A REVISTA DO VAREJO DE VIZINHANÇA Edição 19 | jan/fev 2010 | ano 4 | R$ 13,90 | www.revistaabastecimento.com.br Bazar Diversifique a seção no decorrer do ano Páscoa Vendas que vão além dos ovos de chocolate Sussumu Honda, presidente da Abras, aponta que o futuro do varejo independente está na oferta de serviço e no sortimento ajustado ao gosto do consumidor 20 dicas para ganhar mais Melhore o mix, a exposição, o atendimento no ponto de venda e pegue carona no otimismo que embala 2010 Especializado no cliente 2 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 carta ao leitor Editora Brasileira do Comércio Rua Apeninos, 1.126 - CEP 04104-021 - São Paulo, SP Tel.: (11) 5572-1221 - Fax: (11) 5572-5335 [email protected] Diretor-Executivo Rogério Oliva: [email protected] Diretora-Editorial Claudia Rivoiro: [email protected] Editor Walter de Sousa: [email protected] Redação [email protected] Repórteres Cristiano Eloi: [email protected] Daniela Guiraldelli: [email protected] Assistente de Redação Gabriel Ferreira: [email protected] Revisão Newton Roberval Eichemberg Diretora de Arte Maria José Ferreira: [email protected] Designers Fábio Geríbola, Luciana Toledo Produção Gráfica Ronaldo Secundo: [email protected] Web site Paula Pereira: [email protected], Anderson Gabriel: [email protected] (webdesigner) PUBLITRADE Vendas [email protected] Diretor Comercial Walmor Douglas: [email protected] Sem perder tempo O que fazer para que seu negócio prospere? Os caminhos que se apresentam passam, certamente, por detalhes que fazem a diferença, como mudanças simples na exposição, na definição do sortimento, na maneira de abordar o seu cliente e, principalmente, no atendimento às suas necessidades diárias. Nesta edição da revista ABASTECIMENTO queremos que você, nosso leitor, consiga alavancar os seus negócios e tirar o máximo proveito das sugestões de mudanças ao longo deste ano que se inicia. Mãos à obra, pois a hora é de recuperar o tempo perdido. Por falar em sucesso profissional, um bom exemplo está em nossas páginas, ou melhor, estampa a capa desta edição: Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira de Supermercados e proprietário de oito lojas que aderiram à rede Ricoy, uma das maiores do País. No ramo varejista desde 1964, quando seu pai comprou um armazém na zona sul da capital paulista, o entrevistado aponta para onde o varejista deve voltar o olhar. Além disso, com a experiência que adquiriu ao longo dos anos, discorre sobre o futuro do pequeno varejo. Está imperdível essa entrevista feita pelo editor Walter de Sousa. Também aproveito o espaço para apresentar Maria José Ferreira da Silva, a nova diretora de arte da EBC Editora, que veio somar esforços à nossa atividade editorial e se integrou plenamente à equipe. Seja bem-vinda! Claudia rivoiro Diretora-Editorial Marketing Paulo Arruda: [email protected] Representantes São Paulo: José Paulo Basílio: [email protected]; Luiz Nery: [email protected]; Marcos Monaco: [email protected]; Tiago Moreira: [email protected]; Int. SP: Gerson Moura: [email protected]; Sul: Jorge Rodrigues: [email protected]; Norte e Nordeste: Priscila Marinho: [email protected]; MG/RJ/ES/Região CO: Alex Morais: [email protected] Comercial [email protected] RELACIONAMENTO Leitores/assinaturas/circulação Fernando Mendes - [email protected] Fale conosco: (11) 5572-1221 [email protected] Jornalista Responsável Walter de Sousa – MTb 19.115 - SP Apoio Filiada ao: Esta revista é destinada a proprietários, sócios e gerentes de pequenas e médias lojas de autosserviço alimentar com até dez checkouts. anderson souza Periodicidade: bimestral - Circulação: nacional Tiragem: 60.000 exemplares Distribuição dirigida - Impressão: Parma Claudia, Luciana e Maria José: integração para um melhor resultado editorial jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 3 sumário imagens ebc Seções 5 Sua opinião O espaço do leitor 6 Negócios Notícias sobre economia e varejo 33 glossário Termos do dia a dia do lojista 39 Portal O que encontrar na versão eletrônica da revista na Internet 46 Produtos As novidades nas gôndolas do varejo 48 Sustentabilidade Iniciativas verdes e socialmente responsáveis 50 Varejo competitivo Como crescer capacitando-se Abastecimento 18 12 capa Sussumu Honda, presidente da Abras, aponta para um futuro em que o varejo especializado competirá com as grandes redes 18 gestão Num ano de otimismo, alguns ajustes na operação podem fazer a loja vender mais e conquistar o cliente 24 Boas práticas A importância de fazer uma boa gestão de estoques e ajustá-lo à demanda sazonal 28 Bazar Seção com itens de alto valor agregado pode ganhar mais giro se trabalhar as datas promocionais 34 Na prática 4 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 40 Promoção É possível trabalhar melhor os itens ligados ao almoço de Páscoa, ampliando a rentabilidade no período 40 divulgação 34 wladimir de souza 18 paulo pepe Reforma de loja do Higa’s, de São Paulo, obriga gestores a repensarem o sortimento oferecido ao cliente ebc imagens sua opinião Abastecimento 18 nov./dez. de 2009 hábitos de consumo eficiência Muito boa a matéria sobre as cinco faces da consumidora, publicada na última edição da revista ABASTECIMENTO. Conhecendo o perfil de cada uma delas, podemos definir qual o melhor sortimento de produtos que podemos oferecer ao público feminino e nortear nossas ações de acordo com o perfil das moradoras da região em que a nossa loja estiver instalada. A tecnologia está presente em todos os campos da nossa vida, e por isso não poderia ficar de fora das atividades diárias da cadeia de abastecimento brasileira. A profissionalização do negócio, com a formalização e as mudanças de hábitos dos consumidores, contribuirá para que os pequenos varejistas se deem conta de que aqueles que não utilizarem a automação e a tecnologia a seu favor perderão pontos preciosos na eficiência e na preferência do consumidor. Sueli Gouveia Anápolis - GO para anunciar na revista e no site Mostre a sua empresa e seu mix de produtos aos varejistas do setor mercearil de todo o Brasil anunciando na revista ABASTECIMENTO e no site www.revistaabastecimento. com.br. Dessa maneira, sua marca ganhará visibilidade, com cerca de 120 mil leitores que atuam na cadeia de abastecimento por meio do varejo de vizinhança mercearil. Entre em contato com o Departamento Comercial da EBC por carta, pelo fax (11) 5572-5335, pelo telefone (11) 5572-1221 ou pelo e-mail comercial.ab@ ebceditora.com.br. para assinaturas individuais e corporativas para mandar cartas e sugestões A revista Abastecimento Amigo varejista. Use a quer conhecer a sua revista Abastecimento opinião. Escreva dizendo que temas mais chamaram para apoiar o trabalho de capacitação de sua equipe a sua atenção, o que achou das reportagens de profissionais, fazendo que leu e, principalmente, assinaturas individuais se elas foram úteis para o ou para grupos, com seu trabalho. Envie suas condições especiais de críticas e sugestões para preço. Consulte a nossa revista abastecimento, área de Relacionamento rua Artur de Almeida, 73, para conhecer a tabela da EBC. Faça a sua assinatura CEP 04011-080, São Paulo, agora mesmo e receba a AB SP, ou pelo e-mail ebc@ já no próximo mês. ebceditora.com.br. Com a Discuta as reportagens sua participação, faremos da AB uma revista cada com sua equipe vez mais útil para o e envie comentários mercado varejista. para a nossa redação. ASSINE A NOSSA newsletter Para receber o boletim Portal ABASTECIMENTO, envie carta ou e-mail com o texto "Quero receber a Newsletter Abastecimento", que o avisará sobre novos conteúdos do site www. revistaabastecimento.com.br. para cadastrar seu currículo Você busca uma oportunidade para atuar no setor varejista? Cadastre o seu currículo no site www. revistaabastecimento.com.br e fique visível para as empresas. Fale com a gente Roberto Menezes São Sebastião do Paraíso - MG jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 5 negócios Notícias econômicas da cadeia de abastecimento Prioridade do atendimento Parcelar as compras não é uma ação bemvista por 70,7% dos consumidores Paulistano foge das compras a prazo O consumidor paulistano foge dos juros e se desdobra para comprar a prazo, constatou uma pesquisa empreendida pela Associação Comercial de São Paulo. Realizado com 800 consumidores, o levantamento descobriu que 4,6% deles preferem comprar alimentos à vista e 70,7% não veem com bons olhos a divisão de suas compras em várias parcelas. Para 51,6%, a opção do crediário é rejeitada completamente. Outro dado importante aponta para o fato de que 53,1% dos consumidores desconhecem a taxa de juros aplicada nas suas compras parceladas, fenômeno que se agrava entre os consumidores das classes D e E (73,5%). A opção do consumidor de baixa renda é juntar dinheiro para reduzir o número de parcelas ou recorrer à poupança para fazer o pagamento à vista. O segredo para manter os clientes em São Paulo é atendê-lo bem. Para 59% dos consumidores ouvidos pela Shopper Experience na pesquisa “As Empresas que Mais Respeitam os Consumidores”, o atendimento é um item muito importante na hora de eles escolherem o ponto de venda para fazer suas compras. Em segundo lugar vem a educação, a cortesia e a boa apresentação, apontada por 19% como o atributo decisivo. A pesquisa foi feita na capital e, em sua sétima edição, revelou ainda que 25% dos entrevistados se preocupam com a imagem da empresa que fabrica os produtos que consomem e 5% verificam se ela tem projetos de responsabilidade social. 25% das pessoas entrevistadas se preocupam com a imagem da empresa que fabrica os produtos que consomem Comer fora é hábito da maioria sxc Comer fora de casa deixa de ser uma opção só para as classes altas Mais da metade da população brasileira – 51% – tem o hábito de comer fora do lar, sendo que 24% das pessoas o fazem somente nos finais de semana, 16% apenas nos dias da semana e 12% em qualquer período. Além disso, para 58% desse total, os gastos com as refeições aumentaram. O levantamento foi feito pela GfK e ouviu mil pessoas em 12 capitais e regiões metropolitanas. Enquanto a tendência se acentua nas classes A e B (67%), ela passa a ganhar expressão nas classes C e D (38%). 6 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 7 negócios Notícias econômicas da cadeia de abastecimento Brasil, terra da cerveja No ano da crise mundial, o mercado brasileiro de cerveja cresceu 5% em volume e totalizou 10,7 bilhões de litros, resultado que fez o País saltar à frente da Alemanha no ranking mundial da bebida. Além disso, o faturamento do setor cresceu 11% entre janeiro e novembro de 2009. O principal agente desse crescimento foi a classe C, cujo consumo aumentou, seguido pelas inovações promovidas pela indústria, entre elas as latinhas com 260 ml e as embalagens com um litro da bebida. 