estudado muito pouco sobre esses sujeitos e as
subjetividades desses professores vão sendo fabricadas e, por sua vez, vão fabricando escolas
e contribuindo para conservar ou modificar seus entornos e, no entrelaçamento de diversas
relações sociais, intervindo nas sociedades e na história.
Compreendemos como princípio básico, a impossibilidade da formação específica
desse educador, desvencilhada de uma prática educativa concreta, considerando a prática
como ponto de partida e de chegada de todo programa de formação. A pesquisa exploratória e
comparativa realizada na América Latina por Goerne (2000) vem reafirmando esse princípio e
seu resultado parcial: “a maioria dos sujeitos educadores de EJA se forma na prática, com a
enorme criatividade que nos caracteriza” (GOERNE, 2000, p. 9). No Brasil, outras pesquisas
afirmam a necessidade de entendimento de que a formação de professores, de acordo com
Alves (2002), se dá em múltiplos “espaços-tempos”, sendo a docência apenas uma das esferas
da intrincada rede de relações em que a formação se dá no âmbito da prática social mais
ampla.
21
Podemos deduzir que as condições precárias em que realizam o seu trabalho e o
isolamento a que são submetidos, interferem também na qualidade do ensino. Portanto,
entendemos que para a implantação do PROEJA há a necessidade de formação específica.
Todavia, ignoramos talvez as verdadeiras razões que levam os professores da EJA a
assumir essa modalidade como uma opção de trabalho, ou como um “bico”, como vem sendo
comumente caracterizada a atuação do professor no ensino noturno. Essa concepção deverá
ser modificada por cursos de qualificação inicial e contínua para a implantação do PROEJA.
Faz-se necessária a formação continuada de professores no campo profissional técnico
para que possam atuar como atores do PROEJA no ensino noturno da Escola Estadual
Professor Edgar Barbosa onde, sugerimos essa implantação. Para tanto, é importante lembrar
do processo de formação profissional com meio eficaz de modificar a educação no Brasil.
1.4 FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO ESPAÇO PROFISSIONALIZANTE
De acordo com o documento-base do PROEJA, podemos dizer que a formação do
professor necessita da construção de um quadro de referência e a sistematização de
concepções e práticas político-pedagógicas e metodológicas que orientem a continuidade do
processo educativo. Para tal, deve garantir a elaboração do planejamento das atividades do
curso, a avaliação permanente do processo pedagógico e a socialização das experiências
vivenciadas. Nesse sentido é importante uma ação conjunta com instituições proponentes e
programas de formação de professores organizados pela SEMTEC/MEC.
No entanto, não podemos analisar as mudanças da profissão docente sem observar que
isso esteve presente durante muitos anos ao redor do debate sobre a profissionalização
22
docente, já que de maneira geral, o profissional assumiu a docência não como um ofício, mas
como uma semi-profissão1.
A formação também servirá de estímulo crítico ao constatar as demasiadas
contradições da profissão e ao tentar criar formas para superar as situações caóticas que se
estende há tanto tempo com a alienação profissional e as condições de trabalho. Formar o
professor para mudança e autonomia profissional é primordial, já que a profissão docente
deve compartilhar o conhecimento com o contexto social.
1
O conceito de “semi-profissão” surgiu principalmente nos anos 50 e afirmou-se nos anos 60 no mundo anglosaxónico, para designar profissões ocupadas principalmente por mulheres como a docência, a enfermagem, o
serviço social e mesmo o trabalho em arquivos e bibliotecas, tendo a sua teorização ficado muito a dever ao hoje
relativamente pouco conhecido sociólogo Amitai Etzioni na sua obra The Semi-Professions and their
Organization
(1969).
(PAULO
GUINOTE,
2006.
Disponivel
em
http://educar.wordpress.com/2006/10/13/. Acesso em 12/03/2007.)
23
II METODOLOGIA
Utilizamos a pesquisa qualitativa em educação para realização deste trabalho.
Segundo Lüdke e André (1986), a pesquisa qualitativa tem como objetivo, equacionar os
desafios da pesquisa educacional com métodos e abordagens diferentes daqueles empregados
tradicionalmente, colocando o pesquisador no meio da cena investigada, com técnicas de
estudo adequadas.
