Um rosto da ternura
e da misericórdia de Deus
Carta aberta
na ocorrência da beatificação
da Irmã Maria Clara do Menino Jesus
Maria Clara, um rosto da ternura
e da misericórdia de Deus
Linda-a-Pastora, 07 de Fevereiro de 2011
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Minhas amadas Irmãs Franciscanas Hospitaleiras,
Queridos irmãos e irmãs da Família Secular Franciscana Hospitaleira,
Queridos irmãos e irmãs membros da Liga pró-canonização,
Queridos familiares da nossa Mãe Clara,
Queridos irmãos e irmãs que, em algum momento da vida, encontraram a Irmã
Maria Clara
Como Deus é bom! Deus seja bendito!
Com profunda alegria, venho comunicar-lhes que o Santo Padre Bento XVI
anunciou a próxima beatificação da Ir. Maria Clara do Menino Jesus, com data
de 21 de Maio, na Diocese de Lisboa, onde nasceu, viveu e morreu. Dou-lhes
esta feliz notícia, certa de que a Primavera é uma estação apropriada para
proclamar a santidade de Deus como luz e beleza, ternura e misericórdia, na
vida desta mulher portuguesa do século XIX. O seu testemunho faz-nos vibrar,
diante do milagre que acontece, quando o amor de Deus encontra abrigo e
correspondência no coração humano.
Como irmã e serva da Família Franciscana Hospitaleira, quero unir-me a todos
os que, nos diversos recantos do mundo, se alegram com a beatificação da Mãe
Clara, bendizendo o Deus humilde, que elege os pequeninos como sinais
anunciadores da Sua infinita santidade.
1. Ir. Maria Clara - traços de uma vida
A Igreja acaba de reconhecer publicamente, como bem-aventurada, a serva do
Senhor, Ir. Maria Clara do Menino Jesus.
Nascida na Amadora, a 15 de Junho de 1843, foi baptizada na Igreja Paroquial
de Nossa Senhora do Amparo, Benfica, a 2 de Setembro do mesmo ano, com o
nome de Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Telles e Albuquerque. Era
filha de Nuno Tomás de Mascarenhas Galvão Mexia de Moura Telles e
Albuquerque e de D. Maria da Purificação de Sá Carneiro Duarte Ferreira.
Como terceira dos sete filhos daquela família nobre e profundamente cristã, foi
recebida com o mais terno amor. Viveu uma infância feliz e, desde cedo, foi
abrindo o coração à presença amorosa de Deus, ajudada pelo testemunho
cristão dos seus pais. Ainda na adolescência, foi visitada pelo sofrimento
indizível da total orfandade. Aos 14 anos, entrou no Asilo Real da Ajuda,
orientado por Irmãs francesas, Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo.
Quando, em 1862, aquelas religiosas foram expulsas do território português,
Libânia foi convidada a residir com os Marqueses de Valada, seus parentes e
amigos, e com eles permaneceu cinco anos.
Em 1867, entrou no pensionato de São Patrício. Dois anos depois, aos 26 anos,
ingressou no grupo das Capuchinhas de Nossa Senhora da Conceição. Daí em
diante, vai viver a aventura de um mergulhar progressivo no mistério de Cristo
e, participando da Sua compaixão, adentrar no desconcertante mundo do
sofrimento humano, para iluminá-lo com a alegria e aquecê-lo com a ternura e a
misericórdia de Deus.
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2. Ir. Maria Clara - um mergulho no mistério de Cristo
Por onde a terá conduzido o Espírito Santo, para ajudá-la a viver a progressiva
configuração com Jesus Cristo, num itinerário de santidade? A resposta a esta
questão permanece no segredo de Deus e o olhar da fé pode apenas vislumbrála. Tentemos fazê-lo: Depois de uma infância protegida e feliz e de uma
adolescência visitada por profundos e repetidos sofrimentos, quando o seu
coração se inclinava à tomada de uma decisão vocacional, assistiu à partida da
sua irmã Matilde para o mosteiro da Visitação. Anos depois, a Marquesa de
Valada, amiga e confidente, decidiu seguir por caminho semelhante:
renunciando aos bens materiais e a uma vida de luxo, partiu para França, a fim
de aí ingressar na vida religiosa.
