Rumo a um Orçamento Participativo mais inclusivo e efetivo em Porto Alegre Brasil – Unidade de Gerenciamento do País Unidade de Desenvolvimento Sustentável Região da América Latina e do Caribe Banco Mundial @ 2008 Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento / Banco Mundial 1818 H Street, NW Washington, DC 20433 Essa é uma versão resumida de um estudo realizado pelo Banco Mundial em 2006. A versão completa do estudo poderá ser encontrada no website: http://www-wds.worldbank.org. As opiniões emitidas nessa publicação são de exclusiva e de inteira responsabilidade de seus autores, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Banco Mundial, seus Diretores Executivos ou os governos por ele representados. É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais estão proibidas. Relatório sumário de um estudo de caso Rumo a um Orçamento Participativo mais inclusivo e efetivo em Porto Alegre Fevereiro de 2008 Brasil – Unidade de Gerenciamento do País Unidade de Desenvolvimento Sustentável Região da América Latina e do Caribe Banco Mundial Índice Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ii Antecedentes: um estudo sob demanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 Fundamentos conceituais e metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Principais resultados da pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Como é a qualidade de participação no OP? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Como é a interface entre o OP e a administração fiscal do município? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Qual é a capacidade do OP de fiscalizar a execução do orçamento? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Qual é a relação do OP com outras iniciativas de prestação de contas social? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Quais são os impactos sociais e fiscais do OP? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Principais recomendações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Como aperfeiçoar a “qualidade de participação” no OP? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Como fortalecer a interação entre o OP e a administração fiscal do município? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Como aperfeiçoar a capacidade do OP de fiscalizar a execução do orçamento? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Como estabelecer um sistema mais coerente de prestação de contas social na cidade, melhorando a articulação entre os fóruns de governança participativa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Como aprimorar o entendimento dos impactos do OP? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Anexo: Análise econométrica detalhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Figuras: Figura 1. Ciclo do Orçamento Participativo em Porto Alegre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Figura 2. Relações de poder importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Figura 3. Número de participantes do OP, 1990-2006 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Figura 4. Tempo dedicado ao OP pelos conselheiros (porcento) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Figura 5. Percepções do público sobre o OP por porcentagem da população, 2006 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Figura 6. Comparação do OP e ciclos do Orçamento Municipal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Figura 7. Parcela de investimentos executados, 1999-2006. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Figura 8. A política, o ciclo de gasto e fóruns de participação em Porto Alegre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Figura 9. Despesas operacionais do município de Porto Alegre e controle para dois grupos de capitais de Estados brasileiros, 1986–2004 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Figura 10. Receitas correntes em Porto Alegre e controle para dois grupos de capitais de Estados brasileiros, 1986–2004 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Tabelas: Tabela 1. Participação do OP de acordo com a idade (porcento), 1995-2005 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Tabela 2. Conhecimento das regras e critérios do OP de acordo com o tempo da participação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Tabela 3. Impactos sociais e fiscais em municípios que implementaram o OP antes e depos de 1996. . . . . . . . . . . . . . 11 Tabela 4. Impactos usando somente governos municipais que implementaram o OP antes de 1996 . . . . . . . . . . . . . . . 16 Tabela 5. Impactos usando governos municipais que implementaram o OP antes e depois de 1996 . . . . . . . . . . . . . . . 17 Tabela 6. Impactos no desempenho fiscal (IPTU/PIB) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Tabela 7. Impactos no desempenho fiscal (gasto operacional/gasto corrente). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 i Agradecimentos E Caribe (LCSSO) e do Departamento de Secretários Municipais Cézar Busatto, Clóvis Desenvolvimento Social (SDV) do Banco Mundial. Magalhães, João Portella e Cristiano Tastch, bem A equipe responsável contou com o permanente como a equipe do Observatório de Porto Alegre. apoio e encorajamento de McDonald Benjamin Finalmente, o relatório também se beneficiou do (Gerente Setorial, LCSSO), Steen Lau Jorgensen retorno e de sugestões dos representantes do (Diretor do setor, SDV) e Caroline Kende-Robb Conselho do Orçamento Participativo (COP), ste estudo resulta de uma iniciativa O relatório se beneficiou amplamente da estreita conjunta da Unidade de Desenvolvimento cooperação e apoio do prefeito José Fogaça e Social da Região da América Latina e do sua equipe em Porto Alegre, incluindo os (Gerente Setorial, SDV). A equipe gostaria de assim como do ex-prefeito de Porto Alegre, João agradecer também ao Fundo Japonês de Verle, e da organização não-governamental Consultoria pelo seu apoio financeiro. Cidade. A equipe deste relatório foi liderada por William A equipe agradece as excelentes contribuições, Reuben (Cientista Social Senior, LCSSO) e foi comentários e sugestões de McDonald Benjamin, composta por Andre Herzog (SDV), Tito Yepes Mark Lundell (Líder de Setor, LCSSD), Darwin (Economista de Infraestrutura, LCSSD), Marcelo (Consultores, LCSSD), Fernando Blanco Alessandra Heinemann (LCSSO), Eri Watanabe (Economista, LCSPE) e John Nash (Economista (LCSSO) e Irina Ghobrial (LCSSO), do Banco líder, LCSSD), assim como aos revisores deste Mundial. Um relatório de Marco Kamiya (PADECO, estudo: Ana Bellver (Especialista em Gestão do Ltd.) serviu como base para o estudo. A equipe Setor Público, LCSPS), Gianpaolo Baiocchi que compilou o relatório base da PADECO foi (Professor, Universidade de Massachusetts), Rob composta pelos consultores brasileiros Tarson Chase (Líder Especialista em Desenvolvimento Núñez, Luciano Fedozzi, Milton André Stella, Ciro Social, SDV) e Mila Freire (Assessora Senior, FEU). Biderman, Glauco Peres da Silva, Itamar Spanhol, Sugestões feitas por Ethan Weisman (Economista Andrey Sgorla e Letícia Almeida. Peggy McInerny Líder e Líder de Setor, LCC5C), Jennifer Sara editou o relatório e Flávia Carbonari foi (Líder de Setor, LCSSD) e Deborah Wetzel (Líder responsável pela produção dos relatórios Especialista em Setor Público, LCSPS) no sumários. Encontro Decisório contribuíram grandemente no sentido de melhorar a qualidade deste relatório. ii Foto: Ivo Gonçalves - PMPA Antecedentes: um estudo sob demanda O governo municipal de Porto Alegre, capital do Estado brasileiro do Rio Grande do Sul, solicitou apoio ao Banco Mundial para fortalecer o processo de Orçamento Participativo (OP). Mais especificamente, o governo municipal solicitou ao Banco o enfoque em cinco questões básicas: n Como aperfeiçoar a “qualidade de participação” no OP? n Como fortalecer a interface entre o OP e a administração fiscal do município? n Como aperfeiçoar a capacidade do OP para fiscalizar a execução do orçamento? n Como estabelecer um sistema de prestação de contas social mais coerente na cidade, melhorando a articulação entre o OP e os diferentes fóruns de participação? n Qual é o impacto social e fiscal do OP? Assembléia Regional do OP - 2007/2008 O Orçamento Participativo nasceu em Porto Alegre, a partir de um processo experimental e consultivo dirigido pelo governo municipal e por novos movimentos sociais no final dos anos 80. Esse processo se iniciou nos primeiros anos de redemocratização e descentralização no Brasil, após o fim da ditadura militar em 1985. A Constituição de 1988 deu início a um processo de descentralização e reformas tributárias que criaram espaço fiscal aos governos municipais para a tomada de decisões sobre investimentos públicos mais relevantes. Uma série de instituições de governança participativa vem se proliferando desde então no Brasil, com destaque para Conselhos Municipais de políticas e entidades de Orçamento Participativo. O OP foi introduzido no município de Porto Alegre sob a administração do Partido dos Trabalhadores (PT), numa coalizão com movimentos sociais. Embora, inicialmente, cercado de dificuldades devido a limitações fiscais, o OP de Porto Alegre conseguiu superar estes desafios ao longo do tempo, consolidando-se, progressivamente, até atingir sua forma atual. Hoje, o OP é conduzido por uma nova coalizão política liderada pelo Partido Popular Socialista (PPS), que administra o município de Porto Alegre. Possui, atualmente, uma metodologia complexa para organizar a participação popular em uma cidade de mais de 1.4 milhão de habitantes, bem como para priorizar investimentos públicos com base em três critérios principais: necessidades básicas nãoatendidas, população e preferências dos cidadãos. O OP constitui um elemento dentro de um complexo sistema de governança participativa existente em Porto Alegre. A figura 1 apresenta o ciclo anual do orçamento participativo em Porto Alegre. Este relatório examina estes cinco desafios críticos que o OP enfrenta atualmente e propõe recomendações para superá-los. O Orçamento Participativo é um processo pelo qual os cidadãos e/ou organizações da sociedade civil participam diretamente em diferentes fases da preparação e fiscalização dos orçamentos públicos. Os OPs variam no nível e tipo de participação, bem como nos critérios técnicos e instrumentos utilizados na alocação de recursos. Na maior parte dos casos, o foco do Orçamento Participativo está nas despesas e envolve a tomada de decisões de forma participativa em planos anuais ou plurianuais do orçamento público1. O Orçamento Participativo ganhou reconhecimento nacional e internacional graças à experiência de Porto Alegre, que se tornou exemplo mundial de governança local transparente e prestadora de contas. Desde sua instituição na capital gaúcha, esse mecanismo de participação popular espalhou-se pela América Latina e pelo mundo, consagrando-se como uma das mais bem-sucedidas ferramentas de boa governança dos últimos 15 anos. Atualmente, o Orçamento Participativo é praticado em aproximadamente 200 municípios brasileiros e em diversas cidades da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, México, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Em 2005, o Peru tornou-se o primeiro País a institucionalizar um OP nacional. 