UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO " LATO SENSU "
EM PSICOPEDAGOGIA
ATIVIDADES LÚDICAS NA EDUCAÇÃO: POSSIBILIDADES
DE APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS
Por: Maria de La Paloma Muñoz Waite
Orientador
Prof. Nilson Guedes De Freitas
Rio de Janeiro
2003
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU"
EM PSICOPEDAGOGIA
ATIVIDADE LÚDICA NA EDUCAÇÃO: POSSIBILIDADES DE
APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes
para a conclusão do Curso de Pós-Graduação "Lato Sensu" em
Psicopedagogia.
Por : Maria de La Paloma Muñoz Waite
DEDICATÓRIA
À minha família pelas
constantes ausências
AGRADECIMENTOS
Ao professor Nilson
professoras
e
Guedes, às
funcionários
e
funcionárias do Projeto A Vez do
Mestre.
RESUMO
É o início de um trabalho acadêmico sobre a atividade lúdica na
aprendizagem, que traz uma proposta de reflexão sobre teorias e práticas
pedagógicas significativas com a intenção de melhorar a qualidade da Educação
Infantil e do Ensino Fundamental, principalmente em escolas públicas. O objetivo
maior dessa monografia é poder colaborar positivamente com os profissionais de
educação interessados na realização de uma educação verdadeiramente inclusiva.
E, também, poder desenvolver práticas que dêem significado ao aprendizado,
estimulem e que aumentem a auto estima dos /as alunos/as. Portanto, resultando na
diminuição do número de alunos e alunas que vêm apresentando dificuldades na
construção do seu processo de aprendizagem.
Palavras-chave: Lúdico - Aprendizagem - Método
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................7
1 - O Olhar de Educação Voltado Para O Aprendiz.....................................................9
1.1 - Contexto Histórico..............................................................................................9
1.2 - Os Pensadores e o Início da Educação Infantil.................................................9
2 - A Atividade Lúdica Na Aprendizagem...................................................................16
2.1 - A Atividade Lúdica............................................................................................16
2. 2 - A Importância da Atividade Lúdica na Educação............................................16
2. 3 - A Relação do Lúdico e As Fases de Desenvolvimento de Piaget .................18
2.4 - A Atividade Lúdica na Visão de Vygotsky .......................................................20
2.5 - As Inteligências Múltiplas ................................................................................23
3 - Atividades Lúdicas Para Aprendizagens Significativas.........................................25
3.1 - Jogos Para O Início da Alfabetização..............................................................25
3.2 - Atividades Para O Final da Etapa Inicial da Alfabetização...............................27
CONCLUSÃO.............................................................................................................30
BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................31
FOLHA DE AVALIAÇÃO............................................................................................32
COMPROVANTES.....................................................................................................36
INTRODUÇÃO
A crise da modernidade no final do século XX tem trazido muitas dúvidas e
questões em torno de que tipo de educação se deve promover com a mudança de
paradigma que se tem presenciado. Muito tem-se falado sobre a importância da
educação no atual contexto mundial da globalização. Teóricos da educação têm
discutido o tema, chegando à conclusão que há necessidade de melhorias
qualitativas na Educação Básica, principalmente, no Ensino Fundamental.
Durante muitos anos - e ainda hoje, por uma boa parte de profissionais de
educação e instituições escolares - o ensino tem sido confundido com a transmissão
de conhecimento. Nessa visão o/a aluno/a é visto como um receptor passivo dos
conteúdos ministrados pelos/as professores/as em sala de aula. Logo o aprender
era avaliado pela capacidade do/a aprendiz em memorizar e
reproduzir esses
conteúdos. Esse modelo de escola acabava por excluir alunos/as que não tinham no
seu ambiente familiar e social o apoio e estímulos necessários que dessem sentido
àqueles conteúdos e a forma como eram trabalhados nas escolas.
Com o aumento do contigente de alunos/as nas escolas públicas e com as
políticas de educação que têm promovido projetos e programas que venham a
garantir a permanência destes/as na escolas, as incidências de alunos/as que têm
apresentado dificuldades de aprendizado vêm crescendo. Esse aumento no número
do
" fracasso " escolar tem inspirado educadores a encontrar caminhos que
promovam uma educação mais democrática e inclusiva.
É dentro dessa perspectiva, que esse trabalho foi inspirado. A tarefa a que se
propõe é de pesquisar , apontar a importância do lúdico na educação e sugerir
algumas atividade lúdicas, como uma das ações promotoras do processo de ensinoaprendizagem significativo de alunos e alunas na fase de alfabetização.
Na primeira
parte do trabalho, é apresentado uma revisão histórica da
educação, de concepções teóricas e autores que refletiram sobre a introdução da
questão do lúdico no processo educativo. É a partir de Rousseau que o olhar da
educação se volta para a criança, tendo como objetivo refletir sobre o
seu
desenvolvimento e, assim, melhorar o processo educacional na esperança de
mudança e transformação social através do desenvolvimento humano. Seguidores
desse autor - e de suas idéias educacionais - desenvolveram o seu pensamento e
realizaram experiências práticas na área de educação. Desses autores, foi Fröebel
quem mais se apronfundou sobre a importância e as possibilidades educacionais da
atividade lúdica.
Na segunda parte, há um levantamento da importância dada por Piaget e
Vygotsky ao lúdico. Todos os dois autores chamam a atenção da relevância da
atividade lúdica para o desenvolvimento intelectual, social afetivo e físico da criança.
Piaget indica como o lúdico possibilita o início da representação na criança. Já
Vygotsky relaciona o brincar com a zona de
desenvolvimento
proximal da
criança. Há também, a inclusão da teoria das múltiplas inteligências que participa da
importância do jogo como estimulação e desenvolvimento das várias inteligências
que os seres humanos dispõem.
