ISSN 2178-5781 Ano XIII | 229 | Julho 2014 Senar em Campo Ciência Sem Fronteiras Projeto apresenta à população o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Jovens buscam conhecimento tecnológico no exterior para aprimorar agronegócio O olho do produtor é que engorda o gado Histórias de quem transforma conhecimento em lucro NOVOS DESAFIOS CAMPO A revista Campo é uma publicação da Federação da Produtor - a nossa razão de ser. Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG com distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. CONSELHO EDITORIAL Bartolomeu Braz Pereira, Claudinei Rigonatto e Eurípedes Bassamurfo da Costa. Editora: Denise N. Oliveira (331/TO) Reportagem: Catherine Moraes e Michelle Rabelo Fotografia: Larissa Melo e Fredox Carvalho Revisão: Denise N.Oliveira Diagramação: Rowan Marketing Impressão: Gráfica Amazonas Tiragem: 12.500 Comercial: (62) 3096-2123 [email protected] DIRETORIA FAEG Presidente: Leonardo Ribeiro Vice-presidente: Antônio Flávio Camilo de Lima. Vice-presidentes Institucionais: Bartolomeu Braz Pereira, Wanderley Rodrigues de Siqueira. Vice-presidentes Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares Ribeiro de Góis. Suplentes: Flávio Augusto Negrão de Moraes, Flávio Faedo, Vanderlan Moura, Ricardo Assis Peres, Adelcir Ferreira da Silva, José Vitor Caixeta Ramo, Wagner Marchesi. Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa, Estrogildo Ferreira dos Anjos, Eduardo de Souza Iwasse, Hélio dos Remédios dos Santos, José Carlos de Oliveira. Suplentes: Joaquim Vilela de Moraes, Dermison Ferreira da Silva, Oswaldo Augusto Curado Fleury Filho, Joaquim Saeta Filho, Henrique Marques de Almeida. Delegados Representantes: Walter Vieira de Rezende, Alécio Maróstica. Suplentes: Antônio Roque da Silva Prates Filho, Vilmar Rodrigues da Rocha. CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR Presidente: Leonardo Ribeiro Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça. Nessa edição da Revista CAMPO compartilhamos histórias de produtores rurais em Goiás que buscaram conhecimento, informação e apoio no Sistema FAEG, e hoje, são exemplos de sucesso no campo. Comemoramos isso! Para nós, O Dia do Produtor é todo dia. Temos muito orgulho de pertencer a uma classe tão importante na sociedade brasileira. E, tento por meio do meu trabalho a frente na Federação, disseminar esse sentimento junto aos meus pares. Orgulham-nos como brasileiros também as inúmeras conquistas na produção de alimentos. São essas conquistas que nos fazem prosseguir. Levantando demandas, atendendo produtores e trabalhadores rurais e com uma expressiva representatividade em comissões e câmaras técnicas do país, temos alcançado nosso objetivo maior: levar conhecimento, qualificação e capacitação técnica ao homem do campo e fazê-lo acreditar que, pelo conhecimento o trabalho muda, a vida muda, e muda para melhor! Com uma demanda mundial crescente por alimentos, sabemos que o Brasil tem o papel de protagonista nesta história. A estimativa de um crescimento da população mundial de 2 bilhões de pessoas nos próximos 35 anos gera uma importante questão: Quem abastecerá o mundo? Com um crescimento de 4% do PIB no país, o agronegócio está acima da média nacional. Fruto de um trabalho árduo de homens e mulheres que acreditam na força da produção. Temos mesmo que nos orgulhar desse setor que tanto tem promovido a melhoria de vida do trabalhador rural e sua família. Temos pela frente um enorme desafio: promover o desenvolvimento rural por meio da tecnologia da gestão eficaz dos custos e riscos e da cooperação. Disposição e coragem: é o que temos. E vamos trilhar este caminho juntos porque Tudo Passa Pelo Campo! Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva, Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago de Castro Raynaud de Faria. Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Elson Freitas e Sandra Maria Pereira do Carmo. Conselho Consultivo: Arno Bruno Weis, Alcido Elenor Wander, Arquivaldo Bites Leão Leite, Juarez Patrício de Oliveira Júnior, José Manoel Caixeta Haun e Glauce Mônica Vilela Souza. Suplentes: Cacildo Alves da Silva, Michela Okada Chaves, Luzia Carolina de Souza, Robson Maia Geraldin, Antônio Sêneca do Nascimento e Marcelo Borges Amorim. Superintendente: Eurípedes Bassamurfo Costa FAEG - SENAR Rua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300 Goiânia - Goiás Fone: (62) 3096-2200 Fax: (62) 3096-2222 Site: www.sistemafaeg.com.br E-mail: [email protected] Fone: (62) 3412-2700 e Fax: (62) 3412-2702 Site: www.senargo.org.br E-mail: [email protected] Para receber a Campo envie o endereço de entrega para o e-mail: [email protected]. Para falar com a redação ligue: (62) 3096-2114 – (62) 3096-2226. Leonardo Ribeiro Presidente do Sistema FAEG Larissa Melo Suplentes: Rômulo Divino Gonzaga de Menezes, Marco Antônio do Nascimento Guerra e Sandra Alves Lemes. Fredox Carvalho Larissa Melo PAINEL CENTRAL Prosa Tudo passa pelo campo 22 8 À frente de professores, pesquisadores, extensionistas e técnicos especializados, John N. Landers fala sobre o agropecuarista atual Histórias de quem vive no meio rural mostram a importância do Dia do Produtor Errata Na edição 228 junho de 2014 a Revista Campo- pagina 29, foto no alto da página, legenda os visitantes fizeram uma análise de cada espaço da chácara Nova Era – o nome correto é Chácara Nova Esperança como redigido na matéria correspondente. 18 Suíno do prato, sem preconceito Larissa Melo Parceria estimula consumo da carne suína e desmitifica ideia de que alimento não é saudável 4 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br Larissa Melo Senar em Campo 14 Larissa Melo Unindo cultura, lazer, cidadania e atendimento médico população conhece Serviço de Aprendizagem Rural A ameaça do Vale do São Patrício 27 Bananicultores se reúnem para buscar saída contra pragas Agenda Rural 06 Fique Sabendo 07 Do Cerrado para o mundo Delícias do Campo 33 Programa Ciência Sem Fronteiras abre portas para quem quer apostar no agronegócio com profissionalismo Treinamentos e cursos do Senar 36 Campo Aberto 38 30 Fredox Carvalho Larissa Melo Patrícia Pimpão buscou o Senar Goiás para tocar o negócio deixado pelo pai Balde Cheio 34 O produtor que se qualificou, virou o jogo e hoje vive da renda que vem do leite www.senargo.org.br Julho / 2014 CAMPO |5 AGENDA RURAL Seminário Regional de Contabilidade Rural 13/08/2014 Horário: 8h Local: Auditório do Sindicato Patronal Rural de Itaberaí Rua Mestre Virgílio Esq. c/ Luiz Antônio, Centro - Itaberaí-GO Informações: SENAR Goiás - (62) 3412-2748 ou (62) 3412-2750 05/07 31/07 a 03/08 Acordo Nova Zelândia e Faeg – Balde Cheio Local: Foyer Faeg – Rua 87, nº 662, Setor Sul, Goiânia Horário: 10h30 Informações: 62 3096-2200 Feira do Empreendedor Local: Centro de Convenções de Goiânia, Rua 4, Centro. Horário: Dia todo Informações: 62 3250-2236 6 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br FIQUE SABENDO Senar Goiás e CRC firmam parceria Larissa Melo Divulgação ARMAZÉM Poda de árvores frutíferas Intitulado ‘Poda das Plantas Frutíferas’, o livro é de autoria de J. S. Inglez de Sousa, um dos grandes mestres da fruticultura brasileira. O autor, que também é referência no ensino da viticultura, registrou, nesta obra, conceitos e a prática da poda na fruticultura. O objetivo é atingir tanto o fruticultor quanto quem apenas possui uma fruteira de quintal. Entre as descrições objetivas e específicas para o poda adequada, estão: poda de formação; poda de frutificação; poda de rejuvenescimento, reconstituição e tratamento; poda de limpeza; e poda de produção longa, média ou curta. Com o propósito de confirmar a parceria para a realização dos Seminários Regionais de Contabilidade Rural, que acontecerão ainda neste semestre, estiveram reunidos na sede do Senar em Goiânia, o superintendente da instituição, Eurípedes Bassamurfo da Costa e o presidente do Conselho Regional de Contabilidade, Elione Cipriano da Silva e técnicos das duas entidades. Os Seminários que acontecerão a partir de agosto, darão ênfase na atividade rural pessoal e jurídica mi- nistradas pelo palestrante Israel Ferreira de Lima – contador especialista em Direito Tributário e Controladoria, professor da UFPE, Católica/PE, CESMAC/FEJAL e FARIRE. O primeiro município a receber o evento será Itaberaí, no dia 13 de agosto. O objetivo é reunir contadores, escritórios de contabilidade, profissionais de recursos humanos, acadêmicos de ciências contábeis e empresas de agronegócios para aperfeiçoarem conhecimento acerca da Atividade Rural – Pessoa Física e Pessoa Jurídica. PESQUISA Biorreguladores minimizam estresse nas plantas www.senargo.org.br Paulista (Unoeste), Gustavo Maia explica que a primeira providência deve ser cessar a causa do estresse. Isso pode ocorrer irrigando as plantas, aplicando