Universidade Federal de Pelotas Cálculo com Geometria Analítica I Profa: Msc. Merhy Heli Rodrigues Aplicações da Derivada 1) Velocidade e Aceleração 1.1 Velocidade Suponhamos que um corpo se move em linha reta e que móvel até o instante . Então, no intervalo de tempo entre e represente o espaço percorrido pelo , o corpo sofre um deslocamento. . Definimos a velocidade média nesse intervalo de tempo como o quociente , isto é, a velocidade média é o quociente do espaço percorrido pelo tempo gasto em percorrê-lo. De forma geral, a velocidade média nada nos diz sobre a velocidade do corpo no instante . Para obtermos a velocidade instantânea do corpo no instante , calculamos sua velocidade média em instantes de tempo cada vez menores. A velocidade instantânea, ou velocidade no instante , é o limite das velocidades médias quando se aproxima de zero. Isto é, Esse limite é a derivada da função em relação a , portanto: 1.2 Aceleração O conceito de aceleração é introduzido de forma análoga ao de velocidade. A aceleração média no intervalo de tempo t até é dada por quociente Observa-se que ela mede a variação da velocidade do corpo por unidade de tempo no intervalo de tempo . Para obtermos a aceleração do corpo no instante t, tomamos sua aceleração média em intervalo de tempo cada vez menores. A aceleração instantânea é o limite . Logo, a derivada da velocidade nos dá a aceleração. Como , temos um corpo inicia um movimento em linha reta. Sua posição no instante é dada . Exemplo: No instante por . Determinar: a) a velocidade média do corpo no intervalo de tempo [2, 4]; b) a velocidade do corpo no instante ; , no instante , a velocidade é c) a aceleração média no intervalo [0, 4]; Como , temos 2) Taxa de variação Quando um corpo se move em linha reta de acordo com a equação do movimento velocidade é dada por a sua . A velocidade representa a razão de variação do deslocamento por unidade de variação do tempo. Assim, a derivada é a taxa de variação da função por unidade de variação . O mesmo ocorre com a aceleração que é dada por da velocidade . Ela representa a razão de variação por unidade de variação do tempo . Toda derivada pode ser interpretada como uma taxa de variação. Dada uma função quando a variável independente varia de . O quociente a , a correspondente variação de representa a taxa média de variação de A derivada será em relação a . , é a taxa instantânea de variação ou simplesmente taxa de variação de y em relação a x. A interpretação da derivada como uma razão de variação tem aplicações práticas nas mais diversas ciências. Exemplo: Sabemos que a área de um quadrado é em função de seu lado. Determinar: a) a taxa de variação média da área de um quadrado em relação ao lado quando este varia de 2,5 a 3 m; Sejam a área do quadrado e seu lado. Sabe-se que b) a taxa de variação da área em relação ao lado quando este mede 4 m. Quando Portanto, quando comprimento do lado. , temos: , a taxa de variação da área do quadrado será de por variação de 1 metro no 3) Máximos e Mínimos A figura abaixo mostra o gráfico de uma função y = f (x), onde estão assinalados os pontos de abscissas . Esses pontos são chamados pontos extremos da função. Os pontos relativos (ou local), enquanto que e e são pontos de máximo e f(x3) são valores máximos relativos. Os pontos são chamados pontos de mínimo relativos (ou local), enquanto que e mínimos relativos. Além disso, observamos que f é crescente para decrescente para )e são os valores e e . Uma função definida em um dado intervalo pode admitir diversos extremos relativos. O maior valor da função neste intervalo é chamado máximo absoluto e o menor valor, mínimo absoluto. Definição: Um ponto k D( f ) tal que f´(k) = 0 ou f´(k) não existe é chamado de ponto crítico de f, logo os possíveis pontos de máximos e mínimos é dado em 3.1 Procedimento para encontrar extremos absolutos . Exemplo: Encontre, caso exista, os extremos absolutos no intervalo (-1, 5) da função: . 