artigo científico
Caracterização mecânica da linha de componentes protéticos
de Ø3,6mm para implantes de hexágono externo.
Michel Aislan Dantas Soares1 (S.I.N.), Danilo Alves de Arruda2 (S.I.N.), Rubens Vieira Quadrelli3 (UNINOVE),
Celso Braga4 (INEPO), Fabio José Bezerra5 (INEPO).
Resumo
A moderna Implantodontia revolucionou as opções
terapêuticas em odontologia. Áreas parcial ou totalmente
edêntulas puderam ser reabilitadas plenamente, recuperandose a anatomia, a função e a estética perdidas. Entretanto, à
medida que se estendeu a abrangência da Osseointegração,
os requisitos protéticos tornaram-se mais exigentes, na busca
de um nível de excelência de resultados1-2-3.
Com a difusão da técnica e da aplicação de implantes
osseointegráveis para reabilitações dentárias unitárias as
conexões protéticas passaram a desenvolver um papel
importante: o de impedir a rotação da prótese. Isso
estimulou os fabricantes a desenvolverem diversos modelos
de componentes, variando a aplicação, a matéria prima
aplicada, o processo de produção e também as geometrias
dos componentes visando uma melhor adaptação4.
Com as diversas opções de componentes no mercado
tornou-se necessário validar as geometrias dos produtos
a fim de se assegurar que as melhorias e alterações
apresentadas pelos fabricantes não apresentam risco aos
componentes e consequentemente a reabilitação protética
realizada pelo profissional. O objetivo deste artigo foi avaliar
o comportamento mecânico dos componentes protéticos
de 3,6 milímetros de diâmetro cervical para implantes de
hexágono externo desenvolvido por uma empresa fabricante
de implantes odontológicicos, baseados nas normas,
legislações e bibliografia disponíveis.
Abstract
The modern Implantology has revolutionized the treatment
options in dentistry. Partially or totally edentulous patients
could be fully rehabilitated. However, with the increase use of
the clinical use of osseointegration, the prosthetic requirements
become more demanding, seeking a level of excellence in
results. With the spreading of technology and application
of dental implants for prosthetic unitary, the prosthetic
connections began to play an important role: prevent the
rotation of the prosthesis. This prompted manufacturers to
develop many different components, varying the application,
the applied material, the manufacturing process of products
and also the geometries of the components looking for a
better adaptation4. With the various components options has
become necessary to analyze the geometry of the products
in order to ensure that improvements and modifications
made by manufacturers do not present any risk to the
components and thus the prosthetic rehabilitation performed
by the professional. The aim of this study was to evaluate the
mechanical behavior of 3.6 millimeters in diameter prosthetic
components for external hex implants developed by a dental
implants manufacturer.
Endereço para correspondência:
S.I.N. - Sistema de Implantes
Av. Vereador Abel Ferreira, 1100 - Jd. Anália Franco - SP
Cep: 03340-000
Michel Aislan Dantas Soares - email: [email protected]
Fone / Fax: +55 11 2169-3000
1. Pós-Graduado em Inteligência Industrial; Coordenador de Engenharia de Desenvolvimento, S.I.N. - Sistema de Implante, São Paulo, SP, Brasil.
2. Pós-Graduado em Administração da Produção; Analista de Desenvolvimento, S.I.N. - Sistema de Implante, São Paulo, SP, Brasil.
3. Graduando em Engenharia de Produção Mecânica pelo Centro Universitário Nove de Julho; Analista de Desenvolvimento, S.I.N. - Sistema de Implante, São Paulo, SP, Brasil.
4. Graduado em Odontologia; Membro do Departamento de Implantodontia, INEPO - Instituto Nacional de Experimentos e Pesquisa em Odontologia, Sao Paulo, SP, Brasil.
5. Mestre em Periodontia, Especialista em Implantodontia e Presidente do INEPO - Instituto Nacional de Experimentos e Pesquisa em Odontologia, Sao Paulo, SP, Brasil.