1 Definição adotada pelo Social Accountability Sourcebook (Guia de Prestação de Contas Social) do Banco Mundial (http://ftp.worldbank.org/pub/dfgg/socacc.htm). 1 Figura 1. Ciclo do Orçamento Participativo em Porto Alegre Março/Abril Reuniões preparatórias Fevereiro Recesso Dezembro Janeiro Discussões e eleição Segunda metade de Abril/Maio Rodada de priorização Maio Julho Assembléias temáticas e regionais Orçamento Participativo em Porto Alegre Novembro Dezembro Discussões Outubro Dezembro Detalhamento do plano de investimentos Agosto Setembro Votação da matriz de investimentos Julho Setembro Análise dos investimentos propostos Primeira metade de Julho Assembléia Municipal Fundamentos conceituais e metodologia Este estudo está baseado nos princípios conceituais do Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2004 do Banco Mundial, que identifica a participação como um elemento central na prática de prestação de contas social. Neste relatório, participação é definida como o conjunto de esforços por meio do qual os cidadãos expressam sua voz, se engajam diretamente na administração ou monitoramento de serviços públicos e/ou na prestação de serviços públicos (Goetz 2003). Além disso, a voz é um fator indispensável que equilibra as relações de poder entre o governo, prestadores de serviço e usuários (ver figura 2). Esse estudo considera que a existência de fortes laços de responsabilidade entre o cidadão e a classe dos políticos (por meio do exercício da voz do cidadão) tem um impacto importante no laço de responsabilidade entre o Estado e seus agentes prestadores de serviços (o compacto). O ato de expressar a voz é considerado a longa rota para a obtenção de prestação de contas (accountability) por envolver a tentativa dos cidadãos de influenciar a prestação de serviços através do Estado e de suas políticas sociais. O ato de expressar o poder do cliente é considerado a rota curta para a obtenção de prestação de contas porque os beneficiários exercem influência e poder direto sobre os serviços, afetando sua prestação sem passar pelo Estado. Esse estudo enfoca, principalmente, a voz, visto que o OP é um mecanismo de voz pelo qual o cidadão entra em um processo participativo com o objetivo de influenciar nas despesas públicas. Figura 2. Relações de poder importantes O Estado OP Voz Formuladores de políticas Politicos Compacto Via longa de prestação de contas Cidadão/clientes Colisões/Inclusões Pobres Não-pobres Via curta Poder do cliente Provedores Administração Linha Serviço 2 Organizações Mecanismos de participação (como o OP) também cria sua própria constituição, o que o ajuda a persistir por podem romper equilíbrios ineficientes na estrutura algum tempo. Quando os pobres chegam ao poder na do Estado e, potencialmente, propiciar ganhos de democracia, seu estímulo é reformar a estrutura do eficiência em termos de resultados fiscais e sociais. Estado para torná-lo mais eficiente, de forma que mais A idéia por trás desse argumento é a de que o OP pode impostos possam ser arrecadados a um custo menor, contribuir para melhorar as receitas municipais porque com fatias de renda menores para os burocratas. cidadãos que têm voz ativa, no que se refere a decisões Baseando-se nestes fundamentos e supondo que a orçamentárias, estarão mais propensos a pagar os participação no processo do OP no Brasil seja voltada impostos locais. Uma suposição semelhante é a de que aos pobres, é possível esperar um governo mais eficaz e a participação dos pobres produz re-alocações mais maior distribuição de renda. A não ser, é claro, que eficientes dos gastos públicos, o que governos não con- outros grupos se apropriem do processo participativo. seguiriam identificar sem “perguntar diretamente” a seus cidadãos. Quando há uma mudança na balança do poder, o incentivo para a nova coligação é o de produzir No contexto dos mecanismos para prestação de resultados sociais através da reforma da estrutura contas social e voz do cidadão, o OP contribui para do Estado para torná-lo mais eficiente em termos de a formulação do orçamento público. Sua eficácia coleta de impostos, alocação orçamentária e da dependerá da qualidade de voz do cidadão. Se a voz redução da renda pública capturada por burocratas. dos cidadãos não for representativa ou for mal- Esses esforços normalmente encontram enorme resistên- informada, não fará uma contribuição positiva para a cia por parte do eleitorado da coligação anterior, inclusive melhoria da efetividade da prestação de contas e do do aparato burocrático. Mecanismos participativos como desenvolvimento. Esse estudo examina o OP em Porto o OP podem produzir ganhos em eficiência, produzindo Alegre como mecanismo de articulação de voz e procu- resultados fiscais e sociais positivos e contribuindo para ra avaliar a sua contribuição para uma prestação de o fortalecimento do aprendizado cívico. De acordo com contas mais eficiente e uma melhor governança durante Williamson (1979), em tais circunstâncias, mecanismos o ciclo de despesas públicas. A abordagem utilizada como esses podem se tornar ferramentas eficientes na identifica três dimensões de análise da qualidade da voz ruptura do equilíbrio existente e, potencialmente, contri- no OP de Porto Alegre: inclusão, que considera a quanti- buir para melhores resultados fiscais e sociais. dade de atores sociais que participa do processo, analisando as barreiras, incentivos e custos para a participa- A metodologia deste relatório baseia-se em traba- ção de certos grupos; legitimidade, que enfatiza os lhos recentes sobre prestação de contas social e aspectos de confiança, credibilidade e justiça do pro- governança e enfoca cinco dimensões principais do cesso do OP; e informação, que analisa o acesso dos OP: (i) o processo participativo e as condições que cidadãos a informações atuais, relevantes e confiáveis determinam a qualidade e inclusão da voz dos cidadãos; para participar de forma construtiva do processo do OP. (ii) a interface de baixo pra cima entre o OP e a adminis- O êxito da prestação de contas de todos os mecanis- tração fiscal; (iii) a capacidade de cima para baixo do OP mos participativos depende, no entanto, de um conjunto como mecanismo de fiscalização na execução do orça- de condições capazes de propiciar um ambiente favorá- mento; (iv) os limites e potencial do OP dentro de um vel ao engajamento cívico. sistema mais amplo de prestação de contas social e A capacidade da voz do cidadão em influenciar impactos sociais e fiscais. O relatório combina métodos governabilidade participativa; e, finalmente, (v) seus processos de decisão e impactar resultados de qualitativos e quantitativos, incluindo modelos economé- desenvolvimento depende, também, de fatores de tricos, análise de dados, pesquisas representativas de economia política mais amplos e da inserção no domicílios de Porto Alegre, entrevistas semi-estruturadas, esquema de governança existente. Acemoglu, Ticchi e grupos focais organizados, um exame dos orçamentos Vindigni (2006) mostram, por exemplo, que em certas anuais da cidade e pautas das reuniões do OP em que circunstâncias, ao optar por uma estrutura de Estado são decididos os investimentos em obras públicas. Este ineficaz, os ricos podem valer-se de apadrinhamento e estudo foi beneficiado por um processo interativo de apropriar-se de políticas democráticas. Isto lhes permite diálogo com os principais parceiros que participaram reduzir a quantia de redistribuição e a prestação de bens desde a fase inicial até a apresentação dos resultados da públicos na democracia. Além disso, o Estado ineficaz pesquisa. 