The Inefficiency of Markets for Provisioning Communication Networks A ineficência do mercado no aprovisionamento de redes de comunicação Pedro M. Ferreira UMIC e IST Marvin Sirbu Carnegie Mellon University Seminários ANACOM, 28/Março/2007 Pergunta de Investigação O aprovisionamento de redes de comunicações por vários operadores sem cooperação resulta em redes mais caras do que aquelas que um único operador poderia construir. Quanto mais? Este custo adicional é pago em parte pelos operadores e em parte pelos utilizadores finais e portanto tem influência no preço dos serviços de telecomnunicações (essas partes definem-se pela elasticidade relativa da oferta e da procura). Exemplo Motivador N condutores desejam comutar da origem para o destino da forma mais rápida possível. Em equilíbrio, 50% dos condutores escolhem o caminho de cima e os outros 50% escolhem o caminho de baixo. d(x)=1[h] Todos os condutores demoram 90 minutos d(x)=x(%)[h ] 50% Origem Destino 50% d(x)=x(%)[h ] d(x)=1[h] Exemplo Motivador Considere a construção, a meio do caminho entre a origem e o destino, de um teletransportador. Em equilíbrio, todos os condutores escolhem utilizar o teletransportador congestionando os seus acessos. d(x)=1[h] Todos os condutores demoram 120 minutos Ineficiência = 33% Braess’ Paradox d(x)=x(%)[h ] d(x)=0[h] Origem 100% d(x)=x(%)[h ] Destino d(x)=1[h] Facto e Objectivo A falta de cooperação entre agentes resulta em ineficiência. Como se caracteriza esta ineficiência no aprovisionamento de redes de comunicação? Nomeadamente, que ineficiências surgem no aprovisionamento para transporte de tráfego IP? Os resultados obtidos aplicam-se sem alterações significativas a outras indústrias organizadas em rede como a energia, gás, água, etc... Preço da Largura de Banda em função da Banda e da Distância Baseado em informação da Telegeography para o mercado de largura de banda entre Janeiro de 1999 e Junho de 2002. Interligação em redes IP: Acordos de Peering ISP’s network ISP’s Customers IBP’s network ISP R EGBP session R IBP IBP’s Customers Interligação em redes IP: Acordos de Peering IBP2’s infrastructure ISP’s premises ISP’s Customers ISP R MEET POINT R IBP3 IBP2’s Customers EGBP sessions R R R R IBP1’s infrastructure IBP1’s Customers IBP3’s infrastructure mesh of EBGP sessions IBP1 R R IBP3 IBP3’s Customers Interligação em redes IP: Acordos de Transit IBP2’s network IBP2 IBP2’s Customers pe eri n g R ISP’s network ISP’s Customers ISP R IBP1’s network R transit R IBP1 EGBP session IBP1’s Customers INTERNET CLOUD R pe IBP3’s network in er g R IBP3 IBP3’s Customers Modelo: “Non-cooperative Game over a Multicommodity Flow Network” Os ISPs entram num jogo. O objectivo de cada ISP é construir a rede mais barata que permite entregar todo o tráfego IP exogenamente definido. Neste jogo, cada ISP pode alugar largura de banda ou estabelecer acordos de interligação para o fazer (preços de transit exogenamente definidos). Assume-se que os equilíbrios de Nash deste jogo caracterizam a topologia das redes resultantes da interacção não cooperativa entre os ISPs. Resultados Preliminares Para quaisquer quantidades de tráfego IP a entregar e para qualquer arranjo dos preços de transit existem sempre redes de Nash. Mesmo nos casos mais simples (com um número reduzido de ISPs e de cidades) o equilíbrio de Nash não é único. Para quaisquer quantidades de tráfego IP a entregar existe sempre pelo menos uma rede óptima, definida como aquela que minimiza os custos de aprovisionamento da rede. Custo da Anarquia Custo da Anarquia: ρ CNash=Custo da rede de Nash (mais cara) CÓptima=Custo da rede óptima ρ=CNash/CÓptima ρ≥1, ρ=1 → Equilíbrio de Nash eficiente Limite Inferior Teórico para o Custo da Anarquia max: 26% high low Interpretação dos Resultados Quando o nível de economias de escala é elevado, os ISPs observam e internalizam os benefícios de agregar tráfego tanto dentro das suas redes como nos acordos de interligação para outros ISPs, o que conduz a valor baixo para o custo da anarquia. Quando o nível de economias de escala é baixo, o custo de aprovisionamento por unidade de largura de banda