Globalização Porto Alegre Globalização A globalização é um processo histórico e geográfico de expansão do sistema capitalista em escala planetária. Ela está relacionada à integração de fenômenos económicos, financeiros, culturais e ecológicos. Cada fase da globalização traz transformações, como a revolução dos transportes e das comunicações, o advento de diversas inovações (armas de fogo no século XV, contêineres após a Segunda Guerra, internet nos anos 1990). Mudanças no papel dos Estados e de grupos privados (dos comerciantes do século XV às multinacionais de hoje). Acesse o infográfico - http://sites.aticascipione.com.br/ggb/infograficos/capitalismo.swf Globalização A globalização, como processo de criação de um espaço mundial interdependente, não é recente. Há mesmo quem afirme que ela teve início com os grandes descobrimentos (século XV), quando se estabelecem de forma mais constante as relações entre grupos sociais de diferentes locais do planeta. Para historiadores e economistas, a globalização como se conhece hoje teve início há aproximadamente um século e meio. No século XIX a globalização centrou-se no oceano Atlântico, onde se constituiu um espaço mundial de trocas (Europa-Américas-África). A criação de novas rotas marítimas, facilitadas pela abertura dos canais de Suez e do Panamá, dobrou a frota de navios mercantes. Globalização Milhões de europeus deslocaram-se em direção à América ou às novas colónias africanas e asiáticas. No entanto é importante destacar que o processo de globalização não foi continuo: fatos como a Primeira Guerra (1914 a 1918) e a Crise de 1929 foram momentos não só de estagnação como de retrocesso da globalização, que também não avançou durante a Segunda Guerra (1939 a 1945). Durante a Guerra Fria a bipolaridade e a divisão do mundo em dois blocos distintos também foram entraves à globalização, que se expandiu a partir da segunda metade do século XX. A globalização e o neoliberalismo Um dos meios de expansão planetária da globalização é a flexibilização das fronteiras entre os países, isto é a livre circulação de mercadorias e capitais, sem que o Estado intervenha para proteger sua economia. O conjunto de ideias políticas e econômicas que, no século XX, defenderam a não participação do Estado na economia é denominado neoliberalismo. Segundo essa concepção, deve haver liberdade comercial - livre mercado para se atingir o crescimento econômico. Durante a década de 1980 Ronald Reagan nos Estados Unidos, e Margaret Thatcher no Reino Unido, desenvolveram políticas neoliberais que, nessa mesma década, expandiram-se para outros países, inclusive o Brasil. A globalização e o neoliberalismo Entre as medidas neoliberais mais difundidas, estão: privatização das empresas, pois o Estado não deve ter a função de empresário; abertura da economia à entrada de multinacionais; eliminação do protecionismo econômico; livre circulação de capitais internacionais; não intervenção do Estado no mercado de trabalho; e minimização do papel do Estado, especialmente em suas funções sociais (saúde e educação). Com a implantação do modelo neoliberal, muitos países do Sul ampliaram seus problemas econômicos, passando a sofrer a interferência direta de organismos internacionais como o FMI e o Banco Mundial. Além de realizarem empréstimos a juros muito elevados, esses órgãos ainda Já na década de 1990, o mundo havia sofrido um conjunto de transformações imensas, com o predomínio quase absoluto do sistema capitalista, fortalecido pelo neoliberalismo. A globalização e o neoliberalismo Desde sua implantação, as medidas neoliberais sofrem importantes críticas, principalmente da parte de cientistas sociais dos países do Sul que destacam o fato de o neoliberalismo beneficiar os países ricos e as multinacionais. promovendo o rebaixamento de salários, o sucateamento dos serviços públicos (saúde e educação), e o aumento do desemprego e das diferenças sociais. O neoliberalismo no Brasil A década de 1990 marcou o início da implantação das políticas neoliberais no Brasil. O governo do presidente Fernando Collor de Mello implementou várias privatizações; cortou aparentemente gastos públicos; renegociou a dívida externa; promoveu a abertura comercial, reduzindo ou eliminando medidas de proteção aos produtos nacionais; estimulou o ingresso de capitais estrangeiros; eliminou programas de incentivo