BIOTECNOLOGIA, SEGURANÇA ALIMENTAR, COMÉRCIO E AMBIENTE Uma Síntese de Questões com Impacto sobre os Direitos dos Consumidores em África Compilado para Consumers International por Chiedza Muchopa1, Mabel Munyuki-Hungwe and Prosper B Matondi2 ABRIL, 2006 1 Investigador e Docente em Economia Agrícola, Universidade do Zimbabwe, [email protected] Investigadores do Centro para o Desenvolvimento Rural, 42 Mt Pleasant Drive, Harare, Zimbabwe, [email protected] 2 Abreviações e Acrónimos AIA UA CI EG MG OGMs DPI SPS OTC ADPIC UNEP/GEF USAID OMC Advance Informed Agreement União Africana Consumers International Engenharia Genética Modificado Geneticamente Organismos Geneticamente Modificados Direitos de Propriedade Intelectual Medidas Sanitárias e Fitossanitárias Obstáculos Técnicos ao Comércio Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados com o Comércio United Nations Environment Programme/Global Environmental Facility Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional Organização Mundial do Comércio 2 Índice Abreviações e Acrónimos ................................................................................................... 2 Sumário ............................................................................................................................... 4 1. Introdução e Resumo ...................................................................................................... 4 2. Desenvolvimentos actuais dos OGMs e Intervenções em África .................................. 6 3. Corresponder às Necessidades dos Consumidores - Segurança Alimentar, Políticas, Enquadramentos / Mecanismos Reguladores e Iniciativas ................................................. 8 3.1 Segurança Alimentar ................................................................................................. 8 3.2 Políticas e Enquadramentos/Mecanismos Reguladores .......................................... 10 3.3 Iniciativas Anti-GM ................................................................................................ 12 4. Questões de Comércio Internacional Relacionadas com o Debate sobre OGMs ......... 14 5. Impactos Ambientais de Intervenções de OGMs e Consequências para os Consumidores Africanos ................................................................................................... 17 5.1 A biodiversidade em África .................................................................................... 18 5.2 Conhecimento indígena e direitos de propriedade intelectual ................................ 22 5.3 Internacionalização desleal de mercados de sementes............................................ 23 5.4 Direitos e protecção de consumidores e agricultores .............................................. 23 6. Opções Disponíveis para Melhorar a Segurança Alimentar ......................................... 25 8. Recomendações sobre Novas Acções para a Protecção dos Consumidores ................. 27 9. Apêndices ...................................................................................................................... 28 Lista de Tabelas Tabela 1: A investigação dos OGMs por parte do Sector Público na África .................... 8 Tabela 2: Acordos Comerciais Internacionais: Implicações para os OGMs .................... 15 Tabela 3: Impactos Ambientais Potenciais de OGMs e suas Consequências para os Consumidores ........................................................................................................... 24 3 Sumário A controvérsia em volta dos OGMs intensificou-se em África depois da seca sentida nos anos 2002/3 num número considerável de países do sul de África. Este documento de síntese é baseado em dois textos produzidos para a CI-ACCRA intitulados "Biotecnologia, Segurança Alimentar e Comércio Internacional na África" e "Impactos Ambientais e Socioeconômicos dos OGMs em África". Esta síntese fornece um resumo dos desenvolvimentos e intervenções ocorridos em África em matéria de OGMs e das estruturas reguladoras em vigor para regulamentar a introdução e o comércio internacional de OGMs. Os impactos ambientais e socioeconómicos das intervenções dos OGMs e os consequentes impactos sobre os consumidores também se encontram revistos. A síntese conclui apresentando as opções possíveis que podem ser utilizadas para melhorar a segurança alimentar e aumentar a confiança dos consumidores africanos nos OGMs. 1. Introdução e Resumo O impacto dos Organismos Geneticamente Modificados3 (OGMs) nos consumidores africanos está a ser objecto de um extenso debate. Perspectivas fortes estão sendo expressas pró e contra a utilização de OGMs. A engenharia genética (EG) está sendo utilizada por companhias de biotecnologia quem, em muitos casos, foram acusadas de estarem exclusivamente interessadas no potencial lucro prometido por essas tecnologias e na partilha das suas quotas de mercado por patentes e privilégios. Consequentemente, a utilização da EG resultou num número crescente de variedades de cultura. Contudo, as novas variedades podem não ser úteis para a melhoraria da situação na segurança alimentar nas comunidades africanas e indígenas locais como vários investigadores mostraram no estado actual da investigação. O estudo, feito por DeGrassi (2003) e intitulado "Colheitas Geneticamente Modificadas e Alívio Sustentável da Pobreza na África Sub-Sahariana: uma Avaliação das Provas Actuais" demonstrou a irrelevância dos 3 Um OGM é definido como um organismo no qual o material genético foi alterado por um caminho que não ocorre naturalmente. 4 OGMs no alívio da pobreza na África Sub-Sahariana. Enquanto existem elogios acerca dos supostos grandes benefícios das culturas GM na África, a realidade mostra que estes elogios não se justificam. Os defensores da tecnologia dos OGMs, por seu lado, argumentam que os OGMs são a resposta para a segurança alimentar em África. As organizações de consumidores e vários grupos contra os OGMs exprimiram as suas preocupações no que concerne à segurança dos OGMs enquanto alimentos e o seu impacto no ambiente que consequentemente debilitam a segurança alimentar. Os debates também se intensificaram devido a receios sobre contaminação genética das variedades tradicionais, sobretudo em países em desenvolvimento onde podem surgir, pela polinização cruzada, misturas com lotes de sementes GM ou pela introdução ilegal de sementes. O número de casos de OGMs que são introduzidos sem a autorização de um determinado país em desenvolvimento tem vindo estado a aumentar. Apesar do debate fervoroso sobre os efeitos perigosos dos OGMs, muitos consumidores continuam a ingerir alimentos baseados em OGMs e a maior parte com total desconhecimento. Alguns OGMs são consumidos como ajuda alimentar e, como resultado, o conceito da ajuda alimentar para o reduzir a fome tornouse agora controverso. Durante a seca 2002/3, a Zâmbia rejeitou o milho GM porque a informação sobre os possíveis riscos desse consumo para a saúde era insuficiente. Os momentos, os motivos dos patrocinadores e até o conteúdo da ajuda alimentar, estão sendo postos em causa por todos. As discussões sobre questões de segurança dos alimentos GM também levantaram questões sobre a eficácia dos mecanismos reguladores da biotecnologia e biosegurança na maior parte dos países africanos. Vários analistas criticaram as regras comerciais internacionais que, segundo estes e na maior parte dos casos, favorecem as companhias de biotecnologia que introduziram OGMs em África. Como DeGrassi (2003) e Mathews (2003) observaram, os projectos piloto de biotecnologia na África do Sul (algodão), do milho e da batata doce no Quénia, demonstraram que os benefícios da tecnologia são muito mais reduzidos do que os custos. Também, mostraram que a reprodução convencional ou a agro-ecologia se baseiam em técnicas que necessitam investimentos muito mais baixos. 