Ao final há a apresentação de uma seleção de atividades lúdicas voltadas à
etapa inicial e final da alfabetização,
com o objetivo de
motivar, estimular e
promover aprendizagens significativas a todos/as alunos/as apresentando ou não
dificuldades no processo educativo ,e, também, propor atividades lúdicas de fácil
execução por professores/as que poderão ajudar na prática pedagógica de sala de
aula .
1 – O Olhar da Educação Voltado para o Aprendiz
Nesta parte do trabalho pretende-se fazer uma trajetória histórica buscandose a partir de que momento histórico e com que pensadores a educação tem o seu
olhar voltado para a criança.
1.1 – Contexto Histórico
Com a primeira Revolução Industrial (1750) e a Revolução Francesa (1789)
no século XVIII se impõe uma outra concepção de mundo, que interferirá de modo
significativo na estrutura social e econômica da Europa e no resto do mundo. A
burguesia bem capitalizada e respaldada pela teoria que exprime o seu anseio, o
liberalismo, tem força para assumir o papel político. Como se pode observar pelo
trecho abaixo de Aranha (p.119)
Em 1750, a entrada da máquina a vapor nas fábricas marca o início
da Revolução Industrial, que altera definitivamente o panorama
socioeconômico com a mecanização da indústria. Torna-se inevitável
que a burguesia, já detentora do poder econômico e sentindo-se
espoliada pela nobreza, reivindique para si o poder político.
Essa nova visão de mundo, mais pautada pela razão em detrimento da
religião – suporte do poder da nobreza -, terá desdobramentos em vários setores da
organização social. Surge toda uma reflexão teórica sobre a educação e um
interesse de transformação da escola. Esta deverá ser laica e submetida ao controle
do Estado. Essas reflexões teóricas podem ser divididas em três vertentes: o
enciclopedismo, o idealismo de kant e o naturalismo de Jean-Jacques Rousseau
(ibid,p120). Este último, publica livro Emílio em 1762 que trata sobre a questão da
educação do jovem e da criança.
1.2 - Os Pensadores e o Início da Educação Infantil
Nessa etapa do trabalho serão abordados os teóricos da educação que
estabeleceram as bases de uma educação infantil, por acreditarem na necessidade
e na importância de se formar os seres humanos desde a infância.
1.2.1 - Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
Nasceu em Genebra, na Suíça, de uma família calvinista. Aos dezesseis
anos se muda da sua cidade e se converte à religião católica .Parte da sua formação
se faz num seminário na Itália (MONROE, p.255).
O livro Emílio é a história da educação de um jovem que é afastado da
sociedade onde nasceu – para não ser corrompido – e é entregue a um preceptor.
Esse preceptor o ajudará a se desenvolver de uma forma natural.
Na visão de Rousseau, os seres humanos são bons, mas a vida em
sociedade os acaba desviando dessa sua natureza, corrompendo-os. Somente uma
educação voltada para a transformação do indivíduo desde a tenra idade poderia
modificar essa sociedade. Como a seguir no texto da autora Aranha (p.122).
Desconfiado da sociedade constituída, Rousseau teme a educação
que põe a criança em contato com os vícios e a hipocrisia: Se o
homem é bom por natureza, segue-se que permanece assim
enquanto nada de estranho o altere. (...) A educação primeira deve
portanto ser puramente negativa. Ela consiste, não em ensinar a
virtude ou a verdade, mas em preservar o coração do vício e o
espírito do erro(...).
Ao contrário da tendência educacional da sua época, Rousseau não vê
significado na educação livresca e na acumulação de conhecimentos através da
memorização. Ele quer restabelecer o contato com plantas, animais, e, também,
com os sentidos valorizando a experiência na elaboração do pensamento. O seu
propósito é que a criança aprenda a pensar num processo interno e natural, e não
imposto de fora para dentro (ibid, p. 122).
O pensamento de Rousseau influência a educação no século XIX .
educação agora se volta para a
criança.
A
Pensadores irão se debruçar sobre a
importância da educação infantil. Entre esses estão Pestalozzi, Herbat e Froebel.
A seguir, serão levantadas as contribuições na área da educação desses três
autores influênciados a partir das idéias de Rousseau.
1.2.2 – Johan Heinrich Pestalozzi (1746-1827)
Educador suíço, nasceu em Zurique. Ainda estudante participou de
movimentos que propunham reformas políticas e sociais. Em 1781 sai publicado o
seu livro Leornado e Gertrudes , no qual são colocadas as idéias de transformação
da sociedade através da educação e o acesso à educação a todas as crianças para
que estas tenham a oportunidade ao seu desenvolvimento (MONROE,p. 281) .
Conhecedor e admirador da obra de Rousseau implantou escolas com essa
linha de pensamento. E através da sua prática educativa reformulou as idéias do
próprio Rousseau sobre a educação. De 1775 a 1780, Pestalozzi administrou o que
autor Paul Monroe definiu como sendo
“ a primeira escola profissional para os
pobres “ (p.280). Essa experiência educacional é importante pois aliava a
aprendizagem dos conteúdos à aprendizagem do trabalho. Os alunos trabalhavam
em atividades agrícolas e manuais tecendo e fiando, e, aliado a essas atividades,
tinham aulas para desenvolver a leitura, escrita e matemática.
O conhecimento produzido por Pestalozzi, era resultado de experiências
calcadas na sua prática e não por teorização. Ele acreditava que só através de uma
prática educacional diferenciada se poderia desenvolver o povo. Como Monroe
explicita abaixo (p.280).
O pensamento fundamental de todos os seus escritos, fosse sobre
assuntos políticos ou educativos, era o mesmo. As reformas sociais
e políticas deviam surgir pela educação – não da educação corrente,
mas de um novo processo de desenvolvimento que resultaria na
reforma moral e intelectual do povo ( ibid, p.280).
Peztalozzi defendia uma educação universal para as massas, iniciado-se a
a partir da infância. Uma educação que visava o pleno desenvolvimento moral,
mental e físico para uma reformulação social.
