ID: 54249082
06-06-2014
Tiragem: 34299
Pág: 15
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 27,41 x 30,68 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 2
Falta de procura encerra 16 cursos
do ensino superior no próximo ano
Há um ano, eram cerca de 200 na mesma situação, ainda que nem todos tenham encerrado.
Quase metade dos cursos não pode aumentar vagas por ter índice de desemprego superior à média
HUGO DELGADO/ARQUIVO
Educação
Samuel Silva
Só há 16 cursos no ensino superior
que não poderão receber novos alunos no próximo ano lectivo devido
à falta de procura, um número bastante inferior ao do ano passado. As
regras para a fixação de vagas estão
ainda a ser ultimadas, mas deverão
resultar numa nova diminuição do
total disponível. Se forem aplicadas
as ideias neste momento a ser debatidas, quase metade dos cursos existentes não pode aumentar o número
de lugares no próximo ano, devido
ao índice de desemprego dos seus
diplomados.
Os cursos que deixarão de receber
alunos não conseguiram ter inscritos
mais de dez alunos nos últimos dez
anos. Entre esses estão Engenharia
de Biossistemas, do Politécnico de
Viseu, que não teve nenhum inscrito
no ano passado, ou Engenharia de
Reabilitação e Acessibilidade Humanas da Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro (UTAD), que só
teve um aluno, por exemplo.
Ao todo são 16 cursos — dez em
universidades e seis em politécnicos
—, que representam 1,5% da oferta
do sector, que deverão desaparecer.
Há um ano, eram cerca de 200 na
mesma situação, ainda que posteriormente nem todos tenham encerrado.
A proibição de abertura de vagas
no próximo ano lectivo é uma das
regras que constam da proposta
para a fixação da oferta do ensino
superior público que está a ser discutida pelo Ministério da Educação
e Ciência (MEC) com as instituições
de ensino superior e cuja versão definitiva será conhecida em breve, de
acordo com fonte ministerial.
Outras das regras em debate impede o aumento do número de lugares disponíveis nos cursos que
apresentam nível de desemprego
superior ao da instituição em que
se inserem e ao desemprego geral
dos diplomados.
Este preceito atinge 428 cursos
do ensino superior (216 em universidades, 212 nos politécnicos), que
representam 43% das vagas abertas
no sector no ano lectivo passado.
Caso não haja alterações às regras
nem interpretações diferentes para casos pontuais — as instituições
A utilização dos números do IEFP para definir as taxas de emprego associadas a cada curso tem sido várias vezes contestada
podem tentar convencer a tutela da
relevância dos seus cursos, caso a
caso —, estão em risco alguns cursos emblemáticos de universidades
nacionais como o de Jornalismo da
Escola Superior de Comunicação
Social de Lisboa, Ciência Política
no ISCTE, Novas Tecnologias da
Comunicação da Universidade de
Aveiro, Sociologia na Universidade
de Coimbra, Engenharia Zootécnica
na UTAD, Direito na Universidade do
Minho, Engenharia Civil na Universidade do Porto ou Arqueologia na
Nova de Lisboa.
Na lista de licenciaturas com taxas
de desemprego que não cumprem
os requisitos fixados pelo Governo
estão vários cursos de Turismo (na
Universidade do Algarve, por exemplo), Design, bem como das áreas
das Letras e Ciências Sociais, que
serão particularmente afectadas.
Entre os mais de 400 cursos nesta
lista, quase 50% tiveram um número de inscritos superior às vagas,
ou seja, são cursos que têm muita
procura, apesar das dificuldades de
inserção no mercado de trabalho sugeridas pelos números do Instituto
de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Este impacto é superior
nas universidades: 61% dos cursos
universitários tiveram no último ano
uma procura superior à oferta.
Estes não são números oficiais,
tratando-se apenas de uma aplicação feita com base nas tabelas que
a Direcção-Geral de Ensino Superior remeteu às instituições com informação sobre o desemprego dos
diplomados, aplicando as regras
definidas na proposta de despacho
do secretário de Estado do Ensino
Superior.
A utilização dos números do IEFP para definir as taxas de emprego associadas a cada curso tem si-
61%
dos cursos universitários
tiveram no último ano uma
procura superior à oferta
do várias vezes contestada pelos
responsáveis do ensino superior e
por vários especialistas do sector,
lembrando que nem todos os estudantes se inscrevem nos centros de
emprego, por exemplo.
O exemplo paradigmático é os
dos cursos de Arquitectura e, caso
estas regras venham a ser aplicadas, há oito licenciaturas da área
que podem não abrir mais vagas
do que no lectivo anterior, entre
as quais algumas escolas emblemáticas como as da Universidade
do Porto e Faculdade de Arquitec-
tura da Universidade de Lisboa.
A estas licenciaturas com índices de desemprego elevado há que
acrescentar 20 cursos de formação
de professores para o ensino básico
(1.º e 2.º ciclos), que têm um regime
próprio, e que também não podem
aumentar o número de lugares disponíveis. No ano lectivo passado,
estas formações — sete em universidades e 13 em politécnicos — totalizavam mais de 800 vagas.
No ano passado foram fixadas
52.298 vagas no ensino superior
(28.553 vagas no universitário e
23.745 no politécnico), um número que foi superior ao da procura
— houve 45 mil candidatos na primeira fase. Fruto destas regras e
da reformulação da oferta que está
a ser feita em várias instituições, o
total de lugares disponíveis para os
estudantes que estão a acabar o 12.º
ano será inferior.
ID: 54249082
06-06-2014
Tiragem: 34299
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País: Portugal
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Period.: Diária
Área: 4,90 x 4,61 cm²
Âmbito: Informação Geral
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Vão encerrar 16
cursos no superior
por falta de procura
Há um ano eram quase 200
mas nem todos encerraram.
E há cursos que não podem
aumentar vagas devido ao
índice de desemprego p15
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Falta de procura encerra 16 cursos do ensino superior no próximo ano