5 2. Desenvolvimentos actuais dos OGMs e Intervenções em África A agricultura africana enfrentou inúmeros desafios no passado, baseados na incapacidade dos governos em alimentar a sua própria população. As grandes secas sofridas na década de 80, foram resumidas pelos meios de comunicação com a descrição da fome na Etiópia, e em 2005 no Níger, obrigaram a pensar sobre a natureza da crise na agricultura africana, mais especificamente quanto ao problema da fome e como lhe responder. Ao longo da década de 90 e desde 2000, várias partes de África sofreram secas e inundações acompanhadas pela fome com proporções intensas. Para além de solicitar ajuda alimentar internacional, os governos de África não conseguiram encontrar formas alternativas e a nível local para resolver o problema da fome. Contudo, a fome na África coincidiu com melhorias científicas nas culturas e na criação de gado baseada na reprodução convencional e que conduziram em direcção às biotecnologias ou, aquilo que é vulgarmente conhecido por Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). Dado as dificuldades na produção agrícola e no desenvolvimento sustentável em África, os organismos geneticamente modificados foram comercializados como sendo um modo alternativo de alimentar a população com fome em África.4 Desde 1996 quase 250 milhões de hectares de culturas GM foram cultivadas, em 16 países do mundo inteiro e por seis milhões de agricultores. O foco principal da pesquisa transgénica foi centrado na soja, no milho e no algodão. Dos três tipos de cultura, o milho é o alimento mais importante em grande parte da África. Enquanto as empresas em posição dominante nas biotecnologias estão empurrando cada vez mais os produtos de engenharia genética para o mercado, não podemos deixar de nos questionar se a pesquisa de OGMs é direccionada para a protecção e melhoria das culturas ou para a venda de herbicidas que, considerando especialmente alguns traços mais comuns (tolerância ao herbicida, resistência aos insecto (bt), tolerância de Bt/herbicida, resistência aos vírus), constitui a grande parte da investigação desenvolvida 4 Odame, H. Kameri-Mbote P. and Wafula, D., 2001. Innovation and policy process: the case of transgenic sweetpotato in Kenya, Institute of Social Studies, the Hague, the Netherlands. 6 Em África, as culturas de OGMs foram primeiro implementadas na África do Sul em 1997/98 e actualmente este é o único país na África que pratica culturas GM à escala comercial. Em 2004, segundo o Africa Centre for Biosafety (2005), aproximadamente 500 000ha de culturas GM foram plantadas na África do Sul. A África do Sul é também um dos poucos países no mundo que produz o milho branco MG para consumo humano. Um total de nove países (Burkina Faso, Egipto, Quénia, Marrocos, Senegal, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe) relataram experiências no terreno de culturas GM nos últimos cinco anos. Segundo o Africa Centre for Biosafety (2005): • 20 países (Benim; Burkina Faso; Camarões; Egipto; Ghana; Quénia; Malawi; Malí; Ilha Maurícia; Marrocos; Namíbia; Níger; Nigéria; Senegal; África do Sul; Tanzânia; Tunísia; Uganda; Zâmbia; Zimbabwe) empreenderam a investigação e o desenvolvimento dos OGMs. • Pelo menos 24 países (Argélia; Benim; Botswana; Burkina Faso; Camarões; Egipto; Etiópia; Ghana; Quénia; Madagáscar; Malawi; Malí; Ilha Maurícia; Marrocos; Namíbia; Níger; Nigéria; Senegal; África do Sul; Tanzânia; Tunísia; Uganda; Zâmbia; Zimbabwe) têm a capacidade e as instituições para conduzir investigações e desenvolvimentos na biotecnologia agrícola. • 27 países africanos ratificaram o Protocolo de Cartagena sobre Biosegurança em Fevereiro de 2005. • Um país africano, o Ghana, completou o enquadramento de biosegurança de acordo com o Protocolo de Cartagena que desenvolverá um centro de biosegurança para troca de informações. A Tabela 1 mostra alguns exemplos seleccionados de culturas experimentais de OGMs que foram realizados em África. Uma análise das culturas da investigação biotecnológica apresentado na Tabela 1 permite verificar que o milho e o algodão estão entre as culturas mais investigadas. Surgem questões quanto a saber se, de facto, estas experiências realizadas no terreno compreendem a avaliação de riscos, a qual se define como a principal área de debate no domínio internacional. 7 Tabela 1 País A investigação dos OGMs por parte do Sector Público na África Egipto N.º de ocorrên cias 17 Colheitas envolvidas Categoria Fenotípica* algodão, pepino, milho, melão, batata, abóbora, tomate, melancia, trigo Propriedades agronómicas, Resistência aos Fungos, Resistência aos Fungos/Tolerância aos herbicidas, Tolerância aos herbicidas, Tolerância aos Herbicidas / Resistência aos Insectos, Outro, Qualidade de Produto, Resistência aos Vírus Tolerância aos Herbicidas, Tolerância aos Herbicidas / resistência aos Insectos, Outro, Qualidade do Produto, resistência aos Vírus Propriedades agronómicas, Resistência Bacteriana, Resistência aos Fungos, Tolerância aos Herbicidas, Tolerância aos Herbicidas / propriedades Agronómicas, resistência aos Insectos, Qualidade do Produto, Resistência aos vírus Resistência aos Fungos, Tolerância aos Herbicidas / Resistência aos vírus, Resistência aos vírus Quénia 4 Algodão, milho, batata doce África do Sul 20 Maçã, uva, tremoço, milho, melão, sogro, painço, batata, sorgo, soja, morango, cana-de-açúcar, tomate, verduras indígenas Zimbabwe 5 Algodão, ervilhas, milho, batata doce, tomate Fonte: Adaptado de Cohen, (2005).5 3. Corresponder às Necessidades dos Consumidores Segurança Alimentar, Políticas, Enquadramentos / Mecanismos Reguladores e Iniciativas 3.1 Segurança Alimentar Actualmente, as provas disponíveis não ofereceram nenhuma garantia aos consumidores quanto aos potenciais adversos efeitos secundários do consumo de alimentos GM. Os métodos existentes para testar um produto alimentar com ingredientes OGMs não são totalmente fiáveis. Vários investigadores chamaram a atenção para os potenciais riscos 5 Cohen, J. (2005). Poorer Nations Turn to Publicly Developed GM Crops. Nature Biotechnology 23 (1): 27-33. In Frandsen, L et. al. (2005). Integrating Socio-economic considerations into Biosafety Decisions: The role of Public Participation. World Resources Institute, Washington D.C. 8 para a saúde do consumo de OGMs. Estes incluem reacções tóxicas e alérgicas entre outras. Além dos riscos para a saúde colocados pelos OGMs aos consumidores, existem outros efeitos adversos que afectam a segurança alimentar dos consumidores, embora indirectamente. Os impactos na segurança alimentar manifestam-se através da perda do plasma dos germes, da deslocação das exportações, do impacto negativo sobre o mercado de trabalho e dos impactos ambientais, entre outros. Os proponentes da tecnologia de GM prometeram que os OGMs ajudariam a alimentar milhões num mundo com fome. No entanto, uma análise das mudanças revela que os consumidores enfrentam uma maior desvantagem devido a riscos directos e indirectos introduzidos pelos OGMs na cadeia alimentar. Muitos argumentam que os OGMs apresentam uma oportunidade para reduzir a insegurança alimentar nos países em desenvolvimento mas os dados para apoiar este argumento não são convincentes e estão em larga medida indisponíveis. O desafio mais importante do futuro dos OGMs é o de apresentar os factos quanto à sua segurança