defensivos. Além disso, ele ressalta que bioreguladores tem se mostrado uma alternativa bastante efetiva. Isto porque atuam em processos fundamentais para a sobrevivência e a manutenção do bom estado da planta. Tal efeito se dá por uma influência positiva no processo fotossintético. Shutter No meio agrícola, os fatores ambientais são as principais causas de estresse. Entre os exemplos, falta ou excesso de água, luminosidade e nutrientes adequados ao solo, além dos ataques de pragas e doenças, como fungos, vírus e bactérias. Com baixa umidade relativa do ar e o tempo seco, os níveis de umidade do solo diminuem levando a planta ao estresse hídrico. Professor da Universidade do Oeste Julho / 2014 CAMPO |7 Fredox Carvalho PROSA RURAL John difunde suas ideias e seus ideais por meio de palestras em várias universidades 8 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br “Ou vamos dar alimento ao mundo, ou vamos à extinção.” John Landers é pesquisador e defensor assumido da sustentabilidade na agricultura Michelle Rabelo | [email protected] Pedro Arantes | [email protected] D efensor assumido do uso da sustentabilidade na agricultura, o inglês John Landers é o entrevistado da revista Campo no mês de julho. Em homenagem ao mês em que se comemora o Dia do Produtor, o estudioso da agricultura nos Cerrados Brasileiros falou sobre conscientização, mudança de hábitos por parte de quem planta e de quem consome, e das oportunidades oferecidas ao agronegócio p ela Revista Campo: Em seu discurso nota-se uma intensa preocupação com a sustentabilidade da agricultura e com o uso de recursos naturais nos trópicos. O que mudou nos últimos anos? O produtor está mais consciente? John Landers: Para produzir sempre mais por unidade de área, como impera o crescimento desenfreado da população mundial, precisamos deixar os nossos solos em melhores condições para os nossos herdeiros. Ou vamos dar alimento ao mundo, ou vamos à extinção. Quando a sociedade reconhecer o produtor rural brasileiro como o maior aliado da conservação dos recursos naturais, www.senargo.org.br tecnologia moder na. Aos 76 anos de idade, John já foi pesquisador do IRI Research Institute (IRI) - em Matão/SP, e classifica o produtor rural como o principal aliado da conservação. Hoje ele difunde suas ideias e seus ideais por meio de palestras em várias universidades brasileiras e em todo o mundo, assim como em eventos nacionais e internacionais. teremos uma plataforma para o pagamento de serviços ambientais. No Cerrado houve uma sensível melhoria na qualidade de vida, devido à pujança da agricultura moderna. No mesmo período, a consciência ambiental do produtor rural brasileiro mudou da água para o vinho. Ele agora está disposto a cumprir a legislação ambiental mais rigoroso do mundo. Revista Campo: O que a região do Cerrado tem de especial para ter atraído a sua atenção? Suas atividades sempre se concentraram no Estado de Goiás? John Landers: Fui trazido ao Brasil em 1966 pelo Instituto de Pes- quisas IRI, de Matão-SP, cujos técnicos foram os verdadeiros pioneiros da conversão dos solos do Cerrado de inférteis para produtivos, iniciandose pesquisas em 1959. Em 1966, fui logo iniciado no Cerrado como coordenador do plano diretor da Estação Experimental de Brasília (hoje CPAC). Ali implantei um sistema de irrigação com controles de umidade por tensiômetros e blocos de gesso, da minha fabricação, na ponta da tecnologia de então. Em 1972, editei o Plano Diretor do recém-fundado Instituto Agronômico do Paraná. Revista Campo: Quais os efeitos socioeconômicos da adoção do Julho / 2014 CAMPO |9 Revista Campo: Porque parte disso não pode ser devolvido aos agricultores que cumprem a lei ambiental, na forma de pagamento por serviços ambientais? John Landers: A ILPF é um sistema que maximiza a fixação de carbono por hectare, bom para cumprir o compromisso de Copenhagen, porém de gestão mais complicado que o ILPD. Portanto merece um estimulo financeiro – afinal quem perceberia os créditos de carbono seria o governo. siva com o uso de muitos produtos químicos? John Landers: Esta dialética é a coisa mais absurda do mundo, pois reflete uma nação dividida por uma causa comum. Nos países do primeiro mundo o produtor rural recebe verbas justas para seus atos de conservação e, digamos de passagem, os nossos estão bem na frente de todos os europeus em matéria de conservação do solo, com SPD, é claro. Revista Campo: Em sua opinião, qual o papel do pequeno produtor rural familiar? Existe uma diferenciação em relação à sustentabilidade da atividade produtiva rural entre uma produção familiar e uma de alta tecnologia? John Landers: A minha análise do papel do pequeno produtor é, que ele (ela) deve se especializar aonde tem vantagens comparativas, especialmente na produção de leite e culturas perenes, que dão estabilidade econômica e conservam os recursos naturais. A pequena propriedade precisa de aplicar o máximo de tecnologia possível para gerar renda adequada de uma área pequena. A área de agricultura orgânica pode gerar retor- nos adicionais à mão de obra familiar, mas essas tecnologias também exigem consideráveis esforços gerenciais para se aplicarem e dependem de um mercado organizado. Em termos da conservação de recursos naturais, são os pequenos que sofrem mais para adotar práticas conservacionistas, por ter pouco recurso disponível para tais investimentos. Podemos dizer, sem sombra de dúvida, que os produtores brasileiros hoje estão entre os melhores no mundo tropical Fredox Carvalho Sistema de Plantio Direto (SPD) para a sustentabilidade da atividade produtiva rural? E da Integração Lavoura Plantio Direto – Pecuária – Floresta (ILPF)? John Landers: O SPD se tornou a maior ferramenta mundial para criar uma agricultura sustentável. Após muita instigação minha, foi adotado oficialmente pela Organização Mundial de Alimentos e Agricultura (FAO) e rebatizado “Agricultura de Conservação” (CA, na sigla inglesa). Em primeiro lugar, não fosse o SPD, estávamos perdendo 10 ton/ha/ano de solo corrigido por tonelada de grão de soja produzida, para poluir os rios e reservatórios. A vida de Itaipu está hoje projetada em 160 anos, graças ao controle da erosão proporcionado pelo SPD. Mas, houve muito mais benefícios: o SPD tornou a agricultura brasileira a que mais cresce em produção e produtividade e podemos dizer, sem sombra de dúvida, que os produtores brasileiros hoje são entre os melhores no mundo tropical – somente os Australianos chegam ao mesmo patamar. Para John o produtor rural é o principal aliado da conservação Revista Campo: Qual a solução para a dialética entre ambientalistas e produtores rurais diante de uma necessidade de produção mais inten- 10 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br MERCADO E PRODUTO Produção de leite e preços dos derivados garantem estabilidade ao produtor O preço do leite pode sofrer variações (durante o ano) devido a diversos fatores, tais como: políticas econômicas (câmbio, juros, crédito, política comercial, etc.), sazonalidade da produção leiteira, qualidade do leite, hábitos de consumo e demanda do consumidor, aspectos sanitários, balança comercial de leite e derivados, relação entre compradores e vendedores, concorrência entre as indústrias, etc. A inter ferência de um ou outro fator, ou mesmo, a conjunção de vários desses aspectos podem afetar para cima ou para baixo os preços do leite. Ou seja, o mercado pode ser afetado, dependendo da época do ano, por diferentes fatores. Oferta restrita, preços internos de derivados lácteos estáveis e exportações maiores do que as importações em junho/julho/2014 sinalizam, neste momento, estabilidade de preços aos produtores goianos. Esse é no cenário atual da atividade leiteira em Goiás e na região Centro-Sudeste. Segundo análise do comportamento da produção de leite tendo como base o levantamento realizado pela Faeg www.senargo.org.br em 17 cooperativas de leite em Goiás nos primeiro seis meses deste ano, a produção de leite de Goiás recuou 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Se considerarmos o período de maio/2014 para junho/2014 essa queda foi de 5%. Como estamos em período de entressafra na região Centro-Sudeste, tal fato explica a queda da oferta de leite. Diferentemente do ocorrido no mês de maio/2014 onde a demanda desaquecida por derivados lácteos pressionou para baixo os preços aos produtores, em junho houve recuperação dos preços dos derivados lácteos (principalmente do leite longa vida – UHT), ficando estável no mês de julho/2014. Na última quinzena de julho/2014 os preços médios do leite longa vida no mercado atacadista de São Paulo (maior consumidor do leite UHT produzido em Goiás e no país) foi da ordem de R$ 2,32/litro. Como o mês de agosto é um mês onde a demanda tende a ficar mais aquecida por conta do final