Felipe Micoski Luz Gustavo Baron Mauricio Fernando Zago ÉTICA MORAL E ÉTICA Originariamente são tidas como sinônimos. Distinção consagrada na Filosofia: Moral: É um conjunto de regras que estabelecem o comportamento do indivíduo num grupo social. É o fato de nos preocuparmos, na prática, com o bem e o mal. Ética: É o estudo da moral. A Ética busca estabelecer o que é moralmente bom ou mau e quais os fundamentos para esse estabelecimento. MORAL A moral é um fato constatável em todos os tempos e em todas as comunidades humanas. Por que existe o bem e o mal na convivência humana? Diferentemente dos animais, que nunca podem desobedecer a “lei” instinto, o ser humano pode cumprir ou não uma determinada norma moral. Ninguém nasce moral. Segundo estudiosos recentes como Jean Piaget e Lawrence Kohlberg, distinguem-se três fases distintas: Anomia: Ausência de leis (primeiros anos de vida); Heteronomia: Vive e percebe que algum outro determina leis (entre os 3 ou 4 anos de vida); Autonomia: Lei feita por ele mesmo (7 anos de vida). Base secular cristã: “Somente a partir dos sete anos é possível alguém cometer um pecado”. QUEM ESTABELECE UMA NORMA MORAL PARA OS SERES HUMANOS? Códigos escritos ou não. Aceita e vivida como se fosse estabelecida pela natureza. Fazer o bem significa cumprir a lei da natureza. Estabelecida por Deus. Constituições nacionais ou acordos internacionais (por exemplo, a Declaração dos Direitos Universais). MORAL Não há morais que valem somente para um indivíduo, mas podem existir diferentes morais. Morais se distinguem de acordo com o valor ao qual é dada maior importância. Exemplos: Eudaimonismo: Felicidade. Hedonismo: Finalidade. Utilitarismo: Utilidade. ÉTICA Sempre houve moral mas nem sempre houve Ética. Uma reflexão que discute, problematiza e fundamenta os valores morais passou a surgir com a Filosofia (Sócrates, Platão e Aristóteles). Os gregos fundamentam o bem e o mal no que chamam de physis (natureza). Aristóteles: “Somos escravos e livres por natureza” e “somos políticos e morais por natureza”. ÉTICA Na Idade Média, a lei é estabelecida por Deus. Na idade Moderna, prevalece o fundamento no ser humano, na razão humana ou no consenso entre os seres humanos. Emanuel Kant apresenta algumas morais válidas para todos, como: Algo só pode ser bom para alguém se puder ser bom para todos os seres humanos; e Nunca o outro pode ser apenas um meio para você, mas deve ser sempre também um fim. PERSPECTIVAS ÉTICAS (MAX WEBER) Ética da Convicção: Inaugurada pelo Cristianismo e retomada na modernidade por Kant. Estabelece que o que vale é a boa vontade, cumprir a vontade de Deus ou a lei existente, independentemente do fato de que isso trará benefícios ou não. Ética da Responsabilidade: Contam os resultados e não a intenção ou a boa vontade. AFINAL, O QUE É ÉTICA? É o reconhecimento de que só somos indivíduos porque há outros indivíduos, o que equivale a dizer que somos livres, responsáveis, porque há outros seres livres responsáveis ao meu lado. Só há bem e mal enquanto vivemos em sociedade. Assim, a responsabilidade moral exige de cada um de nós a responsabilidade de cumprirmos a lei moral como se tivesse sido estabelecida por mim, e que não a cumpramos somente porque foi imposta por outro. PONTOS IMPORTANTES Moral é um conjunto de regras que estabelecem o comportamento do indivíduo num grupo social. É o fato de nos preocuparmos, na prática, com o bem e o mal. Ética é a teoria da moral. Busca estabelecer o que é moralmente bom ou mau e quais os fundamentos para esse estabelecimento. “CRISE ÉTICA” E “CRISE DA ÉTICA” Quando assumimos que somos nós que fazemos a história, também assumimos que somos nós que decidimos sobre o que é bem e o que é mal. Na filosofia a dificuldade de indicar uma solução para o problema ético também está presente entre os especialistas. “Crise da ética” → refere-se