Para Chizzotti (1995), a abordagem qualitativa parte do princípio de que há na relação
dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto,
um vínculo indissociável entre o mundo e o objetivo e a subjetividade do sujeito. O
conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa;
o sujeito observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os
fenômenos, atribuindo-lhes um significado. O objeto não é um dado inerte, está possuído de
significados e relações que os sujeitos concretos criam em suas ações (CHIZZOTTI, 1995,
P.79).
2.1 – O PROCESSO DE PESQUISA: A COLETA DE DADOS
No período de dezembro de 2006 a abril de 2007, de forma não contínua, realizamos a
coleta de dados, com o objetivo de obter informações que subsidiasse a análise do nosso
objeto de estudo, onde foram entrevistados 11 profissionais envolvidos na área.
A discussão inicial teve como foco o instrumento de pesquisa que iríamos utilizar,
chegamos ao consenso de que a entrevista seria o mais viável para o objetivo proposto, por
compreendermos que os dados coletados seriam mais preciosos e fiéis. Definida essa questão,
partimos para o campo de pesquisa onde tivemos o primeiro contato com as equipe técnica,
24
administrativa e pedagógica, professores de disciplinas diversas da escola e alunos da escola
investigada. Fizemos entrevistas também com técnicas da Secretaria de Estado da Educação e
Cultura – SEEC, para ter-se um parâmetro entre as informações do órgão central e a escola
ora citada. Nesse contato, apresentamos nossa proposta de estudo e solicitamos o apoio
daqueles profissionais, no sentido de nos fornecer os dados necessários ao respaldo de nossa
análise, os quais foram muito solícitos, colocando-se a disposição das pesquisadoras para o
que fosse necessário ao bom desenvolvimento de nossa pesquisa.
Durante o período acima citado, entrevistamos, individualmente, o diretor, o vicediretor, a equipe técnico-pedagógica, professores e os técnicos da SEEC, na perspectiva de
identificar entre outros aspectos, as possilibidades concretas e os limites de implantação do
PROEJA no turno noturno da escola em questão.
Conjuntamente à entrevista, analisaremos alguns documentos da escola como: planos
de curso, Projeto Político Pedagógico; ficha individual do aluno e Ata de resultados finais
para termos embasamento da consecução da proposta.
25
III CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA
A opção por defender a implantação do PROEJA na Escola Estadual Profº Edgar
Barbosa surgiu da demanda da educação profissional e do grande número de jovens que não
concluíram o ensino médio regular. Daí a necessidade de oferecer nas escolas do ensino
médio na modalidade EJA, integrada a educação profissional.
3.1 – O AMBIENTE ESCOLAR
A Escola Estadual Profº Edgar Barbosa faz parte do sistema de ensino estadual do Rio
Grande no Norte e está localizada na Av. Miguel Castro, s/nº, bairro de Lagoa Nova, na
cidade de Natal/RN.
Para a caracterização da escola campo de pesquisa, segundo dados obtidos, a mesma
trabalha com o ensino médio regular presencial em três turnos de funcionamento, tendo sido
criada para oferecer o ensino profissionalizante em determinações da Lei 5.692/71.
O estabelecimento dispõe de 19 salas de aula, 01 biblioteca, 01 laboratório de
Biologia, 01 laboratório de Química, atelier de artes, 01 auditório com capacidade para 100
pessoas, 04 banheiros, 02 vestiários, cozinha, cantina, sala de xadrez, quadra de esportes
coberta, 02 salas de informática com 36 computadores em condições de uso, sala de vídeo,
secretaria, sala de professores, sal de processamento de dados, sala de Coordenação,
estacionamento, recreio coberto, sala da Direção.
Atende em média a 1400 alunos, estando divididos em 16 turmas de ensino médio
integrado (diurno) com 4 anos para conclusão e ensino médio regular (noturno), com 3 anos
para conclusão, tendo em média 40 alunos por turma. Com relação ao pessoal que atua na
escola são 02 auxiliares de serviços gerais, 07 auxiliares de secretaria, 01 vigia, 02
26
mecanógrafos, 02 digitadores, 40 a 45 professores (entre professores do quadro e estagiários),
coordenador financeiro e 1 diretor.
