PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DE
GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
FRENTE ÀS FERRAMENTAS
DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS UTILIZADAS
EM SALAS DE AULA: O CASO DE UMA
FACULDADE PARTICULAR DO SUL DE
MINAS GERAIS
Elvis Magno da Silva
[email protected]
Fadminas
Douglas Henrique de Oliveira
[email protected]
Fadminas
Resumo:Este trabalho tem o objetivo de verificar quais as ferramentas didático-pedagógicas trazem o
melhor aproveitamento em termos de aprendizagem para alunos de um curso superior de uma instituição
particular, tendo como referência a percepção dos alunos quanto a sua própria aprendizagem ao longo
dos anos de formação. Para confecção da revisão de literatura, será realizada uma pesquisa descritiva
utilizando, para tal, as metodologias: pesquisa bibliográfica, estudo de caso, e análise pelo Método dos
Mínimos Quadrados. Para nortear este estudo pautou-se na seguinte questão problema: pela percepção de
aprendizagem dos estudantes do ensino superior em Administração no Sul de Minas Gerais, quais as
ferramentas didático-pedagógicas mais contribuem para o seu próprio aprendizado? A principal
contribuição deste trabalho é mostrar para os professores gestores universitários, quais são as ferramentas
didático-pedagógicas que mais contribuem para o aprendizado dos alunos de graduação em
administração, segundo as suas próprias percepções.
Palavras Chave: Ferramentas Didatico - Ensino-Aprendizagem - Método dos Mínimos Quadrados -
1. INTRODUÇÃO
Os processos de ensino-aprendizagem são uma relação de comunicação manifestada
no processo metodológico. Na metodologia, de forma tradicional, o professor transmite a
informação acabada aos alunos e a comunicação fica limitada aos dizeres do professor, sendo
assim um monólogo. De maneira oposta, em metodologias mais ativas e modernas, o aluno
passa a figura de protagonista e o professor um facilitador da aprendizagem. Assim, a relação
de comunicação é recíproca entre professor e alunos – dialógica (SÁ et al, 2008, p.97).
Dentro deste contexto, as ferramentas utilizadas na mediação da aquisição de
conhecimento, por parte dos professores para com os alunos, pode exercer uma influencia
ímpar no desenrolar do processo. Assim, este trabalho tem o objetivo de verificar quais as
ferramentas didático-pedagógicas trazem o melhor aproveitamento em termos de
aprendizagem para alunos de um curso superior de uma instituição particular, tendo como
referência a percepção dos alunos quanto a sua própria aprendizagem ao longo dos anos de
formação.
Cervo e Bervian (1983, p.76) comentam que a formulação do problema vem logo após
a escolha do tema da pesquisa científica. Esta formulação é uma questão que envolve
intrinsecamente uma dificuldade teórica ou prática, para a qual se deve encontrar uma
solução.
Sendo assim, para nortear este estudo pautou-se na seguinte questão problema: pela
percepção de aprendizagem dos estudantes do ensino superior em Administração no Sul de
Minas Gerais, quais as ferramentas didático-pedagógicas mais contribuem para o seu próprio
aprendizado?
No intuito de responder a esta pergunta, fez-se necessário dividir este trabalho em
outras quatro seções, além desta introdução, sendo elas: A Questão do Ensino Aprendizado; A
Instituição de Ensino e os Dados Levantados; Discussão e Conclusão; e Referências.
Este trabalho se justifica pela relevância de se identificar se há padrões sociais
relacionados com a preferência por ferramentas didático-pedagógicas por alunos do ensino
superior do sul de Minas Gerais.
2. METODOLOGIA
Este será um trabalho de pesquisa empírica. Oliveira (1999, p. 117-118) define
pesquisa como “planejar cuidadosamente uma investigação de acordado com as normas da
Metodologia Cientifica, tanto em termos de forma como de conteúdo”. E ainda que a pesquisa
tem por objetivo estabelecer uma série de compreensões no sentido de descobrir respostas
para as indagações e questões que existem em todos os ramos do conhecimento humano.
