ANESTESIA
HISTÓRIA
Durante muitos século, os dogmas da igreja determinaram que a dor era um
justo castigo de Deus e, por isso, deveria ser aceita com submissão e enfrentada a
sangue frio. Em 1591, Eufane MacAyane, uma jovem mãe escocesa, foi enterrada viva
por pedir alívio para a dor no parto.
Somente em meados do século XIX, com o advento da anestesia as cirurgias
alcançaram um nível de profissionalização e ganharam contornos menos brutais,
porém, mais invasivos, já que ausência da dor alargaria as fronteiras das técnicas
cirúrgicas. Antes da anestesia, os cirurgiões mediam através do tempo a eficácia de
uma operação. Correr contra o relógio e finalizar uma intervenção no menor tempo
possível eram as maneiras mais eficazes de minimizar a dor, o choque e a perda de
sangue.
Embora a história conceda este título ao dentista William Thomas Morton, pois
este provou em publico os efeitos anestésicos do éter em 1846.
Porém, técnicas e remédios foram descobertos desde os primórdios, um
exemplo disto era a China milenar que usava a acupuntura como anestesia cerca de
2000 anos a.C.
Os assírios, por volta de 1000 a.C., comprimiam a carótida do paciente até que
ele ficasse inconsciente. Os índios peruanos, por sua vez, mascavam folhas de coca,
conhecidas no idioma quéchua como kunka sukunka (goela adormecida), e depois
despejavam a saliva sobre a ferida do doente para anestesiá-la. No século IV a.C.,
Hipócrates usava a chamada esponja sonífera, método bastante popular entre os
monges europeus.
Preparada a base de ópio, eufórbia, meimendro, mandrágora e outras
substâncias, era colocada em baixo das narinas do paciente até que ele dormisse. Para
desperta-lo uma esponja de vinagre entrava em ação.
Em 16 de outubro de 1846, o cirurgião John Collins Warren e o dentista
William Thomas Green Morton. O primeiro extirpou o tumor de um jovem de 17 anos,
enquanto o segundo aplicou a anestesia por meio de um aparelho inalador por ele
idealizado, sendo considerado este o momento da criação da anestesia.
O substituto do éter, o clorofórmio, foi usado pela primeira vez em 1847, por
James Simpson, obstetra francês, em um trabalho de parto.
Hoje em dia a anestesia é um procedimento altamente seguro, consistindo na
administração de agentes sedativos, agentes anestésicos, perda da consciência, na
intubação, quando indicado e na manutenção com agentes anestésicos.
Os principais tipos de anestesia são: Anestesia geral, Anestesia regional (Raqui
ou Peridural), Anestesia local, Sedação moderada, Bloqueio do Plexo Braquial e
Bloqueio Venoso de Bier.
TIPOS DE ANESTESIA
ANESTESIA GERAL
A anestesia geral refere-se a um estado de inconsciência reversível,
imobilidade, analgesia e bloqueio dos reflexos autonômicos obtidos pela
administração de fármacos específicos. Na atualidade, para realização de uma
anestesia geral utilizam-se comumente os tipos:
AGENTE
INDICAÇÃO
Líquidos Voláteis
Sevoflorano
Anestesia Geral
Gases
Óxido Nitroso
(N2O)
Anestesia Geral
Oxigênio (O2)
Anestesia
Geral/Hipóxia
Anestésicos Opióides
Sulfato de
Analgésico
Morfina
Alfentanil
Analgésico
Fentanil
Analgésico
Remifentanil
Analgésico
(Ultiva)
Sulfentanil
Analgésico
(Sufenta)
Relaxantes Musculares
Succinilcolina
Intubação
(Quelicin)
Atracúrio
Intubação,
(Tracrium)
manutenção do
relaxamento
Mivacúrio
Intubação,
(Mivacron)
manutenção do
relaxamento
Pancurônio
Intubação,
(Pancuron)
manutenção do
relaxamento
VIA
DURAÇÃO IMPLICAÇÕES/CONSIDERAÇÕES
Inalatória
Período da
cirúrgia
Observação do pulso e da respiração no
período pós-operatório, a PA deve ser
monitorizada com frequência
Inalatória
Período da
cirúrgia
Inalatória
Período do
uso
Útil em conjunto com outros agentes
com ação mais prolongada. Monitorar
dor torácica, hipertensão e AVC.
