Ministério da Educação - MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Instalador e Reparador de Redes ÉTICA, DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA PROFA. MS. CLAUDIA PAES FEITOSA CURSO DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA (FIC) CRÉDITOS Presidente Dilma Vana Rousseff Coordenador Geral Jose Wally Mendonça Menezes Ministro da Educação José Henrique Paim Fernandes Elaboração do conteúdo PROFA. MS. CLAUDIA PAES FEITOSA Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Marco Antonio de Oliveira Coordenador Adjunto Campus André Luiz da Cunha Lopes Reitor do IFCE Virgílio Augusto Sales Araripe Pró-Reitora de Extensão Zandra Maria Ribeiro Mendes Dumaresq Pró-Reitor de Ensino Reuber Saraiva de Santiago Pró-Reitor de Administração Tássio Lofti Supervisor(es) Curso(s) José Tavares de Luna Neto Orientador(es) Curso(s) José Willame Felipe Alves Equipe 1 APOIO ADMINISTRATIVO ACADÊMICO APOIO ADMINISTRATIVO FINANCEIRO Francisco Gomes de Loiola Neto O QUE É O PRONATEC? Criado no dia 26 de Outubro de 2011 com a sanção da Lei nº 12.513/2011 pela Presidenta Dilma Rousseff, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira. Para tanto, prevê uma série de subprogramas, projetos e ações de assistência técnica e financeira que juntos oferecerão oito milhões de vagas a brasileiros de diferentes perfis nos próximos quatro anos. Os destaques do Pronatec são: • Criação da Bolsa-Formação; • Criação do FIES Técnico; • Consolidação da Rede e-Tec Brasil; • Fomento às redes estaduais de EPT por intermédio do Brasil Profissionalizado; • Expansão da Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica (EPT). A principal novidade do Pronatec é a criação da Bolsa-Formação, que permitirá a oferta de vagas em cursos técnicos e de Formação Inicial e Continuada (FIC), também conhecidos como cursos de qualificação. Oferecidos gratuitamente a trabalhadores, estudantes e pessoas em vulnerabilidade social, esses cursos presenciais serão realizados pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, por escolas estaduais de EPT e por unidades de serviços nacionais de aprendizagem como o SENAC e o SENAI. Objetivos • Expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional Técnica de nível médio e de cursos e programas de formação inicial e continuada de trabalhadores; • Fomentar e apoiar a expansão da rede física de atendimento da Educação Profissional e Tecnológica; • Contribuir para a melhoria da qualidade do Ensino Médio Público, por meio da Educação Profissional; • Ampliar as oportunidades educacionais dos trabalhadores por meio do incremento da formação profissional. Ações • Ampliação de vagas e expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica; • Fomento à ampliação de vagas e à expansão das redes estaduais de Educação Profissional; • Incentivo à ampliação de vagas e à expansão da rede física de atendimento dos Serviços Nacionais de Aprendizagem; • Oferta de Bolsa-Formação, nas modalidades: • Bolsa-Formação Estudante; 3 • • Bolsa-Formação Trabalhador. Atendimento a beneficiários do Seguro-Desemprego; APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A disciplina de Ética, Direitos Humanos e Cidadania tem por objetivo apresentar os conceitos de Moral e de Ética, estimular nos alunos/as o compromisso com o bem comum, com a cidadania e com os direitos humanos, refletir sobre o papel da ética nos dias atuais, favorecer uma conscientização sobre a diversidade e o nosso papel na sociedade. 4 SUMÁRIO 123456- Ética e Cidadania ----------------------------------------------------------------- 02 Direitos Humanos --------------------------------------------------------------- 08 Diversidade ----------------------------------------------------------------------- 17 Cidadania ------------------------------------------------------------------------- 20 Direito ao Trabalho -------------------------------------------------------------- 24 Referências ------------------------------------------------------------------------- 27 5 "Difícil não é fazer o que é certo, é descobrir o que é certo fazer." Robert Henry Srour O homem é um ser que vive em sociedade, convive com outros seres humanos, e portanto é levado a refletir sobre suas ações. “como devo agir perante as outras pessoas?” É uma questão não muito facil de ser respondida. Quando nascemos recebemos de nossa familia orientações quanto a forma de nos portarmos, e quanto ao que julgamos importante: nossos valores. Eles servem para orientar as nossas tomadas de decisões. Porém é preciso possuir critérios, isto é, estabelecer relação e hierarquias entre esses valores para orientar as nossas açoes e as açoes da sociedade. Há situações que nos colocam diretamente essa necessidade. Outras insttiuições sociais como, por exemplo, a igreja, a escola influenciam em nossos valores O ser humano desenvolve sua existencia numa sociedade na qual existem normas, regras, leis e valores que podem ser aceitos, não aceitos ou modificados. Este ser é um ser completo que tem interesses, motivações , sentimentos e valores e, que está inserido em diferentes grupos sociais. Estes grupos infleum em cada um de nós e nós influimos nestes grupos. 