Melioidose Uma realidade no Brasil? DIONNE BEZERRA ROLIM, MD, MsC, PhD UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR) ANASTÁCIO QUEIROZ SOUSA, MD, PhD UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ HOSPITAL SÃO JOSÉ DE DOENÇAS INFECCIOSAS Melioidose? Nunca ouvir falar disso ... Fonte: W. Vanaporn ALDHOUS, P. Nature, v. 7034, p. 692-693, 2005 “Infecções tropicais letais normalmente não passam despercebidas. Uma que mata tem sido altamente ignorada por décadas. Graças a preocupação com o bioterrorismo, está senda levada mais a sério” ALDHOUS, P. MELIOIDOSIS? NEVER HEARD OF IT… Nature, v. 7034, p. 692-693, 2005 Uma doença conhecida há um século... Uma doença conhecida, mas esquecida... Uma endemia ainda desconhecida no Brasil... 1º descrição em 1911 - Alfred Whitmore e C. S. Khisnawami Fonte: The Wellcome Trust. Edited by FEG Cox. WHITMORE, A. J. Hyg, v. 13, p. 1-34, 1913 WHITE, N. J. Lancet, v. 361, p. 1715-1722, 2003 Evolução taxonômica 1911 - Bacilo pseudomallei - Bacilo de Whitmore - Malleomyces pseudomallei Pseudomonas pseudomallei 1992 - Novo gênero Burkholderia WHITMORE, A. J. Hyg, v. 13, p. 1-34, 1913 WHITE, N. J. Lancet, v. 361, p. 1715-1722, 2003 Burkholderia pseudomallei Complexo genoma sequenciado em 2004 WIERSINGA WJ et al. Nature Reviews Microbiology v4, p.272–282 (April 2006) Ambiente e melioidose Transmissão - exposição a solo e água Condições climáticas - estação chuvosa Ásia - plantações de arroz Transmissão Inoculação Inalação Ingestão Formas raras - ocupacional (laboratório), vertical, leite materno Ciclo de infecção - Burkholderia pseudomallei Infecção em humanos e animais ESTAÇÃO SECA Terra Bactéria ESTAÇÃO CHUVOSA CHUVAS E ALTAS TEMPERATURAS MULTIPLICAÇÃO Bactéria Superfície da água FONTE: ELLIS, J. F; TITBALL, R. W. 1999. Figura 2. Ciclo de infecção da Burkholderia pseudomallei e proposta da sobrevivência ambiental FONTE: Ellis, J. F; Titball, R. W. The Infectious Diseases Review 1(3): 174-181, 1999 Período de incubação Infecção aguda 1 a 21 dias (media de 9 dias) Infecção latente - 62 anos após exposição Inóculo, virulência cepa, modo de transmissão e fatores de risco do hospedeiro Currie, B.J. Endemic melioidosis in tropical Northern Australia: a 10-year prospective study and review of the literature. Clin Infect Dis, 2000. 31: 981-86. Ngauy V, Lemeshev Y, Sadkowski L, Crawford G. Cutaneous melioidosis in a man who was taken as a prisoner of war by the Japanese during World War II. J Clin Microbiol 2005;43:970-2 Melioidose na Austrália Estudo prospectivo de 12 anos - precipitação mensal e melioidose (2003) Top End/NE Austrália Chuvas fortes 14 dias antes da admissão - preditor independente para pneumonia, sepse e óbito Inalação de B. pseudomallei após as chuvas e ventos muito úmidos como modo de transmissão Bart J. Currie* and Susan P. Jacups Emerging Infectious Diseases v. 9, n.12, December 2003 Definição de melioidose inalatória - 5 critérios Desenvolvimento de sintomas respiratórios (por exemplo, tosse, dispnéia, dor pleurítica) nas últimas 4 semanas A presença de sepse, definida como dois ou mais dos seguintes: T < 36 ° C ou > 38 ° C; FC > 90 bpm ; FR > 20 ipm e contagem de leucócitos < 4 x 10 ⁹ ou > 12 x 10 ⁹ ou mais que 10% de bastões Evidência de infiltrado alveolar na radiografia do tórax dentro de 48 horas de internação ou infiltrado não presente em radiografias anteriores Não há evidência de