NELI TEREZINHA NUERNBERG ESTUDO SOBRE AS MUDANÇAS QUE AS EMPRESAS DE CONFECÇÕES DO PÓRTICO COMERCIAL DE CRICIÚMA PRECISAM FAZER FRENTE ÀS VARIAÇÕES DE TAMANHOS NA MODELAGEM Criciúma, 2004 NELI TEREZINHA NUERNBERG ESTUDO SOBRE AS MUDANÇAS QUE AS EMPRESAS DE CONFECÇÕES DO PÓRTICO COMERCIAL DE CRICIÚMA PRECISAM FAZER FRENTE ÀS VARIAÇÕES DE TAMANHOS NA MODELAGEM Monografia apresentada à diretoria de Pós-Graduacao da Universidade do Extremo Sull Catarinense – UNESC, para a obtenção de titulo de especialista em Gestão Empresarial II. Criciúma, 2004 AGRADECIMENTO A minha orientadora, Roseli Jenoveva Neto, pelos ensinamentos e pelo incentivo para concluir este trabalho. SUMÁRIO LISTA DE GRÁFICOS............................................................................................... 05 LISTA DE TABELAS ................................................................................................. 06 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................07 1.1 Tema....................................................................................................................08 1.2 Problema..............................................................................................................08 1.3 Justificativa...........................................................................................................09 1.4 Objetivo geral.......................................................................................................09 1.5 Objetivos específicos .......................................................................................... 09 2 O SETOR DO VESTUÁRIO ............................................................................... 10 2.1 Os avanços históricos do setor ........................................................................... 10 2.2 Psicologia do vestir ............................................................................................ 14 2.3 A atual situação da indústria têxtil....................................................................... 15 2.4 Mercado consumidor........................................................................................... 16 2.5 Produção..............................................................................................................20 3 ANTROPOMETRIA ............................................................................................ 24 3.1 Histórico da antropometria .................................................................................. 24 3.2 Medidas antropométricas.................................................................................... 25 3.3 Padronização das medidas antropométricas ...................................................... 28 3.4 As medidas antropométricas seguidas no Brasil................................................. 29 3.5 Medidas antropométricas para jovens e crianças ............................................... 33 3.6 Medidas do corpo humano para vestuário, segundo a ABNT............................. 35 3.7 As mudanças sofridas na confecção................................................................... 36 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 38 4.1 Tipo de Pesquisa e Abordagem Metodológica.................................................... 38 4.2 Caracterização do Local de Estudo ................................................................... 39 4.3 Participantes do Estudo – Amostra ..................................................................... 40 4.4 Coleta e Registros dos Dados ............................................................................ 40 4.5 Análise dos Dados .............................................................................................. 41 5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.................................................. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 50 ANEXOS ................................................................................................................... 52 LISTA DE GRÁFICOS Número Títulos p. 1 Conhecimento sobre as normas da ABNT........................................................ 45 2 Satisfação quanto a NBR 13377/1995 ............................................................. 45 3 Exigência de mudanças no tamanho das modelagens .................................... 46 4 Interesse em discutir a questão do tamanho da modelagem............................ 47 LISTA DE TABELAS Número Títulos p. 1 Tipos de confecções pesquisadas .................................................................... 42 2 Tempo de atuação no mercado de confecções ............................................... 43 3 Tamanho de modelagem utilizado ................................................................... 43 4 Parâmetros utilizados para determinar a modelagem....................................... 44 5 Parâmetros adotados frente a mudança no tamanho da modelagem .............. 47 6 Entraves na construção de uma nova modelagem ........................................... 48 INTRODUÇÃO Este trabalho originou-se por uma necessidade ou talvez curiosidade com o decorrer dos anos de atuação no setor. A autora é proprietária de empresa do ramo de confecções feminina em tecido plano; está no mercado atuando há oito anos; desde então o produto vem passando por contínuo ajuste de tamanho em suas modulagens. No Brasil, cada empresa adota seu critério de modelagem ou seja, faz-se a própria numeração. Nestes oito anos de experiência foram percebidas na produção, mudanças no número de tamanhos. A empresa iniciou sua produção usando os tamanhos P, M, G e vem aumentando a sua grade de numeração, sendo que atualmente produz-se o: P, M, G, GG, EXG, EXG1 e EXG2. os tamanhos estão aumentando tanto de “lado” como de “altura”. Estas solicitações estão sendo feitas através dos representantes, clientes e balconistas. Sabe-se como é importante atender a necessidade de um cliente, principalmente quando esta solicitação torna-se repetitiva. A empresa deve estar sempre renovando e acompanhando os desejos e necessidades de seus clientes, pois o objetivo maior da empresa além de gerar lucros é desenvolver da melhor maneira possível seu atendimento ao cliente. As numerações de roupas no Brasil são bastante diferentes, com pouco critério de definição de tamanho. Em parte isso se deve a falta de uma referência nacional para a padronização dos tamanhos. A ABNT (Associação Brasileira de 8 Normas Técnicas) possui uma única tabela, não obrigatória, de medidas de cintura e busto; mas está tentando organizar o censo antropométrico brasileiro. Este por sua vez não deu nenhum passo significativo a respeito de definir os tamanhos dos brasileiros. Existem muitos setores interessados neste censo, tanto vestuarista, quanto calçadista, sendo importante que fosse dado continuidade ao projeto. 1.1. Tema: Adequação aos tamanhos de modelagem. 1.2. Problema: Durante os últimos anos a população vem apresentando novos perfis, principalmente no que diz respeito aos padrões físicos. Há alguns anos tem-se percebido que os jovens estão cada vez mais altos e exigindo roupas mais largas. Por este motivo, as confecções precisaram repensar o tamanho de suas modelagens. Todavia, não foi determinado nenhum padrão a ser seguido. Desta forma, cada empresa optou por modificar ou não o tamanho de sua modelagem seguindo seus próprios padrões. Atualmente, comprar qualquer peça do vestuário exige uma prova por parte do comprador, pois dependendo da empresa de confecção ele pode utilizar uma numeração diferente. É esta variação que dificulta tanto o planejamento da produção. 