6 Os valores são históricos e sociais e são compartilhados por uma sociedade. Eles modificam-se com o tempo, sofrem transformações. A Moral é fruto das relações sociais e históricas. As regras, costumes, normas, hábitos de determinada sociedade mudam, porque o sujeito do ato moral-o homemmuda constantemente. Na verdade seria um erro pensar que, desde sempre, os homes têm as mesmas repostas para as questões. Com o passar dos tempos a sociedade muda e também mudam os homens.Por exemplo, na Grécia antiga a existencia de escravos era perfeitamente legítima, as pessoas não eram consideradas iguais entre si. Hoje isto é diferente. Portanto a moral deve ser enfocada dentro de um contexto historico e social. Podemos falar da moral da antiguidade, da moral da idade média e da moral da sociedade moderna. A moral é histórica porque é um modo de comportar-se de um ser- o ser humano- que por natureza é histórico. Moral é o conjunto de regras que determinam o comportamento dos individuos em um grupo social. Em um primeiro momento, o sujeito moral é aquele que age bem ou mal na medida em que acata ou transgride as regras morais admitidas em determinada época ou por um grupo de pessoas.(ARANHA,2012, p.202) A Ética e a Moral estão intrinsicamente ligadas, no entanto não saõ a mesma coisa.Segundo FILHO (2004) “Ética é uma disciplina que estuda os principios e valores orientadores da conduta humana. A ética é uma atitude reflexiva interior no qual o sujeito avalia os resultados da açõa que vai praticar.” A relação entre Ética e Moral é indissociável. A palavra ética vem do grego “ethos” que significa. éthos- morada do homem, abrigo, caráter ”A Ética é um controle 7 interno do agir do homem., enquanto que a Moral é um controle externo feito pelos grupos sociais desse mesmo agir.” Os atos humanos são, na sua quase totalidade, atos relacionais. Ou seja, são atos que se realizam no relacionamento com o outro ou com os outros. É neste relacionamento que os valores tomam corpo, quando tratamos com uma ou mais pessoas, com a comunidade, com a sociedade (que seja na família, na escola, na empresa, na sociedade...). Conforme afirma Vazques(1983) “Ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade.” Também Aranha (2012) afirma que ètica ou Filosofia Moral é a reflexão sobre as noções e principios que fundamentam a vida moral.Esses principios e noçoes dependem da concepção de ser humano tomada como ponto de partida. Para melhor compreendermos vejamos alguns pontos sobre Ética. o Ética é formalmente uma reflexão . o A matéria deste refletir é a ação humana. o Sua finalidade é alcançar o bem. o Podemos dizer que a ética é uma forma de controle interno, feito por nossa consciência. o A ética trata da ação e da decisão que leva a ela. o A Ética se interessa pelos aspectos morais da ação e da decisão. 1 - Observe a imagem abaixo e faça uma pequena análise da mesma baseado no que estudamos sobre ética. 8 __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ____________ 02 - Leia o texto e responda às questões: “Ao contrário de outros seres , animados ou inanimados, nós homens podemos inventar e escolher, em parte, nossa forma de vida. Podemos optar pelo que nos parece bom, ou seja, conveniente par nós, em oposição ao que nos parece mau e inconveniente. Como podemos inventar e escolher, podemos nos enganar, o que não acontece com os castores, as abelhas e os cupins. De modo que parece prudente atentarmos bem para o que fazemos, procurando adquirir um certo saber-viver que nos permita acertar. Esse saber-viver, ou arte de viver, se você preferir, e o que chamamos de ética.” SAVATER, Fernando. Ética para Meu Filho. São Paulo: Martins Fontes, 1993. p. 31. 3-Conversando sobre a palavra ética(Adriano José Hertzog Vieira) Já era tarde quando Eduardo chegou da escola. Passou pela varanda, onde vovô Romualdo tomava um ar após o almoço. Pouco depois voltou com o prato recheado de farofa, feijão de corda e um pedaço suculento de peixe que a vó Estelita tinha preparado. Sentou-se no chão, perto da rede onde o avô repousava e perguntou: – Vovô, hoje minha professora disse que a gente vai estudar ética, algo muito necessário para nossa vida em sociedade. Mas eu estou muito curioso, acho que não vou aguentar esperar a próxima aula para saber o que é isso. O senhor pode me dizer que tal coisa é essa ética? Seu Romualdo que, mesmo com pouca escola, era um homem muito vivido, que gostava de ler e saber das coisas, passou a mão pela cabeça, raspou a garganta e disse: 9 – Ética, Dudu, é uma coisa muito