Nessa altura, já se podem perceber os acenos do Senhor Jesus ao coração de
Libânia, convidando-a a segui-lo pelos caminhos despojados da vida franciscana.
Responde a este apelo, entrando no pequeno e desconhecido grupo de
terceiras franciscanas, a quem o Padre Raimundo dos Anjos Beirão amparava
com a ajuda espiritual e o apoio material. Ali, no ambiente pobre do convento,
vai acontecer o encontro de Libânia com o Cristo de Francisco e de Clara de
Assis, o Senhor pobre, humilde e crucificado.
Este encontro com o Senhor e a atracção irresistível que Ele exerceu sobre o seu
coração constituíram forte desafio para a alma sequiosa e ardente de Libânia.
Secundando a decisão de deixar a riqueza e a posição social privilegiada, um
vínculo matrimonial nobre e outras vantagens advindas da sua linhagem,
Libânia decide ingressar naquele grupo de consagradas. Em 1869, recebe o
hábito de Capuchinha de Nossa Senhora da Conceição, no Convento de São
Patrício, passando a chamar-se Ir. Maria Clara do Menino Jesus. Entra, agora, no
caminho do despojamento e da descida do Verbo de Deus, na Sua Encarnação.
Com Ele, o Jesus Menino que traz no próprio nome, vai mergulhar na
obediência ao Pai, na pobreza, na humildade e na minoridade. O desejo de
seguir os seus passos levá-la-á pelos caminhos insuspeitados de uma aliança que
culminará na total configuração com Ele, até ao extremo da solidão e abandono
da cruz.
O coração do Padre Raimundo dos Anjos Beirão vislumbra na Ir. Maria Clara a
mulher escolhida pelo Senhor para, com ele, fundar uma congregação que se
debruce, em atitude e gestos samaritanos, sobre as chagas da sociedade
portuguesa dos meados do século XIX. Por isso, e porque em Portugal fora
proibido professar, em Fevereiro de 1870, sob a orientação desse dedicado
sacerdote, a Ir. Maria Clara deixa temporariamente São Patrício, para fazer o
noviciado em França, na Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras e
Mestras, na cidade de Calais. Ali professa a 14 de Abril de 1871 e retorna à
pátria, aonde chega a 1 de Maio. No dia 3, no Convento de S. Patrício, em
Lisboa, de acordo com as orientações vindas de Calais, a Ir. Maria Clara é
empossada pelo Padre Beirão como Superiora e Mestra de Noviças das Irmãs
que aderiram à reforma daquele grupo de Terceiras Franciscanas. Nasce, então,
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nesse dia 3 de Maio de 1871, a Congregação das Irmãs Hospitaleiras dos Pobres
pelo Amor de Deus, aprovada pelo Papa Pio IX, a 27 de Março de 1876. Em
1964, passou a ser chamada Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras
da Imaculada Conceição.
A pobreza de bens era severa no convento. As Irmãs procuravam viver do
trabalho, mas os seus rendimentos não bastavam, muitas vezes, para suprir as
necessidades mais elementares delas próprias e das pessoas a quem acudiam.
Como Jesus, totalmente dependente do Pai, a Ir. Maria Clara vai fazendo a
experiência de tudo receber das mãos providentes do Senhor, até o pão de cada
dia, para si e para a sua comunidade.
Narra a cronista que, certo dia, as Irmãs chegaram ao refeitório para o jantar e
nada havia sobre a mesa, excepto uns poucos pedaços de pão duro. A Mãe
Clara, compadecida, comunicou-lhes: Minhas Irmãs, Nosso Senhor, hoje, não
nos deu com que preparar a ceia. E as Irmãs, humildemente, partilharam as
sobras do pão.
Esta confiança filial foi logo respondida de modo extraordinário, quando a
criada de uma família abastada lhes veio trazer um cesto com várias iguarias.
Assim, as Irmãs puderam alimentar-se naquela noite. Factos semelhantes
aconteceram inúmeras vezes, durante a vida da Mãe Clara, confirmando-a no
caminho da confiança no Pai e da dependência filial do Seu cuidado providente.