9 1.3. Justificativa: No sistema tradicional, a produção é empurrada para o consumidor, ou seja, primeiro se produz para depois tentar vender o produto. O setor de produção de uma confecção somente deverá produzir o que realmente ele vende, com a qualidade que os clientes determinam. Os estoques desnecessários causam prejuízos e devem ser também evitados. O mercado cada vez mais globalizado exige que as empresas sejam competitivas e que ofereçam produtos de qualidade, design, preço baixo e alta produtividade. O comércio não aceita mais pagar aos confeccionistas uma parcela de improdutividade embutida no preço dos produtos. Desta forma, a produção deve procurar atender fielmente o que o publico almeja, principalmente, com relação aos tamanhos. É imprescindível oferecer tamanhos vários, mas sem perder a beleza da peça. 1.4. Objetivo geral: • Verificar como as empresas de confecção que atuam no Pórtico estão adequando-se na variação de tamanhos, tanto de comprimento, quanto de largura, apresentado pela sociedade atual. 1.5. Objetivos específicos: • Verificar como as empresas adotam o critério para efetuar suas modelagens. • Identificar dificuldades na produção. • Investigar as mudanças na estrutura da população brasileira • Visualizar como reflete estas mudanças na confecção local. 10 2. O SETOR DO VESTUÁRIO 2.1 Os avanços históricos do setor A moda no Brasil passou por várias fases até chegar ao que representa hoje. A industria têxtil não deixou de acompanhar o que acontecia fora do país para absorver sempre o melhor. Hoje, a moda tupiniquim é única e reflete o resultado de várias tendências e influências. Todavia, esta evolução passou por varias etapas que podem, segundo Köler (2001), ser demarcadas por anos, da seguinte forma : De 1890 a 1910 Nesse século de arreios anatômicos - espartilhos, ligas, suspensórios enquanto a mulher enfeitava-se com rendas, sedas e babados, tornando suaves os contornos das roupas, o homem vestia ternos pesados e sóbrios, e dedicava atenção especial às costeletas, barbas e bigodes. Na intimidade ela vestia um desabillé sobre uma camisola que cobria um corpo disciplinado pelo espartilho e pelo corpete. Nos vestidos de passeio, os quadris apertados ganhavam enfeites drapeados, que dialogavam com as curvas fechadas das sombrinhas, a proteger do sol o rosto das jovens senhoras. Ele, de camisolão e máscara de bigodes para torná-los apontados e dignos de serem mostrados à sociedade. 11 De 1910 a 1922 O século XX entra em cena aos solavancos, como o automóvel. Artistas como Lasar Segall, Anita Mafalti, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade discutiam o modernismo. As senhoras da sociedade não ousam tanto, mas sobem os vestidos até os tornozelos e respiram a libertação do espartilho. De 1922 a 1934 O perfil feminino também é cortado nas linhas retas do cabelo à la garçon e o chapéu-toca, ou simplesmente "toque" protege as cabeças femininas mais modernas. São Paulo é uma festa. Intelectuais, influenciados por Di Cavalcanti organizam um evento pour épater: a Semana de Arte Moderna. De 1934 a 1946 A moda, numa comparação com a política, busca novos rumos. A indústria têxtil está em alta e a publicidade se fortalece. Começa também a mudança de cores para as estações do ano. É o fim do tradicional, onde se viam mulheres com casaco branco, vestido preto, luvas e chapéus, idem e ou, vice-versa, caíram no esquecimento para dar lugar às diversas tonalidades das cores azul e vermelho, crepe com enfeites de renda, golas jabot, com laços de crepe georgette. Aparecem também pijamas (macacões com calças amplas, que imitam saias) e tailleurs. As saias agora são franzidas ou lisas e as blusas, têm laços e flores na mesma tonalidade do vestido, tudo isso, visando dar forma e movimento ao corpo feminino, com nuances de sensualidade. Parece ser verdade que a moda, nos seus vários 12 modos, estimula a procura para além do possível. Como a fantasia, ela ajuda a compor personagens. É essa pulsão de moda que leva as freguesas à costureira, a cúmplice desse jogo, pois é ela que torna possíveis os sonhos impossíveis. Em Paris, os grandes nomes da costura são Jean Patou e Schiaparelli. Os cabelos curtos que reinavam desde a primeira guerra continuam bem aceitos na década de trinta. A maquilagem ganha em cor e brilho com a utilização de pó-de-arroz, rouge e baton. A banca de jornal oferece soluções a preços módicos. É só comprar o tecido, as rendas, as lantejoulas, escolher os botões e pedir à costureira para copiar o vestido bonito da revista. Os nossos costureiros vão a Paris, em busca de Dior ou Givenchy, como fonte de inspiração para suas criações. Aos poucos começa a existir uma alta costura brasileira. As consumidoras brasileiras passam a emprestar seu prestígio social aos ateliês de Dener, Mme. Rosita, Casa Vogue, Casa Canadá. De 1946 a 1960 No pós-guerra o Brasil participa do processo mundial de reconstrução industrial, e uma certa euforia desenvolvimentista atinge todos os campos. Progresso é a palavra-chave para São Paulo. O espírito moderno está nos móveis da classe média, nas estampas dos vestidos, nos saltos dos sapatos e nas linhas arrojadas dos automóveis. A indústria têxtil dos anos 50 procura adequar-se à praticidade da vida moderna, criando os tecidos sintéticos, que dispensavam o ferro de passar: nylon para as roupas leves, helanca para os maiôs, tergal para as saias plissadas e calças de vinco permanente. 13 De 1960 a 1974 O rock'n'roll rola solto nas festas. Ela dança de saia rodada, blusa de banlon, sapatilhas baixas, lencinho no pescoço, rabo-de-cavalo. Ele ajeita o topete com muita brilhantina, corre o cinto nos ilhoses da calça Lee, sobe a gola do blusão de couro preto e ergue sobrancelhas, como James Dean. No início dos anos 60 a Fenit organiza grandes desfiles, com a presença de costureiros franceses, em que a indústria têxtil mostrava suas novas criações. A Rhodia lança nesses desfiles a moda brasileira para exportação: "Brazilian Look", "Brazilian Fashion", "Brazilian Nature". As roupas sobem e descem, alargam e estreitam, trocam ligeiro de canal. Moda saco, chemisiers, évasés, tubinho, correntes douradas na cintura. Os cabelos se armam e viram as pontas pra fora, tipo gatinho. Olhares, com muito delineador e rímel, ficam existencialistas. Mary Quant economiza pano com a minissaia. Pernas largas nas pantalonas, pernas finas na cigarette. O maiô perde pano na cintura e vira duas peças. O umbigo está com tudo e a calça Saint-Tropez deixa ele lá em cima. Os anos rebeldes consomem de tudo. Os hippies deixam o cabelo crescer. Moda andrógina, unisex. Todos de jeans e cabelos compridos, "caminhando contra o vento". De 1974 a 1990 Nos salões do Planalto, dez entre dez mulheres vestem tailleur. Nas calçadas do Leblon, desfilam bumbuns rechonchudos e pós-moldados em fibras sintéticas. Os points de rock pedem jeans, camiseta e , quem sabe, um blusão de couro. 14 Os anos oitenta foram tempos de exposição máxima do corpo feminino. Pelas areias desfilaram asa-delta e fios-dentais sumaríssimos. Já os anos 90 propõem, nestes mesmos trópicos, algo mais ardiloso : a sensualidade insinuada. Voltam os duas-peças e maiôs inteiros. Armadilhas para olhar, convite ao voyeurismo, estímulo às fantasias. 2.2. Psicologia do Vestir É claro que a roupa serve para cobrir o corpo. Mas basta fazer uma autoanálise honesta, mesmo breve, para que se verifique que, no vestuário, o que serve realmente para cobrir (para proteger do calor ou do frio e para ocultar a nudez) não supera os 50% do conjunto. Os restantes 50% vão da gravata à bainha das calças, do casaco à sola do sapato, podendo a investigação se estender sobre os poquês de uma cor, de um tecido ou de uma estampa (Eco, 1989 apud FILHO; NETO, 1997). O vestuário é comunicação. Que o homem se comunica pela emissão de sons articulados a que são atribuídos certos significados (diz-se normalmente linguagem verbal) é aceito pacificamente. Mas, menos pacífico, é o fato de que o homem se comunique por uma infinidade de outros sinais: os gestos das mãos, o movimento dos olhos, as inflexões da voz, a forma de vestir (FILHO; NETO, 1997). O mundo da comunicação não-verbal tem uma amplitude sem limites. Quando se cumprimenta alguém e se diz “hoje está um dia lindo”, a vontade de comunicar algo sobre a situação meteorológica é mínima; o que se quer é estabelecer contato; é o caso também daquele tipo especial de chapéu masculino denominado mitra, que não serve para proteger da chuva ou do sol, mas sim para 15 dizer, categoricamente, “sou um bispo”; portanto não causa admiração a afirmação que vestuário é comunicação (FILHO; NETO, 1997). Segundo Eco (apud FILHO; NETO, 1997), todos os estudiosos da evolução do vestuário estão de acordo quando apontam três razões principais para vestir: decoração, pudor e proteção. Essas são as motivações profundas que induziram, e ainda induzem, a humanidade a dedicar tanta energia e interesse no desenvolvimento e no estudo do vestuário e da moda. Eles também estão de acordo ao estabelecer uma ordem de prioridades entre estes elementos. Com relação ao vestir por questões de pudor, quase ninguém é motivado pela escolha do vestuário pensando nesta razão. Por outro lado, as perfeitas instalações de ar condicionado e outras alternativas de aquecimento nas casas e empresas à disposição da vida moderna parecem sugerir que, entre os motivos apontados, o de proteção é de menor importância relativa. A maior parte das opiniões se encontram, portanto, sobre a opção da decoração. Marcar a própria presença, chamar atenção, enfatizar determinadas partes do corpo, uma dobra na bainha, um bordado, um decote, eis o objetivo principal do vestuário (FILHO; NETO, 1997). 