para a saúde humana. Um segundo desafio será o de assegurar que a investigação seja realizada em culturas que sejam relevantes para os consumidores africanos pobres. Um estudo de De Grassi em 2003 avalia as evidências sobre a eficácia de culturas GM (algodão, batata doce e milho) para o combate à pobreza. Os resultados indicaram que as culturas GM são ineficazes quanto ao combate à pobreza na África Sub-Sahariana. Dentro deste contexto, são necessários orçamentos para a investigação na perspectiva do consumidor mas, na realidade, a maior parte dos orçamentos para a investigação dos OGMs concentra-se na melhoria dos traços das culturas que permitam um potencial lucro. Um terceiro desafio será o de aumentar as intervenções de ajuda alimentar a consumidores. A exigência dos consumidores está conduzida por aquelas empresas que querem maximizar os seus lucros e, assim sendo, as autoridades responsáveis devem esforçar-se para assegurar a segurança dos alimentos fornecidos para consumo e que eles respondam em conformidade às exigências dos consumidores. Algumas políticas de comércio global registaram patentes de recursos agrícolas levando assim ao surgimento da bio-pirataria (privatização por patentes e DPIs). Isto permite que empresas multinacionais reclamem o direito a semear e a plantar o que agricultores africanos desenvolveram e usaram durante muitas gerações. A segurança alimentar dos 9 consumidores africanos e seu sustento estão ameaçados porque os agricultores encontram-se com acesso negado ao uso das sementes ou estão obrigados ao pagamento de uma taxa para o uso das sementes patenteadas. A somar, o desenvolvimento de riscos maiores é questionado pelos agricultores, a longo prazo, provavelmente, incorrerão em custos adicionais pelo uso de tecnologias de OGMs não testados. 3.2 Políticas e Enquadramentos/Mecanismos Reguladores Os mecanismos de rastreabilidade e avaliação de OGMs, depois de lançados, são imperativos para proteger apropriadamente os consumidores. A ameaça principal é colocada especialmente devido à ausência de mecanismos reguladores nas utilizações de OGMs. A comercialização da biotecnologia encontra-se deficientemente regulada, especialmente quando os OGMs colocam ameaças à saúde humana e ao ambiente. Controlar o movimento de OGMs também se revelou ser uma tarefa difícil e as evidências disponíveis mostraram que até com regulamentos em vigor, a contaminação provavelmente acontecerá. Vários casos da contaminação foram recenseados no México, China, Brasil, Tailândia, Europa, Índia, Canadá e Japão entre outros (ver Apêndice 1). Considerando tais cenários, não há dúvidas de que existem vários casos não registados de contaminação no mundo inteiro. Devido à falta de capacidade verificada em muitos países africanos para a salvaguarda contra a introdução ilegal de OGMs, os consumidores encontram-se, assim, expostos ao perigo. Para a maior parte dos países africanos não há nenhum enquadramento legal de biosegurança em vigor para a regulamentação de OGMs. Onde os enquadramentos se encontram em vigor, como na África do Sul, foi reportado que o sistema regulador não é capaz de avaliar os impactos na saúde por OGMs introduzidos na cadeia alimentar. Uma crítica importante feita por opositores aos OGMs é que o sistema da monitorização não funciona pelo que os países africanos têm de confiar na avaliação de risco de OGMs feita pelas próprias empresas de biotecnologia. As pretensões de segurança, quando avaliando o risco dos OGMs, estão baseadas em conceitos cientificamente com 10 imperfeições, como no caso da Equivalência Substancial6, que conduzem forçosamente a procedimentos e protocolos errados para avaliar os riscos na saúde, como relatado por alguns analistas. Idealmente, enquadramentos reguladores eficientes deveriam regulamentar a introdução de OGMs baseados na avaliação dos riscos caso a caso e serem assim capazes de evidenciar os OGMs de maior risco. Existe uma grande lacuna quanto à capacidade para elaborar testes e avaliações na maior parte dos países em desenvolvimento, sendo que se tornam necessárias regulações que forneçam estudos controlados e a longo prazo sobre a segurança de OGMs antes dos seu lançamento no mercado. Apesar dos esforços dos oponentes aos OGMs para salvaguardar os direitos do consumidor, os fornecedores de OGMs continuam tirando proveito de enquadramentos reguladores de biosegurança ineficazes e continuam a lançar de OGMs na África. Alguns observatórios de associações de consumidores como a GM Watch informaram sobre experiências de OGMs levadas a cabo secretamente em alguns países. Na ausência de enquadramentos reguladores nacionais em biosegurança, os países podem utilizar o Protocolo de Cartagena da Convenção sobre a Biodiversidade e a Lei de Modelo da União Africana. O Protocolo de Cartagena é um tratado legal obrigatório que contribui para assegurar um nível adequado de protecção no terreno, de segurança nas transferências, de tratamento e uso de OGMs. O Protocolo requer que diferentes partes ponham em vigor enquadramentos institucionais, políticos e legais necessários para permitir a essas partes o cumprimento das suas obrigações do Protocolo. O Protocolo, que entrou em vigor no último quarto de ano de 2003, é o primeiro acordo internacional a tratar do desembarque transfronteiriço de OGMs. Este fornece aos países o direito de reter importações de OGMs que acreditam poder representar riscos para o ambiente ou para a saúde. O Protocolo contém uma referência forte ao "princípio de precaução" o qual considera que, quando uma tecnologia é suspeita de causar algum dano, a incerteza científica não deve ser usada pelo país exportador como base para prevenir que o país 6 “Inicialmente, pensava-se que se um alimento geneticamente modificado era "substancialmente o equivalente" ao seu duplo tradicional, uma avaliação dos riscos não seria necessária. O teste comparou atributos como proteína, carbohidrato e níveis ácidos gordurosos entre o novo alimento e o seu duplo tradicional. Contudo, não houve nenhuma linha orientadora clara e universal que estipulasse o que testar e qual a similaridade que devem ter os itens em questão” (http://en.wikipedia.org/wiki/Substantial_equivalence). 11 importador tome medidas de precaução. O Protocolo neste sentido assegura às diferentes partes o direito de tomar medidas restritivas a importações e colocar em vigor padrões mínimos de biosegurança. Embora este Protocolo não seja um regime de biosegurança abrangente, os países africanos podem tirar proveito do facto de que o Protocolo leva em conta mais medidas protectoras a serem tomadas no caso de um país se sentir compelido a fazê-lo para a sua protecção. A Lei Modelo da União Africana (UA) para a segurança na biotecnologia foi posta em vigor pela UA para facilitar os países africanos a legislar de modo efectivo e estabelecer alguns padrões e linhas orientadoras. Uma das forças da Lei Modelo da UA provém do facto de que fornece os procedimentos do Advance Informed Agreement (AIA) que requerem que um país seja notificado com antecedência de movimentos transfronteiriços de OGMs no seu território. Regionalmente, a Lei Modelo Africana para a Biosegurança foi encorajada para que as nações de África do Sul adoptem uma estratégia comum sobre OGMs e essa lei fornece instrumentos aos governos de África para introduzir regulações de biosegurança nacionais. A Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e a United Nations Environment Programme/Global Environmental Facility (UNEP-GEF) estão referenciadas como sendo os actores mais activos liderando a elaboração de programas de biosegurança na África. Alguns países desenvolveram esboços de enquadramentos de biosegurança sob a égide da UNEP/GEF e esses países incluem: Quénia, Lesoto, Suazilândia e Tanzânia. 