3 Principais resultados da pesquisa de sua implementação, mas, recentemente, começou a Como é a qualidade de participação no OP? cair e estabilizou-se em torno de 11.000 participantes A participação do OP é expressiva em Porto Alegre. por ano (ver figura 3). Apesar dessa recente queda, o Cerca de um quinto da população relata ter participado envolvimento ainda expressivo de um grande número do OP em algum ponto de suas vidas. O número de de cidadãos no orçamento público revela um interesse participantes cresceu rapidamente nos primeiros anos dos cidadãos na participação2. Figura 3. Número de participantes do OP, 1990-2006 Número de participantes OP 20000 18000 16000 14000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 Evolução do número de participantes no OP 1990 a 2006 Total 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Ano No entanto, certos grupos sociais encontram conselheiros: pessoas entre 50 anos ou mais barreiras ou falta de estímulos para participar. representam quase a metade de membros eleitos do Mulheres e grupos de baixa renda apresentam altos conselho (43,96 porcento). Conseqüentemente, a sub- percentuais de representação. Minorias étnicas e representatividade da população jovem entre portadores de deficiência também são bem delegados e conselheiros é ainda mais crítica. Como se representados. Contudo, alguns grupos sociais não pode verificar na tabela 1, apenas 1,7 porcento dos participam com a mesma intensidade devido a barreiras jovens entre 16–25 anos de idade foram eleitos de participação e falta de incentivo. Grupos sub- conselheiros e apenas 8,1 porcento delegados, entre representados incluem os extremamente pobres, 1995 e 2005. Foto: Ricardo Giusti - PMPA jovens, grupos de renda média a alta, bem como certos grupos profissionais, tais como empresários. Exigências de tempo, linguagem, baixo nível de escolaridade e um limitado entendimento do processo do OP são algumas das barreiras à participação, especialmente em instâncias mais elevadas de representação. Para os muito pobres, o tempo e o custo despendidos na participação são muito altos. Grupos com maior renda sentem-se desestimulados a participar porque, segundo eles, o OP tem como foco principal atender demandas de infra-estrutura dos pobres, e porque a participação requer tempo. Há uma relativa supra-representatividade de pessoas mais velhas entre os participantes do OP. Reunião do Conselho do Orçamento Participativo - 27/11/2007 Essa supra-representatividade é ainda mais significativa quando analisada a faixa etária de delegados e 2 Para saber mais sobre participação no OP, ver Fedozzi (2007). 4 Tabela 1. Participação do OP de acordo com a idade, 1995-2005 (porcento) Membros do Conselho (2005) Delegados (2005) População (IBGE 2000) Idade 1995 1998 2000 2002 2005 16 a 25 15.8 17.3 17.6 19.5 19.0 1.7 8.1 24.3 26 a 33 19.1 15.1 16.4 17.4 15.0 6.0 8.3 15.9 34 a 41 23.0 22.7 20.4 19.9 16.7 12.9 19.3 16.7 42 a 49 18.8 19.4 18.6 18.6 21.7 35.3 26.9 13.8 50 ou + (para 2002) 22.4 25.2 25.9 24.5 19.0 34.5 26.9 14.6 60+ (2005) - - - - 8.6 9.5 10.5 14.7 N/R2 0.9 0.3 1.1 0.1 0.0 - - - Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 Fonte: Fedozzi (2007). Figura 4. Tempo dedicado ao OP por conselheiros % 2 N/R: Não respondeu. O fator tempo é uma razão para a supra- 22% 24% representatividade de cidadãos mais velhos, especialmente entre conselheiros e delegados. Uma pesquisa entre 44 conselheiros e ex-conselheiros mostrou que a participação no OP demanda tempo. A maioria dos delegados dedica entre 4 a 8 horas por semana para o OP, e 21,4 porcento despendem mais de 12 horas por semana. O tempo exigido para a participação 13% no OP, especialmente em níveis mais altos de representatividade, é provavelmente uma barreira à participação para grupos sub-representados, como os jovens e pessoas de meia idade empregados em turno integral. 41% Até 4 horas por semana Entre 4 e 8 horas por semana Entre 8 e 12 horas por semana Mais do que 12 horas por semana O OP goza de credibilidade entre seus participantes e a população de Porto Alegre como um todo. De acordo com a pesquisa, a percepção do público em geral é de que o OP é uma conquista muito Foto: Ivo Gonçalves - PMPA importante da cidade de Porto Alegre — ajuda a fortalecer a democracia, aumenta a eficiência do governo, é voltado à população mais carente e melhora a qualidade de vida da cidade (ver figura 5). Como era de se esperar, essa percepção é ainda mais positiva entre os participantes do OP. Mesmo questões controversas sobre percepções públicas do OP receberam respostas favoráveis. Declarações colocando o OP como uma “prática demagógica,” por exemplo, alcançaram um percentual relativamente baixo nas pesquisas, com somente 16.18 porcento dos entrevistados declarando-se total ou parcialmente de acordo com isto. Anúncio da construção da escola municipal de ensino fundamental Rincão, demanda do OP 2001 - 31/10/2007 5 Figura 5. Percepções do público sobre o OP por porcentagem da população, 2006 concorda totalmente 65.88 É muito importante Amplia a democracia 23.61 57.26 Aumenta a eficiência do governo 51.71 A favor dos pobres 53.6 Melhora a qualidade de vida %0 concorda mais ou menos 26.68 29.16 30.11 56.91 20 28.57 40 60 80 100 Fonte: Pesquisa realizada por este estudo, 2006. Apesar da percepção positiva do público, é impres- por pressões regionais para alocar recursos para finan- cindível lidar com importantes desafios que perma- ciar pequenas obras públicas, o OP também apresenta necem no processo de prestação de contas do OP. um desempenho muito bom: embora o número de Há, por exemplo, um desequilibrado campo de atuação demandas para pequenos investimentos tenha cresci- para os participantes do OP na delegação em níveis mais do, isto não afetou a parcela total de recursos alocados altos de representação. Participantes com mais anos de para suprir tais demandas. Por outro lado, não há pro- experiência, disponibilidade de tempo e conhecimento vas de que o OP tenha desempenhado um papel positi- das complexas regras de procedimento do OP têm mais vo na contribuição para um equilíbrio fiscal em Porto probabilidades de serem eleitos como delegados regio- Alegre. Não há ligação direta entre política e comporta- nais e conselheiros, o que tem levado a baixos níveis de mento fiscais em Porto Alegre e o OP. Em diferentes rotatividade entre os delegados. Além disso, os mecanis- ocasiões, as previsões de gastos e receitas não coinci- mos de informação entre delegados e suas bases não diram com os valores reais. Esse desequilíbrio fiscal tem são sistemáticos e carecem de registros. O predomínio sido geralmente coberto pela criação de déficits corren- de uma cultura verbal entre os constituintes do OP, o que tes ou pela postergação de investimentos de capital. demanda e gera menos precisão, e o fato de que o OP é em si mesmo percebido como um ganho na prestação Inconsistências entre os ciclos do OP em Porto de contas ao público, podem explicar o desencontro Alegre e do orçamento municipal também têm contri- existente entre a credibilidade do OP e as falhas a respei- buído para a elaboração de planos de investimentos, to de sua prestação de contas interna. que carecem de informações precisas sobre a distri- Como é a interface entre o OP e a OP e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) se sobre- buição de recursos. A figura 6 mostra como os ciclos do administração fiscal do município? põem, revelando um desencontro entre os cronogramas para a priorização do orçamento do OP e a preparação Apesar de gozar de altos índices de participação e das diretrizes do orçamento municipal anual. A priorização credibilidade, a análise da influência do OP na das obras públicas no OP começa no princípio de maio e administração fiscal gera resultados variáveis. Por vai até julho. Nesse meio tempo, a LDO é elaborada pelo um lado, o OP em Porto Alegre não levou a uma aloca- braço Executivo do governo municipal entre julho e agosto, ção medíocre de recursos ou fragmentação de investi- e então submetida à Câmara de Vereadores em 15 de mentos. A distribuição de recursos nos últimos doze agosto. O resultado é que o timing dos dois processos anos de implementação do OP mostra uma gradual não é completamente sincronizado, e etapas importantes redução das quantias alocadas para demandas regio- no processo do OP são concluídas sem informações pre- nais, indicando que o OP tem privilegiado, gradualmen- cisas sobre a previsão do orçamento (ver boxes em azul te, demandas temáticas, embora nos últimos dois anos na figura 6). Conseqüentemente, diminui a capacidade do a parcela de demandas regionais tenha crescido. Em governo municipal de executar os investimentos planeja- outras palavras, o processo do OP tem alocado recur- dos dentro do cronograma traçado. Estas inconsistências sos cada vez maiores no sentido de atender as necessi- criam graves riscos à credibilidade do OP, gerando des- dades estratégicas da cidade como um todo. Em rela- confiança entre os participantes quanto à capacidade real ção ao risco da fragmentação de investimentos, imposto do OP de influenciar os investimentos municipais. 6 Figura 6. Comparação do OP e ciclos do Orçamento Municipal MARÇO/ ABRIL Reuniões de articulação e preparação; integração dos fóruns de delegados e fóruns de planejamento; apresentação do Plano de Investimentos e do Regimento Interno. Segunda quinzena ABRIL/MAIO MAIO/JUNHO/ JULHO Rodada de assembléias: eleição das prioridades temáticas e dos conselheiros. Regiões, Temáticas e Fóruns Municipais de Servidores; eleição dos delegados; hierarquização das obras e serviços. Data de envio da LDO para a Câmara de Vereadores – 15 de agosto. FEVEREIRO Sanção da LDO pelo prefeito – 10 de outubro. Recesso DEZEMBRO/ JANEIRO Discussão e votação do Regimento Interno, critérios gerais, técnicos e regionais. Sanção da LOA pelo prefeito – 15 de dezembro. Data de envio da LOA para a Câmara de Vereadores – 15 de outubro. Primeira quinzena JULHO Assembléia Municipal JULHO/ AGOSTO/ SETEMBRO Análise das demandas. AGOSTO/ SETEMBRO Discussão e votação da matriz orçamentária e início da distribuição de recursos para as regiões e temáticas no COP. NOVEMBRO/ DEZEMBRO OUTUBRO/ DEZEMBRO Discussão das alterações ao Regimento Interno, critérios gerais, técnicos e regionais. Detalhamento do Plano de Investimentos e Serviços; finalização das distribuições de recursos; apresentação e votação das propostas. A falta de informações pode levar ou ao excesso Outro resultado da pesquisa que gera ou ao corte de demandas a serem incluídas na preocupações está relacionado à contínua e proposta do Plano de Investimentos. De fato, o OP significativa queda do percentual do Plano de trabalha com estimativas de receita baseadas em anos Investimentos (PI) que foi