antiga, desde que existe gente nesse mundão, existe ética. Cada povo, cada grupo, tem uma forma de nomear e compreender isso que chamamos de ética, mas esse nome quem inventou foram os gregos antigos. No século IV a. C., um mestre, filósofo, chamado Epicuro (341 - 270 a. C.), propôs uma doutrina que buscava a felicidade por meio do prazer, do bem viver. Prazer era entendido como um bem realizado para o outro, não um bem para si mesmo, que seria o egoísmo. Epicuro e seus seguidores acreditavam que as sociedades deveriam ser como os jardins, onde as pessoas se encontravam e estabeleciam laços de amizade para ajudarem uns aos outros. O prazer estava relacionado ao bem viver, ao cuidado com as pessoas, ao cuidado com o planeta Terra, com o ambiente onde se vive. A esse modo de viver em comunidade, cuidando uns dos outros, na alegria e amizade, criando um clima agradável de solidariedade e qualidade de vida, foi dado o nome de ethos pelos epicuristas, daí surgiu a palavra ética. – Então, retrucou Dudu, quando eu chego da escola e encontro um prato de comida, preparado pela vovó Estelita, e vocês se preocupam com minha alimentação, isso é ética? Porque, afinal de contas, vocês estão cuidando de mim, não é? – De certa forma, sim, Dudu, disse o vô Romualdo. Ética é nosso modo de viver, de nos relacionarmos com as pessoas. Sempre que fazemos coisas que ajudam as pessoas, promovem o crescimento humano, o desenvolvimento do bem, das boas coisas, estamos vivendo na perspectiva da ética da felicidade, do bem viver. – Eram só os epicuristas, voinho, que se preocupavam com a ética, ou outros filósofos também falavam disso? – Os epicuristas, Dudu, foram os primeiros que estudaram e desenvolveram o conceito da ética, mas muitos filósofos, quase todos, tematizaram essa questão. Platão, por exemplo, outro ateniense, que também viveu no século IV a. C., acreditava que a virtude e o bem viver residiam no conhecimento. A descoberta da sabedoria através da razão era o caminho para que os homens se tornassem bons e fizessem o bem para todos, vivendo, assim, numa sociedade perfeita. 10 Já engolindo as últimas garfadas do delicioso almoço que a avó havia preparado, Dudu olhou fixo para o vô Romualdo e disse: – Então, vovô, para os epicuristas a ética era a felicidade buscada no prazer de bem viver e fazer o bem aos outros; para os platônicos era a virtude do conhecimento buscada no exercício da razão, do raciocínio. Quem está certo: o platonismo ou o epicurismo? Seu Romualdo levantou-se, esticou os braços para o alto, como se fosse pegar as nuvens e espreguiçou num suspiro profundo. Olhando o mar, que beijava o céu no horizonte, disse ao neto, voltando a deitar na rede: – Meu neto, isso de uma coisa estar certa ou errada, quando se refere a um modo de pensar, de compreender a vida ou a realidade, é algo muito complexo. Precisamos aprofundar muito os entendimentos sobre tal assunto para dizermos se algo é certo ou errado. Em relação às compreensões do que seja ética, eu prefiro dizer que as duas, a do epicurismo e a do platonismo, estão certas. Elas não são contrárias, mas complementares. Quando algo é diferente de outro, não quer dizer que sejam contraditórios, mas só que são diferentes. O mais importante é descobrirmos os pontos comuns e em que podem se complementar. – Eita, vovô, gostei de saber sobre a origem da palavra “ética” e sua importância em nossa vida. Agora vou contribuir com nossa ética e lavar meu prato e ajudar a vovó lavar as louças do almoço. Se entendi bem, as ações que beneficiam nosso bom convívio, contribuem para a construção da ética, disse Eduardo, deixando o avô repousando na rede. 11 “Direitos humanos: para todos os seres humanos. Mas o que é o ser humano? Nós, seres humanos, podemos acertar, mas também errar. Estamos disponíveis para construir um mundo melhor, mas igualmente para persistir nas ações movidas por egoísmo, inveja e cobiça. Neste último caso, seríamos menos humanos? Os corruptos, os assassinos, os traidores, os fracos não seriam seres humanos? Ninguém que seja nascido de seres humanos pode ser excluído da humanidade. Não podemos incorrer na soberba de nos considerarmos superiores a alguns, por sermos mais inteligentes ou mais ricos, por pertencermos a uma classe ou religião que julgamos ser melhor. Essas questões nos remetem ao tema dos direitos humanos. Se partirmos do princípio de que cada pessoa é única e insubstituível, devemos concluir que todos são iguais e dignos de respeito. Admitir que todos somos igualmente cidadãos e que o exercício da tolerância tem como consequência a aceitação das diferenças é reconhecer também o que é intolerável: a escravidão, a submissão doméstica da mulher pelo homem, a inferiorização de etnias, a repressão a grupos religiosos, a ridicularização de homossexuais, a corrupção, a calúnia, o assassinato etc. Por que então , se o