3.3 Iniciativas Anti-GM Os promotores de OGMs estão tentando constantemente influir no desenvolvimento de políticas de biosegurança nas nações africanas. Uma pergunta central entre muitos grupos de interesse é se a intenção das empresas de biotecnologias é a de ajudar ou de investir com a expectativa de produzir lucros. Por outro lado, os grupos representando os interesses do consumidor e outros grupos verdes estiveram fazendo esforços para salvaguardar os direitos de consumidores em questões de OGMs. Um exame da 12 legislação sobre biosegurança em alguns países africanos feito por representantes de consumidores em questões de OGMs não deixou dúvidas de que a maior parte dos regimes de biosegurança estão destinados para servir de pretexto à aprovação de OGMs, servindo apenas os interesses da indústria da biotecnologia. Os opositores aos OGMs estão fazendo constantemente campanha e defendendo a biosegurança. A expansão dos OGMs é a maior preocupação para os consumidores e a Consumers Internacional (CI) desempenhou um papel fundamental na campanha. As iniciativas de apoio da CI incluíram uma mensagem de anti-OGMs ao G8, entre outros no apoio para etiquetagem e rotulagem (ver o Apêndice 2) em matéria de OGMs e com alguns resultados. Outros grupos de interesse como a Greenpeace Internacional, em conjunto com organizações de agricultores e representantes de comunidades, exerceram os seus esforços para influenciar regulações internacionais que regulamentam os OGMs, convidando delegados ao encontro do Protocolo sobre a biosegurança para introduzir urgentemente regulações de responsabilidade estritas tornando as companhias responsáveis pela contaminação e danos causados pelos seus produtos de EG. Vários representantes de consumidores e outros grupos de interesse também acusaram algumas agências internacionais de pressionarem o desenvolvimento de culturas GM sob o pretexto da construção de competências em biosegurança. Com diferentes perspectivas, vários grupos representando o agricultor, o consumidor, organizações ambientais e de desenvolvimento de países africanos continuam protestando contra a pressão exercida sobre as decisões de impor a ajuda alimentar GM a consumidores africanos. Exemplos recentes da experiência desta controvérsia da ajuda alimentar por GM são os de Angola e Sudão em 2004. Tanto Angola como o Sudão impuseram restrições na ajuda alimentar GM. O Sudão quis que a ajuda alimentar fosse certificada livre GM enquanto Angola aceitaria com a condição de que o grão fosse primeiro moído. A USAID e WFP criticaram ambas as decisões, exerceram pressão nesses países para retirar as restrições e por fim, ambos os países tiveram de ceder. Mais de 60 grupos representando os agricultores, os consumidores, e organizações ambientais e de desenvolvimento de 15 países africanos enviaram uma carta aberta de protesto ao Programa Alimentar Mundial (WFP) em 2004 protestando contra a pressão exercida pelo WFP e USAID. 13 4. Questões de Comércio Internacional Relacionadas com o Debate sobre OGMs África está no centro da vantagem comparativa agrícola global e as discussões sobre OGMs têm implicações comerciais de longo alcance no continente africano. O tópico da política comercial internacional em OGMs tem muita importância quando se trata do movimento transaccional de OGMs. Considerando que os diferentes países adoptam abordagens diferentes à regulamentação de OGMs, muito debate surge sobre as importações e exportações de mercadorias alimentares e agrícolas. Em várias ocasiões, os fornecedores de OGMs argumentaram que as atitudes tomadas face aos riscos postos pelos OGMs afectam os fluxos comerciais, especialmente para países em desenvolvimento que tentam ultrapassar as suas agendas de desenvolvimento tirando proveito do comércio dos produtos agrícolas. Contudo, este tipo de argumento apenas apresenta um dos lados da questão pelo que não existe prova de que o comércio de OGMs é sustentável considerando os muitos efeitos temidos e desconhecidos sobre o ambiente, biodiversidade e saúde dos consumidores que podem ser prejudiciais à mesma agenda de desenvolvimento. As interacções entre os instrumentos específicos da OMC e outros tratados internacionais acrescentaram novas questões ao debate já intenso sobre OGMs. A matriz na Tabela 2 foi projectada para mostrar as implicações comerciais de um conjunto seleccionado de regulamentações que governam o uso de OGMs. A complexidade das regulamentações é tal que há muitas sobreposições e contradições de vários instrumentos, fornecendo assim lacunas e oportunidades para os fornecedores de OGMs e as empresas de biotecnologia lançarem OGMs cuja segurança, tanto a nível de saúde humana como a nível do ambiente, não foi comprovada. As regras de comércio internacional global mostram que estas estão direccionadas para a promoção do comércio livre. As questões no tratamento de OGMs baseadas no conjunto de regulamentos internacionais mostradas na Tabela 2 ilustram a grande influência exercida pelos acordos internacionais que regulamentam o comércio de OGMs. A OMC promove o comércio livre e as várias discussões implicando OGMs provavelmente também receberão uma resposta positiva na promoção de 14 comércio. Os opositores aos OGMs têm acusado a OMC de ser dirigida pelas empresas de engenharia genética. Neste cenário, os EUA foram acusados de tentativa de usar a OMC como um instrumento para alimentar o mundo da Engenharia Genética. Tabela 2: Acordos Comerciais Internacionais: Implicações para os OGMs Regulações Questão do Tratamento de Comerciais OGMs Implicações Comerciais Internacionais SPS e Acordo TBT da • OMC A preferência do Acordo de SPS • O SPS e OTC restringem a pela evidência científica, extensão pela qual medidas determina que um país tem de se comerciais podem ser justificar através da avaliação usadas contra OGMs. apropriada dos riscos quando restringe o comércio. • "Princípio de Precaução" do Acordo de SPS quando se trata de incertezas científicas TRIPS • Consagra padrões mínimos da • protecção de DPIs Encoraja o proprietário da patente a excluir outros da criação, utilização ou venda da invenção Protocolo de • Cartagena • Objectivo de regular o Permite que cada país movimento trans-divisional de decida sob que condições organismos modificados vivos aceitará importações de que resultam da biotecnologia produtos de OGMs para moderna seu lançamento no meio Aplica-se a OGMs destinados à ambiente. comida, alimentação ou • • • Fornece lacunas quanto ao processamento desembarque de OGMs sob Considera que o rótulo "pode o pretexto de que eles são conter “OGMs" é adequado para para o uso restrito, mesmo produtos do uso directo como que os OGMs possam comida ou alimentação. encontrar o seu caminho no Nenhuma etiquetagem é meio ambiente obrigatória para os alimentos processado. 