1
INTRODUÇÃO
A reabilitação de pacientes edêntulos foi enormemente
beneficiada pelo desenvolvimento e aprimoramento dos implantes
odontológicos confeccionados em titânio. Através deles a
ancoragem direta entre o implante e o tecido ósseo denominada
de Osseointegração foi obtida com sucesso. Em condições ideais,
os implantes podem promover retenção, estabilidade e suporte
de próteses dentárias totais ou parciais, fixas ou removíveis com
qualidade comparável aos dentes naturais5-6-7.
A Osseointegração foi definida por Bränemark8 como
sendo uma conexão estrutural direta e funcional entre o tecido
ósseo e a superfície de um implante em função (suportando carga),
sendo os primeiros estudos sobre micro-circulação e vascularização
óssea realizados na Universidade de Lünd na Suécia em 1952.
O sucesso clínico dos implantes osseointegrados gerou um grande
aumento de seu uso em todo mundo, sendo que os percentuais
de sucesso atingem 93% para implantes mandibulares e 84%
para os maxilares em estudos de 15 anos de acompanhamento
realizados por Bränemark9. Além disso, os prognósticos de
sucesso estão entre 90% e 100%, independentemente do tipo
de implante, de sua superfície e do desenho da prótese, segundo
relatos de casos10-11. O crescente sucesso e a introdução e a
popularização desse sistema estimularam o surgimento de vários
sistemas alternativos de implantes12 com geometrias e conexões
protéticas variadas.
Os implantes com conexão hexágono externo (HE)
desenvolvidos no inicio dos anos 60, são até hoje um dos
sistemas mais utilizados. A grande vantagem do sistema HE é
sua simplicidade e previsibilidade adquiridas durante anos de
casuísticas favoráveis13. Uma característica importante do sistema
HE é a grande variedade de componentes protéticos que facilitam
a escolha da solução adequada para cada caso14.
O titânio, tanto puro como na forma de liga, tem sido utilizado
como material de escolha em muitas aplicações médicas por sua
excelente combinação de performance mecânica e resistência à
corrosão15-16.
A maioria dos sistemas de implante dental consiste de dois
componentes: o implante, instalado no tecido ósseo, durante a
fase cirúrgica, e o abutment, uma conexão transmucosa, que
é colocada para dar suporte à restauração protética. Durante
a mastigação e oclusão, a restauração protética e a conexão
abutment do implante são afetadas por várias forças fisiológicas17.
Apesar das altas taxas de sucesso nas reabilitações
com implantes dentais, tem se observado que pode haver
comprometimento das mesmas, em decorrência de causas
biológicas ou mecânicas18.
A falha de implantes dentais, além de poder estar relacionada
a defeitos ou falhas introduzidas durante o seu desenho ou
produção19, também podem ser atribuída à solução incorreta e
um caso clínico, como a utilização inadequada de desenho e/ou
dimensões20 para uma determinada região (anterior ou posterior)
da maxila ou mandíbula19-21. O planejamento inadequado do
número de implantes, arranjo, posição e inclinação, combinados
à adaptação inadequada da infraestrutura ao implante podem
2
ser considerados como causas adicionais de falha22-23, pois
frequentemente levam à sobrecarga dos implantes24. Além disso,
condições oclusais, tais como hábitos parafuncionais ou forças
oclusais excessivas, foram identificados como causas adicionais de
fratura do implante25.
O assentamento passivo e selamento entre implante e
abutment são fatores que aumentam a resistência contra falha
mecânica da conexão. Forças de carga dinâmicas, durante a
função fisiológica, que não excedam a resistência máxima de uma
conexão abutment de implante ou mesmo que estejam muito
abaixo da mesma, entretanto, podem, ainda assim, levar a perda
da conexão abutment implante gradualmente ou podem fazê-la
falhar lentamente devido à falha mecânica por fadiga16-26.
Fadiga é a ruptura de componentes, sob uma carga inferior à
carga máxima suportada pelo material, devido a solicitações cíclicas.
A ruptura por fadiga começa a partir de uma trinca
(nucleação) ou pequena falha superficial, que se propaga
ampliando seu tamanho, devido às solicitações cíclicas. Quando a
trinca aumenta de tamanho, o suficiente para que o restante do
material não suporte mais o esforço que está sendo aplicado, a
peça se rompe repentinamente17.
