UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO " LATO SENSU " EM PSICOPEDAGOGIA ATIVIDADES LÚDICAS NA EDUCAÇÃO: POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS Por: Maria de La Paloma Muñoz Waite Orientador Prof. Nilson Guedes De Freitas Rio de Janeiro 2003 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU" EM PSICOPEDAGOGIA ATIVIDADE LÚDICA NA EDUCAÇÃO: POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes para a conclusão do Curso de Pós-Graduação "Lato Sensu" em Psicopedagogia. Por : Maria de La Paloma Muñoz Waite DEDICATÓRIA À minha família pelas constantes ausências AGRADECIMENTOS Ao professor Nilson professoras e Guedes, às funcionários e funcionárias do Projeto A Vez do Mestre. RESUMO É o início de um trabalho acadêmico sobre a atividade lúdica na aprendizagem, que traz uma proposta de reflexão sobre teorias e práticas pedagógicas significativas com a intenção de melhorar a qualidade da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, principalmente em escolas públicas. O objetivo maior dessa monografia é poder colaborar positivamente com os profissionais de educação interessados na realização de uma educação verdadeiramente inclusiva. E, também, poder desenvolver práticas que dêem significado ao aprendizado, estimulem e que aumentem a auto estima dos /as alunos/as. Portanto, resultando na diminuição do número de alunos e alunas que vêm apresentando dificuldades na construção do seu processo de aprendizagem. Palavras-chave: Lúdico - Aprendizagem - Método SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................7 1 - O Olhar de Educação Voltado Para O Aprendiz.....................................................9 1.1 - Contexto Histórico..............................................................................................9 1.2 - Os Pensadores e o Início da Educação Infantil.................................................9 2 - A Atividade Lúdica Na Aprendizagem...................................................................16 2.1 - A Atividade Lúdica............................................................................................16 2. 2 - A Importância da Atividade Lúdica na Educação............................................16 2. 3 - A Relação do Lúdico e As Fases de Desenvolvimento de Piaget .................18 2.4 - A Atividade Lúdica na Visão de Vygotsky .......................................................20 2.5 - As Inteligências Múltiplas ................................................................................23 3 - Atividades Lúdicas Para Aprendizagens Significativas.........................................25 3.1 - Jogos Para O Início da Alfabetização..............................................................25 3.2 - Atividades Para O Final da Etapa Inicial da Alfabetização...............................27 CONCLUSÃO.............................................................................................................30 BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................31 FOLHA DE AVALIAÇÃO............................................................................................32 COMPROVANTES.....................................................................................................36 INTRODUÇÃO A crise da modernidade no final do século XX tem trazido muitas dúvidas e questões em torno de que tipo de educação se deve promover com a mudança de paradigma que se tem presenciado. Muito tem-se falado sobre a importância da educação no atual contexto mundial da globalização. Teóricos da educação têm discutido o tema, chegando à conclusão que há necessidade de melhorias qualitativas na Educação Básica, principalmente, no Ensino Fundamental. Durante muitos anos - e ainda hoje, por uma boa parte de profissionais de educação e instituições escolares - o ensino tem sido confundido com a transmissão de conhecimento. Nessa visão o/a aluno/a é visto como um receptor passivo dos conteúdos ministrados pelos/as professores/as em sala de aula. Logo o aprender era avaliado pela capacidade do/a aprendiz em memorizar e reproduzir esses conteúdos. Esse modelo de escola acabava por excluir alunos/as que não tinham no seu ambiente familiar e social o apoio e estímulos necessários que dessem sentido àqueles conteúdos e a forma como eram trabalhados nas escolas. Com o aumento do contigente de alunos/as nas escolas públicas e com as políticas de educação que têm promovido projetos e programas que venham a garantir a permanência destes/as na escolas, as incidências de alunos/as que têm apresentado dificuldades de aprendizado vêm crescendo. Esse aumento no número do " fracasso " escolar tem inspirado educadores a encontrar caminhos que promovam uma educação mais democrática e inclusiva. É dentro dessa perspectiva, que esse trabalho foi inspirado. A tarefa a que se propõe é de pesquisar , apontar a importância do lúdico na educação e sugerir algumas atividade lúdicas, como uma das ações promotoras do processo de ensinoaprendizagem significativo de alunos e alunas na fase de alfabetização. Na primeira parte do trabalho, é apresentado uma revisão histórica da educação, de concepções teóricas e autores que refletiram sobre a introdução da questão do lúdico no processo educativo. É a partir de Rousseau que o olhar da educação se volta para a criança, tendo como objetivo refletir sobre o seu desenvolvimento e, assim, melhorar o processo educacional na esperança de mudança e transformação social através do desenvolvimento humano. Seguidores desse autor - e de suas idéias educacionais - desenvolveram o seu pensamento e realizaram experiências práticas na área de educação. Desses autores, foi Fröebel quem mais se apronfundou sobre a importância e as possibilidades educacionais da atividade