11% foi o crescimento no faturamento do setor entre janeiro e novembro de 2009 Prevenir para não perder Anualmente, o varejo tem um prejuízo equivalente a 2,05% do seu faturamento em decorrência das perdas, de acordo com o Programa de Administração de Varejo (Provar), da FIA – Fundação Instituto de Administração. Na comparação com a margem de lucro do varejo, entre 3% e 5%, vê-se que o impacto desse fator é imenso. Para André Lucena, gerente de Projetos da RGIS, a perda acontece de várias maneiras dentro do negócio e pode ser dividida em perda material (relacionada a mercadorias e estoques), de capital (análises de crédito mal feitas, erros administrativos), de tempo (processos mal definidos, ciclos extensos de execução de tarefas que poderiam ser otimizadas) e de oportunidade (perdas de vendas por ruptura ou falta de visão para questões como a sazonalidade) e a combinação entre elas traz resultados que podem ser devastadores para o negócio. “Na prática, não é possível resolver o problema em curto prazo. É preciso dispor de um plano bem estruturado e que faça parte do dia a dia da organização. Prevenir perdas é um problema em todas as áreas do negócio”, comenta. Para coibir o efeito nocivo das perdas é preciso adotar ações como inventariar os itens da loja, redefinir processos operacionais, estabelecer normas para o armazenamento e o recebimento de mercadorias, e formar uma equipe e um responsável pela prevenção de perdas na loja. Classe média conectada 8 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 O acesso ã internet pela classe C está mudando o seu comportamento sxc A constatação de que 61 milhões de brasileiros da classe C têm acesso à internet não só tem impulsionado o mercado de computadores e equipamentos de informática como também evidencia uma mudança de comportamento social. Por exemplo, segundo dados fornecidos pelo Data Popular, o acesso à internet é visto por 63% da classe C como ferramenta de estudos, e para 35% dos jovens desse público é a sua principal fonte de notícias. Microempresa emprega 5 milhões sxc O ministro do Trabalho e do Emprego, Carlos Lupi, reconheceu recentemente que a microempresa teve papel crucial na recuperação da economia brasileira durante a crise de 2009. A microempresa respondeu maciçamente à oferta de microcrédito, que em 2009 recebeu aporte de 2,2 bilhões de reais e atraiu uma carteira de um milhão de empreendedores. O segmento emprega 5 milhões de funcionários, com uma média de cinco por microempresa. A garrafa do refrigerante que você consome hoje pode virar seu cartão de crédito amanhã. Aliás, 100 mil cartões em circulação no país já são feitos de garrafas PET recicladas, segundo a Intelcav, empresa que detém a tecnologia desse tipo de produto. Segundo ela, o volume de cartões representa 8 mil embalagens plásticas a menos na natureza. A maior parte dos cartões foram emitidos pelo Bradesco dentro do programa “Fundação Amazônia Sustentável Bradesco MasterCard”. ABR Cartão reciclado Lupi: consumo popular segurou a crise em 2009 43% de gastos a mais com vestuário têm as famílias com jovens entre 12 e 19 anos A sedução do consumo tem feito os adolescentes gastarem 5% mais do orçamento familiar, revela uma pesquisa da Kantar WorldPanel (ex-LatinPanel). Os jovens com entre 12 e 19 anos fazem suas famílias gastarem 43% a mais com vestuário do que os lares sem adolescentes. Assim como as roupas, o hábito de falar ao telefone é outro item que sobrecarrega o orçamento familiar: os gastos são 9% superiores aos dos outros domicílios sem jovens. Quanto ao número de itens comprados no varejo, a lista de compras dos jovens aumenta entre quatro e seis o número de itens em relação às famílias sem adolescentes. Destacam-se entre as categorias de preferência juvenil: ketchup (23%), leite aromatizado (20%), massa instantânea (13%), salgadinhos (9%), desodorante (9%), modificador de leite (9%), suco em pó (8%) e maionese (7%). A pesquisa também apontou as categorias com potencial de crescimento entre os jovens: bebida à base de soja, leite fermentado, água mineral, suco pronto e deo colônia. sxc Preferências dos adolescentes negócios Notícias econômicas da cadeia de abastecimento Hora das fibras Cereais, pães, lácteos e bebidas vêm ganhando cada vez mais versões de produtos com alto teor de fibras. Uma pesquisa da Tate & Lyle descobriu que 33% dos consumidores brasileiros já ingerem alimentos e bebidas com fibras. Além disso, 50% dos consumidores leem os rótulos dos produtos quando procuram acrescentar fibras à sua dieta alimentar. Outro dado importante dá conta de que 67% dos brasileiros passaram a pensar mais numa alimentação saudável nos últimos dois anos e 52% procuram alternativas mais saudáveis de alimentação. Os produtos ricos em fibras já agradam a 33% dos consumidores C M Cai inadimplência O final de 2009 registrou uma queda na dívida do consumidor. Em relação aos cheques devolvidos, a retração foi de 19,95% (em comparação com o mesmo mês de 2008), e em relação aos títulos protestados, foi de 13,98%, conforme dados fornecidos pela Equifax. O estudo justifica a queda no crescimento da renda real das famílias e a queda da taxa de juros praticados no comércio. A tendência para 2010 indica que a queda da inadimplência se manterá e que a capacidade de pagamento das dívidas pelas famílias será prolongada. A dívida do brasileiro está cada vez menor Y Otimismo em escala industrial CM Nos últimos onze anos, o empresário brasileiro nunca esteve tão otimista. Segundo a Confederação Nacional da Indústria, que calcula o Índice de Confiança do Empresário Industrial, o otimismo alcançou inéditos 68,7 pontos no primeiro mês de 2010. Em comparação com janeiro do ano passado, o crescimento foi de 21,3 pontos. Um pouco menor, o índice entre as pequenas empresas foi de 66,7 pontos. Em relação ao primeiro semestre do ano, o otimismo repercute com intensidade ainda maior: o índice chega a 71,8 pontos em janeiro. MY CY CMY K 21,3 sxc pontos foi o crescimento do Índice de Confiança do Empresário Industrial em janeiro de 2010 10 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 nov/dez 2009 www.revistaabastecimento.com.br 11 [ capa ] O presidente da Associação Brasileira de Supermercados, Sussumu Honda, que começou como varejista independente e hoje participa de uma rede de negócios, defende a ideia de que o futuro do setor passa pela especialização varejo Por Walter de Sousa fotos ricardo bakker especializado 12 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 Com a crescente concentração no varejo, que cenário você prevê para o pequeno varejo em 2010? As grandes redes vão continuar com fortes investimentos e o pequeno varejo precisa prestar atenção na mudança que está ocorrendo hoje, não só na concorrência, mas também no comportamento do consumidor. O cliente que vai à loja de vizinhança é o mesmo que vai à loja grande. O varejista precisa desempenhar o seu papel como abastecedor desse cliente. A loja de vizinhança tem algumas características que precisam ser bem aproveitadas. Mas quero chamar a atenção, em especial, para a questão do mix de produtos. A renda do brasileiro vem aumentando em todas as classes. Estamos vendo uma migração de consumidores da classe E para a D e da D para a C. As classes A e B também contribuem, gerando uma riqueza que está sendo distribuída. Nossas pesquisas mostram que o consumidor quer mais sortimento na loja. As categorias de produtos que o consumidor está comprando aumentaram, mesmo nas classes D e E. Por isso, o varejista precisa prestar atenção na formatação do seu mix de produtos. S e fosse apenas um observador, Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira de Supermercados e ex-presidente da Associação Paulista de Supermercados, teria somente testemunhado a evolução do varejo brasileiro nos últimos 40 anos. Desde 1964, quando seu pai abriu um armazém na zona sul de São Paulo, passando por 1971, quando migrou para o modelo supermercadista, até 2002, ano em que ingressou numa rede de negócios, Sussumu acompanhou o desenvolvimento dos diversos modelos do varejo independente. No entanto, não se restringiu a observar. Desde cedo, apurou seu senso associativista e passou a atuar nas entidades supermercadistas, utilizando a visão de pequeno empresário para entender melhor como as grandes redes cresceram e dominaram o mercado nacional. Hoje, essa experiência lhe permite ter uma perspectiva ampla sobre o futuro do pequeno varejo. Enquanto cumpre o último ano de mandato à frente da entidade nacional do setor, atua na gestão das oito lojas que aderiram à rede Ricoy, uma das maiores do País, com 80 lojas. E aponta para onde o varejista deve olhar a fim de sobreviver em meio aos concorrentes: a adequação do sortimento de produtos e a especialização. Mesmo quando se tem um mix pequeno? Principalmente o da loja menor, pois esta tem mais dificuldade com a exposição de mix, e precisa fazer uma releitura de layout. Detectamos um crescimento maior das lojas que têm maior número de checkouts. A preferência do consumidor começa a se voltar para as lojas que têm uma oferta maior de produtos. A loja de vizinhança com cinco a dez checkouts está mais bem colocada. O varejo que tem menos de cinco caixas precisa perceber que o padrão de consumo está mudando, e isso exige dele uma nova solução de layout. Hoje, o principal atrativo dessas lojas é somente a proximidade? É a proximidade e a empatia com o próprio dono. Mas isso não é mais suficiente. O nível de exigência do consumidor aumentou. Não estamos mais falando só de preço, porque o preço é relativo. Você também tem a limpeza da loja e outras características. Para aproveitar isso, é preciso oferecer um melhor mix jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 13 ❜ [ capa ] Prestar atenção nas categorias que estão crescendo é importante para se ter um mix ajustado, com a cara do cliente de produtos. O consumidor está comprando mais de diversos canais. Ele tem de perceber que se for àquela loja, irá encontrar um maior número de produtos de que precisa. Se achar que lá não encontrará determinado produto, ele migrará para outro canal. Como o varejista pode realizar a sintonia fina do mix oferecido? Ele precisa prestar atenção nas categorias que estão crescendo. Por exemplo, a venda de perecíveis voltou a crescer em 2009. Em função do preço, em 2008 o mercado dessa categoria esteve mais nervoso. A estabilidade dos preços em 2009 – não tivemos nenhuma categoria com grandes altas, a não ser a do leite – fez com que os perecíveis ganhassem força. As empresas de pesquisa também mostram que, nas bebidas alcoólicas, a categoria da cerveja apresenta intenso crescimento. É um processo que prosseguirá em 2010. Em 2009, apesar da crise, o setor de supermercados cresceu 6%, e a previsão para 2010 é ainda mais otimista. A demanda vai ser grande e a loja terá de se preparar para atender o consumidor nessas categorias. No que se refere à gestão e à operação da loja, o varejista carece de meios para reduzir a defasagem que o separa dos grandes? Na operação, é possível aprender com aquilo que se está fazendo. Mas o pequeno vare- 14 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 No varejo, ainda há espaço para o empreendedorismo ou o gigantismo das empresas líderes assusta quem está começando? Assusta! Mas acredito que há espaço, e aí sim, há também a necessidade de uma especialização maior. O supermercado é tradicionalmente generalista, mas as pequenas lojas precisam se especializar mais. Quando falo em perecíveis me refiro ao fato de que é preciso ser especialista nisso. Se a empresa for trabalhar a seção de carnes, ela terá de ser especialista. É difícil tratar a distribuição de produtos num nível de commoditização como o que ocorre, por exemplo, com o segmento de limpeza. Ou mesmo com a mercearia salgada ou doce, pois as grandes empre- ❜ jista normalmente está ocupado com outras atividades, e não pode contar só com isso. Ele precisa criar um modelo para acessar informações. A Abras tem a Escola Nacional de Supermercados e coloca conhecimento à disposição do mercado. O convênio que fizemos com a ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores, o Programa Varejo Competitivo, estende o treinamento à clientela do atacadista distribuidor, que é o pequeno varejo. A Abras também promoverá em 2010 a revisão desses cursos, que foram feitos há dez anos, a fim de atualizá-los em aspectos que evoluíram muito. Existem áreas em que as grandes empresas, por mais que queiram evitar, abrem brechas para a competição do pequeno varejo sas têm um poder de compra muito