VII SEPECEL – Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro de Educação e Letras. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Foz do Iguaçu, PR. ANÁLISE DO GRAU DE CONHECIMENTO DE ENFERMEIROS E MÉDICOS QUE ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E/OU UNIDADE CORONARIANA, SOBRE AS CARACTERÍSTICAS QUE INFLUENCIAM QUANTO A ACURÁCIA E FIDELIDADE DA MORFOLOGIA DAS CURVAS DE PRESSÃO ARTERIAL INVASIVA. Maicon Augusto Bueno (Apresentador)1, Luciano de Andrade (Orientador)2 Curso de Enfermagem1 ([email protected]); Curso de Enfermagem2 ([email protected]); Palavras-chave: enfermagem, educação, conhecimento. Introdução A monitorização hemodinâmica invasiva, utilizada para obtenção de parâmetros hemodinâmicos, fornece informações importantes e precisas em relação ao estado clínico do paciente. Os parâmetros obtidos incluem a pressão arterial média (PAM), a pressão venosa central (PVC), a pressão do ventrículo direito (PVD), a pressão da artéria pulmonar (PAP), a pressão arterial pulmonar sistólica (PAPS) e diastólica (PAPD) e a pressão de artéria pulmonar ocluída (PAPO) (CINTRA, NISHIDE, NUNES, 2003). A monitorização hemodinâmica invasiva fornece uma base de dados para o diagnóstico, sendo também uma ferramenta importante no prognóstico quanto à formulação do plano de cuidados, essencial para pacientes hemodinamicamente instáveis que necessitam de frequentes determinações da pressão arterial (GALLO, HUDAK, 1997). Através da monitorização da pressão arterial invasiva (PAI) tem-se um controle fidedigno dos parâmetros quando é necessária a administração de drogas vasoativas, é indicada para pacientes instáveis hemodinamicamente que apresentam alterações significativas de pressão arterial (PA) (CINTRA, NISHIDE, NUNES, 2003). A pressão arterial é um índice hemodinâmico comumente utilizado para guiar as intervenções terapêuticas. A mensuração de pressão arterial não acurada desenvolve um potencial para erros de diagnóstico e na terapia (MCGHEE, BRIDGES, 2002). A PA pode ser mensurada de duas formas, sendo uma, não-invasiva, através de um esfigmomanômetro e estetoscópio e outra através de sistema de mensuração intra-arterial, após a inserção de um cateter na artéria conectada ao monitor de mensuração contínua da pressão invasiva (HUDDLESTON, FERGUSON, 1994). A artéria braquial é menos desejável por ser profunda e mais difícil de ser cateterizada. A artéria femoral é a menos indicada por ser a de maior diâmetro e profunda das três; é próxima à veia femoral; e não possui circulação colateral, na qual poderia haver circulação sanguínea mesmo que o vaso seja comprometido se uma complicação ocorra, incluindo risco aumentado de infecção (HUDDLESTON, FERGUSON, 1994). Anais do VII SEPECEL 2012. ISSN: 2236-0255 VII SEPECEL – Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro de Educação e Letras. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Foz do Iguaçu, PR. Segundo Cintra (2003), a monitorização incorreta da pressão arterial invasiva pode causar como complicações, o comprometimento vascular, desconexão e exsanguinação, injeções acidentais de drogas, infecção local e sistêmica, lesão nervosa, formações aneurismáticas, fístulas arteriovenosas, necrose, gangrena dos dígitos, fenômenos embólicos distais e proximais e embolização da artéria vertebral. Segundo Huddleston (1994), quanto às implicações de leituras de ondas anormais para um paciente em choque, a mensuração da pressão sanguínea sistólica pelo esfigmomanômetro é menor que a pressão sanguínea sistólica intra-arterial. Esta diferença pode ser maior em um paciente com resistência sistêmica vascular aumentada por estimulação alfa-adrenérgica, que pode ocorrer em um paciente sob administração de vasopressores para aumentar a pressão sanguínea. A pressão sanguínea sistólica intra-arterial menor de 80 mm Hg, ou 30 mm Hg a menos na pressão sanguínea sistólica normal, indica choque, a pressão sanguínea sistólica maior que 150 mm Hg ou pressão sanguínea sistólica maior que 100 mm Hg indica hipertensão (HUDDLESTON, FERGUSON, 1994). Figura 1 – Curva de Pressão Arterial. A – componente anacrótico; D – componente dicrótico; ND – nó dicrótico; A pressão arterial normal apresenta uma curva característica contendo o componente anacrótico e o dicrótico (Figura 1). O componente anacrótico relaciona-se à ejeção do sangue e pressão sistólica e o componente dicrótico relaciona-se à diástole, apresentando o nó dicrótico, representando o fechamento da valva aórtica. A curva pode ser alterada por arritmias, hipertensão, hipotensão, doenças de válvula aórtica ou pericardite (CINTRA, NISHIDE, NUNES, 2003). A freqüência e ritmo cardíaco podem alterar a forma da onda (HUDDLESTON, FERGUSON, 1994). Segundo Cintra (2003) outros fatores podem causar o amortecimento da curva, como hematomas, trombos intraluminais, impactação da ponta ou dobras. Segundo KNOBEL (2006), uma curva amortecida subestima a pressão sistólica e superestima a diastólica, causando erros na interpretação. Objetivos Verificar se o enfermeiro e o médico tem conhecimento específico sobre a fisiologia, aspectos técnicos e interpretação da onda da pressão arterial invasiva normal e em condições fisiopatológicas. Construir um modelo de dinâmica de sistemas para inferir sobre o conhecimento de enfermeiros e médicos sobre monitorização de pressão arterial invasiva. Anais do VII SEPECEL 2012. ISSN: 2236-0255 VII SEPECEL – Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro de Educação e Letras. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Foz do Iguaçu, PR. Materiais e métodos Trata se de uma pesquisa de campo descritivo exploratória de caráter quantitativo, desenvolvida com os profissionais enfermeiros e médicos das Unidades de Terapia Intensiva e/ou Unidade Coronariana, que atuam diretamente com a monitorização hemodinâmica invasiva, utilizando-a como método diagnóstico, terapêutico e prognóstico do paciente gravemente enfermo. Será realizada a confecção do modelo de dinâmica de sistemas para uma análise da situação próxima à realidade. Na segunda fase do estudo, com a autorização da instituição, será realizada uma entrevista com 7 (sete) questões relacionadas às características da monitorização de pressão arterial invasiva, suas dificuldades e fatores relacionados com os experts do assunto, médicos e enfermeiros especialistas. O modelo de dinâmica de sistemas foi gerado com o programa Vensim DSS® versão 5.11, da Ventana Systems, Inc. (Ventana 2011). Além disso, conforme as normas da Resolução 196/96, o presente estudo foi submetido à análise do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE, sendo aprovado sob número 1414/2011. Resultados e Discussão De acordo com um estudo realizado por McGhee (2001), com a participação de 391 enfermeiros intensivistas, com auxílio de um questionário com 18 (dezoito) questões que abordavam aspectos de fisiologia, aspectos técnicos e interpretação da onda e parâmetros obtidos através da monitorização de pressão arterial invasiva, a média obtida de questões corretas foi de 36.7%, variando entre 11.1% a 61.1%. Figura 2 – Modelo de dinâmica de sistemas representando a influência do treinamento e sua relação com o déficit de conhecimento. Anais do VII SEPECEL 2012. ISSN: 2236-0255 VII SEPECEL – Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro de Educação e Letras. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Foz do Iguaçu, PR. Na análise do modelo de dinâmica de sistemas (Figura 2) próximo à realidade, infere-se que a padronização do procedimentos relacionados com a monitorização de pressão arterial invasiva e sua manutenção adequada dependem de treinamentos que capacitem o profissional a identificar erros, como o amortecimento da curva de pressão, evitando sua repercussão ao paciente, que interfere diretamente na qualidade da assistência. O déficit de conhecimento também gera uma padronização dos procedimentos de forma inadequada, resultando na interpretação incorreta dos parâmetros obtidos na monitorização de pressão arterial invasiva e com a dificuldade total do profissional. A partir da interpretação incorreta dos parâmetros obtidos e do treinamento, é feita uma troca de instrumentos que, de acordo com seu nível, é convertido posteriormente resultando a padronização dos procedimentos. Gráfico 1 – Resultados do modelo. No gráfico 1, infere-se que conforme o déficit de conhecimento diminui, sendo suprido por treinamentos, a padronização dos procedimentos de forma adequada passa a ser então estabelecida, extinguindo a monitorização incorreta e obtenção de parâmetros infiéis. Conclusões ou Considerações Finais Após construção e análise do modelo de dinâmica de sistemas, que demonstra o déficit de conhecimento e sua relação com treinamentos, segue-se para a segunda fase. Será realizada com entrevista com 7 (sete) questões relacionadas às características da monitorização de pressão arterial invasiva com experts no assunto, para avaliar a proximidade com a realidade do modelo de dinâmica de sistemas desenvolvido e dificuldades Anais do VII SEPECEL 2012. ISSN: 2236-0255 VII SEPECEL – Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro de Educação e Letras. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Foz do Iguaçu, PR. relacionadas. Ainda será desenvolvida uma modelagem mediada, abordagem que relaciona resultados qualitativos e quantitativos, a partir dos resultados obtidos. Referências CINTRA, Eliane de Araújo; NISHIDE, Vera Médice; NUNES, Wilma Aparecida. Assistência de Enfermagem ao Paciente Gravemente Enfermo. 2ª edição. São Paulo Atheneu, 2003. GALLO, Barbara M.; HUDAK, Carolyn M. Cuidados Intensivos de Enfermagem: uma Abordagem Holística. 6ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. HUDDLESTON, Sandra Smith; FERGUSON, Sondra G. Critical Care and Emergency Nursing. A study and learning tool. 2a Edição. Pennsylvania: Springhouse Notes. 1994. KNOBEL, Elias. Condutas no Paciente Grave. 3a Edição. São Paulo: Atheneu, 2006. MCGHEE, Beate H.; BRIDGES, Elizabeth J. Monitoring Arterial Blood Pressure: What You May Not Know. Critical Care Nurse: 2002;22:60-79. MCGHEE, Beate H.; WOODS, S. L. Critical care nurses’ knowledge of arterial pressure monitoring. Critical Care Nurse: 2001;10:43-51. Anais do VII SEPECEL 2012. ISSN: 2236-0255