7mo. Congreso Virtual de Cardiología - 7th. Virtual Congress of Cardiology
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Tema Libre
Hipertensão Arterial e Obesidade em
Crianças e Adolescentes
Raquel Pais1, Sara Assunção1, Telmo Pereira2, Jorge Conde2
1. Técnica de Cardiopneumologia
2. Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra. Coimbra, Portugal.
Resumen
Introdução: O objectivo fundamental do presente trabalho é conhecer os padrões tensionais nas várias fases do crescimento das
crianças e adolescentes, e em particular a prevalência de Hipertensão Arterial (HTA) bem como os seus principais determinantes.
Métodos: A nossa amostra é constituída por 2285 crianças e adolescentes saudáveis provenientes da Região Centro de Portugal e
seguidos numa consulta de Medicina Desportiva. Destes, 503 pertencem ao género feminino, com idade média 11.81±3.23 anos, e 1782
ao género masculino, com idade média 12.29±3.01 anos. A idade média da amostra foi de 12.18±3.063 anos (idades compreendidas
entre os 5 e os 18 anos) e a média do Índice de Massa Corporal (IMC) foi de 19.4460±3.72560 Kg/m2. A PA e a frequência cardíaca
(FC) foram medidas três vezes após um período de repouso de 10 minutos, na artéria braquial com um esfigmomanómetro automático
clinicamente validado.
Resultados: A prevalência de HTA apurada foi de 19.1%, com 18% de PA na categoria de Pré-Hipertensão. A prevalência foi superior
no sexo feminino (24.5%) em relação ao sexo masculino (17.6%). A prevalência global de obesidade foi de 8.8%, sendo de 9.8% e de
5.2% respectivamente para o sexo masculino e feminino. A proporção relativa de HTA foi maior na categoria de obesidade (28.4%) em
relação à categoria excesso de peso (20.7%) e peso normal (17.88%), sugerindo uma relação entre o perfil ponderal e os níveis de
tensão arterial. A análise de regressão logística enfatiza ainda mais essa relação, pois apurámos que os sujeitos com obesidade têm
83% mais probabilidade de ter HTA. O sexo feminino também tem uma maior associação com a HTA e os sujeitos com antecedentes
familiares têm 37% mais probabilidade de terem hipertensão.
Conclusões: Os resultados preliminares deste registo revelaram uma proporção importante de crianças e adolescentes com valores
tensionais acima do percentil 90, com maior expressão no sexo feminino e tendencialmente relacionada com a obesidade.
Introdução
O comportamento e distribuição da Pressão Arterial (PA) em Crianças e Adolescentes permanecem como aspectos
relativamente inexplorados em Portugal, tornando-se assim imperativo o conhecimento dos padrões tensionais nas várias
fases do processo de maturação, e em particular a prevalência de Hipertensão Arterial (HTA) e os seus principais
determinantes, constituindo este o objectivo fundamental do presente trabalho [1-5].
Material e Métodos
Amostra
A nossa amostra é constituída por 2285 crianças e adolescentes saudáveis provenientes da Região Centro de Portugal e
seguidos numa consulta de Medicina Desportiva. Destes, 503 pertencem ao género feminino, com idade média de
11.81±3.23 anos, e 1782 ao género masculino, com idade média de 12.29±3.01 anos. A idade média da amostra foi de
12.18±3.063 anos (idades compreendidas entre os 5 e os 18 anos). A média do Índice de Massa Corporal (IMC) foi de
19.4460±3.72560 Kg/m2.
Procedimento
Quanto à aferição da PA, recorreu-se a um aparelho de medição clinicamente validado (OMRON 705IT), com uma
braçadeira de tamanho adequado ao diâmetro do braço, respeitando as recomendações da American Academy of Pediatrics
[6]. Sempre que os valores da PA foram elevados, a confirmação foi feita com um esfigmomanómetro de mercúrio standard.
Para a análise dos dados usou-se a média dos valores obtidos e a classificação da PA realizou-se de acordo com os critérios
da American Academy of Pediatrics [6], considerando-se haver hipertensão quando os valores da PAS e/ou PAD se situavam
acima do percentil 95 para o sexo, idade e estatura. A hipertensão classe 1 foi definida para valores de PAS e/ou PAD acima
do percentil 95th mas inferior ao percentil 99 e hipertensão classe 2 para valores tensionais iguais ou superiores ao
percentil 99. A pré-hipertensão foi definida por valores de PAS e/ou PAD localizados entre o percentil 90 e o percentil 95.
