FERNANDO PESSOA ENADE Rita Belmudes Objetivos Apresentar : • O que é Heteronímia • Os principais heterônimos de • • Fernando Pessoa Poesia Ortônima – Fernando Pessoa ele mesmo. Poemas e Contexto de Mensagem. Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Contexto histórico em Portugal - As três primeiras décadas do século XX foram extremamente agitadas para os portugueses. - Período de estabilidade política e desenvolvimento econômico, como uma monarquia constitucional liberal, desde 1851. - A monarquia constitucional sofreu um grande abalo, em 1890, com o episódio conhecido como Ultimato, em que Portugal foi humilhado pela Inglaterra Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital - Houve, assim, uma volta ao passado, às Grandes Navegações, à grandiosidade do Império ao Sebastianismo, às glórias de Os Lusíadas. O próprio Fernando Pessoa chegou a citar, em 1912, um “Super-Camões”. - “... deve estar para muito breve o inevitável aparecimento do poeta ou poetas supremos desta corrente e da nossa terra, porque fatalmente o Grande Poeta que este movimento gerará deslocará para segundo plano a figura até agora primacial de Camões. (...)” Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital - marco inicial: publicação do primeiro número de Orpheu – Revista Trimestral de Literatura, em março de 1915, que contava com a participação, entre outros, de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e do brasileiro Ronald de Carvalho. - A Revista teve ainda um segundo e último número, datado de junho de 1915; o terceiro número, embora planejado, não chegou a ser editado, devido ao suicídio de Mário de Sá-Carneiro, Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Nasceu em Lisboa, em 1890. Filho único de um engenheiro, fez os estudos secundários em Portugal e, depois, foi para Paris cursar Direito. Mário de SáCarneiro foi uma das figuras mais representativas do Modernismo português. Em 1912, publicou seu primeiro livro, Princípios (contos). Em 1914, retornou a Portugal e, junto com Fernando Pessoa, fez parte do grupo de Vanguarda e projetou a Revista Orpheu Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Heterônimos • • • Os heterônimos seriam como personagens inventadas por um autor de teatro) seriam como monólogos líricos. Os Heterônimos apresentam personalidades próprias, idéias e sentimentos peculiares e estilo literário original e inconfundível, sendo todos poetas de altíssima qualidade artística. Fernando Pessoa assina com seu próprio nome (poesia ortônima.) Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Heterônimos Alberto Alberto Caeiro Caeiro Ricardo Ricardo Reis Reis Álvaro Álvaro de de Campos Campos Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Alberto Caeiro • • • • • • Nasceu em 1889 e morreu em 1915. Viveu quase toda a sua vida no campo sem ter tido formação profissional. De estatura média, loiro, de olhos azuis. órfão de pai e mãe. estudou apenas até o primário. morreu tuberculoso. Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital ALBERTO CAEIRO oblogdeportugues12h.bl... Poeta-filósofo, mas, curiosa e paradoxalmente, seus versos recriminam os poetas e sua teoria se volta contra o pensamento Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Alberto Caeiro: seus pensamentos refletidos em sua poesia. • Todo seu esforço concentra-se na conquista da felicidade, que, segundo Alberto Caeiro, só é possível com a neutralização da razão. • O homem deve comportar-se como as árvores e os animais. • As sensações e os instintos são o bastante, querer mais que isso é perder isso. • A inteligência é antinatural e causa angústia e infelicidade, pois quando se busca o sentimento das coisas, a inteligência abandona o que é real (as coisas), para uma procura inútil do que não tem existência real. Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Características da Poesia de Caeiro Linguagem simples Bucolismo Paganismo Sensacionismo Antimetafísico Vê beleza nas coisas exatamente como elas são. Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Caeiro: o guardador de rebanhos Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Alberto Caeiro IX - Sou um Guardador de Rebanhos Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido. Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto. E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz. Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Ricardo Reis: características de sua poesia Ricardo Reis é poeta clássico. Helenista e latinista, a fonte de suas idéias e estilo poético está na antiguidade clássica. O grande modelo de sua poesia é a de Horácio (65-8 a.C). Ricardo Reis escreve odes (tipo de poesia lírica) com muita elegância de estilo, senso de equilíbrio e sintaxe fortemente trabalhada. Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Ricardo Reis: características de sua poesia • • • Presença de Mitologia e Uso de máximas horacianas (carpe diem), Epicurismo e estoicismo (resignação e gozo dos prazeres a vida. Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.) Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmonos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassossegos grandes. Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência. Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças. E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital vita-gotasdepoesia.blo Vamos ouvir “Lídia” na voz de Paulo Autran! Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Álvaro de Campos • • • • • nasceu em Tavira, no dia 15 de outubro de 1890. Era Engenheiro Naval, alto, magro, cabelos lisos, tipo semelhante a um judeu português. Estudou na Escócia. É o poeta do século XX, deslumbrado com os avanços da máquina, com o progresso, com a civilização. Seu estilo é cheio de vitalidade, ao mesmo tempo em que revela a angústia do homem de seu tempo e a crise de valores espirituais. Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Álvaro de Campos • • • • • Inquieto, Muitas vezes pessimista com relação ao seu tempo. Voltado freqüentemente para o vazio e para a inadaptação às condutas sociais. É lúcido, mas pleno de emoções, ou seja, “pensa com a emoção” único que apresenta uma poesia em que se percebe a ocorrência de fases distintas. São três estas fases: Decadentismo Futurismo Niilismo Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Álvaro de Campos:Poema em linha reta Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo, Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, e infame da vileza Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Álvaro de Campos:Poema em linha reta Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida... Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Álvaro de Campos:Poema em linha reta Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó príncipes, meus irmãos, Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital linha reta na voz de Osmar Prado Álvaro de Campos:Poema em linha reta cfh.ufsc.br Vamos ouvir Poema em linha reta na voz de Osmar Prado Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital linha reta na voz de Osmar Prado Poesia Ortônima Vamos ouvir O Poeta é Fingidor na voz de Paulo Autran. Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital Grandes Navegações e o Sebastianismo no Modernismo Português alienado.net MENSAGEM: O ÉPICO EM PESSOA O livro Mensagem reúne 44 poemas mais ou menos curtos. São fragmentos, ora narrativos, ora contemplativos, que evocam momentos de glória do passado lusitano ou celebram mitos, lendas e figuras heróicas nacionais Grandes Navegações e o Sebastianismo no Modernismo Português MAR PORTUGUÊS Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.