A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike 2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA BICICLETA Os veículos a tração muscular já existiam desde o século IV antes de Cristo. Alguns construtores do Rei Felipe da Macedônia inventaram as chamadas heliópolis (Fig. 1.2), poderosas máquinas de guerra movidas à força muscular pelos que estavam dentro . FIGURA 1.2 - Heliópolis (RAUCK, 1981) Não se sabe ao certo a data de nascimento da bicicleta e nem o seu inventor: uns dizem que foi criada por Leonardo Da Vinci, outros pelo Conde Sirvac, temos também sua representação nos baixo-relevos do Egito e da Babilônia e em afrescos de Pompéia. Mas um fato que ninguém pode negar é que foi criada e hoje é um dos meios de transporte mais eficientes do mundo no que diz respeito à utilização da propulsão humana e na diminuição dos índices de poluição. Considerando o vasto número de informações suzi mariño pequini USP 2000 2.1 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike encontradas, cada uma com uma referência, tomaremos como base os dados apresentados por ALVES (1972), RUACK (1981), BUSTO (1989) e SILVA (1992), por apresentarem maior coerência entre si. Em 1790, após uma série de estudos, o Conde Sirvac inventou o celerífero, como o chamava, que significa velocidade, marcha, ou cavalo de duas rodas (Figs. 2.2 e 3.2), nos conta ALVES (1972), dizendo que parece ter sido nesta data o começo da história do ciclismo. FIGURA 2.2 – Celerífero (PROSPECTO DE DIVULGAÇÃO) FIGURA 3.2- Detalhe do Celerífero (PROSPECTO DE DIVULGAÇÃO) suzi mariño pequini USP 2000 2.2 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike Este invento era bastante rude, composto por uma trave de madeira prolongada por uma cabeça de animal e colocada sobre duas rodas, também de madeira, uma atrás da outra, com direção fixa. A arrancada era dada com os pés firmes no chão os quais o impulsionavam com a ajuda de alguém que o empurrasse pois não tinha tração na roda como as de hoje. O modo de mover-se era muito simples. Era necessário apenas correr a grandes passadas e com isso alcançava-se velocidade média de oito ou nove quilômetros por hora. Não devia ser nada cômodo, pois os impactos sofridos pelo celerífero abalavam diretamente o motorista por falta de um amortecimento. Mas o seu maior problema era o fato de não ser dirigível, o que o tornava inviável como meio de transporte. Pode-se imaginar a dificuldade que se tinha para conduzir um celerífero, devido ao fato de que, em alta velocidade, era praticamente impossível guiá-lo numa curva, o que se conseguia fazendo uso da força bruta, esmurrando a cabeça do invento. Alguns autores atribuem a Sirvac a criação da bicicleta, mas, como já foi dito, esta criação até hoje ainda é imprecisa. Além de Leonardo Da Vinci, também é atribuído este mesmo invento ao povo alemão pois, segundo dados da bibliografia internacional, existiram dois exemplos dessas peças até o final do século XIX no Germaniches National Museum de Nuremberg. O Conde Sirvac apresentou seu invento na França onde desfilou nos jardins do Palácio de Versailles. Seu aperfeiçoamento deu-se a partir da criação da drasiana (Fig. 4.2) pelo Barão Karl Drais von Sauerbronn, em 1816, quando ele acrescentou molas ao assento e o guidão. É considerada a primeira pedicleta dirigível que foi criada em madeira. Drais, animado com o seu invento, resolve viajar para Viena. Foi um sucesso perante o famoso congresso daquele local, porém não foi total pois ele não encontrou nenhum comprador apesar do sucesso. Ele tinha consciência dos defeitos do seu invento, o que o deixou ainda mais triste. suzi mariño pequini USP 2000 2.3 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 4.2 – Drasiana do Barão Von Drais (PROSPECTO DE DIVULGAÇÃO) Drais requereu em seu país, Baden, a patente do seu invento, mas a petição lhe