implementado. Esse anteriores, fazendo correções diante da taxa esperada percentual determina, de maneira geral, se os de crescimento econômico, arrecadação de impostos e investimentos orçados foram efetivamente concluídos operações de crédito, sendo que todos estes itens dentro do cronograma previsto e se todas as demandas foram superestimados. O desencontro entre as datas incluídas no PI foram efetivamente executadas. da priorização do OP e o processo orçamentário é Enquanto entre 1990 e 1999 aproximadamente 90 atualmente uma das principais preocupações dos porcento dos projetos do PI foram concluídos antes da servidores da Secretaria Municipal da Fazenda. data prevista, desde o ano de 2000 este percentual tem Foto: Luciano Lanes - PMPA ficado abaixo dos 70 porcento, apresentando, sucessivamente, significativas quedas (ver figura 7). A taxa dos investimentos executados caiu ainda mais em 2005 e 2006. Entretanto, nesses últimos dois anos um considerável número de projetos foi classificado como “em andamento”. Isso significa que eles ainda estão dentro do cronograma previsto para conclusão e não podem ser considerados como incompletos. Além disso, é importante destacar que obras públicas priorizadas pelo OP que não são encerradas dentro do planejado, normalmente são incluídas no próximo ciclo orçamentário. Isto implica demora na conclusão das obras, mas não, necessariamente, o seu abandono. Posse dos conselheiros do Orçamento Participativo - 27/7/2007 7 Figura 7. Parcela de investimentos executados, 1999-2006 100% 90% 80% 70% 60% % 50% 40% 30% 20% 10% 0% 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Ano Fonte: Prefeitura Municipal de Porto Alegre O debate sobre o Orçamento Participativo tem-se Qual é a capacidade do OP de fiscalizar centrado, principalmente, no papel da voz dos cida- a execução do orçamento? dãos na tomada de decisão sobre o orçamento, não na vigilância pública sobre os gastos do gover- Existe, certamente, uma oportunidade para no nem na entrega de bens e serviços. Uma análise aumentar a contribuição do OP sobre o gasto das pautas das reuniões chave do Conselho do responsável do dinheiro público em diversas Orçamento Participativo (COP) mostrou que ele não tem instâncias de governo. Embora o OP em Porto Alegre feito uma avaliação consistente das políticas fiscais e tenha contribuído para um maior entendimento das decisões municipais, particularmente em momentos necessidades de gastos públicos voltados aos mais críticos. Este comportamento do COP pode ser atribuí- carentes, ele não tem cumprido seu potencial de do à ausência de uma motivação de seus membros em aperfeiçoar a compreensibilidade do orçamento e tem priorizar esta discussão sobre seu interesse em assegu- dado atenção insuficiente à fiscalização do orçamento. rar que as demandas de sua comunidade sejam incluí- Os participantes do OP consideram-se geralmente mal das no Plano de Investimentos. Outra possibilidade informados sobre o orçamento, particularmente em seria a falta de qualificação e informação de seus mem- relação à aquisição e execução de obras públicas. bros para proceder este tipo de análise, uma vez que a Apenas uma minoria (4-8 porcento) das pessoas Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a Lei entrevistadas afirmaram estar bem informadas (ver Orçamentária Anual (LOA) e o Plano Plurianual (PPA) tabela 2). requerem certos conhecimentos técnicos que o cidadão comum pode não possuir. Tabela 2. Conhecimento das regras e critérios do OP de acordo com o tempo da participação Conhecimento das regras e critérios de trabalho do OP Maioria das regras Somente algumas Poucas Não sabe Total Tempo de Participação no OP 1 ano 2 para 4 anos 5 para 7 anos 8 anos ou mais n 22 98 94 153 % 11.1 25.9 47.7 64.0 n 66 144 60 58 % 33.2 38.0 30.5 24.3 n 46 81 30 23 % 23.1 21.4 15.2 9.6 n 65 56 13 5 % 32.7 14.8 6.6 2.1 n 199 379 197 239 % 100 100 100 100 Fonte: Pesquisa de Opinião Pública (2007). 8 Embora o OP formalmente permita aos cidadãos seja, provavelmente, o mecanismo mais conhecido fiscalizar a execução do Plano de Investimentos, a de participação direta no Brasil, ele existe dentro de fiscalização ocorre de forma ad-hoc. O governo muni- um complexo sistema de governo participativo cipal oferece condições favoráveis para a fiscalização do local.3 Assim como diversas outras cidades, Porto Alegre orçamento: adota vários processos de prestação de conta com múltiplas esferas de interação entre o governo contas, possui um sofisticado sistema de informatização local e a sociedade civil. Cada uma dessas esferas é de e fornece informação atualizada sobre o planejamento uma natureza em particular, abrangendo desde a expres- do orçamento, gastos públicos, programas do governo são da voz do cidadão na legislação, planejamento urba- local e dados sócio-econômicos em seu site. No entan- no e orçamento até a co-produção de bens e serviços to, os cidadãos de Porto Alegre não dispõem de oportu- públicos. Contudo, a análise indica claramente que Porto nidades sistemáticas para dar seu retorno sobre a pres- Alegre não tem um sistema coerente de governo local tação de serviços. Embora a qualidade dos serviços seja em termos de participação e prestação de contas social. debatida em diversos espaços participativos do município, incluindo o OP, estes debates não são amparados Apesar da cidade ter sido pioneira no aprofunda- por dados ou por um retorno confiável e sistemático aos mento da democracia em nível local, ela própria tam- usuários sobre o acesso, uso, qualidade e prestação de bém acabou criando uma série de espaços inefica- vários serviços municipais. A maioria das informações zes. Duplicação de papéis, competição e tensões reais sobre o desempenho do OP se dá através da mídia sob existem em vários fóruns de participação em Porto formatos inadequados e de modo casual. Há pouco ou Alegre. Esses espaços devem ser articulados de forma nenhum fluxo de informações entre delegados regionais coerente para criar um sistema de participação e contro- (ou nos próprios fóruns regionais) e suas respectivas le social que possa traduzir-se em participação e media- comunidades. A falta de atenção à execução do orça- ção no alcance de resultados. Há também algumas mento municipal pode ter contribuído indiretamente à importantes lacunas funcionais na atual constelação de atual situação do OP, que apresenta vários investimentos espaços participativos, tais como o cálculo de receita e não estão sendo executados de forma distinta de como despesa, revisão das alocações e fiscalização e avalia- haviam sido planejados. ção de desempenho, como mostra a figura 8. Portanto, apesar de o OP ter se tornado uma prática vibrante e sólida de governança participativa, há espaço para melhori- Qual é a relação do OP com outras as nesse sistema, e também em outras esferas de parti- iniciativas de prestação de contas social? cipação popular existentes na cidade. Embora o Orçamento Participativo em Porto Alegre 3 Para uma análise detalhada sobre a evolução da participação popular em Porto Alegre, ver Baiocchi (2005). Figura 8. A política, o ciclo de gasto e fóruns de participação em Porto Alegre POLÍTICA & CICLO DE GASTO SOCIEDADE CIVIL GOVERNO LOCAL Congresso da Cidade Formulação de política Conselhos Municipais Fóruns de Planejamento Planejamento do orçamento Orçamento Participativo Aquisição Execução do orçamento Ausente Auditoria pública 9 1 Falta de um marco geral para articular as diferentes instituições sociedade civil – governança local É importante reconhecer, portanto, as limitações do Por outro lado, o estudo não indica impactos OP em viabilizar a prestação de contas do governo positivos consistentes no desempenho fiscal. A municipal em relação à execução do orçamento e à segunda hipótese testou o impacto do OP no desempe- qualidade da prestação de serviços. Desde sua nho fiscal supondo que, ao dar aos cidadãos o poder de criação, o principal objetivo do OP tem sido a inclusão influência sobre decisões de alocação, haverá uma do retorno do cidadão na formulação do orçamento. Ao maior transparência na utilização dos recursos do orça- longo do tempo – e como resultado de seu êxito e mento público e um aumento no grau de conhecimento permanência, mas também como resposta à necessida- do cidadão em relação ao orçamento público. Entretanto, de de entender e fiscalizar o orçamento municipal – o OP não foi possível constatar um impacto consistente do OP desenvolveu certa capacidade de fiscalizar a execução no desempenho fiscal dos municípios. Quando mensura- dos investimentos priorizados, bem como a execução de do pela proporção de investimento para gastos obras públicas. Contudo, tais capacidades são limitadas correntes, o impacto do OP no desempenho fiscal pare- e deveriam ser fortalecidas. ceu ser negativo (ou seja,contrário ao esperado). A ausência de resultados positivos associados ao OP na performance fiscal de Porto Alegre pode ser explicada Quais são os impactos sociais e fiscais do OP? pela ênfase dada pelo OP à alocação de investimentos de A análise econométrica conduzida para este estudo decisões da administração fiscal. capital e pela fraca relação do OP com outras isolou os impactos fiscais e sociais do OP para A tabela 3 resume o sinal e a significância dos coefi- estabelecer se estes são de fato causados pelo Orçamento Participativo. A análise compara governos cientes que medem o impacto do OP em variáveis municipais do País que adotaram OP com um grupo de sociais e fiscais. De maneira geral, os impactos foram governos municipais que não adotaram o OP e que extremamente significativos em municípios que haviam possuíam oportunidades compatíveis para reduzir os implementado o OP antes de 1996 e, portanto, já utiliza- índices de pobreza, melhorar a prestação de serviços vam o mecanismo há mais tempo. Impactos positivos em públicos e a performance fiscal antes do advento do