crime é intolerável, há quem defenda o criminoso? Aliás, por isso mesmo as organizações que tem como bandeira a preservação dos direitos humanos muitas vezes são acusadas de “defender bandidos”. No entanto, o que as organizações de direirtos humanos defendem não é o crime ou a impunidade, mas sim que os acusados sejam julgados e, no caso de condenados, punidos de acordo com a lei. Portanto, os criminosos não devem 12 ser tratados de forma desumana. Caso contrario, estaremos assumindo a mesma atitude que deploramos neles.” (ARANHA,2012,p 259) O Professor Antonio Carlos Gomes da Costa costumava afirmar que o Educador colombiano Bernardo Toro, em suas palestras, lançava ao público a seguinte questão: Qual foi a principal invenção do século XX? Para o referido educador foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos, pois é por ela que o século XX será lembrado e ela constitui-se o nosso primeiro grande projeto de Humanidade. Vejamos então o que diz esta Declaração: DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Preâmbulo Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum, Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão, Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre 13 as nações, Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades, Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso, A Assembléia Geral proclama A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Artigo I Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Artigo II Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Artigo III Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 14 Artigo IV Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Artigo V Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Artigo VI Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei. Artigo VII Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo VIII Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. Artigo IX Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo X Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. Artigo XI 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. Artigo XII Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques. 15 Artigo XIII 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar. Artigo XIV 1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Artigo XV 1.Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. Artigo XVI 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. Artigo XVII 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. Artigo XVIII Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. Artigo XIX Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. 16 Artigo XX -1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. Artigo XXI 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de sue país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. Artigo XXII Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Artigo XXIII- 1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses. Artigo XXIV Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas. Artigo XXV- 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de 17 seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. Artigo XXVI- 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos. Artigo XXVII- 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. Artigo XXVIII Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados. Artigo XXIV-1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. 18 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Artigo XXX Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. Gandhi e Martin Luther King: líderes do diálogo No século XX, dois grandes líderes mundiais se destacam pela capacidade de defender suas causas por meio da não-violência. MOHANDAS KARAMCHAND GANDHI (1869 – 1948), mais conhecido popularmente por Mahatma Gandhi, foi o idealizador e fundador do moderno Estado indiano eo maior defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não violenta de protesto) como um meio de revolução. O princípio do Satyagraha frequentemente traduzido como “o caminho da verdade” ou “a busca da verdade”, também inspirou gerações de atividades democráticas e antirracistas, incluindo Martin Luther King e Nelson Mandela. Para Gandhi, a lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos. 19 MARTIN LUTHER KING, JR. (1929 – 1968) foi um pastor protestante e ativista político americano. Tornou-se um dos mais PARA REFLETIR E DISCUTIR Em grupos de no máximo 5 pessoas, discuta e responda as questões abaixo: Você concorda com a idéia de que os Direitos Humanos constituem-se a grande invenção do Século XX? Por quê? ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ________ Na realidade em que você vive, quais destes artigos são respeitados? 20 ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ _________ Em sua opinião que direitos no nosso país ainda necessitam ser melhor efetivados? ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________ O que podemos fazer para que estes direitos se efetivem? ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________ Esta é uma história sobre quatro pessoas: “Todo Mundo”, “Alguém”, “Qualquer Um” e “Ninguém”. Havia um importante trabalho a ser feito e “Todo Mundo” tinha certeza de que “Alguém” o faria. “Qualquer Um” poderia tê-lo feito, mas “Ninguém” o fez. “Alguém” zangou-se porque era um trabalho de “Todo Mundo”. “Todo Mundo” pensou que “Qualquer Um” poderia fazê-lo, mas “Ninguém” imaginou que “Todo Mundo” deixaria de fazê-lo. No final: “Todo Mundo” culpou “Alguém” quando “Ninguém” fez o que “Qualquer Um” poderia ter feito.(Autor desconhecido) 21 DIVERSIDADE Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, dotados que são de razão e consciência devem comportar-se fraternalmente uns com os outros.”(Declaração Universal dos Direitos Humanos Art 1º). Somos iguais em direitos mas diferentes na nossa forma de ser. É o que chamamos DIVERSIDADE. Vamos imaginar que todos os habitantes do planeta terra fossem iguais. Não teria nenhuma graça, não é ? A diversidade é uma das maiores riquezas do ser humano no planeta e a existência de indivíduos diferentes numa cidade, num país, com suas diferentes culturas, etnias e gerações fazem com que o mundo se torne mais completo. Mas essa convivência só se torna possível se as diferenças forem respeitadas. O artigo 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, diz que não deve haver, em nenhum momento, discriminação por raça, cor, gênero, idioma, nacionalidade, opinião ou qualquer outro motivo. No contexto da relações de poder os grupos humanos não só classificam as diferenças, como também, hierarquizam-nas, colocam-nas em escalas de valor e neste processo subalternizam uns em relação aos outros. No Brasil dos tempos do império e nas Américas, um intenso movimento abolicionista demarcou, ainda no século XIX, a luta por direitos iguais. Movimentos contra a escravidão e contra a opressão da mulher foram constantes. Conforme nos diz AMARAL(2007)Frequentemente, grupos identitários diferentes, como mulheres e trabalhadoras, tinham os mesmos protagonistas. A greve 22 de operárias que deu origem ao Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, é um exemplo disso. Indivíduos que eram mulheres e, ao mesmo tempo, trabalhadoras. Esse exemplo nos permite retomar a questão da constituição do indivíduo moderno, agora para apontar um outro aspecto: a pluralidade de papéis desempenhada por cada indivíduo. Basta que pensemos nessas operárias que foram mortas na greve da fábrica no 8 de março. Elas eram mulheres, eram trabalhadoras, eram mães, esposas. Se olharmos para o século XX e para o nosso século XXI, veremos mulheres que além de se organizarem na sociedade civil como trabalhadoras, mães, eleitoras, se organizam ainda como negras, consumidoras, lésbicas, surdas, cegas, jovens ou anciãs e outras tantas identidades. Uma única mulher, no mundo moderno, poderia se identificar com todas estas diferenças. Essa pluralidade de identificações é uma expressão dos desenvolvimentos da sociedade civil. O que vale para mulheres, vale também para homens, transexuais, indígenas etc. O indivíduo no mundo contemporâneo desenvolveu tantas capacidades de identificar-se com diferentes grupos tantos sejam os papéis por ele desempenhados. Tais papéis se multiplicam e, com frequência, apresentam contradições ao próprio indivíduo. Certamente a autora citada quer enfatizar que a diversidade e a multidimensionalidade passam a fazer parte da experiência humana, não mais apenas no que se refere às relações entre indivíduos e experiências culturais distintas, mas mesmo em relação a um mesmo indivíduo. Podemos, olhando apenas para os dois últimos séculos e meio, dizer que a modernidade colocou em contato, por meio das relações mercantis, diferentes etnias, distintas nacionalidades e línguas. Tais relações quase nunca, até aqui, foram relações pacíficas. Elas foram antes relações de opressão étnicas (contra as quais movimentos como os de negros, indígenas ou ciganos se organizaram, afirmando suas identidades contra tais opressões históricas), assim como igualmente o fizeram, e fazem, grupos de identidade de gênero, como mulheres, homossexuais, transexuais igualmente submetidos a uma situação de opressão social. Surdos, organizados em defesa de sua língua de sinais, assim como indígenas empenhados em resgatar sua identidade linguística como parte de seu resgate da cultura indígena ou ativistas dos direitos da infância ou do idoso são exemplos que se multiplicam a cada instante e tais 23 organizações e lutas apresentam um desafio: é possível compatibilizar tantos e tão distintos interesses? A noção de tolerância, antes de pretender justificar a opressão de outras culturas, afirma que mesmo diante da mais estranha forma de cultura é preciso haver respeito, pois se os homens têm igual direito à liberdade, tal direito exige que as diferenças, mesmo as maiores, sejam toleradas como respeito aos diferentes modos de ser. A humanidade está representada em todo e cada ser humano, que a realiza de forma específica, singular. Assim respeitar todo e cada ser humano é respeitar a dignidade humana. Escreva o que você entende por Diversidade? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _____________________________________ Você já presenciou ou vivenciou alguma situação de desrespeito às diferenças? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ ___________________________________________ Que atitudes podemos ter para combater a intolerância e o preconceito? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _____________________________________ 24 OS DIREITOS DAS MULHERES Você acha que as mulheres deste século desfrutam dos mesmos direitos que as mulheres do século XIX? O acesso à saúde e à educação é o mesmo? As mulheres sempre puderam votar e ser votadas? Estas questões devem ser refletidas. As mulheres nem sempre tiveram direito ao voto e à educação. Durante muito tempo o espaço reservado à elas foi o espaço privado. Às mulheres era designado cuidar do marido, dos filhos e da casa. Tais atividades nem eram consideradas trabalho, mas consomem energia e tempo. VOCÊ SABIA???? Que as mulheres correspondem a 52% da população economicamente ativa, no Brasil? No entanto, segundo dados do IBGE, a renda delas é 28% inferior à dos homens. Embora existam mais mulheres do que homens em ocupações remuneradas, estas recebem salários inferiores, e a renda permanece concentrada na mão deles. No Brasil somente em 1827 foi permito às mulheres que frequentassem as escolas elementares. O ensino superior só foi conquistado em 1879. Muitas mulheres lutaram pelo direito à educação, dente estas, muitas mulheres brasileiras. Dentre muitas destacamos a luta da escritora conhecida como Nisia Floresta que lutou pela emancipação das mulheres, e Berta Lutz que organizou o primeiro congresso feminista do Brasil e lutou pelo direito ao voto das mulheres brasileiras. Amartya Sen defende a idéia que a “educação da mulher fortalece a sua ação e tende a torná-la mais esclarecida e mais competente (1 Sen, Amartya, O Desenvolvimento como Liberdade, Lisboa, Editora Gradiva, 2003, p. 204. ) É um fato reconhecido que nos últimos anos, no Brasil, as mulheres tiveram o acesso à educação expandido. Não obstante, é preciso termos em conta que este maior acesso, assim como uma maior igualdade de oportunidades, beneficiou 25 principalmente as mulheres que moram nas grandes cidades, persistindo a diferença para mulheres das regiões mais empobrecidas e para as que residem nas zonas rurais. Acreditamos que a educação poderá impulsionar uma tomada de consciência das mulheres, configurando a sua autoestima, e dando-lhe poder para buscarem alternativas de melhoria de vida, de superação das situações de desigualdade, fomentando sua participação ativa nos espaços públicos e de decisão. CONQUISTAS E DESAFIOS A Violência contra a mulher tem sido uma constante em nossa realidade. Frequentemente nos deparamos com noticias de agressões e morte de mulheres pelos seus companheiros, maridos. Um dos maiores avanços na legislação brasileira de proteção à mulher e à família é a Lei Maria da Penha. Esta lei equipara a violência domestica contra a mulher a crimes contra os direitos humanos. Em vigor, ela garante mecanismos de defesa mais abrangentes para mulheres vítimas de violência doméstica. Promulgada em 7 de agosto de 2006 e em vigor desde setembro do mesmo ano, a Lei n° 11.340 ganhou o apelido de Lei Maria da Penha em homenagem à biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes. É uma lei especial para ser aplicada em casos de violência doméstica e garante mecanismos especiais às mulheres vítimas de agressão pelo marido ou parceiro. Entre outros direitos especiais da Lei, estão a exigência da abertura de processo em caráter urgente, a inclusão da mulher em serviços de proteção e a garantia de acompanhamento por um policial caso a vítima precise ir à sua casa buscar seus pertences. Além disso, a lei permite ao juiz impor ao agressor restrições imediatas, como perda do porte de arma e proibição de se aproximar da vítima ou dos filhos do casal. 26 EXERCÍCIO Pesquise sobre a lei Maria da Penha para que possamos debater em sala de aula. CIDADANIA Como afirma LODi; ARAÙJO(2007 ) Aprender a ser cidadão e a ser cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não-violência, aprender a usar o diálogo nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que acontece na vida coletiva da comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes precisam ser aprendidos e desenvolvidos pelos estudantes e, portanto, podem e devem ser ensinados na escola. A educação constitui o direito fundamental para que as pessoas possam desenvolver plenamente o seu potencial. Segundo o educador Paulo Freire " Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo". Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a educação é entendida não apenas como transmissão de conhecimentos, ou como o desenvolvimento de habilidades e aptidões mas como processo que abrange o ser humano em todas as suas dimensões. 27 A liberdade deve estar associada e complementada pela igualdade. Sob essa ideia, de que todo homem é livre e igual, se sustenta a noção de cidadania: todos são iguais diante da lei, devendo ter os mesmos direitos, deveres e oportunidades, merecendo igual tratamento e consideração. A violência vivenciada, atualmente, no Brasil, fere o direito à segurança, assim como o de ir e vir; o desemprego que se agrava e impede a juventude de ter acesso ao trabalho, tira do homem e da mulher o direito de sobreviver de seu trabalho e de prover sua família; o analfabetismo, ainda tão evidente, rouba a dignidade do ser humano e tira dele o direito de ser e de estar no mundo; a má qualidade da educação fere, de morte, a esperança e restringe a poucos o direito de refl etir, criticar, produzir, competir; a oferta inadequada dos serviços de saúde fere o direito a uma vida saudável, propaga doenças e causa mortes. As desigualdades sociais e econômicas são motores que alimentam a injustiça. Devemos entender que a cidadania é um produto social, ou seja, resultante de um processo histórico-social e que, para existir como a conhecemos, foram necessários muitos e muitos séculos. A cidadania não depende dela mesma para existir, por isso, ela não é nem autônoma nem soberana. No longo percurso histórico, ela interage com outras entidades e processos sociais como a cultura o desenvolvimento econômico e político. .................................................................................................................... A condição cidadã se estagna ou regride quando estabelece a desigualdade a partir do momento que beneficia uma minoria do todo ou quando se esbarra na cultura da subserviência, do conformismo, da corrupção e do chamado “jeitinho brasileiro”. Nesse sentido, podemos perceber uma coisa: apesar de a Constituição brasileira estabelecer o pleno exercício dos direitos civis, políticos e sociais e ter por objetivo maior a satisfação das necessidades fundamentais do homem e proporcionar, se possível, a sua felicidade, será que essa diretriz garante o que propõe? Como vimos a pouco, já podemos imaginar que a resposta é não, pois constantemente nos deparamos com situações que comprovam o descaso com a população, mas por outro lado, devemos pensar: O que devemos fazer, enquanto cidadãos, para garantir a efetivação e a realidade dos nossos direitos? 28 É nosso dever nos conscientizarmos que – como cidadãos – não possuímos apenas direitos perante a sociedade e o Estado, antes de tudo, devemos cumprir os nossos deveres da melhor maneira possível. Devemos cultivar, no nosso dia a dia, exercícios de conscientização, devemos praticar com sabedoria a nossa cidadania para sermos capazes de reivindicar da melhor maneira possível os nossos direitos. Isso significa tomarmos a postura de verdadeiros cidadãos, não nos conformando diante dos erros (tanto os nossos, como os dos outros e do próprio Estado) e fazermos aquilo que é correto e legal. Esse é o primeiro passo para podermos vislumbrar, minimamente, uma cultura de paz. Sabemos que a Constituição de um país é a Carta Magna, ou seja, a Carta Maior que estabelece as normas entre o Estado e o povo DIREITOS CIVIS DIREITOS POLÍTICOS DIREITOS POLÍTICOS DIREITO AO TRABALHO 29 A Constituição Brasileira impõe que um emprego digno deve garantir que o ser humano possa desfrutar do sentimento de realização e da sua dignidade em todas as suas dimensões, mas, como sabemos, infelizmente, existem várias situações em que os sujeitos podem vir a se sentir desvalorizados e desconsiderados. Por mais que você possa pensar que não, essa sensação é muito negativa para o ser humano, pode provocar grandes alterações no humor e na saúde, pode desencadear um processo depressivo e, em casos extremos, o suicídio, e é por esse motivo que o trabalho vai se tornando assunto de extrema preocupação do Estado e de suas políticas públicas. É claro para nós que, apenas o ser humano é capaz de raciocinar e ter consciência do seu papel no mundo, e é por isso mesmo que as pessoas esperam ser tratadas como pessoas humanas e não como meras máquinas ou coisas que servem apenas para atingir uma finalidade pontual. Tratar as pessoas com humanidade, em qualquer situação, e inclusive no ambiente de trabalho, é valorizar esse aspecto que é fundamental para a nossa realização plena. Basicamente, podemos dizer que um trabalho digno é aquele em que o trabalhador não é exposto a situações de indignidade, no qual o salário possa ser sufi ciente para garantir o bem-estar da família como um todo. Felizmente, não apenas em outros lugares do mundo, mas também no Brasil, as questões trabalhistas ganharam grande respaldo, prova disso foi o surgimento do Direito do Trabalho como um ramo autônomo do Direito, que se configura como um conjunto de regras e princípios jurídicos que possuem como função essencial proteger as relações trabalhistas e as relações de emprego. 