das férias escolares e início das aulas, a tendência é que os preços dos derivados lácteos permaneçam firmes. Outro aspecto relevante é que apesar de uma pequena queda nos preços das commodities lácteas no mercado internacional, as exportações foram maiores do que as importações no mês de junho/2014. As exportações somaram US$ 38 milhões, enquanto as importações foram de US$ 19 milhões. Toda essa conjugação de fatores está contribuindo para a estabilidade dos preços aos produtores goianos que estão variando hoje de R$ 1,03/ litro à R$ 1,23/ litro levando-se em consideração produtores individuais. Qual o cenário pra frente? Dado a situação atual, caso não haja nenhum aspecto que interfira radicalmente para provocar um desequilíbrio, a tendência é de estabilidade dos preços pelo menos até a entrada da safra que se inicia no inicio de outubro. No entanto, é necessário que o produtor continue fazendo a sua parte. É preciso que o mesmo, gerencie o seu negócio, procure na medida do possível aumentar sua eficiência e sua produtividade, procurando racionalizar os seus custos de produção e ficar sempre atendo ao comportamento das variáveis de mercado. Jana Tomazelli Edson Novaes | [email protected] Edson Novaes é gerente de Estudos Técnicos e Econômicos da Faeg Julho / 2014 CAMPO | 11 AÇÃO SINDICAL ARENÓPOLIS DOVERLÂNDIA Sindicato Rural de Doverlândia Rádio Caiapó FM Culinária com derivados do leite Construção do Parque Agropecuário O Sindicato Rural de Doverlândia promoveu, no último mês, o lançamento da Pedra Fundamental de Construção do Parque Agropecuário, que só foi possível depois que o Executivo Municipal viabilizou o desmembramento de área do Sindicato para loteamento. O evento, que contou com presença de vários produtores, também contou com a entrega da galeria de presidentes e a posse da nova diretoria. Na ocasião, Bruno Héuser Higino da Costa deixou o cargo e Flávio Roberto A. Costa assumiu como presidente. Entre os presentes, os presidentes dos sindicatos rurais de Caiapônia (Ailton Vilela) e o de ARAGUAPAZ Piranhas (Dermison Ferreira da Silva). O Sindicato Rural de Arenópolis realizou, no último mês, mais uma edição do curso de culinária com derivados do leite. O evento ocorreu na Assembleia de Deus da cidade e contou com cobertura da Rádio Caiapó FM. O curso ensina a processar queijo mussarela, queijo minas, requeijão, doce de leite, iogurte, entre outros. RIO VERDE Sindicato Rural de Rio Verde Compartilhando solidariedade LUZIÂNIA Sindicato Rural de Luziânia Repasse do Agrinho Em parceria com o Senar Goiás, moradores do município e da zona rural de Novo Gama participaram do curso de artesanato de palha de milho. O treinamento ocorreu entre 15 e 18 de julho e contou com mais de 12 participantes. 12 | CAMPO Julho / 2014 Mais de 4 toneladas de alimentos foram arrecadadas durante a Exposição Agropecuária de Rio Verde. No último mês de julho, o Sindicato Rural, a maçonaria e Campeão Supermercados fizeram a entrega de 4.4 00 kg de alimentos a quatro instituições. A arrecadação ocorreu durante uma luta de MMA inclusa na programação da Expo Rio Verde. www.sistemafaeg.com.br CAIAPÔNIA MINAÇU Sindicato Rural de Minaçu Sindicato Rural de Caiapônia Transformação da carne suína Doma Racional Com o intuito de ensinar uma doma racional que preza pelo carinho na condução do animal, o Sindicato Rural de Minaçu realizou mais um curso de Doma Racional. Promovido pelo Senar Goiás, o curso foi realizado na fazenda do Joãozinho e abordou, entre outros temas, trabalho de guia; encilhamento; charreteamento; utilização de embocadura e tralhas; postura do cavaleiro e noções básicas de rédeas e evoluções. O Assentamento Cachoeira Bonita, em Caiapônia recebeu, no mês de julho, o treinamento Transformação Caseira de Carne Suína. A realização foi do Senar Goiás em parceria com o Sindicato Rural de Caiapônia e o evento ocorreu entre os dias 24 a 26 de julho. O instrutor foi Ângelo Ferreira Magalhães. SILVÂNIA No dia 15 de julho de 2014, o Senar Goiás, em parceria com o Sindicato Rural de Silvânia, realizou reunião com os produtores da região do Cruzeiro, no município de Silvânia. O objetivo foi sensibilizar e formar uma turma do programa Gestão de Pecuária Leiteira. Nós próximos sete meses o grupo de produtores receberão informações sobre gestão, controle e planejamento da atividade leiteira, além de aprender mais sobre alimentação e manejo nos períodos de seca e águas, sanidade e reprodução, qualidade de leite e também, cria e recria de fêmeas. A intenção é gerar resultados positivos na produção de leite da região. www.senargo.org.br CATALÃO Cavalos do bem Prefeitura de Catalão Rafael Albernaz Formação programa Gestão de Pecuária de Leite Com a parceria da prefeitura de Catalão, do Sindicato Rural e do Senar Goiás, a Associação Catalana de Equoterapia (Ascate) está desenvolvendo a equoterapia no município. As aulas gratuitas são realizadas no campo de futebol do Complexo do Clube do Povo, local cedido pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. Os atendimentos são realizados às quartas-feiras, entre 14h e 18h e os interessados em participar devem procurar o Sindicato Rural. Julho / 2014 CAMPO | 13 Larissa Melo SAÚDE E LAZER Senar em Campo 2014 mobiliza entorno do Distrito Federal Catherine Moraes | [email protected] V estido de verde e amarelo, o Senar em Campo 2014 começou suas atividades unindo amigos e famílias para torcer juntos pelo Brasil em praça pública. Com a primeira vitória em cima de Camarões, os moradores de Novo Gama puderam até pensar que o caminho seria mais fácil, mas os próximos jogos mostrariam uma dura realidade até o vergonhoso 7 X 1 da Alemanha e o desfecho contra a Holanda deixando o país fora do pódio. Ainda assim, a equipe do Senar Goiás não deixou a bola cair e levou aos municípios mais que a paixão pelo futebol: levou atendimentos de saúde, oficinas, sessões de cine pipoca, apresentações artísticas, campeonato de embaixadinhas 14 | CAMPO Julho / 2014 e fez a festa continuar até o final do mês de julho. O objetivo do Senar em Campo 2014 era divulgar as ações e programas que a entidade tem oferecido a quem mora no meio rural. Além disso, juntamente com parceiros locais, prestar atendimentos à população no que diz respeito à saúde, cidadania, educação e lazer. Para isso, em parceria com o Senar Central levou um caminhão com painel de Led para transmissão dos jogos, filmes classificação livre e apresentação de cursos e treinamentos. Em locais públicos, o caminhão estacionou e, ao redor dele o evento foi construído. Na lista: vacinação, oficinas demonstrativas de artesanato, aferição de pressão, teste de glicemia, oftalmologista, ginecologista, urologista. Tudo isto, com parceria das prefeituras e Sindicatos Rurais. E a programação não parou por aí, beneficiários de cursos e treinamentos do Senar Goiás subiram ao palco para contar as próprias histórias. Muitas vezes emocionados, buscavam mostrar que, pela decisão de se profissionalizar a vida muda, e muito! Os participantes, muitos que não conheciam o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), saíram curiosos e encantados com a possibilidade de melhorar de vida e, principalmente, sem pagar pelos cursos oferecidos. www.sistemafaeg.com.br Fredox Carvalho Novo Gama O município de Novo Gama recebeu o primeiro evento, entre os dias 23 e 25 de junho e contou com apresentações artísticas, oficinas demonstrativas, esclarecimentos sobre os cursos do Senar e venda de produtos fabricados por participantes das capacitações da entidade. Entre os beneficiários, José Raimundo Mendes, que apresentou, orgulhoso, o açúcar mascavo, a cachaça e a rapadura. Tudo feito com o conhecimento adquirido nos cursos do Senar. Curso este que te possibilitou o aumento da renda. Larissa Melo Valparaíso Fredox Carvalho Com o coração na boca por dois tempos, prorrogação e finalmente pênaltis contra o Chile, moradores de Valparaíso puderam ainda participar de um campeonato de embaixadinhas. Ao final do jogo, depois de finalmente garantir a vitória brasileira, foi a hora de mostrar a bola no pé, no peito e arrasar nas embaixadinhas. Crianças e adultos disputaram por igual e a torcida fez a roda para ver o show. Fabiano Leonardo Jorge, de 34 anos, conseguiu nada menos que 97 embaixadinhas, sem deixar a bola encostar-se ao chão. Agente de saúde do município, ele ganhou uma bicicleta e garantiu: “Vou presentear minha sobrinha”. Luziânia Para provar que a melhoria na qualidade de vida é real, Ayla Maria de Carvalho subiu ao palco do Senar em Campo de Luziânia para contar da própria experiência. Artesã, ela fala que tinha o trabalho apenas como um complemento de renda e hoje, vira madrugadas para suprir as encomendas recebidas. “Para mim, fazer o curso do Senar Goiás foi muito especial porque eu nunca tinha tido uma oportunidade