Por outras palavras, o que Rousseau proclamava de modo teórico
para um indivíduo – Emílio _ Pestalozzi reclamava para cada criança,
por mais pobre e humilde que fosse seu meio social ou limitadas
suas capacidades (MONROE, p.283).
Na escola de Pestalozzi, o estudo era enfatizado por um processo de
observação direto através a utilização dos sentidos dos alunos. Os exercícios de
fixação dos conteúdos eram progressivamente graduados do mais simples ao mais
complexos. A apreensão do conhecimento por parte do aluno não era simplesmente
para conhecer o objeto estudado, mas para o pleno desenvolvimento da
criança
(ibid, p.287).
Os princípios gerais da metodologia de Pestalozzi foram resumidos por um
dos seus discípulos. Por expressarem de maneira clara e sucinta o pensamento
desse autor sobre educação, optou-se pela sua transcrição neste trabalho (ibid,
p.288).
1) A observação ou a percepção sensorial ( intuição) é a base de
instrução.
2) A linguagem deve estar sempre ligada à observação ( intuição) ,
isto é, ao objeto ou conteúdo.
3) A época de aprender não é época de julgamento e crítica.
4) Em qualquer ramo, o ensino deve começar pelos os elementos
mais simples e proceder gradualmente de acordo com o
desenvolvimento da criança, isto é, em ordem psicológica.
5) Tempo suficiente deve ser consagrado a cada ponto do ensino, a
fim de assegurar o domínio completo dele pelo o aluno.
6) O ensino deve ter por alvo o desenvolvimento e não a exposição
dogmática.
7) O mestre deve respeitar a individualidade do aluno.
8) O fim principal do ensino elementar não é ministrar conhecimento
e talento ao aluno, mas sim desenvolver e aumentar os poderes de
sua inteligência.
9) O saber deve corresponder ao poder e a aprendizagem à
conquista de técnicas
10) As relações entre o professor e o aluno, especialmente em
disciplina, devem ser baseadas e reguladas pelo amor.
11) A instrução deve estar subordinada ao fim mais elevado da
educação.
1.2.3 - John Frederick Herbart ( 1776 –1841 )
Educador, filósofo e psicólogo alemão, estudou na Universidade de Jena. Em
1797 esteve na Suíça, onde conhece o trabalho de Pestalozzi. A partir de 1809,
ministra aulas de Filosofia e Pedagogia na universidade.
Herbat trouxe para a pedagogia um rigor científico. E, também, foi o primeiro
a desenvolver a psicologia experimental ligada à educação. A sua proposta de
educação é a formação do caráter moral através da instrução. (ARANHA, p.144)
A ação é o resultado da motivação, ou dos desejos que surgem
destas representações, influenciados pela boa vontade que provém
da mesma fonte. Daí, a importância da instrução dada por ele. O
objetivo último da instrução acha-se contido na noção de virtude.
(MONROE, p.293)
Um outro aspecto na concepção de Herbart , é a importância dada por
ele ao “interesse “ que o autor Paul Monroe chama, no seu livro História da
Educação , “a doutrina do interesse” (p.294,). O alunado deverá ter o seu
interesse despertado para que assim possa realmente apreender. Somente
através do interesse, o conhecimento poderá estabelecer uma relação orgânica
no aprendiz. Como pode ser lido a seguir, no trecho de Monroe (p.294).
A palavra interesse representa em geral a espécie de atividade mental
que a instrução deve incitar. A mera informação não basta; porque a
consideramos como um fornecimento ou armazenagem de fatos, que
uma pessoa poderia possuir ou não e, contudo, permanecer o mesmo
ser. Porém, aquele que se apega a esta informação e esforça-se por
desenvolvê-la, toma maior interesse nela; desde que esta atividade
mental é variada, temos necessidade de acrescentar-lhe
posteriormente a qualificação que lhe dão os termos múltiplo ou
variado.
1.2.4 - Friedrich Wilhelm Fröebel (1782-1852)
Nasceu em Obserwissbach, Turíngia, região da Alemanha. Filho de família
pobre com pai pastor protestante, aos quinze anos trabalhou como guarda florestal.
Sem recursos para estudar e freqüentar a universidade, por conta própria
estudou, além de outras disciplinas, matemática e botânica. Por causa desses
estudos, é convidado por um discípulo de Pestalozzi, Anton Gruner, em 1805
ingressa como professor de uma escola modelo de Frankfurt. Desse contato com as
teorias de Rosseau e de Pestalozzi, vem o interesse pela educação, que o leva a
dar prosseguimento a seus estudos nas universidades de Göttingen em 1811 e em
1812 na de Berlim. Após a guerra na qual é convocado, em 1816 abre a sua
primeira escola. Em 1826 publica seu principal tratado sobre educação, “A Educação
do Homem” (DIE Menschenerziehung), obra que lhe trás notoriedade. E em 1831, é
chamado pelo governo suíço para supervisionar o treinamento de professores para
a educação inicial. Em 1837, funda um Kindergarten – os jardins de infância – uma
metáfora na qual a criança é vista como uma plantinha que deve ser bem cuidada
para que possa se desenvolver plenamente. ( MONROE, p.299)
A sua contribuição à pedagogia foi dar importância à atividade livre e ao
lúdico como elementos essenciais à educação. Na sua obra acima referida, ele
expõe seus princípios fundamentais: a finalidade da educação é conduzir o homem
ao conhecimento pleno de si mesmo, de sua vocação e à realização dessa vocação
através do desenvolvimento de suas faculdades.
Fröebel deu grande importância à educação infantil, acreditando que as
primeiras impressões marcariam permanentemente os seres humanos. A seguir um
trecho da autora Aranha que evidencia tal fato(p.143)
Sua principal contribuição pedagógica resulta da atenção para com
as crianças na fase anterior ao ensino elementar, ou seja, a
educação da primeira infância. (...) pressupondo que os primeiros
anos do homem são básicos para a sua formação.”
