I. CIÊNCIA POLÍTICA EM
SENTIDO AMPLO E
SENTIDO ESTRITO
 Em sentido amplo, a ciência política é o estudo
dos fenômenos e das estruturas políticas de forma
sistemática e rigorosa, alicerçado num exame
minucioso dos fatos expostos através da
racionalização
 Já em sentido mais restrito e limitado, a
ciência política é à busca de uma orientação
de estudos a qual procura aplicar à análise
do fenômeno político a metodologia das
ciências empíricas como a física e a
biologia, especialmente as derivadas da
filosofia neopositivista.
.
 Assim, o termo ciência é utilizado em
oposição à opinião, pois não vai a busca de
crenças populares, mas de provas dos fatos
 Aqui fica traçada a diferença entre filosofia
política, da qual fazem parte os pensadores
clássicos como Hobbes, Kant, Hegel e
Rousseau, a qual diz como deve ser a
política e fala de utopias e a ciência
política contemporânea, que procura
reenviar à pesquisa, é a tradução da teoria
em prática
 II. CARACTERÍSTICAS DA CIÊNCIA
POLÍTICA CONTEMPORÂNEA
 Mesmo que a constituição da Ciência
Política em ciência empírica como
empreendimento coletivo e cumulativo seja
algo recente, algumas obras clássicas
como as de Aristóteles, Maquiavel,
Montesquieu e Tocqueville, podem ser
parcialmente consideradas obras de
Ciência Política
 Afinal de contas, elas também buscam a
formulação de tipologias, de
generalizações, de teorias gerais, de leis
relativas aos fenômenos políticos e tudo
isso fundamentado no estudo da história, na
análise dos fatos.
 Surgida no século passado como disciplina
e como instituição, a Ciência Política esteve
presente de forma mais expressiva no
positivismo de Saint-Simon e Comte, no
marxismo e no darwinismo social.
 E a filosofia da Ciência Política Moderna se
dá na medida que vai se distanciando das
definições oriundas da matriz tradicional do
direito, para abraçar o direito positivo.
 Ludwig Gumplowicz e Gaetano Mosca que
viveram em torno de 1890 foram os
primeiros a publicarem livros sobre esta
matéria.
 Já nos últimos dias a Ciência Política está
intimamente relacionada com as Ciências
Sociais, sendo grandemente influenciada
por elas
 Nos Estados Unidos a Ciência Política foi
muito cultivada como ciência empírica e por
conseqüência as ciências sociais tiveram
um grande desenvolvimento nos últimos
cinqüenta anos
 O ponto de vista institucional dominado pela
matriz jurídica tradicional foi trocado pelo
ponto de vista comportamental, o qual
estuda o comportamento do indivíduo e dos
grupos que tem ação política.
 Pesquisam sobre o voto, a participação na
vida de um partido, a clientela eleitoral, o
processo de decisão, tudo isso não mais
apenas com coletas de dados tirados da
história, mas da observação direta e da
pesquisa de campo com técnicas
emprestadas da sociologia
 Esta postura resultou em uma grande
quantidade de material à disposição do
pesquisador, exigindo cada vez mais
métodos quantitativos
III. SUAS CONDIÇÕES DE
DESENVOLVIMENTO
 Hoje, a Ciência Política dispõe de um
número de dados muito maior do que
tinham acesso os estudiosos do passado e
por isso tende a questionar as conclusões
a qual chegaram tais estudiosos
 . Mosca, por exemplo, analisou as
instituições do México, da Índia e da China
e por isso criticou as formulações de
Maquiavel pelo fato dele te tirado seus
dados unicamente da história romana e de
algumas nações de seu tempo.
 De acordo com Karl Deutsch, existem nove
espécies de dados desenvolvidos nos
últimos anos pelos cientistas políticos, os
quais são: elites, opiniões de massa,
comportamento de voto dos eleitores e dos
membros do Parlamento,
 os chamados dados agregados colhidos nas
estatísticas e relevantes para o estudo dos
fenômenos políticos , dados históricos, dados
fornecidos por outras ciências sociais sobre as
condições e os efeitos da comunicação, dados
secundários,
derivados de novos processos
analíticos, matemáticos
e estatísticos e de
programa de computers.
 O rápido aumento extensivo de dados tornou
possível uma ampliação cada vez maior da
comparação entre os regimes dos diversos
países, estimulando os estudos de política
comparada, a ponto de induzir alguns a identificar
sic et simpliciter a Ciência política
contemporânea na especificação, ou seja, na
diferença que a distingue das disciplinas afins e
dos estudos políticos do passado com a política
comparada.