lúdica. Na segunda parte, há um levantamento da importância dada por Piaget e Vygotsky ao lúdico. Todos os dois autores chamam a atenção da relevância da atividade lúdica para o desenvolvimento intelectual, social afetivo e físico da criança. Piaget indica como o lúdico possibilita o início da representação na criança. Já Vygotsky relaciona o brincar com a zona de desenvolvimento proximal da criança. Há também, a inclusão da teoria das múltiplas inteligências que participa da importância do jogo como estimulação e desenvolvimento das várias inteligências que os seres humanos dispõem. Ao final há a apresentação de uma seleção de atividades lúdicas voltadas à etapa inicial e final da alfabetização, com o objetivo de motivar, estimular e promover aprendizagens significativas a todos/as alunos/as apresentando ou não dificuldades no processo educativo ,e, também, propor atividades lúdicas de fácil execução por professores/as que poderão ajudar na prática pedagógica de sala de aula . 1 – O Olhar da Educação Voltado para o Aprendiz Nesta parte do trabalho pretende-se fazer uma trajetória histórica buscandose a partir de que momento histórico e com que pensadores a educação tem o seu olhar voltado para a criança. 1.1 – Contexto Histórico Com a primeira Revolução Industrial (1750) e a Revolução Francesa (1789) no século XVIII se impõe uma outra concepção de mundo, que interferirá de modo significativo na estrutura social e econômica da Europa e no resto do mundo. A burguesia bem capitalizada e respaldada pela teoria que exprime o seu anseio, o liberalismo, tem força para assumir o papel político. Como se pode observar pelo trecho abaixo de Aranha (p.119) Em 1750, a entrada da máquina a vapor nas fábricas marca o início da Revolução Industrial, que altera definitivamente o panorama socioeconômico com a mecanização da indústria. Torna-se inevitável que a burguesia, já detentora do poder econômico e sentindo-se espoliada pela nobreza, reivindique para si o poder político. Essa nova visão de mundo, mais pautada pela razão em detrimento da religião – suporte do poder da nobreza -, terá desdobramentos em vários setores da organização social. Surge toda uma reflexão teórica sobre a educação e um interesse de transformação da escola. Esta deverá ser laica e submetida ao controle do Estado. Essas reflexões teóricas podem ser divididas em três vertentes: o enciclopedismo, o idealismo de kant e o naturalismo de Jean-Jacques Rousseau (ibid,p120). Este último, publica livro Emílio em 1762 que trata sobre a questão da educação do jovem e da criança. 1.2 - Os Pensadores e o Início da Educação Infantil Nessa etapa do trabalho serão abordados os teóricos da educação que estabeleceram as bases de uma educação infantil, por acreditarem na necessidade e na importância de se formar os seres humanos desde a infância. 1.2.1 - Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) Nasceu em Genebra, na Suíça, de uma família calvinista. Aos dezesseis anos se muda da sua cidade e se converte à religião católica .Parte da sua formação se faz num seminário na Itália (MONROE, p.255). O livro Emílio é a história da educação de um jovem que é afastado da sociedade onde nasceu – para não ser corrompido – e é entregue a um preceptor. Esse preceptor o ajudará a se desenvolver de uma forma natural. Na visão de Rousseau, os seres humanos são bons, mas a vida em sociedade os acaba desviando dessa sua natureza, corrompendo-os. Somente uma educação voltada para a transformação do indivíduo desde a tenra idade poderia modificar essa sociedade. Como a seguir no texto da autora Aranha (p.122). Desconfiado da sociedade constituída, Rousseau teme a educação que põe a criança em contato com os vícios e a hipocrisia: Se o homem é bom por natureza, segue-se que permanece assim enquanto nada de estranho o altere. (...) A educação primeira deve portanto ser puramente negativa. Ela consiste, não em ensinar a virtude ou a verdade, mas em preservar o coração do vício e o espírito do erro(...). Ao contrário da tendência educacional da sua época, Rousseau não vê significado na educação livresca e na acumulação de conhecimentos através da memorização. Ele quer restabelecer o contato com plantas, animais, e, também, com os sentidos valorizando a experiência na elaboração do pensamento. O seu propósito é que a criança aprenda a pensar num processo interno e natural, e não imposto de fora para dentro (ibid, p. 122). O pensamento de Rousseau influência a educação no século XIX . educação agora se volta para a criança. A Pensadores irão se debruçar sobre a importância da educação infantil. Entre esses estão Pestalozzi, Herbat e Froebel. A seguir, serão levantadas as contribuições na área da educação desses três autores influênciados a partir das idéias de Rousseau. 1.2.2 – Johan Heinrich Pestalozzi (1746-1827) Educador suíço, nasceu em Zurique. Ainda estudante participou de movimentos que propunham reformas políticas e sociais. Em 1781 sai publicado o seu livro Leornado e Gertrudes , no qual são colocadas as idéias de transformação da sociedade através da educação e o acesso à educação a todas as crianças para que estas tenham a oportunidade ao seu desenvolvimento (MONROE,p. 281) . Conhecedor e admirador da obra de Rousseau implantou escolas com essa linha de pensamento. E através da sua prática educativa reformulou as idéias do próprio Rousseau sobre a educação. De 1775 a 1780, Pestalozzi administrou o que autor Paul Monroe definiu como sendo “ a primeira escola profissional para os pobres “ (p.280). Essa experiência educacional é importante pois aliava a aprendizagem dos conteúdos à aprendizagem do trabalho. Os alunos trabalhavam em atividades agrícolas e manuais tecendo e fiando, e, aliado a essas atividades, tinham aulas para desenvolver a