e controle de preços; aumentou as exportações; e começou a reduzir os serviços públicos. Nos governos seguintes, de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, a onda de privatizações continuou com a privatização de todas as siderúrgicas estatais, da Companhia Vale do Rio Doce (extração mineral), de empresas de geração de energia, da Embraer (produtora de aviões), de vários bancos estatais, além de rodovias e ferrovias. Assim se cumpria a receita neoliberal de encolhimento do Estado. A globalização financeira A globalização está relacionada a um extraordinário crescimento do setor financeiro, principalmente a partir das últimas décadas do século XX quando o neoliberalismo flexibilizou as fronteiras político-econômicas dos países. Isso ampliou as possibilidades de circulação de instrumentos financeiros, como as ações negociadas em bolsa, títulos, empréstimos e moedas. A globalização financeira promoveu a integração entre os sistemas financeiros nacionais, destacando-se os países desenvolvidos e os “mercados emergentes" (como a China e o Brasil, por exemplo). Essa globalização destaca-se por ser instantânea, graças aos avanços da informática e da internet. As operações de aplicação ou resgate de capitais entre países ocorrem em segundos; as praças financeiras das bolsas de valores, independentemente dos fusos horários, estão interconectadas 24 horas por dia. http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/09/standard-and-poors-tira-grau-de-investimento-do-brasil.html A globalização financeira A globalização e os fluxos Uma característica fundamental da globalização é a existência de inúmeros fluxos, de diversas naturezas, circulando ininterruptamente em escala planetária. Eles podem ser materiais e não materiais. Os fluxos materiais são facilmente observáveis, por serem concretos. São exemplos desse tipo de fluxo: trocas comerciais de mercadorias industrializadas, bens agrícolas ou matérias-primas; circulação de capitais financeiros; compra e venda de moedas ou ações de empresas em bolsas de valores; migrações; e fluxos turísticos. Os fluxos turísticos tiveram um crescimento considerável a partir das últimas décadas do século XX, por causa de fatores como o barateamento dos transportes e a ampliação da rede de informações, permitindo às pessoas escolher roteiros de viagem, comprar passagens e reservar hospedagem. A indústria do turismo beneficia-se da ampliação desse fluxo, e muitos países obtêm dela rendas consideráveis. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), em 2008 houve 922 milhões de turistas no mundo. Desse total. 52% tiveram como destino a Europa Ocidental, enquanto para a A globalização e os fluxos Os fluxos não materiais não são diretamente observáveis, mas podem ser percebidos. Exemplos deles são os serviços de seguros, as redes de informação e comunicação, a internet e os fluxos culturais. No que diz respeito aos fluxos culturais, observa-se um forte predomínio dos produtos vindos de países do Norte, sobretudo Estados Unidos e alguns países europeus. Desse modo os filmes, os artistas de cinema e televisão, e a música desses países difundem-se para o mundo todo. A alimentação também pode ser entendida como um elemento da cultura, definindo o gosto por determinados alimentos ou bebidas. Com a globalização, houve uma expansão também da forma de se alimentar das populações dos países centrais para outras partes do mundo. A mesma reflexão pode ser feita em relação a outros elementos, como o modo de vestir, de habitar ou de realizar o lazer. A globalização e os fluxos migratórios internacionais Os fluxos migratórios estão implicados no processo de globalização transformando-se de acordo com suas distintas fases históricas. A primeira delas remonta às grandes navegações e à descoberta do "novo mundo” (séculos XV a XVII). Os movimentos demográficos associavam-se então à ocupação colonial, à conquista de territórios e à organização de espaços destinados à produção para o comércio europeu. A segunda fase pode ser localizada no século XIX com o desenvolvimento do sistema capitalista e das inovações técnicas nos meios de transporte. Nesse momento, uma migração maciça de europeus dirigiu-se, sobretudo, para o continente americano, mas também para as colônias africanas e asiáticas. Até as vésperas da Primeira Guerra (1914), a Europa era a principal