Perigoso em altas concentrações.
Altamente inflamável.
EV e
Epidural
EV
EV e
Epidural
EV
4 à 5 horas
EV
30 min.
30 min.
Duração
25ug = 10mg de Morfina, usado em dor
muito curta intensa
30 min.
15ug = 10mg de Morfina, depressão
respiratória prolongada
EV
5 min.
EV
30 min.
EV
EV
Depressão do SNC e respiratória, vômitos
e queda da PA.
750ug = 10 mg de Morfina
100ug = 10mg de Morfina
Requer refrigeração
15 à 20 min. Caro, recomendado para procedimentos
rápidos
60 min.
Aumento de FC e PA
Anestésicos Intravenosos
Etomidato
Indução
Anestésica
Diazepam
Amnésia,
hipnótico
Cetamina
Indução
(Ketalar)
Anestésica
Midazolan
Amnésia,
(Dormonid)
hipnótico, pré
anestésico
Propofol
Indução
Anestésica
Tiopental
Indução
Anestésica
EV
EV
4à8
minutos
30 min.
EV
5 à 10 min.
EV, VO
(Comprimido
e Xarope)
EV
30 min.
Amnésia
4à8
minutos
4à8
minutos
Pode causar dor na injeção
EV
Pode causar dor na injeção
Potencialização do efeito do álcool
Alucinações
Apnéia e depressão cardiovascular em
altas doses
ANTAGONISTAS DOS OPIÓIDES: Tem a função de anular a ação de outro
fármaco, revertendo seus efeitos rapidamente. (Ex.: Flumazenil e Narcan)
FÁRMACOS ADJUVANTES: Visam efeitos adversos como controle da pressão
arterial, freqüência cardíaca e tratamento de intercorrências (Ex.: Atropina, Efedrina)
O resultado da anestesia geral é obtido através da inalação ou administração
endovenosa, e caracteriza-se por amnésia (perda temporária da memória),
inconsciência (hipnose), analgesia (ausência da dor), relaxamento muscular e bloqueio
de reflexos autonômicos os quais devem ser controlados continuamente, assim como
a homeostase das funções vitais.
A indução, a manutenção e a emersão constituem as fases da anestesia geral,
sendo que a intubação ocorre na indução.
BLOQUEIOS REGIONAIS OU PERIFÉRICOS: É definida como perda reversível da
sensibilidade, decorrente da administração de agente anestésico para bloquear ou
anestesiar a condução nervosa a uma extremidade ou região do corpo.
Ex: Bloqueio do Plexo Braquial, para cirurgias de ombro e membros
superiores; Bloqueio Intravenoso de Bier para cirurgias rápidas de membros superiores
e eventualmente dos membros inferiores.
Muitos nervos periféricos podem ser bloqueados eficazmente por meio da
injeção de um anestésico local. O inicio e a duração do bloqueio estão relacionados
com a droga utilizada e também com a concentração e seu volume.
As anestesias raquideanas e peridural, também são consideradas bloqueios
regionais.
ANESTESIA RAQUIDEANA
Na anestesia raquideana, um anestésico local é injetado no espaço
subaracnóide atraves de punção feita em espaço lombar inferior e se mistura ao
liquido cefalorraquideano (LCR), ocorrendo o bloqueio nervoso reversível das raízes
nervosas anteriores e posteriores, doa gânglios das raízes nervosas posteriores e de
parte da medula, levando o individuo a perda da atividade autonômica, sensitiva e
motora.
