Terça-feira 24 de junho de 2014 Jornal do Comércio - Porto Alegre Política 23 ELEIÇÕES 2014 Partidos discutem alianças para outubro até o dia 30 A uma semana do prazo final, seis partidos realizam encontros para definir os rumos que seguirão nas eleições. Exceto o PSB, que confirmará a chapa Eduardo Campos e Marina Silva, as demais legendas - Pros, PP, PSD, PCdoB e PR - escolherão entre apoiar as candidaturas presidenciais da presidente Dilma Rousseff (PT) à reeleição ou do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), ou ficar neutros na disputa, não dando, assim, o tempo de rádio e televisão para as campanhas. A decisão das siglas ocorre após o PTB ter desistido, na sexta-feira passada, de apoiar Dilma e, um dia depois, fechado apoio em favor da candidatura de Aécio. A mudança dos petebistas pegou os petistas de surpresa, uma vez que davam como certo o apoio da agremiação. A justificativa oficial para o rompimento foi a dificuldade com o PT para fechar alianças regionais. Nos bastidores, contudo, o PTB ficou ressentido com o fato de não ter emplacado um cargo de ministro na recente reforma do governo Dilma e com a suposta falta de empenho dos aliados em apoiar o nome do senador Gim Argello (PTB-DF) para o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). A maratona das convenções começa nesta terça-feira com o Pros. Na semana passada, a cúpula do Pros se reuniu com a presidente Dilma Rousseff para anunciar a adesão à reeleição. Amanhã, o PP e o PSD realizam convenções no Congresso. Os progressistas, que atualmente ocupam o Ministério das Cidades, sofrem um forte assédio para se coligar com o candidato do PSDB a presidente. O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), trabalha pela coalizão com Dilma, mas há quem defenda a união com Aécio, que é primo do ex-presidente da legenda, senador Francisco Dornelles (RJ). Também disputado por PSDB e PT, o PSD, do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, deve confirmar o apoio à reeleição da presidente. Kassab, que, nas últimas semanas, manteve negociações para compor a chapa do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), à reeleição e ainda foi sondado para ceder o ex-presidente do Banco Central (BC) Henrique Meirelles para ser o candidato a vice-presidente de Aécio, tende a ratificar a aliança desenhada desde 2013, quando a maioria dos diretórios estaduais aprovou o apoio a Dilma. Ainda assim, é possível que os diretórios regionais da sigla sejam liberados para apoiar candidaturas de oposicionistas. Na próxima sexta-feira, é a vez do PCdoB realizar a convenção. Parceiro tradicional do PT desde a eleição de 1988, a agremiação confirmará a aliança com o aliado. Mas, ao contrário de eleições passadas, os comunistas queixam-se do tratamento que têm recebido dos petistas. As principais críticas referem-se à falta de espaço para o partido em São Paulo e ao fato de o PT ter excluído dos acordos eleitorais o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE). No Maranhão, o PCdoB se aliou ao PSDB para lançar o ex-presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) Flavio Dino a governador. Um dos últimos a realizar a convenção, o PSB oficializará a candidatura a presidente do ex-governador de Pernambuco e presidente nacional do partido, Eduardo Campos, e da ex-sena- MARCO QUINTANA/JC Maratona de convenções começa a definir os rumos do pleito PTB vai apoiar candidato tucano dora Marina Silva (PSB) a vice-presidente na chapa, no sábado. A legenda vem para o lançamento da candidatura com uma das principais bandeiras de campanha em xeque: a tese da terceira via nestas eleições. O partido, que até agora se colocou como opção para contrapor a polarização entre PT e PSDB, entrou em choque com a Rede, de Marina Silva, ao compor os palanques dos tucanos em São Paulo e dos petistas no Rio de Janeiro. A expectativa é que, em Minas Gerais, a legenda lance o deputado federal Júlio Delgado, já que o marineiro Apolo Heringer desistiu de sua candidatura. O último partido a definir sua situação para