foi negada sob a alegação de que não foi encontrada nenhuma utilidade digna de menção, pelo fato de todos que têm pés podem utilizá-los suzi mariño pequini USP 2000 2.4 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike da forma mais natural para deslocar-se de um lugar para outro. Alegaram que uma máquina assim só seria útil para pessoas deficientes físicas, que não têm pés, e então deveriam poder impulsionar com as mãos. Apesar do fracasso, Drais tinha esperança de fazer negócios, oferecia acessórios de luxo para o público refinado, viagens de prova e fazia referências desse veículo como meio de manter a forma física e para o lazer, unindo, ao mesmo tempo, o lazer e a saúde, ressaltando que se poderia fazer muito exercício em pouco tempo e com pouco esforço. Em 1818, Drais conseguiu a patente do seu veículo por dez anos. O fato de ser dirigível transformou-a em um grande meio de transporte, pois, com a direção, tornava-se fácil conduzi-la e manter o equilíbrio. Em 1817, percorreu 50 quilômetros em uma hora, trajeto que o correio da época levava quatro horas para percorrer. A partir daí, a imprensa começou a divulgá-lo alegando que era uma das novidades mais importantes no campo das ciências mecânicas o que o fez conhecido por toda a Alemanha. Drais tentou montar sua própria fábrica, mas os fornecedores deramlhe um golpe, levando todo dinheiro que tinha e a tão sonhada fábrica nunca abriu as portas. Por outro lado, seus maiores compradores quebraram e o correio, que era um deles, proibiu seus mensageiros de usar as drasianas pois o gasto com sola de sapato era muito grande. Em outubro de 1817, Georg von Reichenbach, engenheiro da corte de Maiz, criou um veículo com os mesmos princípios da drasiana, porém com um centro de gravidade bem mais baixo devido ao fato de que a barra que servia de trave e assento estava muito baixa, tinha um assento acolchoado que podia subir e descer para acomodar os diversos tamanhos de usuários. A roda traseira se movia dentro de um garfo e o garfo dianteiro era arqueado (Fig. 5.2). Apareceram de 1817 a 1819 mais três mecânicos cujos inventos são registrados nas Figuras 6.2 e 7.2. suzi mariño pequini USP 2000 2.5 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike Em 1820, um mecânico de Munique construiu drasianas com parte em ferro (Fig. 8.2). Lembrando os celeríferos, apareceram na França veículos com cabeças de animais (Fig. 9.2). FIGURA 5.2 - Drasiana de George von Reichenblank 1817 (RAUCK, 1981) FIGURA 6.2 - Drasiana 1817 (RAUCK, 1981) suzi mariño pequini FIGURA 7.2 - Drasiana 1819 (RAUCK, 1981) USP 2000 2.6 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 8.2 - Drasiana 1820 (RAUCK, 1981) Os ingleses chamaram as drasianas de Hobby-Horse, pois esta tinha se tornado seu hobby preferido. Denis Johnson, possuidor da patente da drasiana, lança no mercado estes veículos com raios de madeira e aros recobertos com ferro, estreitas para pista e largas para os terrenos arenosos. Em 1819, ele lança a bicicleta para damas, que tinha armação de madeira recoberta por ferro muito curvada para baixar de maneira que as damas não tivessem problemas com as saias longas e fartas (Fig. 10.2). Uma bicicleta com uma estrutura muito pensada chamada de Bicicleta de Kassler (Fig. 11.2), encontra-se no Deutsches Museum de Munich. Foi um invento mais veloz que os outros pelo fato de ter uma estrutura com o suzi mariño pequini USP 2000 2.7 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike centro de gravidade mais baixo e as rodas maiores, mas se desconhece a origem desta bicicleta. FIGURA .9.2.- Celerífero que aparece na França em 1820 (RAUCK, 1981) suzi mariño pequini USP 2000 2.8 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 10.2 - Drasiana para damas (RAUCK, 1981) Outro estranho invento encontra-se no museu municipal de Bunzlau na Baixa Silesia (Fig. 12.2). Falta o típico guidão das drasianas, não se tendo documentos fidedignos sobre sua procedência, nem sobre o inventor e a data da sua construção. FIGURA. 