assim e abracei com todas as forças. Eu subi um degrau na minha vida e hoje tenho meu sustento. Agora faço também sobre empreendedorismo, para dar preço aos meus produtos”. O próximo passo, ela afirma, é montar uma lojinha, completa. www.senargo.org.br Julho / 2014 CAMPO | 15 Larissa Melo Cristalina Enquanto a bola rolava, a população do município pode conhecer duas histórias de sucesso. Marlene da Silva Sardinha e Elurdina Camilo fizeram cursos de capacitação no Senar Goiás e contaram suas experiências no Senar em Campo de Cristalina. Em exposição estavam doces artesanais, pães caseiros, bolos e roscas de soja, queijos e mel. Segundo a mobilizadora do Sindicato Rural (SR) de Cristalina, Cláudia Campos, a procura pelos cursos é grande e os integrantes, interessados. Marlene fez curso de Cozinha Rural, Panificação Rural, Produção de Doces e Alimentação Complementar, no qual aprendeu a fabricar delícias vindas da soja como pães, bolos e roscas. Ela conta que a renda ajuda o marido a sustentar a casa e que o trabalho veio como uma terapia depois que ela se aposentou. “Fico dois dias preparando cada fornada de produtos. Primeiro limpo e preparo a soja para fazer a massa. Só no segundo dia é que faço os quitutes”. Fredox Carvalho Alexânia Águas Lindas É impossível não notar Maria das Graças, a dona Lia, no meio das pessoas que saíram de casa para conferir a programação do Senar em Campo de Águas Lindas. A aposentada de 66 anos terminou recentemente o curso de artesanato em Bambu e planeja agora começar a fabricar peças - como porta retratos, luminárias e para vender e engordar a poupança que usa para sobreviver. “O professor é maravilhoso, paciente e trata todos com respeito, independente da idade ou da instrução. Eu adorei”. 16 | CAMPO Julho / 2014 Larissa Melo Em Alexânia, além dos atrativos culturais, a população contou ainda com atendimentos médicos. Valter Antunes, 39 anos, aproveitou para realizar o exame preventivo ao câncer de próstata. Ele conta que ficou sabendo do evento por um carro de som que passou pela cidade, e se apressou para ser um dos primeiros a ser atendido. “Minha mãe teve câncer antes de morrer, por isso tento cuidar muito bem da saúde”. É a primeira vez que Valter faz o exame, mas disse que não pensou duas vezes quando viu a oportunidade, já que na cidade só clínicos gerais atendem a população. www.sistemafaeg.com.br Larissa Mello Planaltina Forró, sertanejo e músicas que fazem referência á São João fizeram a trilha sonora da festa durante o Senar em Campo de Planaltina de Goiás. Com apresentação de artistas locais, como a banda Trilhas do Forro e o cantor Wesaley Amaral, ninguém ficou parado, a não ser durante a apresentação do filme “O Auto da Compadecida” – escolha, por votação, da população que foi prestigiar o evento. Fredox Carvalho Corumbá de Goiás Entre aplausos e sorrisos orgulhosos, participantes de cursos de capacitação do Senar Goiás receberam seus certificados na noite do último dia 25 de julho em Corumbá de Goiás. A entrega aconteceu durante mais uma edição do Senar em Campo. Os participantes receberam os certificados das mãos do Supervisor Regional do Senar Goiás Dirceu Borges, e agradeceram emocionados enquanto contavam como a vida melhorou depois de se capacitarem. Outros municípios Cidade Ocidental – 29 de junho Brazlândia - dias 26, 27 e 28 de julho Planaltina do DF - dias 31 de julho e 1º de agosto Cabeceira Grande/MG - dias 3, 4 e 5 de agosto de 14 www.senargo.org.br Julho / 2014 CAMPO | 17 Marcus Vinícius SABOR E SAÚDE NO PRATO Carne suína ainda carrega estigma de fazer mal à saúde O suíno que deixou, há muito tempo, de ser porco Ações estimulam consumo do alimento Michelle Rabelo | [email protected] 18 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br quenas Empresas (Sebrae) Goiás e a Associação Goiana de Suinocultores (AGS), é mostrar que o suíno deixou, há muito tempo, de ser porco. O conjunto de ações está dentro do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS) que visa conscientizar a população sobre os mitos e verdades da ingestão da car ne suína, além de promover o alimento e disseminar informações importantes sobre o mercado de car ne e a realidade do Brasil, que é o 4º maior produtor e exportador do produto. Diante deste cenário, o Senar Goiás ministra cursos de Suinocultura de Produção de Leitões e Suinocultura de Terminação – ambos do tipo Formação Profissional Rural (FPR), nos quais os participante aprendem, entre outras coisas, sobre o sistema de produção de leitões, inseminação artificial, o manejo de matrizes na gestação, no pré e pós-parto e de leitões do nascimento ao desmame. Além, disso, o carregamento dos animais e o manejo sanitário são abordados durante a capacitação. Tudo com o intuito de desmitificar a criação dos suínos que muitas vezes é ligado à falta de higiene e prejuízos à saúde de quem consome a carne do animal. www.senargo.org.br Larissa Melo A ideia de que o preparo da carne suína precisa vir acompanhado de cuidados fora do comum e a sensação de estar saindo da dieta sempre que uma bisteca aparece no prato vai ficar no passado. Pelo menos esse é o objetivo de ações cujo público alvo vai desde o funcionário dos estabelecimentos nos quais o animal é criado, até o consumidor final. A intenção, segundo os organizadores e apoiadores como a Federação da Agricultura e Pecuária (Faeg), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, o Serviço de Apoio às Micro e Pe- Ao todo, existem cerca de 30 cortes de carne suína Julho / 2014 CAMPO | 19 Para a médica veterinária e coordenadora do Departamento Técnico do Senar Goiás, Samantha Andrade, o caminho para um maior desenvolvimento da suinocultura, a fim de desmistificar todos os preconceitos a cerca da carne suína, é começar com a qualificação de quem atua na base do sistema. Segundo Anny Almeida, no Brasil uma pessoa consome anualmente uma média de 94 kg de carnes, sendo que 15kg é de carne suína, o que prova que o preconceito ainda é considerável. Ela ainda classificou a carne como versátil e muito saudável, já que se destaca pelo conteúdo de vitamina B, cálcio, fósforo, zinco, ferro e potássio. Mas muita gente aposta que o preconceito entrará, cada vez mais, em fase decrescente. Prova disso, foram os dados apresentados pela gerente executiva do PNDS na ABCS, Anny Almeida. Houve, nos últimos anos, um crescimento no consumo e na exportação da carne suína no Brasil. Em âmbito mundial, 39% da carne consumida aqui é suína, 30% é de frango e 24% é bovina. Suíno do prato, sem preconceito “O preconceito ainda existe, principalmente fora do estado de Goiás, 20 | CAMPO Julho / 2014 Ele admite que a carne suína é comumente relacionada com a alimentação da zona rural, mas explica que a carne pode estar presente tanto em receitas mais sofisticadas quanto nos pratos mais práticos feitas no dia a dia . Segundo André, o importante é saber a procedência da carne. “Sabendo de onde vem, você pode até comer um filé mignon suíno mal passado. É lenda essa história de que a gente precisa cozinhar e depois fritar a carne suína. Ela perde a consistência e o melhor do sabor”. Antes da oficina gastronômica os açougueiros do supermercado passaram por um treinamento de cortes da carne – o que faz com que o alimento fique mais ou menos calórico – e os colaboradores do local foram orientados sobre as características do alimento. Durante sua oficina, André fez questão de citar uma quantidade grande de possibilidades para a carne suína, enquanto Anny defendeu a boa apresentação do alimento, que pode ser resultado tanto do corte da peça quanto do preparo dos pratos. Larissa Melo Larissa Melo Anny Almeida fala sobre o preconceito que ainda é grande onde a carne suína é consumida com menor frequência”, explica Anny Almeida. Ela esteve em Goiânia no mês de julho para lançar a 2ª Semana Nacional de Carne Suína, que acontece entre 3 e 17 de setembro em todo o Brasil e faz parte da campanha “A Carne suína é 10”, que conta ainda com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A ação especial aconteceu no supermercado Pão de Açúcar, em Goiânia, e na ocasião, o ponto alto da noite foi a oficina do chef André Rabelo, que atraiu olhares desconfiados diante da promessa de um strogonoff suíno com sabor leve, que não lembra nem de longe a ideia que muita gente carrega da carne. “A receita é simples, mas demanda muitas técnicas culinárias, por isso eu aproveito o espaço e apresento diversas técnicas que podem ser usadas em outras ocasiões, no preparo de outros alimentos”, disse o chef, que é formado pelo Senac Águas de São Pedro e vem percorrendo o país com suas receitas diferenciadas. O chef André Rabelo faz pratos diferentes utilizando a carne suína www.sistemafaeg.com.br Larissa Melo TUDO PASSA PELO CAMPO BUSCANDO CONHECIMENTO E COLHENDO PRODUTIVIDADE As