Quanto ao método de trabalho, Vergara (2000, p. 12-15) apresenta três métodos que
pode ser utilizado em uma pesquisa, a saber:
a) Hipotético-dedutivo: deduz alguma coisa a partir da formulação de hipóteses que
são testadas e busca regularidades e relacionamentos causais entre elementos. A
causalidade é seu eixo de explicação científica.
b) Fenomenológico: tem caráter transcendental ou subjetivo. É próprio do método o
abandono, pelo pesquisador, de idéias preconcebidas.
c) Dialético: seu foco é o processo. Entende que a sociedade constrói o homem e é
por ele construída. Conceitos como totalidade, contradição, mediação, superação
lhe são próprios. Não isola um fenômeno e o estudo em seu contexto. Observa que
tudo se relaciona e que hã forças que se atraem e, ao mesmo tempo,
contraditoriamente, se repelem.
Ainda Vergara (2000, p.14) tanto o método fenomenológico, quanto no dialético, o
pesquisador obtém os dados de que necessita na observação, em entrevistas e questionários
não estruturados, nas histórias de vida, em conteúdos de textos, na história de países,
empresas, enfim, em tudo aquilo que lhe permita refletir sobre processos e interações.
Destas considerações, assume-se que este trabalho é um método hipotético-dedutivo,
pois será formulada uma hipótese com o fim de se esclarecer o problema em estudo.
Para o levantamento dos dados deste trabalho, foi utilizada uma entrevista estruturada
na instituição de ensino em questão no mês de Maio de 2010.
Rea e Parker (2000) colocam que na essência da pesquisa está o processo de
elaboração do questionário. As considerações-chave neste processo, inclusive a colocação de
perguntas no instrumento de pesquisa e seu formato em termos do método de implementação.
Deve-se estar ciente de que nenhum questionário pode ser considerado ideal para obter todas
as informações necessárias a um estudo. Quase todos têm vantagens e falhas. O pesquisador
precisa usar de experiência e critério profissional na construção de uma serie de perguntas que
maximizem as vantagens e minimizem as desvantagens em potencial.
Para confecção da revisão de literatura, será realizada uma pesquisa descritiva
utilizando, para tal, as metodologias: pesquisa bibliográfica e o estudo de caso. Oliveira
(1999, p. 119) diz que a pesquisa bibliográfica não deve ser confundida com a pesquisa de
documentos. O levantamento bibliográfico é mais amplo do que a pesquisa documental, e que
normalmente o levantamento bibliográfico é realizado em bibliotecas públicas, faculdades,
universidades e, especialmente, naqueles acervos que fazem parte do catálogo coletivo e das
bibliotecas virtuais.
Medeiros (2007, p.49), ainda diz que pesquisa bibliográfica se constitui num
procedimento formal para a aquisição de conhecimento sobre a realidade. E que ainda, exige
pensamento reflexivo e tratamento científico. Este se aprofunda na procura de resposta para
todos os porquês envolvidos pela pesquisa.
Conforme Gil (2000, p.63) pesquisa bibliográfica “é aquela em que os dados são
obtidos de fontes bibliográficas, ou seja, de material elaborado com a finalidade explícita de
ser lido”. As pesquisas bibliográficas referem-se a uma modalidade específica de documentos,
que são as obras escritas em editoras, comercializadas em livrarias e classificadas em
bibliotecas, como livros, jornais, revistas e periódicos.
2
Para o embasamento teórico, foram utilizados livros e artigos científicos de diferentes
autores, em seguida o levantamento dos dados da pesquisa e análise destes.
Uma das ferramentas utilizadas para análise dos dados levantados foi o software
estatístico Gretl e o Microsoft Office Excel. Ambos os programas possibilitaram uma
verificação da explicação das variáveis em questão quanto ao grau de aprendizado dos alunos.
Também possibilitou fazer levantamentos descritivos e testes de hipóteses.
O método de Pesquisa Quantitativa, como o próprio nome já diz significa quantificar
dados, fatos ou opiniões, nas formas de coleta de informações, como também com o emprego
de técnicas e recursos simples de estatística, tais como média, percentagem, moda, desvio
padrão e mediana, como o uso de métodos mais complexos tais como análise de regressão,
coeficiente de correlação etc., bastante comum em defesa de teses. O Método Quantitativo é
bastante usado no desenvolvimento das pesquisas nos campos social, de opinião, de
comunicação, mercadológico, administrativo e econômico, representando de forma geral a
garantia de precisão dos resultados, evitando enganos e distorções na interpretação dos dados
(OLIVEIRA, 2002, p. 155).