A escola não adota nenhum critério para admissão dos alunos no ensino médio. A
organização das turmas se dá a partir da listagem por ordem alfabética dos alunos admitidos
em cada ano e por série.
O ensino noturno está organizado no modelo seriado, admitindo a dependência em até
2 disciplinas. Também não há critérios para atribuição das aulas/disciplinas aos professores.
As salas de aula são determinadas por disciplinas (salas-ambiente). Os alunos dirigem-se às
salas de aula correspondentes de acordo com os horários estabelecidos.
O Quadro 1 refere-se a estrutura curricular do Ensino Médio da Escola Estadual Profº
Edgar Barbosa, bem como da carga horária exigida pela Secretaria de Estado da Educação, da
Cultura e do Desporto, aprovada pelo Parecer nº. 079/2003:
Quadro 1 – Estrutura Curricular para o Ensino Médio no RN
BASE NACIONAL COMUM
ÁREAS DE CONHECIMENTO
COMPONENTES
CURRICULARES
1º
Língua Portuguesa
4
Língua Inglesa
2
LINGUAGENS,
Língua Espanhola
2
CÓDIGOS E SUAS
Arte
1
TECNOLOGIAS
Educação Física
2
Cultura do RN
1
Matemática
3
CIÊNCIAS DA NATUREZA E
Física
2
SUAS TECNOLOGIAS
Química
2
Biologia
2
História
2
Geografia
2
CIÊNCIAS HUMANAS E
Filosofia
SUAS TECNOLOGIAS
Sociologia
Economia do RN
TOTAL CARGA HORÁRIA
25
COMPONENTES CURRICULARES DA PARTE DIVERSIFICADA
FONTE: SEEC/RN, 2007
2º
ANOS
3º
4
2
1
2
3
2
2
2
2
2
2
1
25
4
2
1
2
3
2
2
2
2
2
2
1
25
CARGA
HORÁRIA
480
240
80
120
240
40
360
240
240
240
240
240
80
80
80
3000
27
Vê-se no Quadro 2 abaixo, a oferta de disciplinas bem como das cargas horárias do
Curso Técnico Nível Médio Integrado em Secretariado da Escola Estadual Profº Edgar
Barbosa:
Quadro 2 – Matriz Curricular do Curso Técnico Nível Médio Integrado em Secretariado da
Escola Estadual Profº Edgar Barbosa
Núcleo de Formação
profissional
Núcleo Básico
DISCIPLINA
Língua Portuguesa
Língua Inglesa
Língua Espanhola
Geografia
História
Matemática/Financeira
Física
Química
Biologia
Artes
Educação Física
Filosofia e Ética
Sociologia
Introdução à Economia
Contabilidade Básica
Técnicas Secretariais
Introdução ao Direito
Protocolo e Cerimonial
Psicologia Organizacional
Administração e Planejamento
Introdução à Informática
Marketing
CARGA HORÁRIA
1º
2º
3º
4º
4
3
2
3
2
2
3
2
2
4
2
2
2
2
2
2
3
3
3
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
3
1
1
1
1
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
3
2
Prática Profissional
TOTAL
Fonte: Secretaria da Escola Estadual Profº Edgar Barbosa, 2007
.
CH TOTAL
Hora/aula
Horas
480
360
280
210
320
240
240
180
240
180
440
330
240
180
240
180
240
180
120
90
160
120
80
60
80
60
80
60
80
60
160
120
80
60
80
60
80
60
80
60
120
90
80
60
533
4533
400
3400
28
IV POSSIBILIDADES E LIMITES DE IMPLANTAÇÃO DO PROEJA
A complexidade do mundo moderno e os efeitos da globalização exigem que o
processo educativo estimule novos conhecimentos, habilidades, competências e valores,
promovendo o desenvolvimento do potencial do ser humano como um todo no processo
social. Enquanto educadores sabemos da importância de uma formação educacional de
qualidade, com profissionais engajados no processo, para além da infra-estrutura básica para
um ensino de qualidade.