conquistas de quem merece um dia no calendário Karina Ribeiro | [email protected] Especial para a Revista Campo 22 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br P Patrícia Pimpão herdou a propriedade do pai e hoje a fazenda é um negócio rofissão poucas vezes reco- Ela explica que o pai faleceu logo nhecida pela sociedade ur- após a descoberta de uma doença, o bana, mas de extrema im- que dificultou o repasse de informa- portância para a economia, ções e técnicas para tocar as fazendas geração de postos de trabalho, além Santa Bárbara e Desemboque. Com- de agregar valor às matérias-primas pletamente leiga em relação à ativida- retiradas do solo, o Dia do Produtor de de pecuária de corte, Patrícia de- Rural foi comemorado no dia 25 de dicou ao aprendizado, sobretudo, das julho. Se o País é considerado hoje técnicas de bovinocultura de corte e um dos principais celeiros mundiais, gestão do negócio. “Quando assumi a com uma engrenagem que permite a fazenda entrei no negócio sem saber cada ano aumentar a produtividade nada, sem nenhum conhecimento da de suas áreas cultivadas, Goiás é um área rural”, reconhece. dos pivôs de um País cujos sete dos A falta de controle dos custos da dez principais produtos da pauta de propriedade foi um dos primeiros fato- exportação são oriundos do setor res que chamaram atenção da oftalmo- agropecuário. Em meio a esse cená- logista. Ela conta que a gestão era ama- rio positivo é que a Revista Campo dora, sem nenhum controle financeiro. vai retratar casos de sucesso em di- Paralelamente aos atendimentos Larissa Mello versas atividades. no consultório, ela cursou diversos De forma geral, esses produtores treinamentos dos Senar e incentivou rurais começaram na atividade com os seis funcionários da propriedade a lucros e produtividades tímidas, mas fazerem o mesmo. “Nós trazemos o que conseguiram dar a volta por cima curso para a fazenda. Ainda são pou- e hoje podem ser considerados espe- cos proprietários que vão, mas estão lhos para outros produtores. Além presentes os gerentes. Nós estamos da dedicação intensa aos negócios, tendo retorno em produtividade, mas eles compartilham de investimentos também em motivação já que muitos em constantes treinamentos, perse- funcionários estão voltando a estu- verança, emprego de tecnologia e, dar”, ressalta. sobretudo, um olhar mais apurado Ela enumera uma série de cursos dos gastos de dentro da porteira. A que ela ou pelo menos um dos seis gestão, calcanhar de Aquiles de mui- funcionários da fazenda realizaram tos produtores, conforme eles dizem, nos últimos quatro anos: bovinocul- pode ser a porta de entrada para uma tura de corte, inseminação artificial, guinada de sucesso. manejo de pastagem, doma racional de equídeos, bovinocultura vacina- Pecuária de corte www.senargo.org.br ção, manejo racional de bovinos de Há um pouco mais de cinco anos, corte, rédeas. Ela afirma que foi ob- a oftalmologista Patrícia de Pau- servada a aptidão de cada funcionário la Pimpão, dificilmente conseguiria antes de direcionar o treinamento. imaginar que despontaria em uma das Neste aspecto, diz, um dos maiores atividades consideradas mais melin- incômodos é perceber que muitos pe- drosas do setor agropecuário. Após o cuaristas ainda não acreditam na ca- falecimento de seu pai, Carlos Almei- pacitação de funcionários. “Eles acre- da Pimpão, em maio de 2009, herdou ditam que você perde o funcionário uma área de 1.870 hectares, localiza- se o capacitar. Isso me entristece”, da no município de Cocalzinho. diz. Vale lembrar que ela permanece Julho / 2014 CAMPO | 23 Larissa Melo Patrícia capacitou os funcionários por meio do Senar Goiás No entanto, em pouco mais de cin- os cálculos. Tudo aqui é avaliado co anos, a produtividade deu um sal- com antecedência e colocado à mesa to incontestável. A produtividade por para debater”, diz. Ela explica que hectare saiu de R$ 15 para R$ 268 re- qualquer produtor, independente do ais. Isso corresponde a um resultado porte, tem condições de implementar quase 18 vezes maior que o inicial, ou essa medida. E mais, não foi aplicado ainda, 1.686%. E Patrícia afirma que um centavo de investimento oriundo este ainda é o maior desafio, melho- de outra atividade. “Não acredito nis- rar a produtividade. “É algo que pode so. O negócio para mim tem de ser Passo a passo De forma geral, Patrícia conta que, no primeiro momento, começou a lidar somente com cria. “Era o mais fácil a se fazer”, resume. Com o tempo, aplicou sistema de produção e, atualmente, foca em recria e engorda. “Agora tiramos vacas e novilhas e é possível aumentar ainda mais a produtividade”, diz. Por todo esse trajeto, foram aplicadas as técnicas aprendidas nos cursos administrados pelo Senar, além da contratação da consultoria. Neste período a estrutura física da fazenda já não é mais a mesma. Foram reformados currais, construído barracão, instalado novo brete, cerca elétrica, além da fábrica de ração própria. Mas Patrícia afirma que o que mais chama atenção de qualquer outro pecuarista é mesmo a gestão profissional do negócio. Ela sabe informar a produtividade e o custo por animal e calcula o tempo de retorno de cada investimento. “Mas ainda temos muito a aprimorar o processo, principalmente o ganho individual e será melhorado. Vamos focar agora sustentável”, afirma. por cabeça”, diz. com todos os funcionários. O mais em recria e engorda”, diz. Vale lem- antigo possui 21 anos de trabalho na brar que, em cinco anos, o setor pas- fazenda e o mais recente, 3 anos. sou por alguns períodos de crise com Em pouco tempo, Patrícia de Pau- o preço da arroba do boi caindo em la, vem mostrando que, na prática, contraste com os custos de produção. a capacitação e uma boa gestão dos Para atingir esse patamar de cres- negócios são alguns dos fatores que cimento e, sobretudo, domínio de promoveram a reviravolta nos resul- gestão, Patrícia tomou duas decisões: tados da fazenda. contratou uma empresa de consulto- Ela conta que a quantidade média do rebanho na propriedade anual- ria e voltou à sala de aula para cursar administração de empresas. mente é de 1.850 cabeças de gado. Ela explica que a empresa de con- Talvez este seja um dos poucos dados sultoria trabalha em parceria. Todos que não mudou após o início de sua os passos são calculados para avaliar gestão. “O rebanho era próximo a o custo-benefício antes de qualquer isso”, afirma. tomada de decisão. “Nós abraçamos 24 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br Pecuária de leite A gestão também mudou o rumo dos negócios do produtor de leite do município de Paraúna, Carlos Roberto Dantas Ferro. Antes de ingressar no Programa Empreendedor Rural (PER) oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), produzia cerca de mil litros de leite ao mês. Ele conta que se sentiu desconfortável em participar do treinamento com receio de não aprender cálculos e planilhas. “Na época eu não tinha muito contato com planilhas de custos e produção. Além de não saber atuar nessa área contábil”, relembra. Com o domínio da administração da propriedade, o resultado final foi muito superior ao estimado inicialmente. A perspectiva era, em dois anos, saltar de mil litros de leite anual para dois mil litros do produto. No entanto, chegou a 3,3 mil litros leite/ano. “Aprendi a forma certa de gerenciar o negócio, trabalhando cotações e sabendo o valor real de custo de produção”, diz. Ele explica que o programa obriga a elaboração de projeto em cima de uma atividade exercida na propriedade. Mas Carlos Roberto promete dar passos mais largos. Ele conta que toda a propriedade foi informatizada e que os cinco trabalhadores rurais passaram por cursos de capacitação do Senar. “Não damos um passo adiante sem antes estudar o que pode ser lucrativo”, afirma. www.senargo.org.br Feliciano estuda a possibilidade de ser fornecedor direto da usina Sucroalcooleiro O arrendatário Feliciano Moura está satisfeito com o rumo do setor sucroalcooleiro. Prova disso é que, paulatinamente, vem aumentando o plantio da área e agora estuda a possibilidade de sair da atividade de arrendatário para fornecedor direto da usina. Se tudo der certo, vai mais que dobrar o faturamento do negócio. Feliciano conta que na última safra aumentou a área plantada de 70 hectares para 100 hectares e ainda investiu na renovação do canavial, que já estava em seu sétimo corte. Há oito anos na atividade, diz que o setor passa por um período estável de bons preços. Depois de vender o hectare da produção por R$ 49,50 em 2012, conseguiu R$ 52 em 2013, o mesmo preço vendido este ano. Feliciano explica que a forma de pagamento praticado pela usina melhorou. O pagamento da matéria-prima que era feito anualmente, agora passou a ser quitado todos os meses. “É mais fácil para gerir”, diz. Ele calcula que ao mudar o plantio de soja para arrendar a