2.3. A atual situação da industria têxtil Atualmente, o setor se caracteriza pelo expressivo número de empresas. Isto ocorre devido à tendência de migração da atividade têxtil para os países em desenvolvimento, com o intuito de reduzir custos. A pauta de produção do setor do vestuário é composto de uma grande variedade de tipos de produtos destinados a usos específicos. 16 Grandes avanços foram obtidos nas fases de desenho e corte com o uso da tecnologia CAD/CAM, permitindo economia de tecidos e ganhos de velocidade nas etapas de criação, especificação técnica das peças e modelagem. Saliente-se que a etapa de montagem concentra, praticamente, 80% do trabalho empregado e ainda utiliza máquinas de costura que mantém, basicamente, a mesma concepção dos primeiros modelos, a despeito de melhorias relacionadas à microeletrônica nelas introduzidas (ABRAVEST, 2004). A característica estrutural básica da indústria do vestuário, em nível mundial, é a grande heterogeneidade das unidades produtivas em termos de tamanho, escala de produção e padrão tecnológico, fatores estes que influenciam, decisivamente, os níveis de preços, dualidade, produtividade e a inserção competitiva das empresas nos diversos mercados consumidores (ABRAVEST, 2004). O mercado consumidor é segmentado por faixa etária, sexo, idade, nível de renda, entre outros fatores. Essas características contribuem para a existência de um grande número de empresas de diferentes portes, que buscam conquistar espaços específicos para atender à diversificação da demanda. 2.4. Mercado consumidor Conforme afirma Gordon (2000, p.128), “Tão importante quanto a neve para os esquimós é o cliente para a empresa”. Neste contexto, os clientes são de extrema importância para as empresas. É necessário que todas as pessoas envolvidas no processo sem exceção, dêem uma atenção a mais a eles. 17 Uma empresa deve aperfeiçoar continuamente seus serviços e produtos, acompanhando as mudanças das necessidades e dos valores dos clientes. Para qualquer empresa a conquista dos consumidores é seu principal desafio. Para tanto, existem alguns fatores que provocam influências no comportamento do cliente perante o produto ou serviço. “As decisões de compra de um consumidor são profundamente influenciadas por características culturais, sociais e psicológicas”. Essa afirmação de Kotler (1996, p.478), explica as diferentes reações diante um mesmo produto ou serviço. - Fatores Culturais: As pessoas estabelecem valores, percepções e preferências a partir de fatores como família, amigos e outros grupos. A cultura é o mais importante determinante dos desejos de compra de uma pessoa. Embora as pessoas menos desenvolvidas, culturalmente, sejam muito influenciadas pelo instinto, o comportamento humano é sobretudo decorrente do aprendizado. Cada cultura contém subculturas ou grupos que compartilham sistemas de valores baseados em experiências e situações de vida comum. A subcultura é conhecida por quatro tipos básicos, a saber: nacionalidade, religiões, raciais e regionais. - Fatores Sociais: A influência de uma classe social é marcante para o consumo de determinados produtos ou serviços. Papel social e status significam a posição que 18 cada pessoa representa em um grupo social como família, clubes e empresa onde trabalha. A família exerce alto grau de influência sobre cada indivíduo e seu comportamento de consumo pode ser autônomo (de cada membro individualmente) ou conjunto (por diversos ou por todos os membros da família). Assim, cada membro exerce influência na decisão de compra dos demais, por isso é importante fornecer ao pacientes e familiares atendimentos de qualidade. - Fatores Pessoais: Cada consumidor reage de forma diferente sob estímulos iguais, e isso ocorre porque cada um tem sua personalidade. De acordo com as teorias psicológicas da personalidade, as pessoas são diferentes uma das outras. As motivações que são as respostas do indivíduo aos estímulos recebidos, são distintas para cada um. A estrutura cognitiva, isto é, do conhecimento, opinião ou crença, acerca do ambiente e de si próprios, dentro de seu ambiente psicológico, leva os consumidores e agir cada um de maneira diferente. Os fatores pessoais como idade e estágio do ciclo de vida, ocupação, perspectivas econômicas, estilo de vida, personalidade e autoconceito, também interferem na compra. - Fatores Psicológicos: Fatores como motivação, percepção, aprendizado, crença e atitudes influenciam amplamente a escolha do serviço almejado pela clientela. A motivação é um ato que desperta o interesse em outras pessoas, neste caso, para que elas busquem qualidade nos produtos. A motivação leva as pessoas 19 à ação, uma pessoa quando motivada está pronta para agir. Entretanto, a maneira como uma pessoa age é influenciada por sua percepção. O aprendizado pode estimular a demanda de um produto pela associação de motivação provocada pela imagem do produto. As experiências adquiridas com a compra geram o aprendizado. As crenças e atitudes são adquiridas através de ações e aprendizados. Ressalta-se que esses fatores influenciam no comportamento de consumo. A crença influencia na formação da imagem de um produto ou serviço e os clientes costumam agir em função dessas imagens. Além desses fatores, Kotler (1996) mostra que existe um processo de decisão na hora da aquisição de um produto ou serviço. Esse processo consiste em cinco estágios, a saber: o reconhecimento do problema, a busca de informações, avaliação de alternativas, decisão de compra e comportamento pós-compra. - Reconhecimento do Problema: estímulos internos ou impulsos, e estímulos externos motivam as pessoas a obterem produtos ou serviços que proporcionem sua satisfação. O comprador percebe uma diferença entre o produto real e algum desejo. - Busca de Informações: um consumidor estimulado pode querer buscar maiores informações sobre o produto desejado. Se o cliente não estiver impulsionado, ele adia um pouco a satisfação de suas necessidades ou procede na busca de maiores informações. 20 - Avaliação de Alternativas: é a maneira que o consumidor processa as informações que possui a respeito de um determinado produto para chegar a escolher a marca que irá comprar. - Decisão de Compra: é a compra da marca preferida, que pode ser interferida pela influencia de alguém, ou por fatores inesperados. - Comportamento Pós-Compra: cabe a empresa estar atenta e procurar saber se após a compra, o consumidor ficou satisfeito ou insatisfeito. Em se tratando de confecção, a relação cliente versus produtor precisa ser bastante intensa, para que se consiga identificar quais suas reais intenções de compra. Desta forma, alterar tamanhos da confecção, ou a falta de um padrão de numeração pode interferir na visão que o cliente tinha do produto, ou seja, entrar numa loja e precisar provar uma calça dois números maior que o seu habitual pode comprometer a venda atual e as vendas futuras. 