Destacou o valor dos sentidos na criança para ligar o mundo interior desta ao
mundo exterior. Enfatizou o papel do jogo, como revelador das tendências da
criança, e observou o desenho infantil como
atividade de
exteriorização das
experiências apreendidas . A seguir o trecho de Arruda Aranha , no qual está
explicitado a atenção de Fröebel ao lúdico (p.144).
Fröebel privilegia a atividade lúdica por perceber o significado
funcional do jogo e do brinquedo para o desenvolvimento sensóriomotor e inventa métodos para aperfeiçoar as habilidades .
Essas invenções são séries de diversos materiais elaborados para estimular o
desenvolvimento da criança, em consonância à fase de desenvolvimento em que ela
se encontra. Além desses materiais, Fröebel enfatiza a necessidade do trabalho
manual para as crianças; tais como: o tecer, o recortar e o dobrar ( ibid, p.!44).
É inegável a influência desses autores no desenvolvimento da educação
infantil. Na compreensão que a educação é um processo que se estabelece
internamente, e que não pode ser visto e nem pensado como algo exterior à criança.
A partir dessas contribuições e de outros teóricos que avançaram sobre essa base,
pode-se dizer que houve um grande esforço de superação da
visão de uma
escola elitista e a parte da sociedade na qual está inserida.
Os avanços teóricos da psicologia na área de educação, tem chamado a
atenção para o fato que não existe ensino sem que ocorra a aprendizagem, isto é, a
aprendizagem se dá por um processo interno no(a) aluno(a); pela transformação do
próprio(a). Nessa perspectiva, o(a) aluno(a), agora, é parte ativa no processo de
aprendizagem. E o papel do(a) professor(a) é o de facilitador(a) dessa ação
transformadora desse(a) aluno(a), estabelecendo meios, criando situações de
aprendizagens e ferramentas para despertar o interesse para que o próprio alunado
que se torne sujeito na busca e construtor do conhecimento. Como se poder ver no
texto a segui de Antunes (p.36).
Seu interesse passou a ser a força que comanda o processo da
aprendizagem, suas experiências e descobertas, o motor de seu
progresso e o professor um gerador de situações estimuladoras e
eficazes.
2 – A ATIVIDADE LÚDICA NA APRENDIZAGEM
Nesta parte do trabalho será desenvolvido uma pesquisa teórica sobre a
importância da atividade lúdica no processo de aprendizagem da criança.
2.1 – A Atividade Lúdica
A Atividade Lúdica é caracterizada pelo participante como uma atividade
livre, porque pode ser suspensa ou adiada a qualquer momento. Ela, também, se
afasta de todo e qualquer interesse material. De uma maneira geral é vista como não
sendo uma atividade “séria”, funcionando assim como uma espécie de ruptura da
vida “real”, e, ao mesmo tempo sendo capaz de envolver intensamente quem dela
participa. Praticada segundo certas regras, as quais exigem do participante uma
obediência total, já que a não obediência acarretará a destruição do jogo – essas
regras estabelecem limites daquilo que “pode” e o que “não pode” . E como Antunes
diz: “Não parece ser difícil concluir que todo o jogo verdadeiro é uma metáfora da
vida”( p.11). Todos esses elementos criam uma motivação inerente à própria
atividade, a qual auxiliará no processo de aprendizagem.
2 .2 – A Importância da Atividade Lúdica na Educação
Bem antes de Fröebel aprofundar-se no estudo da importância do lúdico na
educação da criança, o filósofo grego Platão ( 427 – 347 a. C. ) no sétimo volume
do livro “As Leis” ressalta o valor pedagógico da Atividade Lúdica como sendo
indispensável para o desenvolvimento intelectual e físico das crianças (PLATÓN, p.
7).
A autora Diva Maranhão apresenta que através da atividade lúdica pode-se
apropriar a realidade
emocional da criança. Esta ao brincar, será estimulada a
representar a realidade ao revivenciar uma situação real ou a criar uma irreal. Dessa
maneira,
ela irá
revelar aspectos
relacionados
ao seu mundo
interno e
externo . Tudo que está presente no seu cotidiano, será desvelado através do ato
de brincar possibilitado pela Atividade Lúdica. A criança ao brincar se utiliza da
imaginação e com esta constrói relações com o vivido possibilitando-a interferir com
a realidade e, também, fornecendo ao profissional de educação indícios que o
ajudem a traçar estratégias para a promoção do desenvolvimento do/a aluno/a nos
aspectos cognitivo, físico e emocional (p.17).
Na concepção de Piaget, a inteligência está diretamente relacionada à
capacidade que os seres humanos desenvolvem ao se adaptarem ao ambiente no
qual se encontram inseridos. A aprendizagem pressupõe que existam estruturas
mentais. Estas estruturas mentais existentes possibilitam a aprendizagem e estas
devem ser intermediadas por situações - problemas, pois criarão tensão
(desequilíbrio) no sujeito que tentará solucioná-las - tentando encontrar o equilíbrio e, conseqüentemente, desenvolvendo estruturas mentais novas. Esse desequilíbrio
tem a função de motivar o sujeito a superar o seu atual estado de conhecimento. O
lúdico colabora com o desenvolvimento dessa capacidade. Para Piaget a atividade
lúdica tem um grande valor educacional. Já que por causa dela, a criança assimila e
interpreta a realidade e si a própria. A atividade lúdica propicia à criança a
apreensão de diversos conhecimentos que a auxiliarão a interagir com o meio social.
Esse desenvolvimento da capacidade de adaptação é explicado por Piaget através
do processo do estado de equilíbração dos indivíduos, como está apresentado no
trecho abaixo por Maranhão (p.18).