11.2 - Drasiana de Kasseler. (RAUCK, 1981) suzi mariño pequini USP 2000 2.9 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA. 12.2 - Drasiana sem guidão. (RAUCK, 1981) Apesar de tantos inventos, todos os autores são unânimes em afirmar que Drais é o inventor da bicicleta dirigível, ficando conhecido como “pai espiritual da bicicleta”. As bicicletas foram evoluindo em sua forma de dirigir, assentos reguláveis e outros acessórios, porém faltava ainda a criação de um mecanismo de propulsão que não fosse através do contato dos pés com o chão. Perguntavam ao Barão Drais porque ele não havia construído as bicicletas que fossem impulsionadas com manivelas, mecanismo já utilizado desde os séculos passados nos coches de tração muscular. Ele defendia seu sistema de impulsão direta contra o solo alegando que nós temos mais força nas pernas que nos braços. Já havia estudos a este respeito desde 1817, porém tudo muito complicado e nada realizável. Este mecanismo foi estudado pelo mecânico Neremberg Johan Carl Siegismund Bauer (Fig. 13.2). Não tardou muito e, em 1821, o inglês Lewis Compertz deu uma solução, mas que ainda consumia muita energia (Fig. 14.2). Acoplou a uma drasiana um mecanismo composto por uma manivela e uma roda dentada que impulsionava a roda dianteira. suzi mariño pequini USP 2000 2.10 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 13.2 - Drasiana com mecanismo de propulsão de Nerembereg Bauer (RAUCK, 1981) FIGURA 14.2 - Bicicleta de Compertz com manivela e roda dentada (RAUCK, 1981) Em 1838, Kirkpark McMillan, ferreiro escocês, aclopou elementos ao eixo da roda traseira a qual, por meio de duas manivelas, se acionava com dois pedais unidos à parte dianteira do quadro e, pela primeira vez, torna-se realidade a tração da roda traseira, mecanismo utilizado até hoje (Fig. 15.2). suzi mariño pequini USP 2000 2.11 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike Depois de um espaço de quinze anos, em 1853, o alemão Philip Moritz Ficher montou um par de manivelas à roda dianteira de uma drasiana e aros metálicos a ambas as rodas, transformando-a assim numa bicicleta (Fig. 16.2). Apesar do sucesso, este invento não influenciou no desenvolvimento da bicicleta. FIGURA 15.2 – Drasiana com tração na roda traseira de Mc Millan (RAUCK, 1981) FIGURA 16.2 – Drasiana de Philip Moritz com manivela na roda dianteira e aros metálicos (RAUCK, 1981) suzi mariño pequini USP 2000 2.12 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike No ano de 1861, Pierre Michaux, um construtor de carruagem, recebeu uma velha drasiana para que fosse concertada. Seu filho Ernest usou-a, e percebendo a dificuldade que era para impulsioná-la, Michaux colocou dois pedais facilitando sua impulsão (Fig. 17.2). Fez os croquis dos pedais e seu filho os construiu, depois passou a construí-los em série. Em 1869, já possuía uma produção de 200 peças diárias e, neste mesmo ano, foi realizada a primeira prova de ciclismo. As primeiras manivelas e bicicletas ainda eram construídas de madeira mas as michaulinas (Figs. 18.2 e 19.2) eram construídas com quadros em ferro. A grossa roda de madeira foi trocada por uma roda de ferro. FIGURA 17.2 - Drasiana com pedais (PRIDMORE, 1995) suzi mariño pequini USP 2000 2.13 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 18.2 - Michaulina construída em ferro (PROSPECTO DE DIVULGAÇÃO) suzi mariño pequini USP 2000 2.14 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 19.2 - Detalhe da Michaulina construída em ferro (PROSPECTO DE DIVULGAÇÃO) Aparecem as Lallemente (Figs. 20.2 e 21.2), construídas por Pierre Lallemente em Paris, que logo consegue patente americana. Não teve êxito comercial como esperava. Havia