O MAL ESTAR
NA CIVILIZAÇÃO
Sigmund Freud
Para Freud não há a possibilidade de uma
sociedade livre, onde os indivíduos sejam
plenamente felizes, já que a formação da
sociedade pressupõe repressão, introjetando
nesses indivíduos uma espécie de policiamento,
o superego, que os pune com o sentimento de
culpa quando estes buscam satisfazer as suas
pulsões, quando buscam a felicidade.
Além da própria dinâmica libidinal não permitir
uma sociedade sem repressão, já que os
indivíduos são dotados de instintos agressivos,
e quando libertos destroem a sociedade.
Atribuía o mal-estar da civilização à
hiper-repressão de uma sociedade policiada.
As pulsões agressivas reprimidas estão
escondidas em profundidade, fechando-se
antes de subir novamente à superfície no
momento de crise.
Na visão freudiana, a civilização é somente uma
crosta superficial sobre o fundo da barbárie.
Quanto mais ela aparece harmoniosa
e ordenada, tanto mais ela abriga aquilo
que se situa num nível mais profundo,
as tensões exasperadas, as ameaças
de implosão nervosa.
“A civilização, portanto tem de ser
defendida contra o indivíduo. Seus
regulamentos, instituições e ordens
dirigem-se a essa tarefa.
Visam não apenas efetuar uma certa
distribuição da riqueza, mas também a manter
essa distribuição; na verdade têm de proteger,
contra os impulsos hostis dos homens, tudo
o que contribui para a conquista da natureza
e a produção de riqueza.
As criações humanas são facilmente
destruídas, e a ciência e a tecnologia, que as
construíram, também podem ser utilizadas
para a sua aniquilação.”
HOMEM
Eros
Princípio do prazer
Instinto de vida
interagir na civilização,
aproximar os indivíduos,
amor
Thânatus
Princípio da realidade
Instinto de morte
contra a civilização
agressividade
Por encontrar-se alienado ao meio em que pertence,
diante das imposições de uma sociedade repressiva,
e sem a possibilidade de um ambiente que permita
a total liberdade, o ser humano não encontra
possibilidades de concretização da felicidade,
entendida como a liberação das energias instintivas.
Freud refere-se à dor basicamente como
sentimento moral em vez de física.
Freud a explica a dor ou sofrimento enquanto
sensação ligada à moralidade e a busca da
felicidade, a partir das relações entre os
indivíduos, sejam de caráter apenas afetivo ou
tomadas por impulsos sexuais.
É justamente esse tipo de dor que tem a maior
capacidade de ferir e atingir o ego do
indivíduo.
Todas as formas de superar o sofrimento
têm graves desvantagens.
O amor torna-se dor com a perda
do parceiro.
A realização artística ou científica
depende de talentos individuais.
A religião infantiliza o crente.
As drogas legais e ilegais cobram
seu preço nos efeitos colaterais
que geram degradação física.
Felicidade, diz ele, é a realização imediata de um
impulso instintivo, nada a supera, mas nunca dura.
AMOR GENITAL
RELAÇÕES DE DEPENDÊNCIA / SOFRIMENTO
ALTERAÇÕES MENTAIS
NA FUNÇÃO DO AMOR
DESLOCAMENTO DO OBJETO
PARA O AMAR
Protegem-se contra a perda do objeto, voltando
seu amor, não para objetos isolados, mas
para todos os homens, evitam as incertezas
e as decepções do amor genital.
O desvio de seus objetivos sexuais
transforma o instinto num impulso
com uma finalidade inibida.
AMOR FRATERNO
“ Quando uma sociedade reprime os
desejos inconscientes de tal modo que não
possam encontrar meios imaginários e
simbólicos de expressão, quando os
censura e condena de tal forma que nunca
possam manifestar-se, prepara o caminho
para duas alternativas igualmente distantes
da ética:
ou a transgressão violenta de seus valores
pelos sujeitos reprimidos
ou a resignação passiva de uma
coletividade neurótica, que confunde
neurose e moralidade.
Em outras palavras, em lugar de ética há
violência:
violência da sociedade, que exige dos
sujeitos padrões de conduta impossíveis
de serem realizados e,
violência dos sujeitos contra a sociedade,
pois somente transgredindo e
desprezando os valores estabelecidos
poderão sobreviver.
“Em suma, sem a repressão do desejo não há
sociedade nem ética,
mas a excessiva repressão do desejo destruirá,
primeiro a ética e, depois, a sociedade.”
* A descoberta do valor do trabalho.
* O outro, como companheiro de
trabalho com quem era útil conviver.
* O hábito de formar famílias.
* A necessidade de satisfação genital
permanente.
* A fêmea como objeto sexual.
* A vontade arbitrária do chefe, o pai .
* A vida comunal, sob a forma de
grupos de irmãos.
* Os preceitos do tabu constituíram o
primeiro 'direito' ou 'lei'.
CONCLUINDO...
Existe um novo mal-estar, que se situa além
daquele da repressão dos instintos, e que se
deve aos sucessos da nossa civilização.
O desenvolvimento técnico e material produziu
um subdesenvolvimento psíquico e moral, o
bem-estar produziu o mal-estar, sem suprimir
as zonas de anomia e de miséria.
Qualquer indivíduo traz consigo uma
propensão egocêntrica e uma propensão
comunitária.
Nossa civilização desintegra as comunidades
concretas, favorece não somente o
individualismo, o que é uma virtude, mas
também seus excessos no egocentrismo e no
hedonismo.
O homem tende a se tornar mais
agressivo à medida que seus impulsos
são controlados.
Para se chegar a essa
conclusão, Freud defendia
a idéia de contenção da agressividade
por meio da diminuição da repressão e
fortalecimento dos impulsos sexuais
do ser humano.
Portanto, mesmo grupos
libidinalmente constituídos,
fabricam, criam e precisam de
inimigos para combater,
a fim de exteriorizar suas
pulsões agressivas e reforçar
"civilizadamente" os laços
identificatórios com
seus membros.
Caso contrário, a violência da tensão
interna do grupo, volta-se contra
seus próprios elementos.
Portanto, mesmo que os inimigos
desaparecessem e a humanidade
pudesse se reconciliar consigo mesma,
a violência agressiva/sexual Eros e Thânatos - sempre presentes,
buscariam um novo lugar
de expressão.
Esta estreita ligação entre Eros e Thânatos,
nos leva para longe de qualquer tipo
de "otimismo", no sentido de poder
se estabelecer uma síntese ou
previsibilidade do que "acontece"
nas fronteiras entre Eros e Thânatus.
Contudo, fica configurado
um campo de indeterminação
e complexidade, mas
também de negociação.
Ainda que os produtos sociais
tragam a chancela de um
bem-estar-ao-ser-humano
aferido por Eros, estes sempre
portam o selo da irracionalidade
de Thânatos,
e o remédio que cura
pode ser o remédio que mata.
Sempre.
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