fornecedora de emigrantes do mundo. A terceira fase migratória ocorre a partir da segunda metade do século XX, quando se acelera a interdependência entre as economias. Novamente, observam-se inovações tanto nos meios de transporte, cada vez mais rápidos e baratos, como nas tecnologias da comunicação que divulgam imagens e modos de vida atrativos, principalmente para as populações dos países do Sul ou em desenvolvimento. Características da emigração no século XXI No atual momento da globalização, os fluxos migratórios apresentam sensíveis diferenças em relação aos processos do passado. Inicialmente, observa-se o predomínio da migração Sul-Norte, mas também Sul-Sul. Hoje grande parte dos emigrantes vive em áreas urbanas, é alfabetizada e acumulou recursos para custear a emigração. O número de mulheres migrantes é pouco inferior ao dos homens. Cuidado Por meio das mídias, muitos desses emigrantes construíram imagens idealizadas dos países para onde se deslocam: seriam locais de grande oferta de empregos e possibilidade de consumo. http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/foto-chocante-de-menino-morto-vira-simbolo-da-crise-migratoria-europeia.html http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/08/entend a-situacao-de-paises-de-onde-saem-milhares-deimigrantes-europa.html Referência principal em dados http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/08/o-queha-por-tras-da-crise-de-imigrantes-na-europa.html http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/refu giados-na-europa-crise-em-mapas-e-graficos.html A globalização e a Terceira Revolução Industrial Em um espaço de tempo pouco superior a 200 anos, a atividade industrial passou por três grandes processos de transformação, chamados de revoluções. A Primeira Revolução Industrial ocorreu inicialmente na Inglaterra a partir do final do século XVIII. As grandes transformações trazidas por ela são a máquina a vapor e a fábrica, e a fonte de energia que sustentou as atividades foi o carvão. A Segunda Revolução Industrial trouxe novas transformações a partir do final do século XIX. Ela deu forte impulso ao sistema capitalista e foi um dos fatores responsáveis pela partilha da África. A fonte de energia mais usada foi o petróleo, e um dos ramos que mais se desenvolveu foi o automobilístico. A Terceira Revolução Industrial tomou maior impulso nas últimas décadas do século XX. Ela correspondeu ao aprimoramento das tecnologias de telecomunicações, robótica, eletrônica, biotecnologia e indústria aeroespacial que eliminou muitos postos de trabalho. A globalização e as multinacionais Multinacionais são grandes empresas industriais, comerciais ou bancárias com sede no país de origem do capital e filiais em outros países, controladas pela sede. A maior parte das sedes de multinacionais localiza-se nos países do Norte ou desenvolvidos: Estados Unidos, Japão, França, Reino Unido, Itália, entre outros. Essas empresas expandiram-se a partir do final da Segunda Guerra, correspondendo a uma mundialização da produção e, consequentemente, a uma ampliação do comércio mundial, não apenas no que diz respeito à circulação de mercadorias, mas também de serviços. As primeiras multinacionais nasceram nos Estados Unidos, seguidas por empresas europeias e japonesas. Suas bases de crescimento são a produtividade e a competitividade, ambas obtidas por inovações tecnológicas. O incremento da competitividade de uma empresa pode permitir a eliminação de um concorrente ou a realização de fusões, mecanismo por meio do qual uma empresa ganha o controle de outra. Em ambos os casos, o http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2015/09/cotacao-do-dolar-100915.html A globalização e as multinacionais A descentralização da produção, com a instalação de filiais em países que oferecem condições especiais, como subsídios governamentais, infraestrutura, mão de obra barata e matérias-primas abundantes, é uma importante estratégia de crescimento das multinacionais. Recentemente, tem-se utilizado a expressão "empresas globais” para caracterizar as corporações que possuem uma rede mundial de produção e informação, organizando suas atividades em escala planetária. Para manter essa posição, as empresas buscam desenvolver mercadorias que podem ser aceitas em qualquer mercado consumidor, como ocorre com o lançamento de carros mundiais.