Capitulo 6 Generalidades sobre os processos de combustão nos motores Eng. Julio Cesar LODETTI Equação da Combustão A reação global de combustão “tenta” ser descrita através de uma equação química, que leva em conta a composição inicial da mistura dos reativos (Ar + Combustível). Na estequiometria, ela fica mais ou menos assim: – CnHm + Ar => CO2 + água + N2 + entalpia de combustão. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 2 Equação da Combustão Vale lembrar que esta equação nem de longe leva em conta o mecanismo real da combustão. Na realidade, a combustão em si, não é o resultado de uma única reação química mas sim, uma sucessão de incontáveis (milhões) reações elementares em cadeia. No final de uma combustão completa, o CARBONO e o HIDROGÊNIO do combustível se combinam com o oxigênio para formar CO2 e H2O, que são produtos saturados em oxigênio. O Nitrogênio, como de hábito, não reage com ninguém. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 3 Equação da Combustão Mas, no cotidiano de um motor, a composição desta “mistura queimada” que sai no escapamento é SEMPRE muito mais complexa do que está escrito na equação; Assim sendo, a combustão JAMAIS é completa quando da realização de um ciclo termodinâmico em um motor; Isto pode ocorrer devido a uma falta local ou global de oxigênio, ou por efeito de extinção da frente de chama nas paredes, e etc ..... Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 4 Equação da Combustão Se estas reações forem conhecidas, a composição final dos produtos de combustão pode ser CALCULADA, em se supondo um equilíbrio termodinâmico realizado, dentro de condições de pressão e temperatura dos gases observados após a combustão; Na prática, levando-se em conta as baixas velocidades da maioria destas reações, o estado real dos produtos está longe do equilíbrio, daí a presença de POLUENTES na saída do escapamento. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 5 Equação da Combustão E24 Brasil Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 6 13,5 Relação Ar/Combustível = 1 para uma mistura estequiométrica < 1 para uma mistura com excesso de ar ou mistura pobre (em combustível) > 1- para um mistura com excesso de combustível ou mistura rica, que resultará em uma combustão Masse de combustible Masse d' air reel Masse de combustible Masse d'air stoechio Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 7 Relação Ar/Combustível O coeficiente de excesso de ar (Luftzahl) ou LAMBDA, tem origem nas publicações alemãs e é igual ao inverso da riqueza. A / F reel Air Fuel Equivalence Ratio A / F stoechio 1 Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 8 Combustão de uma mistura homogênea Auto-inflamação: Uma mistura HOMOGÊNEA de combustível + AR, em proporções estequiométricas, nas condições normais de temperatura e pressão, NÃO REAGE. Ou pelo menos, para eufemizar a expressão, suas reações de oxidação são tão lentas que é impossível de se perceber. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 9 Combustão de uma mistura homogênea Se a temperatura desta mistura começar a aumentar progressivamente, aquelas reações de oxidação lentas, começam a transformar os REATIVOS iniciais em produtos intermediários de oxidação. A velocidade global da reação, ainda é lenta e, após passar por um valor máximo, ela diminui devido a extinção dos reativos da mistura. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 10 Combustão de uma mistura homogênea Entretanto, se esta mistura for posta a uma temperatura SUPERIOR a um valor crítico “Ti ”, dita temperatura mínima de auto-inflamação, àquelas reações lentas de oxidação lentas, se transformam numa combustão VIVA. Os reativos transformam-se quase que instantaneamente em produtos de combustão. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 11 Exemplo “acadêmico” de combustão de uma mistura homogênea Evoluções esquemáticas da velocidade de reação de uma mistura. Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 12 Exemplo “pratico” de combustão de uma mistura homogênea!!!!!!! Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 13 Delay de auto-inflamação O tempo “”, durante o qual este sistema deverá ser mantido em condições fixas de temperatura e pressão, antes que aconteça a inflamação, chama-se DELAI DE AUTO INFLAMAÇÃO. Este delai corresponde ao tempo necessário para que certas “préreações” de oxidação se desenvolvam em cadeia e iniciem a combustão. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 14 Delai de auto-inflamação A temperatura mínima “Ti” depende da natureza do combustível. Para um dado combustível, em mistura homogênea com o ar, o delai depende da TEMPERATURA, da PRESSÃO, assim como da RIQUEZA da mistura. As figuras a seguir mostram isto: Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 15 Delai de auto-inflamação A figura mostra 20 bar que, o delay 40 bar diminui se a PRESSÃO do sistema aumenta a uma mesma temperatura. Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 16 Inflamabilidade e processo de propagação de chama O processo de auto-inflamação pode ocorrer em quase toda a zona que se encontra a mistura de reativos.... ....ou então, em uma pequena região deste volume, onde as condições de temperatura, pressão e concentração dos reagentes estão reunidas. Neste caso, teremos a IGNIÇÃO! Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 17 Inflamabilidade e processo de propagação de chama Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 18 Inflamabilidade e processo de propagação de chama Na prática, isto é o que mais acontece em um motor de combustão interna onde, a IGNIÇÃO é dada por uma centelha elétrica, ou introdução de um corpo quente (motor todo carbonizado!!) ou de gazes quentes do escapamento (motores do futuro). Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 19 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A partir deste ponto ou momento de ignição, se as condições relativas a mistura permitirem..... – ...... A combustão poderá propagar-se passo a passo através de uma FRENTE DE CHAMA, que separa a todo instante, a zona de gases queimados da zona de gases frescos. – O sistema é dito então, INFLAMÁVEL. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 20 Inflamabilidade e processo de propagação de chama Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 21 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO desta zona reativa, criada pela ignição da mistura, pode se realizar de diferentes maneiras. Mas acima de tudo, ela depende muito da natureza inicial da mistura AR + Combustível. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 22 Inflamabilidade e processo de propagação de chama Tipos de propagação de frente de chama: 1. Chama de pré-mistura: Acontece se o combustível e o comburente (ar, nitro, etc) são misturados ANTES da ignição. Ex: Motores a ignição por centelha. 2. Chama de difusão: Acontece quando o fenômeno de propagação é em parte controlado pela velocidade na qual os reativos se DIFUNDEM uns contra os outros. Ex: Motores a ignição por compressão (Diesel). Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 23 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A CHAMA DE DIFUSÃO - Diesel Inicia-se sem intervenção interna, ou seja, origina-se por auto-inflamação; A energia fornecida na fase de compressão do ciclo Diesel já é suficiente, pois a temperatura no interior ultrapassa o valor crítico de auto-inflamação “Ti”; O processo de início da combustão deve então ser bem controlado afim de minimizar o delay de auto inflamação. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 24 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A CHAMA DE DIFUSÃO Foto: DELPHI. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 25 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A CHAMA DE DIFUSÃO O combustível então deve ser injetado diretamente dentro da câmara de combustão; Este é então pulverizado e depois vaporizado. Difundindo-se assim, no ar comprimido no interior da câmara de combustão. Um delay de auto-inflamação, de ordem química, que varia conforme a riqueza, se soma ao delay físico que corresponde ao tempo de vaporização do combustível líquido. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 26 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A CHAMA DE DIFUSÃO A mistura formada então, é essencialmente HETEROGÊNEA, e comporta zonas de riqueza variável indo de combustível puro (R = ∞) ao ar puro (R = 0); É impossível determinar o local da câmara que a auto-inflamação dar-se-á início, porém, se for assegurado uma temperatura e pressão suficiente no fim da compressão...... ...inevitavelmente um ponto da câmara estará propício a dar início a uma auto-inflamação rápida. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 27 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A CHAMA DE DIFUSÃO Partindo-se desta zona inicial de auto-inflamação, onde se considera que a chama se desenvolve em PRÉ-MISTURA, e graças a energia recém liberada, a combustão se estende em seguida por chama de DIFUSÃO sobre o resto do combustível presente na câmara. ....assim como o combustível que continua a ser injetado após o início da auto-inflamação, pode-se daí, modificar o desenrolar da combustão. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 28 Inflamabilidade e processo de propagação de chama Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 29 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A CHAMA DE DIFUSÃO Devido a grande variação “local” de riqueza dentro dos mais variados pontos da câmara de combustão, pode-se somente tratar a riqueza como “GLOBAL”; A riqueza máxima que assegura uma combustão completa, encontra-se na cada 0,85, ou seja, 15% de excesso em ar. Mesmo que o combustível injetado encontre oxigênio suficiente na câmara, a partir de uma certa quantidade injetada, este queima incompletamente com a aparição de fumaça no escapamento. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 30 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A CHAMA DE DIFUSÃO Sobre este tipo de motor, a regulagem da carga é feita pela quantidade de combustível injetado, sem modificar o enchimento de ar, que em estando constante, é mantido sempre em seu valor máximo. Não tem borboleta!! Pi n c . M air . q.th Mair Cte Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 31 Exemplo de Chama de difusão:DIESEL Fonte: AVL Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 32 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO DA CHAMA EM UM MOTOR A IGNIÇÃO POR CENTELHA Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 33 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A CHAMA DE PRÉ-MISTURA Depende de uma fonte “externa” de energia para iniciar; Ela pode, dependendo da natureza da mistura e das condições operatórias do motor, se propagar em diferentes velocidades. Se velocidade sub-sônica: DEFLAGRAÇÃO Se velocidade super-sônica: DETONAÇÃO! Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 34 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A CHAMA DE PRÉ-MISTURA MAS ATENÇÃO, se velocidade super-sônica é chamada de DETONAÇÃO, não se deve confundir este termo com o fenômeno de “batida de pino” ou “cliquetis” ou “knock” para designar este fenômeno. Chamaremos então este processo anômalo de Combustão Anormal ao longo do curso. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 35 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO DA CHAMA => Este fenômeno é assegurado pela transferência de CALOR e MASSA ou, pela DIFUSÃO das partículas ativas da zona quente (onde acontece a reação química) = = = > para a zona de gases não queimados, mais conhecidos como gases “frescos”..... Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 36 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO DA CHAMA Os fatores aerodinâmicos no sistema em combustão, exercem uma influência MUITO importante sobre a VELOCIDADE global da combustão. Na prática, a mistura combustível em escoamento turbulento, é a grande responsável pelo bom funcionamento dos motores. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 37 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO DA CHAMA Escoamento turbulento, mas como assim?? O escoamento turbulento é um agente que aumenta drasticamente a mistura entre os gases “frescos” e os em reação. Sendo assim, ele acelera em muito a combustão dentro da câmara. Deste modo, o motor pode funcionar acima de 2000 rpm!! Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 38 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO DA CHAMA Nos motores de F1 atuais, eles atingem 20.000 rpm. A combustão não é ainda o fator que limita esta rotação. Fonte: ifp.fr. A foto mostra uma simulação da frente de um motor Peugeot V10 F-1 Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 39 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO DA CHAMA 1. Devido a esta grande turbulência e outros fatores ligados ao processo de combustão, a frente de chama não tem um aspecto liso ou bem definido. 2. Existem nas suas fronteiras, micro turbulências que aumentam muito a superfície real da chama. Aumentando assim o contato com os gases “frescos”. 3. O FSR ou Flame Speed Ratio, é um índice que permite levar em conta a turbulência encontrada na câmara de combustão. Ele representa o aumento da superfície entre uma chama “normal” e uma afetada pela turbulência interna. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 40 Inflamabilidade e processo de propagação de chama Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 41 Inflamabilidade e processo de propagação de chama O F.S.R. depende da fase da combustão pois, a velocidade de propagação da chama e a taxa de dissipação de energia, são variáveis ao longo do processo de combustão. (cinemática pistão/manivela) Nota-se no entanto que, a turbulência tem efeito maior quando a fase de combustão já está plenamente desenvolvida. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 42 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A evolução da velocidade é função: – Da evolução da temperatura e pressão dos gases ONDE se propaga a chama. – Da modificação da turbulência na câmara devido a cinemática do conjunto biela+pistão. => A velocidade no início da combustão é pequena. Podemos supor ainda que o núcleo da combustão está se movimentando sem ser deformado pela ação da turbulência local. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 43 Inflamabilidade e processo de propagação de chama Para este núcleo, a verdade será ainda maior se suas dimensões forem menores que as turbulências locais. Mas, quando a frente de chama alcança dimensões próximas aos níveis de turbulência da câmara, esta irá agir e recortar toda a superfície de frente de chama. A velocidade de propagação da frente de chama dispara neste momento. Nesta fase, a velocidade depende mais da turbulência do que das propriedades químicas da mistura. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 44 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO DA CHAMA A AERODINAMICA INTERNA do motor, como a geometria dos dutos de admissão, câmara de combustão, também contribuem (ou não) para o aumento e propagação do escoamento turbulento. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 45 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO DA CHAMA – Aerodinâmica Interna Existem atualmente, basicamente 3 maneiras de se admitir a mistura dentro dos cilindros. São elas: 1. SWIRL 2. TUMBLE 3. SQUISH Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 46 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO DA CHAMA – Aero.Int.1) SWIRL -> Obtido com a geometria dos dutos de admissão. Consiste na rotação da mistura em torno do eixo central do cilindro. Mais comumente usada em motores Diesel para veículos de passeio. Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 47 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO DA CHAMA – Aero.Int.-2 O SWIRL melhora a combustão agindo sobre o aumento da velocidade de queima e regularidade de funcionamento. Também ajuda a aumentar a superfície média da frente de chama e reparte melhor a região dentro da câmara. Ruim no que tange as trocas térmicas com as paredes e rendimento volumétrico. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 48 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO DA CHAMA – Aero.Int.-3 Alcool/GASOLINA Exemplo de soluções DIESEL Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 49 Fonte: RAYNAL, B. Inflamabilidade e processo de propagação de chama A PROPAGAÇÃO DA CHAMA – Aero.Int.-4 2) O TUMBLE: Estratégia de admissão da mistura que a coloca em rotação, na forma de turbilhonamento, em um eixo perpendicular ao eixo do cilindro. Mais comumente usado em motores a ignição por centelha. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 50 Inflamabilidade e processo de propagação de chama O TUMBLE é gerado também com a geometria dos dutos de admissão, do ângulo de inclinação das válvulas e da lei de abertura de válvulas. O TUMBLE favorece em muito o desenvolvimento da combustão. Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 51 Inflamabilidade e processo de propagação de chama 3) O SQUISH: Terceira e última estratégia de “gerenciamento” da mistura. Consiste numa forte turbulência gerida no momento oportuno. Por exemplo, no momento da combustão e na vizinhança do PMH. Permite aumentar a velocidade de combustão. Pode entretanto destruir o SWIRL e o TUMBLE. Até apagar a faísca da vela! Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 52 Inflamabilidade e processo de propagação de chama 3) O SQUISH: Terceira e última estratégia de “gerenciamento” da mistura. Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 53 Inflamabilidade e processo de propagação de chama A EXTINÇÃO DA CHAMA Assim como tudo na vida, a chama nasce, se desenvolve, se propaga e morre. Existem 3 maneiras dela morrer. 1.) Nascer morta (!) -> falha de ignição; 2.) Extinguir na vizinhança das paredes; 3.) Morrer aprisionada nos interstícios do sistema. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 54 Inflamabilidade e processo de propagação de chama Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 55 A combustão em um motor a ignição por centelha Vimos até agora o processo de combustão em si. Estudar-se-á agora, como ele influencia o comportamento de um motor a ignição por centelha. Fonte: howstuffworks.com Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 56 A combustão em um motor a ignição por centelha Em um motor a ignição por centelha, a combustão é desencadeada em UMA ou eventualmente VÁRIAS zonas muito localizadas da mistura AR + Combustível. Existe então, um aporte de energia exterior, em um certo instante do ciclo (ponto de ignição!!!) graças a um dispositivo de centelhamento = = = > VELA Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 57 A combustão em um motor a ignição por centelha Na verdade das verdades, o que acontece naquela pequena região da centelha, é uma AUTO-INFLAMAÇÃO da mistura pois a temperatura ao redor do arco voltaico é da ordem de 3000 graus! Bem acima então da “Ti” ou temperatura de autoinflamação. Devido a esta temperatura elevadíssima, o delay ‘” é negligenciado. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 58 A combustão em um motor a ignição por centelha Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 59 A combustão em um motor a ignição por centelha A partir de uma fonte de inflamação da mistura, uma frente de chama ira então propagar-se normalmente na mistura. A velocidade de propagação é de algumas dezenas de metros por segundo (30 a 40), separando então a câmara em 2 partes: – Gases frescos e queimados. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 60 A combustão em um motor a ignição por centelha MAS, MAS, esta deflagração só poderá efetivamente se propagar, caso a mistura for sensivelmente homogênea e se a composição inicial da mesma assim o permitir. Além da pressão e temperatura, a RIQUEZA tem então que estar incluída nestes limites que regem a deflagração. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 61 A combustão em um motor a ignição por centelha ATENÇÃO!!!!!! Porém, contudo, entretanto, basta que durante a deflagração, UM ou mais pontos quentes se auto-inflamem para o motor apresentar Combustão Anormal. O combustível então entra em cena, ele precisa ter características particulares de resistência a auto-inflamação (M.O.N) e às temperaturas atingidas pelos gases “frescos” no decorrer da combustão. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 62 A combustão em um motor a ignição por centelha A riqueza influencia a velocidade de propagação da chama. Nos motores, ela tem que estar próxima da estequiometria para se garantir uma velocidade suficientemente rápida. A velocidade de combustão é máxima nas regiões entre riqueza 1 e 1,2. A velocidade cai bruscamente com riquezas baixas < 0,8. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 63 A combustão em um motor a ignição por centelha Além da riqueza (a), outros parâmetros de regulagem, uso e construção, sobre a combustão, influenciam a velocidade/propagação da combustão. São eles: b) Regime de rotação; c) Rendimento volumétrico; d) Avanço da ignição; e) Características geométricas do motor como: e.1) Geometria da câmara de combustão; e.2) Taxa de compressão; e.3) Aerodinâmica interna do circuito de admissão e câmara. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 64 A combustão em um motor a ignição por centelha A) RIQUEZA Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 65 A combustão em um motor a ignição por centelha B)Regime de rotação - - - 1000 rpm ----- 3100 rpm Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 66 A combustão em um motor a ignição por centelha C) Rendimento volumétrico – Se enchimento cai, pressão e temperatura cai. Fração de gases queimados aumenta. – Se carga motor muito baixa, combustão fica muito lenta, aumenta números de ciclo sem combustão, aumenta dispersão cíclica. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 67 A combustão em um motor a ignição por centelha D) Avanço da ignição – Em 1, maior pressão de pico, mas com muito avanço. Veja que a combustão está centrada antes do PMH.(faixa verde) – Já em 4, tem-se a melhor PMI pois, combustão está bem centrada.(vermelho) PMH Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 68 A combustão em um motor a ignição por centelha E) Geometria E.1.)da Câmara -As paredes devem ter o menor contato possível com a frente de chama, 4v/cil 2v/cil -Câmara compacta é bom então. Posição central da vela também. Área frente chama Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 69 Área parede impactada A combustão em um motor a ignição por centelha Twin spark 4v/Cil E) Geometria E.1.)da Câmara -Influência da posição e número de velas por cilindro em função da área de frente de chama e percurso percorrido na câmara. Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 70 2v/Cil A combustão em um motor a ignição por centelha - 18 MNEMÔNICA Motor 4 Tempos; – A 3000 rpm = 50 rotações por segundo 25 combustões por segundo –60 a 90 graus do virabrequim para acontecer a combustão »3 a 5 MILISEGUNDOS para ela acontecer!!!!! Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 71 A combustão ANORMAL em um motor a ignição por centelha Nem tudo são flores no caminho do progresso e desenvolvimento dos motores. Existe um fenômeno que nos persegue desde o começo e, pelo que tudo indica, estará sempre presente na vida daqueles que com os motores trabalham. Este vilão chama-se KNOCK, ou cliquetis em Francês. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 72 A combustão ANORMAL em um motor a ignição por centelha Existem várias condições de funcionamento que podem acarretar na aparição de KNOCK. São elas: – Por ignição => mais freqüente. – Paredes muito quentes; – Depósitos incandescentes. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 73 A combustão ANORMAL em um motor a ignição por centelha Foto: NGK A figura ilustra bem o momento em que surge a vibração de KNOCK Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 74 A combustão ANORMAL em um motor a ignição por centelha - 3 O KNOCK nada mais é do que a auto-inflamação de parte da mistura composta pelos gases “frescos”. Esta auto-inflamação é praticamente uma explosão que gera: – Forte aumento na pressão do sistema; – Geração de ondas de pressão de choque na câmara que se propagam a uma velocidade média de 900 m/s (!!) a uma freqüência de 4000 a 8000 Hz. – Geração de um ruído característico e facilmente audível. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 75 A combustão ANORMAL em um motor a ignição por centelha Um motor que por ventura vier a funcionar por alguns minutos com KNOCKING, pode, devido ao excesso de temperatura gerado: – Romper a junta de cabeçote; – Fusão do pistão; – Fusão da câmara e outros componentes em contato com a combustão. Foto: J. Lodetti Pistão de um motor Renault V6 bi-turbo de F-1. 1986 Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 76 900 m/s 35 m/s A combustão ANORMAL em um motor a ignição por centelha X Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 77 !! OK O controle motor Exemplo de cartografia de riqueza em função da carga. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 78 A combustão em um motor a ignição por centelha e Injeção Direta Com o passar dos anos e o advento da tecnologia, existem atualmente motores que podem sim funcionar com baixas riquezas. Existem 2 tipos de motores: – A injeção direta com carga estratificada (IDE, GDI,..) – Motor a mistura pobre ou “lean burn”. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 79 Histórico – injeção direta 1916: Alemanha – Junkers lança o primeiro motor a injeção direta em motores aeronáuticos. Modelo Fo.2 de 6 cilindros horizontais; 1930: Desenvolve-se muito a pesquisa em motores a injeção direta a gasolina; 1937: Alemanha – é lançado o Daimler-Benz DB601, Junkers Jumo 210G e o BMW 132 F. Todos para uso aeronáutico; 1937: Um Messershmith Me 209, equipado com um DB601 sobre-alimentado e com injeção de metanol, desenvolve cerca de 2100hp e alcança 755 km/h; 1949: Alemanha – Desenvolvimento de motores DKW 2 tempos a injeção direta; 1949: Estados Unidos – Texado desenvolve o primeiro motor a funcionar com carga estratificada de combustível (Texaco Combustion Process). Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 80 Histórico - cont 1954: Alemanha – Daimler-Benz lança a famosa 300SL, equipada com um motor cilindros de 3.0 litros equipado com injeção direta e produzindo 220hp@5500 rpm; 1960: Alemanha – MAN FM desenvolve motor a ignição por centelha com carga estratificada baseado em um motor diesel; 1970: Estados Unidos – Ford desenvolve também seu motor a carga estratificada (PROCO); Décadas de 60 e 70: Desenvolvimento praticamente abandonado devido ao advento da injeção eletrônica de combustível; Década de 90: Relançamento dos motores a injeção direta. Primeiro foi o Mitsubishi GDi; Atualmente: Plena difusão de motores a injeção direta sobre-alimentados. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 81 História Daimler-Benz 300SL Engine Fonte: BOSCH/MTZ Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 82 Potencial de Ganho Fonte: BOSCH/MTZ Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 83 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta Porque é mais eficiente?? Fonte: BOSCH/MTZ Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 84 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta Potencial de Ganho Fonte: BOSCH/MTZ Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 85 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta – Potencial de Ganho Fonte: BOSCH/MTZ Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 86 Design Fonte: BOSCH/MTZ Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 87 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta Motores a carga ESTRATIFICADA 2 Ar Combustível Foto: Renault Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 88 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta Fonte: BOSCH Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 89 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta O primeiro construtor Europeu a lançar um motor a injeção direta a gasolina foi a RENAULT. Este motor chama-se F5R IDE e foi desenvolvido pela divisão Renault Sport. Atualmente, a maioria dos construtores já possui como opção, ou já substituiu os motores a injeção no coletor de admissão por um motor a Injeção Direta de Gasolina. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 90 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta Motores a carga ESTRATIFICADA Neste tipo de motor, a mistura Ar + Combustível é voluntariamente NÃO HOMOGÊNEA. O enriquecimento LOCALIZADO na vizinhança da fonte de ignição, permite uma combustão de mistura GLOBALMENTE POBRE. Com isto, se consegue funcionamento com riqueza GLOBAL entre 0,5 a 1,3 !! Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 91 Design – Carga Estratificada Fonte: BOSCH/MTZ Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 92 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta – Carga Estratificada Fonte: BOSCH Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 93 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta Motores a carga estratificada As tecnologias mais empregadas hoje se apóiam: 1. Nos novos conhecimentos no domínio da aerodinâmica interna dos motores e nas ferramentas de simulação numéricas. Estas últimas, são muito usadas no estágio de concepção dos circuitos de alimentação e câmara de combustão. (SWRIL, TUMBLE,...) Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 94 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta 2. Nas potencialidades do sistemas de controle motor e de injeção de combustível, graças ao progresso da eletrônica. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 95 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta A próxima figura, mostra um motor a injeção direta, com funcionamento em carga estratificada e homogênea atual. Notaremos que o domínio do estado físico da mistura admitida na câmara de combustão, está focada na DURAÇÃO da formação da mistura. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 96 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta Motor Mitsubishi G.D.I. (Gasoline Direct Injection) Vídeo: AVL Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 97 Fonte: BOSCH/MTZ A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta 1. A forte carga: Combustível injetado na fase de admissão de ar. Modo tradicional 2. A baixas/médias cargas: Injeção na fase de compressão a fim de estratificar a mistura e manter riqueza correta na vela. Forte Média/Baixa Fonte: RAYNAL, B. Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 98 A combustão em um motor a ignição por centelha Injeção Direta Vantagens do funcionamento estratificado: Redução em 10% das perdas por bombeamento; Melhora em 5% do rendimento termodinâmico; Temperaturas de combustão menores, logo redução de perdas térmicas até 7%; Admissão da carga de ar com temperaturas menores => aumento na taxa de compressão de 10:1 para 12:1. Potencial TOTAL de melhora no rendimento: 30% Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 99 Motores Lean Burn Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 10 0 A combustão em um motor a ignição por centelha CLÁSSICO RESUMO Combustão em mistura homogênea, obtido por uma mistura prévia e estando o combustível em estado vaporizado quando da injeção na câmara de combustão Combustível facilmente vaporizável e resistente ao “knock”. Duração de formação da mistura: 360 graus (1/2 do ciclo) Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 10 1 A combustão em um motor a ignição por centelha CLÁSSICO RESUMO – cont. Ignição por aporte externo de energia; Combustão em pré-mistura através de uma propagação de uma deflagração; A riqueza da mistura admitida fica dentro de limites estreitos em torno da estequiometria => ( de 0,9 a 1,2). Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 10 2 A combustão em um motor a ignição por centelha... ... NÃO TÃO CLÁSSICO Volvo Powertrain Volvo Powertrain - Julio Lodetti 10 3