leitura, escrita e matemática. O conhecimento produzido por Pestalozzi, era resultado de experiências calcadas na sua prática e não por teorização. Ele acreditava que só através de uma prática educacional diferenciada se poderia desenvolver o povo. Como Monroe explicita abaixo (p.280). O pensamento fundamental de todos os seus escritos, fosse sobre assuntos políticos ou educativos, era o mesmo. As reformas sociais e políticas deviam surgir pela educação – não da educação corrente, mas de um novo processo de desenvolvimento que resultaria na reforma moral e intelectual do povo ( ibid, p.280). Peztalozzi defendia uma educação universal para as massas, iniciado-se a a partir da infância. Uma educação que visava o pleno desenvolvimento moral, mental e físico para uma reformulação social. Por outras palavras, o que Rousseau proclamava de modo teórico para um indivíduo – Emílio _ Pestalozzi reclamava para cada criança, por mais pobre e humilde que fosse seu meio social ou limitadas suas capacidades (MONROE, p.283). Na escola de Pestalozzi, o estudo era enfatizado por um processo de observação direto através a utilização dos sentidos dos alunos. Os exercícios de fixação dos conteúdos eram progressivamente graduados do mais simples ao mais complexos. A apreensão do conhecimento por parte do aluno não era simplesmente para conhecer o objeto estudado, mas para o pleno desenvolvimento da criança (ibid, p.287). Os princípios gerais da metodologia de Pestalozzi foram resumidos por um dos seus discípulos. Por expressarem de maneira clara e sucinta o pensamento desse autor sobre educação, optou-se pela sua transcrição neste trabalho (ibid, p.288). 1) A observação ou a percepção sensorial ( intuição) é a base de instrução. 2) A linguagem deve estar sempre ligada à observação ( intuição) , isto é, ao objeto ou conteúdo. 3) A época de aprender não é época de julgamento e crítica. 4) Em qualquer ramo, o ensino deve começar pelos os elementos mais simples e proceder gradualmente de acordo com o desenvolvimento da criança, isto é, em ordem psicológica. 5) Tempo suficiente deve ser consagrado a cada ponto do ensino, a fim de assegurar o domínio completo dele pelo o aluno. 6) O ensino deve ter por alvo o desenvolvimento e não a exposição dogmática. 7) O mestre deve respeitar a individualidade do aluno. 8) O fim principal do ensino elementar não é ministrar conhecimento e talento ao aluno, mas sim desenvolver e aumentar os poderes de sua inteligência. 9) O saber deve corresponder ao poder e a aprendizagem à conquista de técnicas 10) As relações entre o professor e o aluno, especialmente em disciplina, devem ser baseadas e reguladas pelo amor. 11) A instrução deve estar subordinada ao fim mais elevado da educação. 1.2.3 - John Frederick Herbart ( 1776 –1841 ) Educador, filósofo e psicólogo alemão, estudou na Universidade de Jena. Em 1797 esteve na Suíça, onde conhece o trabalho de Pestalozzi. A partir de 1809, ministra aulas de Filosofia e Pedagogia na universidade. Herbat trouxe para a pedagogia um rigor científico. E, também, foi o primeiro a desenvolver a psicologia experimental ligada à educação. A sua proposta de educação é a formação do caráter moral através da instrução. (ARANHA, p.144) A ação é o resultado da motivação, ou dos desejos que surgem destas representações, influenciados pela boa vontade que provém da mesma fonte. Daí, a importância da instrução dada por ele. O objetivo último da instrução acha-se contido na noção de virtude. (MONROE, p.293) Um outro aspecto na concepção de Herbart , é a importância dada por ele ao “interesse “ que o autor Paul Monroe chama, no seu livro História da Educação , “a doutrina do interesse” (p.294,). O alunado deverá ter o seu interesse despertado para que assim possa realmente apreender. Somente através do interesse, o conhecimento poderá estabelecer uma relação orgânica no aprendiz. Como pode ser lido a seguir, no trecho de Monroe (p.294). A palavra interesse representa em geral a espécie de atividade mental que a instrução deve incitar. A mera informação não basta; porque a consideramos como um fornecimento ou armazenagem de fatos, que uma pessoa poderia possuir ou não e, contudo, permanecer o mesmo ser. Porém, aquele que se apega a esta informação e esforça-se por desenvolvê-la, toma maior interesse nela; desde que esta atividade mental é variada, temos necessidade de acrescentar-lhe posteriormente a qualificação que lhe dão os termos múltiplo ou variado. 1.2.4 - Friedrich Wilhelm Fröebel (1782-1852) Nasceu em Obserwissbach, Turíngia, região da Alemanha. Filho de família pobre com pai pastor protestante, aos quinze anos trabalhou como guarda florestal. Sem recursos para estudar e freqüentar a universidade, por conta própria estudou, além de outras disciplinas, matemática e botânica. Por causa desses estudos, é convidado por um discípulo de Pestalozzi, Anton Gruner, em 1805 ingressa como professor de uma escola modelo de Frankfurt. Desse contato com as teorias de Rosseau e de Pestalozzi, vem o interesse pela educação, que o leva a dar prosseguimento a seus estudos nas universidades de Göttingen em 1811 e em 1812 na de Berlim. Após a guerra na qual é convocado, em 1816 abre a sua primeira escola. Em 1826 publica seu principal tratado sobre educação, “A Educação do Homem” (DIE Menschenerziehung), obra que lhe trás notoriedade. E em 1831, é chamado pelo governo suíço para supervisionar o treinamento de professores para a educação inicial. Em 1837, funda um Kindergarten – os jardins de infância – uma metáfora na qual a criança é vista como uma plantinha que deve ser bem cuidada para que possa se desenvolver plenamente. ( MONROE, p.299) A sua contribuição à pedagogia foi dar importância à atividade livre e ao lúdico como elementos essenciais à educação. Na sua