2.5. Produção Segundo analistas econômicos (Drucker, Peters, Tofler) vivemos hoje, um momento de grandes mudanças rápidas e radicais na economia global que traz sem dúvida consideráveis reflexos para a sociedade em geral, especialmente nos setores produtivos e de comunicação, que repercutem na formação profissional e educacional dos trabalhadores (MARTINS, 1998). 21 A humanidade já passou por três grandes fases de mudanças ou ondas de futuro: a primeira onda ocorreu com o surgimento da agricultura, a segunda com a Revolução Industrial e finalmente a terceira onda pela qual estamos passando que corresponde à Revolução Computacional ou Era do Conhecimento. Neste contexto a produção dentro da indústria têxtil sofreu grandes avanços. Segundo Martins (1998) algumas exigências tornaram-se fundamentais neste processo: • Padronização dos produtos; • Padronização dos processos de fabricação; • Treinamento e habilitação da mão-de-obra; • Criação e desenvolvimento dos quadros gerenciais e de supervisão; • Desenvolvimento de técnicas de planejamento e controle da produção; • Desenvolvimento de técnicas de planejamento e controle financeiro; • Desenvolvimento de técnicas de vendas. Há algumas décadas, conceitos que hoje parecem óbvios, como o conceito de padronização de componentes introduzidos por Eli Whitney em 1970, quando conduziu a produção de mosquetões com peças intercambiáveis, fornecendo uma grande vantagem operacional aos exércitos, eram considerados utópicos. Foi a partir desta padronização que teve inicio o registro, através de desenhos e croquis, dos produtos e processos fabris, surgindo à função de projeto de produto, de processos, de instalações, de equipamentos etc. (MARTINS, 1998) 22 A produção em massa aumentou de maneira fantástica a produtividade e a qualidade, e foram obtidos produtos bem mais uniformes, em razão da padronização e da aplicação de técnicas de controle estatístico da qualidade. O conceito de produção em massa e as técnicas produtivas dele decorrentes predominaram nas fabricas até a década de 60, quando surgiram novas técnicas produtivas, que vieram a caracterizar a denominada produção enxuta. A produção enxuta introduziu, entre outros, os seguintes aspectos: • just-in-time; • engenharia simultânea; • tecnologia de grupo; • consórcio modular; • células de produção; • desdobramento da função qualidade; • comakership; • sistemas flexíveis de manufatura; • manufatura integrada por computador; • benchmarking. Embora a padronização tenha melhorado o processo, além de torná-lo mais barato, a indústria têxtil deparou-se com um empecilho bastante significativo, a falta de medidas padrões para padronizar o tamanho de suas peças. Assim, o tamanho de uma blusa de determinada empresa pode não ser o mesmo adotado por outro. Desta forma, ao longo do processo de modernização da produção percebeu-se a importância da figura do consumidor, em nome do qual tudo se tem 23 feito. Pode-se dizer que a procura da satisfação do consumidor é que tem levado as empresas a se atualizarem com novas técnicas de produção, cada vez mais eficazes, eficientes e de alta produtividade. É tão grande a atenção dispensada ao consumidor que este, em muitos casos, já especifica em detalhes o “seu” produto, sem que isso atrapalhe os processos de produção do fornecedor, tal a sua flexibilidade. Caminha-se para a produção customizada, que, sob certos aspectos, é um “retorno ao artesanato” sem a figura do artesão, que passa a ser substituído por moderníssimas fábricas. 24 3. A ANTROPOMETRIA 3.1. Histórico da Antropometria Antropometria é um termo que tem origem grega, segundo Velho, Loureiro, Peres e Pires Neto (apud Petroski, 1999), sendo que Anthropo identifica “homem” e Metry significa “medida”. Para esses autores, a Antropometria é uma maneira de determinar objetivamente os aspectos referentes ao desenvolvimento do corpo humano, assim como para determinar as relações existentes entre físico e performance. Esse método de medição sistematizada vem sendo empregado para obtenção de dados quanto à forma, tamanho, proporção e na composição corporal, representando uma vasta fonte de informações a respeito do ser humano (COSTA apud PETROSKI, 1999, p. 31). As áreas de aplicação das medidas obtidas através dos métodos antropométricos são muito vastas, desde o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento do homem até a construção de mobiliário, roupas, maquinário, ambientes de trabalho, transportes (ROEBUK apud PETROSKI, 1999, p. 31). Na arquitetura e na ergonomia a antropometria é utilizada para adequar dimensões e as relações entre os membros de um homem normal e qual é o espaço de que necessita para se deslocar para trabalhar ou para descansar em varias posições. Ainda nos servimos, para dar a noção de dimensão, além de existência do 25 metro, de elementos como: tantas braças de comprimento por outro tanto de largura; a altura de um homem, ou a largura de tantos pés (PETROSKI, 1999). A biomecânica é uma disciplina que se ocupa de analises físicas de sistemas biológicos, o que inclui os movimentos do corpo humano. Para que isso ocorra é necessário que haja uma equipe multidisciplinar. As pesquisas voltadas para essa área utilizam-se muito das medidas antropométricas como um recurso para descrever e fundamentar seus estudos, além de servir como auxiliar para outros métodos de medição em Biomecânica, como dinamometria e cinemetria (PETROSKI, 1999). Por sua importância e aplicabilidade é necessário que haja uma padronização dos procedimentos aplicados, que sejam realizados preferencialmente com instrumentos específicos e com erros de medidas conhecidas. 3.2. Medidas Antropométricas O uso das medidas de estatura, comprimento e altura são de suma importância no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento do homem e na confecção de utensílios domésticos, ferramentas, carros, ônibus, aviões, salas de controle, maquinários, postos de trabalho, etc. Estas devem ser adaptadas a fim de contemplar a maioria da população. Devem ser realizadas para caracterizar e determinar os alcances dos movimentos dos futuros usuários. Para isto, é necessária uma amostra significativa dos sujeitos que serão usuários ou consumidores do objeto a ser projetado. 26 • Massa corporal A massa corporal é uma medida antropométrica que expressa a dimensão da massa ou volume corporal. É portanto, a somatória da massa orgânica e inorgânica existente nas células, tecidos de sustentação, órgãos, músculos, ossos, gorduras, água, viscerais, etc. A massa corporal pode ser utilizada como medida do processo de crescimento e indicador do estado nutricional, portanto, é preciso relacioná-la com outras variáveis que a ela estão intimamente associadas: idade, sexo, e estatura. • Alturas As alturas são medidas lineares realizadas no sentido vertical. Teoricamente, qualquer ponto no corpo humano pode gerar uma distância ao solo, caracterizando assim, uma variável que permite a análise cineantropométrica. Essas medidas são utilizadas para acompanhar o crescimento corporal e desenvolvimento. Como também, em projetos de engenharia para concepção de maquinários, utensílios e espaços físicos ocupados pelo homem. Por convenção, todas as alturas são realizadas do lado direito. • Altura Tronco-Cefálica Utiliza-se no acompanhamento do crescimento e estudo de caracterização étnica. Referência Anatômica: Ponto mais alto da cabeça (vértex) e o plano de apoio da bacia (espinhas esquiáticas). 27 • Atura Maleolar Utiliza-se na confecção de calçados. Referencia Anatômica: Maléolo lateral e região planar. • Estatura É o maior indicador do desenvolvimento corporal e comprimento ósseo. Importante na verificação de doenças, estado nutricional e na seleção de atletas. Além disso, o desenvolvimento anormal do crescimento pode ter conseqüências sociais pois os fatores podem estar associados com doenças. Referencia Anatômica: Vértex e região planar. • Comprimento Os comprimentos correspondem às distancias entre os dois pontos antropométricos medidos longitudinalmente por meio de um antropômetro, paquímetro, fita métrica ou pela diferença entre as alturas. Essas medidas são utilizadas para acompanhar o crescimento corporal e desenvolvimento, como também, em projetos de engenharia para concepção de maquinários, utensílios e espaços físicos ocupados pelo homem. • Comprimento do Membro Superior Utiliza-se em projetos ergonômicos, na confecção de postos de trabalho e vestuário. Referencia Anatômica: Processo acromial e dactílio (Altura Acromial – Altura do Dactílio). 