4.1 – Possibilidades da Implantação do PROEJA na escola
Hoje, o mercado de trabalho e a vida em sociedade exigem a atuação de indivíduos
capazes de pensar de maneira criativa e inovadora, tomar decisões, terem iniciativa e ousadia
para enfrentar os desafios da vida, com inteligência, eficácia e sabedoria. Pensando assim e
sabendo da descontinuidade escolar apresentada pelo público-alvo da educação de jovens e
adultos e sua necessidade de preparação para o mercado de trabalho é que se desperta o
interesse de uma possibilidade de implantação do PROEJA no turno noturno da Escola
Estadual Professor Edgar Barbosa. Com o objetivo de promover, para esses sujeitos, uma
continuidade escolar voltada para uma preparação profissional técnica que garantirá sua
capacidade no mercado de trabalho, buscamos demarcar a diferença diante dos desafios
apresentados pela sociedade.
Podemos ainda ressaltar que há uma grande procura pelo ensino médio integrado nessa
escola, devido ser a única escola no município de Natal, a nível estadual, que já implementou
esta modalidade de ensino e que apresenta uma infra-estrutura adequada às exigências
estabelecidas para a necessidade de funcionamento do ensino médio integrado, ligado ao
29
ensino técnico profissional, com também, as possibilidades de acesso que a comunidade tem
no referente ao que a escola oferece que vem propiciar uma grande oportunidade aos egressos
do ensino fundamental e também levando em consideração o tempo flexível do ensino da
EJA, que é diferenciado do ensino regular.
Tendo a escola papel fundamental na importância da educação, visto que nela se
promove o desenvolvimento intelectual e proporciona expansão do senso crítico, através das
condições de produção do conhecimento e difusão do saber científico e da informação, sua
função social é garantir além desse conhecimento, a permanência desse aluno na instituição,
favorecendo o saber e construção da história pela humanidade.
É com esse pensamento que a implantação do PROEJA na Escola Estadual Profº
Edgar Barbosa vem favorecer aos professores e alunos, uma vivência de formação global,
longe de experiências fragmentadas de instrução. Tal entendimento visa à construção de uma
escola democrática, onde os atores possam se posicionar como sujeitos culturais, dentro de
um processo de reconstrução de vida.
Portanto, analisando a proposta do PROEJA, infere-se que é por esse caminho que
esses sujeitos oriundos do ensino fundamental e com dificuldades de continuarem os estudos
no ensino médio regular, poderão ter a oportunidade de mudar suas vidas na perspectiva de se
tornarem atores atuante no mercado de trabalho, fazendo a diferença sem cair na escala da
discriminação social.
O PROEJA, enquanto programa de educação de jovens e adultos permitirá oportunizar
o conhecimento a esses sujeitos que almejam se estabelecer no mercado de trabalho e que só
através da formação profissional técnica será possível.
A implantação do PROEJA na Escola Estadual Professor Edgar Barbosa no turno
noturno poderá possibilitar novos horizontes para os jovens e adultos que porventura estejam
fora do mercado de trabalho. Examinando-se os dados de emprego e desemprego no Estado,
30
evidencia-se novamente a dificuldade de participação dos jovens e adultos nesse mercado.
Proporcionalmente, é a categoria com maior índice de desemprego ou empregos precários,
sem direitos trabalhistas. Muitos desses sujeitos são pais de famílias, porém sem trabalho e
renda, o acesso a educação e qualificação têm sido um grande obstáculo e, sem educação e
qualificação, o mercado torna-se inacessível.
Quando perguntados sobre “quais as possibilidades de implantação do PROEJA na
escola citada?”, tivemos por parte dos profissionais da escola e da SEEC, aqui denominados
A, B e C, as seguintes respostas:
Ex. 3 - Técnico A: “a clientela é a maior possibilidade de se implantar o
programa. Existe também o transporte escolar”;
Professor B: “a infra-estrutura da escola é adequada e possui espaços ociosos
que precisar ser utilizados”;
Professor C: “a especificidade do turno noturno, pois a clientela
possui distorção idade/série”.