terra para a usina, seu faturamento mensal pulou de R$ 6 mil para R$ 10 mil. Gutierisson Azidon Larissa Melo Jana Tomazelli Carlos Roberto promete dar passos mais largos Para Ivan Brucelli, o sucesso é possível graças a cautela e união familiar Grãos Os primeiros integrantes da família Brucelli pisaram em solo rioverdense em 1979, após sair de Mogi-Mirim, interior de São Paulo. A princípio foram adquiridos 100 hectares que, por dois anos, foram dedicados ao plantio de arroz. Já em 1981, família começou plantar soja e não parou mais. Na época, as dificuldades iam além do clima e preços. A carência de infraestrutura era generalizada, não havia asfalto, armazéns, energia elétrica e variedades de semente adequadas para o Cerrado. Para se ter ideia, a produtividade média inicial era de 35 sacas por hectare. A empresa familiar (pais e quatro irmãos) hoje soma 4,5 mil hectares de área plantada de soja e milho safrinha e praticamente dobrou a produtividade média de lá pra cá. Além de muito trabalho e capacitação, para Ivan Brucelli, o sucesso é possível graças a uma dica simples: cautela e união familiar. “É muito importante que todos estejam envolvidos na atividade”, diz e acrescenta “o produtor precisa ter o pé no chão e não querer crescer 100% de um ano para outro”, afirma. Julho / 2014 CAMPO | 25 Os irmãos vivem do plantio de eucalipto no município de Cocalzinho Deoclécio aumentou a renda familiar em 300% depois do curso do Senar Goiás Fruticultura Do leite para a fruticultura. Desmotivado com a oscilação do mercado leiteiro, o produtor rural João Messias de Araújo, há quatro anos, apostou no plantio de abacaxi e melancia consideradas culturas com valores preços mais estáveis. Em pouco tempo, o trabalho de João Messias e da família (esposa e quatro filhos) já é considerado um caso de sucesso do Serviço de Aprendizagem Rural (Senar) em Goiás. A decisão do fruticultor ocorreu após passar por dificuldades com a oscilação do mercado leiteiro. “O leite me dava no inverno, mas me tomava no verão”, salienta. Ele participou do curso Formação Profissional Rural (FPR) – Fruticultura/Abacaxi ministrado pelo instrutor Lucimar Andrade. João aprendeu sobre o desenvolvimento, classificação e padronização do abacaxi, além das etapas de preparação do solo, das mudas e dos tratos culturais na lavoura. No início, plantou 15 mil pés de abacaxi e agora conta com 280 mil pés. Cada um é comercializado a R$ 2. “Foi o instrutor que indicou o caminho, ensinou a fazer e me deu uma nova chance”, diz. De Lucimar também veio a indicação para que João Messias apostasse no cultivo da melancia concomitante ao abacaxi. Dos 700 pés já saltou para 20 mil. Silvicultura Em 2004, os irmãos Pereira Soares apostaram no plantio de eucalipto no município de Cocalzinho, a 129 quilômetros de Goiânia. Emival, Tobias e Celso contrataram uma empresa especializada para o plantio das mudas. Daí para frente o trabalho foi tocado pelo trio de irmãos. Assim, eles fizeram treinamento no Senar de plantio de tratamento de madeira, olericultura e horta orgânica. A opção foi seguir com o plantio de eucalipto, já que aproveitava melhor a área da propriedade, além de consumir menos tempo e manejo. Segundo Tobias, as técnicas aprendidas durante o curso ajudaram a melhorar a qualidade do trabalho que já desenvolviam, agregando valor ao produto. “Durante o treinamento, vi aumentar meu interesse pela atividade”, conta. Foram plantados 24 hectares de eucalipto, cada um com 1,1 mil árvores. Agora apostam no plantio de outro tipo de madeira: o guanandi. Segundo eles, a madeira é nobre e será uma poupança para o futuro, já que o primeiro corte ocorre após 18 anos de plantio. O custo médio de produção é de R$ 60 mil a cada cinco hectares, mas o retorno é de, no mínimo, R$ 3 milhões. Horta Morador do Assentamento Três Barras, em Cristalina, Sudeste do Estado, Deoclécio Gomes de Lima, conseguiu aumentar a renda familiar em 300% após a colocar em prática as técnicas aprendidas no curso de Olericultura Orgânica, oferecido pelo Senar em Goiás. Deoclécio conta que já trabalhava no plantio de horta, mas os produtos não tinham boa aceitação na feira de Cristalina. “No início sentia uma grande dificuldade. Quando vamos trabalhar para nós mesmos, não sabemos o quanto é difícil”, afirma. Após o curso, a produção cresceu rapidamente em qualidade e produção. Ele cultiva pimenta, batata baroa, cheiro verde, couve, mandioca e banana. “Meus clientes têm opções de levar diversas culturas”, explica. Hoje, parte da produção também é revendida para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).”Só aí vendo mais de um salário mínimo por mês”, diz. No fim de semana, na feira, consegue faturar cerca de R$ 300. Com o lucro, já construiu um barracão em Cristalina e comprou um carro para transportar os produtos. “Agora minha realidade é outra”, finaliza. 26 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br Larissa Melo Jana Tomazelli Jana Tomazelli Larissa Melo Do leite para a fruticultura, João Messias é exemplo para os amigos GRITO DE SOCORRO Bananicultores se reuniram para debater as pragas que vêm atacando a cultura Broca do Rizoma, o terror do Vale do São Patrício Produtores buscam soluções para controle de pragas Michelle Rabelo | [email protected] www.senargo.org.br Julho / 2014 CAMPO | 27 ter possíveis formas de firmar a região mercado, a concorrência ou as como um polo de bananicultura, tor- peripécias de São Pedro que an- nando o negócio cada vez mais rentável. dam assustando os produtores de bana- Entre as pragas que assombram os na de sequeiro no Vale do São Patrício, produtores estão a Broca do Rizoma – em Goiás. O que está deixando todos os a mais comum na região -, a Sigatoka- bananicultores de cabelo em pé são as -negra, a Sigatoka-amarela e o mal-do- pragas – em especial a Broca do Rizo- -Panamá. Também conhecida como ma - que vêm atacando o cultivar. Esse “moleque-da-bananeira”, a Broca do medo levou representantes do setor Rizoma é uma das mais sérias pragas agrícola até o município de Itaguaru no da variedade. Ela perfura a banana fa- último dia 27 de junho para um Encon- cilitando a entrada do mal-do-Panamá, tro de Fruticultores da região. além de construir galerias no caule da Técnicos da Federação da Agricul- planta, danificar o sistema radicular, li- tura e Pecuária (Faeg), da Secretaria de mitar seu desenvolvimento e diminuir Estado de Agricultura, Pecuária e Irriga- sua produtividade, resultando no tom- ção (Seagro), da Empresa Brasileira de bamento da bananeira. Durante o encontro foram debatidos Agência Goiana de Defesa Agropecuária os aspectos fundamentais no cultivo da (Agrodefesa) se reuniram com um grupo banana como a preparação e o cuidado de produtores para repassar orientações com o solo, as variedades existentes e básicas de combate ás pragas e deba- a escolha correta da muda, a prática do Fredox Carvalho Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Larissa Melo N ão são as curvas do preço de Geraldo acha que técnicos podem ajudar no combate às pragas manejo da cultura, entre outros pontos Broca do Rizoma é uma das pragas mais temidas pelos bananicultores do cotidiano da produção. Também foi citada a importância do manejo correto da plantação, como não capinar o solo para não deixa-lo sem cobertura e desprotegido e medir adequadamente o espaçamento entre os pés de banana. No final da visita a equipe foi a campo mostrar os aspectos práticos da condução do pomar. Os produtores atentos fizeram perguntas e falaram sobre as especificidades de suas propriedades. Da Embrapa – Cruz das Almas/ BA vieram os pesquisadores Maurício Coelho e Zilton Cordeiro que apresentaram novas tecnologias no cultivo da banana, frisando sempre a importância de uma fruta com boa aparência “que se venda aos olhos do consumidor”. Banana que se põe na mesa O Vale do São Patrício é constituído 28 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br do Rio Verde, Ceres, Goianésia, Guaraí- Larissa Melo por 23 municípios - Barro Alto, Carmo Alexandro Alves ta, Guarinos, Hidrolina, Ipiranga de Goiás, Itapaci, Itapuranga, Jaraguá, Morro Agudo de Goiás, Nova América, Nova Glória, Pilar de Goiás, Rialma, Rianápolis, Rubiataba, Santa Izabel, Santa Rita do Novo Destino, São Luis do Norte, São Patrício e Uruana – e na região a variedade mais cultivada é a maçã, que representa somente 10% da produção nacional. Mesmo assim, os produtores do Vale do São Patrício seguem apostando em mudanças e na profissionalização em busca de alternativas para fazer da banana-maçã a estrela da mesa do goiano e do brasileiro. Um dos pilares que devem sustentar essa nova fase da bananicultura na região é a otimização da produção, com a plantação de O assessor técnico da Faeg para área de Fruticultura, Alexandro Alves, chama atenção para a escolha da muda, já que