28 • Comprimento do Braço Utiliza-se em projetos ergonômicos, para confecção de postos de trabalho e vestuário. Referencia Anatômica: Processo acromial e processo estiloidal do rádio (Altura Acromial – Atura Radial). • Comprimento do Antebraço Utiliza-se em projetos ergonômicos, para confecção de postos de trabalho, vestuário e luvas. Referencia Anatômica: Processo estilóide do rádio e processo estilóide da ulna (Altura Radial – Altura Estiloidal). • Comprimento do Membro Inferior Utiliza-se em projetos ergonômicos, para confecção de postos de trabalho, biomecânica, aparelhos de musculação, entre outros. Referencia Anatômica: Trocânter maior ao solo ou (Altura do Vértex – Altura Sentado). 3.3. Padronização das medidas Antropométricas Apesar de estar bem esclarecida a importância das medidas de comprimentos e alturas, verifica-se que não existe um consenso entre os autores quanto à padronização dos procedimentos para se chegar a estes dados. Este assunto merece mais esclarecimento, através de mais subsídios (fotos, manuais, 29 fitas, software, internet, etc), para melhor auxiliar o pesquisador que decide realizar trabalhos nesta área. A composição corporal é a qualificação dos principais componentes estruturais do corpo humano. O tamanho e a forma corporais são determinados basicamente pela carga genética e formam a base sobre a qual são dispostos, em proporções variadas, os três maiores componentes estruturais do corpo humano: osso, músculo e gordura. Esses componentes são também as maiores causas da variação na massa corporal (PETROSKI, 1999). Embora o corpo seja constituído de numerosos elementos, os cientistas, para fins didáticos, sugeriram um modelo para o funcionamento do corpo em dois componentes: a massa de gordura (MG) e a massa corporal magra (MCM). Os termos MCM e massa corporal livre de gordura (MCLG) muitas vezes são usadas como sinônimos. O termo MCM foi criado por Behnke et al. (1953) como “lean body mass” (LBM) e inclui os lipídios essenciais às funções corporais que estão presentes nas membranas, tecidos nervosos e envolvendo órgãos essenciais. Em contraste, o termo a MCLG, sugerido por Keys e Brozek (1953) como “fat-free mass” (FFM), o qual inclui todos os componentes do corpo, excluindo a gordura. Segundo Buskirk (1987) e Malina e Bouchard (1991), ambos os termos são ocasionalmente usados. Parece, no entanto, que a MCM se caracteriza por conceito “in vivo”, enquanto a MCLG trata-se de um conceito “in vitro” (PETROSKI, 1999). Como a mensuração direita desses dois componentes é derivada da análise química de cadáveres humanos, inúmeros métodos indiretos para determinar a composição corporal em pessoas vivas foram desenvolvidos, utilizando o conceito de referência corporal derivado do método direto. 30 A Antropometria é, sem duvida, o procedimento mais usado para caracterizar diferentes grupos populacionais, o método antropométrico consiste basicamente em utilizar as mensurações de dobras cutâneas (DCs), circunferências (C) e diâmetros ósseos (DO) em vários segmentos corporais. As vantagens do uso da técnica antropométrica são: boa relação das medidas antropométricas com a D, obtida através dos métodos laboratoriais; uso de equipamentos de baixo custo financeiro e a necessidade de pequeno espaço físico; a facilidade e rapidez na coleta de dados; e a não invasibilidade do método (PETROSKI, 1999). Observa-se, através da analise da literatura, o uso de diversas equações de regressão para estudo da composição corporal, a partir da estimativa da densidade corporal em adultos. No entanto, se aplicadas todas as equações a uma mesma população, podem ser observadas divergências nos seus resultados. Assim, o %G de um sujeito poderá estar dentro de uma faixa de normalidade, se usada determinada equação, e poderá ser considerada fora da normalidade se utilizada outra, o que gerou muitos questionamentos, como: Qual equação utilizar? Qual o melhor procedimento? O que fazer para amenizar o problema? 3.4. As medidas Antropométricas seguidas no Brasil A correta seleção de uma equação estimativa da densidade corporal e %G, é uma tarefa fundamental para a obtenção de estimativas realísticas da composição corporal. A literatura nacional evidencia uma defasagem muito grande de informação a respeito de equações estimativas da densidade corporal e ou percentual de gordura recomendadas para amostras brasileiras, o que caracteriza 31 uma grande lacuna na área e justifica um empreendimento no sentido de subsidiar a seleção de equações antropométricas. Para a estimativa da composição corporal (PETROSKI, 1999). A análise das condições nutricionais da população brasileira adulta e idosa realiza por Coitinho et al. (apud PETROSKI, 1999, p. 86) indica que cerca de 27 milhões de brasileiros apresentam algum grau de excesso de peso, dos quais estima-se que 6,8 milhões sejam indivíduos obesos. Os autores acreditam que o excesso de peso corporal da população brasileira pode ser considerado como um grande problema de saúde coletiva no Brasil, pois observam que, nos últimos 15 anos, considerando a data de realização do estudo, a população de obesos quase dobrou. Hoje, mantendo esta projeção, a população obesa brasileira atinge números preocupantes. A determinação de parâmetros da composição corporal de brasileiros tem sido uma preocupação de pesquisadores na área de Cineantropometria. Esperando melhor caracterizar a composição corporal, na busca de uma equação ideal ou apropriada para a população brasileira. Diversos pesquisadores desenvolveram e validaram equações antropométricas para a estimativa da densidade corporal e/ou MCM (PETROSKI, 1999) Determinar a composição corporal de crianças é importante por ser um indicador fundamental para o monitorar todas alterações do crescimento, do desenvolvimento e do nível de gordura corporal. No entanto, o mais relevante é o monitoramento da gordura corporal pois agora, a obesidade é considerada como uma das maiores causas de doenças nos paises desenvolvidos. Já está bem estabelecida na literatura, que em quase todos os países industrializados do mundo, e também nos países em desenvolvimento, tem ocorrido 32 um aumento alarmante da prevalência de obesidade entre crianças e adolescentes nas últimas quatro décadas. Inúmeras pesquisas mostram que o sobrepeso e a obesidade estão associados com o envelhecimento. • Em relação à idade A obesidade durante a infância é um fator para a obesidade adulta. A quantidade de gordura aumenta com o envelhecimento. As maiores taxas de sobrepeso e obesidade são atingidas entre 55 e 65 anos. • Em relação ao gênero A mulher tem mais gordura corporal. Diferenças na prevalência de obesidade entre gênero variam em populações e entre grupos étnicos. • Em relação ao nível sócio-econômico Mais obesos na classe sócio-econômica alta, em países pobres. Mais obesos na classe sócio-econômica baixa, em países ricos. • Em relação ao nível de atividade física (AF) Baixo nível de AF é um fator de risco para ganho de peso. Nível de sedentarismo é alto entre obesos. AF regular altera a composição corporal. AF regular contribui para a perda e ou manutenção de peso. 33 3.5. Medidas Antropométricas para jovens e crianças Observa-se na literatura que as equações dirigidas para estimar valores de densidade corporal e o percentual de gordura de crianças e jovens são poucas em relação à população adulta. Não é recomendado o uso de equações desenvolvidas para adultos em crianças e jovens, devido a sua imaturidade química (PETROSKI, 1999). Geração que cresce a olhos vistos, graças à melhoria das condições de vida, especialmente em aspectos como saúde e nutrição. A mudança já havia sido verificada pelo IBGE através da Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV), que apontou um aumento de dois centimentros na estatura média dos jovens brasileiros de