Toda atividade do homem visa atingir o equilíbrio; suas ações
acontecem e função de alguma necessidade que irá provocar no
sujeito um estado de desequilíbrio. Nesse momento o sujeito é
obrigado a buscar novas formas de se relacionar com o meio para
melhor adaptar-se ao mesmo. Podemos ver aí os processos de
equilibração. A criança passa de um estado de equilíbrio para o
outro.
2.3 -
A Relação do Lúdico e As Fases de Desenvolvimento de
Piaget
Maranhão expõe no seu trabalho (p.19) , como o lúdico
pode participar
positivamente em cada uma dessas fases do desenvolvimento da criança.
2.3.1 – Na Fase Sensório-Motor ( crianças até dois anos)
Nessa fase o desenvolvimento da criança se faz através das experiências
sensoriais
e motoras.
A partir
de
suas ações corporais a criança inicia seu
processo de conhecimento e exploração do ambiente que a cerca. Ao manusear um
objeto a criança está se desenvolvendo fisicamente e, também, cognitivamente ao
estabelecer uma outra função ao objeto independentemente da função deste. O seu
corpo é por ela utilizado como sendo o seu primeiro brinquedo (ibid, p.20). A seguir ,
a mesma autora desenvolve o modo como se dá o processo de cognição nos bebês
(p.21).
O desenvolvimento cognitivo dos bebês vai acontecendo a partir do
desequilíbrio provocado pelas suas necessidades, tais como
conhecer, descobrir as conseqüências resultantes de determinados
atos seus, ou seja, suas brincadeiras irão incorporar-se através dos
seus sentidos ao cérebro e conseqüentemente irão provocar o
processo de equilibração e aflorar o desenvolvimento cognitivo.
2.3.2 – Na Fase Pré-operacional ( crianças de dois a sete anos)
Nessa fase, a brincadeira tem como objetivo maior que a criança se aperceba
do seu entorno. Num primeiro momento, através da imitação daquilo que vê, para
mais tarde conseguir recriar uma situação que não mais vê. A essa capacidade de
representar algo que não está visível é considerado o início do pensamento.( p. 22 )
É, também, nessa fase em que a criança vai estruturando o seu pensamento ao
mesmo tempo que vai adquirindo o código da linguagem. A utilização de jogos e
brincadeiras proporcionará um melhor desenvolvimento da estruturação tanto da
linguagem como do pensamento.
Na educação infantil a atividade lúdica, com jogos e brincadeiras é importante
no desenvolvimento cognitivo das crianças ( p.26 ). Ao se aproximar dos sete anos,
as atividades devem englobar o próprio corpo da criança, estimulando o movimento
para o desenvolvimento da musculatura. A coordenação motora
fina, responsável
pelo movimento mais refinado como o ato de escrever, será melhor desenvolvida
com atividades que envolvam o rasgar, picar, amassar, recortar, desenhar,
amassar, pintar e modelar.
2.3.3 - Na fase operacional-concreta ( crianças de sete a 11 anos )
Aqui se inicia o processo de sistematização do conhecimento. Nessa fase a
criança estará desenvolvendo a estrutura de pensamento lógico. As atividades
lúdicas nessa etapa de desenvolvimento terão que envolver necessariamente o
corpo
e o cognitivo. Também, nesse momento a prática de esportes
é muito
importante. Através dessa prática, a criança se apercebe da necessidade da
cooperação no trabalho em grupo, da necessidade que de cumprir regras em prol do
bom convívio social e , tomando consciência de suas ações, irá desenvolver o
conceito da ética.
As brincadeiras, nessa fase, devem ter sempre o objetivo da
interação social; os jogos com regras devem ter prioridade. Com os
jogos ela vai aprender a relacionar-se e a aceitar as regras de
convivência. Com a ajuda dos jogos a criança aprende a respeitar os
outros colegas. A aprendizagem dessas regras são realizadas de
forma concreta. ( Ibid, p.27 )
2.3.4 - Na fase operacional-formal ( de 11 em diante )
Nessa fase, o adolescente vivência o período de transição do modo de ser da
infância para o do ser do adulto. Nessa etapa o jovem está a procura da construção
da sua identidade. Daí o interesse do adolescente na possibilidade de realizar e de
criar. Os jogos nesse momento, além da importância de terem regras para o
desenvolvimento da consciência social,
devem privilegiar as atividades que
trabalhem a sua auto-estima, o desenvolvimento do equilíbrio físico - trabalhando o
desenvolvimento muscular de forma adequada -, e, também,
atividades que
proporcionem desafios com um certo grau de aventura, discussão e pesquisa em
grupo. Como Maranhão expõe a seguir (p.75).
A pesquisa vem saciar a curiosidade própria da idade. O trabalho
científico é o grande desafio e através dele o jovem consegue
descobrir o mundo. A expressão artística também é outra atividade
que atrai sua atenção, pois assim como o trabalho científico, fará
com que sua criatividade seja estimulada. O jovem tem em mente
transformar a realidade; ele crê que pode modificar o universo! (Ibid,
p.75 )
4 - A Atividade Lúdica na visão de Vygotsky
Pode-se observar nas últimas duas décadas que a teoria de Vygotsky sobre
os processos de desenvolvimento e de aprendizagem têm influenciado o meio
educacional . Para este teórico, o processo de desenvolvimento ocorre pelas
mudanças nas atividades intelectuais superiores. A mediação com o meio físico e
social, pela utilização de instrumentos e de signos, é o processo de construção do
comportamento dos seres humanos. O desenvolvimento das atividades intelectuais
superiores ocorre pelo aprendizado a que a criança foi exposta e que foi
internalizada por ela (VYGOTSKY, p. 75).