ao impasse das teorias sobre éticas. “Crise ética” → refere-se aos desvios comportamentais em relação à ética. • • Por que haveríamos de nos preocupar em agir bem se não tivéssemos alguma garantia em relação ao futuro? Por que preocupar-se com os outros seres humanos? Tanto a “crise ética” quanto a “crise da ética” tem algo a ver com o comportamento atual voltado ao individualismo cínico. A Lei de Gerson → “ tenho que tirar vantagem de tudo e de todos; do contrário serei engolido pela situação e pelos outros concorrentes”. Isso aumenta a dificuldade em definir o que seja bem e mal hoje, do que devo fazer e do que devo evitar em minhas relações sociais. DIFICULDADE ATUAL EM FORMULAR UMA ÉTICA Existem aqueles que conservam a convicção que ainda é possível fundar um valor moral universal, histórica, fixa, religiosa e eterna . Porém, outros que duvidam seriamente disso, que defendem a possibilidade e a coexistência entre várias morais. Entretanto, há quem busque estabelecer uma moral mínima comum e universal. Umberto Eco defendeu a ética como princípio e respeito ao corpo do outro. • • Para além do debate e das controvérsias, não conseguimos escapar do problema moral. Devemos admitir que não conseguimos deixar de ser seres morais. Isso porque não conseguimos ser totalmente sós, ou ser totalmente sozinhos. Nesse contexto, afirma o autor, é óbvio que há uma crise da reflexão filosófica sobre a ética. Os pensadores foram grandes intérpretes do seu tempo, e, no contexto ético interpretaram o que era considerado como bom ou como mau em suas relações. Além disso, só se pôs enfaticamente o problema ético quando os seres humanos puseram em crise os valores que valiam. E é na complexidade das relações sociais que se estabelecem livremente, no consenso e no dissenso, as normas que vão reger estas mesmas relações. PARTICIPAÇÃO DO DEBATE SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A ÉTICA E A POLÍTICA Discutir a ética é discutir o próprio sentido da nossa existência, das nossas práticas, satisfações ou não com o que somos, pensamos e fazemos. Segundo Foucault, a crítica é em primeiro lugar autocrítica, impõe-se como virtude moral de quem quiser situar-se mais responsavelmente dentro do mundo. • • • • A convicção de que falta ética, por exemplo na política, revela alguns aspectos: Insatisfação com a maneira de nos comportarmos; O impasse em definir o que é bom e o que é mau; Uma forte tendência ao individualismo; Falta de responsabilidade e comodismo. Isto é visível do ponto de vista da ética na política. Mas de qual ética falamos? De uma ética profissional dos políticos? Ou de uma ética mínima a cada cidadão como tal? E mais ainda: É possível ter ética na política? O PROBLEMA ÉTICO, A “ÉTICA PROFISSIONAL” E A RESPONSABILIDADE SOCIAL A sociedade tem exigido que as empresas prezem pela ética nas relações com clientes, fornecedores, competidores, empregados, governo e público em geral. Um aspecto relevante deve ser mencionado sobre este tema: • Não se resolve o problema da ética profissional isoladamente, sem considerar o campo mais vasto e complexo da ética. A existência e a importância das éticas profissionais justificam-se por haver uma sociedade dividida em grupos de interesses econômicos conflitantes. Devemos acrescentar que enquanto prevalecerem as éticas corporativas profissionais sobre uma ética geral: • • estaremos numa sociedade em que a capacidade de vencer o outro se transforma em virtude; ou a única possibilidade de sobreviver. Nos últimos anos foi dada mais atenção ao tema da responsabilidade social. A globalização, acompanhada pelas novas tecnologias de informação, comércio internacional e a união econômica das nações tornou grandes corporações até mais importantes que os Estados ou Governos. • • • Levando a uma crescente reação na sociedade civil, emergindo uma concepção de negócios