ELIZABETH TEIXEIRA Universidade do Estado do Pará, BRASIL [email protected] CARTOGRAFIA SIMBÓLICA DO CUIDADO ENTRE RIBEIRINHOS DA AMAZÔNIA: UMA ALTERNATIVA À INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA DO COTIDIANO DE SAÚDE 2008 INTRODUÇÃO • A construção de mapas do real é obtida quando sobre objetos do real aplicamos princípios que presidem a produção e o uso dos mapas, que são os mecanismos da escala, da projeção e da simbolização. • O que se buscou mapear: como opera o cuidar cotidiano de saúde, quais suas porosidades e transgressões, formas de auto-organização, autonomia e criatividade com base nos mecanismos da escala, projeção e simbolização? METODOLOGIA Ilha do Combu O estudo foi desenvolvido com base nas três dinâmicas da cartografia simbólica, um dispositivo para investigações qualitativas, aplicado por Santos (2000) nos estudo dos pluralismos jurídicos. Participaram do estudo 66 famílias de uma das ilhas de Belém, Pará, Ilha do Combu. Os dados foram produzidos com base em formulários aplicados em visitas domiciliares. Foram respondentes mulheres-mães indicadas como cuidadoras da saúde da família. RESULTADOS Vendo o cotidiano... Ouvindo no cotidiano... Fotodocumentando o cotidiano... • O CUIDAR E A ESCALA Chama atenção uma nova escala, a escala do cuidar cotidiano (além da escala do cuidar clínico e cuidar tradicional), que amplia a noção de intermedicina (SANTOS,2000). O cuidar cotidiano, de grande escala, regula com riqueza de detalhes as relações entre os agentes, as vias cuidativas, as terapêuticas e as práticas. O CUIDAR E A PROJEÇÃO Chama atenção o que está no centro (fato fundador ou super-facto) e o que está na periferia. O cuidar cotidiano, assenta no fato fundador que a saúde é obtida com base em redes de conhecimentos, encontros e conexões com a natureza, que integram o cuidador àquele que é cuidado e este ao meio ambiente envolvente. • O CUIDAR E A SIMBOLIZAÇÃO Passo a falar de três estilos de cuidados: estilo Iaso (a deusa da cura através da libertação da doença/cuidar clínico), estilo Panacéia (Deusa da cura pelas plantas/cuidar tradicional) , estilo Hígea (Deusa da saúde e da limpeza/cuidar cotidiano). A simbolização é a face visível da representação da realidade. CONCLUSÕES • A cartografia simbólica é um recurso qualitativo à ser usado para estudos sobre o cuidar da saúde e poderá contribuir nestes tempos de aplicações multidimensionais em busca de novos ângulos para o campo de saber da enfermagem • Aplicada ao cuidar, pode tornar visível o invisível e tornar presente o ausente REFERÊNCIA • SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2000. • Texto disponível em: www.astresmetodologias.com.br É preciso navegar: revisitando o cuidar cotidiano de saúde à luz do pensamento de Boaventura de Sousa Santos.