Privatisation, Liberalisation and the Portuguese Telecommunications Sector: a Social Cost-benefit Analysis 1 Privatização e Liberalização do sector das Telecomunicações em Portugal: uma análise do custo/benefício social Maria de Lurdes Martins e Natália Maria Monteiro Lisboa, 2006 2 Motivação: • O sector das telecomunicações em Portugal registou profundas alterações na regulação do sector que passaram pela criação, e posterior privatização, da Portugal Telecom (PT) e pela crescente liberalização das redes fixa e móvel. Objectivos: • Medir quais os benefícios ou custos sociais decorrentes da alteração da regulação – privatização e crescente liberalização – no sector das telecomunicações no período entre 1993 e 2004; • Saber qual o grupo de agentes económicos mais afectado – consumidores, empresas ou governo – e em que momento temporal? 3 Metodologia: • Empregue por Newberry e Pollitt (1997) na avaliação económica da reestruturação e privatização do sector eléctrico inglês e por Vogelsang et al. (1994) na avaliação dos impactos sociais das privatizações da British Telecom e da Teléfonos do México e de outras empresas privatizadas. Ideia básica: • O desempenho das empresas observado durante um determinado período de tempo é comparado com um desempenho obtido num cenário hipotético de não existência de reformas. Assim, o impacto das reformas resulta da simples diferença entre os valores observados para cada variável e os correspondentes valores simulados, antes e depois da respectiva implementação 4 Dados: • Relatórios anuais da empresa PT referentes ao período 19942004. 5 Estrutura da apresentação: 1. Principais alterações observadas (na rede fixa e móvel) no sector das telecomunicações entre 1993-2004; 2. Metodologia; 3. Resultados obtidos; 4. Conclusões e limitações. 6 1. O sector das telecomunicações Português é fragmentado até 1993, a PT é formada em 1994 sendo a principal empresa multiproduto do sector; 2. PT é privatizada em 5 fases 1995-2000, mas o governo ainda detém “Golden Shares”; 3. a PT gozou de um monopólio estatuário em todos os segmentos de mercado: • Na rede fixa, a PT gozou da “Concessão” até 2000; • Na rede móvel, a TMN a operar desde 1989, enfrenta concorrência da Telecel e da Óptimus, em 1991 e 1998; • Na comunicação de dados e televisão por cabo, os mercados foram liberalizados em 1991 e 1998, respectivamente. Em 2004, a TVCABO detém 86% do total dos clientes dos serviços da 7 televisão por cabo. Rede Fixa 1994 1998 2000 2004 Nª empresas 1 1 15 22 Portugal 35 41 43 40 Europa n.d. 54 52 51 12 956 16 645 12 350 3 3 3 31 77 95 23 73 91 50% 46% 44% 51% 255 2 758 8 126 14 486 Nº linhas principais/100 habitantes Tráfego com origem na rede fixa (106 minutos) 9 078 Rede móvel Nª empresas 2 Nª de subscritores/100 habitantes Portugal 1,8 Europa 4 TMN quota de mercado Tráfego (106 minutos) Fonte: Relatórios Anuais da PT e Estatísticas da Anacom 8 Regulação de Preços • “Convenção de preços” determinado em negociação entre a ANACOM, PT e AC; • “Price cap regulation”, crescimento máximo dos preços baseados na fórmula IPC-X fixada apenas aos serviços da rede fixa; • Entre 1995-2004, foram assinadas 3 convenções: 1. 1995-1998 X = 2% 2. 1998-2001 X = 4% 3. 2002-2005 X = 2,75% 9 Evolução dos preços reais na rede fixa, 1994-2005 3.5 8.00 3 7.00 2.5 6.00 5.00 2 4.00 1.5 3.00 1 2.00 0.5 1.00 0 0.00 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Installation fee Monthly subscription Local Regional 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 National EU US Brazil Dados: extraídos dos relatórios anuais da PT e da base de dados da ITU. Unidade: tarifa para três minutos de conversação em hora de ponta, excluindo IVA, a preços de 2004. 10 106 Euros (preços=2004) 1994 1998 2000 2004 Receitas Totais da PT 2754 3613 6067 6023 Rede Fixa 0.85 0.72 0.41 0.35 Rede móvel 0.04 0.19 0.19 0.24 Multimedia 0.00 0.04 0.04 0.12 Outros 0.11 0.04 0.03 0.04 Mercado externo 0.00 0.02 0.32 0.25 Fonte: Relatórios Anuais da PT e Base de dados da ITU 11 Variação observada no Bem-estar dos consumidores retalhistas no período 1996-2004 Fonte: Relatórios Anuais da PT. Descrição: a variação de Bem-Estar dos consumidores é medida pela variação no excedente do consumidor – produto da variação ocorrida nos preços no momento t pela quantidade observada em t-1. Conclusão: Os consumidores de tráfego internacional parecem ter sido dos que mais beneficiaram com as alterações de preços provocadas pelas reformas do sector. 