grande, o que lhes garante preços competitivos. Mas existem áreas em que as grandes empresas, por mais que queiram evitar, abrem brechas para a competição do pequeno. O caminho consiste em ser mais especializado. O que vemos no exterior é que os mercados menores já fogem dessa briga com os produtos commoditizados. Ninguém vai querer vender fraldas ou sabão em pó mais barato que uma grande rede. Mas é possível criar no cliente a ideia de que a loja dispõe de tudo o que ele precisa, de modo que ele se lembrará dela na hora de escolher onde irá fazer suas compras. jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 15 [ capa ] Você vê no modelo das redes de negócios, do qual a sua empresa participa, uma solução para o pequeno varejo? Quando você adere a uma rede de negócios, você ganha em escala. O atacado distribuidor também tem o seu modelo de rede de negócios, que lhe permite ter esse mesmo ganho. Não para vender mais barato. A questão é ganhar escala para poder competir. A partir do momento em que você tem alguns preços competitivos, o consumidor ❜ No aspecto gerencial, o maior desafio com que o varejo se defronta é o de se formalizar mais, pois só assim ele terá mais informação para poder crescer reconsidera algumas questões. Por exemplo, por causa de alguns centavos, ele não vai se deslocar quilômetros até outra loja só porque ela vende mais barato. Reitero a questão abordada antes: o fato de você aderir a uma rede de negócios não impede que você se especialize. É bom você estar numa rede, mas é preciso prestar atenção no seu ponto de venda. Numa rede, você procura escala nas áreas de mercearia, higiene e limpeza, etc. Mas a loja de vizinhança precisa deixar de ser generalista, ter um mix adequado, mas especializado. E isso exige esforço próprio. Afora os desafios internos com que o varejo independente se defronta, quais são os seus desafios externos imediatos? O grande desafio que o varejo tem pela frente é o de se formalizar mais. Isso vai acontecer muito rapidamente. Hoje, o Estado tem o domínio da tecnologia. Temos o SPED, a Substituição Tributária, a NF-e. Graças a isso, é mais tranquilo para o pequeno varejo o processo de se formalizar do que procurar alternativas para fugir da tributação, que já ocorre no varejo alimentar desde a fonte. À medida que o varejo se formaliza, ele tem menos custo, e mais informação. Ele consegue tirar da contabilidade informações gerenciais que o modelo antigo não permitia. As empresas que se formalizam são as que conseguem efetivamente crescer. E quanto à força do varejo independente nas Regiões Norte e Nordeste? Em função da renda crescente do consumidor nessas regiões, o varejo precisa crescer. Acredito que o nível de concentração nessas regiões vai ser muito forte. Já existem empresas grandes nessas regiões. O pequeno varejo precisa se estruturar, talvez até de uma maneira diferente da que ocorre nos grandes centros. Tenho conversado com alguns empresários dessas regiões, e o pequeno varejo está passando por um processo muito rápido de alijamento. Aqui as redes não conseguiam atender a classe C, até que encontraram um formato que conseguiu atendê-la. Muitas redes já aprenderam a lidar com ele. Lá não. Por exemplo, os formatos de atacado de autosserviço chegam fechando os mercadinhos. É uma questão regional, mas acredito na reação do varejo.l 16 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 artigo Por Leonardo Lanzetta Sócio e Diretor executivo da DIA Comunicação Multivarejo: O futuro do PDV O desafio é grande: observar os diversos comportamentos do consumidor e identificar as oportunidades de venda C ada vez mais, o grande desafio do varejo é proporcionar conveniência aos clientes. Seja pela correria das grandes cidades, pela relação de proximidade comum nos pequenos centros ou pela grande variedade de marcas e produtos, os pontos de vendas caminham para o que costumamos chamar de “multivarejos”. Muito mais que produtos, a meta é oferecer praticidade ao público-alvo. Há tempos, não encontramos apenas remédios nas farmácias ou apenas pães e bolos nas padarias. Hoje, toda a ocasião de consumo é uma oportunidade para atender diferentes necessidades dos consumidores. Ao contrário do que víamos em um passado não tão distante, atualmente, as pessoas pulverizam mais suas compras, buscam canais alternativos e querem, acima de tudo, praticidade e conveniência. Os varejistas correm para se adaptar a este novo cenário. Cada vez mais, o varejo, seja pequeno, médio ou grande, precisa conhecer as necessidades de seu público. Vale lembrar que o comprador, antes de tudo, é uma pessoa com comportamentos diferentes, em diversas ocasiões. Cabe a cada varejista identificar estes comportamentos e aproveitar as ocasiões para aprimorar as vendas e fidelizar os seus clientes. E como conhecer as necessidades de cada público? Além de observar constantemente o comportamento do shopper, o ideal é realizar, periodicamente, pesquisas junto aos clientes, buscando identificar o que procuram em cada estabelecimento. Avaliar as características de localização também é fundamental para identificar oportunidades. Considerar se o bairro residencial ou comercial, a classe econômica, idade média, predominância de homens ou mulheres, se há mais famílias ou solteiros na vizinhança são alguns dos fatores que precisam ser considerados na definição, ampliação ou revisão dos produtos e serviços ofertados. Internamente, a recomendação é observar as áreas que recebem maior fluxo de consumidores e os locais que precisam se tornar mais atrativos. Além da quantidade, a disposição e distribuição dos produtos no interior da loja ajudam a aumentar a fidelização do shopper e, consequentemente, aumentam ainda mais as possibilidades de venda. Para se tornarem mais próximas dos consumidores e atenderem esta demanda por conveniência, até as grandes redes estão “migrando” para os modelos de lojas mais customizadas. Por conhecerem bem o perfil de seus clientes, o objetivo é levar comodidade, seja para regiões próximas à residência ou ao trabalho de seus clientes. Além de exigente, o comprador atual está sempre atento às alternativas que possam facilitar o seu dia a dia. E o multivarejo é tudo que ele precisa para adequar as suas necessidades às ocasiões de consumo.l jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 17 gestão 20 dicas para ganhar mais O otimismo domina 2010 desde a entrada do novo ano. No calendário, Copa do Mundo e eleições presidenciais. Enfim, oportunidades para o varejo independente ganhar mais, desde que faça alguns ajustes que impulsionem as suas vendas. Abastecimento preparou um guia com 20 dicas dadas por especialistas nas áreas de sortimento, exposição, atendimento e serviços para auxiliar o varejo independente a ampliar a sua rentabilidade e o nível de satisfação dos seus clientes 1 2 Sortimento Definição do mix Avaliação do giro O espaço vale ouro no varejo. E saber aproveitá-lo bem é a chave para se obter sucesso. Para Marcelo Costa, gerente nacional de Trade Marketing da Danone, o principal item a ser considerado é a rentabilidade, que consiste em assegurar o melhor resultado de margem por metro linear de gôndola. “Esse indicador considera a margem unitária, o giro e a perda de cada produto. E tão importante quanto o sortimento é o espaço dedicado a cada item. O objetivo é buscar o melhor balanceamento de sortimento e espaço para maximizar a rentabilidade da gôndola. Para isso, é preciso calcular a margem de cada um dos itens, saber qual o giro e a perda das categorias e balancear a gôndola”, orienta. De acordo com Costa, o giro é a relação do volume total de vendas do item dividido pelo espaço ocupado por ele na gôndola. Por exemplo, um item que vende 100 kg/ mês e ocupa um espaço em gôndola equivalente a 20 kg, tem giro 5, ou seja, o produto é reposto 5 vezes na gôndola ao longo do mês. “Esse cálculo é fundamental, pois um espaço mal dimensionado pode gerar ruptura (alto giro = pouco espaço para muito volume) ou perda (baixo giro = muito espaço para pouco volume)”, diz. Segundo o executivo, o cálculo do giro é fundamental para itens com reduzido prazo de validade. 18 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 Marcas com maior valor agregado 3 As marcas de maior valor agregado devem ser privilegiadas. Em geral, elas promovem o desenvolvimento do mercado e atraem consumidores para a loja. Para Costa, trata-se da percepção de valor (relação entre o valor atribuído ao item pelo consumidor e o seu preço) que a marca representa para o consumidor. Nas gôndolas, esse tipo de produto deve ser exposto sempre na área nobre, na altura dos olhos do cliente. fotos ebc imagens Por adriana bruno 4 Marca e Preço O sortimento de marcas e preços deve se basear no perfil de negócio. Para isso, o varejista deve considerar a localização da loja e o perfil do consumidor (por exemplo, se há muitos clientes idosos ou mães com filhos pequenos ou solteiros). Para a consultora Ana Vecchi, da Vecchi Ancona Consulting, o melhor mix é aquele que atende às expectativas e necessidades do cliente. “Flutuações da economia podem levar a mudanças de hábito de compra e de escolha de marcas pelos consumidores, o que reforça a necessidade de se dedicar atenção especial ao mix da loja.” A consultora acrescenta que a demanda pelos produtos pode variar de acordo com características como o clima, a localização, a estação do ano e até a moda. Ofertas 5 Para Giorgio Chiesa, professor do Programa de Administração de Varejo (Provar) da FIA – Fundação Instituto de Administração, o varejista deve ter o cuidado de nunca saturar o ponto de venda com ofertas. “O interessante é criar oportunidades, como as ofertas da tarde ou da manhã, ligando-as a algum fato, como ofertas para o seu café da manhã ou criação de uma cesta de soluções”, diz. Para ele, não há um momento certo para iniciar uma promoção. Ela pode estar ligada, por exemplo, à necessidade de liquidar um produto em estoque, cuja validade esteja próxima de expirar. As marcas de maior valor agregado devem ganhar destaque na exposição O melhor mix é aquele que atende às expectativas e necessidades do cliente Exposição 6 Importância da exposição O layout e a organização dos produtos nas gôndolas devem ser integrados aos ambientes de modo que ao entrar na loja o cliente possa ser conduzido pelos corredores sem precisar do auxílio de ninguém para encontrar o que procura. Para Chiesa, para se chegar à exposição ideal, é preciso entender o perfil de compra do público-alvo. Na opinião de Ana Vecchi, a loja deve ser organizada de forma estratégica, utilizando técnicas adequadas de merchandising, sinalização, variedade de produtos e quantidade suficiente para atender à demanda. “Uma dica consiste em utilizar ilhas e iluminação adequada para destacar determinado setor ou produto. No entanto, é preciso tomar cuidado com a poluição visual. Os produtos devem ser agrupados de tal maneira que ajudem a criar um ‘clima’, a remeter ao local e momento em que serão consumidos ou usados: isso cria o conceito de conveniência.” jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 19 gestão Cross merchandising 7 O cross merchandising ou exposição de produtos correlatos é, na opinião de Chiesa, um estímulo para garantir o bom fluxo de pessoas na loja. “Muitas vezes, a venda pode até não acontecer, mas o varejo prestou um serviço, mostrando ao cliente que pode oferecer a ele uma solução completa de compra”, comenta. Uma dica para o varejista consiste em expor acessórios para cabelos na seção de xampus, fazendo uso de blisters. Outra dica é aproveitar os dias quentes e expor complementos para o sorvete, como caldas e coberturas, perto dos freezers com sorvetes. Cantos dedicados Cantinhos temáticos devem ser dinâmicos para se tirar mais proveito do pouco espaço de promoções 8 Muitas vezes, a falta de espaço impede o pequeno varejo de promover espaços que concentrem exclusivamente uma categoria de produtos. Para Chiesa, a saída pode estar na rotatividade dos cantos dedicados. “A chave é ser dinâmico. Na falta de espaço, o canto pode ser a própria gôndola. Bem sinalizada e demonstrando a solução que se encontra ali. Outra dica é trabalhar com a rotatividade dos cantos dedicados. Em um período, concentra-se tudo para o café da manhã, em outro, sugestões para o fim de semana. Para o pequeno, o ideal é renovar”, orienta. 