outubro é o PR. No sábado passado, a legenda realizou sua convenção nacional, mas os participantes do encontro decidiram na ocasião delegar para a Executiva Nacional, que se reúne na próxima segunda-feira, o caminho a seguir nas eleições. A tendência é repetir o caminho de 2010 e apoiar a reeleição de Dilma. Dilma usa programa habitacional para atacar oposição Em sua primeira visita ao Amapá desde que assumiu a presidência da República, a presidente Dilma Rousseff (PT) entregou, na manhã de ontem, 2.148 moradias do Minha Casa Minha Vida na periferia de Macapá. Dois dias após a convenção nacional do PT que confirmou sua candidatura à reeleição, a presidente usou o programa habitacional para atacar a oposição, prometeu lançar a terceira etapa do Minha Casa nos próximos dias e reforçou o discurso de que o País tem “muito” ainda para avançar. “O Minha Casa Minha Vida é o maior programa habitacional que o Brasil já fez em qualquer momento. Acabamos com esse apagão habitacional que existia no Brasil”, discursou Dilma. “No passado, não se dava importância à casa própria ou então não tinham dinheiro para dar importância, também pode ser isso. O Minha Casa Minha Vida é uma decisão de transformar os impostos pagos por todos os brasileiros em casa própria”, completou. Dilma disse ainda que o Minha Casa Minha Vida constrói casas e “novos sonhos” que não puderam ser sonhados “até um tempo atrás”, repetindo estratégia empregada em eventos políticos de contrapor a gestão atual com o “passado” dos tucanos. Sobre a terceira etapa do Minha Casa Minha Vida, prometida pela própria presidente para o final de maio, Dilma disse que a nova fase deverá ser anunciada “entre o dia 1 e 2”, mas não especificou o mês - provavelmente será julho. Dilma adiou o anúncio da terceira etapa após o presidente nacional do PSB e pré-candidato do partido à presidência, Eduardo Campos, prometer construir 4 milhões de casas populares em quatro anos. Aliado do Planalto, Pezão abre palanque para Aécio Neves O PMDB do Rio de Janeiro confirmou a adesão de PSDB, PPS e DEM à coligação em prol da reeleição do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), a partir da abertura do espaço para que o ex-prefeito da capital e atual vereador Cesar Maia (DEM) seja o candidato a senador na chapa. Com o rearranjo, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) desistiu de disputar ao Senado. Em tese, no âmbito nacional, o PMDB está apoiando a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), mas no Rio o partido já vinha se distanciando dos petistas. Enquanto o presidente regional do partido, Jorge Picciani (PMDB), vinha, havia alguns meses, impulsionando uma parceria local com os adversários do Planalto - personalizado na chapa “Aezão”, uma forma de pregar o voto combinado em Pezão e no senador Aécio Neves (PSDB), que disputa a presidência. “Não fomos nós que rompemos a aliança. O PT participou do governo durante sete anos e três meses. Antes, tinha duas prefeituras. Agora, tem onze. Tem o vice-prefeito da cidade do Rio. Tem um senador eleito na nossa aliança (Lindbergh), e rompeu a aliança depois de sete anos e três meses e abriu a possibilidade de ter outros palanques”, afirmou Pezão. Para líder do PTB, bancada não foi consultada para tomar a decisão Integrantes da bancada do PTB da Câmara se dizem surpresos com a decisão anunciada pelo presidente do partido, Benito Gama, de romper a aliança com a presidente Dilma Rousseff (PT) e rumar com a campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB). Segundo lideranças do partido na Casa, a decisão foi tomada de forma “unilateral” e sem consulta prévia aos integrantes da bancada. “A bancada precisa ser consultada. Recebemos a mulher (Dilma) na nossa casa, declaramos apoio, e de repente essa mudança sem a gente ser consultado? Isso é muito ruim”, disse o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). O líder convocou uma reunião com os deputados da legenda para amanhã, em Brasília, para decidir que rumo deverão tomar em relação à campanha presidencial.