Os implantes dentais podem apresentar falhas por fadiga.
Esta falha ocorre devido a carregamentos cíclicos do processo
mastigatório. A fratura dos materiais metálicos consiste na
separação em diversas partes dos elementos adaptados nos
implantes dentários devido à aplicação de cargas extrínsecas, as
quais podem ser induzidas, através da aplicação de cargas lentas
por tração, compressão, flexão e torção. A fratura pode ocorrer
por impacto ou por cargas de intensidades variadas que atuam
durante longos períodos.
Quando as condições biomecânicas são favoráveis os
elementos de fixação sofrem boa resistência à fadiga.
Para determinar este limite de resistência, a fim de que a vida
útil de um produto seja estimada por meio de testes mecânicos, são
utilizados ensaios padronizados por normas da ISO. A resistência
à fadiga em implantes dentais é realizada conforme padrões da
norma “ISO 14801:2007 Dentistry - Implants - Dynamic fatigue
test for endosseus dental implants”27.
Material e Métodos
Foram utilizados como corpo de prova implantes com conexão
hexágono externo com diâmetro de 4,1mm e comprimento de
13mm (S.I.N., São Paulo, Brasil). Acima dos implantes foram
instalados abutments cimentados com diâmetro de 3,6mm e
altura de cinta de 2mm (S.I.N., São Paulo, Brasil) com torque de
fixação 32N.cm. Esse componente proporciona a aplicação da
técnica de plataforma switching, onde o abutment não apresenta
a mesma medida de fechamento da plataforma do implante.
Utilizou-se esse modelo de componente por possuir o menor
diâmetro entre todos os modelos desenvolvidos pelas empresas
brasileira para implantes padrão Branemark, hexágono externo
Ø4,1mm, podendo ser aplicado a regiões estéticas onde a busca
por componentes estreitos se torna uma necessidade evidente.
artigo científico
Figura 2 - Desenho esquemático e montagem das amostras durante os
ensaios dinâmicos e estáticos conforme referência normativa ISO 14801.
Resultados
Figura 1 - Analise da secção resistente dos componentes com
3,6mm e 4,1mm de diâmetro e conexão do tipo hexágono
externo (S.I.N., São Paulo, Brasil).
A espessura de parede do componente está diretamente
ligada à fragilidade do sistema. Quanto menor essa área, menor a
carga suportada pelo componente e maior o risco de deformação
ou fratura do sistema.
A Norma ISO 14801:200727 indica que sejam utilizados as
amostras com condição mais crítica, dentro de uma determinada
configuração de produtos. Os componentes com menor diâmetro
são considerados os mais sujeitos à falha por fadiga e, portanto,
os mais críticos. A Norma ISO 14801:200727 determina que um
determinado corpo de prova deva resistir a uma ciclagem de 2
milhões de ciclos de carga a uma freqüência inferior a 2Hz ou
5 milhões de ciclos de carga a uma freqüência superior a 2Hz e
inferior a 15Hz.
O procedimento do ensaio de fadiga é realizado em uma
máquina universal de ensaios, na qual são realizados ciclos de
funcionamento com base em cargas previamente determinadas.
Tais cargas são definidas com base em percentuais sobre a carga
ou momento máximo de referência obtida após o ensaio estático,
realizado anteriormente, com as mesmas especificações das
amostras avaliadas.
Durante os testes, a própria máquina universal de ensaios
gerencia (através de software específico) identifica o momento
de falha do corpo de prova interrompendo automaticamente o
ensaio e registrando o número máximo de ciclos suportado por
cada amostra (corpo de prova).
Caso a falha do corpo de prova ocorra antes do término
do ciclo, a carga e a quantidade de ciclos são registradas e,
posteriormente, outra amostra é montada e ensaiada, com
nova carga ou momento máximo de referência obtida após o
ensaio estático16.
O valor da carga máxima indica a força no limite de resistência
necessária para ruptura do corpo de prova.
O ensaio estático de compressão apresentou valores de
carga máxima da ordem de 901N (Tabela 1). Esse é o valor
base para a realização dos ensaios dinâmicos de fadiga.