até 25 anos, entre 1989 e 1997. outra pesquisa, realizada pelo pediatra campineiro Sidney Aparecido Brandão, mostrou que o crescimento é mais acentuado no Estados com melhor nível de desenvolvimento, Brandão analisou a evolução das medidas de quase quinhentos mil jovens selecionados pelo Exercito na região de Campinas, e constatou que a altura dos recrutas cresceu em media tres centímetros entre 1990 e 2000. o pediatra sustenta que até mesmo fatores como moradia e condições ambientais influenciam na altura das pessoas (PETROSKI, 1999). No caso brasileiro, a estatura vem aumentando graças a uma melhoria de aspectos como aleitamento materno, saneamento básico e programas de saúde. Fatores que estão também na raiz do aumento da expectativa média de vida da população, que saltou de 66 anos em 1991 para 68,6 anos em 2001. A criança protegida, alimentada e feliz realiza mais facilmente seu potencial genético de crescimento, mas pode deixar de crescer em situações adversas. No Japão, entre 34 1934 e 1946 (período que assinala o envolvimento daquele país na Segunda Grande Guerra), a altura média das crianças de doze anos caiu de 1,36m para 1,32m (PETROSKI, 1999). Hoje, com a correria diária e os novos hábitos alimentares, poucos comem corretamente. Mas, mesmo preferindo lanches a um prato de comida, os jovens conseguem os nutrientes de que necessitam, de alguma maneira, na verdade, o problema dos jovens deixou de ser a falta de proteína e passou a ser o excesso de gordura e açúcar. Nem sempre porém, os jovens estão dispostos ou preparados para buscar uma alimentação saudável, e o resultado é o aumento da obesidade nesta faixa etária. No Brasil, a porcentagem de jovens com peso excessivo passou de 4,1% em 1975 para 13,9% em 1997, segundo o IBGE. Ana Célia admite que não está fácil nutrir-se adequadamente. As mulheres trabalham fora e quase não tem tempo para cuidar da alimentação dos filhos. Mesmo assim, a nutricionista enxerga avanços na sociedade, graças a mídia positiva sobre os hábitos alimentares e à postura das próprias escolas, que já procuram ensinar, desde cedo, a evitar quitutes que possam trazer algum risco, e começam a combater as frituras vendidas em cantinas. “O ideal é deixar o fast food e as guloseimas para o final de semana. Não se trata de adotar uma alimentação restritiva, mas sim controlada”, aponta a nutricionista. “Afinal, não é só a subnutrição que mata. A obesidade também mata” (PETROSKI, 1999). No comércio, as conseqüências das mudanças nas medidas da população têm sido drásticas. Há muito tempo, rarearam as garotas com pezinhos de Cinderela. Entre os meninos, nas lojas de roupas, é a festa do G e do GG. A bagunça causada pelo aparecimento de grupo de consumidores cada vez mais altos 35 foi um dos motivos que levam a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), entidade que reúne mais de 18.800 empresas do ramo de confecção, a idealizar o Censo Antropométrico Brasileiro. Nos próximos dois anos, a entidade, em parceria com o IBGE, Senai, Senac e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), estará tirando as medidas de 12.754 pessoas em todo o Brasil, a maior parte na região Sudeste, através de um equipamento chamado body scanner (scanner de corpo) (PETROSKI, 1999). As calças estão cada vez mais compridas, e existe uma marca que oferece dois comprimentos de perna (o mais curto, é claro, para pessoas de mais idade). “hoje não dá para vender roupa de criança para criança. Aos doze anos, as crianças estão vestindo o P de adulto e calça 36”, garante. As roupas que seriam destinadas aos adolescentes de dezesseis anos estão sendo direcionadas para vestir crianças de dez, e o aumento da obesidade nestas faixas etárias só veio reforçar essa tendência (PETROSKI, 1999). Não por acaso, as roupas G e GG representam 60% das vendas. 3.6. Medidas do corpo humano para vestuário, segundo a ABNT Em maio de 1995 a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou as especificações para padronização de tamanhos da confecção brasileira (anexo 1 – NBR 13377/1995). Seus principais objetivos são: • Padronizar os tamanhos de artigos do vestuário, em função das medidas do corpo. 36 • Orientar os consumidores de artigos do vestuário na escolha dos tamanhos nominais. • Classificar o segmento em: masculino, feminino e infantil. Embora exista uma norma técnica especifica para o setor da confecção, como podê-se constatar no decorrer desta pesquisa as características físicas da população estão em constante mudança, os padrões adotados a uma década atrás não se enquadram mais para o mercado consumidor atual. Desta forma, é visível a defasagem que a própria ABNT esta sofrendo. Por conseguinte, cada empresa vem buscando adequar-se da melhor forma possível, criando assim variáveis de tamanho dependendo do tipo de confecção. Sendo que a maior conseqüência disto está no fato de uma mesma pessoa usar vários tamanhos de artigos para o vestuário. 3.7. As Mudanças sofridas na confecção Com o aumento da estatura mediana (1,70 metro) do brasileiro na última década, comprovado em pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os segmentos de mercado estão tendo que se adaptar às novas medidas corpóreas do publico consumidor para atender às exigências do varejo. Isto já está acontecendo em vários setores: vestuário; cama, mesa e banho; construção civil; colchão; material de segurança pessoal; componentes; aeronáutica, maquinários; equipamentos ergométricos; material ortopédico e moveleiro. Dentro dessa nova realidade, as roupas da C&A, já sofreram mudanças estruturais. No segundo semestre do ano passado, a rede de vestuário, que possui 37 mais de 70 lojas no País, encomendou pesquisa antropométrica (medida do corpo humano) e constatou que crianças recém-nascidas e jovens de até 25 anos estão realmente maiores em relação às gerações passadas. As roupas são ajustadas com base nessa nova medida do corpo, não apenas de altura, como também de largura, abertura de gola, do tórax, e entre pernas. Em alguns aspectos essa roupa está até menor: maior em comprimento, porem um pouco mais estreita. Isso ocorre porque o jovem está com estatura mais elevada, todavia mais ‘afinado’, porque provavelmente está se alimentando de forma saudável. As mudanças são tão visíveis que a Associação Brasileira de Vestuário (Abravest) está formatando um censo antropométrico, estimando em US$ 2 milhões (aproximadamente R$ 7 milhões) que irá mudar a qualidade de produção do mercado de varejo. O recenseamento antropométrico coordenado pela Abravest ainda vai demorar cerca de dois anos e meio para ser concluído, Por se tratar de um estudo com abrangência em todo o Brasil. A idéia é traçar perfis regionais. Isso porque com um possível aumento da estatura do brasileiro, cada região tem suas características próprias; existem áreas em que a pessoa é mais baixa do que em outras. Sendo assim, não há como comprar qualquer tipo de artigo de vestuário, seja calça, camisa , tênis, etc., sem antes prová-lo, para comprovar que o tamanho que se julga suficiente, realmente encaixe-se com o seu manequim. 38 4 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Destinou-se este capítulo à apresentação do caminho metodológico que se trilhou para a elaboração do presente estudo, pois não é coerente realizar uma pesquisa sem traçar etapas definidas de acordo com os objetivos do estudo. Então, é importante que a pesquisa informe quais os aspectos metodológicos que a nortearam. Segundo Lakatos e Marconi (apud RAUNEN, 1999, p.10): “a finalidade da atividade científica é a obtenção da verdade, através da comprovação de hipóteses, que por sua vez, são pontes entre a observação da realidade e a teoria científica que explica a realidade”. Para que isto seja realizado é necessário empregar um conjunto de atividades sistemáticas e racionais, a fim de alcançar os objetivos. É preciso então aplicar um método à pesquisa. A pesquisa científica busca constantemente, respostas aos problemas formulados. Barros e Lehfeld (apud RAUNEN, 1999, p.24) afirmam que a pesquisa é o “esforço dirigido para a aquisição de um determinado acontecimento, que propicia a solução de problemas teóricos, práticos e/ou operativos mesmo quando situados no contexto do dia-a-dia do homem”. 