Valores tensionais inferiores ao percentil 90 para a PAS e PAD simultaneamente definiram a normotensão.
Calculou-se também o IMC que foi classificado de acordo com a sua distribuição por percentis por sexo e idade, segundo os
critérios do US Center for Disease Control and Prevention [7]. Definiu-se obesidade para a presença de um IMC superior ao
percentil 95 e excesso de peso para um IMC entre o percentil 85 e o percentil 95.
Todos os pais dos participantes deram consentimento informado para a utilização dos seus dados para fins de investigação.
Resultados
A prevalência de HTA apurada foi de 19.1%, com 18% na categoria de Pré-Hipertensão. Dos sujeitos hipertensos, 14,3%
estão no estadio 1 de HTA e 4,9% encontram-se no estadio 2. Como podemos ver no Gráfico 1, a avaliação da distribuição
por género das categorias de pressão arterial evidenciou diferenças significativas na prevalência de HTA, sendo esta de
24.5% no género feminino e de 17.6% no masculino (p <0,05). Em termos médios, os valores de pressão arterial (PAS e
PAD) e de FC não diferiram significativamente entre sexos (Tabela 1).
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Gráfico 1. Prevalência de HTA
Tabela 1. Principais características quantitativas da amostra. Legenda: PAS Pressão arterial sistólica; PAD – Pressão arterial diastólica; IMC – Índice de
massa corporal
No que concerne aos antecedentes, 21% dos indivíduos da nossa amostra manifestaram ter antecedentes familiares para
doenças cardiovasculares e/ou HTA, representando 18.9% do sexo masculino e 32.1% do sexo feminino. No que diz
respeito aos antecedentes pessoais, estes são muito escassos uma vez que se encontram em apenas 15 indivíduos (0.7%).
A relação da PA com a classe de IMC também foi avaliada, dada a relação bem documentada entre a prevalência de HTA e
a obesidade. Como podemos ver no Gráfico 2, a prevalência global de obesidade foi de 8.8%, sendo de 9.8% e de 5.2%
nos rapazes e nas raparigas respectivamente. A análise da distribuição das categorias de PA por classes de IMC, expressa
na tabela 2, revelou que a proporção relativa de HTA foi maior na categoria de obesidade (28.4%) em relação à categoria
excesso de peso (20.7%) e peso normal (17.9%), sugerindo uma relação entre o perfil ponderal e os níveis de tensão
arterial.
Gráfico 2. Prevalência das várias classes de IMC
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Tabela 2. Prevalência de Hipertensão por classe de IMC
A análise de regressão logística enfatiza ainda mais essa relação. Na Tabela 3 podemos ver que os sujeitos com obesidade
têm 83% mais probabilidade de ter hipertensão arterial (OR = 1.83, IC 95%: 0.89-1.62; p<0.001) e 61% mais
probabilidade de ter pré-hipertensão (OR = 1-61, 95% CI: 1-10 -2.36; p=0.013 ). Nessa tabela está claramente descrita a
tendência linear de aumento da prevalência de hipertensão com a classificação do IMC. O sexo feminino também tem uma
maior associação com a HTA (OR = 1.51, 95% CI: 1.19-1.91; p=0.001) e os sujeitos com antecedentes familiares, com o
OR ajustado à idade e sexo, têm 37% mais probabilidade de terem HTA (OR = 1.37; 95% CI: 1.03-1.81; p=0.028).
Tabela 3. Relação da classificação da PA com o peso, sexo e antecedentes
familiares. Legenda: OR – Odds Ratio univariável; OR ajustado – Odds Ratio
ajustado para a idade e sexo
Na Tabela 4, relativamente ao género masculino podemos ver que a maior prevalência de HTA é nos indivíduos com
obesidade e com antecedentes familiares (30%), seguindo-se o grupo com obesidade e sem antecedentes familiares
(26,2%). No género feminino, a HTA encontra-se presente em maior percentagem no grupo com obesidade e antecedentes
familiares (55,6%). O maior número de indivíduos encontra-se no grupo dos rapazes com normotensão, peso normal e sem
antecedentes familiares (n=689). Ainda nesta tabela podemos ver que, ao contrario do esperado, no género masculino, a
prevalência de HTA nos indivíduos sem antecedentes familiares é maior que nos com antecedentes familiares (18,9% e
12,3%, respectivamente).