9 10 Oferecendo a solução completa Na opinião de Cláudio Czapski, superintendente da Associação ECR Brasil, o pequeno varejista precisa definir em quais setores ou categorias irá oferecer a solução completa de compra e em quais oferecerá o básico. “Tudo vai depender da proposta da loja. Caso se trate de algo essencialmente alimentar, o sortimento deverá contemplar a variedade de produtos, e é preciso sinalizar isso na loja por meio da disposição das gôndolas”, indica. A chave para oferecer a solução completa, atendendo às necessidades do cliente, consiste em traçar o perfil da loja e dos clientes. 20 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 Calendário sazonal e promocional As datas comemorativas tradicionais são uma oportunidade para o varejo alavancar negócios, por exemplo, oferecendo kits de perfumaria para presentear no Dia das Mães ou dos Pais. O mesmo acontece no verão, onde há um incremento na venda de produtos e bebidas refrigeradas, hidratantes e protetores solares. Para Charles Szulcsewski, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing, o varejista pode criar o seu próprio calendário promocional, por exemplo, planejando ações no mês de aniversário da loja. “Essas ações podem incluir um mês inteiro de ofertas ou surpreender o cliente oferecendo-lhe bolos e refrigerantes no período”, comenta. Atendimento A Importância de atender o cliente Ouça o que o cliente quer Assim como já fazem os hipermercados, o pequeno varejo pode adotar o hábito de abordar o cliente no caixa com uma pergunta simples: "Encontrou tudo o que procurava?" A questão é o que fazer com essa informação. Para o consultor de Varejo Cláudio Landsberg, as informações precisam ser compiladas e devem mostrar resultados. “Há outras maneiras de abordar o cliente. Uma pesquisadora, por exemplo, pode, rapidamente, perguntar ao cliente o que ele acha da loja, do sortimento de produtos, do atendimento, do tempo que fica na fila do caixa, etc. Porém, tão importante quanto ouvir o que o cliente quer é atender às suas necessidades”, orienta. Cláudio Czapski, superintendente da ECR Brasil, recomenda que a instalação de uma caixa de sugestões na entrada da loja também pode funcionar. 11 12 13 Treinar os funcionários é a chave para melhorar o atendimento. Para Charles, toda a equipe deve estar bem preparada, caso contrário qualquer iniciativa na criação de serviços, e até mesmo promoções, poderão não surtir efeito. “O que acaba com o varejo são funcionários mal-humorados e mal treinados. Esse é um erro que não pode mais ser cometido.” Ser cordial, recepcionar o cliente na entrada da loja e até mesmo ajudá-lo a encontrar um produto são algumas ações que devem ser incentivadas pela equipe de vendas da loja. Isso torna o ponto de venda especial para o cliente. Surpreenda o cliente Uma seção agradável e que fuja do tradicional sempre surpreende positivamente o cliente Wladimir de Souza Este é um conceito muito amplo e que contempla questões como a oferta de estacionamento, boas condições de circulação e de visualização dos produtos dentro da loja, e redução do tempo de espera para o pagamento das compras. Segundo Landsberg, para surpreender o cliente é preciso muito mais do que oferecer serviço. “Um varejo que tem, por exemplo, pessoas disponíveis para auxiliar um idoso a carregar sua sacola oferece um diferencial, além de proporcionar bem-estar aos seus clientes”, orienta. jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 21 gestão 14 Oferta de serviços Antes de passar a oferecer serviços, o varejista precisa estudar o uso dos espaços disponíveis em sua loja. Ações simples como fazer parceria com uma lavanderia vizinha já constituem um diferencial. “Um exemplo que acho excelente é o de um lava-rápido que disponibiliza internet sem fio para seus clientes. Enquanto aguarda o carro ficar pronto, você pode resolver coisas pelo computador e nem percebe o tempo em que ficou esperando”, comenta Chiesa. Para Charles, a loja pode manter um quadro de avisos em um determinado local para nele se afixar anúncios de prestadores de serviços, como pedreiros, eletricistas, encanadores e chaveiros. “O cliente guarda esse quadro de avisos na memória e quando precisar de um desses serviços vai se lembrar de que naquele PDV há indicações, e ao visitar a loja acaba comprando algo”, comenta. Pratos prontos Serviços como a oferta de café da manhã impactam diretamente nas vendas 15 A rotisseria é uma das áreas mais delicadas do ponto de venda, pois a venda de pratos prontos requer investimentos em instalações de cozinha, contratação de profissionais especializados, incluindo um nutricionista, e uma série de cuidados com a manipulação dos alimentos. O especialista Cláudio Czapski afirma que o varejo pode diversificar a rotisseria, dependendo da sua localização. “Se estiver localizado nas proximidades de um grande número de empresas, ele pode, por exemplo, disponibilizar um micro-ondas para que o cliente compre um prato pronto e esquente ali mesmo. Com isso, a loja vendeu o produto e ainda ofereceu um serviço”, indica. Outra maneira de gerar fluxo na rotisseria é aceitar encomendas de pratos e sugerir cardápios para datas especiais, como o Dia das Mães. 16 17 Serviço O diferencial de cada loja A comunicação eficaz e uma boa sinalização ajudam o varejista a divulgar benefícios e diferenciais que só a sua loja tem. O cliente deverá percebê-los de imediato. Não adianta comunicar se o cliente, ao chegar na loja, não encontrar o que foi prometido. “Quando a estratégia e as ações estiverem coesas e em bom andamento, certamente haverá um aumento das vendas e do faturamento. A diferenciação ou a inovação são caminhos interessantes para atrair consumidores e driblar a concorrência”, diz Ana Vecchi. 22 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 Cortes e pães diferenciados Além do atendimento qualificado, da higiene do local e da exposição de produtos, na padaria a diferenciação dos pães pode alavancar as vendas. Para Ana Vecchi, o cliente está cada vez mais exigente e a oferta de novas opções pode ser uma alternativa eficaz para as vendas. Ela sugere para o açougue a adoção de serviços individualizados, como “limpeza da carne” e cortes diferenciados. “Serviços agregados sempre são importantes para atrair consumidores”, diz. Hortifrútis 18 19 20 Varejos que trabalham com hortifrútis devem ter cuidados com a higiene, a recepção de mercadorias, a estocagem (condições e temperatura), a monitoração da origem dos produtos, a obediência às normas de saúde e higiene e o cuidado com a exposição dos produtos. Manter a seção sempre limpa reduz perdas e aumenta a segurança alimentar. “Tais cuidados especiais ajudam a preservar as características orgânicas e sanitárias dos alimentos. Refrigeradores, expositores ou balanças em boas condições fazem com que a seção tenha uma operação eficaz”, orienta Ana Vecchi. Soluções e diferenciais Recarga de celular, pagamento de contas no caixa e delivery gratuito são serviços que geram diferenciação e fidelidade. “O consumidor passa por um processo de escolha onde compara uma série de fatores como localização, atendimento e variedade para decidir onde vai comprar. O serviço entra então como fator de escolha final”, diz Ana Vecchi. De acordo com a especialista, os serviços dividem-se em facilitadores, aqueles que permitem uma operação de compra com mais rapidez e tranquilidade (manobrista ou entregador, por exemplo) e motivadores, que são os que atraem o consumidor para a loja utilizando algo que esteja além da compra. Outros serviços Especialistas em varejo afirmam que quanto mais tempo o cliente passa dentro da loja, mais ele compra. Para entreter o cliente no ponto de venda, o varejo pode lançar mão de serviços, como uma cafeteria, ou disponibilizar revistas para serem lidas pelo cliente enquanto ele aguarda na fila. São diferenciais que agregam serviço e são percebidos pelo cliente.l A seção exige cuidados especiais e equipamentos eficientes para garantir sua visível qualidade jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 23 [ boas práticas ] Cuidados com o estoque Não é raro que o estoque do varejo se transforme no seu principal gargalo administrativo. Para evitar esse efeito, o empresário deve tomar decisões sem se deixar levar pela emoção do consumo, mas sempre agindo de acordo com a lógica das vendas A pesar de serem considerados atentos aos seus próprios negócios, os empresários, especialmente os da microempresa e dos pequenos negócios no varejo, ainda se defrontam com grandes dificuldades para gerir adequadamente os seus estoques. É muito comum vermos empresas comerciais com problemas na administração do capital de giro por causa de falhas na gestão de estoques, mantendo estoques altíssimos e com pouca rotatividade. Um dos aspectos que se considera responsáveis por essa falha na gestão de estoques é a compra. Alguns empresários compram muito mais em função da oferta dos fornecedores do que pela 24 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 sua própria necessidade de consumo, se deixando “seduzir” por “boas” negociações e comprando sem avaliar suas reais necessidades de consumo. Os apelos de consumo fazem com que compras indiscriminadas sejam um dos fatores responsáveis pela manutenção de estoques altos e mal administrados. Outro fator que pode interferir numa gestão de estoques eficaz é a expectativa do consumidor. Aspectos como moda, tendências, situações momentâneas que impulsionam o consumo de determinadas mercadorias e mudanças de hábito do consumidor fazem com que os produtos se tornem perecíveis ou que não sejam mais dese- paulo pepe Elimara Rufino jados pelos clientes com tanta frequência quanto o eram até então. No comércio varejista, o empresário precisa realizar a gestão de estoques tendo em mente a relação entre esse aspecto, o giro das mercadorias e a definição do mix de produtos. Ora, se a definição do mix de produtos comercializados é inadequada, se há várias mercadorias disponíveis para a venda e que não atendem às necessidades e expectativas dos clientes, tais mercadorias possivelmente “encalharão” nas prateleiras e nos estoques, alcançando baixo índice de giro de vendas e de estoque, ou seja, mercadorias que vendem pouco e que têm pouca necessidade de serem repostas em estoque para venda. Da mesma maneira, a relação contrária também se estabelece. O fato concreto é que a relação entre gestão de estoque, giro das mercadorias e definição do mix de produtos sempre se mantém. A aplicação estratégica dos recursos financeiros na empresa passa pela gestão de estoques, pois dela depende a definição de uma aplicação mais vantajosa para o negócio gestão eficiente . O acompanhamento detalhado das vendas tem de ser feito item por item, sempre comparando os estoques atuais com os dos períodos anteriores para que a programação das novas compras seja suficiente e evite a ruptura. . A s decisões devem considerar três variáveis: acompanhamento sistemático do comportamento das vendas, expectativas do mercado e percepção do varejista. sem excessos