Desde a adolescência, Libânia vinha experimentando um doloroso
despojamento. Já órfã de mãe, em Outubro de 1857, foi viver no Asilo Real da
Ajuda e, meses depois, sofreu mais um duríssimo golpe, com a morte do pai. Ali,
fora do lar, separada dos irmãos a quem amava com ternura, afastada do
convívio com outros familiares, as recordações, a saudade e a solidão foram
povoando a sua vida. Com elas, porém, veio também o Senhor iluminar e
aquecer aquele duro deserto, para fazê-lo florir. À medida que ruíam as
seguranças humanas, Ele ia ocupando todo o espaço da sua vida.
Também agora, na vida religiosa, não lhe faltaram dilacerantes surpresas que a
fariam sucumbir, se a fé inabalável, a confiante esperança, a forte convicção de
que nada acontece no mundo sem permissão divina a não tivessem sustentado.
Tudo parecia convergir para o seu fracasso e o desaparecimento da obra de
Deus que nascera nas suas mãos. Basta lembrar uns poucos episódios da sua
vida: a acirrada perseguição movida contra a jovem congregação, pela única
razão de existir; a morte do fundador, Padre Raimundo, que a deixou sem o
apoio de que necessitava, na direcção de um instituto nascente; as
consequências advindas do exercício de uma liderança feminina, inusitada
naqueles tempos; o longo processo judicial, injustamente levantado por César
Macedo, que a levou ao banco dos réus, por dívidas que não contraíra; o
monstruoso processo do “Caso das Trinas”, que suscitou nova perseguição
jornalística caluniosa e difamatória, amplamente difundida, com repercussões
humilhantes; as várias visitas apostólicas, com as implicações de análises e
julgamentos arbitrários; as imposições, questionamentos e proibições de
superiores eclesiásticos que, mesmo sem compreender, ela aceita e cumpre
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como se viessem do próprio Deus; a tentativa de deposição do cargo de
superiora geral, forjada por incompreensões, calúnias e hostilidades não só
externas, como internas.
Em consequência de tudo isto, sobretudo a partir do Caso das Trinas, foi
rareando o apoio moral e material de benfeitores às obras nascidas da caridade
e da diligência da Mãe Clara. Em algumas situações, as Irmãs que lhe ofereciam
compreensão e apoio nas grandes provações que experimentava, iam sendo
retiradas da sua companhia. E, mais uma vez, a solidão e o silêncio de Deus se
abatiam sobre ela, afligindo-a duramente.
A tudo ia reagindo do modo como aprendera com o Mestre: à acusação e à
calúnia, respondia com gestos da mais sincera caridade; às provações que o
Senhor lhe permitia experimentar, reagia com renovada confiança, com o amor
mais entranhado e com a alegria de quem sabe que o sol da justiça pode
eclipsar-se por um momento, mas é para reaparecer com mais esplendor, como
diria mais tarde.
Com profunda humildade, curvava-se sob os dilacerantes sofrimentos que a
atingiam. Não perdeu a alegria nem a paz, não se afastou das actividades
inerentes à sua missão e era com dignidade que as desempenhava. Não se
demitiu do compromisso de tudo fazer para que a verdade brilhasse, porque
aprendeu do seu Mestre que só ela nos faz livres.
Como a alegria do Espírito fez morada no coração do Senhor Jesus, levando-O
muitas vezes a exultar diante da presença do Pai e da sua acção amorosa, assim
a Ir. Maria Clara era portadora de uma alegria irradiante e de um bom humor
que atraía. Nos momentos de convívio da comunidade, algumas Irmãs
demonstravam o gosto de estar ao seu lado, porque perto da Mãe Clara
ninguém conseguia ficar triste, como afirmavam. Esta alegria, que brotava da
contemplação da bondade do Senhor, levou-a a expressar, vida fora, o
assombro diante da constante e comovente descoberta do seu coração: Como
Deus é bom! Deus seja bendito!