4.1 TIPO DE PESQUISA E ABORDAGEM METODOLÓGICA Para atingir o objetivo deste trabalho, optou-se por realizar uma pesquisa descritiva de opinião, a qual, segundo Cervo (1996, p. 50), “procura saber atitudes, 39 pontos-de-vista e preferências que as pessoas têm a respeito de algum assunto, com o objetivo de tomar decisões. [...] visa identificar falhas ou erros descrever procedimentos, descobrir tendências, reconhecer pesquisa compreendeu interesses e outros comportamentos”. A abordagem da dados quantitativos e qualitativos. Uma abordagem quantitativa envolve dados numéricos, trabalhados a partir de procedimentos estatísticos. Desta forma, é possível quantificar, por exemplo, quantas pessoas gostam de determinada coisa. Já uma abordagem qualitativa possibilita conhecer a realidade a partir da visão do informante. Segundo afirmação de Vianna (2001, p. 124), “a investigação qualitativa deve refletir um diálogo entre investigador e os sujeitos de pesquisa, buscando identificar as formas como eles sentem e explicam sua realidade”. 4.2 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO: Conforme ata de fundação, o Centro Comercial de Criciúma – Pórtico – iniciou suas atividades no dia 07/11/1989, com 14 lojas, porém sua inauguração só ocorreu no dia 12/01/1990. Localizado nas margens da BR 101, próximo ao acesso principal do município de Criciúma. Atualmente o Centro Comercial Abílio Bristotte Zilli conta com dois pavilhões e 72 lojas, 30 dispostas no pavilhão de entrada e o restante no pavilhão posterior. Em sua grande maioria são lojas de confecção própria, com pronta entrega. O Pórtico é o centro comercial mais antigo da região. A maioria da clientela (80%) compra em atacado e 90% dos que compram residem no Rio Grande 40 do Sul. O horário de seu atendimento é diferenciado, com dois turnos de trabalho, para atender as necessidades dos clientes de excursões. 4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO – AMOSTRA As pessoas entrevistadas neste estudo foram empresários do ramo da confecção, que possuem lojas no Pórtico. Embora no Pórtico existam 72 lojas, várias têm a mesma confecção. Desta forma, selecionou-se apenas a amostra não por loja, mas por confecção. A amostra total foi de 30 confecções. 4.4 COLETA E REGISTROS DOS DADOS Coletou-se os dados no mês de setembro do ano de dois mil e quatro, a partir de uma entrevista estruturada, utilizando-se como roteiro um formulário contendo 10 perguntas, em sua maioria questões abertas (ANEXO 2). Uma entrevista consiste de uma série de questões feitas oralmente ao pesquisado. Onde, segundo Lakatos e Marconi (2001, p. 195) é o “encontro entre duas pessoas, afim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional”. Neste estudo optou-se pela utilização de um formulário como forma de roteiro durante a entrevista. Um formulário, segundo Rauen (1999, p. 118), é uma forma “variante de aplicação do questionário na qual o pesquisador e não o informante é quem registra as questões”. Por isso, justificasse a presença do pesquisador no desenrolar da entrevista. 41 4.5 ANÁLISE DOS DADOS A importância dos dados consiste não apenas nos dados propriamente ditos, mas sim, nas interpretações que os mesmos proporcionaram e a ligação que fazem com a fundamentação teórica. Não é função do pesquisador dar explicações para os resultados obtidos, mas sim interpretar o que eles querem dizer. Outro fator importante que deve ser levado em consideração é o fato de se relatar com fidelidade todos os dados encontrados, mesmo que estes não superem as expectativas do pesquisador ou contraponham suas hipóteses. Seguindo este intuito os dados foram tabulados e analisados manualmente, calculando-se os percentuais e representando-os na forma de gráficos, que foram elaborados com auxilio do Excel 2000, produto da Microsoft. Avaliaram-se exaustivamente os dados para conseguir dar ênfase maior a aqueles que demostraram-se mais expressivos. Como o formulário apresentou duas questões abertas, procurou-se manter a essência das respostas. Uma vez realizada toda a análise, interpretou-se os dados obtidos, empenhando-se em transmití-los da forma mais fidedigna, tentando relacioná-los com a fundamentação teórica. 42 5. A EXPERIÊNCIA DA PESQUISA – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS. Este capítulo apresenta os resultados obtidos com a pesquisa. Dos 28 questionários distribuídos, 11 responderam. Optou-se por não utilizar o nome das empresas pesquisadas, definiu-se representar cada uma por letras, conforme tabela 1. Tabela 1 – Tipos de confecções pesquisadas Produto confeccionado Moda em geral Esporte Wear Moda feminina Biquíni e lingerie Roupas de ginástica e moda praia Jeans Total Freqüência 2 3 3 1 1 1 11 Percentual 18,19% 27,27% 27,27% 9,09% 9,09% 9,09% 100% Fonte: dados de pesquisa realizada. Essa heterogeneidade favoreceu e enriqueceu a pesquisa, visto que se pôde ter contato com setores diferentes do mercado que atendem a várias partes da população, desde moda esporte wear, mais direcionada para os jovens, moda feminina, as confecções em geral. Embora atuem em diferentes segmentos do setor, confeccionando para diferentes clientes, as empresas pesquisadas tem em comum o fato de estarem atuando no mercado há bastante tempo, ou seja, possuem relativa experiência e conhecimento do setor onde atuam. 43 Na tabela 2 constata-se o tempo de atuação de cada empresa. Verifica-se que este tempo varia de 6 a 25 anos de trabalho. Tabela 2 – Tempo de atuação no mercado de confecções. Empresa A B C D E F G H I J L Tempo de atuação (anos) 15 14 15 10 12 06 08 12 12 25 09 Fonte: dados de pesquisa realizada. Perguntados sobre quais os tamanhos utilizados na modelagem, constata-se que existem muitas diferenças entre as confecções. As respostas estão descritas na tabela 3. Tabela 3 – Tamanho de modelagem utilizado Empresa A B C D E F G H I J L Tamanho de modelagem P, M, G, GG, 3G, 4G 36 a 48 – P ao EG 34 a 52 – P ao GG PP, P, M, G, GG 38 a 46 P, M, G, GG PP, P, M, G, GG, EXG, EXG1, EXG2 P, M.G, GG PP, P, M, G, GG 36 a 60 P, M, G, GG Fonte: dados de pesquisa realizada. 44 Embora a maioria das empresas relatou utilizar como tamanho para modelagem o P, M, G e GG, outros tamanhos foram citados. Ressalta-se que as empresas B e E, ambas atuantes no ramo da confecção feminina, produzem diferentes tamanhos de modelagem, a primeira do 36 ao 48 e a outra do 38 ao 46. Embora seus consumidores sejam de um mesmo grupo, sua numeração difere, o que sugere que uma mesma mulher possa utilizar números diferentes dependendo da confecção que optar para comprar. Fica bastante visível que não existe um padrão entre as empresas para determinar os tamanhos, existindo bastante diversidade de numerações. Neste contexto, é interessante observar quais são os padrões seguidos para determinar a modelagem. A seguir (tabela 4), transcreve-se o que foi relatado pelos participantes: Tabela 4 – Parâmetros utilizado para determinar a modelagem Empresa A B C D E F G H I J L Tamanho de modelagem Normais Modelagem com graus maiores na ampliação (escala) As normas da ABNT Me baseio na modelagem anterior, porém me adequando ao tamanho do cliente O publico alvo O cliente Nos baseamos no tamanho básico, usando como padrão e vamos aumentando através de nossa clientela quando solicitam Temos estilistas O cliente Não respondeu Tamanhos maiores ao padrão, por exemplo P é um pouco maior que um P padrão Fonte: dados de pesquisa realizada. 45 Dentre os participantes apenas um citou a ABNT como parâmetro para criar a modelagem. A maioria das empresas avalia os consumidores para determinar o tamanho da modelagem. Todavia, é interessante ressaltar que as empresas estão aumentando o tamanho de suas modelagem. Esta informação pode ser confirmada pelas respostas dadas pelos participantes B, G e, principalmente L. O gráfico 1 mostra o grau de conhecimento que as empresas tem sobre a NBR 13377/1995, a qual relata sobre as medidas do corpo humano para o vestuário. 