15 Os acordos da OMC estão em conflito com os direitos para restrição do comércio de OGMs. A OMC também foi vista como ameaça ao Protocolo de Biosegurança. Com o apoio da OMC, as moratórias de OGMs podem ser desafiadas na base de que elas são usadas como barreiras comerciais. Há perguntas, como saber se o comércio deve basear na provisão de provas científicas pode proteger consumidores. Além do mais, os opositores aos OGMs descrevam os tratados internacionais como sendo muitas vezes inclinados mais a favor de interesses corporativos do que de interesses dos produtores e dos consumidores. Também foi observado que existem várias ambiguidades nos artigos legislativos sobre OGMs e que a maior parte das acções empreendidas acabam por precisar de resolução. O Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados com o Comércio (ADPIC) da OMC é criticado por estimular o registo de patentes embora haja opções dentro do Acordo para proteger as práticas tradicionais dos agricultores. O domínio do mercado agrícola por algumas empresas de investigação biotecnológica possivelmente pode levar à perda do acesso de agricultores para plantar. Os agricultores acabam por pagar para variedades de culturas patenteadas produzidas a partir de material genético criado nos próprios campos dos agricultores. As patentes restritivas sobre genes afectam negativamente a segurança alimentar de agricultores cujo sustento depende da plantação de sementes salvaguardadas de culturas anteriores. Assim, a transferência de tecnologias patenteadas não ajuda a reduzir a pobreza dos países em desenvolvimento. Muitos países em desenvolvimento têm posições de negociação débeis para chegar a acordos sobre DPIs. Devido a este facto, os EUA foram acusados de impor sistemas DPI a países em desenvolvimento como condição a uma ajuda e comércio bilaterais. Os DPIs contribuíram para a exclusão dos agricultores africanos pobres de terem acesso ao controle de recursos necessários para a salvaguardar o seu sustento. O Tratado Internacional sobre os Recursos Genéticos para a Alimentação e Agricultura (International Treaty on Plant Genetic Resources for Food and Agriculture) reconhece que os agricultores contribuíram para a conservação e o uso dos recursos genéticos ao longo do tempo e para futuras gerações e lidam com a perda da biodiversidade agrícola. 16 Enquanto o tratado dá força legal à conservação das sementes agrícolas do mundo, é ambíguo na questão de patentes de sementes. A Comissão do Códex Alimentar fornece mecanismos que podem ajudar a fortalecer desenvolvimentos reguladores em países africanos. A comunidade internacional é responsável pelo desenvolvimento de padrões alimentares e estes são reconhecidos pela Organização Mundial do Comércio como compatíveis com o Acordo da OMC sobre Padrões Sanitários e Fitossanitários (Acordo de SPS). Três documentos que se relacionam com biotecnologia foram adoptados pela Comissão em 2003. Esses são os princípios da análise de riscos alimentos conseguido através da biotecnologia moderna; o guia de conduta para a avaliação da segurança dos alimentos, derivadas de plantas de ADN recombinante; e guia de conduta para a avaliação da segurança dos alimentos produzidas usando microrganismos de ADN recombinante. A inclusão de exigências de avaliação de segurança da comida produzida com microrganismos GM, incluindo um anexo relativamente frágil que estabelece padrões da avaliação de reacções alérgicas possíveis, são os pontos chave desses documentos na perspectiva do consumidor, produzida pela Codex Task Force (ICTSD, 2005). 5. Impactos Ambientais de Intervenções de OGMs e Consequências para os Consumidores Africanos Desde a formulação da Convenção sobre a Biodiversidade, os países africanos ainda estão lutando com questões da biosegurança. De facto, o mapa da biodiversidade em África ainda está por ser feito. Isto está acontecendo numa situação em que as experiências da biotecnologia em grande parte desenvolvida nas condições climáticas e ecológicas dos Estados Unidos e da Europa está sendo implementada em África. Existem poucas pessoas africanas formadas em biotecnologia. São países que desenvolveram uma base sólida da reprodução convencional como o Quénia, África do Sul, Egipto e Zimbabwe, que estiveram na vanguarda dos debates sobre biotecnologias e sobre as formas de acordos multilaterais necessários. A generalidade dos países africanos teve de lidar com questões de OGMs quando confrontada com a realidade de insegurança 17 alimentar verificada nos alimentos tipo OGM disponibilizadas pelos Estados Unidos de América. As provas evidenciadas por várias investigações conduziram à demonstração de que os OGMs dificilmente criaram benefícios perceptíveis para os agricultores, especialmente em África. O maior risco baseia-se na interacção das novas tecnologias com variedades indígenas africanas, o que afectará a segurança alimentar. Os pequenos agricultores em África baseiam a sua agricultura no clima natural e na ecologia. O regime de cultura é baseado em grande parte na agricultura sobre terra seca e com pouca irrigação. As culturas GM que estão sendo desenvolvidas e promovidas em África não são orientadas para as necessidades dos agricultores africanos sendo que alguns necessitam de irrigação suplementar. No Quénia, a batata doce GM utiliza mais recursos do que seria desejável para pequenos agricultores. Além disso, a investigação levada a cabo não envolveu as mulheres que na grande maioria cultivam batata doce. A tecnologia desenvolvida no Quénia esteve em grande parte preocupada com o desenvolvimento de maiores rendimentos da batata doce mas não referiu questões como adição de valor, mercados, utilização, etc. Os impactos ambientais e socioeconómicos do uso de animais transgénicos são uma questão controversa. Socialmente e culturalmente, os Africanos vivem num sistema de valores que respeita os produtos conforme providenciados pelo Criador. As crenças e mitos africanos não aceitam a clonagem ou os subprodutos desse processo. Isto afectaria a vida sociocultural das populações africanas. O uso de OGMs em carne de vaca, leitaria e indústria de aves domésticas que utilizam o algodão ou o bolo de soja tem sérias ramificações nas indústrias africanas nos mercados da União Europeia. A emergência de novas doenças virais na Europa como a gripe das aves, a doença “das vacas loucas” deu razões aos consumidores para temerem os efeitos potenciais da manipulação genética na indústria de gado. 5.1 A biodiversidade em África 18 Os africanos dependem dos recursos naturais renováveis do continente para alimentos, abrigo, medicamentos, combustível e como um meio de rendimento geracional. Sistemas naturais fornecem serviços ecológicos como a distribuição de água e fertilidade do solo, bem como localidades sagradas que são usados para objectivos culturais e religiosos. Contudo, o ambiente é ameaçado por riscos naturais e antropogénicos. Quando o ambiente natural é danificado, ele pode ter efeitos no bem estar dos seres humanos. A integridade do ecossistema depende de biodiversidade, função e elasticidade do ecossistema, as quais são todas variáveis relacionadas, pelo que factores que afectam somente uma delas podem ter consequências de longo alcance. As mulheres seriam mais afectadas por serem elas a colherem a comida selvagem, fazerem a cobertura do abrigo com palha, apanharem a madeira para combustível e através gerações de conhecimento indígena, conhecerem as plantas que fornecem a medicina necessária para o tratamento de doenças nas suas famílias. A degradação ambiental pelas actividades humanas foi uma força motriz significativa. A preocupação internacional cresceu sobre os impactos humanos na atmosfera, a terra e recursos aquíferos, a bioacumulação de substâncias tóxicas, a extinção de espécies e a degradação de ecossistemas tem vindo a aumentar.7 Há agora uma consciencialização de que os países têm de tomar medidas sobre a perda da biodiversidade. A Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e o Desenvolvimento no Rio de Janeiro em 1992, estabeleceu os fundamentos de uma resposta internacional directa ao declínio de ecossistemas. A valorização da biodiversidade na economia nacional e nas comunidades locais da África é uma actividade importante. Muitos africanos, especialmente as mulheres directa ou indirectamente beneficiam da biodiversidade e, assim, os governos normalmente intervêm para assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas. É cada vez mais reconhecido que a biodiversidade da África inclui colheitas agrícolas e plantas selvagens. Existe também um número significativo de animais selvagens que sobrevive em climas 7 Global Scenario Group, 2002. Great transition: the promise and lure of the times ahead, Global Scenario Group and Stockholm Environment Institute, Boston. 