lesão de inoculação percutânea em sítio apropriado (solo contaminado, lama, águas acumuladas em área endêmica ou acidente percutâneo com cultura pura) e evidência de possibilidade de exposição por inalação (por exemplo, evento climático recente, conhecida aspiração de água ou conhecida exposição a B. pseudomallei aerolizadas) Isolamento de B. pseudomallei de qualquer sítio estéril ou não Cheng A.C et al, Am J Trop Med Hyg. v. 88(3), p 411-3, 2013 Atividades diárias associadas ao risco de adquirir melioidose Tailândia Trabalhar em campos de arroz Outras atividades associadas a exposição em solo e água Feridas abertas Ingestão de alimentos contaminados com solo e água Beber água não tratada Exposições em chuvas ao ar livre Inalação de água Tabagismo atual Ingestão de esteróides Limmathurotsakul D, Kanoksil M, Wuthiekanun V, Kitphati R, et al. PLoS Negl Trop Dis . Activities of Daily Living Associated with Acquisition of Melioidosis In Northeast Thailand: A Matched Case-Control Study. v,.7, n.2, 2013 Atividades diárias associadas ao risco de adquirir melioidose - Tailândia Presença de B. pseudomallei em água de beber - dobro de chance de adquirir melioidose 1º estudo - Ingestão como importante via de infecção - Exposição a chuvas - fator de risco independente 1º Guidelines baseado em evidência - prevenção de melioidose Recomendações - adequadas para pessoas de áreas endêmicas, viajantes e militares Limmathurotsakul D, Kanoksil M, Wuthiekanun V, Kitphati R, et al. PLoS Negl Trop Dis . Activities of Daily Living Associated with Acquisition of Melioidosis In Northeast Thailand: A Matched Case-Control Study. v,.7, n.2, 2013 Melioidose na Austrália 20 anos - 540 casos Exposição recreativa - 75% (407 casos) Exposição ocupacional direta - 18% (96 casos) - Atividades de jardinagem ao ar livre - Construção civil - Operação de máquinas agrícolas - Treinamento militar Cenário de exposição específico - 22%(118 casos) (provável evento infectante) - exposição cutânea (atividades ao ar livre, jardinagem, práticas esportivas em campos lamacentos, pesca em rios de água doce, caçadas em pântanos/savanas e acidentes automobilísticos Ausência de exposição - 19% (110 casos) Currie BJ, Ward L, Cheng AC .The Epidemiology and Clinical Spectrum of Melioidosis: 540 Cases from the 20 Year Darwin Prospective Study. PLoS Negl Trop Dis v. 4, n. 11, e900, 2010 Distribuição mundial da melioidose - 1980 Melioidose e isolamento ambiental de B. pseudomallei - 2005 Distribuição global da melioidose - CDC 2012 Distribuição global da melioidose - 2012 The New England Journal of Medicine Mapa global mostrando distribuição de B. pseudomallei - 2013 Melioidose na Tailândia Nordeste da Tailândia - 2.000 casos/ano Incidência 21/100.000 Letalidade - 40% 3ª causa de óbitos por doença infecciosa Chaisuksant S, Chetchotisakd P, Chaowagul W, Day NP, Peacock SJ. Increasing incidence of human melioidosis in Northeast Thailand. The American journal of tropical medicine and hygiene v. 82, p.1113-1117, 2010 Melioidose na Tailândia Chaisuksant S, Chetchotisakd P, Chaowagul W, Day NP, Peacock SJ. Increasing incidence of human melioidosis in Northeast Thailand. The American journal of tropical medicine and hygiene v. 82, p.1113-1117, 2010 Melioidose na Austrália Mapa rural de Darwin - AUSTRÁLIA Norte da Austrália - Top End Incidência anual 50/100.000 Letalidade - 9% Kaestli M, Mayo M, Harrington