A punção é feita na posição sentada ou decúbito lateral, sendo possível
direcionar a posição do bloqueio.
Pode provocar algumas respostas fisiológicas, como: hipotensão, que é
causada pela vasodilatação, desencadeada após o bloqueio dos nervos simpáticos, que
controlam o tônus vasomotor, o que resulta em acumulo periférico.
Em bloqueios muito altos, pode ocorrer a parada respiratória.
A cefaléia pós punção, sendo causada pelo extravasamento de LCR pelo
orifício da punção, o que provoca na posição ortostática, uma tensão intracraniana nos
vasos e nervos meníngeos, na duramater, que pode se prolongar por até duas
semanas. Como tratamento, é indicado repouso e hidratação, na persistência, é
indicado o tamponamento com sangue autólogo, cerca de 15 ml no espaço epidural.
ANESTESIA EPIDURAL, PERIDURAL OU EXTRADURAL
Baseia-se na aplicação de anestésico em um espaço virtual entre o ligamento
amarelo e a dura-mater. As principais vantagens são a menor incidência de cefaléia,
quando comparada a raqui, a possibilidade de realização de bloqueios mais restritos às
faixas de dermátomos e a maior facilidade de realização de técnicas com utilização de
cateter (analgesia contínua).
Como
desvantagens,
temos
o
volume
maior
de
anestésico
e
concequentemente o maior risco de toxicidade, seu inicio mais lento, hipotensão (mais
lenta que na raqui).
Os anestésicos mais comuns utilizados tanto na raqui como na peridural
incluem: Lidocaina, Bupivacaina e a Ropivacaina.
As complicações incluem: Bloqueios insuficiente, e falhas, dor ou reflexos
vicerais, dificuldade de passagem do cateter epidural, punção inadvertida da dura-
mater, com bloqueio total, PCR, convulsões, hipotensão e hematoma.
Local de depósito do anestésico na Raquinestesia e Anestesia Peridual
BLOQUEIO DO PLEXO BRAQUIAL
O bloqueio dos nervos do plexo braquial são feitos com anestésicos locais e
bloqueiam a condução nervosa para o membro superior à partir do ombro.
Apesar de sua aplicação ser um pouco incomoda para o paciente, promove
grande analgesia pós operatória, pois seus efeitos perduram por várias horas após sua
aplicação.
Seu maior risco é durante a aplicação, pois existe o risco de injeção intravesoa
acidental ou lesão dos nervos pela agulha, hoje porem, esse risco é minizado pelo uso
do ultra som durante o procedimento de injeção.
BLOQUEIO VENOSO DE BIER
Consiste na injeção de grande quantidade de volumes de soluções
anestésicas locais por via intravenosa enquanto a circulação para o membro é ocluída
por um torniquete.
Um cateter venoso é colocado na porção distal do membro em questão e o
braço ou perna é exsanguinado pela colocação de uma atadura de Esmarch. A seguir, o
torniquete é insuflado e a solução anestésica é injetada. É necessária a aplicação de
torniquete duplo para aliviar a dor da aplicação do torniquete.
O torniquete proximal é insuflado inicialmente, após iniciado os efeitos do do
anestésico, o torniquete distal é insuflado e o proximal desisnsuflado.
Geralmente feita para procedimentos rápidos, pois seu efeito dura por volta
de 40 minutos
É necessário estar atento aos cuidados neste tipo de procedimento, pois é
importante monitorar a insuflação do torniquete, pois se este for desinsuflado, o
anestésico contido no sistema venoso do paciente, irá agir sistemicamente,
ocasionando diversos efeitos indesejáveis, principalmente cardíacos.
ANESTESIA LOCAL
A aplicação do anestésico provoca o bloqueio da condução de impulsos ao
longo dos axônios do sistema nervoso periférico, pela obstrução dos canais de sódio da
membrana, impedindo sua despolarização. Em geral o anestésico de escolha é a
Lidocaina.
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AULA DE ANESTESIA.