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Sexta-feira e fim de semana
25, 26 e 27 de janeiro de 2013
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Economia
Desenvolvimento
Estado foi o menor tomador de
recursos do BRDE no ano passado
Agronegócio
e MPEs têm
destaque
Projetos gaúchos receberam R$ 1,078 bilhão dos R$ 3,86 bilhões aprovados pelo banco
Clarisse de Freitas
O maior número de bancos disputando o mercado de
financiamentos de longo prazo
no Rio Grande do Sul foi o fator principal para que o Estado
tenha sido o menor tomador de
recursos do Banco Regional de
Desenvolvimento do Extremo
Sul (BRDE) em 2012. A avaliação
é do presidente da instituição,
Carlos Henrique Horn. Segundo
os números apresentados nesta
quinta-feira, no ano passado, os
projetos protocolados por gaúchos abocanharam R$ 1,078 bilhão, e o banco aprovou, para os
três estados do Sul, créditos no
total de R$ 3,86 bilhões.
“Normalmente, em função
de ter menos instituições disputando o mercado de financiamentos de longo prazo, o Paraná
é o campeão em volume de recursos aprovados. Santa Catarina e Rio Grande do Sul mantêm valores muito próximos.
Nesse ano, Santa Catarina ficou
à frente com uma diferença de
R$ 8 milhões”, apontou Horn,
ao destacar que os resultados de
2012 foram impulsionados pela
combinação de pró-atividade do
BRDE com os incentivos do governo federal, em especial com o
Programa de Sustentação do Investimento (PSI). O resultado de
2012 para o Estado representou
um avanço de 64,5% na aprovação de operações e, segundo
MARCELO G. RIBEIRO/JC
[email protected]
Capitalização vai elevar alavancagem para R$ 4,5 bilhões, calcula Horn
o BRDE, as operações aprovadas
viabilizarão investimentos de R$
1,2 bilhão, com a geração de R$
72 milhões em ICMS.
Em 2012, o setor produtivo
que mais recebeu recursos via
BRDE foi a indústria, que apresentou um avanço de 91% com
relação ao ano anterior (R$ 312
milhões). Para 2013, a instituição
pretende ampliar ainda mais a
atuação junto ao setor industrial,
sobretudo nas regiões onde estão
instalados seus escritórios de divulgação regional (os eixos Lajeado - Santa Cruz e Pelotas - Rio
Grande, a Serra gaúcha e o Vale
do Sinos). “Temos uma presença
já consolidada na Fronteira-Oeste e na Campanha, onde financiamos muitos produtores rurais.
Agora queremos ampliar a parceria com a indústria”, afirmou
Horn. O presidente do BRDE estimou que, neste ano, o volume
de contratações no Rio Grande
do Sul chegue a R$ 850 milhões
(essa é meta do orçamento global
para o Estado). Os valores, no entanto, dependem do limite de re-
passes do Bndes, que atualmente
é de R$ 1,5 bilhão por semestre.
Horn detalhou que o BRDE
passa por um processo de capitalização, que, se concluído com
êxito, irá elevar a capacidade de
alavancagem para R$ 4,5 bilhões
ao ano. “Com isso, teremos que
ser mais incisivos em projetos
de maior porte e conveniados,
como quando repassamos recursos para cooperativas de crédito,
que alcançam pequenos produtores que o banco não tem condições de atingir diretamente”,
completou. Ainda para 2013, o
presidente do BRDE afirmou que
a instituição busca seu credenciamento para operar uma linha
de financiamento à inovação da
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Com essa parceria, o
banco de desenvolvimento terá
mais R$ 30 milhões, no primeiro
repasse, para financiar projetos
de pequenas e médias empresas.
Desempenho operacional
Região Sul
operações
aprovadas
operações
contratadas
recursos
liberados
Rio Grande do Sul
valor
crescimento
valor
crescimento
R$ 3,867 bilhões
78,5%
R$ 1,078 bilhão
64,5%
R$ 2,937 bilhões
67,7%
R$ 752 milhões
63,5%
R$ 1,593 bilhões
18,9%
R$ 471 milhões
12,9%
FONTE: BRDE
O volume de recursos
destinado no ano passado
para o agronegócio e para
as micro e pequenas empresas no Rio Grande do Sul
cresceu significativamente.