Para esse autor, a atividade lúdica faz parte das necessidades do
desenvolvimento da criança. O lúdico é uma das fontes de incentivo e motivação. O
desenvolvimento depende da mudança do interesse, que leva a criança a passar de
um estágio de desenvolvimento a outro. “Aquilo que é de grande interesse para um
bebê deixa de interessar uma criança um pouco maior “ ( p.122 ) . Uma criança de
pouca idade quer satisfazer seus desejos prontamente, a medida
que cresce irão
surgir muitos outros desejos mais difíceis de serem prontamente realizáveis.
Tentando resolver essa nova situação, a criança cria um espaço imaginário
no qual ela poderá realizá-los. Esse espaço é considerado por Vygotsky de lúdico ,
do brincar (p.122).
Mais adiante o autor chama a atenção para dois aspectos interessantes em
relação ao lúdico: o primeiro é que todo brinquedo e o ato de brincar num espaço
imaginário têm regras, mesmo que ocultas. “Não existe brinquedo sem regras. A
situação imaginária de qualquer forma de brinquedo já contém regras de
comportamento, embora possa não ser um jogo com regras formais estabelecidas a
priori .”(p.124) E
segundo, é que no caso do jogo com regras previamente
estabelecidas, ele está, também, inserido num espaço imaginário. A seguir o trecho,
no qual o autor coloca a questão (p. 126).
O desenvolvimento a partir de jogos em que há uma situação
imaginária às claras e regras ocultas para jogos com regras às claras
e uma situação imaginária oculta delineia a evolução do brinquedo
das crianças. ( p. 126 )
Vygotsky considera a atividade lúdica como importante no desenvolvimento
da criança. Ao brincar a criança reflete para agir, logo, a motivação passa a ser
interna e não mais externa. É ela que deseja. Quando a criança é pequena é o
objeto que domina a sua relação com ela. Na idade pré-escolar , inicia-se um
período de transição intensificado pela a atividade lúdica, no qual não é mais o
objeto que determina a relação com a criança, mas é ela que passa a dominar essa
relação. Como no exemplo colocado pelo o autor (p.128): na brincadeira da criança
ao utilizar um cabo de vassoura como se fosse uma cavalo.
O brinquedo fornece um estágio de transição nessa direção sempre
que um objeto ( um cabo de vassoura, por exemplo ) torna-se um
pivô dessa separação ( no caso, a separação entre o significado
"cavalo" de um cavalo real).
Não é mais o cavalo que determina como brincar, é a idéia de cavalo que
dominará o jogo . Mas apesar disso , a criança
precisa de um mínimo
de
características no objeto que o aproxime com o real para ele possa representar a
idéia, diferentemente do adulto. A criança ainda não pode separar o significado
desse objeto sem utilizar algo como suporte/ mediador . A atividade lúdica facilita
esse momento de transição, estimulando o surgimento da representação.
Isto caracteriza a natureza de transição da atividade do brinquedo: é
um estágio entre as restrições puramente situacionais da primeira
infância e o pensamento adulto, que pode ser totalmente
desvinculado de situações reais (...) Ela não pode separar o
significado de um objeto, ou uma palavra do objeto, exceto usando
outra coisa como pivô. (Ibid, p. 130)
Outro aspecto da atividade lúdica é que por ser prazerosa para a criança, ela
se esforça em aceitar as regras, abdicando da realização imediata de um desejo
seu. Assim ela vai aprendendo a se autocontrolar e não agir impulsivamente.
No jogo, ela age de maneira contrária à que gostaria de agir. O maior
autocontrole da criança ocorre na situação de brinquedo. Ela mostra
o máximo de força de vontade quando renuncia a uma atração
imediata do jogo ( como, por exemplo, uma bala que, pelas regras, é
proibido comer, uma vez que se trata de algo não comestível . (p.
131)
Na atividade lúdica a criança muda seu comportamento, se autocontrola ao se
submeter às regras por saber que assim obterá, ao final, prazer. Ela ao brincar vai
além do estágio de desenvolvimento que se encontra; ao tentar se superar no jogo
estaria se distanciando do nível de desenvolvimento em que se encontra e o nível
que poderia alcançar. Portanto, o lúdico para Vygotsky tem uma relação direta com
a zona de desenvolvimento proximal da criança. " Essa subordinação estrita às
regras é quase impossível na vida; no entanto, torna-se possível no brinquedo.
Assim o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança "(p.134).
(...) o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob
forma
condensada , sendo , ele mesmo , uma grande fonte de
desenvolvimento.
Apesar de a relação brinquedo-desenvolvimento poder ser
comparada à relação instrução-desenvolvimento, o brinquedo
fornece ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e
da consciência. A ação na esfera imaginativa, numa situação
imaginária, a criação das intenções voluntárias e a formação dos
planos da vida real e motivações volitivas - tudo aparece no
brinquedo, que se constitui, assim, no mais alto nível de
desenvolvimento
pré-escolar.
A
criança
desenvolve-se,
essencialmente, através da atividade de brinquedo. (ibid, p.135)
Um outro aspecto que o autor destaca sobre a importância da atividade lúdica
no desenvolvimento infantil, é que quando a criança utiliza a imaginação , esta está
exercendo a função mediadora do pensamento abstrato. ( ibid,p.136)
2.5 - As inteligências múltiplas
Teoria desenvolvida por Howard Gardner, na qual está presente uma
concepção diferenciada da mente e do significado do que é ser inteligente. Nessa
concepção, o ser humano tem diversas maneiras de possibilidades cognitivas.
Portanto, cada ser humano seria dotado de diferentes inteligências. Essas
inteligências múltiplas incluiriam
"as dimensões lingüísticas, lógico-matemática,
espacial, musical, cinestésico-corporal, naturalista, intrapessoal e interpessoal "
(ANTUNES, p. 13).
A inteligência lingüística está relacionada com a capacidade de comunicação
verbal
e
ou
escrita
.