baseados na responsabilidade social. Com comprometimento à questão ambiental; Desenvolvimento econômico da sociedade como um todo; Qualidade de vida dos empregados e suas famílias. As atividades empresariais passam a estar sujeitas ao julgamento moral, ou seja, a responsabilidade social passa a equivaler à responsabilidade moral. E quanto mais a empresa tenha em conta objetivos sociais e ambientais, tanto mais aumenta sua competitividade. Ao mesmo tempo a preocupação social das empresas seria o reconhecimento delas de que são cada vez mais responsáveis pelo que acontece no mundo e em suas regiões de funcionamento. Poderíamos aceitar que a responsabilidade social das empresas seja sinônimo da responsabilidade moral? Deve-se, no mínimo, ter cautela. Friedman: Por detrás de muitas decisões empresariais há uma espécie de “fraude da responsabilidade social”. Sendo que muitas vezes esta responsabilidade tem em vista outros fins, que normalmente é alcançar maiores benefícios econômicos. Sendo assim, a responsabilidade social e a ética profissional podem ser entendidas como uma solução cínica para a falta de ética na sociedade atual. Transformando ainda mais o ser humano em simples meio e em ser meramente econômico. Além disso transformaria a existência do ser humano em uma profissão. CONCLUINDO... Não há como tomar um consenso sobre o que seria uma ética geral. Uma ética para os “senhores” e outra para os “escravos”. Existe uma dificuldade de fundar valores que sejam válidos a todos. Segundo Karl-Otto Apel (1994), filósofo contemporâneo alemão: “Não é possível fundamentar hoje em dia algum valor universal, absoluto, mas apenas valores relativos a circunstâncias, a grupos de interesse...” Por isso se fala em direito à diversidade. MAS.... Se todos somos diferentes um do outro, a absolutização das diferenças nos tira o direito de exigir do outro o que exigimos de nós mesmos. Ou seja, se quisermos estabelecer uma ética, devemos dasabsolutizar o direito à diferença e encontrar algo comum a todos. O que é o comum? Quem diz o que é o comum? Crise da idéia de uma verdade neutra, objetiva, única e universal. Nesse contexto, fundamentar um código moral igual para todos baseado em, por exemplo, Deus, que está em algum lugar, fora, absoluto, independente. Ou a partir de uma natureza humana transcedente e presente em todo ser humano. Isso facilita a responsabilização de alguma coisa que rege o que somos e o que devemos ser. Poucas coisas hoje são universais, e o sistema econômico é uma delas. Ainda assim, é estruturada de forma a praticamente excluir a maior parcela das pessoas, logo, é diferente para cada uma delas. Usando a ética “pós-moderna”, pode-se observar que não há nada comum a todos, além da diversidade. Se não há algo comum, se há apenas a diferença, o que nos resta é a Lei da Selva. Cada um faz o que quiser, como quiser, e quando quiser. Como seres sociais, mantenham a ordem . Como estabelecer uma regra única válida para todos se considerarmos que cada indivíduo é um ser absoluto? E como vamos poder viver individualmente, com alguma tranquilidade, sem termos uma norma que estabeleça, no mínimo, limites para todas as pretensões individuais? precisamos de valores que O MAL EXISTE O mal aparece todos os dias, perto ou longe. Se tornou banal, e a banalização do mal tornou-se um mal ainda pior. Faz com que nos acostumemos a ele, nos adaptemos ou nos consolamos pelo fato de não termos sofrido como os outros. Passou a ser considerado inevitável, uma parte da condição humana. O que é o mal e qual sua origem é um debate difícil, mas o importante ;e reconhecer que ele existe. Se existe o bem, é em função da existência do mal. Errar é humano, mas acertar também é humano. Se não fosse possível errar, não seria possível acertar. O mal é tipicamente humano: é o ser humano quem o sofre e é ele também quem o faz.