36% 64% Sim Não Gráfico 1 – Conhecimento sobre as normas da ABNT Uma boa parte dos entrevistados afirmou que a NBR 13377/1995 não satisfaz as exigências atuais da empresa, conseqüentemente, também não agrada ao mercado consumidor. Tais dados estão representados no gráfico 2. 9,10% 54,54% 36,36% Sim Não Não Respondeu Gráfico 2 – Satisfação quanto a NBR 13377/1995 46 Supõe-se que um pouco desta insatisfação, demonstrada pelos participantes, esteja relacionada com a defasagem de medidas que a norma técnica apresenta perante o mercado consumidor, o qual tem apresentado mudanças significativas em tamanho desde a época da criação da referida norma. A partir da observação do gráfico 3 pode-se constatar que, na visão das empresas de confecção do Pórtico, o mercado consumidor vem exigindo mudanças no tamanho de sua modelagem. 36,36% 63,64% Sim Não Gráfico 3 – Exigência de mudanças no tamanho das modelagens Este dado, bastante relevante, já vinha sendo sugestionado nas questões anteriores, principalmente, na tabela número 4, onde as empresas afirmaram que precisam adequar sua modelagem aos clientes, geralmente, aumentando tamanhos. Porém, para conseguir atender estas exigências do mercado quanto a mudanças no tamanho das modelagens, constatou-se que, fundamentalmente as empresas baseiam-se no que os clientes repassam aos vendedores, representantes, balconistas e em suas reclamações pessoais. Tal afirmação é comprovada pelas respostas dos participantes (tabela 5). 47 Tabela 5 – Parâmetros adotados frente a mudanças no tamanho da modelagem Empresa A B C D E F G H I J L Elementos que geram mudanças na modelagem Não respondeu Contato direto constante com vendedores Através de nossos vendedores Nossas modelagens não sofreram alterações, pois os tamanhos são adequados para nossos clientes Não respondeu Não respondeu Representantes, clientes Não respondeu Solicitação do publico Clientes, balconistas clientes Fonte: dados de pesquisa realizada. Questionados sobre o interesse em discutir a respeito dos padrões de tamanho da modelagem atual, no intuito de obter maiores informações, a partir de profissionais especializados e atualizados para ministrarem palestras no próprio Pórtico, os participantes mostraram-se bastante interessados, visto que 90,9% afirmaram ter interesse (GRÁFICO 4). 9,10% 90,90% Sim Não Gráfico 4 – Interesse em discutir a questão do tamanho da modelagem Apesar de representar apenas 9,1% do total é importante ressaltar que existe a exceção de um participante frente ao desenvolvimento deste tipo de discussão. A empresa justificou sua opção da seguinte forma: 48 Empresa J: “a empresa já tem profissionais internos”. Sobre as dificuldades atuais com relação à construção de uma nova modelagem os participantes citaram os seguintes problemas (Tabela 6): Tabela 6 – Entraves na construção de uma nova modelagem Empresa A B C D E F G H I J L Problemas levantados Os diferentes tamanhos de pessoas Diversidade na modelagem, tamanhos e moldes A quantidade de recortes utilizados em nossos produtos Encontrar modelistas que trabalhem adequadamente com o estilo que a empresa já está trabalhando É o publico alvo que quero atingir com a peça A incompatibilidade de altura e largura, sua variação ampla e irrestrita na nossa clientela As variações do corpo humano, para poder definir a modelagem Para nos que já trabalhamos há 12 anos, nenhuma dificuldade. São diversas as dificuldades. Não existe apoio do SEBRAE e outros órgãos para esclarecer melhor as empresas, e as mudanças de comprimento são constante Não respondeu Maior exigência nas costuras da modelagem, não creio que seja uma dificuldade, mas é algo a mais para se preocupar e analisar e cobrar uma costura cada vez melhor Fonte: dados de pesquisa realizada. Embora tenha sido citado vários entraves para construção de uma nova modelagem, parece que a mudança nos padrões físicos do publico consumidor ocupa um lugar de destaque dentro deste contexto. Tal dado apenas reforça o que já havia sido comentado no referencial teórico. 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através deste trabalho, constatou-se que algumas empresas estão utilizando um método bastante simples e muito funcional, na maioria dos casos, para resolver seus problemas, ou seja, estão aprendendo a entender e fazer o que o consumidor quer para satisfazê-lo. Ficou bastante claro que o mercado consumidor vem exigindo mudanças nos tamanhos das peças confeccionadas. Tal dado sugere que a população, de um modo geral, vem modificando sua estrutura física. Hoje, as confecções pesquisadas afirmam que precisam produzir peças maiores e mais largas. Embora seja bastante positivo verificar que as empresas estão modificando o tamanho de suas modelagens para atender a exigência dos consumidores, este fato torna-se preocupante quando comparado ao fato de não existir m padrão a ser seguido, ou seja, cada um modifica o tamanho a sua vontade. Se, cada empresa fizer a sua maneira, o cliente poderá perde com esta falta de padrão, pois nem sempre vestirá o mesmo número. Outra questão importante é o fato da norma existente (NBR 13377/1995) ser considerada ultrapassada, não sendo mais seguida e muitas vezes até desconhecida, fato este que reforça a necessidade de providenciar o quanto antes o novo censo antropométrico brasileiro para que questões como a que nortearam este trabalho, não sejam mais levantadas. 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAVEST, Associação Brasileira do Vestuário. <http://www.abravest.org.br/portal >acessado em 12/04/2004. Disponível em: CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996. 209 p. EMBACHER, Airton. Moda e identidade: A construção de um estilo próprio. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi, 1999. FISCHER, Mirkin. O Código do vestir: Os significados ocultos da roupa feminina. Rio de Janeiro: Rocco, 2001 FILHO, Alcides Goularti, NETO, Roseli Genoveva. A indústria do vestuário: economia, estética e tecnologia. São Paulo: Letras Contemporâneas, 1997. GORDON, Ian. Marketing de relacionamento: estratégias, técnicas e tecnologia para conquistar clientes e mantê-los para sempre. São Paulo: Futura, 2001. KÖHLER, Carl. História do vestuário. 2° ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. KOTLER, Philip. Administração de marketing: implementação e controle. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996. análise, planejamento, LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 4. ed. Rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2001. MARTINS, Petrônio Garcia. Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 1998. PETROSKI, Edio Luiz. Antropometria: técnicas e padronizações. São Paulo: Ballotti, 1999. 51 RAUEN, Fábio José. Elementos de iniciação à pesquisa: inclui orientações para a referenciação de documentos eletrônicos. Rio do Sul: Nova Era, 1999. RECH, Sandra Regina. Moda: por um fio de qualidade. Florianópolis: UDESC, 2002. VIANNA, Ilca Oliveira de A. Metodologia do trabalho científico: um enfoque didático da produção cientifica. São Paulo: E.P.U., 2001. 52 ANEXO 1 NBR 13377/1995 53 ANEXO 2 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS 54 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS Empresa: Razão social: End: Nome fantasia: Inicio das atividades: Pessoa de contato: 1. O que a empresa produz? 2. Quanto tempo a empresa atua no mercado? 3. Quais os tamanhos utilizados na modelagem? 4. Quais os parâmetros utilizados para sua modelagem? 5. A empresa tem conhecimento da existência da norma NBR 13377/1995 na ABNT, medidas do corpo humano para o vestuário? 55 ( ) Sim ( ) Não 6. Esta norma satisfaz as exigências atual da sua empresa? ( ) Sim ( ) Não 7. O mercado tem exigido mudanças nos amanhos de sua modelagem? ( ) Sim ( ) Não 8. De que maneira a empresa se baseia para fazer estas mudanças ou atender estas exigências de seus clientes? 9. A empresa gostaria de discutir ou obter maiores informações (mudanças na modelagem), com profissionais atualizados na área; através de palestras no próprio Pórtico Comercial? 10. Qual tipo de dificuldade ou quais as possíveis variantes encontradas atualmente na construção de uma modelagem?