 Montesquieu procurou comparar entre si o
maior número possível de regimes de todas
as partes do mundo, mas para a Ciência
Moderna isto não é um método, mas sim
uma tarefa básica da ciência, comparando
dados quantitativos e não qualitativos, como
se fazia antigamente
 Além disso, hoje não se limita apenas a
comparar regimes dos diferentes países,
mas faz-se amplo uso também dos
métodos histórico e estatístico, pois a
comparação não é um fim em si mesma
IV. AS PRINCIPAIS
CIÊNCIA POLÍTICA
OPERAÇÕES
DA
 A multiplicidade de dados permite á Ciência
política contemporânea separar os
melhores dados para obter um resultado
mais rigoroso e ma is próprios da ciência
empírica,
 como classificação, formulação de
generalizações e conseqüente formação de
conceitos gerais, determinação de leis,
pelo menos de leis estatísticas e prováveis,
de leis de tendência, de regularidade ou
uniformidade, elaboração de teorias.
 Com isso, já houve um aperfeiçoamento da
tipologia dos regimes políticos, até então
presa à classificação aristotélica.
 Era dividida em três formas puras e três
formas impuras de governo, agora já é
aceita a classificação denominada de
tripartição weberiana de formas de poder ,
tradicional, legal e carismático.
 V. EXPLICAÇÃO E PREVISÃO
 A finalidade da Ciência Política é de
explicar os fenômenos objeto de seu
interesse, e não apenas limitar-se a sua
descrição.
 Com as operações que vai desde a
classificação à formulação de
generalizações, de uniformidade, de leis
de tendência e de teorias, a sua tarefa
acaba sendo cada vez mais difícil
 Inclusive colocando em crise as
explicações tradicionais das Ciências
Sociais, agora consideradas simplistas.
 A principal finalidade prática da Ciência
Política é a previsão, enquanto que a
teórica é a explicação.
 Quando o processo de explicação não
estiver completo, não se pode fazer uma
previsão científica, mas apenas de uma
conjuntura, ou ainda de uma profecia.
 Tudo isso porque ela analisa o
comportamento do ser humano, o qual varia
de acordo com suas emoções e momentos.
 A Ciência Política, na atual fase de
desenvolvimento, está muito longe de poder
fazer previsões científicas.
 Como a tendência de se fazer previsões é
irresistível, um grupo de estudiosos elaborou um
programa de pesquisa sobre os futuríveis, o qual
procura contrastar a utopia de ontem e o futurível
de hoje, ou seja, aquilo que pode acontecer
sempre que se realizem determinadas
condições, não é o futuro impossível e tampouco
o futuro necessário, mas é o futuro possível
 Enquanto o futurível tem a ver com a atitude
científica em relação ao mundo histórico, a
utopia diz respeito à imaginação filosófica.
 VI. DIFICULDADES PRÓPRIAS DA
CIÊNCIA POLÍTICA
 Uma das dificuldades é que a Ciência
Política está tradicionalmente classificada
como uma das últimas ciências, com base
em sua crescente complexidade.
 Ela também não pode ser estudada sem
levar em consideração a Ciência
Econômica, enquanto que a Ciência
Econômica não necessita da Ciência
Política.
 Além disso, a Ciência Política é uma
disciplina histórica, e como não se pode
reproduzir uma revolta de camponeses no
laboratório, pois a reproduzida não seria
mais revolta.
 Também estuda o comportamento humano,
o qual varia e apresenta dificuldades
características que derivam da maneira de
agir do homem, dentre as quais destaca-se
o fato do homem ser um animal teleológico,
simbólico e ideológico.
 . Isto significa que ele tem motivações nem
sempre declaradas, se utiliza de uma
simbologia que precisa ser interpretada e
se utiliza de valores escondidos que
orientam suas decisões.
 VII.
O PROBLEMA DA AVALIAÇÃO
 A avaliação nas Ciências Políticas é algo
muito difícil de ser alcançado, pois não se
pode utilizar de juízos de valores, nem
fazer escolhas de assuntos a serem
estudados de acordo com alguma
preferência, e nem chegar à alguma
conclusão para reforçar ou enfraquecer
algum tipo de programa político.
 Desta forma, é preciso suspender qualquer
tipo de juízo de valor durante a pesquisa,
para que ela não seja influenciada e perca
sua objetividade.
 . Logo, existem os dois perigos, o do
pesquisador
estar
demasiadamente
envolvido e por isso falte objetividade e de
que ela seja perfeitamente objetiva mas
sem relevância.
 Por isso, a desenvolvimento real da Ciência
Política é guiado pelo ideal de uma política
científica, de uma ação política fundada no
conhecimento , o mais rigoroso possível ,
das leis objetivas do desenvolvimento da
sociedade.
 Como conseqüência, a tarefa mais urgente
e ao mesmo tempo mais incisiva que
compete a esta fase da Ciência Política é a
de submeter à análises e também de
colocar em questão a mesma ideologia da
política científica,
 examinando seus significados histórico e
atual, enfatizando seus limites e condições
de atualidade, assim como indicando suas
eventuais linhas de desenvolvimento.
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