obra acima referida, ele expõe seus princípios fundamentais: a finalidade da educação é conduzir o homem ao conhecimento pleno de si mesmo, de sua vocação e à realização dessa vocação através do desenvolvimento de suas faculdades. Fröebel deu grande importância à educação infantil, acreditando que as primeiras impressões marcariam permanentemente os seres humanos. A seguir um trecho da autora Aranha que evidencia tal fato(p.143) Sua principal contribuição pedagógica resulta da atenção para com as crianças na fase anterior ao ensino elementar, ou seja, a educação da primeira infância. (...) pressupondo que os primeiros anos do homem são básicos para a sua formação.” Destacou o valor dos sentidos na criança para ligar o mundo interior desta ao mundo exterior. Enfatizou o papel do jogo, como revelador das tendências da criança, e observou o desenho infantil como atividade de exteriorização das experiências apreendidas . A seguir o trecho de Arruda Aranha , no qual está explicitado a atenção de Fröebel ao lúdico (p.144). Fröebel privilegia a atividade lúdica por perceber o significado funcional do jogo e do brinquedo para o desenvolvimento sensóriomotor e inventa métodos para aperfeiçoar as habilidades . Essas invenções são séries de diversos materiais elaborados para estimular o desenvolvimento da criança, em consonância à fase de desenvolvimento em que ela se encontra. Além desses materiais, Fröebel enfatiza a necessidade do trabalho manual para as crianças; tais como: o tecer, o recortar e o dobrar ( ibid, p.!44). É inegável a influência desses autores no desenvolvimento da educação infantil. Na compreensão que a educação é um processo que se estabelece internamente, e que não pode ser visto e nem pensado como algo exterior à criança. A partir dessas contribuições e de outros teóricos que avançaram sobre essa base, pode-se dizer que houve um grande esforço de superação da visão de uma escola elitista e a parte da sociedade na qual está inserida. Os avanços teóricos da psicologia na área de educação, tem chamado a atenção para o fato que não existe ensino sem que ocorra a aprendizagem, isto é, a aprendizagem se dá por um processo interno no(a) aluno(a); pela transformação do próprio(a). Nessa perspectiva, o(a) aluno(a), agora, é parte ativa no processo de aprendizagem. E o papel do(a) professor(a) é o de facilitador(a) dessa ação transformadora desse(a) aluno(a), estabelecendo meios, criando situações de aprendizagens e ferramentas para despertar o interesse para que o próprio alunado que se torne sujeito na busca e construtor do conhecimento. Como se poder ver no texto a segui de Antunes (p.36). Seu interesse passou a ser a força que comanda o processo da aprendizagem, suas experiências e descobertas, o motor de seu progresso e o professor um gerador de situações estimuladoras e eficazes. 2 – A ATIVIDADE LÚDICA NA APRENDIZAGEM Nesta parte do trabalho será desenvolvido uma pesquisa teórica sobre a importância da atividade lúdica no processo de aprendizagem da criança. 2.1 – A Atividade Lúdica A Atividade Lúdica é caracterizada pelo participante como uma atividade livre, porque pode ser suspensa ou adiada a qualquer momento. Ela, também, se afasta de todo e qualquer interesse material. De uma maneira geral é vista como não sendo uma atividade “séria”, funcionando assim como uma espécie de ruptura da vida “real”, e, ao mesmo tempo sendo capaz de envolver intensamente quem dela participa. Praticada segundo certas regras, as quais exigem do participante uma obediência total, já que a não obediência acarretará a destruição do jogo – essas regras estabelecem limites daquilo que “pode” e o que “não pode” . E como Antunes diz: “Não parece ser difícil concluir que todo o jogo verdadeiro é uma metáfora da vida”( p.11). Todos esses elementos criam uma motivação inerente à própria atividade, a qual auxiliará no processo de aprendizagem. 2 .2 – A Importância da Atividade Lúdica na Educação Bem antes de Fröebel aprofundar-se no estudo da importância do lúdico na educação da criança, o filósofo grego Platão ( 427 – 347 a. C. ) no sétimo volume do livro “As Leis” ressalta o valor pedagógico da Atividade Lúdica como sendo indispensável para o desenvolvimento intelectual e físico das crianças (PLATÓN, p. 7). A autora Diva Maranhão apresenta que através da atividade lúdica pode-se apropriar a realidade emocional da criança. Esta ao brincar, será estimulada a representar a realidade ao revivenciar uma situação real ou a criar uma irreal. Dessa maneira, ela irá revelar aspectos relacionados ao seu mundo interno e externo . Tudo que está presente no seu cotidiano, será desvelado através do ato de brincar possibilitado pela Atividade Lúdica. A criança ao brincar se utiliza da imaginação e com esta constrói relações com o vivido possibilitando-a interferir com a realidade e, também, fornecendo ao profissional de educação indícios que o ajudem a traçar estratégias para a promoção do desenvolvimento do/a aluno/a nos aspectos cognitivo, físico e emocional (p.17). Na concepção de Piaget, a inteligência está diretamente relacionada à capacidade que os seres humanos desenvolvem ao se adaptarem ao ambiente no qual se encontram inseridos. A aprendizagem pressupõe que existam estruturas mentais. Estas estruturas mentais existentes possibilitam a aprendizagem e estas devem ser intermediadas por situações - problemas, pois criarão tensão (desequilíbrio) no sujeito que tentará solucioná-las - tentando encontrar o equilíbrio e, conseqüentemente, desenvolvendo estruturas mentais novas. Esse desequilíbrio tem a função de motivar o sujeito a superar o seu atual estado de conhecimento. O lúdico colabora com o desenvolvimento dessa capacidade. Para Piaget a atividade lúdica tem um grande valor educacional. Já que por causa dela, a criança assimila e interpreta a realidade e si a própria. A atividade lúdica propicia à criança a apreensão de diversos conhecimentos que a auxiliarão a interagir com o meio social. Esse desenvolvimento da capacidade de adaptação é explicado por Piaget através do processo do estado de equilíbração dos indivíduos, como está apresentado no trecho abaixo por Maranhão (p.18). Toda atividade do homem visa atingir o equilíbrio; suas ações acontecem e função de alguma necessidade que irá provocar no sujeito um estado de desequilíbrio. Nesse momento o sujeito é obrigado a buscar novas formas de se relacionar com o meio para melhor adaptar-se ao mesmo. Podemos ver aí os processos de equilibração. A criança passa de um estado de equilíbrio para o outro. 