G, Ward L, et al. Landscape Changes Influence the Occurrence of the Melioidosis Bacterium Burkholderia pseudomallei in Soil in Northern Australia. PLoS Negl Trop Dis v. 3, n.1, e364, 2009 Melioidose nas Américas INGLIS T.; SOUSA A.Q.; ROLIM D.B. Am.J. Trop. Hyg., v. 75, n. 5, p. 947-954, 2006 Melioidose – Uma Realidade no Brasil? Algumas Evidências… Tejuçuoca - Ceará Primeiros casos de melioidose do Brasil Fonte: BARTH ; A.L . Journal of Clinical Microbiology,,v. 45 , p. 4077-4080, 2007 2003 4 casos em Tejuçuoca 2004 1 caso em Banabuiú 2005 1 caso em Aracoiaba 2008 1 caso em Ipu, 1 caso em Granja 2009 1 caso em Itapajé 2010 1 caso em Fortaleza (Ipu), 1 caso em Pacoti e 1 caso em Ocara 2011 1 caso em Caridade, 1 caso em São João do Jaguaribe, 1 caso em Tabuleiro do Norte, 1 caso em Ipu, 1 caso Santana do Acaraú 1 caso em Tauá, 1 caso em São Gonçalo do Amarante 2012 2013 1 caso em Fortaleza 2014 1 caso em Fortaleza, 1 caso em Solonópole, 1 caso em Amontada, 1 caso em Granja Casos confirmados de Melioidose - Ceará Casos e óbitos por meliodose no Ceará 2003 a 2014 Ceará 2003-2014 24 Casos 15 Óbitos 1989 – um caso retrospectivo 2003 - um caso em um turista europeu 2003 2004 2005 2008 2009 Óbitos Fonte: SESA. Atualizado em outubro de 2014. Dados sujeitos à revisão. 2010 2011 2012 2013 Sobreviventes 2014 Estudo Ambiental Tejuçuoca e Banabuiú em 2006/2007 600 amostras de solo em 2 áreas rurais com casos confirmados de melioidose Isolamento de B. Pseudomallei - 4,3% (26/600) no Ceará foi relevante ROLIM, D.B. et. al. Appl Environ Microbiol., 2008 Estudo Soroepidemiológico Tejuçuoca e Banabuiú em 2006/2007 320 pessoas residentes em 2 áreas rurais com caos confirmados de melioidose Anticorpos anti-B. pseudomallei IgG - 58,5% IgM - 51,3% Pessoas residentes na área do estudo têm provável exposição ambiental e persistente à B. pseudomallei ROLIM, D. B. et. al. Am. J. Trop. Med. Hyg., 2011 Melioidose no Ceará 92% (23/25) dos casos registrados ocorreram no Ceará Letalidade - 67% (16) 50% dos casos - diagnóstico post mortem Suspeita antes do diagnóstico laboratorial - 3 casos Dificuldade de diagnóstico - Diversidade de apresentação clínica - Necessidade de laboratório Sexo masculino - 83% (20) Fator de risco - 62% (15) Exposição - Inalatória - 37% (9) - Ocupacional - 42% (10) - Lazer - 33% (8) - 2 acidentes - 4 não definido Idade - 3 a 83 anos Exposição recreativa Exposição ocupacional Infecção Aguda - Sepse e Pneumonia - 15 casos Evolução Crônica - 7 casos Tratamento específico - 58 % (14) Choque séptico - 67% (16) Diagnóstico (17 hemoculturas, 1 lavado brônquico, 1 líquido sinovial, 1 urinocultura, 1 secreção cutânea, 2 PCR direto) Direk Limmathurotsakul Mahidol Univerisity, Bangkok, Thailand Melioidose é desconhecida ou pouco conhecida - subestimada Uma doença endêmica no Brasil! Você não pode fazer um diagnóstico se você não têm ouvido falar nele Você não pode fazer um diagnóstico se você não saber nada sobre ele Você não pode fazer um diagnóstico se você não pensar nele Você não pode fazer um diagnóstico de melioidose, sem um laboratório de microbiologia! David Dance Clinical Research Microbiologist, LOMWRU (Laos) CDC Melioidosis Diagnostics Workshop Bangkok, 14 de setembro de 2013 Tradução livre Uma doença imitadora Formas agudas pneumonia e sepse Formas crônicas semelhante a tuberculose Infecção cutânea Infecção genito-urinária, articular, abscessos em