TERÇA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2015 G DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS 10 Negócios Comércio Regiões mais periféricas ganham evidência no planejamento das empresas do ramo, sendo que a perspectiva é 26 novos centros de compras que surgirão, 16 são fora das grandes capitais Shoppings buscam oportunidades fora das regiões mais centrais do País DIVULGAÇÃO VAREJO Ana Paula Silva São Paulo [email protected] G Conquistar consumidores que moram afastados das regiões centrais e encontrar espaços alternativos. Estas são as metas das empresas do setor de shopping center, que até o final de 2015 vão inaugurar mais de 26 shoppings, sendo 16 deles fora das capitais. “Já faz algum tempo que os shopping centers procuram por lugares que sejam mais afastados. Isso acontece por serem áreas onde encontramos um crescimento da classe média, somado à ausência de um varejo mais organizada nas regiões”, explicou o sócio fundador da Lumine, Claudio Sallum. Empresa responsável pelo planejamento e comercialização do setor, a Lumine irá inaugurar em novembro deste ano o empreendimento Cantareira Norte Shopping, localizado na zona norte da cidade de São Paulo. Segundo a companhia, o espaço é um bom exemplo dessa situação das atuais construções do setor, que estão se multiplicando nas regiões mais afastadas dos grandes centros e das capitais. O movimento, aliás, tem chamado a atenção do mercado justamente por vir se intensificando nos últimos anos, haja vista a mudança na composição do emprego e renda da maior parte da população, conforme comentários de especialistas e empresários do segmento. Para o executivo da Lumine, o caso do Cantareira é uma oportunidade bastante singular, numa região pouco atendida pelo varejo, o empreendimento está a 10 km. O novo mall se prepara para atender 700 mil visitantes por mês e irá atender as regiões de Perus, Jaraguá, Brasilândia, Pirituba e Freguesia do Ó, além de alcançar as cida- Inaugurado no ano passado, no interior de Alagoas, o Arapiraca Garden Shopping reforça o conceito des de Franco da Rocha, Caieiras e Francisco Morato. C a n t a r e i ra Na capital paulista, o novo empreendimento que surgirá na zona norte da cidade contará com uma área bruta locável (ABL) estimada em 27 mil metros quadrados. O empreendimento contará com 220 lojas, incluindo cinco lojas âncoras, quatro megalojas, cinco salas de cinema, área para games, um teatro e uma academia. De acordo com o sócio fundador da Lumine, Claudio Sallum, além disso, o local terá mais de 1.300 vagas de estacionamento. “Marcas como McDonald’s, Renner, Lojas Americanas, Besni, Riachuelo e C&A já garantiram sua presença”, ressaltou o executivo. Sallum afirma ainda que alguns esforços estão sendo realizados justamente para combinar os principais lojistas de franquias nacionais, com aqueles que também possuem um bom relacionamento com o público local. A ideia é atrair esses empresários já estabelecidos na região. Isso mesmo considerando que as lojas que buscam os shoppings têm um PONTO A PONTO 1. Setor. O País possui 520 empreendimentos, 48% deles estão na Região Sudeste. 5. Mudança. Pela primeira vez, o número de malls inaugurados fora das capitais é igual a das capitais. 2. Novos. Este ano 12 cidades irão receber o seu primeiro shopping center. 6. Perfil. Em média, os shopping centers possuem cerca de 26 mil m² de área bruta locável. 3. Expansão. Até o final do ano, 58% dos novos malls estarão fora das regiões centrais das cidades. 7. Crescimento. A categoria das lojas-satélite aumentou este ano 8,22% , frente ao ano passado. 4. Aporte. Investimentos em novos shoppings e em expansões somarão R$ 16 bilhões. 