é por meio dela que muitas pragas chegam até a planta. mais pés em um menor espaço de terra. Para o produtor de Itaguaru, Ge- cisamos demais de um técnico para tipos de pragas que atacam o bananal e raldo Deus Sobrinho, é urgente a dis- orientar mais a gente. Nós somos pro- como proteger a plantação de cada uma ponibilização de técnicos para visitar dutores, mas entendemos pouco das delas”, pontua. periodicamente as propriedades. “Pre- coisas mais específicas, como os vários Geraldo conta que as pragas afetam diretamente a conta bancária no final do mês. “Eu tenho um bananal de 53 hectares e hoje sinto uma queda de quase 50% na produção da fruta. A plan- Larissa Melo tação, que tem três anos, começou me rendendo sete mil caixas por mês e hoje caiu para caiu para 1.500 caixas”, conta. Folha da bananeira As pragas da banana Broca do Rizoma - As bananeiras infectadas apresentam desenvolvimento limitado, diminuem a produtividade e os frutos são curtos e finos. Sigatoka-negra e amarela - A infecção ocorre nas folhas mais novas e os sintomas iniciais da doença aparecem como uma leve descoloração em forma de ponto entre as nervuras. Mal-do-Panamá - O fungo também é disseminado por água de irrigação, de drenagem, de inundação, assim como pelo homem, por animais e equipamentos. www.senargo.org.br Julho / 2014 CAMPO | 29 Larissa Mello LONGE DE CASA Matheus deixa Goiânia em busca de especialização Para melhorar a agropecuária goiana, estudantes investem em intercâmbio Ciências Sem Fronteira contribui com bagagem técnica Karina Ribeiro | [email protected] Especial para Revista Campo 30 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br dade Federal de Goiás (UFG), seguido pela Pontifícia Universidade Católica (132), Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Goiás (72) e Universidade Estadual de Goiás (70), seguido por outras instituições de ensino com menor número de bolsas implementadas. Segundo a coordenadora de Assuntos Internacionais da UFG, Ofir Bergemann de Aguiar, para o aluno pleitear uma bolsa, os cursos precisam estar incluídos no programa Ciências Sem Fronteiras como área prioritária. Ciências exatas e da terra é uma das 15 áreas consideradas prioritárias. A forte vocação do agronegócio em Goiás pode ser medida pelos números de distribuição de bolsas dos alunos que vão estudar no exterior. Ciências exatas e da terra, que envolve Larissa Mello cionalização da ciência e tecnologia, da inovação e competitividade brasileira por meio do intercâmbio e mobilidade internacional. O projeto em conjunto dos Ministérios de Ciências, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento - CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC prevê a promoção de intercâmbios de alunos de graduação e pós-graduação façam estágios no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Em Goiás, 933 alunos já tiveram a oportunidade de viajar para o exterior com bolsas de estudos bancadas pelo programa. Destas, 629 tiveram como origem os alunos da UniversiOfir explica que é preciso definir o bom desempenho do aluno E studar no exterior com as despesas todas pagas é o sonho de muitos estudantes e profissionais do País. Esse objetivo já é uma realidade para muitos goianos que voltam para suas origens com uma maior bagagem cultural, ampliação de conhecimentos e, sobretudo, com a sede de implementar, na prática, o que foi absorvido em instituições de ensino que prezam pela inovação e competitividade. O programa Ciências Sem Fronteiras, desde 2011, busca promover a consolidação, expansão e interna- www.senargo.org.br Julho / 2014 CAMPO | 31 o curso de agronomia, por exemplo, é o terceiro que mais contemplou estudantes – com 63 bolsas. Ficando atrás somente de engenharias e demais áreas tecnológicas (222) e biologia, ciências biomédicas e da saúde (99). Como fazer Mas para ser contemplado com uma bolsa de estudo financiada pelo governo federal é preciso passar por uma série de exigências e apresentar um histórico de bons resultados na atual instituição de ensino. Ofir explica que, inicialmente, são realizadas chamadas públicas para o Programa Ciências Sem Fronteiras. “Cabem às universidades homologar ou não”, afirma. Os alunos precisam também se submeter ao edital de seleção. “É preciso definir o bom desempenho do aluno. Para isso é preciso que ele tenha uma média de notas igual ou superior a seis”, diz. E as exigências não param por aí. O aluno é obrigado ainda a fazer um teste linguístico e, no caso do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a nota deve ser igual ou superior a 600. Embora a universidade ainda não tenha nenhum levantamento mais preciso sobre os resultados práticos dos alunos que já regressaram de intercâmbios, Ofir diz que, de forma geral, as avaliações são positivas. “Eles dão continuidade aos estudos, trazem na bagagem novos conhecimentos culturais e técnicos importantes para a profissionalização”, explica. Distribuição por país de destino: Estudante O estudante do oitavo período de agronomia, Matheus Gomes Pereira, de 21 anos, aguarda ansioso os últimos dias que o separam da nova experiência acadêmica. Ele embarca no próximo dia 18 para Macomb, localizado no estado norte-americano de Illinois. A estimativa é que permaneça nos Estados Unidos por 1 ano e quatro meses. A princípio, diz, vai estudar a língua inglesa até o início de 2015. “Vou buscar a proficiência da língua”, resume. Depois vai focar os estudos em gestão rural e agricultura de precisão, áreas que considera fundamental para o agronegócio. “Sabemos da dificuldade hoje de tocar o agronegócio sem conhecimento de gestão. Eu me interesso pela área e sei também que é uma área que tem mercado. É a fome com a vontade de comer”, afirma. Matheus explica que possui dois amigos que já estão estudando nos Estados Unidos e que as notícias são sempre positivas. “Eles falam da tecnificação e da organização deles’, diz. Depois dessa experiência e quando concluir a curso de agronomia, diz que pretende trabalhar em alguma empresa multinacional a título de experiência. “O inglês e os estudos lá foram devem abrir portas para este caminho”, afirma. Mas, depois, a ideia é cuidar do próprio negócio. Experiência Na avaliação da professora dos cursos de engenharia florestal e agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Francine Calil, os benefícios do intercâmbio extrapolam os conhecimentos técnicos. “Tudo é válido, às vezes é a primeira vez que moram fora de casa e isso gera uma ampliação do crescimento em vários aspectos”, diz. No que tange os conhecimentos técnicos, diz, dependendo do País que o estudante fizer intercâmbio, o sistema educacional instiga o aluno a aprofundar conhecimentos por conta própria, fora da sala de aula. Essa necessidade de buscar autonomia para correr atrás dos estudos extraclasse é observada pelas docentes após o regresso dos estudantes. “Eles acabam tendo um papel disseminador. Eles contagiam outros estudantes a buscarem novos caminhos para o aprendizado e até os incentiva a investir em programas de intercâmbio”, explica. Para ela, a internet e redes sociais são ferramentas que contribuem para que os alunos tenham mais conhecimentos prévios antes de decidirem em quais áreas vão aprofundar o estudo no exterior. “Eles conseguem conhecer as disciplinas mais profundamente e com isso, tem mais capacidade de comparar o que é ministrado aqui com as novas oportunidades. Sem dúvida, se tornam profissionais muito mais promissores”, finaliza. Distribuição por regional: EUA (8) França (7) Espanha (5) Portugal (4) Goiânia (25) Canadá (2) Jataí (2) Austrália (1) 32 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br DELÍCIAS DO CAMPO PORCO PIZZA • Envie sua sugestão de receita para [email protected] ou ligue (62) 3096-2200 • Receita elaborada pelo presidente do Sindicato Rural (SR) de Rio Verde, Walter Baylão Júnior PREPARO: Tempere a leitoa com sal e temperos diversos à gosto e deixe descansando na geladeira até o dia seguinte para que o tempero penetre bem. Após 24 horas, coloque a carne em uma grelha para assar na churrasqueira, lembrando que a pele deve ficar para cima, evitando que passe o ponto. A leitoa deve ser assada por aproximadamente 3 horas. Vire a carne para tostar a pele até ficar crocante. Com a carne asada, é hora de rechear: coloque uma camada de milho verde, outra de ervilha, o presunto e o queijo fatiado Cubra com papel alumínio e deixe assar até que o queijo derreta O prato leva aproximadamente 15 horas para ficar pronto, entre desossar, temperar e assar. Coloque rodelas de tomate (cortadas mais grossas) por cima para enfeitar Walter Baylão Júnior/Shutter INGREDIENTES: 1 leitoa desossada 1 kg de milho verde em conserva 1 kg de ervilha em conserva 1 kg de presunto fatiado 1 kg de queijo fatiado Sal à gosto Temperos diversos à gosto APOIO TÉCNICO