06 | 4 MAR 2013 | SEGUNDA-FEIRA
DiáriodeCoimbra
COIMBRA
ARQUIVO DC
Descobrir formas simples de prevenir doenças nos seniores é o principal objectivo do estudo que envolve seniores de Coimbra
FMUC convida séniores
para estudo sobre
envelhecimento saudável
Longevidade Investigadores querem avaliar a eficácia da Vitamina D, do ómega
3 e do exercício físico na prevenção de doenças e precisam de 300 voluntários.
Andrea Trindade
A vitamina D, tão importante
para fixar o cálcio nos nossos
ossos. Os ácidos gordos ómega
3 que ajudam a prevenir as
doenças cardiovasculares. O
exercício físico, que, entre outros inúmeros benefícios, me-
lhora a postura, aumenta a
força e fortalece os músculos.
São três coisas simples e sabemos bem que contribuem para
a prevenção de doenças, para
uma vida mais longa e saudável. Falta prová-lo, com rigor
científico. E é isso que se propõe fazer com o Do-Health,
um projecto da Comissão Europeia coordenado pela Universidade de Zurique (Suiça),
que estudará uma população
de cerca de duas mil pessoas
de diversos países europeus.
Portugal é um deles e estará
representado por Coimbra.
Sob a coordenação do médico
Coimbra recebe perto
de um milhão de euros
para participar em
projecto europeu cujo
investimento total
ronda os 15 milhões
e docente José António Pereira
da Silva, a Faculdade de Medicina assumirá o estudo de três
centenas de pessoas com mais
de 70 anos para avaliar a utilidade destas medidas naturais
- vitamina D, ómega 3 e exercício físico - numa variedade
de parâmetros relevantes para
os seniores: as fracturas osteoporóricas, a tensão arterial, a
osteoartrose, infecções, capacidade cognitiva, entre outros.
Com esta investigação, pretende-se descobrir formas simples de prevenir doenças comuns nas pessoas de idade
avançada e melhorar a sua
qualidade de vida.
Pessoas com mais de 70
anos e independentes são potenciais candidatos a participar
no estudo e podem entrar em
contacto com a equipa de investigadores (ver caixa). «Apenas pedimos que nos visitem
uma vez por ano, ao longo dos
três anos do estudo, que tomem os produtos naturais que
vamos fornecer - a uns vitamina D e a outros ómega 3 - e
façam o exercício físico recomendado», refere o médico.
Os participantes serão contactados telefonicamente de
três em três meses e terão à
sua disposição um médico ou
enfermeiro para esclarecimento de eventuais dúvidas.
Todas as despesas - com produtos a tomar e com deslocações - estão cobertas e as avaliações regulares de saúde serão dadas a conhecer ao médico de família do sénior.
Envelhecimento activo
José António Pereira da Silva
considera que a participação
da FMUC neste estudo não podia vir mais a propósito da candidatura de Coimbra a região
europeia de referência para o
A “epidemia” de falta de vitamina D
Sol Mais de metade da
população apresenta
níveis insuficientes de
vitamina D e carência
chega a 80 % dos seniores
A vitamina D nos alimentos
que ingerimos não é suficiente
para as nossas necessidades
diárias - seria necessário ingerir
24 ovos ou dois quilos de sardinha, por exemplo -, sendo a
acção do sol sobre a pele fundamental para estimular a produção e absorção de vitamina
Ana Pinto, enfermeira, e Pereira da Silva, coordenador do estudo
D. Esta é fundamental para termos ossos fortes mas também
- demonstram estudos recentes - para prevenir infecções,
fortalecer músculos, aumentar
a coordenação, diminuir a tendência para a hipertensão arterial e o aparecimento de diversos cancros (mama, cólon,
intestino e útero).
José António Pereira da Silva
repara, no entanto, que em todos os estudos realizados,
«mais de metade da população
apresenta níveis insuficientes
de vitamina D» e que «a carên-
cia é ainda maior nas pessoas
com mais de 70 anos, atingindo
80 a 90 por cento desta população». «Uma epidemia de falta
de vitamina D», como a classifica, que se deve a mudanças
de hábitos laborais e sociais. Tabalhamos em espaços fechados e protegemo-nos mais «até o exagero» - do sol. Para o
médico, 20 minutos de sol por
dia, entre Abril e Outubro, e sem
protector solar, são suficientes
para obter os benefícios necessários. Sem isso, só com suplementos de vitamina D. |
Preocupações
numa Europa
envelhecida
Debatendo-se com os
graves problemas de envelhecimento da população, é numa linha estratégica de promoção de um
envelhecimento saudável
nos seus estados-membro que a União Europeia
financia o projecto DoHealth. A investigação
tem uma dotação global
que ronda os 15 milhões
de euros. À Faculdade de
Medicina da Universidade de Coimbra cabe
uma fatia de meio milhão
de euros, assim a equipa
consiga estudar um
grupo de 300 seniores,
como se propõe fazer. O
coordenador, Pereira da
Silva, sublinha a importância da presença de
Coimbra neste relevante
estudo internacional.|
envelhecimento activo e saudável. Desenvolver projectos
na área da investigação, da intervenção social e dos cuidados de saúde que melhorem a
qualidade de saúde do idoso
são alguns dos objectivos do
Projecto Aging Coimbra, liderado pela Universidade, com a
Câmara Municipal, do Centro
Hospitalar e Universitário de
Coimbra, da Administração
Regional de Saúde e do Instituto Pedro Nunes. |
Quem pode
participar e o
que deve fazer?
Os investigadores convidam cidadãos com mais de 70 anos,
autónomos e não institucionalizados, a solicitar esclarecimentos através do telemóvel
914345404. Os seniores que
reúnam as condições necessárias serão acompanhados durante três anos por uma equipa
de profissionais de saúde. Será
pedido que vão uma vez por
ano à FMUC e aceitem um contacto telefónico de três em três
meses. O estudo não tem custos nem riscos relevantes . |
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FMUC convida séniores para estudo sobre