19 agrestes e instáveis. Há assim preocupações, ao nível da política de aceitabilidade dos OGMs em populações de animais e vegetais, dadas as preocupações com o seu impacto na biodiversidade, nos processos naturais essenciais e na integridade de ecossistema. Os efeitos de OGM em plantas naturais pela polinização cruzada são desconhecidos no contexto africano. Contudo, há manifestações específicas e padrões que foram observados em países desenvolvidos, onde a biotecnologia avançou. A Tabela 3 sublinha os problemas de OGMs que foram observados em vários estudos. O impacto de OGMs encontra-se ao nível do ecossistema, onde as questões de fuga de genes de culturas para plantas tem sido observadas. A competição com plantas selvagens é um efeito que tem sido observado. Rissler e Mellon, (1993) observaram que o arroz plantado em solos mais salinos para ficar mais tolerante ao sal pode ser transferido aos seus parentes selvagens pela polinização cruzada, comunicar a tolerância de sal às plantas selvagens podendo assim invadir os pântanos restantes e deslocar as plantas nativas em conjunto com todos os outros organismos, como aves e insectos, que dependem deles.8 Tabela 3 Problemas, Manifestações e Impactos dos OGMs Problema 1. Fuga de Genes 2. 3. 4. Os genes podem sofrer mutações com o efeitos perigosos Efeitos em genes silenciosos Interacção com populações selvagens e nativas Manifestação As interacções podem ocorrer ao nível do gene, da célula, da planta e do ecossistema. Mudanças genéticas incontroláveis Genes "adormecidos" acidentalmente activados podem afectar os genes silenciosos Competição ou produção com espécies selvagens Impacto • genes de Resistência ao herbicida em ervas inúteis • A revogação de genes ou sequências de ADN estrangeiros, cuja segurança é ainda sujeita ao debate científico, não será possível. • Desestabilização potencial de um organismo, por mutações, • Incerteza sobre a estabilização de genes no organismo através das gerações Um gene "promotor" inserido para activar um gene pode silenciar os genes produtivos • Ameaça para a biodiversidade do tipo de colheita, especialmente os centros de origem ou os centros de diversidade genética daquela 8 Rissler, J. and Mellon, M. 1993. Perils Amidst the Promise. Ecological risks of transgenic crops in a global market. 20 colheita A substituição de variedades de agricultores tradicionais e parentes selvagens que foram cultivadas e desenvolvidas para enfrentar pressões locais • O desenvolvimento da resistência em populações de insectos expostos às culturas de OGMs • Produtos farmacêuticos mais fortes (muitas vezes mais arriscados e caros) necessários para tratar doenças vs. drogas menos arriscadas • Reacções perigosas em populações com alergias • Células da placenta Humana são muito sensíveis para juntar, até em concentrações mais baixas do que aquelas verificadas no uso agrícola • Nascimentos prematuros e abortos Impacto desconhecido • 5. Impacto em aves, insectos e solo biota 6. Resistências patogénica 7. Transferência de genes alérgicos A outras espécies, 8. Mistura de produtos de OGMs na cadeia alimentar Transferência de resistência aos antibióticos Uso acidental de OGMs diferentes dos desejados para animais em alimentação 9. Os riscos potenciais para espécies que não sejam alvo e que sejam úteis, como aves, insectos e microrganismos Resistência a produtos farmacêuticos aos quais são supostos reagir contra Marcadores para indicar a transferência genética bem sucedida Os genes “marcadores” conferem resistência aos antibióticos. Fonte: adaptado de Persley and MacIntyre, (2001), Relyea, (2005), Hirsch, and Sussman (1999), and Rissler, and Mellon, (1993)9 O jornal The Guardian (Reino Unido) informou que os cientistas nos Estados Unidos de América identificaram 15 espécies de erva daninha que mostram uma resistência ao herbicida vulgarmente usado em culturas de OGMs.10 Tal desenvolvimento pode causar problemas ambientais sérios a menos que estratégias sejam projectadas estratégias para 9 Persley, G J and L R MacIntyre, (eds) 2001. Agricultural Biotechnology: Country Case Studies - A Decade of Development, CABI; Hirsch, Rebecca E. and Michael R. Sussman, 1999. “Improving nutrient capture from soil by the genetic manipulation of crop plants”, Tibtech; Relyeaa, R. 2005. The Impact of Insecticides and herbicides on the Biodiversity and Productivity of Aquatic Communities. Journal of ecological applications. www.eurekalert.org/pub_releases/2005-04/uopm-rhl040105.php; Rissler, J. and Mellon, M. (1993). Perils Amidst the Promise. Ecological risks of transgenic crops in a global market. 10 The Guardian (United Kingdom) Agosto 18, 2005. 21 controlar as ervas daninhas. O Glyphosate, um herbicida habitualmente usado, foi desenvolvido para controlar ervas daninhas. Um assunto-chave de cientistas e activistas anti-biotecnologia é que esses herbicidas podem permitir a mutação de nova resistência a super-herbicidas para ervas daninhas no futuro. 5.2 Conhecimento indígena e direitos de propriedade intelectual Um dos impactos devastadores dos OGMs é a realidade de que os agricultores em África, a maioria sendo mulheres, não guardarão sementes para plantar na estação seguinte. A interferência com a armazenagem de sementes pode ter conotações culturais profundas porque as sementes têm grande valor cultural nalgumas culturas da África. A colheita das sementes é celebrada em comunidades não só como um sinal da segurança alimentar, mas também como um sinal da continuidade das gerações e fertilidade. As novas tecnologias e as práticas que resultam no desaparecimento do conhecimento indígena e das variedades que são compatíveis com os recursos básicos dos pequenos agricultores não são favorecidas. O medo de uma grande revisão na agricultura e nos sustentos é compreensivo, especialmente porque os agricultores teriam de desfazer a aprendizagem cumulativa, a lealdade e a confiança em velhas variedades, adquiridas através de muitas gerações e deitar fora esses conhecimentos, a favor de novas variedades das quais não têm nenhuma experiência. Uma vez que os sistemas e variedades tradicionais são perdidos, improvavelmente serão recuperados. As tecnologias de OGMs provavelmente debilitarão os direitos de agricultores em compartilharem os benefícios que provêm do conhecimento tradicional. Ao passo que a investigação de OGMs é muitas vezes baseada nos conhecimentos já adquiridos e, normalmente, fornecidos por agricultores locais ou criadores locais, o sistema que patenteia os OGMs dificilmente reconhece as fontes do material e do conhecimento que foram usadas na investigação, daí a reclamação da autoria da invenção. Enquanto alterações ambientais que resultam de migração de genes ou declínio da biodiversidade possam não baixar os lucros dos agricultores, aqueles dependentes de terrenos comuns, pastagens e recursos florestais podem ser directamente afectados quanto à perda da fonte de rendimento. É importante lembrar que os agricultores em África avaliam uma 22 tecnologia quanto à sua contribuição para o sistema de agricultura no conjunto e não para um componente único daquele sistema.11 5.3 Internacionalização desleal de mercados de sementes A investigação biotecnológica é realizada predominantemente pelo sector privado e existem preocupações com a domínio de mercado no sector agrícola por algumas empresas poderosas.12 Isto pode ter um impacto negativo nos pequenos agricultores em todo o mundo. Os agricultores temem ter que pagar para a obtenção de variedades de cultura geradas a partir do material genético e que, originalmente, vinham dos seus próprios campos quando estes compram sementes a empresas que mantêm patentes sobre "casos" específicos de modificação genética. Assim a pergunta-chave da propriedade intelectual com respeito à propriedade de recursos genéticos ainda tem de ser tratada. Neste debate, são os agricultores em África, e em particular as mulheres, que parecem estar abandonados dado que eles estão na cauda da inovação e adaptação tecnológica. 