12 Variação observada no bem-estar dos consumidores - mercado grossista, retalhista e de comunicações móveis - no período 1996-2004 Fonte: Relatórios Anuais da PT. Conclusão: Os consumidores do mercado grossista parecem ter vindo a sofrer perdas de bem-estar a partir de 2000. 13 Evolução observada dos custos do serviço fixo e do serviço móvel no período 1996-2004 Fontes: • Custos do serviço fixo: Relatórios da PT Comunicações e da PT Prime. • Custos do serviço móvel: Relatórios da TMN. • Tráfego (minutos de conversação): Relatórios da PT e das Estatísticas da Anacom 14 2. Metodologia • De acordo com a literatura: Newbery and Pollitt, 1997, e Domah e Pollitt, 2001, o impacto económico das reformas pode ser estimado em termos de variação na eficiência produtiva (que resulta da diferença entre os custos observados no período em análise e os correspondentes custos no cenário contra-factual). • Seguiu-se a metodologia proposta por Jones, Tandon e Vogelsang (1990), para avaliar o impacto das privatizações. • Esta metodologia foi implementada em Galal, Tandon e Vogelsang (1994), onde foram estudados vários casos de privatizações, incluindo três relativas ao sector das telecomunicações: Bristish Telecom (Inglaterra); Compañía de Teléfonos de Chile (Chile) e Teléfonos de México (México). 15 • Os ganhos de eficiência são afectados a apenas três tipos de agentes económicos: consumidores, produtores e governo. • As variações de bem-estar dos consumidores são medidas pela diferença entre os valores actualizados das receitas verificadas e as das receitas realizáveis no cenário contra-factual (Domah and Pollitt, 2001). As receitas em qualquer dos cenários podem ser calculadas somando os lucros operacionais (antes de impostos), as amortizações e os custos operacionais. • Os ganhos de bem-estar obtidos pelos produtores são medidos pela diferença entre o valor actualizado dos lucros no cenário real e os do contra-factual (excluindo as diferenças nos impostos) • Os ganhos (ou perdas) do governo são medidas pela diferença entre o valor actualizado dos impostos pagos no cenário real e no cenário contra-factual. 16 Pressupostos do Cenário contra-factual • São considerados cinco cenários contra-factuais de descida dos custos médios: 0, 1, 2, 3, 4 por cento para o segmento fixo, e 0, 2, 4, 6, 8 por cento para os custos do segmento móvel. • Crescimento da procura observado para os dois tipos de serviço é igual nos cenários contra-factuais. • Investimento idêntico em todos os cenários. • Custos não controláveis são iguais em todos os cenários. • Os lucros (antes de impostos) nos cenários contra-factuais são calculados anualmente usando a rentabilidade dos activos circulantes obtida no ano base. • Os activos circulantes nos cenários contra-factuais crescem de acordo com o crescimento observado da procura. • A taxa de imposto considerada nos cenários contra-factuais é definida pelo quociente entre os impostos sobre o rendimento 17 pagos e os lucros operacionais observados. 3. Resultados obtidos • Ganhos líquidos de Bem-Estar Descida dos custos no cenário contra-factual Taxa de actualização Serviço Fixo 0% Serviço Móvel 0% 3% 6% 10% 11,269 11,904 12,818 1% 2% 8,759 9,251 9,957 2% 4% 6,468 6,824 7,335 3% 6% 4,375 4,605 4,931 4% 8% 2,465 2,575 2,726 Ganhos de eficiência expressos em milhões de euros a preços de 2004. 18 • Distribuição dos ganhos de eficiência Taxa de Actualização 3% 6% 10% 2% descida nos custos da rede fixa e de 4% para a rede móvel (central-case scenario) Consumidores 4,420 4,267 3,946 858 972 1,153 Produtores 1,190 1,585 2,236 Total 6,468 6,824 7,335 Governo 19 • Evolução da distribuição dos ganhos líquidos de Bem-Estar (cenário intermédio) 20 4. Conclusões • Todos os agentes beneficiaram com as reformas. • Governo menos afectado, mas não foram consideradas as receitas da própria privatização. • Consumidores têm sempre ganhos líquidos positivos na genaeralidade dos cenários (mesmo em cenários mais própúblico). • Inicialmente os consumidores começaram por registar algumas perdas, mas a liberalização parecer ter tido um efeito positivo forte sobre os ganhos dos consumidores. • Produtor (PT) parece ter vindo a obter ganhos líquidos negativos com o processo de liberalização que podem ou não ter sido compensados noutros mercados (multimedia, etc 21 excluídos do presente estudo. Privatisation, Liberalisation and the Portuguese Telecommunications Sector: a Social Cost-benefit Analysis 22