EDUCAÇÃO AGRÍCOLA NO BRASIL
Prof. Gabriel de Araújo Santos
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro ([email protected])
Introdução
Até fins da década 50 o Brasil se caracterizava como um país tipicamente agrícola. Sua
economia sustentava-se sobre as monoculturas de café e de cana-de-açúcar e 80% da
população concentrada em zona rural. A partir dos anos 60, com a adoção de uma forte
política de industrialização, sofre, o Brasil, grande transformação na sua matriz econômica
e na distribuição demográfica de sua população.
De forma simplificada e quantitativa, a Educação Agrícola no Brasil pode ser estudada e
discutida de acordo com esta referencia. Numa primeira fase, tomando-se dados
históricos, o Ensino Agrícola tem inicio com a criação das primeiras escolas para
formação de operários rurais e aprendizes ainda no Brasil Colônia e Brasil Império. A
primeira escola superior de agricultura é fundada no período republicano em 1905. Se
num primeiro momento a organização deste sistema de ensino tinha como finalidade a
criação única e exclusiva de mão de obra para sustentação de um modelo “feudal” de
desenvolvimento apoiado no produto rural, num segundo, este mesmo modelo teve
necessariamente que considerar e absorver mudanças impostas pelo desenvolvimento
industrial ao mundo agrícola e agrário.
De um país dependente economicamente das monoculturas, passa o Brasil a explorar o
cultivo também de grãos como (soja, milho), exploração de madeira (indústria moveleira e
produção de celulose), fruticultura (laranja, mamão, abacaxi, uva, maçã, pêssego, banana,
manga), pecuária de leite e de corte, avicultura e suinocultura. Com a instalação de um
moderno parque industrial nas áreas de fertilizantes e máquinas agrícolas, o setor agrícola
incorpora conceitos de produtividade, eficiência e qualidade. Estas transformações têm
como foco a colocação destes produtos em novos mercados, notadamente o externo.
Observa-se nesta fase do desenvolvimento uma forte demanda por novos produtos e
serviços, com necessidades específicas por tecnologias modernas e recursos humanos. O
sistema de Educação Agrícola controlado pelo Estado acompanha de certa forma estas
mudanças aumentando significativamente o número de instituições voltadas para este tipo
de ensino promovendo também reformas no modelo existente nos níveis superior, médio
e fundamental.
Até fins dos anos 50 não somavam 20 o número de escolas de agronomia e escolas
agrícolas de nível médio, em todo o país (tabelas 1, 2 e 3). A Pós Graduação, responsável
pelo desenvolvimento da pesquisa e da tecnologia, inexistente durante até fins dos anos
60, sai de umas dezenas de cursos e observa um crescimento significativo até os dias
atuais (gráficos 1 e 2).
Tabela 1 Número de Cursos de Agronomia por categoria administrativa segundo as
grandes regiões.
Região
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
CentroOeste
Brasil
Federal
7
8
8
6
6
Estadual
0
10
6
8
6
Municipal
0
1
1
0
1
Privado
2
1
20
11
10
Total
9
20
35
25
23
35
30
3
44
112
- 300 -
Workshops
Tabela 2 Número de Cursos de Agronomia por organização acadêmica segundo as
grandes regiões.
Região
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
CentroOeste
Brasil
Universidade
Centro
Universitário
Faculdades
Integradas
Faculdades,
Escolas e
Instituições
Superiores
7
17
20
20
15
1
0
3
0
1
0
0
3
1
2
1
3
9
3
5
79
5
6
21
Centro
de
Educação
Tecnológic
a
Total
0
0
0
1
0
9
20
35
25
23
1
112
Tabela 3 Número de estudantes de Agronomia por categoria administrativa
segundo as grandes regiões.
Região/Grupo
Norte
Ingressantes
Concluintes
Nordeste
Ingressantes
Concluintes
Sudeste
Ingressantes
Concluintes
Sul
Ingressantes
Concluintes
Centro-Oeste
Ingressantes
Concluintes
Brasil
Ingressantes
Concluintes
Categoria Administrativa
Federal
Estadual
391
0
222
0
169
0
1129
506
665
284
464
222
1247
506
680
283
567
223
909
926
466
559
443
367
673
262
388
179
285
83
4349
2200
2421
1305
1928
895
Municipal
0
0
0
36
11
25
53
27
26
0
0
0
50
37
13
139
75
64
Gráfico 1
Privado
96
70
26
13
13
0
1356
919
437
758
617
141
814
618
196
3037
2237
800
Gráfico 2
- 301 -
Workshops
Total
487
292
195
1684
973
711
3162
1909
1253
2593
1642
951
1799
1222
577
9725
6038
3687
Por outro lado, é importante considerar que na organização produtiva brasileira, os
médios e pequenos produtores rurais nunca foram focos principais das políticas de
governo em suas necessidades de apoio em educação, pesquisa e desenvolvimento.
Assim, como contra ponto a esta ausência, mais recentemente, alguns movimentos
sociais ligados às causas do campo, sindicatos rurais e organizações não
governamentais, tomaram a iniciativa de discutirem e criarem seus próprios modelos e
sistemas de formação. Tudo isso em função das suas necessidades e prioridades e
absoluta descrença no Estado como a instituição capaz de respeitar e considerar as
diferenças quando da execução de um projeto integrado de nação. Desta forma, o quadro
atual do sistema nacional de Educação Agrícola pode ser resumido segundo os diferentes
níveis de formação e organização administrativa como:
Nível superior
Pós Graduação: Exclusivamente governamental (Sistema Capes)
Universidades Federais
Graduação: Governamental e Privado
Universidades Federais, Estaduais, Escolas Superiores e Privadas
Pós-técnico:Governamental
Centros Federais de Educação Tecnológica
Nível Médio
Técnico: Governamental e Privado
Escolas Agrotécnicas Federais, Estaduais, Municipais e Privadas
Fundamental
Governamental e Privado
Escolas Municipais e Escolas Famílias Agrícola
5 a 8 séries (Sondagem para o Trabalho)
- 302 -
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