Tabela 1 - Ensaio estático de compressão: carga máxima para
cada corpo de prova analisado e média obtida (Relatório
LEM.222.12EE_01 - Scitec).
Tabela 1: Tabela de Resultados
Corpo de prova
M
Flr
D
CP 222.12EE-01
4,94
899
9,56
CP 222.12EE-02
5,01
911
9,67
CP 222.12EE-03
5,02
913
9,21
CP 222.12EE-04
4,84
880
8,86
CP 222.12EE-05
4,96
902
9,66
Média
4,95
901
9,39
Desvio padrão
0,07
13
0,35
Incerteza (U)
0,45
20
0,4
M - Momento Máximo de Flexão (Nm);
Flr - Força no limite de resistência (N);
D - Distância da falha ao centro da semi esfera (mm)
3
A Tabela 2 demonstra os valores de carga e ciclagem
obtidos nos ensaios dinâmicos de resistência à fadiga, assim
como o número de ciclo em que ocorreu a fratura:
Tabela 2 - Ensaio de Fadiga, com a força máxima utilizada para cada corpo de prova, assim como a identificação do critério de
parada e número de ciclos em que ela ocorreu (Relatório LEM.013.12ED_01 - Scitec).
Corpo de Prova
Data do Ensaio
Cod. Do
Equip.
Força
(Escala)
Máxima
(N)
Máximo
(Nm)
U (Nm)
Crit. De
Parada
Número de
Ciclos
CP 013.12ED-01
25/05/2012 até
28/05/2012
IM 0002
(500 N)
270,3
2
1,49
0,72
Ruptura
380 963
CP 013.12ED-02
28/05/2012 até
01/06/2012
IM 0002
(500 N)
153,2
2
0,84
0,72
Nº de
Ciclos
5 000 000
CP 013.12ED-03
01/06/2012 até
04/06/2012
IM 0002
(500 N)
180,3
2
0,99
0,72
Ruptura
1 524 437
CP 013.12ED-04
04/06/2012 até
08/06/2012
IM 0002
(500 N)
153,2
2
0,84
0,72
Nº de
Ciclos
5 000 000
CP 013.12ED-05
08/06/2012 até
12/06/2012
IM 0002
(500 N)
153,2
2
0,84
0,72
Nº de
Ciclos
5 000 000
CP 013.12ED-06
12/06/2012 até
13/06/2012
IM 0002
(500 N)
270,3
2
1,49
0,72
Ruptura
830 210
CP 013.12ED-07
13/06/2012 até
14/06/2012
IM 0002
(500 N)
270,3
2
1,49
0,72
Ruptura
835 979
CP 013.12ED-08
14/06/2012 até
14/06/2012
IM 0002
(500 N)
360,4
2
1,96
0,72
Ruptura
2 979
CP 013.12ED-09
14/062012 até
14/06/2012
IM 0002
(500 N)
360,4
2
1,96
0,72
Ruptura
3 253
CP 013.12ED-10
14/06/2012 até
17/06/2012
IM 0002
(500 N)
180,2
2
0,99
0,72
Ruptura
3 876 745
CP 013.12ED-11
17/06/2012 até
18/06/2012
IM 0002
(500 N)
270,3
2
1,49
0,72
Ruptura
752 423
Nas amostras (CP013.12ED-02, CP013.12ED-04 e
CP013.12ED-05) a carga que representa o limite de resistência
do sistema corresponde a 153,2N. As amostras suportaram
o número de ciclos estipulados pela norma ISO 14801 sem
apresentar sinais de fratura.
Discussão
Steinebrunner et al.28, apresentou os resultados de seus
estudos com implantes de hexágono externo (Nobelbiocare
MKII) e hexágono interno (Frialit-2), onde os implantes
com conexão hexágono externo apresenta valores de carga
da ordem de 782 N enquanto os implantes com conexão
hexágono interno apresenta valores da ordem de 887 N.
4
Momento
U (N)
Freitas et al.29, apresentam estudos de carga estática
implantes com conexão hexágono externo e hexágono interno
4,0mm (Emfils; Colosso Evolution System, Itu, SP,Brazil), onde
foram encontrados valores médios de 468.8 ± 25.15N para
implantes com conexão Hexágono externo e 486.8 ± 51.78N
para implantes Hexágono interno.