Por
exemplo
oradores/as,
escritores/as,
poetas,
compositores/as, que trabalham com as palavras com criatividade. A inteligência
lógico-matemática está relacionada ao raciocínio lógico na ligação com os números,
cálculos. Presente nas pessoas que trabalham ou desenvolvem pesquisas nas áreas
da engenharia, da física, química e outras que utilizem o raciocínio matemático. A da
espacial está ligada à sensibilidade da forma e do espaço. Presente nas pessoas
que trabalham na área de arquitetura, engenharia e geografia. A inteligência musical
está presente na sensibilidade sonora como nos/as músicos e cantores/as. A
cinestésica-corporal tem a capacidade de controlar e utilizar o corpo, presente nas
danças, nos esportes . Na naturalista está relacionada à percepção e ao
entendimento da inter-relação e interdependência entre todos os elementos
existentes na natureza. Encontrada nas áreas de paisagismo, biologia, botânica. Na
inteligência intrapessoal é a capacidade de se relacionar de forma afetiva consigo
mesmo; como, por exemplo, nos/as psicanalista se psicólogos/as. E a última, a
inteligência interpessoal com a capacidade de entender a natureza humana;
presente nos/as professores/as.
Essas diversas inteligências
podem e são desenvolvidas de forma mais
competente através das atividades lúdicas elaboradas para o estimular qualquer
uma dessas inteligências . Como se poder verificar abaixo, no texto de Antunes (p.
11).
(...) empregamos a palavra "jogo" como um estímulo ao crescimento,
como uma astúcia em direção ao desenvolvimento cognitivo e aos
desafios do viver, e não como uma competição entre pessoas ou
grupos que implica em vitória ou derrota.
3
-
ATIVIDADES
LÚDICAS
PARA
APRENDIZAGENS
SIGNIFICATIVAS
Esta parte do trabalho visa a apresentar algumas possibilidades de atividades
lúdicas com o objetivo de estimular e potencializar o aprendizado da leitura e da
escrita em alunos/as que vêm apresentando dificuldades no desenvolvimento
dessas capacidades.
As atividades lúdicas foram pesquisadas em dois livros dos autores Diva
Maranhão e Celso Antunes. A escolha e a adaptação teve como objetivo elaborar
atividades que estimulassem e desenvolvessem a apropriação da leitura e da escrita
relacionadas ao processo inicial e final de alfabetização. E, também, que fossem
simples de realizar em sala de aula, com pouco recursos e que não exigisse do
professor/a uma disponibilidade de tempo grande na sua preparação. Num primeiro
momento as atividades estão voltadas para início da alfabetização; já no segundo as
atividades estão mais direcionadas à melhoria do processo da escrita e leitura.
3.1 - Jogos para o início da alfabetização
São atividades lúdicas voltadas ao desenvolvimento nas crianças das
habilidades de leitura e escrita.
3.1.1 - Procurando a vogal
Cartelas de cartolina com palavras escritas sem conter as vogais por escrito só o espaço de cada uma marcado - que deverão ser repetidas. Por exemplo, a
palavra " casa " tem duas consoantes, mas tem duas vogais repetidas, aqui no
exemplo a vogal "a ". Um outro grupo de cartelas com as vogais que faltam das
palavras, que os/as alunos/as deverão procurar e juntar as palavras sem as vogais
com a vogal correspondente.
Esse jogo pode ser jogado em dupla, ou em grupo de quatro. A atividade
desenvolve a discriminação visual, a observação e a linguagem escrita
(MARANHÃO,p.114).
3.1.2 - Alfabeto Vivo
A
turma
em
pé
segurando
nas mãos pequenas placas de cartolina
contendo letras do alfabeto, levantará cada placa correspondente a cada letra da
palavra sorteada. Essa atividade pode ser realizada individualmente ou em dupla.
Esse jogo desenvolve discriminação sonora, a observação e a linguagem
escrita ( Ibid, p. 118).
3.1.3 - Escrevendo com o dedo no ar
Desenhar junto com a turma o desenho no ar a letra sorteada e, depois,
conforme a turma se apropria dessa capacidade, ir dificultando ao invés de letras
ditar palavras das mais fáceis para a mais difíceis.
Esta atividade desenvolve a coordenação visomotora, a discriminação sonora
auditiva e linguagem escrita (ibid, p.106).
3.1.4 - Procurando o complemento
Cartelas com figuras que se complementam, os/as alunos/as em grupos de
quatro terão que encontrar as cartelas correspondentes às cartelas com figuras que
foram distribuídas no início do jogo.
Essa atividade desenvolve a coordenação fina, a visomotora, a atenção e a
concentração. Pode ser realizada por pequenos agrupamentos. ( ibid, p. 120)
3.1.5 - Alfabeto vivo 2
Todos/as alunos/as estarão "vestidos" por letras de papel de tamanho grande
na sua frente e nas costas coladas com fita crepe na roupas. Dentro de um saco
estarão os nomes de todos/as colegas da turma. Na medida em que os nomes forem
sendo sorteados e lidos, os/as alunos/as que tiverem a letra do nome no corpo irão
se levantando e se posicionando na frente da turma e na posição correta da sua
letra naquela palavra.
Essa atividade desenvolverá a discriminação auditiva, a linguagem escrita, a
atenção, a orientação espacial, a coordenação motora e a integração do grupo (ibid,
p. 106).
3.1.6 - Pulando corda em ABD
A turma dividida em dois grupos irá pular corda cantando por primeiro as
vogais, depois o alfabeto e por último somente as consoantes. Esta atividade
favorece o movimento físico, o conhecimento do alfabeto, o ritmo e a integração do
grupo (p.106)
3.2 - Atividades para o final da etapa inicial da alfabetização
São atividades voltadas para sedimentar os conteúdos da apropriação dos
conhecimentos da leitura e escrita já conquistados pelos/as alunos/as.