OP. variáveis sociais também foram bastante sigificativos para A análise atenta para o fato de que na maioria dos essas municipalidades. Por outro lado, os impactos fiscais governos municipais em que o OP foi implementado, o são significativos a um nível mais baixo de confiança. No Partido dos Trabalhadores (PT) foi um ator político chave, caso das municipalidades que implementaram OP antes seja por estar administrando a prefeitura ou por ser a de 1996, o impacto fiscal apresenta um sinal oposto ao segunda força política mais importante da cidade. Neste esperado. (Para uma análise detalhada do estudo econo- sentido, esse estudo investiga se os impactos estimados métrico sobre os impactos sociais e fiscais do OP, ver foram resultados do OP e não o resultado do mesmo Anexo). análise é capaz de determinar se foi o OP, e não o processo político que desencadeou o OP, que produziu os impactos. Resultados iniciais da análise econométrica Foto: Luciano Lanes - PMPA processo político que levou o PT ao poder. Portanto, a sugerem que Orçamento Participativo pode ter impactado na redução dos índices de pobreza nos governos municipais onde foi implementado por mais de uma década. Vale a pena observar que este impacto sobre a pobreza ocorreu apesar da redução do PIB per capita nestes governos municipais, sugerindo que o OP pode contribuir para um impacto redistributivo no longo prazo. Parece, também, que o impacto no acesso à água tratada e saneamento básico é positivo para todos os governos municipais que adotaram o OP. Assembléia do OP, região Norte - 25/05/2007 10 Tabela 3. Impactos sociais e fiscais em municípios que implementaram o OP antes e depois de 1996 Impactos fiscais Impactos sociais Acesso a melhores Arrecadação de sistemas de impostos esgoto sobre imóveis Redução da pobreza Acesso à água encanada + + + + + + + Impacto se o OP foi implementado antes de 1996 Impacto se o OP foi implementado depois de 1996 Legenda: Significativo em 99% Significativo em 95% Impacto Positivo Impacto Negativo Investimentos/ gastos operacionais - Não Significativo O estudo traz também uma análise econométrica que em outras cidades. Com relação à performance mais simplificada com resultados específicos fiscal, os resultados indicam ser improvável que o atual sobre o caso de Porto Alegre, seguindo a mesma problema fiscal da cidade esteja de fato relacionado ao lógica de comparação de grupos de tratamento e OP. A análise sugere uma maior probabilidade de Porto controle. Essa análise compara Porto Alegre com Alegre ter aumentado seus gastos operacionais depois todas as outras capitais de Estados brasileiros e com de 1996 por alguma outra razão, e ter sido incapaz de todas as capitais que não possuem OP. Com base nos resolver essa questão mesmo com o aumento (relativo) dados disponíveis, não foi possível concluir que as das receitas, observado a partir do ano 2000 (ver condições de vida em Porto Alegre melhoraram mais do figuras 9 e 10). Figura 9. Despesas operacionais do município em Porto Alegre e controle para dois grupos de capitais de Estados brasileiros, 1986–2004 (a) Todas as capitais de Estados (b) Capitais de Estados sem OP 1200 800 1000 600 800 400 600 200 400 200 1985 0 1990 1995 2000 2005 1985 1990 ano Unidade tratada 1995 2000 2005 ano Grupo de controle Unidade tratada 11 Grupo de controle Figura 10. Receitas correntes em Porto Alegre e controle para dois grupos de capitais de Estados brasileiros, 1986–2004 (a) Todas as capitais de Estados (b) Capitais de Estados sem OP 2000 1000 1500 800 1000 600 500 0 1985 400 1990 1995 2000 200 1985 2005 1990 ano 2000 2005 ano Grupo de controle Unidade tratada Grupo de controle Foto: Cristine Rochol - PMPA Unidade tratada 1995 Conclusões As descobertas acima contribuem para a identificação dos potenciais e das limitações do OP. As descobertas sobre impactos do OP no desempenho fiscal e nos índices de pobreza no Brasil sugerem que o OP é um mecanismo participativo que tem forte potencial para impactos distributivos voltados aos grupos mais carentes, capazes de levar à redução da pobreza no longo prazo. Sua capacidade de exercer impacto positivo no desempenho fiscal é menos evidente. Esta aparente limitação do OP tem importantes conseqüências para a sustentabilidade dos Assembléia do OP 2007/2008 da região Cristal - 23/05/2007 investimentos voltados às camadas mais Foto: Luciano Lanes - PMPA desfavorecidas da população. Os resultados da análise de impactos confirmam os resultados gerais desse estudo: o OP em Porto Alegre constitui uma via representativa e confiável da voz do cidadão para os pobres influírem na alocação de investimentos públicos, mas tem limitações para melhorar o desempenho fiscal. O desencontro de ciclos entre o OP e o orçamento municipal e um alcance estreito do OP nas alocações de investimento impedem a melhoria da compreensibilidade e prestação de contas do orçamento, bem como a melhoria da qualidade dos gastos além da alocação de investimentos, arrecadação de receita e o desempenho fiscal e prestação dos serviços em Porto Alegre. Assembléia do OP 2007/2008 da região Leste - 01/06/2007 12 Principais recomendações Mudanças e melhorias na metodologia do OP o treinamento e a educação dos participantes é podem ajudar a superar algumas de suas essencial para consolidar integralmente os benefícios limitações. Ainda assim, os limites estruturais do OP potenciais do OP como mecanismo que auxilia o devem ser admitidos pelos atores sociais e autoridades cidadão a entender o processo do orçamento municipais. Há outros mecanismos de participação que municipal. Necessidades de treinamento deveriam ser são mais adequados para aperfeiçoar a prestação de identificadas a cada nível de participação (como contas em certas fases do ciclo de gastos públicos, tais delegados e conselheiros) e para cada fase do ciclo do como conselhos setoriais para gerir políticas setoriais OP como parte integral do processo do OP. contabilizáveis e a prestação de serviços. As seguintes recomendações visam contribuir para o Tornar a representatividade do OP mais legítima e aperfeiçoamento do desempenho e impactos do OP em contabilizável é fundamental para preservar sua Porto Alegre, ao mesmo tempo em que propõem credibilidade. Simplificar as regras de procedimento medidas específicas para envolver outras organizações do OP e torná-las mais acessíveis aos seus e mecanismos no estabelecimento de um sistema de participantes nivelaria o campo de atuação entre os prestação de contas social, no qual o OP cumpre um participantes e evitaria uma concentração do papel de destaque. conhecimento das regras nas mãos de poucos representantes do OP. Além disso, estabelecer diretrizes Como aperfeiçoar a “qualidade e formatos simples para apresentações dos de participação” no OP? conselheiros e delegados melhoraria o sistema de relato aos constituintes e a prestação de contas de cima para baixo. Criar estímulos e remover barreiras para tornar o OP mais inclusivo é um desafio crítico. Medidas para encaminhar estes desafios poderiam incluir a Como fortalecer a interação entre o OP e a expansão do foco do OP a tópicos de importância administração fiscal do município? estratégica para a cidade como um todo, incluindo fiscalização orçamentária, receitas e gastos correntes Ajustar o cronograma do processo de priorização municipais que afetam o espaço para investimentos do do OP e o ciclo municipal do orçamento é OP e que atrairiam o interesse da classe média e de fundamental. Colocar o ciclo do OP um mês à frente grupos profissionais, como empresários. Além disso, a para assegurar consistência com a Lei Orgânica do participação poderia ser mais adequada no sentido de governo municipal traria melhores resultados em termos atrair aqueles que atualmente não participam, por de qualidade de informação disponível durante o exemplo, ao promover votações online em prioridades processo de priorização e, conseqüentemente, de investimento disponíveis ou, re-embolsando os melhoraria a eficácia das demandas do OP. Uma custos financeiros da participação no caso dos grupos solução alternativa seria assegurar que o Executivo do mais carentes (por exemplo, o custo de passagens de governo municipal forneça uma estimativa de receita ônibus para participantes abaixo de certos níveis de razoavelmente precisa no período para o qual as renda). Melhorar a eficiência das reuniões do conselho demandas de investimento do OP estão sendo do OP, ao reformular os procedimentos das reuniões, priorizadas. Entre maio e julho, cada região e setor pouparia tempo aos participantes. Finalmente, melhorar deveriam então receber uma estimativa mais precisa 13 dos limites orçados para gastos de capital no ano locais e grupos de especialistas que poderiam auxiliar o seguinte. COP a desenvolver políticas fiscais independentes e análise de orçamentos, e tornar o website do A articulação entre a administração fiscal do ObservaPoA num sistema que ofereça informação município e o OP poderia ser ainda mais estatística para avaliar prioridades e monitorar aprimorada com a expansão para dois anos do impactos. ciclo do OP no caso de obras públicas complexas, mantendo um cronograma anual para os investimentos Como aperfeiçoar a capacidade do OP do OP passíveis de execução em menor período de de fiscalizar a execução do orçamento? tempo. Esta medida aumentaria a capacidade dos participantes do OP se engajarem na fiscalização das Fortalecer a compreensibilidade do orçamento em obras públicas ao reduzir a pressão de tempo gerada Porto Alegre é a pré-condição para melhorar a pelo atual ciclo anual. Ainda assim, deve-se admitir que capacidade de fiscalizar a execução do orçamento. uma possível mudança no sentido de um OP bianual é Atualmente, a compreensibilidade do orçamento é uma redução da interface entre a população e o limitada e desequilibrada entre os cidadãos de Porto governo local. Alegre. Embora