5.4 Direitos e protecção de consumidores e agricultores A questão dos direitos do consumidor de acesso à informação, participação em adaptações tecnológicas e opção para dizer não, não se coloca em África tal como nos países desenvolvidos. As tecnologias, como a biotecnologia que pode muito bem tornarse revolucionária no futuro, estão sendo empreendidas e impingidas à população africana sem o reconhecimento suficiente da necessidade do processo de adaptação para se relacionar significativamente com as práticas locais, costumes, língua e população. O processo de gerar conhecimento técnico deve ser visto como um processo que dê poder à população, dando-lhes uma voz na sociedade e uma janela para o resto do mundo. Sem incorporar sistemas de conhecimento tradicionais, cultura e língua, a tecnologia 11 Assim, apenas a rentabilidade económica não constitui nenhuma garantia para a adopção da biotecnologia, o que significa que a análise de benefícios / custos não é um indicador apropriado da conveniência de uma tecnologia. 12 Mohamed-Katerere J. C., 2003. Rights and risk: challenging biotechnology policy in Zimbabwe, IDS Working Paper 204, United Kingdom; Mushita, A., 2001, An African View on Genetic Engineering, http://talk2000.nl/docu/bmd_96.html. 23 permanece estabelecida fora da esfera da existência da população e, assim, não pode ser entendida ou sustentada. Actualmente, existe um debate enfurecido dentro da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral sobre a vontade de utilizar OGMs como base para resolver a crise da fome. Contudo, a maior parte dos países em África têm uma investigação e uma base institucional frágil, para o uso dos OGMs na agricultura. Os países geralmente lutam na adesão a sistemas de avaliação de impacto ambiental. Os problemas-chave são a falta de conhecimento, a perda de pessoal, a limitação das escolhas e a falta de recursos. Os governos em África politizaram os OGMs, e utilizam a tecnologia como base para atacar grandes corporações multinacionais implicadas nos OGMs bem como os seus respectivos governos. Não deram aos cidadãos a possibilidade de fazer escolhas. Há uma necessidade de assegurar a disponibilidade adequada da informação para permitir aos consumidores fazerem uma escolha, embora esta informação possa provocar o aumento dos preços das mercadorias. Os consumidores devem estar dispostos a pagar para esta informação para ter a possibilidade de escolhas. As companhias de OGMs gostariam de não pagar tal rotulagem referindo que a etiquetagem pode levar os consumidores para longe dos seus produtos. É vital que dêem a cada consumidor uma oportunidade de fazer uma escolha baseada na informação adequada. Tabela 1: Potenciais Impactos Ambientais de OGMs e suas Consequências para os Consumidores Questão Identificada • Mutação de genes uma vez Impactos Negativos Consequências Potenciais sobre o para os Ambiente Consumidores • • inseridos no organismo Os organismos poderiam competir naturalmente segurança ocorrendo a criação de alimentar espécies • Riscos para a • Impactos Possível redução de desconhecidos na rendimentos saúde dos consumidores quando surgimento de 24 novos vírus • • Interacção com variedades • Modificação de culturas que demográficas selvagens e não sejam alvo. - colocação nativas de uma ameaça para a genes resistentes a • • Riscos para a saúde • Escolha reduzida biodiversidade das culturas. do tipo de As culturas de GMs podem sementes, competir com os ameaçando assim agricultores tradicionais e a segurança substituí-los alimentar Ervas daninhas mais • Impactos adversos herbicida que entram em problemáticas, necessitando à saúde devido à ervas daninhas de controle químico muito poluição química mais forte • O uso comum de culturas de MG pode levar ao • Degradação das culturas por • ataques de pragas Insegurança alimentar em desenvolvimento da consequência de resistência na população de rendimentos insectos exposta à culturas reduzidos de MG. Fonte: Compilado a partir do relatório elaborado por Matondi, Munyuki-Hungwe e Hafashimana (2005) 6. Opções Disponíveis para Melhorar a Segurança Alimentar Utilizando dois exemplos típicos, citados na literatura, da Batata Doce: 1. As Técnicas de Reprodução Convencionais ainda são uma opção relevanteDepois de algumas análises mostradas no estudo executado por DeGrassi (2003). No Uganda, é relatado que a reprodução convencional da batata doce foi usada para desenvolver uma variedade resistente aos vírus em poucos anos, com lucros no rendimento de quase 100 %, contrastando com a investigação da batata de doce GM que tem sido desenvolvida durante mais de 10 anos. Espera-se que a batata doce GM aumente a sua produção em 18 %. 25 Este exemplos apoiam a ideia de que as técnicas de reprodução convencionais são ainda relevantes e com custos eficientes. A observação interessante que foi apontada neste exemplo é que o vírus em questão é referenciado como um exemplo clássico de um problema que não pode ser resolvido pela reprodução convencional. O segundo argumento usado por promotores de GM é que o tempo e o dinheiro necessário para as variedades GM se desenvolverem são menores do que para as variedades convencionais. Assim sendo, os resultados da reprodução convencional da batata doce refutam ambos os argumentos dados para a justificação da utilização de GM. 2. Selecção e Troca Constantes – As estratégias de reprodução dos agricultores Monsanto em colaboração com a Kenya Agricultural Research Institute (KARI), em 1991, começou uma investigação para desenvolver a batata de doce MG com resistência ao vírus da batata doce. Depois de 3 anos de experiências no terreno, KARI informou que a batata doce GM era tão vulnerável ao vírus como as variedades ordinárias. A selecção e a troca constantes de variedades são uma alternativa disponível para o aumento de rendimentos pelo que são menos caras pelo que os agricultores desenvolveram durante anos uma larga variedade de tipo de batata doce com uma excelente resistência à doença. A Biotechnology Trust of Zimbabwe usou com sucesso a abordagem da micro-propagação de batatas doce em colaboração com os agricultores. 