2.3 - A Relação do Lúdico e As Fases de Desenvolvimento de Piaget Maranhão expõe no seu trabalho (p.19) , como o lúdico pode participar positivamente em cada uma dessas fases do desenvolvimento da criança. 2.3.1 – Na Fase Sensório-Motor ( crianças até dois anos) Nessa fase o desenvolvimento da criança se faz através das experiências sensoriais e motoras. A partir de suas ações corporais a criança inicia seu processo de conhecimento e exploração do ambiente que a cerca. Ao manusear um objeto a criança está se desenvolvendo fisicamente e, também, cognitivamente ao estabelecer uma outra função ao objeto independentemente da função deste. O seu corpo é por ela utilizado como sendo o seu primeiro brinquedo (ibid, p.20). A seguir , a mesma autora desenvolve o modo como se dá o processo de cognição nos bebês (p.21). O desenvolvimento cognitivo dos bebês vai acontecendo a partir do desequilíbrio provocado pelas suas necessidades, tais como conhecer, descobrir as conseqüências resultantes de determinados atos seus, ou seja, suas brincadeiras irão incorporar-se através dos seus sentidos ao cérebro e conseqüentemente irão provocar o processo de equilibração e aflorar o desenvolvimento cognitivo. 2.3.2 – Na Fase Pré-operacional ( crianças de dois a sete anos) Nessa fase, a brincadeira tem como objetivo maior que a criança se aperceba do seu entorno. Num primeiro momento, através da imitação daquilo que vê, para mais tarde conseguir recriar uma situação que não mais vê. A essa capacidade de representar algo que não está visível é considerado o início do pensamento.( p. 22 ) É, também, nessa fase em que a criança vai estruturando o seu pensamento ao mesmo tempo que vai adquirindo o código da linguagem. A utilização de jogos e brincadeiras proporcionará um melhor desenvolvimento da estruturação tanto da linguagem como do pensamento. Na educação infantil a atividade lúdica, com jogos e brincadeiras é importante no desenvolvimento cognitivo das crianças ( p.26 ). Ao se aproximar dos sete anos, as atividades devem englobar o próprio corpo da criança, estimulando o movimento para o desenvolvimento da musculatura. A coordenação motora fina, responsável pelo movimento mais refinado como o ato de escrever, será melhor desenvolvida com atividades que envolvam o rasgar, picar, amassar, recortar, desenhar, amassar, pintar e modelar. 2.3.3 - Na fase operacional-concreta ( crianças de sete a 11 anos ) Aqui se inicia o processo de sistematização do conhecimento. Nessa fase a criança estará desenvolvendo a estrutura de pensamento lógico. As atividades lúdicas nessa etapa de desenvolvimento terão que envolver necessariamente o corpo e o cognitivo. Também, nesse momento a prática de esportes é muito importante. Através dessa prática, a criança se apercebe da necessidade da cooperação no trabalho em grupo, da necessidade que de cumprir regras em prol do bom convívio social e , tomando consciência de suas ações, irá desenvolver o conceito da ética. As brincadeiras, nessa fase, devem ter sempre o objetivo da interação social; os jogos com regras devem ter prioridade. Com os jogos ela vai aprender a relacionar-se e a aceitar as regras de convivência. Com a ajuda dos jogos a criança aprende a respeitar os outros colegas. A aprendizagem dessas regras são realizadas de forma concreta. ( Ibid, p.27 ) 2.3.4 - Na fase operacional-formal ( de 11 em diante ) Nessa fase, o adolescente vivência o período de transição do modo de ser da infância para o do ser do adulto. Nessa etapa o jovem está a procura da construção da sua identidade. Daí o interesse do adolescente na possibilidade de realizar e de criar. Os jogos nesse momento, além da importância de terem regras para o desenvolvimento da consciência social, devem privilegiar as atividades que trabalhem a sua auto-estima, o desenvolvimento do equilíbrio físico - trabalhando o desenvolvimento muscular de forma adequada -, e, também, atividades que proporcionem desafios com um certo grau de aventura, discussão e pesquisa em grupo. Como Maranhão expõe a seguir (p.75). A pesquisa vem saciar a curiosidade própria da idade. O trabalho científico é o grande desafio e através dele o jovem consegue descobrir o mundo. A expressão artística também é outra atividade que atrai sua atenção, pois assim como o trabalho científico, fará com que sua criatividade seja estimulada. O jovem tem em mente transformar a realidade; ele crê que pode modificar o universo! (Ibid, p.75 ) 4 - A Atividade Lúdica na visão de Vygotsky Pode-se observar nas últimas duas décadas que a teoria de Vygotsky sobre os processos de desenvolvimento e de aprendizagem têm influenciado o meio educacional . Para este teórico, o processo de desenvolvimento ocorre pelas mudanças nas atividades intelectuais superiores. A mediação com o meio físico e social, pela utilização de instrumentos e de signos, é o processo de construção do comportamento dos seres humanos. O desenvolvimento das atividades intelectuais superiores ocorre pelo aprendizado a que a criança foi exposta e que