Nenhuma mercadoria vai para o estoque sem que haja um investimento do empresário para que isso aconteça. Dessa maneira, estoque é dinheiro investido em mercadorias, e o desafio com que o comércio se defronta diante do grande número de mercadorias trabalhadas é o de evitar problemas tanto de abastecimento – decorrentes da falta de produtos – como de excesso de mercadorias – nas situações opostas. A gestão de estoque é fundamental para que se consiga aplicar estrategicamente os recursos financeiros no comércio de maneira mais equilibrada e vantajosa para o negócio. Isso significa dizer que é necessário tomar cuidado a fim de não investir todo o capital num estoque que não gira o suficiente para garantir o retorno necessário à viabilidade do comércio e, da mesma forma, para manter os estoques mínimos necessários ao atendimento da demanda. Uma gestão de estoque eficaz, como prática da gestão empresarial, exige cuidado diário, uma vez que a movimentação das mercadorias também acontece diariamente. É necessário que se definam controles para a entrada e a saída das mercadorias em estoque a fim de que, a partir desses controles, possam ser definidos indicadores de avaliação para a tomada de decisão. Dois desses indicadores são os níveis mínimo e máximo a serem mantidos nos estoques de cada mercadoria. acompanhamento Para gerir bem os estoques no varejo é necessário que se faça o acompanhamento detalhado do consumo de cada item, o acompanhamento e a comparação dos estoques em relação aos períodos anteriores, e o cálculo dos indicadores de avaliação. Com isso se pode realizar as compras de maneira planejada e ter mais possibilidade de êxito em obter um balanceamento equilibrado entre estoque e venda. Realizar a gestão de estoque no comércio varejista é uma tarefa que vai muito além da de manter as mercadorias bem arrumadas e armazenadas. É claro que essa organização é um fator fundamental para o controle e a gestão de estoque. Possivelmente alcançará melhores resultados o empresário que considerar a gestão de estoque um aspecto estratégico para o seu comércio e, dessa forma, que efetivamente se dedicar ao gerenciamento do estoque. Não é possível falar em receita pronta quando se trata de gestão de estoques no varejo. Nesse caso, é necessário realizar um acompanhamento sistemático do comportamento das vendas do comércio, das expectativas do mercado e da percepção do empresário, coordenando esses fatores numa análise que contribua para a tomada de decisões. De fato, receita pronta não há, mas você pode combinar no dia a dia algumas práticas estratégias para a gestão de estoques: mantenha um controle do giro das mercadorias, analise tais informações para definir e avaliar o mix de produtos, acompanhe os controles de estoque para a tomada de decisão na hora da compra e repita continuamente esse ciclo! l jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 25 [ boas práticas ] 26 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 Informe Publicitário jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 27 [ bazar ] Cantinho versátil Criar cantos temáticos e espaços extras para incrementar as vendas da seção de bazar durante as “datas promocionais”, ou mesmo fora delas, pode ser a saída para driblar a falta de espaço no varejo independente, além de surpreender o cliente, aumentando a visibilidade da seção Por Daniela Guiraldelli A A relação entre giro e espaço de gôndola deve ser bem ponderada no pequeno varejo 28 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 falta de espaço não pode servir de desculpa para o varejo de bairro deixar de explorar a sazonalidade da seção de bazar. Há soluções capazes de incrementar as vendas e aumentar o giro dos produtos em períodos como os da volta às aulas, o Dia das Mães, as festas juninas, o Dia da Criança e, principalmente, o Natal. São ideias criativas capazes de incrementar em até 10% o faturamento do negócio e que envolvem produtos já existentes no estoque e a criação de cantos versáteis e temáticos de acordo com as datas promocionais. Para isso, é preciso aproveitar os pontos extras a fim de destacar produtos e chamar a atenção do cliente, surpreendendo-o, além de EBC imagens fazer a diferença na comparação com os concorrentes do bairro. “As lojas de bairro trabalham muito mal as datas promocionais. Deveriam ter um canto que mudasse durante essas épocas, mas acabam não fazendo isso, pois perdem a motivação por envolverem ações mais trabalhosas, mesmo que possam incrementar o faturamento. O varejo independente, ao contrário do grande varejo, ainda é muito conservador nesse sentido. Ele deve aprender a ser mais audacioso”, afirma Adão de Souza, consultor de varejo. Para conseguir obter o esperado lucro durante as datas promocionais, o varejista precisa planejar as compras, antecipando as ações no período, especialmente para praticar a exposição adequada no ponto de venda e preparar a seção com produtos correlatos. “O varejista compra o produto, mas não se preocupa em valorizar a exposição, pois perdeu a capacidade de criar um clima dentro da loja. Para fazer isso, ele precisa se antecipar, e não deixar tudo para a última hora”, aconselha Souza. Difícil de ser trabalhada no grande varejo em razão do grande número de itens, a seção de bazar em lojas menores esbarra em outras dificuldades, com destaque para o pouco espaço de que dispõe em relação às seções com giro mais alto. Para amenizar essa característica, é essencial montar áreas versáteis como saída para manter a visibilidade da seção e resolver o problema da falta de giro fora dos períodos promocionais. Para proporcionar maior giro à seção é preciso empreender ações audaciosas, o que requer motivação por parte do varejo independente exposição estratégica É o que acontece no Empório Teresa de Ávila, que há 33 anos funciona na zona sul de São Paulo. Com dois checkouts e sete funcionários, a falta de espaço é o maior desafio enfrentado pelas proprietárias e irmãs Ana Lúcia e Ana Claudia Muiños. Para ampliarem seu conhecimento sobre o negócio do varejo, ambas realizam constantemente cursos no Sebrae – Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa. Para expor os itens de bazar, principalmente em períodos em que é possível lucrar mais com a seção, a loja trabalha com espaços temáticos e exposição estratégica junto às gôndolas. “A ideia é montar um canto de exposição reunindo jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 29 [ bazar ] Uma loja tem até 500 itens de alto giro, o que permite ao varejista reduzir o volume de algumas categorias menos rentáveis a fim de abrir espaço para o bazar os produtos para chamar a atenção do cliente”, explica Ana Claudia. Para definir o número de categorias que serão trabalhadas no bazar em períodos não sazonais, é importante focar em uma gama de produtos que são procurados em mais de um evento, como o carvão, que vende bem durante o verão e ainda mais no carnaval. Também é importante reduzir algumas categorias em favor do crescimento de outras, ao mesmo tempo em que se diversifica o mix. “Por menor que seja a loja, ela tem uma média de 400 a 500 itens de alto giro, o que permite ao varejista reduzir o volume de alguns produtos a fim de abrir espaço para os itens de bazar em períodos sazonais. Diversificar a seção e colocar variedade em menores quantidades também pode ser uma boa alternativa”, diz Francisco Sousa, consultor de varejo. Os chamados pontos extras também podem constituir uma saída para que a loja de bairro incremente as vendas no bazar durante o ano todo. Colocar prateleiras em cima da gôndola para chamar a atenção do cliente, preparar um espaço antes e depois dos caixas e aproveitar colunas com estruturas para empilhar os produtos são saídas pouco dispendiosas e que 30 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 Uma boa diversificação do mix é uma das alternativas para melhorar as vendas da seção podem melhorar as vendas na seção. “Para ser lembrado, o produto precisa ser visto. Por isso, é necessário melhorar sua visibilidade para que a categoria a que ele pertence cresça”, afirma Robiran Maia, consultor de Varejo e de Desenvolvimento de Negócios. Envolva os sentidos Para lucrar nas datas promocionais, é preciso, além de planejamento e organização, abusar da criatividade a fim de que a loja possa proporcionar uma boa experiência de compra ao cliente. Para alcançar esse objetivo, é preciso mexer com a emoção de quem compra por meio de estímulos visuais e sensoriais, ações que vão muito além da oferta de um mix com produtos adequados ao período. “É preciso fazer com que o cliente perceba que está acontecendo algo novo na loja. O varejista deve procurar sair do lugar comum. Não basta vestir as pessoas de caipira se não há nenhum clima de festa junina. O varejo precisa emocionar o cliente para que essas datas não passem despercebidas”, diz Souza. Eis algumas dicas para envolver o cliente: criar uma ambientação da loja de acordo com a data festiva para que ele entre no clima e se sinta estimulado a comprar; colocar uma música de Incremente as vendas do bazar .P laneje as compras. .U tilize a criatividade para explorar o potencial de produtos já existentes no estoque e incremente a exposição no ponto de venda. . Crie cantos versáteis e temáticos de acordo com as datas festivas. . Aproveite pontos extras para destacar produtos, principalmente junto aos caixas. . Defina o número de itens a serem trabalhados nos períodos não sazonais, focando aqueles que possam atingir mais de um evento. . Reduza algumas categorias para ampliar outras e diversifique o mix. . Proporcione ao cliente uma experiência de compra que mexa com a sua emoção e com os seus sentidos. jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 31 [ bazar ] fundo; e atraí-lo pelo olfato por meio de odores que remetam à data. Outras possibilidades podem ser encontradas em ações promocionais mais diretas. Por exemplo, no período de volta às aulas, contratar um animador para brincar com as crianças enquanto os pais compram, ou promover um concurso de desenhos de ovos durante a Páscoa para crianças. Todas essas iniciativas colaboram para fazer com que o cliente perceba que a loja está se esforçando para atendê-lo cada vez melhor. Para essa estratégia, a indústria pode ser uma importante aliada das lojas de bairro. “Na época das festas juninas, decoramos a loja com bandeirinhas, e temos o apoio de indústrias como a Hikari, que monta uma barraca com a finalidade de expor os produtos para os clientes da loja”, diz Ana Claudia, do Empório Teresa. Na prática A principal estratégia na definição do mix de bazar é aumentar o valor agregado da venda 32 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 Há doze anos, o Supermercado Faixa Azul cria ações específicas para o bazar em datas promocionais, principalmente no período do volta às aulas, fazendo com que a seção se transforme numa papelaria. A fim de preparar a seção para a época, uma estratégia utilizada pelos gestores consiste em sair a campo em busca da lista de material escolar das es- colas da vizinhança. A partir delas, o mix do bazar é montado. Além de investir no sortimento, a loja cria um ambiente adequado, treinando os atendentes para que ofereçam os produtos certos e tirem as dúvidas dos clientes. “Qual é a primeira opção do cliente na compra de material escolar? Ele nunca vai dizer que é o supermercado, que talvez apareça na segunda ou terceira opção, pois a primeira será a papelaria. Para comprar o material escolar na loja, ele deve se sentir numa papelaria. O cliente não vai ao supermercado para comprar esse tipo de produto, mas terá opções de compras caso decida adquirir o material lá”, diz Marcos Savegnago, diretor