Em seus estudos, Dittmer et al.30 avaliaram a resistência
máxima a carga estática em seis sistemas de implantes dentários
- Cone Morse 4,1mm (Straumann - Standard), Hexágono
Interno 4,5mm (Bego - Semados), Cone Morse 4,5mm (Astra
tech - Osseo speed), Hexágono Interno 4,3mm (Camlog - Screwline promote plus), Cone Morse 4,5mm (Friadent - Ankylos) e
Hexágono externo 4,0mm (NobelBiocare, MK III).
O implante Cone Morse 4,1mm (Straumann) resistiu a
artigo científico
carga de 606N, o implante Hexágono Interno 4,5mm (Bego)
suportou carga de 1129N, o implante Cone Morse 4,5mm
(Astra tech) resistiu a carga de 768N, o implante Hexágono
Interno 4,3mm (Camlog) resistiu a carga de 999N, o implante
cone Morse 4,5mm (Friadent - Ankylos) resistiu a 624N e o
implante hexágono externo 4,0mm (NobelBiocare) suportou
carga estática máxima de 944N.
externo (Branemark), observou-se falha entre 1.178.023 e
1.733.526 ciclos.
Ribeiro et al.33, Realizaram testes de fadiga com
implantes como conexão protética Hexágono externo,
Hexágono interno e cone morse 4,0mm (Conexão Sistemas
de Prótese, Arujá, SP, Brazil) estabelecendo o limite de
carga onde 50% dos corpos de provas sobreviveram um
milhão de ciclos sem Fratura e outros 50% falharam.
Tabela 3 - Comparativo bibliográfico referentes a carga máxima.
Relatório
LEM.222.12EE_01
Freitas et al.29
Dittmer et al.30
Steinebrunner et al.28
Carga
estática (N)
Conexão Protética
Sistema
901
Hexágono externo
S.I.N. - Strong SWhe
468,8
Hexágono externo
Colosso - Emfils
486,8
Hexágono interno
Colosso - Emfils
606
Cone Morse
Straumann - Standard
1129
Hexágono Interno
Bego - Semados
768
Cone Morse
Astra tech - Osseo speed
999
Hexágono Interno
Camlog - Screw-line promote plus
944
Hexágono externo
(NobelBiocare, MK III
624
Cone Morse
Friadent - Ankylos
782
Hexágono externo
(NobelBiocare, MK III
887
Hexágono interno
Frialit-2
No estudo de Steinebrunner et al.31 foram avaliados
seis sistemas de implantes - Hexágono externo, Branemark
system 5,0mm (Nobel Biocare, Goteborg, Sweden), Hexágono
externo, Compress System 5,0mm (BEGO Implant Systems,
Bremen, Germany), Hexágono interno, Frialit-2-System 4,5mm
(Friadent-Dentsply, Mannheim, Germany), Hexágono interno,
Replace-Select System 5,0mm (Nobel Biocare, Goteborg,
Sweden), Hexágono interno, Camlog-System 5,0mm (Altatec,
Wurmberg, Germany), Cone morse hexagonal interno, ScrewVent System 4,5 (Zimmer Dental, Freiburg, Germany), quanto
a sua resistência à fadiga. Os seis diferentes conjuntos de
implante - abutment foram submetidos à carga dinâmica
de 120N, com planejamento de 1.200.000 ciclos. Dos seis
sistemas de implantes avaliados, Replace Select e Camlog
não demonstraram falha no implante - abutment durante
o ensaio dinâmico de 1.200.000 ciclos. Os outros quatro
sistemas apresentaram falha durante o carregamento
dinâmico de 120N por falha no conjunto implante - abutment:
Branemark com 954.300 ciclos; Compress com 922.800 ciclos;
Screw-Vent com 913.200 ciclos e Frialit-2 com 627.300 ciclos.