O Fluxo de trabalho deste artigo é constituído de três momentos específicos. O
primeiro contém o arcabouço do conhecimento que corresponde: à questão problema do
trabalho, o levantamento bibliográfico e a aplicação das teorias revisadas. No segundo
momento, será realizada a apresentação da empresa/instituição de ensino superior em estudo,
o levantamento e coleta de dados bem como a montagem de um modelo de regressão pelo
Método dos Mínimos Quadrados, e a operacionalização dos dados em programas de
computador. Por fim, em um terceiro momento, ver-se-á a análise da dos testes feitos com o
modelo de regressão e a conclusão do trabalho.
Segue-se neste momento, uma breve abordagem sobre a questão do ensinoaprendizagem, e na seqüência os dados obtidos e os testes estatísticos.
3. ENSINO-APRENDIZAGEM
Antes das necessidades educacionais presentes, a escola continua sendo o lugar da
interação cultural, e a pedagogia constituí-se como prática cultural intencional de produção e
Internalização de significados para promover o desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral
dos indivíduos. Por este fato, os alunos vão às escolas para poderem se aculturar e internalizar
meios cognitivos para a compreensão do mundo, bem como a forma de transformá-lo.
(LIBÂNEO, 2004, p.5).
Desta forma, Libâneo (2004, p.5) coloca que é necessário estimular a capacidade de
raciocínio e julgamento, bem como melhorar a capacidade reflexiva e desenvolver as
competências do pensar. Neste contexto, a didática tem o compromisso com a busca da
qualidade cognitiva das aprendizagens, esta, por sua vez, associada à aprendizagem do pensar.
É necessário aprender a como ajudar os alunos a aprender o pensar.
3
Aparece então a didática como uma ferramenta pedagógica e psicopedagógica que tem
o fim de promover uma ponte para que o aluno chegue até a aprendizagem, ou como alguns
autores preferem, até o raciocínio crítico.
Tafarel e Barroso (2004, p.234) comentam que para se compreender as tendências da
didática no ensino superior se faz necessário abordar os níveis metodológico, técnico, teórico
e epistemológico que todo trabalho acadêmico apresenta. Que pela abordagem destes níveis,
podem-se apreender a lógica, o histórico, os nexos e as determinações tanto do ensino quanto
da pesquisa no campo da Didática para criticar seus traços essenciais.
Ainda segundo os mesmos autores:
Para reconhecer como a didática empregada pelos professores no Ensino Superior
pode contribuir para a construção de uma dada hegemonia e refletir sobre
possibilidades para o enfrentamento do desafio teórico aqui colocado, nos valemos
dos procedimentos próprios da abordagem qualitativa do ensino-pesquisa, através da
utilização da concepção de pesquisa matricial e metodologia do ensino
problematizador... (TAFAREL e BARROSO (2004, p.237).
Alcantara (2004, p.8) corrobora com este pensamento. O autor afirma que “o professor
precisa dispor de conhecimentos e habilidades pedagógicas, que podem ser obtidas e
aperfeiçoadas mediante leituras e cursos específicos”. Dentre estes conhecimentos e
habilidades encontram-se os métodos de ensino. Hoje em dia, há inúmeros métodos de ensino,
assim, convém que o professor conheça as vantagens e limitações de cada método para
utilizá-los nos momentos e sob as formas mais adequadas.
Com relação ao que Libâneo (2004) falou sobre a promoção do desenvolvimento
cognitivo, Alcantara (2004, p.9) coloca que há seis categorias para o domínio cognitivo, que
são:

Memorização;

Compreensão;

Aplicação;

Análise;

Síntese; e

Avaliação.
Este último, avaliação, é o julgamento acerca do valor do material e dos métodos para
propósitos determinados. “Esta categoria constitui o mais alto nível da taxionomia no domínio
cognitivo. Seus objetivos podem ser expressos pelos verbos: avaliar, criticar, julgar, decidir,
entre outros” (ALCANTARA, 2004, p.9).
4
4. A INSTITUIÇÃO DE ENSINO E OS DADOS LEVANTADOS
A instituição em questão é uma faculdade particular de Administração que está
localizada no Sul de Minas Gerais.
4.1. Amostra da Pesquisa
Foi utilizado uma amostra aleatória probabilística estratificada na aplicação dos
questionários. Considerou-se que cada uma das turmas (A e B) se tratava de um estrato. Na
turma „A‟ havia 30 alunos e na turma „B‟ 26.