Ressaltamos que o ensino da Educação de Jovens e Adultos ocupa um tempo
diferenciado, em relação a outras modalidades, por ter carga horária menor que o ensino
médio regular, o que possibilita aos estudantes uma entrada mais rápida no mercado de
trabalho. Considerando suas especificidades, prioriza a formação integral voltada para o
desenvolvimento de capacidades adequadas para que todos possam enfrentar o
desenvolvimento sustentável, as novas transformações científicas e tecnológicas e seu
impacto na vida social e cultural e a formação de cidadãos democráticos para compreender os
direitos humanos, participando ativamente das transformações sociais.
Mas, para que isso possa fluir de maneira positiva é necessária a construção de uma
proposta pedagógica pautada nos objetivos do PROEJA que venha atender em toda sua
extensão, as necessidades desses sujeitos, jovens e adultos, principalmente os alunos do turno
noturno, é preciso ter no professor, um profissional capaz de entender, compreender e saber
31
responder as expectativas que esses jovens e adultos almejam na sua formação profissional
técnica.
É importante um programa de formação continuada para professores atuantes na
educação de jovens e adultos e que venha proporcionar a esses atores, uma formação
continuada que permita uma construção do conhecimento permanente e compatível com nossa
realidade, pois, segundo Moita (1992, p. 117), “o conhecimento dos processos de formação
pertence, antes de mais nada, àqueles que se formam”.
Então, a prática docente no ensino da EJA não pode se limitar a uma atividade técnica,
tendo em vista a complexidade e abrangência que a torna em um universo complexo e
diversificado onde o educador necessita compreender os limites do educando.
4.1.1 – Importância da Estrutura Curricular Integrada
As questões relacionadas ao currículo surgem pela necessidade de compreendermos
melhor as abordagens teóricas existentes nessa área e de redimensionar as práticas
pedagógicas, fundamentadas, principalmente no enfoque sócio-crítico, cuja orientação indica
que o currículo, segundo Sacristan (1998),
“antes de ser algo decorrente de uma teorização, constitui-se em torno dos
problemas reis das escolas, dos professores, dos alunos, da sociedade. Trata-se de
um enfoque integrador de conteúdos e formas, não separando currículo de ensino.
Ou melhor, colocando o ensino como conjunto de atividades que transforma o
currículo na prática para produzir aprendizagem” (SACRISTAN apud OLIVEIRA,
1998, p.57).
Nesse contexto, compreendemos que os estudos sobre currículo são relevantes e
pertinentes para a reflexão e redimensionamento das ações educativas em busca da qualidade
de ensino e de uma educação para todos.
32
Para tanto, é fundamental que no PROEJA a proposição curricular seja pautada nos
ideais democráticos em que a construção do conhecimento seja vista como forma de
instituição da autonomia e desenvolvimento do indivíduo enquanto um ser capaz e passível de
evoluções sistemáticas no progresso de suas competências e habilidades.
É nesse enfoque que se destaca a necessidade de uma flexibilidade curricular para os
alunos do PROEJA, visando a construção de conhecimentos que promova a explanação do
saber sistematizado, numa relação significativa com as experiências de vida e necessidades
dos educandos, propiciando a formação de sujeitos sociais, agentes de realizações concretas,
cuja instituição cidadã se dê de forma consistente e adequada ao mercado de trabalho.
Nessa perspectiva, torna-se imperativo buscar caminhos que possibilitem a elaboração
e a execução de propostas curriculares que criem condições para o desenvolvimento de
capacidades necessárias à compreensão da realidade do PROEJA e à construção de uma
sociedade mais democrática.
No entanto, para tecer a textura na qual seja possível situar, com clareza, a questão
curricular, é necessário se entender a dificuldade de sua criação. Como diz Goodson (1997), o
“currículo é um artefato social, concebido para realizar determinados objetivos humanos
específicos” (GOODSON, 1997, P. 17).
Diante do que foi constatado, verificou-se a possibilidade de viabilização de recursos
do PROEJA para compra de equipamentos, material didático e melhoria da qualidade do
ensino, pela infra-estrutura que a escola possui.