órgãos internos Infecções raras - ocular, aneurisma de aorta Wiersinga WJ et al. Nature Reviews Microbiology . V4,p.272–282 , (April 2006) Imunidade inata e adquirida (celular e humoral) Bactéria intracelular - persistência em macrófagos Fatores de virulência - sistema de secreção tipo III (TTSS), cápsula polissacarídea, O-polissacarídeos, flagelo, fator letal 1 Wiersinga WJ et al. Nature Reviews Microbiology . V4,p.272–282 , (April 2006) Fatores de risco Diabetes Alcoolismo Doença pulmonar crônica Doença renal crônica Uso de drogas imunossupressoras SUPUTTAMONGKOL, Y. et al . Clin. infect. Dis., v. 29, p. 408-413, 1999 CURRIE, J. B; JACUPS, S. Emerg. Infect. Dis , v.12, n. 1538-1542, 2003 Wiersinga WJ, Currie BJ, Peacock SJ. Melioidosis. N Engl J Med v.367, p.1035-44, 2012 Dois casos de melioidose simulando tuberculose Meumann E M et al. Clin Infect Dis. v.54, p.362-369, 2012 Dois casos fatais de melioidose pulmonar e septicêmica Meumann E M et al. Clin Infect Dis. v.54, p.362-369, 2012 Melioidose cutânea Parameswaran U, Baird RW, Ward LM, Currie BJ. Med. J Aus. Melioidosis at Royal Darwin Hospital in the big 2009–2010 wet season: comparison with the preceding 20 years v.196, n. 5, p.345-8, 2012 Parameswaran U, Baird RW, Ward LM, Currie BJ. Med. J Aus. Melioidosis at Royal Darwin Hospital in the big 2009–2010 wet season: comparison with the preceding 20 years v.196, n. 5, p.345-8, 2012 Gibney K B et al. Clin Infect Dis. 2008;47:603-609 Gibney K B et al. Clin Infect Dis. 2008;47:603-609 Melioidose neurológica Abscesso Meningite Encefalite Mielite Órgãos envolvidos Fígado e baço - abscesso Aparelho genitourinário: próstata, rim e escroto (abscessos) Vasos - aneurisma Pleura - empiema Pericárdio- pericardite Linfonodo: linfadenite inguinal Adrenal - abscesso Infecção musculoesquelética Manifestação reumatológica - parte do envolvimento sistêmico Artrite séptica Abscesso de psoas Baixa letalidade e longo internamento Melioidose na infância Melioidose neonatal - 22 casos (1966 a 2011) Pneumonia e sepse Infecção localizada - parotidite na Tailândia Melioidose na Austrália 20 anos - outubro de 1989 a setembro de 2009 Estudo prospectivo - 540 casos Pneumonia - 51% (278 casos) Infecção genitourinária -14% (76 casos) Infecção cutânea - 13% (76 casos) Bacteremia sem foco de Infecção - 11% (59 casos) Artrite/Osteomielite - 4% (20 casos) Manifestação neurológica - 3% (14 casos) Currie BJ, Ward L, Cheng AC .The Epidemiology and Clinical Spectrum of Melioidosis: 540 Cases from the 20 Year Darwin Prospective Study. PLoS Negl Trop Dis v. 4, n. 11, e900, 2010 Melioidose na Austrália Análise multivariada - fator de risco, idade, local e tempo Preditores independentes para mortalidade: - 01 fator de risco (OR:9,4 95% IC: 2,3 a 3,9) - Idade ≥ 50 anos (OR:2 95% IC: 1,2 a 2,3 77 casos fatais (14%) - todos com fatores de risco Melioidose - doença oportunista improvável de levar pessoas saudáveis a óbito, desde que: DIAGNÓSTICO SEJA PRECOCE TERAPIA ANTIBIÓTICA ADEQUADA E CUIDADO INTENSIVO ESTEJAM DISPONÍVEIS Currie BJ, Ward L, Cheng AC .The Epidemiology and Clinical Spectrum of Melioidosis: 540 Cases from the 20 Year Darwin Prospective Study. PLoS Negl Trop Dis v. 4, n. 11, e900, 2010 Critérios para o diagnóstico de melioidose naturalmente adquirida Definição Melioidose definitiva Uma ou mais amostras clínicas com cultura positiva para B. pseudomallei Melioidose