Khraisat et al.32 avaliaram a resistência à fadiga de dois
desenhos de implante - abutment de duas empresas diferentes:
Hexágono Externo 4,1mm (Branemark system; Nobel Biocare
AB, Goteborg, Sweden) e Cone Morse 4,0 (Solid screw; Institute
Straumann AG, Waldenberg, Switzerland). Ambos os sistemas
de implantes foram submetidos à carga cíclica de 100N. Para
o sistema Cone Morse (ITI) não foram observadas falhas no
número de 1.800.000 ciclos. Entretanto, no sistema Hexágono
Segundo os resultados, 50% dos implantes hexágono externo
sobreviveram em fadiga sob cargas de 53.5 N, enquanto
implantes Hexágono interno sobreviveram em fadiga sob
cargas de 45N e implantes cone morse sobreviveram em
fadiga sob cargas de CM = 44N.
Binon34, submeteu cinqüenta implantes Ø3,75 x 10,0mm
de hexágono externo (LIFECORE) a ensaios de fadiga. Os
implantes foram fixados em resina que simulou resiliência e a
elasticidade do osso. Os pilares foram conectados aos implantes
utilizando um parafuso de titânio, sendo aplicado um torque
de 30Ncm. As amostras foram fixadas na máquina de ensaio
e aplicada uma carga vertical de 133,3N com uma freqüência
de 1150 ciclos por minutos (aproximadamente 19,17Hz). Os
resultados mostraram que falhas foram encontradas entre 134
mil e 9 milhões de ciclos.
5
Tabela 4 - Comparativo bibliográfico referente à carga em fadiga.
Carga em fadiga (N)
Ciclos (sistema)
Conexão Protética
Relatório LEM.095.11EE_00
153,2
>5.000.000 (S.I.N.)
Hexágono externo
BINON34
133,3
Khraisat et al.32
Steinebrunner et al.31
Ribeiro et al.33
100
120
Hexágono Externo
Hexágono Externo
>1.800.000 (ITI)
Cone Morse
>1.200.000 (Replace)
Hexágono interno
>1.200.000 (Camlog)
Hexágono interno
954.300 (Branemark)
Hexágono Externo
922.800 (Compress)
Hexágono Externo
913.200 (Screw-Vent)
Cone Morse
627.300 (Frialit-2)
Hexágono interno
53,5
1.000.000 (Conexão)
Hexágono Externo
44
1.000.000 (Conexão)
Cone Morse
45
1.000.000 (Conexão)
Hexágono interno
Segundo Lee et al.35 os protocolos presentes nos estudos
científicos apresentados pela literatura variam entre os
estudos, o que torna difícil a comparação dos resultados.
Alguns estudos têm testado implantes dentários usando o
carregamento monotônico, enquanto outros usaram cargas
cíclicas. Segundo o autor, o carregamento monotônico pode
ter muito pouca relevância clínica como falhas mecânicas em
odontologia são mais prováveis relacionadas a um processo
de longo prazo com repetidas cargas baixas, em vez de uma
sobrecarga aguda. Diversos protocolos de testes cíclicos têm
utilizado vários ângulos implante de carga, frequência de
carga, níveis de carga de aplicação e comprimento de braço de
alavanca sobre o implante.
Outro ponto inerente ao comparativo da bibliografia e
que dificulta a análise dos resultados dos diversos estudos
são as variáveis atribuídas às geometrias desenvolvidas por
cada fabricante e em especial o diâmetro de cada modelo
de implante analisado. É sabido que implantes de maior de
diâmetro são mais resistentes. Segundo Rangert e Forsmalm36,
implantes com 4mm de diâmetro apresentam 30% mais
de resistência a fadiga quando comparado a implantes de
3.75mm. Segundo Siddiqui e Caudill (1994), um implante
de 5,0mm é três vezes mais resistente do que o implante de
3,75mm de diâmetro e um implante de 6,0mm é seis vezes
mais forte do que o de 3,75mm (Green et al.37).
Cabe ressaltar que a conexão protética tem como principal
objetivo transferir a força mastigatória aplicada à prótese
(através do componente protético) ao implante dentário.
Dessa forma, independentemente da conexão protética ou
geometria analisada e necessário também observar as forças
mastigatórias a qual os conjuntos implantes/ componente
protético serão submetidos durante o uso. Ambas os modelos
de conexão protética devem atender as cargas funcionais a
que serão submetidos.