Para Arango (2005, p.385), ao se calcular o tamanho de uma amostra aleatória
estratificada, devemos utilizar o seguinte procedimento:
Divide-se o número de elementos do estrato pelo tamanho de elementos da população,
estes resultados irão denominar (K1, K2, K3, Kj), em seguida aplica-se a regra abaixo:
n1 = K1 .N;
n2 = K2 .N;
n3 = K3 .N;
nj = Kj .N
E por fim, soma-se os ns encontrados, onde o „ni‟ é o tamanho da amostra de cada
estrato e deverá ser obedecida. O somatório destes „n‟ corresponde ao total de elementos da
população.
Assim sendo, de um total de 56 alunos, o estrato da turma „A‟ deveria ter uma amostra
de 16 alunos. E na turma „B‟ uma amostra de 12. Para garantir a validade da amostra para a
análise estatística, tomou-se 18 alunos da turma „A‟ e 20 alunos da turma „B‟, totalizando 38
alunos de uma população de 56, o que corresponde há 69% de representatividade.
4.2. Manuseio, Codificação e Rodagem dos Dados
Considerou-se para termos de manuseio dos dados as seguintes nomenclaturas:
 Idade – corresponde a idade do entrevistado, se este era igual ou menor que 30,
utilizou-se o valor “0” (zero); se este era maior que 30 o valor „1‟ (um), configurando
uma variável qualitativa dummies para o teste de regressão que será feito a posteriori;
 Sexo – é a segunda variável dummy, onde se masculino toma-se o valor zero e se
feminino o valor 1;
5
 EnsMedio – verifica se o entrevistado é oriunda em sua maioria do estudo público
(zero), ou do particular (um), sendo a terceira variável qualitativa que participará dos
testes;
 Renda – é a última variável dummy, se igual ou menor que R$ 1.800,00 recebe o valor
zero, se maior, recebe o valor;
 Aprendizado – é a variável dependente do problema, o „Y‟ do problema. Tentar-se-á,
através da regressão múltipla, verificar quais as ferramentas didático-pedagógicas
melhor explicam esta variável, bem como se há correlação entre alguma das variáveis
dummies e esta variável;
 PowerPoint – é a primeira variável independente do modelo, é a primeira ferramenta
de aprendizagem a compor o modelo. Corresponde a aulas expositivas com o uso de
PowerPoint e retroprojetor;
 Lousa – consiste em aulas expositivas com o aparato lousa ou quadro branco, ou
quadro negro/verde;
 TrabSalaSemP – corresponde aos trabalhos realizados dentro das sala de aula e que
não valem ponto para composição da nota bimestral ou final;
 TrabSalaPonto – são trabalhos em sala de aula que valem ponto para composição da
nota do estudante;
 Tarefa – são trabalhos extra classe que o aluno deve fazer para uma data específica;
 Prova – consiste no aprendizado do aluno ao estudar para prova, não a nota em si, mas
o quanto este aprende para realizá-la;
 Seminário – apresentação de um dado conteúdo em sala de aula, por um aluno
individualmente ou por um grupo de alunos;
 CopiarMateria – é a cópia da matéria ditada pelo professor, ou escrita no quadro, ou
a transcrição de trechos de livro ou apostila;
 LeituraCasa – leitura referente ao conteúdo abordado, seja por livros, artigos, ou
apostilas, desde que realizados fora do horário de aula;
 LeituraSala – leitura de conteúdo das aulas no horário da aula.
Para iniciar os testes de regressão com os dados obtidos por meio do Método dos
Mínimos Quadrados, utilizou-se primeiramente o modelo com a variável dependente e as
variáveis quantitativas independentes. A posteriori, um segundo modelo com a variável
dependente e as variáveis dummies. e na seqüência a variável dependente as variáveis
quantitativas e dummies de maior significância no teste „P-Valor‟. Em todos os teses não foi
utilizado uma constante como testemunha.
Do primeiro modelo (somente as variáveis quantitativas) obteve-se as seguintes
respostas:
6
Figura 1: Modelo com as variáveis quantitativas
Fonte: Feito pelo autor.
Do segundo modelo, utilizando somente as variáveis qualitativas, obteve-se:
Figura 2: Modelo com as variáveis dummies
Fonte: Feito pelo autor.