o OP tenha contribuído para melhorar o entendimento das necessidades dos gastos públicos Introduzir um mecanismo no ciclo do OP que voltados aos pobres, ele não tem cumprido seu permita ajustes no Plano de Investimentos durante potencial de aperfeiçoar a compreensibilidade do a execução do orçamento evitaria o acúmulo de orçamento. Para elevar a conscientização sobre os investimentos defasados nos casos de inesperada princípios básicos das finanças e orçamento queda de receita. Esta medida pode ser municipais, o OP pode fazer um uso mais freqüente de complementada com ações que fortaleçam a rádios locais, simulando experiências de países como capacidade municipal no planejamento do orçamento, Peru, Equador e Guatemala, bem como dos países tais como a coleta e divulgação de indicadores sobre a africanos de língua inglesa que vêm sendo apoiados precisão das receitas e gastos para cada ciclo do pelo Banco Mundial. O OP de Porto Alegre poderia orçamento, ou a criação de um indicador para medir a também incluir em seu estatuto um suplemento sobre precisão das estimativas de desembolso para cada compreensibilidade fiscal e orçamentária, bem como item no Plano de Investimentos. Estes dados podem, informações detalhadas sobre receitas e gastos então, ser usados como marcos registrados pelo municipais nos relatórios sobre o Plano de Conselho do OP. Investimentos. Além disso, os Jornais Regionais do OP poderiam incluir informações técnicas e financeiras Melhorar a compreensibilidade fiscal e detalhadas sobre cada projeto em implementação nas orçamentária, bem como criar espaços para um respectivas regiões, permitindo a comparação entre diálogo completo sobre política fiscal no ciclo do atividades planejadas e sua execução, e uma avaliação OP, são essenciais para maximizar o potencial geral da implementação de todos os programas impacto positivo do OP na administração fiscal. municipais nos documentos de Prestação de Contas Isto pode ser alcançado por meio de um conjunto de Municipais, usando os indicadores de desempenho medidas, contando com a inclusão de uma fase no adotados pelo novo sistema de gerenciamento. começo do ciclo do OP para uma discussão pública aprofundada de toda a política fiscal do governo Além disso, o alcance do OP poderia ser municipal e execução do orçamento. Paralelamente a expandido para incluir, sistematicamente, a isto, poderia ser fornecido um treinamento básico em fiscalização do orçamento no seu ciclo. O Conselho finanças municipais para conselheiros do OP, incluindo: do OP pode usar e publicar no seu website indicadores Planos Plurianuais (PPA), Lei de Diretrizes simples que comparem o planejamento global dos Orçamentárias (LDO), Lei de Orçamento Anual (LOA), dados do orçamento (por exemplo, valores, tempo de Relatórios de Resumo de Execução Orçamentária implementação, detalhes técnicos básicos) com a bimensais (RREO), e Relatórios de Gerenciamento execução dos dados do orçamento para vários Fiscal (RGF). Estas medidas podem ser investimentos. Estes indicadores podem ser complementadas por parcerias com universidades desenvolvidos para permitir comparações e indicadores 14 inter-regionais. Seria aconselhável que o governo interface dos diferentes conselhos municipais e as municipal disponibilizasse no seu website a execução assembléias temáticas do OP. Isto poderia ser regular dos relatórios do orçamento (isto é, os Relatórios complementado por uma melhor integração dos Fóruns do Resumo da Execução Orçamentária bimensais – Urbanos (debate público sobre o Plano Diretor), com a RREO) em um formato amigável ao cidadão. priorização do Plano de Investimentos do OP através de um grupo temático específico do OP. Finalmente, fortalecer mecanismos para a fiscalização da sociedade civil e avaliação dos Finalmente, fortalecer o alinhamento dos objetivos serviços municipais contribuiria para toda a de desenvolvimento do setor a longo prazo com o prestação de contas social. Estas funções podem, Plano de Investimentos de capital anual é muito, bem ir além do alcance do OP, mas podem ser essencial em termos de coerência e eficiência. Isto cumpridas por outras organizações da sociedade civil e poderia ser alcançado usando a Conferência da Cidade espaços de diálogo envolvendo organizações de para implementar um processo de planejamento usuários, sociedade civil e o governo municipal de Porto estratégico bem estruturado entre as instituições Alegre, tais como os conselhos públicos setoriais existentes na sociedade civil e governo local. Este municipais e o Fórum de Serviços. A esse respeito, é processo estabeleceria metas claras de longo prazo aconselhável fortalecer sua capacidade para fiscalizar e que alinhariam o fazer político e o planejamento do avaliar a prestação de serviços. Mecanismos de orçamento. Além disso, o desenvolvimento de um resposta do cidadão, tais como boletins de avaliação de sistema de prestação de contas social em Porto Alegre serviços (Community Score Cards e Citizen Report se beneficiaria do estabelecimento de uma estrutura de Cards), podem ser introduzidos para fortalecer o poder governança permanente para fiscalizar a formulação, do cliente na fiscalização do desempenho dos serviços. implementação e revisão do processo de planejamento Estes mecanismos podem transformar-se em poderosas estratégico da cidade. Além da Conferência da Cidade, ferramentas para melhorar a qualidade de prestação esta estrutura deveria incluir um comitê de coordenação dos serviços. O governo municipal introduz e dissemina multigerenciado, uma secretaria executiva, uma equipe claros padrões de qualidade e compromissos através técnica e grupos de trabalho temáticos, contando com do estabelecimento de uma lista dos serviços representantes dos conselhos públicos municipais, municipais, que definiria padrões de desempenho áreas temáticas do OP, fóruns urbanos e o programa de amigáveis ao cidadão para cada serviço fornecido pela Governança Solidária Local, juntamente com cidade e canais apropriados de feedback. representantes do governo municipal (administração direta e indireta), Legislativo local e setor privado. Como estabelecer um sistema mais coerente de prestação de contas social na cidade, melhorando Como aprimorar o entendimento a articulação entre os fóruns de governança dos impactos do OP? participativa? A análise econométrica conduzida para este Primeiro, é essencial re-examinar a relação entre o relatório sugere que é preciso mais trabalho OP e os Conselhos Municipais para assegurar o analítico para melhorar o entendimento dos máximo de sinergia. Atualmente, a interface entre as impactos do OP e otimizar seus resultados. É instituições existentes de participação direta é frágil, aconselhável que universidades e especialistas no comprometendo a possibilidade de um sistema Brasil continuem seus esforços para avaliar os impactos coerente de prestação de contas social. Opções para sociais e fiscais do OP. O modelo e o banco de dados chegar a melhores sinergias poderiam incluir o desenvolvidos para essa análise têm potencial para estabelecimento de uma estrutura global que incorpore serem expandidos e aprofundados, permitindo explorar os diferentes conselhos e o COP. Isso contribuiria para ainda mais as relações de causa e efeito que cercam o esclarecer funções formais e informais, remover OP e o valor que o processo participativo traz à redução sobreposições no planejamento do orçamento e de pobreza e ao desenvolvimento. fiscalização, e, ao mesmo tempo, fortalecer uma 15 Anexo Análise econométrica detalhada O Orçamento Participativo como mecanismo para Portanto, a análise é capaz de determinar se foi o OP, e melhorar investimentos de capital em favor dos não o processo político que desencadeou OP, que mais pobres tem contribuído para aprimorar as produziu os impactos. O impacto pode ser lido na condições de vida dos pobres nos governos tabela 4 pelo sinal e significância da variável (dummy) municipais onde foi adotado. Neste estudo, governos OP. As colunas destacadas à direita são modelos com municipais brasileiros que adotaram o OP são um grupo de controle que foram criados usando votos comparados com um grupo de governos municipais para o PT juntamente com as outras variáveis descritas não-OP que tinham a mesma oportunidade de observar anteriormente. Presume-se que o sinal OP seja negativo melhorias na pobreza e acesso a serviços básicos porque o índice de pobreza é reduzido, enquanto o antes do advento do OP. A análise atenta para o fato de sinal para o acesso à água encanada e melhorias no que na maioria dos governos municipais em que o OP saneamento deveria ser positivo, já que a expectativa é foi implementado, o PT foi um ator político chave, seja de que cresçam. O tamanho do coeficiente não é por estar administrando a prefeitura ou por ser a relevante aqui. Note que os resultados são consistentes segunda força política mais importante da cidade. quando o grupo de controle é construído com votos no Neste sentido, a análise investiga se os impactos PT. Somente governos municipais que implementaram o estimados foram resultados do OP, e não o resultado do OP antes de 1996 foram incluídos nesta análise. mesmo processo político que levou o PT ao poder. Tabela 4. Impactos usando somente governos municipais que implementaram o OP antes de 1996 Comparação sem votos para o PT Comparação com votos para o PT Índices de pobreza Acesso à água encanada Esgoto Índices de pobreza Acesso à água encanada Esgoto OP PIB per capita Custos de transporte até São Paulo -4.82 ** -0.85 *** 0.06 *** 0.00 ** 0.29 *** 0.00 -11.06 *** 2.93 *** 0.11 *** 0.02 *** 0.34 *** 0.00 0.01 *** 0.00 *** 0.00 0.00 0.00 *** 0.00 *** Constante 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 R2 0.19 0.51 0.28 0.52 0.39 0.41 Legenda: * p<.1; ** p<.05; *** p<.01 16 Contudo, deveria ser observado que o OP ajuda a implementaram o OP depois de 