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Tabela 4. Prevalência da HTA por sexo, antecedentes familiares e IMC
Discussão
A relevância da HTA nas crianças e adolescentes constitui um tema relativamente inexplorado, o que é em grande parte
explicado pela visão tradicional desta patologia como uma doença do adulto. Contudo, este aspecto não pode ser
negligenciado, pois estudos epidemiológicos de HTA na infância têm fornecido indícios consistentes de que a elevada PA
nestas idades é um precursor para o desenvolvimento de hipertensão na idade adulta. Com a alteração corporal que os
jovens têm tido, faz todo o sentido começar cada vez mais cedo a medir a tensão arterial e adoptar medidas preventivas
precocemente, o que terá um impacto potencialmente positivo a longo prazo [3, 4, 6-8].
A prevalência de hipertensão nas faixas etárias mais jovens tem vindo a aumentar, possivelmente devido ao aumento da
epidemia da obesidade e à vida sedentária que as crianças levam. Levantamentos nacionais e internacionais demonstraram
que a prevalência da HTA varia amplamente de 1% a 22% [1, 3, 9-13].
No presente estudo, a prevalência de HTA foi de 19,1%, com maior expressão no género feminino (24,5%)
comparativamente com o masculino (17,6%). No entanto esta diferença está largamente condicionada pela reduzida
representatividade do grupo feminino (n=503) e, de acordo com os resultados de Genovesi e col, possivelmente, pelo
consumo de contraceptivos hormonais verificado na população feminina. No nosso estudo realça-se uma prevalência
importante desta patologia, tendencialmente superior ao encontrado na maioria dos registos supracitados, e que adquire
particular relevância se considerarmos as características particulares da amostra, sendo esta constituída por sujeitos
extremamente saudáveis, com níveis de actividade física acima da média e com uma prevalência global de obesidade
inferior ao estimado para a população geral. Posto isto, é provável que a prevalência real de HTA nas crianças e jovens no
geral seja ainda superior ao valor estimado no presente estudo [2, 13].
No nosso estudo encontrámos uma prevalência total de excesso de peso de 22.8%, enquanto a prevalência de obesidade foi
de 8.8%. Comparando com os estudos nacionais [8, 12-13], podemos verificar que o nosso estudo apresenta uma prevalência
de excesso de peso e obesidade inferior, o que é possivelmente explicado pela regular prática de exercício físico presente na
nossa amostra.
A hipertensão arterial está muito associada à obesidade e a incidência desta síndrome na faixa etária do nosso estudo é
cada vez mais elevada, o que acrescenta interesse ao nosso trabalho. Numa análise recente, que combinou dados do Third
National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES III, realizado no período de 1988 até1994) e do NHANES 1999–
2000 Study, a obesidade representava quase 30% do aumento da pressão arterial sistólica observada em crianças e
adolescentes ao longo de um período de 12 anos. Em linha com estes resultados, documentámos uma relação independente
do excesso de peso e obesidade com a HTA, aliás aspecto solidamente demonstrado nos diversos estudos supracitados [1519].
O presente estudo apresentou algumas limitações, desde logo decorrentes das características particulares e do contexto das
avaliações, bem como de não ser representativa do país, uma vez que tem uma expressão essencialmente regional. O facto
de a avaliação incidir em jovens com interesse particular para a prática desportiva limita a extrapolação dos resultados para
a população em geral, nas classes etárias analisadas. Por outro lado, a proporção reduzida de raparigas limita de forma
importante as comparações entre géneros, aconselhando prudência na consideração das diferenças encontradas [11, 20].
A magnitude da amostra estudada não deixa de ser relevante e até invulgar para o nosso país, dando uma expressão
importante aos resultados obtidos. Não obstante estes aspectos, os sinais extraídos destes resultados são suficientemente
expressivos para aconselhar a realização de estudos representativos com o objectivo de apurar a real prevalência desta
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patologia nas crianças e adolescentes deste país.
Conclusão
Os resultados referidos neste estudo devem, na nossa opinião, alertar os responsáveis da saúde para a necessidade de
implementação de medidas que tentem deter a epidemia da obesidade e prevalência de hipertensão arterial de modo a
promover a saúde cardiovascular nestes grupos etários, o que sem dúvida trará a longo prazo inúmeros benefícios.
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Publicación: Noviembre 2011
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