definitiva Evidência de um ou mais abcessos consistentes com diagnóstico de melioidose * mas com cultura não realizada ou negativa para B. pseudomallei; ou cultura negativa para B. pseudomallei na 1ª apresentação mas que retorna para hospital dentro de 1 mês com cultura positiva comprovada Melioidose possível Suspeita clínica de melioidose com melhora após o tratamento com um regime antimicrobiano eficaz para melioidose (ceftazidima / carbapenem / amoxicilina-clavulanato) ou suspeita clínica de melioidose mas o paciente morreu antes de se observar melhora clínica Sem melioidose Diagnóstico alternativo definitivo ou resolução dos aspectos clínicos de suspeita de melioidose sem tratamento com antimicrobianos com atividade contra B. pseudomallei CHENG A.C et al, Am J Trop Med Hyg. v. 88(3), p 411-3, 2013 Abordagem diagnóstica Cultura - antes da antibioticoterapia Sangue, escarro, urina e exsudato purulento das lesões de pele Espécime clínico disponível (líquor, derrames cavitários, tecidos) Hemograma; glicemia; gasometria arterial; uréia; creatina; proteína C reativa quantitativa (PCR), VHS, transaminases, proteína total e fração, TAP e sumário de urina Exames de imagem Radiografia de tórax em PA e perfil. Tomografia de tórax/abdome Sorologia - coletar 10 ml de soro e aguardar recolhimento pelo Grupo de Pesquisa em Melioidose (GEM) Teste rápido para melioidose, se disponível Tratamento Específico - resistência intrínseca (penicilina, ampicilina, cefalosporinas de 1º e 2º geração, gentamicina e polimixina) Elevado grau de suspeição clínica - PRECOCE Fase aguda inicial Fase de erradicação Wiersinga WJ, Currie BJ, Peacock SJ. Melioidosis. N Engl J Med v.367, p.1035-44, 2012 Tratamento Fase Aguda Inicial Melioidose não complicada Droga/Dose e Frequência Ceftazidima 50 mg/kg (até 2 g) EV a cada 8h Paciente em Unidade de Terapia Intensiva ou Bacteremia Persistente ou com Neuromelioidose Droga/Dose e Frequência Meropenem 25 mg/kg (até 1 g) EV a cada 8h Fase Aguda Inicial Duração do tratamento da fase aguda: 10 a 14 dias Duração > 4 semanas casos graves como choque séptico, abcessos em órgãos profundos, doença pulmonar extensa, osteomielite, artrite séptica ou melioidose neurológica Adição de Sulfametoxazol + Trimetroprima infecção grave que envolve o cérebro, próstata ou outro local privilegiado fase aguda - dose indicada na fase de erradicação Não resposta ceftazidima - indicação de meropenem falência de órgãos, desenvolvimento de um novo foco de infecção, persistência de culturas positivas Fase oral de erradicação Droga Sulfametoxazol + Trimetroprima Adulto>60kg - Comprimido com apresentação de 800/160mg: 2 comprimidos a cada 12h Adulto 40-60kg - Comprimido com apresentação de 400/80mg: 3 comprimidos a cada 12h Adulto < 40kg - Comprimido com apresentação de 800/160mg: 1 comprimido a cada 12h ou Comprimido com apresentação de 400/80mg: 02 comprimidos a cada 12h Crianças - 40/8mg por kg dividido em 2 doses (dose máxima 1600/320mg a cada 12h) Fase oral de erradicação Droga Amoxilina + Ácido Clavulânico (Amoxicilina/Clavulanato) Adulto >60kg Comprimido com apresentação de 500mg/125mg: 3 comprimidos a cada 8h Adulto <60kg Comprimido com apresentação de 500mg/125mg: 2 comprimidos a cada 8h Criança20mg/5mg por kg a cada 8h (dose máxima de 1000mg/250mg a cada 8h) Fase oral de erradicação Duração: mínimo de 12 semanas Primeira escolha: sulfametoxazol + trimetropima