Conforme destacou o presidente do BRDE, Carlos Henrique Horn, a soma entre os
projetos agroindustriais e
agropecuários chegou a R$
4,5 milhões. “Os contatos
feitos durante a Expointer
ainda não se esgotaram.
Existem negócios prospectados no evento que serão efetivados em 2013”, indicou.
A exposição em Esteio
foi o ponto alto de divulgação do programa Mais Água,
Mais Renda, do governo do
Estado. Essa iniciativa ajudou a alavancar em 297% o
volume de recursos destinados à irrigação no Rio Grande do Sul. O total, em 2012,
chegou a R$ 42 milhões, dos
quais R$ 21 milhões estão
ligados ao programa oficial.
Horn destacou que as
micro, pequenas e médias
empresas foram as que receberam a maior parte dos
recursos contratados pelo
BRDE em 2012. Segundo
ele, foram R$ 263 milhões,
o equivalente a 35% do total
das contratações. “As micro, pequenas e médias foram as que mais cresceram
e devem seguir ganhando
relevância”, indicou o presidente do banco.
AURACEBIO PEREIRA/ARTE/JC
Dados do Bndes apontam retomada de investimentos no segundo semestre
O valor recorde de consultas e aprovações de projetos de financiamento junto
ao Bndes em 2012 aponta uma retomada
dos investimentos na economia no segundo semestre deste ano. Segundo estudo
do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), as consultas ao
banco saltaram 65,2% do primeiro para
o segundo semestre do ano passado. De
acordo com o ex-secretário de Política
Econômica do Ministério da Fazenda Júlio
Gomes de Almeida, um projeto consultado junto ao Bndes demora, em média,
um ano para se traduzir em investimento.
Assim, é possível estimar que a aceleração nas consultas no segundo semestre de
2012 será refletida nos investimentos na
segunda metade deste ano.
O ano passado fechou com R$ 312,3
bilhões em consultas ao Bndes, alta de
60% frente a 2011 - no segundo semestre,
o avanço foi de 85,6% em relação a igual
período de 2011. O banco também aprovou uma carteira recorde de projetos, com
R$ 260 bilhões, incluindo a usina hidrelétrica de Belo Monte, maior financiamento
da história da instituição.
Uma aceleração no investimento público poderia antecipar a alta dos investimentos, mas Almeida descarta a possibilidade, mesmo com o maior direcionamento
de empréstimos do Bndes para governos
estaduais. Esse fator foi um dos responsáveis pela alta de 5,4% (descontada a inflação) nos desembolsos do banco em 2012,
de R$ 156 bilhões. Descontada a influência
da administração pública, a alta nas consultas ao Bndes no segundo semestre seria
de 48,9% em relação a 2011.
Ao divulgar os dados na terça-feira,
o presidente do Bndes, Luciano Coutinho,
não fez previsões para a liberação de empréstimos neste ano. Para os investimentos, o banco estatal enxerga alta de 5,5%.
Na projeção de Almeida, porém, os investimentos crescerão cerca de 4%: “Há um
sinal de aceleração pelas consultas ao Bndes, mas o aspecto negativo é a indústria.”
O estudo do Iedi classificou os 44 setores que constam nas estatísticas do banco
de fomento sobre as consultas em cinco
níveis: “crescimento expressivo”, “crescimento explosivo por causa de grandes
projetos”, “declínio com tendência de recuperação”, “declínio moderado” e “declínio expressivo”. No geral, 27 setores
ficaram nos dois primeiros níveis, enquanto 13 tiveram “declínio expressivo”,
sendo seis na indústria de transformação.
Segundo Almeida, siderurgia, papel e ce-
lulose, petroquímica e minerais não metálicos são os casos críticos. “O governo
poderia voltar o foco das desonerações
para os insumos básicos”, disse.
Embora reconheça que a falta de competitividade da indústria é um freio para
os investimentos, o economista Antônio
Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP,
destacou que, hoje, “as condições estão
melhores”. Desonerações e câmbio menos
valorizado ajudam. Lacerda prevê crescimento gradual dos investimentos neste
ano, podendo chegar a 5,5%, com a “grande demanda por infraestrutura”. Mais
pessimistas, os pesquisadores do Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) projetam queda
de 1,3% nos investimentos no quarto trimestre de 2012, sem uma firme recuperação neste ano.
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Estado foi o menor tomador de recursos do BRDE no ano passado