1996. O objetivo de reduzir os índices de pobreza quando dividir a dummy em dois períodos foi descobrir qual dos implementado por uma década. Uma segunda dois explicava melhor a variação dos resultados. Até análise foi feita incluindo 37 governos municipais que agora parece que os impactos no melhor acesso aos implementaram OP entre 1996 e 2000. Uma variável serviços básicos foram positivos em ambos os casos, (dummy) foi trocada para 1 para governos municipais mas houve impactos positivos na redução da pobreza que tinham o OP durante os 10 anos entre 1990 e 2000. somente nos governos municipais onde o OP foi Uma segunda variável (dummy) também foi trocada implementado por mais tempo. para 1 para aqueles governos municipais que Tabela 5. Impactos usando governos municipais que implementaram OP antes e depois de 1996 Comparação sem votos para o PT Comparação com votos para o PT Índices de pobreza Acesso à água encanada Esgoto Índices de pobreza Acesso à água encanada Esgoto -8.69 *** 3.95 -1.12 *** 0.07 *** 0.05 *** 0.00 ** 0.25 *** 0.19 ** 0.00 -19.85 *** 0.00 -3.61 *** 0.11 *** 0.18 ** 0.00 0.28 ** 0.48 *** 0.00 0.00 0.00 *** 0.00 0.00 0.00 *** 0.00 *** Constante 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 N R2 3,479 0.30 4,256 0.50 7,479 0.18 36 0,72 82 0.63 109 0.33 OP antes de 1996 OP depois de 1996 PIB per capita Custos de transporte até São Paulo Legenda: * p<.1; ** p<.05; *** p<.01 Por outro lado, o Orçamento Participativo não tem recolher impostos em relação ao potencial econômico um impacto consistente no desempenho fiscal. A do governo municipal. Embora pareça haver um segunda hipótese testada foi se o OP empodera os aparente impacto positivo quando os governos pobres, cria mais transparência e fortalece a municipais que implementaram OP tanto antes como compreensibilidade do orçamento entre a população. A depois de 1996 são incluídos no grupo de análise, este suposição é que dar poder de influência aos cidadãos impacto desaparece quando somente governos nas decisões de alocação aumentará a disposição ao municipais que implementaram OP antes de 1996 são pagamento de impostos e exercerá pressão no governo incluídos na amostra. Ainda assim, parece haver um municipal para arrecadar impostos que assegurem que impacto positivo na arrecadação de impostos, mas este os recursos estejam disponíveis aos investimentos. A resultado precisaria ocorrer entre especificações proporção do IPTU em relação ao PIB mede a diferentes para garantir que não seja um resultado capacidade da administração local municipal de espúrio. Tabela 6. Impactos no desempenho fiscal (IPTU/PIB) OP antes/depois de 1996 OP antes de 1996 OP depois de 1996 PIB per capita Custos de transporte até São Paulo Constante R2 Comparação sem votos para o PT Comparação com votos para o PT 1.42 * 0.94 - 0.52 ** 0.00 0.00 3.82 ** 1.85 ** - 0.19 0.02 *** 0.00 0.26 0.33 Legenda: * p<.1; ** p<.05; *** p<.01 17 OP antes de 1996 Comparação sem votos para o PT 0.61 - 0.58 ** 0.00 0.00 0.23 Comparação com votos para o PT 2.04 - 0.18 0.01 ** 0.00 0.19 O impacto do Orçamento Participativo na mostram um impacto negativo. Uma possível proporção entre investimento e gastos correntes é explicação deste resultado é que o OP está financiando negativo. Quanto à parcela de recursos despendida na infra-estrutura social, o que cria necessidades de mão- operação dos governos municipais, em oposição aos de-obra e manutenção, o que eleva os gastos recursos dirigidos aos investimentos de capital sobre os correntes. quais o OP tem influência, os resultados da análise Tabela 7. Impactos no desempenho fiscal (gasto operacional/gasto corrente) OP antes/depois de 1996 Comparação sem votos para o PT OP antes de 1996 OP depois de 1996 PIB per capita Custos de transporte até São Paulo Constante R2 Comparação com votos para o PT -0.08 *** -0.13 * 0.00 0.00 0.00 -0.08 *** -0.02 0.00 0.00 *** 0.00 0.14 0.09 Legenda: * p<.1; ** p<.05; *** p<.01 18 OP antes de 1996 Comparação sem votos para o PT Comparação com votos para o PT -0.09 -0.11 *** -0.001 0.00 0.00 0.14 *** -0.001 * 0.00 *** 0.00 0.20 Bibliografia Baiocchi, G, P. Heller, S. Chauduri, and M.K. Silva. 2004. Evaluating Empowerment: Participatory Budgeting in Brazilian Municipalities.World Bank, Washington, DC. Abers, Rebecca. 1998. From Clientelism to Cooperation: Local Government, Participatory Policy, and Civic Organization In Porto Alegre, Brazil. Politics and Society 26, no. 4:511–37. Baiocchi, G., S. Chauduri, P. Heller, and M.K. Silva. 2006. Evaluating Empowerment: Participatory Budgeting in Brazilian Municipalities. University of Massachusetts. http://www.people.umass.edu/baiocchi/papers/PB_Rep ort.pdf. Accessed April 15, 2007. Acemoglu, Daron; Ticchi Davide and Vindigni, Andrea. 2006. Emergence and Persistence of Inefficient States. National Bureau of Economic Research (NBER) Working Paper, no. 12748. NBER, Cambridge, MA. Acemoglu, Daron & Robinson, James A., 2006. Persistence of Power, Elites and Institutions, NBER Working Papers 12108, National Bureau of Economic Research, Inc. Beras, César. 2006. Os Processos de Democratização do Estado: Orçamento Participativo - Um Novo Equilíbrio de Poder Entre Estado e Sociedade Civil. Ph.D. dissertation. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Acioly Jr., Claudio; Herzog, André; Sandino, Eduardo; Andrade and Victor Henry. 2003. Participatory Budgeting in Santo André. Institute for Housing and Urban Development Studies IHS, Rotterdam, The Netherlands. Biderman, Ciro. 2007. Estimating the Impact of Participatory Budget on Observed Outcomes. Work in Progress. World Bank, Washington, DC. Ackerman, John M. 2005. Social Accountability in the Public Sector: A Conceptual Discussion. Social Development Papers. World Bank, Washington, DC. Bonfigliolo, Angelo. 2003. Empowering the Poor: Local Governance for Poverty Reduction. New York: United Nations Capital Development Fund. Alfonsin, Betânia. 2002. Mecanismos da Democracia Participativa. Grupo de Trabalho I. IV Congresso da Cidade de Porto Alegre. Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA). Mimeo. Brautigan, D. and et al. 2004. The People’s Budget? Politics, Power, Popular Participation and Pro-poor Economic Policy. New York: United Nations. Alsop, Ruth, and Nina Heinsohn. 2005. Measuring Empowerment in Practice: Structuring Analysis and Framing Indicators. World Bank Policy Research Working Paper. World Bank, Washington, DC. Busato, Cezar, and Plínio Zalewski Vargas. 2004. Governança Solidária Local: Fundamentos políticos da mudança em Porto Alegre. Municipality of Porto Alegre. Busato, Cezar. 2005. Governança Solidária Local Desencadeando o Processo. Porto Alegre: PROCEMPA-PMPA. Arcidiácono, P. and et al. 2003. Sociedad civil y presupuesto participativo. Fondo Editorial Del Congreso del Perú, Lima. Cabannes, Yves. 2004. Financiamento Local e Orçamento Participativo. Documento base do Seminário de Lançamento da Rede Urbal N°9. Prefeitura Municipal Porto Alegre/PGU-ALC, Porto Alegre. Avritzer, Leonardo. 1999. Public Deliberation at the Local Level: Participatory Budgeting in Brazil. http://www.ssc.wisc.edu/~wright/avritzer.pdf. Universidade Federal de Minas Gerais, Brazil. Cabbannes, Yves. 2004. Participatory Budgeting: A Significant Contribution to Participatory Democracy. Environment and Urbanization 16, no. 1 (April). ———. 2003. O Orçamento Participativo e a Teoria Democrática: Um Balanço Crítico. In Leonardo Avritzer and Zander Navarro, A Inovação Democrática no Brasil, São Paulo: Cortez. Carmen, Malena, with Foster Reiner and Janmejay Singh. 2004. Social Accountability: An Introduction and Emerging Practice. Social Development Paper, no. 76. Washington, DC: World Bank. Avritzer, Leonardo, and Zander Navarro. 2003. A Inovação Democrática no Brasil, o Orçamento Participativo. São Paulo: Cortez. Azevedo, Sergio de, and Fernandes, Rodrigo Barroso. 2005. Orçamento participativo: Construindo a democracia. Revan: Rio de Janeiro. Chavez Miñoz, Daniel. 2002. A New Sustainable and Replicable Model of Participatory and Democratic Governance? La Hague. Unpublished paper presented at local politics and democracy conference. Baierle, Sérgio. 2002. OP ao termidor? In J. Verle and L. Brunet, eds., Construindo um novo mundo (Porto Alegre: Editorial Guayí). CIDADE (Centro de Assessoria e Estudos Urbanos). 2002 and 2003. Quem é o público do Orçamento Participativo. Porto Alegre: CIDADE. Baierle, S. 2005. Estudo de Caso—Lutas em Porto Alegre: Entre a Revolução Política e o Transformismo. Rio de Janeiro: IBASE. ———. 2003a. Quem é o público do Orçamento Participativo. Porto Alegre: CIDADE. ———. 2003b. Olhar de mulher. Porto Alegre: CIDADE. Baiocchi, Gianpaolo. 2005. Participation, Activism and Politics: The Porto Alegre Experiment and Deliberative Democratic Theory. Department of Sociology. University of Wisconsin. Madison Coelho, Vera S.P, and Marcos Nobre. 2004. Participação e Deliberação. Teoria Democrática e Experiências Institucionais no Brasil Contemporâneo. São Paulo: Editora 34. ———. 2001. From Militance to Citizenship: The Workers’ Party, Civil Society, and the Politics of Participatory Governance in Porto Alegre. PhD. dissertation. Madison: University of Wisconsin. 19 Genro, T. and U. Souza. 1997. Orçamento Participativo—A Experiência de Porto Alegre. 1a. ed. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo. Cortes, Soraya M.V. 2001. Arcabouço Institucional e Participação em Conselhos de Saúde e Assistência Social. In Desigualdades Socioespaciais na Região Metropolitana de Porto Alegre, (Porto Alegre: Fundação de Economia e Estatística). Genro, Tarso. 2005. Resoluções do Congresso das Cidades—O lugar de Todas as Coisas. Porto Alegre: Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Dias, Márcia. 2002. Sob o signo da vontade popular: O Orçamento Participativo e o dilema da Câmara Municipal de Porto Alegre. Belo Horizonte: Editora UFMG e Rio de Janeiro: IUPERJ. Gret, Marion, and Yves Sintomer. 