3.2 Procedimento para encontrar Extremos Relativos (O Teste da Primeira Derivada) Seja f uma função contínua num intervalo fechado [a,b] que possui derivada em todo ponto do intervalo (a,b), exceto possivelmente num ponto k: 1º) Determine os pontos críticos de . 2º) Determine o sinal de a) Se à esquerda e à direita de cada ponto crítico. para todo x < k e outras palavras, se crítico muda o sinal de positivo para negativo quando nos movemos através do ponto , então b) Se para todo x > k, então f tem um máximo relativo em k, em tem um máximo relativo em k. para todo x < k e outras palavras, se crítico muda o sinal de negativo para positivo quando nos movemos através do ponto , então c) Se para todo x > k, então f tem um mínimo relativo em k, em tem um mínimo relativo em k. não muda de sinal quando nos movemos através do ponto crítico , então não é um extremo relativo. Exemplo: Encontre os máximos e mínimos relativos da função Solução: A derivada de de , é e é contínua em toda parte. Os zeros e são os únicos pontos críticos da função . O diagrama de sinais de é mostrada na figura abaixo. Examine os dois pontos críticos e para um extremo relativo usando o teste da Uma vez que a função muda o sinal de positivo para negativo quando primeira derivada e o diagrama de sinais para 1º) O ponto crítico passamos por : da esquerda para direita, concluímos que um máximo relativo de . O valor de 2º) O ponto crítico esquerda para direita; logo, quando : 2é ocorre em . muda de sinal de negativo para positivo quando passamos por é um mínimo relativo de . da 3.3 Procedimento para encontrar Extremos Relativos (O Teste da Segunda Derivada) Seja f uma função derivável num intervalo (a,b) e k um ponto crítico de f neste intervalo, isto é, . Então: a) tem um máximo relativo em k; b) tem um mínimo relativo em k. Exemplo: Determine os extremos da função f (x) = , usando o teste da segunda derivada. . Os pontos críticos de f são , logo . é ponto de máximo relativo. , logo é ponto de mínimo relativo. , logo é ponto de mínimo relativo. 4. Teorema de Rolle Seja f uma função tal que: i) contínua num intervalo fechado [a,b]; ii) derivável no intervalo aberto (a,b); iii) . Então existe um número c em (a,b) tal que Exemplo: Dada . , comprove que as condições das hipóteses do Teorema de Rolle estão satisfeitas em cada um dos seguintes intervalos: . Solução: Como existe para todos os valores de, f é derivável em . Assim, as condições (i) e (ii) do Teorema de Rolle são válidas em qualquer intervalo. Para determinar em quais intervalos a condição (iii) se verifica, encontra-se os valores de x para os quais . Se . Como e em . o teorema é válido em . Analogamente, o teorema de Rolle é válido Para encontrar os valores adequados de c, equacionamos Portanto no intervalo , obtendo: , uma escolha adequada para c é enquanto no intervalo . No intervalo temos duas possibilidades para c: tomamos , . 5. Teorema do Valor Médio Seja f contínua em [a, b] e derivável em (a, b). Então existe um número c no intervalo (a, b) tal que: Geometricamente, o teorema estabelece que existe pelo menos um ponto c entre a e b, tal que a reta tangente é paralela a reta que passa pelos pontos Exemplo: Seja Solução: definida no intervalo e Vamos calcular e . . Calcular o valor de c que o TVM garante existir. e , assim: e Como , temos: é contínua para todo x , existe em e para Portanto, o valor de c que o TVM garante existir em vale 1. 6. Regra de L’Hospital A Regra de L’Hospital é uma outra aplicação das derivadas, que consiste num modo bastante útil de calcular limites de formas indeterminadas. Permite-nos levantar indeterminações do tipo e . Se o Exemplos: a) b) c) d) e) f) g) h) i) ou então calcule e logo .