Do modelo 3, com todas as variáveis, quantitativas e qualitativas, obteve-se:
7
Figura 3: Modelo com as todas as variáveis
Fonte: Feito pelo autor.
Do primeiro modelo, obteve-se duas variáveis significantes, que foram: TrabSalaPonto
com 5% de significância e Tarefa, com 5% de significância. Das variáveis qualitativas do
segundo modelo, todas tiveram significância. Da união dos dados (modelo 3) acrescenta-se a
variável seminário com 10% de significância. Logo, será rodado um modelo com todas estas
variáveis significantes. Obteve-se:
Figura 4: Modelo com as todas as variáveis significantes
Fonte: Feito pelo autor.
Deste último modelo, propôs-se testar a seguinte hipótse:
8
Ho: b[TrabSalaPonto]=0; com o fim de se verificar o comportamento da regressão sem
a apresenta da variável mais significante. Assim, obteve-se:
Figura 5: Teste de Hipótese Ho: b[TrabSalaPonto]=0
Fonte: Feito pelo autor.
Ainda com a intenção de validação do modelo de regressão, torna-se necessário
realizar testes de heteroscedasticidade e colinearidades. O primeiro modelo de
heteroscedasticidade utilizado foi o Teste de White. Deste teste obteve-se o seguinte
resultado:
9
Figura 6: Teste de Heteroscedasticidade de White
Fonte: Feito pelo autor.
Ainda um segundo Teste de heteroscedasticidade foi aplicado, que é o Teste de
Breusch-Pagan. Deste chegou-se aos seguintes resultados:
10
Figura 7: Teste de Heteroscedasticidade de Breusch-Pagan
Fonte: Feito pelo autor.
Ainda, para validação do modelo, fez-se o Teste de Colinearidades:
Figura 8: Teste de Colinearidades
Fonte: Feito pelo autor.
Após rodados todos estes modelos, segue-se a análise dos resultados. Contudo, cabe
lembrar que os estudos educacionais não pertencem as ciências exatas, logo, deve-se procurar
entender os resultados obtidos de maneira mais flexível e crítica, com o fim de se obter
informações relevantes para o meio acadêmico.
4. Análise dos Resultados
Primeiramente, será iniciada a análise pela Figura 2. Utilizando o método dos
Mínimos Quadrados, fez-se uma regressão com a variável dependente “Aprendizado” que
corresponde a nota do estudante, em relação às variáveis independentes quantitativas. Estas
variáveis quantitativas foram: LeituraSala, PowerPoint, Lousa, TrabSalaSemP,
TrabSalaPonto, Tarefa, Prova, Seminario, CopiarMateria, e LeituraCasa. Para esclarecimento
quanto estas variáveis, recomenda-se rever o item 3.2 “Manuseio, Codificação e Rodagem dos
Dados” com o fim de se entender a codificação utilizada.
O primeiro fator a ser verificado nos resultados do programa é a significância das
variáveis para explicar o modelo. A significância será vista na coluna “p-valor”, e é
representada pelo símbolo “*” (asterisco). Um asterisco (*) corresponde uma significância de
10%, dois asteriscos (**) à 5%, e três asteriscos (***) corresponde a uma significância de 1%.
Significância de 1% diz que o p-valor é menor que 0,01; 5% que o p-valor é menor que 0,05;
11
e que 10% é um p-valor menor que 0,10. Se um p-valor for maior que 0,10 isso implica que a
variável, nos moldes em que se encontram a formulação, não é significante para explicar a
variável dependente “aprendizado”. Em outras palavras, se o p-valor de uma dada variável for
maior que 0,10 significa que ela não influencia a fução.
Desta explicação e voltando a Figura 2, somente duas variáveis quantitativas que
representam as ferramentas didático-pedagógicas explicam a pontuação que corresponde o
aprendizado. Elas são: trabalho em sala valendo ponto, e tarefa para casa. Ambas obtiveram
uma significância de 5%. Uma terceira variável chegou relativamente próximo de uma
significância de 10% que foi o seminários com uma p-valor igual a 0,1770.
Cabe ressaltar que duas variáveis tiveram um p-valor muito próximos de 1, que quer
dizer que elas não explicariam a nota dada ao aprendizado. Estas duas são as variáveis: prova
e copiar matéria. Se ainda for acrescentada a estas duas a variável lousa, se teria as três
ferramentas didático-pedagógicas que menos explicariam as notas dos alunos.