microrganismo for suscetível ausência de alergia Terapia prolongada com Trimetropima: Ácido folínico Manejo Disponibilizar unidade de terapia intensiva para pacientes graves Precauções-padrão Vigilância epidemiológica - caracterização clínica e epidemiológica Prevenção Nenhuma vacina promissora - curto prazo Amplo inquérito - Tailândia - 72% - não conhecia a doença - 28% - não conhecia medidas de proteção Austrália Recorrência - 29 casos (baixa adesão, n=540) Prognóstico - 9% (queda de 30% em 5 anos (p < 0,001)) - Diagnóstico precoce - Terapia antimicrobiana e intensiva adequadas Chansrichavala P, Suddee S, Malasit M, Wongsuwan N, Day N, Peacock S, Limmathurosakul D.Perception of melioidosis and its educational video clips in northeast Thailand. 2013, in prelo Currie BJ, Ward L, Cheng AC .The Epidemiology and Clinical Spectrum of Melioidosis: 540 Cases from the 20 Year Darwin Prospective Study. PLoS Negl Trop Dis v. 4, n. 11, e900, 2010 Vigilância epidemiológica Meliodose - doença emergente no Brasil 2003 - Primeiro surto no Ceará Vigilância Epidemiológica - notificação compulsória PORTARIA 1786/2005 Notificação Compulsória Vigilância epidemiológica Por tratar-se de agravo inusitado e emergente no país, a suspeita de um caso de melioidose, obrigatoriamente exige notificação e investigação imediatas à vigilância epidemiológica Vigilância epidemiológica Caso suspeito Pacientes com história epidemiológica de exposição a solo e águas* em qualquer região do Ceará, recente ou não, E que apresente uma das seguintes situações clínicas: *Observação: Considera-se exposição ambiental qualquer história de contato com solo e/ou água, porém, os seguintes antecedentes epidemiológicos são mais sugestivos: exposição a enchentes, lama ou coleções hídricas; atividades que envolvam risco ocupacional (trabalho em contato com solo ou água, atividades na agricultura especialmente em áreas alagadas, atividades de pesca, trabalhadores da construção civil, atividades em terras remexidas, limpeza de córregos, manejo de animais, exposição a esgoto e fossas dentre outras), além de atividades recreativas ou esportivas envolvendo contato com solo e água. Caso suspeito Casos Agudos Paciente com doença febril aguda acompanhada de sintomas respiratórios sugestivos de pneumonia comunitária mas sem melhora ao tratamento antimicrobiano convencional ou Paciente procedente da comunidade com doença febril aguda acompanhada de tosse e/ou dor torácica e que evoluem com piora rápida (dispnéia, hipotensão arterial, sinais de hipoperfusão periférica) ou Paciente procedente da comunidade com doença febril que evolui com síndrome de resposta inflamatória sistêmica, sepse grave ou choque séptico Caso suspeito Casos Crônicos Paciente com febre prolongada de etiologia obscura ou quadro clínico insidioso semelhante a tuberculose e que não responde ao tratamento específico ou Paciente com infecção de tecidos moles (úlceras/abscessos cutâneos, celulites, fasceítes) de evolução crônica (meses) sem resposta ao tratamento antimicrobiano convencional ou Paciente com infecção supurativa crônica sem resposta ao tratamento antimicrobiano convencional Caso confirmado Critério laboratorial: caso suspeito, com os seguintes resultados de exames laboratoriais: isolamento de Burkholderia pseudomallei por cultura microbiológica ou exame de Reação em Cadeia Polimerase (PCR) Critério clínico-epidemiológico: indivíduo que tenha exposição à mesma situação de risco dos pacientes confirmados laboratorialmente, apresentando, obrigatoriamente, manifestações clínicas compatíveis com a doença e sem outro diagnóstico definido Caso provável Indivíduo que tenha história de exposição a solo e água e quadro clínico compatível com melioioidose, sem confirmação laboratorial mas com resposta clínica ao tratamento específico e sem outro diagnóstico definido Prevenção da melioidose 1º Guidelines baseado em evidência - prevenção de melioidose Recomendações - adequadas para pessoas de áreas endêmicas, viajantes e militares Fonte: National geogrophic Limmathurotsakul D, Kanoksil M, Wuthiekanun V, Kitphati R, et al. (2013) Activities of Daily Living Associated with Acquisition of Melioidosis I n Northeast Thailand: A Matched Case-Control Study. PLoS Negl Trop Dis 7(2): e2072. doi:10.1371/journal.pntd.0002072 http://www.plosntd.org/article/info:doi/10.1371/journal.pntd.0002072 PROJETO – DIVULGAÇÃO MELIOIDOSE REALIAZAÇ ÃO COLABORAÇ ÃO APOI O Elaboração de material informativo - cartazes e folders Peças educativas com informações sobre a doença: Perguntas e Respostas para comunidad Cartaz de Alerta Cartão - Medidas preventivas REALIAZAÇ ÃO COLABORAÇ ÃO APOI O REALIAZAÇ ÃO COLABORAÇ ÃO APOI O Elaboração de material para treinamentos de profissionais de saúde Questionário de avaliação – pré e pós curso Protocolo de Manejo Clínico Procolo de VigiLância Epidemiológica Cartão de Consulta Rápida Protocolo de Abordagem da Melioidose Nota de Alerta Resumo da Doença REALIAZAÇ ÃO COLABORAÇ ÃO APOI O REALIAZAÇ ÃO COLABORAÇ ÃO APOI O Treinamentos para Profissionais de Saúde Primeiro - Fortaleza em 23 de Maio, 2014 Treinamentos Juazeiro do Norte, Sobral, Sertão Central e Vale do Jaguaribe - 2º sem 2014/2015 Treinamentos nas Universidades REALIAZAÇ ÃO COLABORAÇ ÃO APOI O Divulgação do material produzido – internet, TV, jornais, universidades e serviços de saúde www.melioidose.com.br Resumo Doença tropical Humanos e animais Doença imitadora - letalidade elevada Requer alta grau de suspeição, diagnóstico e tratamento precoces E a história continua ... Capacitação de profissionais de saúde para a detecção e tratamento oportuno da doença Divulgação científica sobre melioidose Produção de material educativo Vigilância prospectiva, estudo de campo e laboratorial Considerações finais Melioidose no Ceará - necessidade de vigilância epidemiológica Diagnóstico difícil - atenção clínica e laboratorial Desafio de conhecimento - aspectos laboratoriais e ambientais da doença importantes para seu controle Evidência que esta doença precisa ser conhecida e discutida continuamente nos serviços de saúde do país Brasil Condições ambientais favoráveis - clima tropical Diversidade geográfica Amplas áreas e atividades que favorecem exposições Melioidose possivelmente não é restrita ao Ceará e ao Nordeste do país Fon te:IBGE Fon te:IBGE Realização Colaboração: Apoio: Dionne B. Rolim Universidade de Fortaleza - UNIFOR HOSPITAL SÃO JOSÉ/NÚCLEO DE EPIDEMIOLOGIA - SESA Agradecimentos It is better to keep your mouth closed and let people think you are a fool than to open it and remove all doubt Mark Twain Everything in excess is opposed to nature. Hippocrates (460-357 BC) ------------------------------------------------------------------------------------ Walking is man's best medicine. Hippocrates (460-357 BC)