do Faixa Azul. Outras estratégias adotadas pela empresa envolvem a criação de kits temáticos, especialmente no Dia das Mães, no Dia dos Pais e no Dia dos Namorados, com produtos correlatos. O objetivo é aumentar o valor agregado da venda. “A margem é muito melhor e pode ser mais bem explorada, pois o varejista tem a oportunidade de fazer uma composição melhor de preços. As ações permitem o aproveitamento dos próprios funcionários, o que reduz o custo. No nosso caso, eu até desloco o pessoal de outras seções para a de bazar”, explica Savegnago.l glossário Por dentro da língua da cadeia de abastecimento Serviços do autosserviço Termo que introduziu o formato de supermercado no Brasil perde um pouco do seu significado diante da evolução do setor e das estratégias usadas pelas empresas para fidelizar o seu cliente Por Walter de Sousa ? .autosserviço E m 1953, uma discreta loja foi aberta na Avenida Consolação, região central de São Paulo, com prateleiras cheias de produtos, e carrinhos para que o cliente pudesse separar aquilo que iria levar. Para dar um nome ao novo modelo de varejo, surgiu um termo: auto-serviço, que agora ganha grafia nova a partir da Reforma Ortográfica de 2008 – autosserviço. Esse termo sintetizava aquela que era então uma grande novidade: uma loja onde quem serve o cliente é ele mesmo. Aliás, o nome da loja pioneira já avisava: Sirva-se. Até aquela altura, a maior parte da população se abastecia em armazéns, os chamados “secos & molhados”. Era o tempo do balcão, em que se dava a lista ao atendente, que reunia o pedido sobre a tábua do móvel e rabiscava o total a ser cobrado, em geral numa caderneta, cujo valor seria quitado no fim do mês. O intrigante carrinho postado na entrada do Sirva-se também foi uma grande inovação, que transformava a compra num acontecimento, pois o cliente precisava circular pela loja e empurrar o tal carrinho diante dos olhos dos outros clientes que estivessem na loja. Como toda novidade é logo absorvida com o tempo, incorporou-se o autosserviço à rotina urbana e, atualmente, ir às compras no supermercado virou um evento social e familiar. A evolução do formato supermercado, que se tornou o nome genérico das lojas de autosserviço, passou pelas variações hipermercado (loja com 50 mil itens e área superior a 20 mil metros quadrados), loja de descontos (pequenas, com o máximo de mil metros quadrados e sortimento limitado), e o próprio supermercado, que acabou ficando restrito ao máximo de 5 mil metros quadrados e sortimento de 20 mil itens. A grande ironia é que foram acrescidas às seções básicas do supermercado (mercearia, bebidas, higiene e beleza, limpeza e bazar) outras que se caracterizam pelo serviço que oferecem ao consumidor: padaria, açougue, frios e laticínios, etc., ou seja, serviços nos quais o consumidor volta a ser servido. Além disso, essas novas seções passaram a ser apontadas como as que fazem a grande diferença para o cliente quando ele tem de decidir onde fazer as suas compras. Em outras palavras, o autosserviço deixou um pouco de ser “auto” para ser aquele oferecido pela equipe de atendimento do supermercado. É o bom e velho balcão, de volta e fazendo a diferença! l jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 33 [ na prática ] Além da cesta básica O Higa’s, conhecido pela sua agressividade em preços de produtos de mercearia seca, renova seu layout e descobre que é possível ampliar a rentabilidade apostando em novas seções Por Walter de Sousa U Fotos wladimir de souza ma loja com 14 anos que se caracteriza por vender agressivamente os itens da cesta básica está condenada a manter a mesma estratégia indefinidamente? A loja do Higa’s, pequena rede com quatro endereços, localizada no Itaim Paulista, zona leste da capital paulista, decidiu encarar o desafio, especialmente porque há um ano e meio aguardava o término de uma ampliação do prédio que mais que duplicou a sua área de vendas, que passou de 1.600 metros quadrados para 2.900 34 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 metros quadrados. Principal agente da mudança, embora acredite que ela só tenha sido possível pela liberdade e confiança dada pelos dois irmãos que comandam o Higa’s, Takashi e Tsutomu, foi Oziel Alves Ribeiro, hoje supervisor de loja. “A loja tem fama de barateira, mas os diretores diziam que não sobrava tempo para organizá-la. Propus a mudança do conceito da loja. Que ela continuasse barateira, porém era preciso não só organizá-la, mas também obter mais rentabilidade nas outras seções”, explica. A viga central, no teto, separa a área nova da antiga, agora reformada: ajuste no layout e no sortimento Higa’s Supermercados Loja Itaim Paulista . Checkouts: 25 . Área de vendas: 2.900 metros quadrados . Seções mais rentáveis: Mercearia seca, perecíveis e bazar . Vagas de estacionamento: 130 Assim que a metade nova ficou pronta, a loja antiga foi transferida para que a parte velha também fosse modernizada. Em fins de outubro de 2009, ela foi inaugurada, não só com tamanho maior, mas também com um novo layout, ambientação e comunicação visual agradáveis, e muito, mas muito mais produtos. “De 4 mil itens a loja passou para 9 mil. Foi preciso não só avaliar o que tinha giro e poderia aumentar a rentabilidade da loja como também preencher tanto espaço vazio”, diz Oziel. O Higa’s se localiza numa região populosa, com clientes das classes C e D que fazem compras de abastecimento, e com uma concorrência não muito próxima, apesar de agressiva. “Como o cliente é hoje mais seletivo e exigente, não adianta apostar somente em preço, limpeza ou organização, pois isso todo mundo tem. É preciso ganhar a fidelidade do cliente pelo sortimento oferecido”, defende o supervisor. A área com os produtos da cesta básica, ou seja, a área de mercearia seca, continuou sendo jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 35 [ na prática ] Ocupando quase metade da área da antiga loja, a nova seção de bazar foi montada para agregar rentabilidade às vendas as estratégias do higa's valor agregado As seções de bazar e de perecíveis incrementaram a loja, valendo-se do fator proximidade para conquistar o cliente 36 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 problemas soluções 4 A estratégia era oferecer preço e itens da cesta básica 4 A loja passou a investir em produtos que geram maior rentabilidade, sem abrir mão da mercearia seca 4 As seções tinham sortimento padrão para atender somente à necessidade das compras de abastecimento. 4 As seções ganharam sortimento e opções que, aliadas ao quesito proximidade, acabaram conquistando o cliente 4N ão se trabalhava muito o calendário promocional 4 O incremento do bazar abriu espaço para trabalhar produtos relacionados às datas bem trabalhada, com bom volume de produtos na gôndola e o suporte de um tablóide periódico com 200 produtos em promoção. Mas algumas áreas que a dupla de proprietários não havia levado em consideração foram montadas. Para surpresa geral, emplacaram em vendas. A principal delas foi a seção de bazar. Antes restrita aos encartelados, hoje ela ocupa metade da área da antiga loja, com opções de utilidades domésticas, itens de jardinagem, sandálias, e linha branca de eletrodomésticos. “Embora a empresa não tivesse cartão de crédito próprio, as vendas superaram as nossas expectativas”, afirma. Assim, a inovação agradou por se valer do quesito proximidade e por ampliar o sortimento ofertado. “Jamais imaginaríamos, por exemplo, que venderíamos trezentas piscinas de vinil no final do ano, quando montamos um espaço de- dicado aos produtos relacionados ao verão”, diz. A mesma estratégia de canto dedicado está sendo usada para os produtos de papelaria com o apelo da volta às aulas. Outra seção que aumentou muito foi a de perecíveis. Se antes a loja contava com três metros lineares de balcão, sendo que somente um lado funcionava com os produtos congelados, e o outro, desligado, abrigava os embutidos, agora são seis metros lineares de balcão com os produtos congelados, além de quatro geladeiras verticais. “De meia ilha passamos para quatro ilhas, alocadas na parte central a loja”, conta Oziel. A mudança de layout foi também a oportunidade de inovar em algumas seções, o que requereu um pouco mais de arrojo da empresa. Uma dessas mudanças foi motivada pela descoberta ocasional de que o bairro abrigava 170 famílias produtos orientais Tsutomu, um dos proprietários, decidiu investir na seção de produtos orientais ao descobrir que 170 famílias de origem japonesa moravam no bairro, mas não frequentavam a loja jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 37 [ na prática ] ❜ De 4 mil itens, a loja passou para 9 mil. Foi preciso não só avaliar o que tinha giro e poderia aumentar a rentabilidade da loja como também preencher tanto espaço vazio Oziel Ribeiro supervisor da loja 38 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 mercearia A venda de produtos da cesta básica com preços agressivos foi mantida, aliada à oferta de produtos com maior valor agregado de origem japonesa. Como nenhuma delas frequentava a loja, decidiu-se criar uma seção de produtos orientais, com dois metros de gôndola. “O presidente da entidade que congrega essa comunidade falou a respeito desse potencial, e apostamos nele. Deu certo, pois hoje essas famílias compram na nossa loja”, diz. Por sua vez, o prédio reformado abriu espaço para novas áreas de que o endereço carecia. A área administrativa, por exemplo, ganhou mezaninos na frente e nos fundos da loja, enquanto o depósito passou para o subsolo. Na fachada, uma grande área de estacionamento foi transformada num minishopping, hoje com 15 lojas de apoio. “Quisemos dar ao consumidor um ambiente de shopping, tornando a entrada convidativa”, avalia Tsutomu Higa, um dos diretores da rede. Com trinta anos de experiência no varejo, os dois irmãos se animaram com o investimento na mudança de padrão da loja, e já apostam numa nova filial, em São Miguel Paulista, bairro vizinho, a ser inaugurada em março. Não é para menos. As mudanças no layout e no aumento da área de vendas renderam um aumento de 35% nas vendas da loja, que também passou a centralizar a área de vendas da rede. Prova cabal de que é possível ganhar com o consumo popular indo bem além da cesta básica.l ? O que você quer ver no portal Queremos saber que tipo de conteúdo você quer encontrar na web. Você pode participar da construção do portal enviando sugestões de ferramentas e de reportagens, vídeos, áudios, fotos, informações, etc. para o e-mail web@ebceditora. com.br ou abastecimento@ ebceditora.com.br. ebc imagens Confira também no portal portal Temporada de cursos Menos rótulo, mais benefício No começo do ano, pipocam as ofertas de cursos de curta e longa duração e as oportunidades de capacitação no varejo. A Abras – Associação Brasileira de Supermercados, por exemplo, está com inscrições abertas para o MBA em Gestão e Estratégia de Supermercados, com aulas no início de março. Por sua vez, o Laboratório de Finanças (Labin) e o Programa de Estudos do Varejo, ambos da FIA, recebem inscrições para seus cursos de curta duração, com o início das aulas em datas variadas até abril. Leia mais no canal Carreira no Portal Newtrade O consumidor está menos preocupado em levar para casa produtos de marcas conhecidas. É o que aponta a pesquisa da ACSP – Associação Comercial de São Paulo. A relação custo/benefício é a equação mais valorizada. Apesar de 82,8% dos consumidores considerarem as marcas mais caras como as de melhor qualidade, 40% deles, pertencentes às classes A e B, se preocupam com a marca, enquanto apenas 21% dos das classes C e D valorizam o rótulo. Leia mais no canal Consumidor no Portal Newtrade Varejo retoma ritmo pré-crise