Uma outra resposta que é bastante pertinente ao caso em questão, que é o valor Rquadrado que aparece na segunda metade da figura. Um R-quadrado próximo de zero (0)
indica um péssimo ajustamento da função. Um R-quadrado próximo de 1, indica uma
excelente explicação da variável dependente pelo grupo de variáveis independentes. No caso
das variáveis didático-pedagógicas em relação a variável aprendizado, o R-quadrado foi de
0,98 o que explicita que ajustamento da função é excelente.
Analisando neste momento a Figura 3, que diz respeito à variável aprendizado em
função das variáveis dummies (qualitativas) pelas mesmas perspectivas da Figura 2 (p-valor e
R-quadrado) chegou-se que todas as variáveis qualitativas são significantes. As duas de maior
significância, com um p-valor menor que 0,01 foram sexo, que corresponde ao gênero
masculino e feminino, e a renda, que foi dividida em menor ou igual a R$ 1.800,00 (um mil e
oitocentos reais) ou maior que R$ 1.800,00. E a de menor significância, mas não menos
importante, foi a origem quanto ao ensino médio, se de escola pública ou escola particular.
O grau de ajustamento desta função, ou seja, o poder de explicação dela foi de 77%,
pois obteve um p-valor de 0,766959.
Na Figura 4, rodou-se todas as variáveis, tanto quantitativas quanto qualitativas, para
explicar o aprendizado. Observando o grau de significância por intermédio do p-valor,
obteve-se quatro variáveis significantes, a saber: idade, trabalho em sala valendo ponto,
tarefa, e seminário. A priori, imaginava-se que as variáveis que se apresentaram como
significantes nos dois modelos anteriores, também fossem significantes nesta união das
variáveis quantitativas e qualitativas. Contudo, isto não foi observado. Neste último modelo,
apenas uma variável qualitativa foi significante, que foi a de idade, e a variável seminário que
dantes chegou próximo de 10% de significância (mas não significante), agora consegue este
feito no modelo.
Também pode ser observado que as duas variáveis que menos explica o aprendizado
foi a prova e a origem (se ensino médio público ou privado). A princípio, pode-se chegar que
o aprendizado (nota) não tem nenhuma relação se o aluno veio de ensino médio de escola
pública ou particular, bem como, que a ferramenta didático-pedagógicas prova não tem
nenhuma participação quanto à percepção de aprendizado por parte dos alunos do curso de
administração de uma faculdade particular do sul de Minas Gerais.
12
Convém lembrar o grau de explicação deste modelo, ou seja, seu R-quadrado. Obtevese um R-quadrado muito alto, próximo de 1, que foi de 0,989 aproximadamente com 99% de
explicação, ou em outras palavras com 100% de explicação com erro de dois pontos
percentuais para menos.
Assim sendo, propôs-se uma quarto modelo, que consiste em tomas todas as variáveis
qualitativas que dantes foram significativas, e as três variáveis quantitativas que foram mais
significantes. Deste modelo chegou-se a figura 5. Neste modelo, assim como foi no modelo
anterior, chegou-se as mesmas conclusões. Ou seja, uma dummies significativa – idade – e
três quantitativas, trabalho em sala valendo ponto, tarefa, e seminário.
O grau de explicação deste modelo, também foi alto, foi de 0,987. Ou seja, um poder
de explicação muito alto deste modelo.
Como o trabalho em sala valendo ponto foi o de maior poder explicativo, realizou-se
um teste de hipótese para verificar o que ocorreria se não tivesse esta ferramenta. Então se
testou TrabSalaPonto = 0. O resultado pode ser observado na Figura 6.
Nesta hipótese, a variável idade perde um pouco seu poder de explicação. De 1% de
significância, vai para 5%. Ao contrário, a variável seminário aumentou seu poder de
explicação, de 5% para 1%. Também aparece uma nova variável significante no modelo, que
foi a renda. Isso vem a mostrar que a variável renda é a variável que vem na seqüência para se
“graduar” a participar da significância com a saída da trabalho em sala valendo ponto.
Ainda no intuito de validar este modelo de regressão, foi feito dois testes de
heteroscedasticidade e um teste de colinearidades. Estes testes são apresentados nas Figuras 7,
8, e 9, respectivamente.
Com relação a heteroscedasticidade, foi utilizado primeiramente o método de White.