A relação filial e amorosa da Ir. Maria Clara com a Mãe de Deus é carregada de
ternura e confiança. O Senhor Jesus é o Filho bendito da Santa Virgem Maria, a
quem foi submisso e sob cujos cuidados cresceu em estatura, sabedoria e graça,
como nos diz o Evangelho. No seu quotidiano e nos atrozes sofrimentos em que
viveu mergulhada, a Mãe das Dores era a companheira e confidente, a força e
inspiração da Ir. Maria Clara. Admirável cumplicidade esta, que a faz avançar
generosamente no seguimento dos passos do Filho de Maria, o Filho de Deus,
pobre, humilde, crucificado e ressuscitado!…
3. Ir. Maria Clara – uma profecia samaritana
A dedicação e o amor dos seus pais pelos mais pobres, que ela, em sua infância
e adolescência, viu traduzidos em gestos generosos; o exemplo de caridade
heróica que levou o pai a oferecer-se para cuidar de pessoas atingidas pelas
epidemias que grassaram em Lisboa, na segunda metade do século XIX, e o
contagiaram e vitimaram em 1857, deram fruto na vida da Irmã Maria Clara. Um
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sinal que nos aponta para esta vocação samaritana é a confidência a algumas
crianças do internato das Trinas, que a acompanhavam, numa manhã de
Inverno, pelas ruas de Lisboa. Ao ver grupos de adultos e crianças a mendigar,
vestidos de andrajos, sob um frio rigoroso, disse-lhes: Olhem, aquela é que é a
minha gente… que pena tenho de não os poder socorrer!
Toda a sua vida se transformou numa verdadeira aventura samaritana. Jamais
poupou a ternura do seu coração, os sacrifícios, os recursos que lhe eram
oferecidos e a criatividade da sua compaixão, para aliviar o sofrimento que
torturava os pequeninos e os pobres.
Mesmo vivendo os momentos mais dolorosos da sua paixão neste mundo, e
convivendo com uma conjuntura político-social adversa, não esquece as obras
de bem-fazer, nascidas do seu coração, e prossegue lutando, para que a ternura
e a misericórdia de Deus continuem a ser levadas a todos os necessitados. Por
isso, as Irmãs vão sendo enviadas a minorar carências, suavizar dores, consolar
tristezas, povoar solidões: são os pobres, os aflitos, as famílias em necessidade,
os doentes, os desamparados, os idosos, as crianças, os órfãos, todos… a quem
chama a sua gente: de todos se faz mãe que abraça e aconchega, orienta e
apoia. Cura os corações feridos com o toque da bondade do seu coração. O seu
abraço estendesse para além dos oceanos, na tentativa de chegar a toda a dor,
todo o abandono, todo o desalento. Esta ternura e misericórdia incontidas vão
levar as Irmãs da Mãe Clara a rasgar horizontes e a ser as primeiras a aventurarse em missões no além-mar. Realiza, assim, através das Obras de Misericórdia
junto dos mais desvalidos, um serviço tão interventivo e uma transformação de
tal alcance que a história a coloca como uma das pioneiras da acção social
portuguesa, no século XIX.
4. Ir. Maria Clara - a consumação de uma vida
O Senhor Jesus, estendido sobre a cruz, nu, torturado e aniquilado, ao consumar
a missão de recriar-nos, como filhos e filhas bem-amados do Pai, abandonou-se
confiadamente entre os seus braços, sussurrando-lhe: Pai, nas tuas mãos
entrego o meu espírito.
A Ir. Maria Clara, nos últimos e mais dolorosos anos da sua vida, levanta o véu
da sua profunda comunhão com Deus e da experiência de transfiguração, no
meio das tribulações, quando escreve: Minha alma glorifica ao Senhor, porque
opera milagres sobre o nosso calvário!
Na última carta circular dirigida a toda a Congregação, no dia 29 de Outubro de
1899, um mês antes de viver a sua páscoa definitiva, entoa, também, o solene
canto de entrega, a síntese da sua história de amor que nos deixou como
herança preciosa: Embora as mais cruéis amarguras, contradições e desgostos,
vejo um olhar providencial de Deus que vela sobre nós.