foi internalizada por ela (VYGOTSKY, p. 75). Para esse autor, a atividade lúdica faz parte das necessidades do desenvolvimento da criança. O lúdico é uma das fontes de incentivo e motivação. O desenvolvimento depende da mudança do interesse, que leva a criança a passar de um estágio de desenvolvimento a outro. “Aquilo que é de grande interesse para um bebê deixa de interessar uma criança um pouco maior “ ( p.122 ) . Uma criança de pouca idade quer satisfazer seus desejos prontamente, a medida que cresce irão surgir muitos outros desejos mais difíceis de serem prontamente realizáveis. Tentando resolver essa nova situação, a criança cria um espaço imaginário no qual ela poderá realizá-los. Esse espaço é considerado por Vygotsky de lúdico , do brincar (p.122). Mais adiante o autor chama a atenção para dois aspectos interessantes em relação ao lúdico: o primeiro é que todo brinquedo e o ato de brincar num espaço imaginário têm regras, mesmo que ocultas. “Não existe brinquedo sem regras. A situação imaginária de qualquer forma de brinquedo já contém regras de comportamento, embora possa não ser um jogo com regras formais estabelecidas a priori .”(p.124) E segundo, é que no caso do jogo com regras previamente estabelecidas, ele está, também, inserido num espaço imaginário. A seguir o trecho, no qual o autor coloca a questão (p. 126). O desenvolvimento a partir de jogos em que há uma situação imaginária às claras e regras ocultas para jogos com regras às claras e uma situação imaginária oculta delineia a evolução do brinquedo das crianças. ( p. 126 ) Vygotsky considera a atividade lúdica como importante no desenvolvimento da criança. Ao brincar a criança reflete para agir, logo, a motivação passa a ser interna e não mais externa. É ela que deseja. Quando a criança é pequena é o objeto que domina a sua relação com ela. Na idade pré-escolar , inicia-se um período de transição intensificado pela a atividade lúdica, no qual não é mais o objeto que determina a relação com a criança, mas é ela que passa a dominar essa relação. Como no exemplo colocado pelo o autor (p.128): na brincadeira da criança ao utilizar um cabo de vassoura como se fosse uma cavalo. O brinquedo fornece um estágio de transição nessa direção sempre que um objeto ( um cabo de vassoura, por exemplo ) torna-se um pivô dessa separação ( no caso, a separação entre o significado "cavalo" de um cavalo real). Não é mais o cavalo que determina como brincar, é a idéia de cavalo que dominará o jogo . Mas apesar disso , a criança precisa de um mínimo de características no objeto que o aproxime com o real para ele possa representar a idéia, diferentemente do adulto. A criança ainda não pode separar o significado desse objeto sem utilizar algo como suporte/ mediador . A atividade lúdica facilita esse momento de transição, estimulando o surgimento da representação. Isto caracteriza a natureza de transição da atividade do brinquedo: é um estágio entre as restrições puramente situacionais da primeira infância e o pensamento adulto, que pode ser totalmente desvinculado de situações reais (...) Ela não pode separar o significado de um objeto, ou uma palavra do objeto, exceto usando outra coisa como pivô. (Ibid, p. 130) Outro aspecto da atividade lúdica é que por ser prazerosa para a criança, ela se esforça em aceitar as regras, abdicando da realização imediata de um desejo seu. Assim ela vai aprendendo a se autocontrolar e não agir impulsivamente. No jogo, ela age de maneira contrária à que gostaria de agir. O maior autocontrole da criança ocorre na situação de brinquedo. Ela mostra o máximo de força de vontade quando renuncia a uma atração imediata do jogo ( como, por exemplo, uma bala que, pelas regras, é proibido comer, uma vez que se trata de algo não comestível . (p. 131) Na atividade lúdica a criança muda seu comportamento, se autocontrola ao se submeter às regras por saber que assim obterá, ao final, prazer. Ela ao brincar vai além do estágio de desenvolvimento que se encontra; ao tentar se superar no jogo estaria se distanciando do nível de desenvolvimento em que se encontra e o nível que poderia alcançar. Portanto, o lúdico para Vygotsky tem uma relação direta com a zona de desenvolvimento proximal da criança. " Essa subordinação estrita às regras é quase impossível na vida; no entanto, torna-se possível no brinquedo. Assim o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança "(p.134). (...) o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada , sendo , ele mesmo , uma grande fonte de desenvolvimento. Apesar de a relação brinquedo-desenvolvimento poder ser comparada à relação instrução-desenvolvimento, o brinquedo fornece ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência. A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e motivações volitivas - tudo aparece no brinquedo, que se constitui, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar. A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo. (ibid, p.135) Um outro aspecto que o autor destaca sobre a importância da atividade lúdica no desenvolvimento infantil, é que quando a criança utiliza a imaginação , esta está exercendo a função mediadora do pensamento abstrato. ( ibid,p.136) 2.5 - As inteligências múltiplas Teoria desenvolvida por Howard Gardner, na qual está presente uma concepção diferenciada da mente e do significado do que é ser inteligente. Nessa concepção, o ser humano tem diversas maneiras de possibilidades cognitivas. Portanto, cada ser humano seria dotado de diferentes inteligências. Essas inteligências múltiplas incluiriam "as dimensões lingüísticas, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésico-corporal, naturalista, intrapessoal e interpessoal " (ANTUNES, p. 13). A inteligência lingüística está relacionada com a capacidade