3.2.1 - Construções coletivas de textos
A turma deverá ser agrupada em duplas - um que tem domínio com outro que
está construindo-o - , recebem uma folha em branco. No início a turma começa a
escrever uma história até o sinal dado , com o qual haverá as troca da folhas de
todas as duplas. Outro sinal outras trocas .Esse trabalho deverá ser continuado por
todas as duplas, até retornar à dupla inicial que irá finalizar a história. Ao final cada
dupla lerá a sua história para a turma.
Esta atividade desenvolve o raciocínio lógico do pensamento, a linguagem
oral e escrita ( ibid, p. 116).
3.2.2 - O jornal da tevê
Elaborar com a turma uma representação de um aparelho de televisão
utilizando uma caixa de papelão.
Em grupos pequenos elaborar uma notícia para passar na tv sobre temas da
suas escolhas, mas com comentários dos grupos. Depois de escrita a notícia e a
organização da apresentação cada grupo irá até o aparelho para a sua
apresentação.
Essa atividade desenvolve a alfabetização, a interpretação de texto, a
organização social, a percepção visual , a observação, concentração e
a atenção
( ANTUNES,p.65,nº 33)
3.2.3 - Formando frases
Utilizando frases elaboradas pela própria turma, escrever as palavras em
pedaços de papel de forma não organizada, fora da ordem de cada frase, retirando o
sentido da mesma.
Em duplas, a tarefa será a re-organização de cada frase. Essa atividade
desenvolve o raciocínio lingüístico, a interpretação do texto, a percepção visual e a
atenção ( ibid, p.64, nº 32 ).
3.2.4 - Refazendo os diálogos de gibis
Depois de reunir uma boa quantidade de gibis, apagar os diálogos originais .
A tarefa do grupo será a criação de novos diálogos, que façam sentido com as
ilustrações das revistas. O grupamento pode ser em dois ou em quatro.
Essa atividade desenvolve o raciocínio lingüístico, a interpretação do texto e
do desenho, a percepção visual, a concentração, a atenção e a linguagem escrita
( ibid, p. 51, nº 6).
.3.2.5 - Qual é a letra que está faltando ?
A turma é dividida em grupo de quatro. Cada grupo terá a tarefa de escrever
quatro frases, depois de escritas o grupo retira as vogais de cada palavras, deixando
espaço em branco no lugar. Todas as frases sem as vogais elaboradas pelos grupos
serão entregues a outros grupos . A tarefa consiste em que cada grupo descubra as
vogais que faltam a cada frase . Essa atividade colabora no desenvolvimento da
escrita e no trabalho em grupo ( ibid, p.70,nº43).
3.2.6 - O que houve com o texto ?
Utilizando um texto produzido coletivamente pela turma numa atividade
anterior, recortá-lo em partes e entregá-los aos grupos para que o montem.
Essa atividade desenvolve a lógica lingüística da criança, a leitura e compreensão e
interpretação do texto ( ibid, p 64, nº32).
CONCLUSÃO
A partir dos resultados da pesquisa bibliográfica sobre a utilização da o lúdico
e no levantamento de jogos e atividades lúdicas , com o objetivo de promover
aprendizagens significativas pode-se concluir que a introdução dessas atividades no
processo ensino-aprendizagem é uma prática pedagógica que pode ajudar não só
os/as alunos/as que apresentam maiores dificuldades, mas também os/as outros/as.
O lúdico colabora significativamente com o desenvolvimento da criança.
Como diz a autora Maranhão (p.121) o ato de brincar é sério e deve ser visto
pelos profissionais de educação como uma possibilidade de apreensão de
conteúdos e superação das dificuldades apresentadas por alunos/as que provêm de
camadas sociais menos privilegiadas.
O lúdico é um incentivo e motivação. O desenvolvimento
depende da
mudança do interesse que possibilita a criança a passar de um estágio de
desenvolvimento a outro . É um espaço imaginário - um lugar para a criança realizar
os desejos que não puderam ser prontamente satisfeitos além de lidar com as suas
emoções (ibid,p.121).
As mais recentes teorias apontam para a importância das atividades lúdicas
no desenvolvimento
da aprendizagem, pois possibilitam que a criança lide com
mundo de forma criativa e espontânea, criando um espaço diferenciado de
expressão das emoções, dos desejos e dos conflitos e de trocas com o outro e,
também de aprendizagem reais.
O final desse trabalho aponta para a importância de se realizar um estudo de
caso durante um período longo, com a finalidade de se observar na prática
pedagógica a melhoria do processo de aprendizagem em alunos/as expostos às
atividades lúdicas promovidas em sala de aula.
BIBLIOGRAFIA
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação. São Paulo; Moderna, 1996.
CELSON, Antunes. Jogo para a estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1998.
MARANHÃO, Diva. Ensinar brincando: a aprendizagem pode ser uma grande
brincadeira. Rio de Janeiro: Wak, 2000.
MONROE, Paul. História da educação. São Paulo: Nacional, 1978.
PLATÖN. Las leyes. México: Porrúa, 1985.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MENTRE
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA "LATO SENSU"
Título do trabalho: Atividade lúdica na educação: possibilidades de aprendizagens
significativas.
Data da entrega: 28 de julho de 2003
Auto avaliação: Como você avaliaria esse livro?
É o resultado de uma procura profissional e de uma reflexão mais
aprofundada sobre a atividade lúdica, que na medida que se delineava me fez
refletir muito sobre as práticas pedagógicas observadas por mim durante a minha
função de professora. Práticas estas, ainda voltadas para a transmissão do
conhecimento, realizadas dentro de várias unidades escolares por muitos
professores e professoras - inclusive por mim. Tenho convicção que a minha
atuação com professora se tornará sensível às questões presente neste trabalho.
Espero , ao término deste curso, continuar a dar prosseguimento aos meus estudos
acadêmicos.
Avaliado por : _______________________________________ Grau ___________.
Rio de Janeiro, 28 de junho de 2003
Comprovantes de atividades extra classe.
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em psicopedagogia atividades lúdicas na educação