5. Ir. Maria Clara – uma intercessora pela vida e pela paz
A Ir. Maria Clara, mulher franciscana de coração terno e maternal, enchia-se de
compaixão diante do sofrimento humano e buscava aliviá-lo, com o vigor da sua
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fé e com todas as energias do seu ser. Hoje, da eternidade, vem solícita ao
encontro das necessidades dos irmãos e irmãs que, aflitos, a ela recorrem. E as
graças se multiplicam: são casais sem filhos que pedem ao Senhor, através da Ir.
Maria Clara, o dom da fecundidade – e muitas crianças têm chegado a lares
desertos, para enchê-los de sorrisos, de música e alegria.
Famílias dilaceradas pela discórdia têm visto a paz entrar mansamente no seu
meio, depois de um apelo à Ir. Maria Clara. Um grande número de pessoas,
feridas na sua esperança e açoitadas pelas dificuldades da vida, relatam, depois,
como encontraram, com a sua ajuda, caminhos de superação de dificuldades,
antes sentidas como intransponíveis. É infindável a lista dos testemunhos:
enfermidades inexplicavelmente curadas, vícios abandonados, mudanças
radicais de vida, descoberta ou redescoberta dos caminhos da fé, reencontro
com o sentido da existência.
O milagre que apressou a beatificação da Ir. Maria Clara teve como favorecida a
senhora Georgina Troncoso Monteagudo, espanhola, residente em Bayona.
Acometida por um pioderma gangrenoso, que, durante 34 anos, lhe cobriu o
braço direito de grandes, profundas e dolorosas chagas, recorreu à intercessão
da Mãe Clara.
Pedia-lhe as melhoras que lhe permitissem condições para ajudar a sua irmã
gémea, naquela ocasião imobilizada, consequência de uma intervenção
cirúrgica de ortopedia. Compadecido, o Senhor viu a caridade, a fé, a confiança
e a humilde paciência de D. Georgina, durante a sua longa enfermidade.
Atendendo à intercessão da Mãe Clara, libertou-a daquele terrível mal,
concedendo-lhe a graça da cura repentina, completa, duradoura e inexplicável.
Mais uma vez a ternura e a misericórdia de Deus passaram pelo coração da Mãe
Clara e se fizeram serviço amoroso e gesto libertador.
O amor do nosso Deus manifesta-se na ternura e na humildade com que serve
as suas criaturas. Francisco, Clara de Assis e a Mãe Clara escolheram, também, o
caminho do serviço humilde aos irmãos, como expressão do seu amor. A partir
da sua cura, D. Georgina tem exercido um serviço constante, amoroso e
dedicado, tanto à sua família como à sua comunidade, tornando-se, também
ela, manifestação da ternura e da misericórdia de Deus.
6. Ir. Maria Clara - uma provocação à santidade
Minha querida irmã, irmão e quantos tiverem lido estas páginas: Depois desta
peregrinação pelos caminhos da Irmã Maria Clara do Menino Jesus, é preciso
que nos deixemos interpelar por ela.
A celebração da sua beatificação ganhará sentido se, de facto, ela se tornar,
para as nossas vidas, uma inspiração profunda, um apelo forte, uma provocação
e o marco indicativo de um recomeço cheio de vigor.
Concluo, exortando a que busque, nestas páginas, os desafios que o Espírito
Santo lança ao seu coração, enquanto contempla a vida de uma mulher que
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seguiu Jesus com decisão apaixonada e se entregou inteira, para dar mais vida a
todos e, de modo especial, ao próximo desvalido.
A peregrinação em busca do Absoluto, o Deus Amor com rosto humano e
coração de Mãe, é, muitas vezes, difícil, exigente e dolorosa. Aquele que nos
espera para nos guardar entre os Seus braços sabe que precisamos de marcos
luminosos a indicar a direcção, de modelos a mostrar que esta aventura é
possível e de amigos que nos estimulem e encorajem. Os santos têm esta
missão.
Conte com a bem-aventurada Ir. Maria Clara como companheira de
peregrinação para essa Fonte criadora e esse Destino eterno da sua existência, e
seja feliz!
Um abraço amigo e muito fraterno de
Linda-a-Pastora, 07 de Fevereiro de 2011
Ir. Maria da Conceição Galvão Ribeiro
Superiora Geral
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Carta aberta à Família Franciscana Hospitaleira