de comunicação verbal e ou escrita . Por exemplo oradores/as, escritores/as, poetas, compositores/as, que trabalham com as palavras com criatividade. A inteligência lógico-matemática está relacionada ao raciocínio lógico na ligação com os números, cálculos. Presente nas pessoas que trabalham ou desenvolvem pesquisas nas áreas da engenharia, da física, química e outras que utilizem o raciocínio matemático. A da espacial está ligada à sensibilidade da forma e do espaço. Presente nas pessoas que trabalham na área de arquitetura, engenharia e geografia. A inteligência musical está presente na sensibilidade sonora como nos/as músicos e cantores/as. A cinestésica-corporal tem a capacidade de controlar e utilizar o corpo, presente nas danças, nos esportes . Na naturalista está relacionada à percepção e ao entendimento da inter-relação e interdependência entre todos os elementos existentes na natureza. Encontrada nas áreas de paisagismo, biologia, botânica. Na inteligência intrapessoal é a capacidade de se relacionar de forma afetiva consigo mesmo; como, por exemplo, nos/as psicanalista se psicólogos/as. E a última, a inteligência interpessoal com a capacidade de entender a natureza humana; presente nos/as professores/as. Essas diversas inteligências podem e são desenvolvidas de forma mais competente através das atividades lúdicas elaboradas para o estimular qualquer uma dessas inteligências . Como se poder verificar abaixo, no texto de Antunes (p. 11). (...) empregamos a palavra "jogo" como um estímulo ao crescimento, como uma astúcia em direção ao desenvolvimento cognitivo e aos desafios do viver, e não como uma competição entre pessoas ou grupos que implica em vitória ou derrota. 3 - ATIVIDADES LÚDICAS PARA APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS Esta parte do trabalho visa a apresentar algumas possibilidades de atividades lúdicas com o objetivo de estimular e potencializar o aprendizado da leitura e da escrita em alunos/as que vêm apresentando dificuldades no desenvolvimento dessas capacidades. As atividades lúdicas foram pesquisadas em dois livros dos autores Diva Maranhão e Celso Antunes. A escolha e a adaptação teve como objetivo elaborar atividades que estimulassem e desenvolvessem a apropriação da leitura e da escrita relacionadas ao processo inicial e final de alfabetização. E, também, que fossem simples de realizar em sala de aula, com pouco recursos e que não exigisse do professor/a uma disponibilidade de tempo grande na sua preparação. Num primeiro momento as atividades estão voltadas para início da alfabetização; já no segundo as atividades estão mais direcionadas à melhoria do processo da escrita e leitura. 3.1 - Jogos para o início da alfabetização São atividades lúdicas voltadas ao desenvolvimento nas crianças das habilidades de leitura e escrita. 3.1.1 - Procurando a vogal Cartelas de cartolina com palavras escritas sem conter as vogais por escrito só o espaço de cada uma marcado - que deverão ser repetidas. Por exemplo, a palavra " casa " tem duas consoantes, mas tem duas vogais repetidas, aqui no exemplo a vogal "a ". Um outro grupo de cartelas com as vogais que faltam das palavras, que os/as alunos/as deverão procurar e juntar as palavras sem as vogais com a vogal correspondente. Esse jogo pode ser jogado em dupla, ou em grupo de quatro. A atividade desenvolve a discriminação visual, a observação e a linguagem escrita (MARANHÃO,p.114). 3.1.2 - Alfabeto Vivo A turma em pé segurando nas mãos pequenas placas de cartolina contendo letras do alfabeto, levantará cada placa correspondente a cada letra da palavra sorteada. Essa atividade pode ser realizada individualmente ou em dupla. Esse jogo desenvolve discriminação sonora, a observação e a linguagem escrita ( Ibid, p. 118). 3.1.3 - Escrevendo com o dedo no ar Desenhar junto com a turma o desenho no ar a letra sorteada e, depois, conforme a turma se apropria dessa capacidade, ir dificultando ao invés de letras ditar palavras das mais fáceis para a mais difíceis. Esta atividade desenvolve a coordenação visomotora, a discriminação sonora auditiva e linguagem escrita (ibid, p.106). 3.1.4 - Procurando o complemento Cartelas com figuras que se complementam, os/as alunos/as em grupos de quatro terão que encontrar as cartelas correspondentes às cartelas com figuras que foram distribuídas no início do jogo. Essa atividade desenvolve a coordenação fina, a visomotora, a atenção e a concentração. Pode ser realizada por pequenos agrupamentos. ( ibid, p. 120) 3.1.5 - Alfabeto vivo 2 Todos/as alunos/as estarão "vestidos" por letras de papel de tamanho grande na sua frente e nas costas coladas com fita crepe na roupas. Dentro de um saco estarão os nomes de todos/as colegas da turma. Na medida em que os nomes forem sendo sorteados e lidos, os/as alunos/as que tiverem a letra do nome no corpo irão se levantando e se posicionando na frente da turma e na posição correta da sua letra naquela palavra. Essa atividade desenvolverá a discriminação auditiva, a linguagem escrita, a atenção, a orientação espacial, a coordenação motora e a integração do grupo (ibid, p. 106). 3.1.6 - Pulando corda em ABD A turma dividida em dois grupos irá pular corda cantando por primeiro as vogais, depois o alfabeto e por último somente as consoantes. Esta atividade favorece o movimento físico, o conhecimento do alfabeto, o ritmo e a integração do grupo (p.106) 3.2 - Atividades para o final da etapa inicial da alfabetização São atividades voltadas para sedimentar os conteúdos da apropriação dos conhecimentos da leitura e escrita já conquistados pelos/as alunos/as. 3.2.1 - Construções coletivas de textos A turma deverá ser agrupada em duplas - um que tem domínio com outro que está construindo-o - , recebem uma folha em branco. No início a turma começa a escrever uma história até o sinal dado , com o qual haverá as troca da folhas de todas as duplas. Outro sinal outras trocas .Esse trabalho deverá ser continuado por todas as duplas, até retornar à dupla inicial que irá finalizar a história. Ao final cada dupla lerá a sua história para a turma. Esta atividade desenvolve o raciocínio lógico do pensamento, a linguagem oral e escrita ( ibid, p. 116). 