instalada é sensivelmente o mesmo em toda a rede e não existe portanto benefício imediato por agregar tráfego. Neste caso, uma rede óptima não é, portanto, muito melhor que uma rede de Nash e o valor do custo da anarquia é novamente baixo. Resultados obtidos por Simulação (3 ISPs, 3 fluxos entre 2 cidades) Conclusões Preliminares Um regulador poderá intervir neste mercado para mitigar as fontes de ineficiência. No entanto, encontraria uma série de dificuldades, incluindo: Não se sabe a frequência de ineficiências elevadas. A informação sobre fluxos reais de tráfego é escassa. As acções dos operadores mudam caso estes antecipem as acções do regulador no sentido de minimizar a ineficiência. Nenhum regulador tem jurisdição sobre redes internacionais e seria necessário garantir coordenação entre reguladores. Conclusões Preliminares É portanto possivel que seja melhor deixar “o mercado actuar” e obter uma boa alocação de recursos ainda que não a óptima. Em todo o caso, note-se que o custo da anarquia oferece uma referência para o custo da regulação: O custo da anaquia é o custo social para permitir que vários operadores aprovisionem redes de comunicações competindo para oferecer serviços aos utilizadores finais. Se os ISPs cooperássem era natural que fosse necessário ter regulação nos preços para evitar abuso de poder de mercado. Se tal regulação custar mais do que o custo da anarquia, então é melhor deixar vários ISPs competir mesmo que tal resulte em redes mais caras (do ponto de vista de aprovisionamento). Considerações Adicionais O aprovisionamento de redes de comunicações exibe economias de escala. Com menos operadores a aprovisionar redes beneficia-se deste efeito. Com mais operadores a fornecer serviço beneficia-se dos efeitos da competição entre eles. Duas forças motrizes exibem portanto comportamentos “competitivos”: poder de mercado vs. economias de escala. Qual destes efeitos é mais forte? Qual o número de operadores no mercado que maximiza o bem-estar total (lucro dos operadores + utilidade dos consumidores)? Eficiência do equilíbrio de Nash (assumindo n operadores semelhantes) α=[∂2C/∂q2]/[∂p/∂q]: poder relativo do nível de economias face à forma como a vontade de comprar dos consumidores muda com alterações no preço do serviço Número óptimo de operadores similares no mercado O bem estar total é maximizado por apenas 1 operador se α>0.52; por 2 operadores se 0.39<α<0.52; etc... Conclusões O custo da anarquia oferece um “benchmark” para o custo de regulação que vise minimizar as ineficiências no aprovisionamento de redes de comunicação que advêm da falta de cooperação entre operadores. O custo da anarquia é baixo quando o nível de economias de escala no aprovisionamento de largura de banda é alto ou baixo, mas pode ser significativo para níveis de economias de escala intermédios. Ainda assim, é extremamente difícil para o regulador actuar neste mercado, sendo preferível deixar o mercado actuar, incentivando nomeadamente a competição entre operadores na oferta de serviços aos utilizadores finais. Conclusões Quando poucos operadores aprovisionam redes de comunicações beneficia-se dos efeitos de economias de escala. Quando muitos operadores oferecem serviços de comunicações beneficia-se dos efeitos de competição. Duas forças motrizes, poder de mercado e economias de escala, têm portanto efeitos contrários, sendo possível definir o número de operadores no mercado que maximiza o bem-estar total. O efeito benéfico das economias de escalas é significativo, sugerindo a necessidade de investigação sobre mecanismos inovadores que incentivem a sua partilha entre operadores e utilizadores. Agradecimentos Engineering Systems Division Massachusetts Institute of Technology Engineering and Public Policy Department Carnegie Mellon University School of Information Management and Systems University of California at Berkeley Center for Innovation Technology and Policy Research Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa Fundação para a Ciência e Tecnologia Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Contacto: [email protected] Obrigado pela vossa atenção!