1- Crescimento nem sempre significa desenvolvimento. Vamos construir uma cidade em que os direitos sejam respeitados e os deveres obedecidos. 2- Você acredita que no seu país, no seu Estado e na sua cidade os direitos são respeitados? Acha que pode melhorar? 30 3- De que forma você pode contribuir com essa melhora? O que pode fazer ou tem feito para melhorar? Cidadão Zé Ramalho Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar Foi um tempo de aflição Eram quatro condução Duas pra ir, duas pra voltar Essa dor doeu mais forte Por que é que eu deixei o norte? Eu me pus a me dizer Lá a seca castigava Mas o pouco que eu plantava Tinha direito a comer Hoje depois dele pronto Olho pra cima e fico tonto Mas me vem um cidadão E me diz desconfiado "Tu tá aí admirado? Ou tá querendo roubar?" Tá vendo aquela igreja, moço? Onde o padre diz amém Pus o sino e o badalo Enchi minha mão de calo Lá eu trabalhei também Meu domingo tá perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer Lá foi que valeu a pena Tem quermesse, tem novena E o padre me deixa entrar Foi lá que Cristo me disse "Rapaz deixe de tolice Não se deixe amedrontar Fui eu quem criou a terra Enchi o rio, fiz a serra Não deixei nada faltar Hoje o homem criou asa E na maioria das casas Eu também não posso entrar Fui eu quem criou a terra Enchi o rio, fiz a serra Não deixei nada faltar Hoje o homem criou asas E na maioria das casas Eu também não posso entrar" Tá vendo aquele colégio, moço? Eu também trabalhei lá Lá eu quase me arrebento Fiz a massa, pus cimento Ajudei a rebocar Minha filha inocente Vem pra mim toda contente "Pai, vou me matricular" Mas me diz um cidadão "Criança de pé no chão Aqui não pode estudar" 4- Converse com o(a) seu (sua ) colega ao lado e destaque o trecho da musica que mais lhes chamou a atenção. Justifique a sua escolha e partilhe com os(as) outros(as) colegas. 31 ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ___________________________________________ AMARAL, Ilana Viana. Liberdade, identidade, solidariedade e o respeito à diversidade e à dignidade humana in curso Direitos Humanos e Geração da Paz ,fascículo 10. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, Universidade Aberta do Nordeste ARANHA,Maria Lúcia de Arruda. Filosofar com textos: temas e história da filosofia.São Paulo: Moderna,2012. BRASIL, Ministério da Educação. Ética e cidadania : construindo valores na escola e na sociedade / Secretaria de Educação Básica, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. –Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007 DISPONIVEL EM http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000015509.pdf Acesso em 28062014 BRASIL, Portal Brasil. Respeito à diversidade é uma forma de promover inclusão,2009 disponível em http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2009/11/respeito-a-diversidade-e-umaforma-de-promover-inclusao. Acesso em 10072014. CHAUÍ,M. Convite à Filosofia.São Paulo:Editora Ática,2003. FILHO, Oscar d Alva e Sousa. “Ética e Sociedade” in curso Administração Pública e Gestão Ètica.Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, Universidade Aberta do Nordeste, 2004 GRANJEIRO,Manuela Fonseca. O Direito e o Dever de compreender in curso Direitos Humanos e Geração da Paz ,fascículo 2. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, Universidade Aberta do Nordeste LEAL, Guaraciara BarrosFURTADO,;Silvia Maria Aragão de Andrade. Direitos humanos: surgimento e contexto histórico compreender in curso Direitos Humanos e Geração da Paz ,fascículo 7. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, Universidade Aberta do Nordeste 32 LODI, Lucia Helena; ARAUJO, Ulisses F. Ética, cidadania e educação in Ética e cidadania : construindo valores na escola e na sociedade / Secretaria de Educação Básica, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. –Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. SANTOS, Evaniele Antonia de Oliveira. A subsistência humana: moradia, saúde, trabalho decente, meio ambiente saudável compreender in curso Direitos Humanos e Geração da Paz,fascículo 8. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, Universidade Aberta do Nordeste VAZQUEZ,Adolfo, Ética, Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira,1983 33