Balde Cheio: uma luz no fim do túnel Depois de quase desistir, produtor sustenta a família com o dinheiro que vem do leite Michelle Rabelo | [email protected] U ma luz no fim do túnel. É assim que o produtor de leite Roni Fábio da Silva define a metodologia Balde Cheio. Tudo porque desde quando optou por sustentar a família levantando antes de o sol nascer e ordenhando sem descanso os 20 animais que tinha em sua propriedade, a vida tem sido uma busca por Fredox Carvalho esperança. Hoje, depois de passar por vários cursos de capacitação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás, a situação mudou e Roni paga as contas tirando cerca de 520 litros de leite diariamente. A família mora na zona rural de Montes Claros de Goiás e Roni fala com orgulho da sua relação com a metodologia Balde Cheio. “Fui o primeiro em Goiás a implantar na minha propriedade a metodologia. Não tinha para onde correr e decidi apostar tudo na ideia. Contratei um técnico que vinha até aqui de três em três meses e as coisas foram mudando. Fiquei como Unidade Demonstrativa e tive que reaprender a mexer com leite”, conta. Roni traz consigo uma história de dificuldades, mas é enfático ao dizer que o Senar Goiás fez dele e da família - a esposa, Clezia Aparecida Alves, e Roni mostra a ordenhadeira mecânica que o ajudou a melhorar de vida os filhos, Rafael, Samuel e Suzana – mais um Caso de Sucesso da entidade. Atualmente ele ordenha, de maneira mecânica, 36 animais em lactação – antes ele ordenhava, manualmente, 50. Na vida pessoal, as coisas tam- 34 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br bém mudaram: a preocupação com o errados, o manejo, a comida, eu fazia de vez o respeito de produtores vizi- sustento da família, que antes tirava o tudo sem saber o que estava fazendo e nhos. “No começo eles falavam que a sono do produtor, deu lugar aos planos acabei perdendo oito vacas”. ordenhadeira machucava os animais, Foi então que Roni decidiu procurar Roni está construindo uma casa nova o Sindicato Rural (SR) e aprender tudo o “com tudo o que a família merece”. que podia sobre como criar os animais que não ia dar certo”. Força fundamental e tirar deles o máximo de leite possível. A decisão de investir no leite foi de Começou fazendo um curso de Gestão Roni, mas o produtor não se esquece Mas a história que o produtor conta Leiteira, Bovinocultura de Leite, segui- das mãos que o ajudaram a percor- em meio a risadas nem sempre ensaiou do por outro de Inseminação Artificial, rer o caminho. O mobilizador Helton um final feliz. Tudo começou em 2004, Qualidade do Leite, Manejo de Pasta- Greic e o instrutor do primeiro curso quando Roni se casou e decidiu que iria gem, e Ordenha Mecânica. feito pelo produtor, José Faleiro são Aos trancos e barrancos tocar a vida com o dinheiro do leite, Animado, Roni comprou outros nomes cativos nas boas recordações assim como o pai fazia. Ele ganhou 10 11 animais e um ano depois já tira- de Roni. Para ele, o Senar Goiás não alqueires, comprou 20 vacas e abraçou va 200 litros/dia de leite na mão. Dois oferece apenas cursos de capacitação, o desafio de se capacitar e construir anos depois o número subiu para mas uma reforma na relação do parti- um futuro melhor com o dinheiro do 400 litros/dia tirados de 50 animais. cipante com ele mesmo. “Voltei a ter leite. “O terreno era impróprio, me fal- O produtor comprou um resfriador, autoestima e a acreditar em mim”, diz tava conhecimento, os animais estavam uma ordenhadeira mecânica e ganhou emocionado. O produtor, a esposa e os filhos na propriedade da família Fredox Carvalho que já começam a se tornar realidade. CURSOS E TREINAMENTOS Mendel Cortizo O curso Bovinocultura de Corte possui 24 horas de treinamento EM JUNHO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU 490 56 Na área de agricultura CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* 207 11 Em atividade Na área de de apoio silvicultura agrossilvipastoril 02 Na área de extrativismo 15 15 Em na área de agroindústria aquicultura 141 43 na área de pecuária Em atividades relativas à prestação de serviços Do curral de quem cria para a mesa de quem consome Michelle Rabelo | [email protected] N a pecuária não há espaço para amadores e quem pretende viver da criação de gado de corte – ramo que vive diretamente ligado à tecnologia- precisa se capacitar. Na extensa lista de cursos oferecidos pelo Serviço de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás a qualificação Bovinocultura de Corte é uma opção para quem cria o animal que chega à mesa da população. Em forma de cortes diversificados, os sabores agradam os mais diferenciados paladares. O treinamento – tipo Formação Profissional Rural (FPR) - é indicado para pequenos, médios, grandes produtores ou mesmo para quem pretende começar a utilizar a propriedade para criar os bovinos de corte. Para participar, o interessado precisa ser produtor ou trabalhador rural, ter idade mínima de 18 anos e ser alfabetizado. Durante as 24 horas de treinamento, os participantes estudam temas ligados ao controle zootécnico, à identificação e higiene de materiais, às instalações de equipamentos, ao manejo de pastagem, à contenção e à aplicação de medicamentos, ao controle de aftosa, brucelose, raiva e clostridioses, entre outros pontos. Para outras informações sobre treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar Goiás entre em contato pelo telefone (62) 3412-2700 ou pelo site www.senargo.org.br *Cursos promovidos entre os dias 26 de maio a 25 de junho 96 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL* 40 07 10 08 31 0 Alimentação e nutrição Organização comunitária Saúde e alimentação Prevenção de acidentes Artesanato Educação para consumo 5.241 PRODUTORES E TRABALHADORES RURAIS CAPACITADOS CAMPO ABERTO Empreendedorismo Feminino: Mulheres se fazem empreendedoras Fátima Araújo | [email protected] Célebre frase de Jean-Jacques Rousseau nos a região Norte do país foi a que mais se desta- diz que “As mulheres constituem a metade cou com 80% de crescimento ao longo de uma mais bela do mundo”. Parece lógico que a “be- década, seguida do Centro-Oeste com 43%. leza” desta importante parcela da sociedade As ações empreendidas pelo Senar Goiás está atrelada a uma série de fatores que inter- avançam de forma colaborativa rumo à con- ferem negativa ou positivamente neste público, cretização do aumento dos números relativos seja ele rural ou urbano. Se são visíveis os de- ao empreendedorismo na região da qual este safios sociais urbanos - por piores que sejam Estado faz parte. Mais do que um desafio co- e recorrentemente denunciados, demandando tidiano, assume compromisso que permeiam respostas e políticas públicas – as questões da as ações de Formação Profissional Rural (PFR) área rural que atingem a família do campo de- e Promoção Social (PS), visando a criação de notam carência de atenção, de modo especial oportunidades para o público atendido. Em voltada ao público feminino. 2010, lançou o Programa Com Licença, Vou à Historicamente, a participação da mulher na gestão da propriedade da família rural e o pa- produtoras e trabalhadoras rurais. pel dela no empreendimento de negócio próprio Por fim destaca-se que, com ações como estão à mercê de percalços que variam desde a esta, se espera que sejam ampliadas as op- “permissão masculina” aos desafios inerentes ções de vez e voz para o público feminino. aos negócios em geral, independente do sexo As etapas do programa contemplam estudos do empreendedor. Falar de empreendedorismo acerca de planejamento, gestão financeira, le- feminino perpassa pelo viés da existência de gislação e liderança, além de empreendedoris- verdades que precisam ser reconhecidas, en- mo propriamente dito. tendidas e enfrentadas, sem, contudo, impedir Larissa Melo Luta para estimular o empreendedorismo das “voos” rumo a empreendimentos de sucesso. Dentre as estratégias de metodologia, destaque para busca de informações que resultam A Revista Exame relata pesquisa dando con- em maior interação da mulher com os demais ta de que no período de dez anos o empreen- familiares. Isto feito, monitoramento e avalia- dedorismo feminino cresceu em 21,4%; apesar ção contribuem para acompanhar se o que foi de as mulheres ainda não serem maioria dentre planejado durante a participação no programa Fátima Araújo é os empresários brasileiros. O estudo mostra da- realmente contribuiu para o avanço da partici- pedagoga, artista dos interessantes que denotam que nem sempre pação do público feminino no ramo dos negó- condições sociais interferem negativamente no cios, ou se precisam ser reformulados os cami- espírito empreendedor da mulher, haja vista que nhos a serem percorridos. plástica e coordenadora de Ações e Projetos do Senar Goiás. 38 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br