De acordo com o IDV – Instituto para Desenvolvimento do Varejo, o varejo brasileiro voltou a crescer e está pronto para retomar o ritmo précrise. Com as expectativas de manutenção de renda e de emprego e de uma oferta de crédito maior e mais barata, a tendência é no sentido de que o setor terá um bom desempenho em 2010, retornando à casa dos 10% de crescimento anual. Leia mais no canal Varejo no Portal Newtrade A página de varejo traz informações sempre atualizadas Gostou das matérias? Quer mandar para os amigos ou multiplicar para os colaboradores da sua empresa? Acesse a página da Abastecimento e leia os destaques desta edição na íntegra: 4 Entrevista com o presidente da Associação Brasileira de Supermercados, Sussumu Honda 4 Dicas para vender mais num ano de otimismo 4 Além do chocolate: como ganhar na Páscoa vendendo também outras categorias jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 39 [ promoção ] MAIS do QUE chocolate Descubra outros produtos que podem garantir uma Páscoa muito lucrativa 40 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 sxc sxc Por Gabriel Ferreira É Azeites, bacalhau, leite de coco e azeitonas são alguns dos artigos que podem contribuir para alavancar as vendas no período. Além deles, os vinhos de mesa e os espumantes também são tradicionais nas festas pascais da família brasileira e podem representar uma boa oportunidade para o pequeno varejo incrementar seu mix. Aliás, essas bebidas podem ser trabalhadas não apenas a partir desse foco, mas também como presentes diferenciados. "Como é uma data festiva, as pessoas costumam se presentear, e, de uns tempos para cá, esses presentes não se restringem mais aos ovos", afirma Felipe Corbellini, responsável pela área de Marketing da Vinícola Peterlongo. Mas não é só a Peterlongo que tem boas expectativas de vendas com relação à Páscoa. A Cereser também vê no período uma ótima oportunidade para lucrar. Em 2009, a comemoração representou 17,6% de todo o faturamento da empresa. "O período da Páscoa representa a segunda maior venda na categoria durante o ano, perdendo somente para as festas de fim de ano, mas superando todo o volume comercializado no inverno", afirma José Fontelles, diretorcomercial da Cereser. Para a Páscoa de 2010, o objetivo da empresa é crescer entre 5% e 7%. Além das vinícolas, outras empresas apostam no feriado cristão como maneira de reforçar os ganhos. Para a Sovena, responsável pelos azeites Andorinha e Soleada, as festividades da Páscoa representam um aumento de 15% no faturamento. É o mesmo número apurado pela impor- divulgação Categorias lucrativas ❜ possível realizar boas vendas de Páscoa mesmo sem a oferta do tradicional ovo de chocolate. E essa oportunidade está ao alcance do varejo independente. A proximidade da Páscoa faz com que esse varejista comece a pensar nas melhores maneiras de aumentar suas vendas e lucros abrindo mão do principal produto da época. A atuação agressiva dos grandes varejistas na venda de chocolate, com ações focadas, como a montagem de enormes corredores cobertos de ovos de Páscoa e a disponibilidade de expositores prontos para apresentar ao público as últimas novidades, faz com que o pequeno comerciante utilize sua inteligência e criatividade para não deixar passar em branco uma época tão importante em vendas, e consiga bons resultados financeiros a partir do investimento em outros itens, como os utilizados no preparo do almoço de Páscoa. A Páscoa concentra vendas superiores às do inverno, sendo o segundo melhor pico de vendas do ano José Fontelles diretor-comercial da cereser tadora de bacalhau La Rioja. A Gomes da Costa, especializada em pescados congelados, aponta, em média, uma subida de 30% em relação aos outros meses do ano. A Serigy, cujo carro-chefe são os produtos à base de coco, apresenta um faturamento 60% maior nesse período. Para o varejista ampliar suas vendas, os fornecedores lhe fornecem uma série de dicas para alavancar as vendas. Ter um bom sortimento, fazer uma exposição conjunta dos produtos voltados para o almoço, utilizar os materiais de divulgação disponibilizados pelas empresas, e investir jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 41 [ promoção ] em promoções e em treinamento para a equipe são alguns dos truques que as indústrias ensinam aos varejistas que pretendem aproveitar o período pascal para obter maiores lucros. Uma das recomendações mais lembradas é a de proporcionar ao consumidor uma visão completa das opções oferecidas pela loja assim que ele chega no ponto de venda. Para isso, é importante que os produtos complementares – por exemplo, o azeite e o bacalhau – sejam expostos em locais muito próximos, formando "ilhas" temáticas. "É interessante estimular a venda casada de produtos afins, e relacionados com a Páscoa, colocando, por exemplo, a linha de coco junto à área de venda de frutos do mar", sugere Carlos Cabral, diretor-comercial da Serigy. Além de agrupar os produtos, também é importante que a exposição comece o quanto antes, o que possibilita, inclusive, que o consumidor realize a compra desses produtos mesmo sem pensar especificamente na Páscoa. Essa dica em particular é especialmente interessante para 2010, quando a comemoração acontecerá uma semana mais cedo do que no último ano. A data tem sido usada para presentear, e não somente os tradicionais ovos de chocolate. O espumante está se revelando uma boa opção, de presente e de vendas sxc investir na variedade 42 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 Mais importante do que apresentar os produtos em "ilhas" específicas é investir na variedade de opções. A presença de um bom mix, sem rupturas nas gôndolas, é um elemento que pode ser decisivo para garantir o sucesso de vendas. "Entendemos que a disponibilidade e a visibilidade desses produtos sazonais são os fatores de sucesso nesse momento de consumo tão importante", afirma José Fontelles, diretor-comercial da Cereser. Ao encontrar variedade e uma organização agradável e funcional, as chances de o consumidor realizar uma compra por impulso são maiores. Outro recurso para atrair clientes e aumentar as vendas é aproveitar os lançamentos e promoções que as empresas preparam para esse período. Os azeites Andorinha, por exemplo, apostam no diferencial de um novo sistema de bico dosador, que foi batizado de vai-e-vem, cujo desenvolvimento foi realizado com base em dois anos de pesquisa junto aos consumidores. A Gomes da Costa prepara a Promoção da Quaresma e, já em fevereiro, começa a distribuir materiais para os pontos de venda. "Além dos materiais da ação, criamos latas personalizadas com o logo promocional para ajudar na identificação", explica Luís Martinez set/out 2009 www.revistaabastecimento.com.br 43 ❜ [ promoção ] Para suprir o consumo popular, as embalagens menores são divulgação uma boa opção, que atende às necessidades do consumidor Manglano, gerente de Marketing da empresa. Também pensando nesse período, a Serigy encomendou uma reformulação na embalagem de seus produtos. Poder oferecer itens um pouco mais sofisticados mesmo para consumidores de baixa renda é um desafio que se impõe às indústrias. "Normalmente, a gente percebe que há um tipo de consumidores do pequeno varejo que são pessoas que se encontram em maior dificuldade financeira. Temos produtos em embalagens menores para facilitar a compra por esse público", afirma Nuno Miranda. No caso do Andorinha, além das tradicionais embalagens de 500 ml, a empresa também disponibiliza garrafas de 250 ml e latas de 200 ml. Outra medida muito importante para aumentar as vendas no período da Páscoa consiste em investir no treinamento dos funcionários. O conhecimento dos produtos disponibilizados para os consumidores pode ser decisivo em um período em que os itens mais comercializados não fazem parte do cardápio tradicional dos brasileiros. Saber explicar aos clientes eventuais dúvidas sobre o uso dos produtos ou os diferenciais que justificam seus preços mais elevados pode ser o fator preponderante no momento da decisão de compra. Por isso, apresentar aos funcionários os itens que estão sen- 44 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 Luís Martinez Manglano gerente de Marketing da Gomes da Costa do vendidos e quais seus principais pontos fortes é uma medida de fundamental importância. "Por meio do conhecimento, a equipe consegue atender melhor os seus clientes e, consequentemente, aumentar as vendas", afirma Cristiano dos Santos, gerente de Vendas da La Rioja. Para o varejista que também conta com a presença de um setor de bazar em sua loja, é interessante investir nas embalagens voltadas para o período da Páscoa, compradas pelas pessoas que preparam ovos ou bombons caseiros. A Cromus, líder no segmento, prevê um crescimento de 10% em 2010. Para ajudar o pequeno varejista a potencializar suas vendas, a empresa fornece diversos materiais para a formação do ponto de venda. É importante lembrar que para varejistas e fornecedores conseguirem obter sucesso, é fundamental que haja parceria entre eles. As indústrias precisam oferecer produtos de qualidade e atraentes, além de os ajudarem criando estratégias eficientes de divulgação e promoções. Por outro lado, o comerciante deve expor o produto de um modo a garantir boa visibilidade, buscar boas condições de negociação e atender o consumidor de maneira adequada. Só assim o cliente estará disposto a consumir mais, realizando tanto suas compras planejadas como aquelas feitas por impulso. l jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 45 produtos Estratégias de lançamentos da indústria Pratos prontos A Fugini aposta no conceito de conveniência e lança cinco produtos prontos: Risoto de Champignon ao Parmesão; Arroz de Carreteiro (com fatias de calabresa e bacon); Arroz Branco; Molho Vinagrete e Feijão Carioquinha. Práticos, eles inovam a atuação da Fugini, que se concentrava nos molhos de tomate. Sem conservantes e sem refrigeração, eles precisam só de dois minutos no forno de micro-ondas. Uso diário Incrementando a sua linha de produtos para a higiene íntima, a Dove reforça sua atuação com o Dove Íntimo nas versões Neutro e Freshcare. Ambos foram desenvolvidos para o uso diário e contam em sua fórmula com o ácido láctico, que equilibra o pH da região genital e proporciona sensação de bem-estar prolongado. Refrescância e energia Novo design As embalagens dos palitos de dentes da Fiat Lux ganharam novo desenho e estampas que os destacam na exposição no ponto de venda. As caixinhas, com 100 e 200 palitos, são agora sextavadas. O produto é feito com madeira 100% reflorestada e a embalagem é produzida com cartão 100% reciclável. Em resumo, o fabricante alia praticidade, design e sustentabilidade. 