outras bicicletas com manivelas acopladas à roda dianteira, porém não se sabe ao certo se foram inventadas ou copiadas, como é o caso de uma bicicleta construída em 1844 por Gattilieb Mylius e seu filho Heinrich von Mylius (Fig. 22.2). Há uma outra bicicleta italiana que se encontra no Museu Nacional da Ciência e Tecnologia Leonardo Da Vinci, em Milão, cuja construção se atribui de 1855, o que é improvável devido ao fato de seu assento possuir molas de lâminas, que não era característica da época. suzi mariño pequini USP 2000 2.15 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 20.2 - Drasiana de Lallemente I (PRIDMORE, 1995) FIGURA 21.2 – Drasiana de Lallemente II (RAUCK, 1981) suzi mariño pequini USP 2000 2.16 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 22.2 – Drasiana de Mylius (RAUCK, 1981) James Starley inventou os raios e Jules Truffant escavou o aro da roda , cobrindo-o de borracha. Robert Thompson, em 1815, requereu a patente para o tubo de borracha. O escocês Thomas McCall equipou a bicicleta de McMillan com freios. Surge na Itália, em 1868, um modelo bastante delicado desse estilo de bicicleta. Em Nova York, dois americanos deram continuidade às bicicletas do tipo Mc Millan (Fig. 23.2). Surgem em 1869 os modelos de bicicletas com tração traseira construídas por Trefz, um professor de Stuttgart, modernizando definitivamente a técnica de tração com pedal. Ele substituiu o pedal oscilante, criado por McMillan por um pedal com manivela através de varas (Fig. 24.2). suzi mariño pequini USP 2000 2.17 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 24.2 - Bicicleta tipo McMillan de tração com pedal (RAUCK, 1981) FIGURA 23.2 - Bicicleta tipo Mc Millan (RAUCK, 1981) suzi mariño pequini USP 2000 2.18 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 25.2 - Primeira bicicleta com tração por corrente contínua de transmissão (RAUCK, 1981) Nesse mesmo ano, Michaux constrói, em Paris, uma grande fábrica de bicicletas. Mas o descobrimento mais significativo deste ano foi relativo a Guilmet-Meyer com a criação da tração não mais sobre a roda traseira, mas, pela primeira vez, por meio de uma corrente continua de transmissão, que se tornou antecessora imediata das bicicletas atuais (Fig. 25.2). As bicicletas de roda dianteira maior que a roda traseira (Fig. 26.2) eram muito perigosas devido à parte dianteira ser bem mais pesada que a traseira o que provocava o seu capotamento facilmente. Estas rodas cresceram pelo fato de que quanto maiores fossem, mais velocidade se conseguia, isso passou a ser sinônimo de status pois, quanto mais alto estivesse o motorista, mais distante dos outros ficava. Eram tão perigosas que foi criado um dispositivo para que o guidão se soltasse facilmente caso ela capotasse, não deixando o ciclista preso nele. Elas chagaram a ter rodas de um metro e meio de diâmetro. suzi mariño pequini USP 2000 2.19 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike As firmas Singer & Co., Hilman e Herbert & Cooper produziram, em 1884, na cidade de Coventry a bicicleta de segurança chamada kangaroo (Fig. 27.2), ou seja, canguru, que possuía, para evitar as perigosas capotagens, novamente uma roda dianteira menor. Em 1887, John Bloyd Dunlop descobre o pneu a ar, embora seja verdade que Robert Thompson havia descoberto este recurso desde 1845, mas caiu no esquecimento e provavelmente Dunlop nada sabia desse primeiro invento. A Fire Fly, da firma Cycle Co., foi uma das primeiras bicicletas equipadas em série com pneus a ar. Esse tubo era, porém, muito rudimentar, pois quando estourava ou furava, eram gastas várias horas para o seu reparo. Os irmãos Michelin estudaram durante dois anos a possibilidade de um pneu removível. Obtiveram pleno êxito, mas somente eles acreditaram neste invento. Em 1891, Charles Terront venceu a prova Paris-Brest, mesmo depois de ter