3. Outras opções disponíveis para aumentar o rendimento incluem: - um regresso à agricultura de intensidade baixa - isto implicaria que a terra fosse utilizada na produção para compensar os rendimentos reduzidos que resultariam, - nova intensificação nas áreas mais produtivas da terra e - o uso de mais velhas biotecnologias cuja segurança foi há muitos anos estabelecida. - Comercialização dos pequenos agricultores para melhorar a segurança alimentar através da melhoria de crédito, dos mercados e das matérias primas. - A diversificação agrícola - aumentar a produção de outras culturas alimentares seguras como o mandioca, sorgo e batata doce. 26 - Melhoria do acesso à água, como por exemplo, a irrigação 4. Outras abordagens à agricultura sustentável e ecologicamente racional - tais como gestão integrada de pragas, gestão do habitat, ou o sistema de push-pull nas abordagens ao controlo dos pés de milho pode aumentar dramaticamente a produção de um modo sustentável que não usa a tecnologia EG/GM. 8. Recomendações sobre Novas Acções para a Protecção dos Consumidores As acções adicionais seguintes são recomendadas como um caminho para o aprofundamento da protecção ao consumidor: 1. Lóbi cientificamente fundado e apoio para uma monitorização e regulamentação das experiências de GM em África e do comércio internacional de GM. 2. Lóbi para uma mudança urgente na política internacional e nacional para reforças o direito do consumidor à segurança alimentar. 3. A avaliação de protecções e lacunas encontrados na regulamentação internacional que paralisa o comércio de OGMs. 4. A capacidade de expansão/construção dos agricultores para empregar tecnologias agrícolas sustentáveis 27 9. Apêndices O apêndice 1: As culturas da Engenharia Genética (EG) contaminam campos e alimentos em todo mundo Greenpeace, organizações de agricultores e representantes de comunidades convidaram delegados para o encontro do Protocolo sobre Biosegurança para introduzir urgentemente regulamentações estritas de responsabilidade para tornar as companhias responsáveis pela contaminação e danos causados pelos seus produtos de EG. Como previsto movimentos ambientais, de agricultores e sociais, as sementes de EG, desde a sua introdução em 1996, contaminaram culturas alimentares e o ambiente directamente em todo o globo. Mais de 50 incidentes de contaminação por EG ilegal ou não aprovada foram documentados em 25 países em 5 continentes, sendo que apenas trata-se dos incidentes registados. A contaminação por EG ilegal e não aprovada de sementes e culturas foi registada no milho no México, arroz na China, soja no Brasil, mamoeiro na Tailândia, nabo amarelo na Europa, algodão na Índia, canola no Canadá, e agora, no último exemplo, canola EG no Japão. No Chile, onde o Congresso Mundial da Semente começa hoje, Greenpeace chama a atenção para o último caso de contaminação de sementes de milho ilegal, o primeiro a ser encontrado neste país altamente dependente da sua indústria de semente para exportação. "Os OGMs foram encontrados crescendo nos campos de agricultores que nunca deram por tal, nem alguma vez quiseram EG em qualquer lugar perto dos seus campos. Também, em vez da obtenção de compensação por parte dos agricultores, estes encontraram-se forçados, por advogados agressivos e intimidação, a pagar às companhias fornecedoras de sementes de EG - por danos causados à patente da companhia!" disse Doreen Stabinsky defensora da Greenpeace para os assuntos de EG. O milho de EG potencialmente alérgico (Starlink) contaminou produtos alimentares em dois continentes e as culturass farmacêuticas EG perigosas foram descobertas em silos de culturas colhidas nos EUA. No entanto, experimentações no terreno ou o crescimento comercial de tudo que vá das vacinas para porcos até aos plásticos industriais continuam rapidamente nos EUA. Fonte: Greenpeace International (2005) 28 O apêndice 2: Destaques Recentes das Campanhas Anti-GM pela CI Consumers International traz messagem anti-OGM ao G8 Amadou Kanoute, o Director do Delegação Regional da CI em África, perguntou numa conferência na Escócia e assistindo à reunião do G8 em Gleneagles (7-8 de Julho) se "O alívio da dívida e o aumento de ajuda estrangeira tornará a pobreza uma história do passado da África?" O Amadou também conduziu a marcha no encontro 'Make Poverty History' (2 de Julho) com cardeais e Bianca Jagger entre outros. Na 'Make Poverty History', a CI teve um stand e fez campanha sobre as regras comerciais que beneficiarão a África, e a segurança alimentar da África sem ser pelos OGMs. O CI também perguntou a elementos do público a sua opinião sobre OGMs. Os consumidores africanos precisam de segurança alimentar - não de OGMs Na reunião entre os líderes do G8 (6-8 de Julho de 2005), Consumers Internacional (CI) pediu segurança alimentar para África, e não alimentação geneticamente modificada (GM). As grandes corporações de biotecnologia, e alguns governos, estão tentando promover culturas de GM como solução milagre contra a fome subnutrição mundial. Contudo, não há nenhuma evidência que as culturas GM resolverão os problemas do mundo. Consumidores fazem campanha para obtenção de um visto para o Chefe Negociador em Biosegurança Dr. Tewolde Egziabher, Chefe Negociador em Biosegurança e crítico de MG viu negado o acesso a um visto pelo Canadá para assistir às reuniões do Protocolo de Cartagena sobre Biosegurança em Montreal. A Consumers Internacional (CI) pressionaram então o governo canadense que consequentemente concedeu o visto. O Lóbi por membros da CI leva a novo apoio para a etiquetagem de GM Muitos novos países apoiaram o avanço na etiquetagem da comida de GM com linhas orientadoras internacionais, graças aos membros da CI e da delegação da CI, no Comité para o Códex de Etiquetagem Alimentar (CCFL) na Malásia. 5 países tentaram sabotar as discussões sobre etiquetagem de MG. As discussões vão ser tratados por um grupo de trabalho este ano. Fonte: Consumers International Website (2005); 29 Apêndice 3: As insuficiências das culturas GM no Alívio da Pobreza na África Sub-Sahariana: Resultados do Estudo • as batatas doces resistentes aos vírus não constituem uma procura prioritária, não são do local, não estão focadas no problema da pobreza, não tem um custo abaixo típico, e não são institucionalmente sustentável. A sustentabilidade ambiental de batatas doces modificadas é ambígua e não é significativo. • O algodão Bt pontua de modo muito fraco quanto a critérios de procura, especificidade ao local e sustentabilidade institucional. A relação com o combate à pobreza e a relação de preço eficácia é ambíguo. A sustentabilidade ambiental encontra-se actualmente limitada, podendo tornar-se potencialmente moderada a forte. • Para o milho Bt, a análise mostra baixa procura, rentabilidade económica e sustentabilidade institucional. É demasiado cedo para detectar especificidade ao local ou relação com o combate à pobreza inequívocas. A sustentabilidade ambiental encontra-se actualmente baixa podendo tornar-se potencialmente moderada a forte. • Fonte: DeGrassi (2003) 30 FONTES 1. Hungwe, Matondi & Hafashimana, D.; (2006) Environmental And SocioEconomic Impacts Of Genetically Modified Organisms (GMOs) In Africa. Desk Study Report prepared for Consumers International Regional Office for Africa 2. Muchopa, C.; (2005) Biotechnology, Food Security and International Trade: A Review Towards the Case for Strengthening Consumer Rights, Report prepared for Consumers International Regional Office for Africa REFERÊNCIAS 1. DeGrassi, A.; (2003) Genetically Modified Crops and Sustainable Poverty Alleviation in Sub-Saharan Africa: An Assessment of Current Evidence, Institute of Development Studies, University of Sussex, UK. Available at http://allafrica.com/sustainable/resources/00010161.html 2. ICTSD (2005); The Trade Implications of Biosafety Regulations: Balancing Public Interests- Paper presented at the CI-ROAF conference on biotechnology, October, 2005 Sites Internet 3. 4. 5. 6. http://www.gmwatch.org http://www.peoplesfoodsovereignty.org/ http://www.commercialdiplomacy.org/ http://www.gmfoodnews.com/ 31