1994. Porto Alegre: L’espoir d´une autre Démocratie. Paris: La Découverte. Horn. C. 1994. Porto Alegre: O Desafio da Mudança. Porto Alegre: Editorial Ortiz. Darcy, F.C. dos Santos. 2005. Análise da evolução das finanças do município de Porto Alegre, 1988–2004. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal. 1994. Democracia, Participação e Orçamento. Rio de Janeiro: IBAM. Faria, L.A. 2002. A Administração Popular em Porto Alegre: Uma Experiência Alternativa de Reforma do Estado na América Latina. Revista de Economia Contemporânea, no. 6 (Rio de Janeiro: UFRJ). IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/ Brazilian Institute of Geography and Statistics). 2000. Rio de Janeiro: IBGE. Fase/RS; Coordenação de Relações Comunitárias (CRC/PMPA); CIDADE; Abers, Rebecca. (UCLA/USA). 2005. Pesquisa sobre a População que Participa da Discussão do Orçamento Público Junto à Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Porto Alegre. Mimeo. Marquetti, Adalmir. 2002. O Orçamento Participativo como uma Política Redistributiva em Porto Alegre. I Encontro de Economia Gaúcha, May 16–17, 2002. Marquetti, Adalmir. 2003. Democracia, Equidade, e Eficiência: O Caso do OP em Porto Alegre. In Leonard Avritzer and Zander Navarro, eds., A Inovação Democrática no Brasil: O Orçamento Participativo (São Paulo: Cortez). Fedozzi, Luciano. 2000. O Poder da Aldeia: Gênese e História do Orçamento Participativo de Porto Alegre. Porto Alegre: Tomo Editorial. ———. 2001. Orçamento Participativo: Reflexões sobre a Experiência de Porto Alegre. 3a. Edição. Porto Alegre: Tomo Editorial Marquetti, Adalmir. 2003. Participação e Redistribuição: O Orçamento Participativo em Porto Alegre. In: Avritzer, Leonardo; Navarro, Zander. (org). A inovação democrática no Brasil. 1ed. São Paulo: Cortez Editora, v. 1; p. 129-156. ———. 2002. A Invenção Permanente da Democracia: Contribuições à Discussão sobre o Presente e o Futuro do OP de Porto Alegre. In J.E. Verle and L. Brunet, Construindo um novo mundo (Porto Alegre: Editorial Guayí, 2002), 165–201. Monitoramento do PGSL (Programa de Governança Solidaria Local), September 2007. Internal PGSL management document of the Municipality of Porto Alegre. Fedozzi, Luciano. 2005. Perfil Social e Associativo dos Participantes do OP de Porto Alegre em 2005. Mimeo. Nahra, Clícia M.L. 2005. Os Conselhos Muncipais Gestores de Políticas Públicas em Porto Alegre: Um panorama. SMGL/PMPA. Porto Alegre. www.observapoa.com.br. ———. 2006a. Orçamento Participativo de Porto Alegre: Elementos para um Debate Conceitual. In Nilton Fischer and Jacqueline Moll, eds., Por uma nova esfera pública (Rio de Janeiro: Editorial Vozes). Navarro, Zander. 2000a. Uma análise do Orçamento Participativo: Sua Implantação e Desenvolvimento. In Tarso Genro, ed., Porto da Cidadania (Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1997), 179–235. ———. 2006b. Rede da Democracia Participativa em Porto Alegre. Seminário do Observatório de Porto Alegre (Novembrer 2006). Mimeo. ———. 2007. Perfil Social e Associativo: Avaliação e Expectativa sobre o Futuro do Orçamento Participativo de Porto Alegre. Análise Histórica de Dados. Observatório De Porto Alegre, Ufrgs E Tomo Editorial. Mimeo. ———. 2000b. La Democracia Afirmativa y el Desarrollo Redistributivo: El Caso de Presupuesto Participativo de Porto Alegre, Brasil. In E. Jarquin and A. Caldera, Programas Sociales: Pobreza y Participación Ciudadana (Banco Interamericano de Desarrollo). Washington, DC. Furtado, Adriana; Costa, Beatriz Morem; Macedo, Carlos Eduardo; Germano, Liane Rose; Macerata, Marco Antônio; Silva, Márcia Elizabeth da; Rodrigues, Tânia Regina Quintana and Bassani, Valéria D.S. 2004. Mapa da Inclusão e da Exclusão Social de Porto Alegre. Observatório da Cidade de Porto Alegre. http://www.observapoa.com.br. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Porto Alegre. ———. 2003. O Orçamento Participativo de Porto Alegre, 1989–2002: Um Conciso Comentário Crítico In L.E. Avritzer and Z. Navarro, A Inovação Democrática no Brasil (São Paulo: Cortez). Núñez, Tarson. 2006. Participação Popular e Combate à Pobreza em Porto Alegre: Estudo de Caso do Projeto de Fortalecimento das Capacidades em Gestão Urbana na América Latina e o Caribe. Porto Alegre. PGU-ALC Habitat/IULA/Cities Alliance. Mimeo. Genro, Tarso. 1994. O Controle Público Não-estatal e o Orçamento Participativo. DEBATE, caderno do PT. Porto Alegre, nº 5: 11–13. 20 Núñez, Tarson, and Luciano Fedozzi. 1993. Quem é Quem no Orçamento Participativo: Interpretação de Dados Quantitativos da População que Participa do OP em Porto Alegre. Mimeo. Solidariedade. 2003. Caminhando para um Mundo Novo. Petrópolis: Editora Vozes. Souza, Celina. 2005. Participatory Budgeting in Brazilian Cities: Limits and Possibilities in Building Democratic Institutions. University of Birmingham Working Paper, no. 28. University of Birmingham, United Kingdom. http://www.idd.bham.ac.uk/research/Projects/urbangovernance/resources.htm. Accessed Jan/08. Olegário, Filho, B. Assis, CRC/PMPA, CIDADE, and Gianpaolo Baiocchi. 1999. Quem é o Público do Orçamento Participativo: Seu Perfil, Porque Participa e o que Pensa do Processo. Porto Alegre. Osório, Pedro Luis da Silveira. 2003. Comunicação e Cidadania: A Contribuição da Administração Popular de Porto Alegre para um Novo Modelo de Comunicação Política e Governamental. Dissertação de Mestrado em Comunicação Social. Porto Alegre: UFRGS. Souza, Marcelo Lopes de. 2000. Orçamentos Participativos e sua Espacialidade: Uma Agenda de Pesquisa. Terra Livre 15 (São Paulo): 39–58. Torres, A.R, and G. Grazia. 2003. Experiências de Orçamento Participativo no Brasil, 1997–2000: Foro Nacional de Participación Popular. Petrópolis: Editora Vozes. Pereira, Bresser. 1981. A Sociedade Estatal e a Tecnoburocracia. São Paulo: Editora Brasiliense. Plummer, Janelle. 2000. Municipalities and Community Participation: A Source Book for Capacity Building. Virginia, USA: DFID (Department for International Development), GHK International, Eartthscan Publications. Utzig, José Eduardo. 1996. Participatory Budgeting of Porto Alegre: A Discussion in the Light of the Principle of Democratic Legitimacy and of the Criterion of Governance Performance. http://www.worldbank.org/participation/s&pa/spathemati c.htm. World Bank, Washington, DC. Pont, Raul. 2000. Um Caminho Seguro para o Futuro da Cidade. In Resoluções do III Congresso da Cidade. Porto Alegre: PMPA. Waiselfiz et al. 2004. Nos Caminhos da Inclusão Social: A Rede de Participação Popular de Porto Alegre. Brasília: UNESCO. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. 2007. Manual Metodológico Instrumentos de Articulação entre Planejamento Territorial e Orçamento Participativo. Belo Horizonte. http://www.pbh.gov.br/noticias/redeurbal9/manual_met_ portugues_.pdf. Accessed June 2007. Wampler, Brian. 2004. Brazil’s Participatory Budgeting: Decentralization, Participation, and Empowerment. World Bank, Washington, DC. Webb, Steven. 2004. Fiscal Responsibility Laws for Subnational Discipline: The Latin American Experience. World Bank Policy Research Working Paper 3309. World Bank, Washington, DC. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. 2007. A Cidade Cuidando da Cidade: Primeiro Caderno de Prestação de Contas 2005/2005. Porto Alegre: Secretaria de Coordenação Política e Governança Local. Williamson, O. 1979. Transaction Costs Economics: The Governance of Contractual Relations. Journal of Law and Economics 22:233–61. ———. 2004. Organic Law of the City of Porto Alegre. Williamson, O. 2000. The New Institutional Economics: Taking Stock, Looking Ahead. Journal of Economic Literature 38:595–613. ———. “Governança Solidária Local: Documento de Referencia.” Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança Local. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. http://www.governancalocal.com.br. Accessed December 12, 2007. World Bank. 2003. Enabling Environment for Civic Engagement in PRSCs. Social Development Note, no. 82. World Bank, Washington, DC. Santos, Boaventura Souza. 1998. “Participatory Budgeting in Porto Alegre: Toward a Redistributive Democracy.” Politics and Society (December). ———. 2004. World Development Report: Making Services Work for Poor People. Washington, DC: Oxford University Press and The World Bank. Serageldin, Mona. 2003. Assessment of Participatory Budgeting in Brazil. Graduate School of Design, Center for Urban Development Studies, Harvard University, Boston.. ———. 2006. Brazil: Inputs for a Strategy for Cities. Report #35749PR. World Bank, Washington, DC. Schneider, Aaron, and Marcelo Baquero. 2006. Get What You Want, Give What You Can: Embedded Public Finance in Porto Alegre. IDS Working Paper, no. 226. IDS, Brighton, England. Verle, João E., and Lulciano Brunet. 2002. Construindo um Novo Mundo: Avaliação da Experiência do Orçamento Participativo em Porto Alegre - Brasil. Porto Alegre: Ed. Guayí. Silva, Marcelo K. 2003. Associativismo e Participação Social no Orçamento Participativo: As Experiências dos Municípios de Porto Alegre, Alvorada e Gravataí. Porto Alegre: Editora UFRGS. Verle, João. 2003. Mensagem do Prefeito. In Resoluções do IV Congresso da Cidade (Porto Alegre: PMPA). Zamboni, Yves. 2007. Participatory Budgeting and Local Governance: An Evidence-Based Evaluation of Participatory Budgeting Experiences in Brazil. Working Paper (May 28, 2007). http://siteresources.worldbank.org/INTRANETSOCIALD EVELOPMENT/Resources/Zamboni.pdf. Accessed Jan/08. Silva, G.P. and Carlos E.F. Carvalho. 2006. Referenciais Teóricos para Desenvolver Instrumentos de Avaliação do Orçamento Participativo. Nova Economia 16, no. 3 (Belo Horizonte, Set/Dez): 423–51. 21 Brasil – Unidade de Gerenciamento do País Unidade de Desenvolvimento Sustentável Região da América Latina e do Caribe Banco Mundial