6
134.895 (Lifecore)
1.178.023 (Branemark)
Força de aplicação
Haraldoson et al.38, avaliou a força mastigatória de 13
pacientes, com idade entre 42 e 59 anos, com reabilitações
sobre implantes dentais osseointegrados, sendo que os
resultados nos pacientes analisados identificaram que a força
de mastigação ficou entre 32,3N e 52,3N.
Em seus estudos Pellizzer e Muench39 apresentam um
levantamento sobre alguns trabalhos em que os autores apresentam
os seguintes valores relacionados à força de mastigação:
Howell e Brudevold39 encontraram para a força de
mastigação com dentadura um valor médio de 4kgf (40N)
e máximo de 7 kgf (70N). Em dentes naturais, Anderson39
registrou 9 kgf (90N) para a mastigação. Lundgren e Laurell39
registraram 10 kgf (100N) para a força de mastigação.
Widmork et al.39 encontraram 12,5 Kgf (125N) para a mastigação.
CONCLUSÃO
Os valores de carga estática suportado pelos componentes
analisados são da ordem de 901N. Esse valor é semelhante
aos apresentados pela bibliografia analisada para esse tipo de
conexão conforme podemos observar na tabela ao lado.
artigo científico
Tabela 5 - Comparativo bibliográfico referentes a carga máxima em implantes hexágono externo.
Carga
estática (N)
Relatório LEM.222.12EE_01
Freitas et al.
29
Dittmer et al.30
Steinebrunner et al.
28
Conexão Protética
Sistema
901
Hexágono externo
S.I.N. - Strong SWhe
468,8
Hexágono externo
Colosso - Emfils
944
Hexágono externo
(NobelBiocare, MK III
782
Hexágono externo
(NobelBiocare, MK III
Os valores de carga suportada pelo implante no ensaio
de fadiga são da ordem de 153,2N. Esse valor é superior
ao apresentado pela bibliografia analisada para esse tipo
de conexão conforme podemos observar na tabela abaixo.
Tabela 6 - Comparativo bibliográfico referente à carga em fadiga em implantes hexágono externo.
Carga em fadiga (N)
Ciclos (sistema)
Conexão Protética
Relatório LEM.013.12ED_01
153,2
>5.000.000 (S.I.N.)
Hexágono Externo
BINON34
133,3
134.895 (Lifecore)
Hexágono Externo
32
100
1.178.023 (Branemark)
Hexágono Externo
Steinebrunner et al.
28
120
954.300 (Branemark)
Hexágono Externo
Steinebrunner et al.
31
120
922.800 (Compress)
Hexágono Externo
53,5
1.000.000 (Conexão)
Hexágono Externo
Khraisat et al.
Ribeiro et al.
33
Analisando os valores médios de força de mastigação é possível
observar que os valores de resistência do implante estão acima
das médias obtidas pelos autores citados em seus estudos.
Tabela 7 - Comparativo bibliográfico referente à força de mastigação.
Força média (N)
Relatório LEM.013.12ED_01
153,2
Haraldoson et al.38
52,3
Howell e Brudevold*39
Entre 40 e 70
39
90
Anderson*
Lundgren e Laurell*
39
100
Widmork et al*.39
125
39
*Citados por Pellizzer e Muench
Os corpos de provas utilizados nos estudos apresentados pela
bibliografia apresentam diâmetro de implantes compatíveis
aos modelos de implantes testados como condição critica
apresentada nesse relatório.
Os valores obtidos nos ensaios são compatíveis com valores
apresentados pela literatura tanto no aspecto comparativo com
as forças mastigatórias a que serão submetidos, quanto no
aspecto comparativo com estudos de fadiga em implantes com
conexão do tipo hexágono externo, com a mesma indicação de
uso e susceptível as mesmas forças mastigatórias.
Agradecimentos
Os autores agradecem a empresa S.I.N. - Sistema de
Implante Nacional pela doação dos implantes e componentes
protéticos para a realização do trabalho e a SCITEC pelos ensaios
realizados (relatórios LEM. 013.12_01 e LEM. 222.12EE_01).
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