46 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 Chá oriental A Comexim inova o mercado de chás com uma combinação original de ervas. A linha Mauí combina ervas brasileiras e outras importadas da Índia, Sri Lanka, Argentina e China para elaborar seus cinco sabores: Chá Verde com Pêssego, Mate com Limão, Preto com Limão e Gengibre, Jasmim com Uva, e Branco com Hibisco, todos produzidos sem que a matéria-prima passe por processo industrial. fotos divulgação A Danone inova com produtos que têm na refrescância o seu principal apelo de vendas, entre eles as novidades da linha Activia – Suco (laranja e pêssego), Frozen (original) e Uva Verde – e o Danoninho Ice, para ser consumido congelado, nos sabores Creme e Morango. Por sua vez, a linha DanUp é acrescida de versão Açaí com Guaraná. [ feriados ] Livre para vender Um problema de abrangência nacional, mas que depende de soluções regionais. É esse o dilema jurídico para regular o trabalho nos feriados, bandeira que o Sincovaga defende e acompanha ❜ Acredito que a tendência é no sentido de que as decisões se consolidarão por jurisprudência, uma vez que não há como se obter uma decisão geral para os impasses entre as leis Álvaro furtado presidente do Sincovaga S ão Jerônimo é considerado o santo protetor dos comerciantes lojistas. Seu dia é 30 de setembro. Não é feriado. Mesmo que fosse, os empresários devotados ao comércio não deixariam de abrir suas portas para poder louvar seu protetor, mas continuariam abastecendo seus clientes. Afinal, se não é santa essa função social e comercial, pelo menos ela é essencial. No entanto, uma brecha jurídica vem causando controvérsia entre as empresas e seus funcionários quando se trata do trabalho em dias de feriado. O decreto 27.048, de 1949, permite o trabalho, em feriados e em atividades essenciais como as do comércio, as quais incluem “feiras-livres e mercados”. “Entendemos que os supermercados e hipermercados correspondem a esses mercados. Portanto, não há restrição ou condição para o trabalho nos feriados”, avalia Álvaro Furtado, presidente do Sincovaga. No entanto, a Lei 11.603, de 2000, estabelece que a permissão para o trabalho em feriados “nas atividades de comércio em geral” deve ser feita a partir da convenção coletiva de trabalho. Desse modo, estabeleceu-se um dilema jurídico, passível de interpretações por parte de juízes que decidem sobre as ações locais. Geralmente, as convenções acabam acordando a remuneração em dobro das horas trabalhadas em dias de feriado ou em folgas, o que aumenta os custos trabalhistas das empresas comerciais. O decreto 27.048, de 1949, permite o trabalho em feriados de atividades essenciais como a do comércio, as quais incluem “feiras-livres e mercados” A Lei 11.603, de 2000, estabelece que a permissão para o trabalho em feriados “nas atividades de comércio em geral” deve ser feita a partir da convenção coletiva de trabalho “Há sindicatos de trabalhadores radicalmente contra o trabalho nos feriados, mas também há outros mais flexíveis. Isso dificulta que se chegue a um senso comum, mantendo-se o impasse”, avalia Furtado. Ele menciona o caso de Sergipe, onde se estabeleceu uma verdadeira guerra jurídica por ingerência do sindicato trabalhista, mas que redundou numa manifestação favorável à desnecessidade da convenção por parte do Tribunal Superior do Trabalho. O fato criou jurisprudência para as decisões futuras em outros Estados. “Acredito que a tendência é no sentido de que as decisões se consolidarão por jurisprudência, uma vez que não há como se obter uma decisão geral para os impasses entre as leis”, analisa o presidente do Sincovaga. l jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 47 sustentabilidade Verde na origem Fornecedores atendem a desafio do Walmart e tornam processos produtivos de suas linhas mais sustentáveis da redação O 48 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 A rede convidou fornecedores para aderirem à sustentabilidade Os compromissos do pacto Compras responsáveis . Reduzir em 70% o fosfato nos detergentes para lavanderia e cozinha até 2013. . Oferecer produtos de lavanderia, no mínimo, duas vezes mais concentrados até 2012. .O ferecer pelo menos um produto orgânico por categoria de alimentos até 2012. . E stimular as vendas de produtos com diferencial em sustentabilidade. . Apoiar e estimular o desenvolvimento de produtos de ciclo fechado. . Produtos de Marca Própria do Walmart Brasil deverão liderar pelo exemplo em sustentabilidade. Redução de Resíduos . Reduzir o tamanho das embalagens em 5% até 2013. . Implantar o Packaging Scorecard até 2009. . Reduzir o consumo de sacolas plásticas em 50% até 2013. fotos divulgação esforço para garantir um futuro mais sustentável não se faz solitariamente, mas solidariamente. Nesse sentido, também não bastam ações pontuais dentro das empresas empenhadas em contribuir para um futuro que prime pela redução do impacto ambiental de sua atividade produtiva. Também são necessárias ações que precisam se estender por toda a cadeia de produção. Ou seja, a idéia de sustentabilidade deve estar presente em todas as etapas do processo. Uma iniciativa da rede Walmart do Brasil, uma das maiores empresas do varejo brasileiro, envolveu o compromisso de grandes indústrias fornecedoras com a análise do ciclo de vida dos seus produtos. O projeto “Sustentabilidade de Ponta a Ponta” abrangeu as empresas 3M, Cargill, Coca-Cola Brasil, Colgate-Palmolive, Johnson & Johnson, Nestlé, Pepsico, Procter & Gamble e Unilever, que modificaram os processos produtivos de algumas de suas linhas para reduzir o impacto ambiental de sua atividade industrial. Esse projeto é um desdobramento do pacto assinado por vinte empresas em julho do ano passado, o qual continha uma série de compromissos com relação a práticas sustentáveis (veja quadro). As empresas que responderam ao desafio e apresentam agora produtos mais sustentáveis contribuem, juntas, com 40% do sortimento dos produtos oferecidos pela rede Walmart no Brasil. O processo teve a duração de 18 meses e contou com o suporte técnico do Cetea – Centro de Tecnologia de Embalagens, que ofereceu mais de 3 mil horas de consultoria. A cadeia produtiva dos produtos foi mapeada, e as oportunidades de redução do impacto ambiental foram identificadas. As linhas produzidas a partir desses processos ganharam espaço de alta visibilidade na área de vendas das lojas da rede graças a uma exposição diferenciada. l Os produtos sustentáveis Sabão TopMax – Produto à base de resíduos de óleo de cozinha coletados pelos clientes, funcionários e parceiros, com preço 20% menor. Esponja de banho Curauá – O uso de fontes renováveis (fibras naturais) e de fibra sintética (fonte fóssil) reciclada proporcionou 32% de redução na geração de resíduos sólidos graças ao desenho inovador da esponja, que permite um melhor aproveitamento da manta de fibra, e 42% de incorporação de matéria-prima de fonte renovável (fibra de curauá e cordão de algodão). Óleo Liza – Melhorias nos processos produtivos, com destaque para a redução de peso da embalagem primária de PET e para os benefícios oriundos da implantação de uma nova fábrica mais eficiente, proporcionam ganhos ambientais. Entre eles está a redução de 26% no consumo de água, a redução de 18% no consumo de energia elétrica na produção das garrafas plásticas, e a redução de 56% no consumo de combustíveis fósseis por meio da troca de parte da matriz energética de petróleo por biomassa de origem controlada. Pinho Sol – A linha Pinho Sol foi revista para que os impactos ambientais envolvidos em sua produção fossem reduzidos. O projeto conseguiu diminuir em 17% o consumo de material plástico na embalagem do produto, aumentar em 45% a utilização de papelão reciclado pós-consumo para a produção das caixas de transporte, o que resulta em uma economia de 416 toneladas de matéria-prima virgem por ano, e reduzir em 6% o consumo da energia envolvida no processo produtivo. Matte Leão Orgânico – A implantação de uma fábrica verde resultou no uso de 100% de material reciclado na embalagem do produto, na redução de 23% no consumo de energia no processo produtivo, e na redução de 36% no consumo de água. Band-Aid – O desenvolvimento de uma embalagem primária de menor volume proporcionou a redução de 18% no uso de matérias-primas, a utilização de 30% de matéria-prima reciclada pós-consumo nas embalagens do produto, e a redução, em 2.038 toneladas por ano, das perdas de material que ocorrem no processo de produção. Amaciante Comfort Concentrado – O foco da empresa são as campanhas de educação ambiental realizadas junto aos consumidores para divulgar as melhorias ambientais decorrentes da concentração do produto. Água Pureza Vital – Melhorias dos processos produtivos, com foco na redução de massa nas embalagens primárias e secundárias, proporcionaram a redução do consumo de material plástico utilizado nas garrafas de água, a eliminação de pigmentos das tampas, facilitando a reciclagem, e a redução de 25% na massa de papelão utilizada na paletização. Toddy Orgânico – O desenvolvimento do Toddy orgânico demandou um amplo estudo sobre a cadeia de valor do produto. Entre os resultados obtidos, os de maior destaque foram o emprego de 100% de cacau e açúcar orgânicos certificados, o uso de material 100% reciclado para a produção de rótulos, e a eliminação do uso de queimadas para a colheita da cana-de-açúcar. Pampers Total Comfort – Uma fralda com maior capacidade de absorção e que utiliza menor quantidade de celulose propiciou a redução de 30% no uso de polpa de celulose, a redução de 7,5% no volume pela compactação da embalagem e do produto, e o aumento de 25% na eficiência do transporte do produto por sua compactação. jan/fev 2010 www.revistaabastecimento.com.br 49 varejo competitivo Por Walter de Sousa, editor da revista Abastecimento e Coordenador do Comitê de Varejo Competitivo da ABAD Gigantes e o pé de feijão A alta concentração do mercado deixa espaço para o varejo independente? Apesar de o cenário parecer mostrar o contrário, a resposta é: sim! Pois há atributos de que só o pequeno dispõe A aquisição da Casas Bahia pelo Grupo Pão de Açúcar, que criou um megaconglomerado de varejo no País, com quase dois mil endereços e atuação não só no segmento de autosserviço, mas também nos de móveis e de eletroeletrônicos, parece apontar para um ilimitado potencial de crescimento da rede que encabeça o ranking da Associação Brasileira de Supermercados. Nem o Seu Santos imaginaria, atrás do balcão da Doceira Pão de Açúcar, lá nos idos de 1948, que algum dia a sua lojinha alcançaria esse tamanho. O salto do Pão de Açúcar deixa para trás as duas outras megacorporações que com ele disputam a concentração do varejo brasileiro: o francês Carrefour e o americano Walmart. É bom não se esquecer de que o “brasileiro” Pão de Açúcar é, na verdade, do grupo francês Casino. Todas as três anunciaram, no início do ano, planos de investimentos para ampliar sua atuação em território nacional, o que aumenta, em muito, sua concorrência direta com o varejo independente. O mesmo Pão de Açúcar anunciou que irá investir 5 bilhões de reais entre 2010 e 2012, enquanto o Walmart investirá 2,2 bilhões de reais neste ano e o Carrefour, 2,5 bilhões de reais nos próximos dois anos. A pergunta que fica como um ruído de fundo no dia a dia do varejista independente é: “Se não sou gigante, haverá espaço para a minha loja nesse mercado?” A resposta que ele quer ouvir, na verdade, é a mais sensata: “Sim, haverá.” Só que isso dependerá da sua disposição para melhorar pelo menos dois dos principais diferenciais que caracterizam o pequeno, e de que os gigantes não dispõem: sortimento de produtos ajustado às necessidades do consumidor e atendimento personalizado. Ambos, juntamente com o fato incontestável da proximidade desse cliente, é que tornam o pequeno varejo uma verdadeira “loja de vizinhança”. São, enfim, atributos que não se conquistam com a voraz inauguração de novas lojas, que tem sido a estratégia dos gigantes, mas com o aprendizado rotineiro do convívio com o consumidor. Afinal, se não fosse por isso, o Seu Santos não teria crescido. É esse o pé de feijão que alçou a pequena doceira à liderança do ranking de supermercados. O principal cuidado, entretanto, está evidente no conto infantil: o pé de feijão precisa suportar o peso do gigante. Por isso, há espaço para o varejo independente. Basta cultivar aquilo que lhe dará competitividade. E isso se conquista com trabalho e inteligência. l . Mande sua pergunta para o consultor pelo e-mail: [email protected] 50 www.revistaabastecimento.com.br jan/fev 2010 set/out 2009 www.revistaabastecimento.com.br 51 set/out 2009 www.revistaabastecimento.com.br 51