8. Perspectiva. Em 2015 o setor espera incrementar seu faturamento em 8,5% , frente a 2014. valor de custo mais elevado para o empresário que atua com lojas de ruas. Extremo leste Outro empreendimento que desponta em uma região pouco atendida pelo setor de shoppings é o Estação Jardim Shopping. O espaço será erguido na Avenida Marechal Tito, entre os bairros de São Miguel e Itaim Paulista, na zona leste de São Paulo. Com previsão de inauguração para maio de 2017, o local terá investimento inicial de R$ 240 milhões e será construído em uma área de 50 mil metros quadrados. A empresa Enplanta é a responsável pelo shopping e segundo o presidente da compa- Vendas no Dia das Mães caem pela 1ª vez em 13 anos, diz Serasa INDICADOR G As vendas para o Dia das Mães caíram pela primeira vez em 13 anos e o comércio registrou o pior resultado para o período desde 2003. O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio que mediu as vendas na data comemorativa de 2015, revelou que de 4 a 10 de maio houve queda de 2,6% nas vendas em relação ao mesmo período do ano anterior (5 a 11 de maio). Os economistas da instituição apontam o or- çamento apertado dos consumidores com a alta da inflação, o custo elevado do crédito e a queda nos níveis de confiança como fatores que pesaram para o resultado. Esta é a primeira queda desde o início da série histórica, em 2003. “No fim de semana do Dia das Mães [8 a 10 de maio], as vendas caíram 3,9% em todo o País na comparação com o fim de semana equivalente do ano anterior [9 a 11 de maio]”, diz a Serasa, em nota. Na cidade de São Paulo, a queda nas vendas durante a semana do Dia das Mães foi de 4,9% ante a mesma semana do ano passado. No final de semana da data, a retração foi de 6,0% em relação ao mesmo período do ano anterior. Perda de R$ 7 bilhões Perda de R$ 7 bilhões em relação ao ano passado. É o valor em faturamento da expectativa de recuo nas vendas do comércio brasileiro no Dia das Mães, conforme estimativa da Boa Vista SCPC este ano. A queda teria sido de 1,2% quando comparadas a 2014. É o primeiro recuo das vendas para a data desde 2008, quando o in- dicador foi criado, e provavelmente o pior desempenho para o período desde 1990, quando a economia sofria os impactos do bloqueio da poupança com o Plano Collor, de acordo com estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Para a apuração do faturamento, foram consideradas não apenas as consultas à Boa Vista SCPC (aproximação para o número de vendas), mas também a queda do valor médio do presente - de R$ 65 para R$ 57 entre 2014 e 2015, segun- nhia, Henrique Falzoni, novas instalações em regiões mais afastadas são a oportunidade para novos empreendimentos. “Nós tivemos a sorte de encontrar um terreno de uma ex-fábrica e constatarmos que a região possui um forte potencial de consumo”, comentou. Conforme Falzoni, o mall mais próximo fica a 15 quilômetros do local, por isso a expectativa é a de atender a um milhão de consumidores. “Embora existam cerca de dois milhões de habitantes não atendidos por um shopping.” O Shopping Estação Jardim terá 32 mil m² de ABL e 200 operações em funcionamento. Cerca de 40% delas já estão locadas. O empreendimento irá gerar mais de 2 mil empregos. N o r d e st e No Nordeste do País, vários empreendimentos também começaram a operar em áreas periféricas. O Arapiraca Garden Shopping, inaugurado no ano passado, reforça o conceito de que empresários seguem atentos a outras regiões do País. Localizado no interior de Alagoas, em Arapiraca, o empreendimento chamou a atenção da companhia Tenco, uma das empresas empreendedoras do espaço, que possui 30.500 m² de ABL. De acordo com a empresa, o interior alagoano não tinha ainda um empreendimento desse porte e por isso surgiu a oportunidade para atender ao público que ainda não havia sido percebido pelos varejo ampliado. O centro de compras demandou investimento inicial de R$ 230 milhões. Quem também percebe a manutenção de expansão de empreendimentos de vários portes e locais diferentes dos tradicionais no setor, apesar da economia estar desacelerada, é a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). A entidade prevê investimentos para a chegada dos mais de 26 centros de compras no País e em expansões cerca de R$ 16 bilhões, sendo que 48% concentrados na região Sudeste. do sondagem elaborada pela FecomercioSP. Ante recuos das vendas e do valor do presente, estima-se que a queda do faturamento real do comércio brasileiro no período possa ter chegado a 19%. O movimento das vendas no Dia das Mães, portanto, segue a tendência de desaceleração do varejo como um todo e antecipa um ano de menor crescimento para o comércio. Diante do cenário econômico incerto, do desaquecimento no mercado de trabalho e da perda de poder aquisitivo dos consumidores, uma retomada da confiança ainda parece distante, comprometendo, assim, a economia e as vendas do varejo em 2015. /Agências