Neste método (Figura 7) observou-se que não ocorreu significância para heteroscedasticidade,
o que implica que o modelo utilizado está apto para explicar as questões hora em estudo.
O segundo teste de heteroscedasticidade foi o de Breusch-Pagan. Neste segundo teste,
semelhantemente ao primeiro, não ocorreu heteroscedasticidade em nenhuma das variáveis,
validando assim o modelo em uso.
Por fim, teve-se o teste de colinearidade. Se alguma das variáveis apresenta-se um
valor maior que 10, indicaria problemas. Porém a variável que teve o maior valor, foi a
seminário com 1,47, de um mínimo 1.
5. CONCLUSÃO
Foi visto neste trabalho que a didática como uma ferramenta pedagógica e
psicopedagógica tem o fim de promover uma ponte para que o aluno chegue até a
aprendizagem, ou como alguns autores preferem, até o raciocínio crítico.
Que para se compreender as tendências da didática no ensino superior se faz
necessário abordar os níveis metodológico, técnico, teórico e epistemológico que todo
trabalho acadêmico apresenta. Que pela abordagem destes níveis, podem-se apreender a
13
lógica, o histórico, os nexos e as determinações tanto do ensino quanto da pesquisa no campo
da Didática para criticar seus traços essenciais.
Baseado nesta questão do ensino-aprendizado, por intermédio de ferramentas didáticopedagógicas, teve-se a idéia de realizar uma pesquisa para relacionar as ferramentas utilizados
pelos professores em relação ao grau de aprendizado de cada aluno. Assim, foi utilizada a
regressão múltipla pelo método dos Mínimos Quadrados com o fim de relacionar a nota dos
alunos com as ferramentas utilizadas pelos professores. Para levantamento destes dados foi
feito um questionário estruturado.
Após rodado os modelos estatísticos, chegou-se as seguintes conclusões:

A ferramenta que mais contribui para o aprendizado dos alunos é trabalho em sala
valendo ponto;

Que além desta, outras duas ferramentas contribuem também par ao aprendizado, a
tarefa para casa e seminários;

Dentre as diferenças sócio-culturais, as questão que mais influencia no
aprendizado é a idade. Se o aluno tem 30 anos ou menos, maior seu aprendizado;

Que as provas não influenciam no aprendizado dos alunos; e

Que a origem dos egressos, se de escola pública ou privada também não interferem
na percepção de aprendizado dos alunos.
A principal contribuição deste trabalho foi mostrar para os professores quais são as
ferramentas didático-pedagógicas que mais contribuem para o aprendizado dos alunos
segundo a suas próprias percepções.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ALCANTARA, Paulo. Apostila Didática do Ensino Superior. Material para uso em sala de
aula. Nov.2004.
ARANGO, Héctor Gustavo. Bioestatística – Teórica e Computacional, 2ª edição. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
GIL, Antonio C. Técnicas de Pesquisa em Economia. São Paulo: Atlas, 2000.
LIBÂNEO, José Carlos. A didática e a aprendizagem do pensar e do aprender: a Teoria
Histórico-cultural da Atividade e a contribuição de Vasili Davydov. Revista Brasileira de
Educação. Nº 27, Set/Out/Nov/Dez 2004.
MEDEIROS, José Adelino. Estrutura e espaços voltados à inovação e parceria: papel dos
pólos e parques tecnológicos. Tecnológicos e Meio Urbano Artigos e Debates: Organizado
por Gina G. Paladino e Lucília Atas Medeiros. Brasília: Anprotec, 1997.
OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de Metodologia Científica. São Paulo: Pioneira, 2002.
14
OLIVEIRA, Silvio L. de. Tratado de Metodologia Científica; São Paulo: Pioneira, 1999.
REA, L. M.; PARKER, R. A. Metodologia de pesquisa: do planejamento à execução. São
Paulo: Pioneira, 2000.
SÁ, M.S.M.M. et al. Introdução à Psicopedagoga. 2 ed. Curitiba: IESDE, 2008.
TAFFAREL, Celi N. Zulke. BARROSO, Geraldo. Didática do ensino superior: Teoria
pedagógica e crítica à organização do processo de trabalho pedagógico no ensino
superior. Revista da FACED. Nº08, 2004.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração, 3a ed.,
São Paulo: Atlas, 2000.
YIN, Robert k. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman,
2001.
15
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
Download

percepção dos alunos de graduação em administração