Nesse propósito, sua construção reveste-se de um caráter tanto social quanto político
os atores nela envolvidos, lançam mão de recursos materiais e ideológicos para exercerem
suas funções individuais e coletivas.
33
4.2 - DIFICULDADES DE IMPLANTAÇÃO DO PROEJA NA ESCOLA ESTADUAL
PROFº EDGAR BARBOSA
Vários são os problemas que a escola enfrenta para administrar a permanência do
curso. Apesar da boa infra-estrutura apresentada pelo estabelecimento enquanto escola, de
laboratórios equipados, clientela ativa e estruturação pedagógica, existem um grande entrave
que é a falta de professores específicos da área profissional técnica, o que leva a um desajuste
considerável na estruturação do curso.
Buscando combater esse entrave a concepção do currículo da Educação Básica foi
uma conseqüência natural da necessidade de tornar a Educação mais eficiente, que defina
tanto os processos quanto os conhecimentos que formam tal composição.
Diante das questões analisadas na pesquisa de campo, existe um grande entrave
segundo os entrevistados envolvidos na pesquisa. Perguntados na entrevista sobre “que
dificuldades você aponta na implantação do PROEJA?”, tivemos por parte dos profissionais
da escola e da SEEC, aqui denominados “A”,”B”, ”C”, um consenso em relação às respostas:
Ex.: 1 - Professor A: “a falta de professores específicos na área profissional
técnica, e a tripla jornada de trabalho”;
Professor B: “A necessidade de formação específica e continuada para o
PROEJA;
Técnico C: “A questão de elaboração de um currículo próprio para o
PROEJA”.
Outra dificuldade que detectamos foi a falta de profissionais para trabalhar no turno
noturno, como também a necessidade de se reorganizar o quadro de professores e o uso da
escola..
34
Além dos aspectos indicados anteriormente, percebemos que há o desconhecimento
em relação ao PROEJA, tanto a nível federal da proposta apresentada pelo MEC em 2006,
quanto a nível estadual.
A posição dos professores “D” e “E”, com relação a especificidades dos sujeitos
envolvidos nas modalidades a que se destinam, cita a dificuldade de se quebrar paradigmas
pré-estabelecidos na educação de jovens e adultos, como atividade compensatória.
Percebemos nestes depoimentos que os profissionais envolvidos na pesquisa, referemse como dificuldades as necessidades de mudança, para formar o sujeito não apenas para o
mercado de trabalho, mas também, para formá-los para sua vida integral.
35
CONCLUSÃO E SUGESTÕES
A elaboração deste documento evidenciou a necessidade da construção de uma
política pública de educação, que atenda as necessidades dos atores inseridos no âmbito
educacional da Escola Estadual Profº Edgar Barbosa como condição primordial para
implantação do PROEJA no turno noturno deste estabelecimento.
Para efetivação dessa necessidade de implantação é fundamental compreender a
complexidade do sentido macro da educação, considerando que os sujeitos envolvidos nessa
realidade sejam capazes de interagir com as especificidades do processo educacional.
Partindo do princípio de que nada valerá se não houver esforços do sistema estadual de
ensino em busca de financiamento que garanta a permanência de programas educacionais que
favoreçam o processo ensino-aprendizagem torna-se inviável toda e qualquer melhoria desses
programas e em especial para a educação de jovens e adultos, como também a formação
específica dos profissionais que se propuserem a atuar nesta área de educação.
Neste documento queremos enfatizar a necessidade de um currículo específico
considerando a distorção série-idade, como também a flexibilidade da carga horária sem fugir
das exigências proporcionadas pelas diretrizes curriculares nacionais.
Para tanto, sugerimos que a Secretaria de Estado da Educação e Cultura – SEEC
desenvolva um projeto de implantação e implementação do PROEJA em âmbito estadual,
onde possa oportunizar os estudantes de 18 anos ou mais concluírem a última etapa da
educação básica e que os técnicos que ora se especializam em PROEJA sejam multiplicadores
e formadores, a fim de que o programa tenha continuidade, sem, no entanto, deixar de cumprir
com seus objetivos.
36
REFERÊNCIAS
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