3.2.2 - O jornal da tevê Elaborar com a turma uma representação de um aparelho de televisão utilizando uma caixa de papelão. Em grupos pequenos elaborar uma notícia para passar na tv sobre temas da suas escolhas, mas com comentários dos grupos. Depois de escrita a notícia e a organização da apresentação cada grupo irá até o aparelho para a sua apresentação. Essa atividade desenvolve a alfabetização, a interpretação de texto, a organização social, a percepção visual , a observação, concentração e a atenção ( ANTUNES,p.65,nº 33) 3.2.3 - Formando frases Utilizando frases elaboradas pela própria turma, escrever as palavras em pedaços de papel de forma não organizada, fora da ordem de cada frase, retirando o sentido da mesma. Em duplas, a tarefa será a re-organização de cada frase. Essa atividade desenvolve o raciocínio lingüístico, a interpretação do texto, a percepção visual e a atenção ( ibid, p.64, nº 32 ). 3.2.4 - Refazendo os diálogos de gibis Depois de reunir uma boa quantidade de gibis, apagar os diálogos originais . A tarefa do grupo será a criação de novos diálogos, que façam sentido com as ilustrações das revistas. O grupamento pode ser em dois ou em quatro. Essa atividade desenvolve o raciocínio lingüístico, a interpretação do texto e do desenho, a percepção visual, a concentração, a atenção e a linguagem escrita ( ibid, p. 51, nº 6). .3.2.5 - Qual é a letra que está faltando ? A turma é dividida em grupo de quatro. Cada grupo terá a tarefa de escrever quatro frases, depois de escritas o grupo retira as vogais de cada palavras, deixando espaço em branco no lugar. Todas as frases sem as vogais elaboradas pelos grupos serão entregues a outros grupos . A tarefa consiste em que cada grupo descubra as vogais que faltam a cada frase . Essa atividade colabora no desenvolvimento da escrita e no trabalho em grupo ( ibid, p.70,nº43). 3.2.6 - O que houve com o texto ? Utilizando um texto produzido coletivamente pela turma numa atividade anterior, recortá-lo em partes e entregá-los aos grupos para que o montem. Essa atividade desenvolve a lógica lingüística da criança, a leitura e compreensão e interpretação do texto ( ibid, p 64, nº32). CONCLUSÃO A partir dos resultados da pesquisa bibliográfica sobre a utilização da o lúdico e no levantamento de jogos e atividades lúdicas , com o objetivo de promover aprendizagens significativas pode-se concluir que a introdução dessas atividades no processo ensino-aprendizagem é uma prática pedagógica que pode ajudar não só os/as alunos/as que apresentam maiores dificuldades, mas também os/as outros/as. O lúdico colabora significativamente com o desenvolvimento da criança. Como diz a autora Maranhão (p.121) o ato de brincar é sério e deve ser visto pelos profissionais de educação como uma possibilidade de apreensão de conteúdos e superação das dificuldades apresentadas por alunos/as que provêm de camadas sociais menos privilegiadas. O lúdico é um incentivo e motivação. O desenvolvimento depende da mudança do interesse que possibilita a criança a passar de um estágio de desenvolvimento a outro . É um espaço imaginário - um lugar para a criança realizar os desejos que não puderam ser prontamente satisfeitos além de lidar com as suas emoções (ibid,p.121). As mais recentes teorias apontam para a importância das atividades lúdicas no desenvolvimento da aprendizagem, pois possibilitam que a criança lide com mundo de forma criativa e espontânea, criando um espaço diferenciado de expressão das emoções, dos desejos e dos conflitos e de trocas com o outro e, também de aprendizagem reais. O final desse trabalho aponta para a importância de se realizar um estudo de caso durante um período longo, com a finalidade de se observar na prática pedagógica a melhoria do processo de aprendizagem em alunos/as expostos às atividades lúdicas promovidas em sala de aula. BIBLIOGRAFIA ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação. São Paulo; Moderna, 1996. CELSON, Antunes. Jogo para a estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. MARANHÃO, Diva. Ensinar brincando: a aprendizagem pode ser uma grande brincadeira. Rio de Janeiro: Wak, 2000. MONROE, Paul. História da educação. São Paulo: Nacional, 1978. PLATÖN. Las leyes. México: Porrúa, 1985. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2002. FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MENTRE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA "LATO SENSU" Título do trabalho: Atividade lúdica na educação: possibilidades de aprendizagens significativas. Data da entrega: 28 de julho de 2003 Auto avaliação: Como você avaliaria esse livro? É o resultado de uma procura profissional e de uma reflexão mais aprofundada sobre a atividade lúdica, que na medida que se delineava me fez refletir muito sobre as práticas pedagógicas observadas por mim durante a minha função de professora. Práticas estas, ainda voltadas para a transmissão do conhecimento, realizadas dentro de várias unidades escolares por muitos professores e professoras - inclusive por mim. Tenho convicção que a minha atuação com professora se tornará sensível às questões presente neste trabalho. Espero , ao término deste curso, continuar a dar prosseguimento aos meus estudos acadêmicos. Avaliado por : _______________________________________ Grau ___________. Rio de Janeiro, 28 de junho de 2003 Comprovantes de atividades extra classe.