furado o pneu cinco vezes, com uma vantagem de oito horas sobre o segundo colocado, que correu com rolos de borracha. A popularidade que a bicicleta consegue com este invento é enorme, já existindo cinco mil ciclistas, em 1890, somente na França. Dez anos depois, este número já era de dez milhões. Suas qualidades como meio de transporte econômico e de fácil armazenamento são descobertas e com isso vem o seu sucesso, tornando-se também um esporte mais acessível que os outros, pela facilidade de treinamento e aquisição de equipamentos. Foi utilizada durante a Segunda Guerra pelas unidades de infantaria da Itália, França e, logo também, pela Holanda, Bélgica e Espanha como meio de transporte, sendo então criada a bicicleta dobrável, que os soldados carregavam nas costas como mochilas (Fig. 28.2) suzi mariño pequini USP 2000 2.20 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 26.2 - Bicicletas com roda dianteira maior que a roda traseira (RAUCK, 1981) suzi mariño pequini USP 2000 2.21 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 27.2 - Bicicleta Kangaroo (PRIDMORE, 1995) suzi mariño pequini USP 2000 2.22 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 28.2 - Bicicleta dobrável (prospecto de divulgação) Humber desenvolve o quadro pentagonal ou trapezoidal no ano de 1890, que se manteve na sua forma básica até os dias de hoje. E Rupalley, engenheiro parisiense, fabrica em 1895, uma bicicleta de alumínio com apenas 20, libras contra as construídas na época em aço 60 e com libras. Ernest Sachs cria, em 1903, o famoso cubo torpedo, com roda livre e freio a contrapedal. A Reynolds, em Birmingham, desenvolve o tubo de aço sem costura, reforçado nas extremidades. John Starley termina a era das bicicletas altas, lançando a sua bicicleta Rover III, com quadro trapezoidal curvado, rodas com raios tangenciais de tamanho quase iguais e transmissão por corrente para a roda traseira (Fig. 29.2). suzi mariño pequini USP 2000 2.23 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 29.2 - Bicicleta Rover III (PRIDMORE, 1995) A partir daí, foram inúmeras as inovações com o sucesso da BMX nos anos 70 (Fig. 30.2), da Mountain Bike nos anos 80 (Fig. 31.2), até chegarmos aos dias atuais, com o exemplar dos anos 90 da Multi Sport Zipp-Speed, considerada a bicicleta mais aerodinâmica já projetada até hoje (Fig. 32.2). Foi criada uma série de acessórios que tornaram a bicicleta mais ágil e confortável, como suspensão, freios a disco e até hidráulicos, pneus adequados a cada tipo de terreno, selins mais anatômicos, câmbio de marchas, materiais mais leves, vários estilos de bicicletas específicas para cada atividade, inovações que poderemos ver no Capítulo 4, que trata de sua morfologia. suzi mariño pequini USP 2000 2.24 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 30.2 – BMX (PRIDMORE, 1995) FIGURA 31.2 – Mountain Bike (BICI SPORT, 1999) E as inovações continuam, surgindo os modelos que buscam uma posição confortável e fogem à forma tradicional em que o ciclista permanece com o tronco apoiado, porém ainda não conhecidas pela maioria, embora também sem aceitação pelos que a conhecem (Figs. 33.2, 34.2 e 35.2). suzi mariño pequini USP 2000 2.25 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 32.2 – Bicicleta Speed Zipp 2001, da Multi Sport Zipp-Speed (PRIDMORE, 1995) FIGURA 33.2 – Bicicleta Easy Racer, projetada por Gardner Martin na California (PRIDMORE, 1995) suzi mariño pequini USP 2000 2.26 A evolução tecnológica da bicicleta e suas implicações ergonômicas para a máquina humana: problemas da coluna vertebral x bicicletas dos tipos Speed e Mountain Bike FIGURA 34.2 – Bicicleta Epicycle, projetada por Michael Stapleton em Chicago (PRIDMORE, 1995) FIGURA 35.2 – Bicicleta produzida pela Vision Recumbent Advanced Transportation Product (PRIDMORE, 1995) suzi mariño pequini USP 2000 2.27